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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E JURÍDICAS


E CIÊNCIAS FÍSICAS E BIOLÓGICAS

MANUAL DE ENSINO DE FILOSOFIA DA 12ª CLASSE


«INTRODUÇÃO À LÓGICA E A FILOSOFIA AFRICANA»

DOCENTE:

BRÁULIO FRANCISCO VENÂNCIO

LUANDA
2020
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL………………………………………………………………….…3
1. BREVE HISTÓRIA DA LÓGICA……………………...……………………...................4

1.1 ESTUDO DOS MÉTODOS DA LÓGICA….………………………………………..5


1.1.1 Método Dedutivo……….. ………………………….….................……………5
1.1.2 Método Indutivo...................................................................................................6
1.2 OS PRÍNCIPIOS DA LÓGICA………………………………….…………………... 7
1.3 OS NOVOS DOMÍNIOS DA LÓGICA……………………………………………… 8

2. O PENSAMENTO E O DISCURSO……….......................................................................9

3. O CONCEITO E O TERMO……………………..……………………………………...10

4. DEFINIÇÃO DO CONCEITO E SUAS ESPÉCIES…………………..……………….12


4.1 DIFERENTES ESPÉCIES DA DEFINIÇÃO…………………………………….... 12
4.2 REGRAS QUE TORNAM A DEFINIÇÃO MAIS VÁLIDA………………….…...13

5. JUÍZOS E PROPOSIÇÕES…………………….……..…………………………………14
5.1 A ESTRUTURA DO JUÍZO………………………………………………………...14
5.2 CLASSIFICAÇÃO DO JUÍZO…………………….………………………………..15
5.3 ESPECIÉS DO JUÍZO/PROPOSIÇÃO............................…………………………..15

6. AS INFERÊNCIAS ………………………………………………………………………16

6.1 INFERÊNCIAS IMEDIATAS…………………………………………………......17

6.1.1 INFERÊNCIAS IMDEDIATAS POR CONVERSÃO...................................17

6.1.2 INFERÊNCIAS IMEDIATAS POR OPOSIÇÃO..........................................19


6.2 INFERÊNCIAS MEDIATAS OU SILOGISMOS……………………………….21
6.2.1 SILOGISMOS CATEGÓRICOS …………………………………………..21
6.2.2 SILOGISMOS HIPOTÉTICOS OU CONDICIONAL………………....….22
6.2.3 SILOGISMO DISJUNTIVO……………………………………………….23
7. AS FALÁCIAS………………………………………………………...………………….25
7.1 AS FALÁCIAS DE AMBIGUIDADES…………..……………………………..25
8. HISTÓRIA DA FILOSOFIA AFRICANA………………………………………….…..27
8.1 PROBLEMÁTICA DA FILOSOFIA AFRICANA…………………...…………27
8.1 AFIRMAÇÃO DA FILOSOFIA AFRICANA......................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………..31
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INTRODUÇÃO GERAL
O conhecimento não se produz de maneira espontânea ou anárquica na mente do
sujeito, ele obedece algumas leis e normas que por sua vez constituem a sua própria
estrutura e veracidade.

A um individuo que não regula o seu pensamento de acordo as leis e normas contidas
na sociedade chamamo-lo de “ilógico” e aquele que não raciocina metemo-lo no
“manicômio”. Estas normas ou leis do pensamento são o objecto da lógica que por sinal
merecerá as nossas máximas atenções por se tratar da primeira parte do conteúdo
programático do nosso ano académico.

Não saindo do raciocínio lógico, na segunda parte do nosso conteúdo programático,


abordaremos sobre a problemática da filosofia africana ou “em África” dependendo do
ponto investigativo de cada um. Nesta, trataremos de responder questões como: filosofia
africana “realidade ou imaginação”? O que é que o europeu e o africano pensam sobre
essa questão? Filosofia africana ou em África?

Trabalhos de investigação em grupo

1. A história do pensamento africano no período antigo.

2. A história do pensamento africano no período medieval.

3. A história do pensamento africano no período moderno.

4. A história do pensamento africano no período contemporâneo.

Algumas exigências para a recepção do trabalho

1. O número mínimo de conteúdo é de 10 páginas e o máximo 15.

2. O trabalho deve obedecer todas as regras de metodologia científica.

3. O trabalho deve ser entregue ao Professor no dia da prova do Professor do IIº


trimestre.

4. O trabalho deve ser entregue em formato digital e imprenso.

Apresentados o programa, os objectivos e os trabalhos em grupo resta-nos apenas


desejar a todos um ano académico cheio de alegria, cumplicidade e notas positivas.

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1. BREVE HISTÓRIA DA LÓGICA

Do grego “logos: estudo, tratado, leis” a lógica como as outras ciências no


seu estado embrionário integrava a ciência mãe (filosofia) e evoluiu progressivamente
como uma ciência autónoma.

Na antiguidade encontramos Zenão “o defensor do método metafisico” e Heráclito


“defensor do método dialético”, seguido dos sofistas que desempenharam um papel
importante no desenvolvimento da argumentação pela retórica “a arte do bem falar” e por
fim apareceram Platão e Aristóteles que com a sua obra  “instrumento do
pensamento correcto” composta de 6 livros “Categorias, Sobre a Interpretação, Primeiros
Analíticos, Segundos Analíticos, Tópicos, Argumentos Sofísticos” organizou e
sistematizou a lógica.

A lógica esta dividida em três grandes ramos e conta com dois objectivos a citar:

RAMOS LÓGICA
LÓGICA FORMAL1 Tem por finalidade examinar as características das ideias e
estabelecer normas de argumentação correcta de maneira a
assegurar a correção do discurso e do pensamento.

LÓGICA Ocupa-se pelo estudo da veracidade e da validade dos


TRANSCENDENTAL conhecimentos, ou seja, o estudo do pensamento enquanto
OU MATERIAL pensado.
LÓGICA Estabelece um conjunto de regras sobre a relação de certos
MATEMÁTICA termos em si e procura determinar qual discurso é possível
elaborar. É construída a partir de cálculos

OBJECTO DE ESTUDO A LÓGICA


OBJECTO FORMAL Impor a observância das leis da razão que formalizam
universalmente a verdade
OBJECTO MATERIAL Percepção da ideia formada sobre aquilo que se pensa

1
Importa-nos aqui e durante todo ano analisar a lógica formal, embora recorramos as constantemente
outras, que é a ciência filosófica que estuda o conjunto de regras que conduzem a coerência, a verdade e a
validade do pensamento em busca do conhecimento.

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1.1 ESTUDO DOS MÉTODOS DA LÓGICA

O conceito método é fruto de uma aglutinação grega (fim e caminho),


sendo assim, método em Lógica é o processo racional usado para se chegar a um
conhecimento científico. Eles são divididos em dois grupos:

MÉTODOS
RACIONAIS IRRACIONAIS
Dedução Indução Intuição

1.1.1 MÉTODO DEDUTIVO

Consiste em chegar a uma verdade particular partindo de outra mais geral, ou seja, é
o argumento ordenado que parte de uma reflexão geral para uma outra menos geral ou
particular.

ALGUMAS REGRAS A SEGUIR:

A. Se as premissas de um argumento dedutivo forem consideradas verdadeiras, a


conclusão terá de ser necessariamente verdadeira.
B. Um argumento dedutivo não pode dizer mais na conclusão do que nas premissas, pois,
a informação contida na conclusão já está implicitamente contida nas premissas.
C. Quem aceita as premissas de um argumento dedutivo, tem de aceitar a conclusão a
menos que seja incoerente. Quem afirmar que as premissas são verdadeiras já está a
afirmar que a conclusão é verdadeira- se não o fizer comete contradição.

EXEMPLOS PRÁTICOS
Todos os corvos são negros Todo angolano é africano Todo aluno estuda
Ora, Joly é corvo Ora, vicente é angolano Ora, João é aluno
Logo, joly é negro Logo vicente é africano Logo, João estuda

Só aos que têm cartão de eleitor é permitido votar. José não votará porque não tem
cartão de eleitor.

OBS: neste método é importante prestarmos atenção a validade para não cairmos num
discurso falacioso.

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1.1.2 MÉTODO INDUTIVO

Consiste em chegar a uma verdade geral partindo de outra menos geral, ou seja, é o
argumento ordenado em que a reflexão parte do particular para o geral.

ALGUMAS REGRAS A SEGUIR:

A. Se as premissas são verdadeiras a conclusão é provavelmente mais não


necessariamente verdadeira.
B. A conclusão diz mais do que as premissas, isto é, a conclusão contém informação não
presente, nem implicitamente nas premissas.
C. Quem aceita o que diz a premissa não tem que aceitar necessariamente a conclusão.
Aceitar as premissas e negar a conclusão não implica contradição.

EXEMPLOS PRÁTICOS
Todos os corvos que foram Nenhuma espécie do planeta sobreviveu mais
observados são negros. Logo, todos de 100 milhões de anos. A espécie humana não
os corvos são negros será diferente das outras espécies
Todo cão é mortal Palmira usa calção curto João anda com a Ana
Todo gato é mortal Sheila usa calção curto Bento anda com a Ana
Todo peixe é mortal Nahary usa calção curto António anda com a Ana
Todo pássaro é mortal Logo, todas mulatas Joaquim anda com a Ana
Logo, todo ser vivo é mortal. usam calção curto Logo a Ana é Prostituta

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1.2 OS PRINCÍPIOS DA LÓGICA

PRINCÍPIOS LÓGICOS: É toda lei que permite evitar as contradições e os discursos confusos. Apraz-nos estudar três princípios a citar:
PRINCÍPIO DE IDENTIDADE PRINCÍPIO DE NÃO CONTRADIÇÃO PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO
Formulação em termos ontológicos: Formulação em termos ontológicos: Formulação em termos ontológicos:
O que é, é. Uma coisa não pode ser e não ser. Uma coisa é ou não é, não há terceira
Uma coisa é igual a si mesma. Uma coisa é ou não é. possibilidade.
Este princípio proíbe-nos de afirmar que uma coisa Uma coisa não pode ser e não ser ao Não há mistura de ser e não ser (como já diz
possa ser diferente de si mesma. A violação deste mesmo tempo e sobre a mesma relação. O o segundo princípio) nem há alternativa. O
princípio leva-nos á incoerência ou, na melhor das aspecto do dia pode mudar, mais não pode ser é e não pode não ser.
hipóteses, á ambiguidade precisando de ter e não ter sol ao mesmo tempo.
esclarecimento. Exemplo: “A casa branca é preta” ou Formulação em termos de proposições:
“A cadeira não é cadeira”. Formulação em termos de proposições:
Uma proposição é verdadeira ou falsa,
Formulação em termos de proposições: Uma proposição não pode ser falsa e
não há meio-termo.
AéA verdadeira ao mesmo tempo.
Este princípio diz que só há dois e apenas
A=A A ou não A
dois valores de verdade: o verdadeiro e o
Formulando em termos lógicos, este princípio diz que, Se estamos a tratar a proposição como
falso- não há um valor de verdade
no discurso de um raciocínio ou argumento, os seus verdadeira não podemos tratá-la ao
termos não podem mudar de significação nem podem mesmo tempo como falsa. alternativo.
mudar o seu valor de verdade.

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1.3 OS NOVOS DOMÍNIOS DE APLICAÇÃO DA LÓGICA: INFORMÁTICA,


CIBERNÉTICA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Sendo a Lógica o estudo coerente e organizado de um pensamento ou de um


raciocínio verdadeiro ou não, dependendo do tempo e do espaço, ela teve o seu
desenvolvimento “modernização” e o seu estudo incorporado a matemática e deu lugar a
abertura de novos domínios como a informática, a cibernética e a inteligência artificial.

A. INFORMÁTICA: Tal como a cibernética a informática no que tange a mecanização


dos cálculos tem as suas origens no modelo da álgebra booleana. Os computadores
funcionam segundo o esquema binário da lógica booleana assente no valor 0 e 1,
negação e afirmação.

O tratamento automático da informação só é possível porque a lógica elaborou


através da sintaxe, semântica e pragmática linguagens formalizadas que foram
indispensáveis para o desenvolvimento do software dos computadores.

B. CIBERNÉTICA: Tem por objectivo, desenvolver a linguagem e as técnicas que


permitem enfrentar o problema da regulação das comunicações. A cibernética
controla o processo de regulação na transmissão da mensagem. Isto, só é possível
quando aplicado no comportamento de aparelhos automatizados, possuidores de
mecanismos de autorregulação.
C. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: é o campo das ciências dos computadores que se
ocupa com os aspectos de resolução de problemas de realização de tarefas.

O programa de um computador processa de acordo a um sistema de regras, através


disso ele transforma símbolos organizados em linguagem formalizada tal com a mente de
um sujeito humano. Pensando assim podemos ainda definir, Inteligência Artificial, como
o estudo das faculdades mentais através do uso de modelos computacionais.

DIFERENÇA ENTRE SER HUMANO E COMPUTADORES


SER HUMANO COMPUTADORES
Intuição (pressentimento, raciocínio) Velocidade
Criatividade Exatidão, precisão e rigor
Juízo Detalhe
Sinergia Sinergia

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2. O PENSAMENTO E O DISCURSO

Define-se pensamento como sendo o conjunto de ideias ou significados que o


intelecto humano elabora sobre a realidade ou uma determinada coisa que seja única,
indivisível e verdadeira através da percepção “ não nos esqueçamos que o conhecimento
resulta do processo de relação entre o sujeito e o objecto” e discurso como conjunto de
ideias expressas com códigos referentes a objectos ou realidades, ou seja, o discurso
estabelece relação entre aquilo que o homem pensa de uma coisa (pensamento ideal) e a
própria coisa (pensamento material).

Sujeito pensante Objecto Discurso

Ferdinand du Saussure analisando a subdivisão do discurso segundo Aristóteles


identifica três elementos no momento da fala ou de um discurso “ significantes-palavra,
significado- objecto e signo-símbolo”, sendo assim podemos dividir o discurso em três
dimensões a citar:

A. SINTAXE: Trata da ordem ou da lógica do discurso de maneira que este fique


gramaticalmente correcto ou com lógica.
B. SEMÂNTICA: Refere-se ao estudo dos significados ou sentidos das expressões
linguísticas.
C. PRAGMÁTICA: Estuda o conjunto de regras ou formulas que regulam os actos
linguísticos.

ALGUMAS CONCLUSÕES:

A. O pensamento idealiza os objectos e torna-os inteligíveis, porém, a sua exteriorização


passa pela linguagem e pelo discurso.
B. O sentido de um discurso não se fundamenta exclusivamente nas categorias
sintácticas e semânticas, antes requer um terceiro factor enraizado na esfera inter-
subjectiva da linguagem ou na determinação do seu significado.
C. O discurso pode ser considerado ilógico ou contraditório se não haver
compatibilidade com a realidade.

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3. O CONCEITO E O TERMO

De origem etimológica latina “conceptus” de “concipire” conceber, o conceito é


considerado como elemento lógico básico do pensamento “sem conceitos não formamos
juízos nem elaboramos raciocínios”. Aprofundando, diremos que o conceito2 é a
representação intelectual que quando expressa verbalmente torna-se o termo3 das nossas
proposições.

Podemos considerar dois tipos de conceitos. Aquele em que o objecto concreto fica
representado ou idealizado no pensamento “conceito mental ou formal – tenho sede e
nasce em mim a ideia de beber água” e aquele que é inseparável do próprio objecto “
conceito concreto ou material”, neste último o objecto é independente do pensamento
“exemplo: podemos ter ideia do leão e da sua realeza na selva mesmo não estando em sua
presença”.

Por outra, Construímos ou formamos conceitos mediante operações como a análise,


síntese, comparação, abstração e a generalização.

A. ANÁLISE: resulta da separação mental das partes do objecto para compreender os


seus indícios ou características. É necessário analisar o conceito homem, macaco e
cão para se compreender as características que os distingue e os assemelha.
B. SÍNTESE: é a reunião mental de todas as partes do objecto de modo a filtrar as
características fundamentais do todo do objecto.

Animal Racional Falante


Espiritual Homem Carnívoro
Bípede Mamífero Social

C. COMPARAÇÃO: refere-se a comparação mental das semelhanças ou diferenças


entre os objectos conforme as características apresentadas.
D. ABSTRAÇÃO: é a acção mental que consiste em separar as características gerais ou
primarias de um objecto das secundárias.

2
O conceito é o resultado de determinadas operações, sendo portanto uma construção mental , algo que
deriva, como dizem os lógicos de um acto de conceptualização.
3
Note-se que não podemos confundir o termo, no seu sentido lógico, com palavra no sentido gramatical.
Várias palavras podem constituir um só termo para exprimir um conceito: “barco a vapor”, “caixa de
musica” etc. isto ainda é mais evidente em termos que se podem exprimir por uma ou mais palavras.
Exemplo: “homem” e “ ser humano”, “ Quadrúpedes” e “seres de quatro patas”.

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E. GENERALIZAÇÃO: é a complementação da abstração, ou seja, é a reunião mental


de objectos num conceito, através das suas características fundamentais.

Quanto as categorias o conceito pode classificar-se em:

A. UNÍVOCO: quando o conceito apresenta apenas um significado. Exemplo: ele é um


irracional.
B. EQUÍVOCO: refere-se aos objectos que suscitam dúvidas ou criam confusão a
percepção do nosso interlocutor levando-o a uma ambiguidade. Exemplo: os alunos
comportam-se como animais.
C. ANÁLOGO: nesta categoria o conceito apresenta vários sentidos adequando-os a
circunstância referente. Exemplo: os meus alunos são crianças.

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4. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS E SUAS ESPÉCIES

A definição é a análise que clarifica o significado ou a compreensão de um conceito,


indicando as características que o identificam permitindo distingui-lo daquilo que não é.
A definição faz-se acompanhar de dois elementos indispensáveis:

A. O DEFINIDO (Dfd): aquilo que se define.


B. O DEFINIDOR (Dfn): característica ou atributos aplicáveis ao definido.
Exemplo: O homem é um animal racional
Dfd Dfn

4.1 DIFERENTES ESPÉCIES DE DEFINIÇÃO

Nominal

DEFINIÇÃO Essencial

Real

Descritiva

ESPÉCIES DE DEFINIÇÃO ESPECIFICIDADE DA DEFINIÇÃO


DEFINIÇÃO Resulta da análise etimológica de um conceito. “A filosofia é o amor a
NOMINAL sabedoria”.
DEFINIÇÃO Dá-nos as propriedades ou qualidades reais do objecto que o conceito
REAL representa. “O cão é um animal quadrúpede que ladra”.
DEFINIÇÃO Baseia-se na distinção entre atributos essenciais e acidentais4, ela
ESSENCIAL enuncia o género próximo e a diferença específica. “O cão é um animal
que ladra” se não fosse um animal e não ladrasse, o cão não seria cão,
ou seja, não seria o que realmente é.
DEFINIÇÃO É aquela que, ao contrário da definição essencial não se faz de acordo
DESCRITIVA ao género próximo e a diferença específica. Contudo, ela descreve
em que consiste uma coisa enumerando certas características
marcantes que permitem distingui-las de todas as outras. É o caso
quando se diz o homem é vertebrado, mamífero, bípede, de posição
erecta, etc.

4
São aqueles que uma coisa pode ter ou não sem deixar de ser o que é.

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4.2 REGRAS QUE TORNAM A DEFINIÇÃO VÁLIDA

Uma definição para se tornar logicamente válida deve obedecer às seguintes regras:

REGRAS DA DEFINIÇÃO ESPECIFICIDADES DA DEFINIÇÃO


REGRA DA A definição deve convir ao termo definido e só ao termo
RECIPROCIDADE definido. Exemplo: “O leão é um animal que ruge”.
REGRA DA NÃO- A definição não deve ser circular, ou seja, o termo
CIRCULARIDADE definido não deve entrar na definição. Ex: “o rectângulo
é uma figura rectângular”.
REGRA DA NÃO A definição não deve ser expressa em termos
FIGURAÇÃO figurativos ou metafóricos. Exemplo: “O amor é fogo
que arde sem se ver” ou “o futebol é a alegria do povo”.
REGRA DA AFIRMAÇÃO A definição não deve ser negativa quando pode ser
NECESSÁRIA afirmativa. Exemplo: “o homem é um ser que não é anjo
nem besta” ou “a baleia é um animal que não é peixe”.

TAREFA PARA A CASA

1. Elabore definições válidas de sete objectos que estão no teu quarto e identifica-os aos
diversos tipos de definição.
2.

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5. JUÍZOS E PROPOSIÇÕES

O juízo é um acto do pensamento que consiste em afirmar ou negar um conceito5 do


outro. Assim ao dizer, “O homem é um mamífero” afirmo que o conceito “homem” está
contido na extensão do conceito “mamífero”. Por outro, ao dizer “Nenhum homem é
invertebrado” nego que possa integrar o conceito “homem” na extensão do conceito
“invertebrado”. A proposição, por sua vez, é a expressão verbal ou escrita desse acto
mental. Embora, como se vê, juízo e proposição não sejam absolutamente idênticos, dada
a sua íntima ligação, existirão momentos em que falaremos de ambos sem qualquer
distinção.

5.1 A ESTRUTURA DO JUÍZO

Se considerarmos a estrutura dos juízos abaixo referidos encontraremos quatro


elementos constituintes a serem analisados nesta aula.
EXEMPLOS PRÁTICOS
QUANTIFICADOR SUJEITO ELO/CÓPULA PREDICADO
Todos Homens São Mortais
Certos Insectos São Nocivos
Nenhum Futebolista É Quadrúpede
Alguns Alunos Não são Noctívagos
Alguns Filósofos Não são Ateus

A. QUANTIFICADOR: Antecede e indica se o predicado é atribuído a todos os


membros da classe do sujeito, se somente a uma parte deles ou se não é atribuído a
qualquer deles.
B. O SUJEITO: É aquilo acerca do qual se afirma ou nega algo.
C. O PREDICADO: É a qualidade ou característica que se afirma pertencer ao sujeito.
D. A CÓPULA: É o elemento de ligação entre sujeito e o predicado. É representado pelo
verbo ser “que afirma ou nega”.

5
A diferença entre conceito e juízo reside no facto que os conceitos são logicamente possíveis ou não mas
nunca verdadeiros ou falsos “exemplo: o conceito círculo quadrado é impossível porque é a negação de si
mesmo, uma coisa não pode ser circulo e quadrado ao mesmo tempo. Já nos juízos, ligamos dois conceitos
entre si negando ou afirmando um do outro, essa ligação pode ser verdadeira ou falsa “ Exemplo: o professor
é competente ou ainda o livro de geografia é caro”

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5.2 CLASSIFICAÇÃO DOS JUÍZOS

Há vários tipos de juízos. Essa diversidade deve-se às diferentes formas e pontos de


vista segundo os quais se dá a relação sujeito predicado. Eis uma habitual classificação
dos juízos:

CLASSIFICAÇÃO JUIZOS PELA QUANTIDADE


SINGULARES O predicado atribui-se a um só individuo “ João é bom”.
PARTICULARES O predicado atribui-se a uma parte da extensão do sujeito “algum”
UNIVERSAIS O predicado atribui-se a toda extensão do sujeito “todo”
CLASSIFICAÇÃO JUIZOS PELA QUALIDADE
AFIRMATIVOS A relação estabelecida entre o sujeito e o predicado é afirmativa.
NEGATIVOS A relação estabelecida entre o sujeito e o predicado é negativa.

CLASSIFICAÇÃO JUIZOS PELA MODALIDADE


ASSERTÓRIOS Enunciam a relação entre sujeito e predicado como de facto, como
efectiva. “João é solteiro; a parede esta pintada de azul”.
APODÍCTICOS Enunciam a relação entre sujeito e predicado como forçosa ou
necessária. “O produto de dois números positivos é necessariamente
um número positivo”
PROBLEMÁTICOS Enunciam a relação entre sujeito e predicado como meramente
possível ou provável. “É provável que amanhã chova”.
CLASSIFICAÇÃO JUIZOS PELA RELAÇÃO
CATEGÓRICOS Enunciam uma relação entre conceitos que não estão subordinados
a outra condição nem se apresentam em alternativa a outra
possibilidade. A sua forma típica consiste na união de um conceito-
sujeito a um conceito-predicado, mediante uma cópula verbal. "
Está pintura é de Van Gogh”
HIPOTÉTICOS Enunciam uma condicionalização entre dois juízos tal que se o
primeiro é verdadeiro o segundo também será. A sua forma
consiste na união de dois juízos mediante a expressão “se…então”
ou equivalentes. Por vezes, no discurso corrente, omite-se o então.
“Se essa pintura é de Van Gogh, é valiosa”.
DISJUNTIVOS Enunciam uma alternativa entre duas ou mais possibilidades. A sua
forma consiste na união de dois ou mais juízos mediante a partícula
“ou”, ou equivalentes. “ Aquele homem estava ébrio ou encontrava-
se dominado por uma paixão intensa”.

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5.3 ESPÉCIES DE JUÍZOS/PROPOSIÇÕES

Os juízos universais podem, quanto à qualidade, ser afirmativos “todos…são…” ou


negativos “nenhum…é…”, o mesmo sucede com os juízos particulares que podem,
quanto à qualidade, ser afirmativos “alguns…são…” ou negativos “alguns…não são…”.
Verificamos assim que, combinando quantidade e a qualidade, obtemos quatro espécies
de juízos/proposições. Destas, a tradição deu uma classificação abreviada com as vogais
A,E,I,O, retiradas das palavras afirmo e nego.

SÍMBOLO ESPÉCIE DEFINIÇÃO


A Universal Se o predicado se refere a todos os membros da classe
afirmativa representada pelo sujeito “Todos os homens são mortais”
E Universal Nega-se um determinado predicado a todos os membros da
negativa classe representada pelo sujeito “Nenhum homem é
imortal”
I Particular Se o predicado atribui somente a uma parte indeterminada
afirmativa dos membros da classe representada pelo sujeito “Alguns
homens são belos”
O Particular Nega-se um determinado predicado a alguns membros da
negativa classe representada pelo sujeito “Alguns homens não
belos”
OBS: os juízos singulares não estão presentes nesta classificação, porque, como
dissemos atrás, eles são tratados como se fossem juízos universais.

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6. AS INFERÊNCIAS

Define-se inferências como sendo a operação racional que consiste em passar um


raciocínio formulado numa proposição ou em várias proposições para uma outra. Elas
podem classificar-se em:
INFERÊNCIAS
IMEDIATAS MEDIATAS
Conversão Silogismo Categórico Silogismo Hipotético
Oposição Silogismo Disjuntivo

6.1 INFERÊNCIAS IMEDIATAS

A Tradição chamou de inferências imediatas aos argumentos em que a conclusão


deriva de uma só premissa, isto é, que permitem inferir uma proposição – a conclusão –
directamente6 de uma outra proposição a que se dá o nome de premissa. As inferências
imediatas que iremos estudar são: conversão e oposição.

6.1.1 INFERÊNCIA IMEDIATA POR CONVERSÃO

Consiste em obter, a partir de uma proposição dada, uma proposição de significado


equivalente cujo sujeito é o predicado da proposição inicial e o predicado o sujeito dessa
mesma proposição. Elas subdividem-se em quatro a citar: conversão simples, conversão
por limitação ou acidente, conversão por contraposição e conversão por negação.

A. CONVERSÃO SIMPLES: é uma inferência que só é possível com proposições


universais negativas (E) e particulares afirmativas (I).Consiste em transformar o
sujeito da proposição original em predicado da proposição conversa e o predicado da
proposição original em sujeito desta ultima sem alterar a qualidade nem a quantidade
de ambos os termos.
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (E) Nenhum homem é réptil
PROPOSIÇÃO CONVERSA (E) Nenhum réptil é homem
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (I) Alguns artistas são pintores
PROPOSIÇÃO CONVERSA (I) Alguns pintores são artistas

6
Sem mediação de qualquer outra proposição.

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B. CONVERSÃO POR LIMITAÇÃO OU ACIDENTE7: Só é válida no caso das


proposições universais afirmativas (A). Nesta forma de conversão, a quantidade
altera-se, mantendo-se a qualidade, ou seja, a proposição conversa será, ao contrário
da original, particular, mas, tal como ela é, afirmativa.
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (A): Todos benfiquistas são bons chefes de família.
PROPOSIÇÃO CONVERSA (I): Alguns bons chefes de família são benfiquistas

C. CONVERSÃO POR CONTRAPOSIÇÃO: Esta forma de conversão pode aplicar-se


a proposições universais afirmativas (A) e as proposições particulares negativas (O).
Consiste em colocar o sujeito no lugar do predicado e reciprocamente, mais
transformando-os em termos negativos. Ou seja, nega-se o sujeito e o predicado
efectuando, em seguida, uma conversão simples.

PROPOSIÇÃO ORIGINAL (A) Todo o homem é mortal


PROPOSIÇÃO CONVERSA (A) Todo o não-mortal é não-homem
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (O) Alguns cães não são rafeiros
PROPOSIÇÃO CONVERSA (O) Alguns não-cães não são não-rafeiros 8

D. A CONVERSÃO POR NEGAÇÃO9: Este tipo de conversão, que só se aplica às


particularidades negativas, respeita a regra geral das conversões e consiste em tirar a
negação da cópula passando-a para o sujeito da proposição inferida.

PROPOSIÇÃO ORIGINAL (O) Alguns homens não são sábios


PROPOSIÇÃO CONVERSA (I) Alguns não-sábios são homens
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (O) Alguns homens não são militares
PROPOSIÇÃO CONVERSA (I) Alguns não-militares são homens

7
A conversão válida da proposição original implica uma limitação, dado que se passa de uma proposição
universal para uma particular. Como o predicado de uma proposição afirmativa é sempre particular, ao
passar a sujeito da proposição conversa, esta, necessariamente, se torna particular. A não observância da
regra que diz que nenhum termo pode ter na proposição conversa maior extensão do que na proposição
original leva a falácias: da verdade de “todo coelho é mamífero” não poderíamos inferir a verdade de “todo
mamífero é coelho”.
8
O procedimento é idêntico ao da proposição anterior, embora se trate de uma proposição negativa. Deve
notar-se que esta forma de conversão, dado o seu caracter artificial, é pouco habitual e indicamo-la a título
de curiosidade.
9
Note-se que, como já dissemos, as proposições particulares negativas não podem ser alvo de conversão
simples; esquecê-lo levaria, neste caso a concluir incorrectamente. A conversão diz-se por negação, porque
é necessário negar a tensão do predicado para que a inferência seja válida.

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REGRAS GERAIS:

a. Nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que na premissa, isto é, na
proposição original.
b. O predicado de uma proposição afirmativa é sempre particular.
c. O predicado de uma proposição negativa é sempre universal.

6.1.2 INFERÊNCIA IMEDIATA POR OPOSIÇÃO

As inferências imediatas opostas são aquelas que têm os mesmos sujeitos e os mesmos
predicados mais quantidades ou/e qualidades diferentes. Elas estão subdivididas em:
proposições contraditórias, contrárias, subcontrárias e subalternas.

A. PROPOSIÇÕES CONTRADITÓRIAS: São aquelas que diferem na quantidade e na


qualidade.

PROPOSIÇÃO ORIGINAL (A) Todos homens são inteligentes


PROPOSIÇÃO CONVERSA (O) Alguns homens não são inteligentes
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (I) Alguns homens são inteligentes
PROPOSIÇÃO CONVERSA (E) Nenhum homem é inteligente

B. PROPOSIÇÕES CONTRÁRIAS: São duas proposições universais que diferem


quanto à qualidade.

PROPOSIÇÃO ORIGINAL (A) Todos os pássaros são aves


PROPOSIÇÃO CONVERSA (E) Nenhum pássaro é ave
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (A) Todos os homens são inteligentes
PROPOSIÇÃO CONVERSA (E) Nenhum homem é inteligente

C. PROPOSIÇÕES SUBCONTRÁRIAS: São duas proposições particulares que


diferem quanto à qualidade. Podem ser ambas verdadeiras mais não podem ser ambas
falsas.

PROPOSIÇÃO ORIGINAL (I) Certos alunos são inteligentes


PROPOSIÇÃO CONVERSA (O) Certos alunos não são inteligentes
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (I) Alguns homens amam mulheres
PROPOSIÇÃO CONVERSA (O) Alguns homens não amam mulheres

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D. PROPOSIÇÕES SUBALTERNAS: São proposições que, tendo a mesma qualidade,


diferem na quantidade. Transforma uma proposição universal numa particular
mantendo a sua qualidade e alterando a quantidade.

PROPOSIÇÃO ORIGINAL (E) Nenhum ser humano é cão


PROPOSIÇÃO CONVERSA (O) Alguns seres humanos não são cães
PROPOSIÇÃO ORIGINAL (A) Todo homem é cão
PROPOSIÇÃO CONVERSA (I) Alguns seres humanos são cães

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6.2 INFERÊNCIAS MEDIATAS OU SILOGISMOS

Os silogismos são argumentos dedutivos que, em geral, são compostos por três
proposições “duas premissas e a conclusão”. Há diferentes espécies de silogismos. O que
os distingue é o tipo de proposições que constituem as premissas. Sendo assim eles podem
ser: silogismo categórico, silogismo hipotético e silogismo disjuntivo.

6.2.1 SILOGISMO CATEGÓRICO

É um raciocínio constituído por duas proposições categóricas “absolutas e


incondicionais” e uma conclusão, ele faz-se acompanhar também de três termos.

PREMISSAS TERMOS
MAIOR – é sempre a primeira MAIOR – T
MENOR – é sempre a segunda MÉDIO – M
CONCLUSÃO – é sempre a terceira MENOR – t

EXEMPLOS PRÁTICOS
PREMISSAS TERMOS
MAIOR A virtude é difícil Todo homem é mortal
M T M T
MENOR A paciência é uma virtude Ora, Braulio é homem
t M t M
CONCLUSÃO Logo, a paciência é difícil Logo, Braulio é mortal
t T t T
ALGUMAS REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO:
1.Só podem existir três termos: maior, médio e menor.
2.Os termos T e t não podem ter mais extensão na conclusão que nas premissas
3. O termo M deve ter tomado universalmente, pelo menos, em uma premissa.
4. O termo M não deve entrar na conclusão
5. Premissas afirmativas pedem conclusão afirmativa
6. De duas premissas negativas nada se pode concluir
7. A conclusão segue a parte mais fraca
8. De duas premissas particulares nada se pode concluir

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6.2.2 SILOGISMO HIPOTÉTICO OU CONDICIONAL

É um raciocínio constituído por uma proposição inicial hipotética ou condicional. Em


termos esquemáticos, a premissa hipotética ou condicional, que dá o nome ao silogismo,
tem a forma “se – antecedente – então – consequente”.

REGRAS DO SILOGISMO HIPOTÉTICO OU CONDICIONAL:

A. Sempre que na premissa menor se dá a afirmação do antecedente a conclusão tem de


afirmar o consequente10: a esta forma válida do silogismo hipotético costuma dar-se
o nome de “modus ponens” ou silogismo condicional afirmativo porque a premissa
decisiva – a menor – afirma o antecedente da premissa maior.

Se estuda então passa Se antecedente então consequente


Ora estuda Afirmação do antecedente
Logo, passa A conclusão afirma o consequente

B. Sempre que na premissa menor se dá a negação do consequente a conclusão terá de


negar o antecedente: a esta forma válida do silogismo hipotético costuma dar-se o
nome de “modus Tollens” ou silogismo condicional negativo porque a premissa
decisiva – a menor – nega o consequente da premissa maior.

Se estuda então passa Se antecedente então consequente


Ora não passa Negação do consequente
Logo, não estuda A conclusão do antecedente

C. Sempre que na premissa menor se dá a negação do antecedente nada se pode concluir


necessariamente.
Se mente então é imoral Se antecedente então consequente
Ora não mente Negação do antecedente
Logo, não é imoral11 --------------------------------------

10
O termos “antecedente” e “consequente” é aqui equivalentes, respectivamente, “condição” e
“condicionado”.
11
OBS: A conclusão não é apoiada pelas premissas. A premissa maior diz que, no caso de mentir, alguém
é considerado imoral, mas não diz que quem não mente não é imoral. A conclusão não é logicamente válida
porque não pode se ser mentiroso e ser-se imoral “há outros actos imorais”. Comete-se a falácia da negação
do antecedente: a negação do antecedente na premissa menor não implica necessariamente a negação do
consequente na conclusão.

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D. Sempre que na premissa menor se dá a afirmação do consequente nada se pode


concluir necessariamente.
Se mente então é imoral Se antecedente então consequente
Ora é imoral Afirmação do consequente
Logo, mente12 -----------------------------------

6.2.3 SILOGISMO DISJUNTIVO

É aquele em que a premissa maior estabelece uma alternativa entre dois termos de
modo que se a premissa menor afirma um deles a conclusão negará o outro “excluirá a
sua afirmação” e se a premissa menor nega um deles a conclusão afirmará o outro
“excluirá a sua negação”. Como a primeira premissa apenas põe proposições em
alternativas “ex.: ou é dia ou é noite”, só mediante uma segunda premissa, afirma ou nega
um dos polos da alternativa, se pode estabelecer a conclusão.

REGRAS FUNDAMENTAIS DO SILOGISMO DISJUNTIVO:

A. Sempre que na premissa menor se nega um dos pólos da alternativa exposta na


premissa inicial “disjuntiva”, a conclusão afirmará necessariamente o outro. O que
em filosofia chama-se “modo tollendo – ponens”.

Regina ou é angolana ou é americana Premissa disjuntiva


Ora, Regina não é americana Premissa menor
Logo, Regina é Angolana 13 Conclusão

B. Quando na premissa menor se afirma um dos pólos da alternativa só é legítimo


concluir negando o outro pólo se a disjunção exposta na premissa inicial for completa,
isto é, se os termos em alternativa forem incompatíveis, completamente opostos14. O
que em filosofia chama-se “modo ponendo – tollens”.
Ou está vivo ou está morto Premissa disjuntiva

12
OBS: Comete-se aqui a falácia da afirmação do consequente. Se quem mente é imoral dizer que alguém
é imoral não implica que seja mentiroso “há outros tipos de imoralidade”. Como se vê, a conclusão não
deriva necessariamente das premissas, estas não a tornam logicamente necessária. A afirmação do
consequente na premissa menor não implica necessariamente a afirmação do antecedente na conclusão.
13
OBS: Dada a alternativa e excluída a hipótese de um determinado indivíduo ser americano temos que
concluir que ele é angolano. Não se pode concluir que não é angolano porque, neste caso, isso significa
anular a disjunção de que se partiu, destruindo o silogismo.
14
Exemplo de disjunções completas “ou é rico ou é pobre; É inocente ou é culpado”.

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Está vivo Premissa menor


Logo, não está morto15 Conclusão

C. Quando a premissa inicial não apresenta uma disjunção completa nada se pode
concluir necessariamente da afirmação de um dos pólos da alternativa.

É professor ou treinador de futebol Premissa disjuntiva


É professor Premissa menor
Logo, não é treinador de futebol16 Conclusão

15
OBS: Não se pode estar morto e também vivo. Logo, ao afirmar na premissa menor que alguém está
vivo só podemos concluir que não está morto.
16
OBS: Não é impossível ser professor “de educação física, por exemplo” e treinador de futebol ao mesmo
tempo. Logo afirmar uma profissão “um dos pólos” não implica negar outra. o mesmo acontece com: “ é
professor ou é engenheiro”.

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7. AS FALÁCIAS

“Falácias ou raciocínio falacioso, defeituoso, sem validade” são argumentos não


válidos cujas premissas são erradamente consideradas como prova de uma determinada
conclusão. O defeito do raciocínio pode ser intencional ou não, consciente ou
inconsciente. Quando o argumento defeituoso é elaborado com a intensão de enganar, a
falácia tem o nome de sofisma; e quando a argumentação é inválida mas sem a intenção
de enganar temos um paralogismo.

FALÁCIAS
TIPOS E DEFINIÇÕES DE FALÁCIAS SUBDIVISÕES E DESCRINÇÕES
FORMAIS São raciocínios inválidos quanto à sua forma ou estrutura as premissas
não sustentam a conclusão em virtude de um erro na forma como se infere
NÃO São raciocínios inválidos - DE NÃO RELEVÂNCIA: apelo a força,
FORMAIS em virtude de deficiência apelo ao povo “emoção”, contra a pessoa,
no conteúdo. prova pela ignorância, apelo a autoridade não
qualificada e apelo a piedade.
- DE DADOS INSUFICIENTES:
generalização apressada, falsa causa, petição
de princípio e declive ardiloso.
- DE AMBIGUIDADE: equivocação,
anfibologia, composição, divisão e falsa
dicotomia.
OBS: Para nós é mais relevante falar das falácias não formais ambíguas.

7.1 AS FALÁCIAS DE AMBIGUIDADE

Ocorrem quando os argumentos contêm termos ou frases que ao longo de um mesmo


raciocínio são usadas com mais de um sentido. A ambiguidade conduz a erros que, em
vários casos, se tornam difíceis de detectar. Ela classifica-se em equivocação, anfibologia,
composição, divisão e falsa dicotomia.

A. EQUIVOCAÇÃO17: Verifica-se quando, acidental ou deliberadamente, num


argumento usamos um termo em dois sentidos diferentes. Esta falácia já é nossa
conhecida mais vejamos alguns exemplos e analisemo-los em aula.

17
A equivocação baseia-se na ambiguidade léxica de uma palavra.

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Só o homem ri A ciência tem por objectivo descobrir as leis


Nenhuma mulher é homem A existência de leis implica a existência de alguém
que as fez
Logo, nenhuma mulher ri Logo, a ciência aceita que Deus existe.

B. AMFIBOLOGIA: Deriva da ambiguidade sintática de uma parte do argumento, isto


é, de uma proposição. Assim, a anfibologia ocorre quando alguém procura sustentar
uma conclusão utilizando uma interpretação errada de uma proposição
gramaticalmente ambígua.
Todos homens amam uma mulher Toda mulher ama homem
Ora, Braulio ama Regina Ora, todo homem é cão
Logo, todos os homens amam a Regina Logo, toda mulher ama cão

C. COMPOSIÇÃO: Verifica-se ao argumentar que um todo – considerado como


entidade singular – tem certas características porque cada uma das partes tem tais
características.
Cada membro da equipa é excelente Logo, a equipa é excelente

D. DIVISÃO: Argumenta-se transferindo ilegitimamente um atributo do todo “da


classe” para as partes “ para cada um dos membros da classe”, contudo, nem sempre
esta transferência é legítima.
Os números naturais são infinitos A universidade é uma instituição de prestígio
Logo, o número um é infinito Logo, cada professor universitário é
prestigiado

E. FALSA DICOTOMIA: Consiste em repartir uma classe de objectos em dois pólos


que se supõem serem os únicos possíveis e compatíveis – ignorando o facto de poder
existir uma alternativa a ambos. É uma falácia que normalmente confunde opostos e
contraditórios. É a falácia do “ ou tudo ou nada”
Ou continuo a fumar ou engordo
Não quero engordar
Não posso deixar de fumar
3. Ou estás do nosso lado ou contra nós

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8. HISTÓRIA DA FILOSOFIA AFRICANA

8.1 PROBLEMÁTICA DA FILOSOFIA AFRICANA

Embora diversos filósofos africanos “Plotino, Agostinho de Hipona, Tomás de


Aquino” tenham contribuído para diversas áreas do saber filosófico como a metafisica, a
epistemologia, a moral, a política e outros, o facto é que uma grande parte de pensadores
pergunta-se se existe realmente uma filosofia africana. A dúvida ronda por um lado em
torno de duas grandes questões:

 A falta de matéria palpável, isto é, a falta de provas que testemunhem de forma


expressa esse conhecimento dito “Africano”.
 A justificação do termo “africano”, ou seja, o termo refere-se ao conteúdo da filosofia
“neste caso a filosofia seria aquela que envolve temas africanos utilizando métodos
distintamente africanos” ou aos filósofos “aquela que envolve temas africanos
utilizando métodos universais”.

Por outro lado, em torno das afirmações vindas de filósofos renomados como:

 Montesquieu: “o negro não tem alma”;


 Kant: desafiava “… qualquer um a citar um único exemplo em que os negros tenham
mostrado talento, entre centenas de milhares de negros […] não houve jamais um
sequer que mostrasse algo grande em matéria de ciência ou arte […] Tão fundamental
é a diferença entre ambas as raças humanas. E essa diferença parece ser tão grande
tanto na capacidade mental como na cor”. (2010, p. 34).
 Hegel: Em “Lições sobre a filosofia da história universal” divide a África em três
blocos: a África do Norte, o Egipto e a África ao Sul do Saara. Assim ele descreve
que esta última: “É a pátria de todo animal feroz”, uma terra que “desprende uma
atmosfera pestilenta, quase venenosa” e que está habitada por povos que “se
mostraram tão bárbaros e selvagens como para excluir toda possibilidade de
estabelecer relações com eles”.
 James Watson: “Pai da genética moderna” afirma que a raça branca é superior em
capacidade intelectual à negra.

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8.2 A AFIRMAÇÃO DA FILOSOFIA AFRICANA

Se definimos filósofo como Joseph Omoregbe «aquele que dedica boa parte do seu
tempo refletindo sobre questões fundamentais, sobre a vida humana ou sobre o universo
físico e que faz isso de maneira habitual» ou Placide Tempels «aquele que procura a
verdade e pensa na totalidade da verdade» Certamente afirmaremos há em África “ao Sul
do Saara” uma significativa investigação filosófica. A prova disto, são os escritos com
que nos deparamos ao formatar esta aula dos quais citamos: La Philosophie Bantoue
(1945), Les prêtres noirs s`interrogent (1963), Le reveil philosophique en Afrique (1976)
e Les philosophes africains par les textes (1977).

Estes manuais, escritos por africanos, afirmam em uníssono que “não existe
terreno mais propício à eclosão da filosofia do que essa África dilacerada. Não existe
tema mais estimulante do que o africano dividido entre a tradição e a modernidade, o qual
se vê assim obrigado a trilhar um novo rumo e a forjar um novo destino”. Eles
Apresentam-nos ainda três principais correntes do pensamento filosófico africano a citar:
As filosofias etnológicas, as filosofias ideológicas e as filosofias críticas.

A. AS FILOSOFIAS ETNOLÓGICAS: A emergência desta corrente ocorre com a


publicação, em 1945, na então cidade de Elisabeth ville “actual Lubumbashi”, do livro
“La Philosophie Bantoue”, do missionário Belga Placide Tempels. Para a elaboração
desta obra pioneira e polémica, Tempels fez estudos a partir da recolha de provérbios,
lendas, adágios, contos, canções populares do grupo etnolinguístico Baluba.

Contrariamente aos preconceitos daquela época, Tempels na sua obra defendeu a


ideia de que os Bantu não só têm uma mentalidade lógica “ontologia”, mas também
possuem um sistema lógico, uma filosofia positiva completa do universo, do homem e
das coisas que o rodeiam, da vida, da morte e da sobrevivência, por conseguinte uma
filosofia.

Outro autor, influente e representativo da filosofia etnológica, é o pensador rwandês


Alexis Kagame (1912-1981), que também defende a existência de um sistema de filosofia
bantu. O título da sua obra é sugestivo: “La Philosophie bantu-rwandaise de l’être”. Na
sua investigação, Kagame apoiou-se nas tradições orais e na análise duma língua que ele
conhecia bem: o kinyarwanda.

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B. AS FILOSOFIAS IDEOLÓGICAS: Esta corrente, com interesse e objectivos não


exclusivamente filosóficos, buscou sobretudo dar uma resposta à exigência imediata
dos problemas ligados ao colonialismo, da necessidade inadiável de aceder às
independências, assim como, ao fim à escravatura e à exploração do homem africano.
Nesta corrente identificamos cinco principais ramificações, que se seguem: Pan-
africanismo, Negritude, Socialismo Africano, Socialismo Científico e Nacionalismo
pragmático.

 Pan-africanismo: Teve o seu berço junto da diáspora africana, nas Antilhas e nas
Américas, em finais do século XIX e inícios do século XX. Das figuras mais
representativas do movimento destacamos três personalidades na diáspora e uma no
continente africano: o Dr. William Burghart Du Bois (1868-1963) primeiro
académico afro-americano, promotor e animador incansável dos Congressos Pan-
africanistas, que foram as principais tribunas da divulgação dos grandes objectivos do
pan-africanismo junto das comunidades negras nas Américas, na Europa e no
continente africano. Marcus Garvey (1885-1940), também considerado «o messias
negro», que utilizando a linguagem do coração e da paixão buscou mobilizar as
comunidades negras da diáspora para os seguintes objectivos específicos: a
transferência dos negros para o seu continente, chegando a fundar companhias para
esse efeito, e sobretudo, a necessidade da criação dos Estados Unidos da África. Em
terceiro lugar, a figura emblemática desta influência o ghanês Kwame Nkrumah.
Nkrumah, que a partir da Universidade de Lincoln, onde estudou teologia e filosofia,
entrando em contacto com as ideias pan-africanistas através das comunidades negras.
Dos seus contactos na América com os grupos comunistas, Nkrumah reteve a teoria
leninista relativa ao imperialismo capitalista. De Du Bois conserva a ideia
revolucionária da igualdade racial e da premência do combate teórico e prático para a
sua concretização.

 Negritude: É outra ramificação da corrente ideológica do pensamento filosófico


africano, e tem em Léopold Sédar Senghor um dos seus mais ilustres defensores. No
pensamento Senghoriano podemos identificar três actos essenciais. Primeiro, a
revolta cultural ou a recusa da assimilação. Segundo, a perspectivação filosófica da
obra literária e poética. Terceiro, a representação do essencial da civilização negro-
africana.

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 Socialismo: É uma doutrina social relacionada com a organização social dos homens.
Enquanto ideologia, o socialismo é sustentado das filosofias críticas às duas correntes
anteriores. A atitude crítica dirige-se aquilo que os seus autores denominaram de
etnofilosofias e ideologias.

C. FILOSOFIAS CRÍTICAS: Para esses, só existe filosofia onde existem em primeiro


lugar os filósofos. A essência da filosofia reside no compromisso pessoal, consciente
e responsável em relação ao discurso racional e crítico. Os filósofos críticos rejeitam
à partida a aceitação de mitos, estereótipos, de ideias preconcebidas. Os filósofos
críticos, que mais se destacaram foram os seguintes: Eboussi Boulaga, com as suas
críticas pertinentes num artigo intitulado «Le Bantu Problemátique», que escreveu em
1968 para a revista “Présence Africaine”; Franz Crahay, num artigo crítico,
denominado «Le decollage conceptuel: condition d’une philosophie bantoue»,
publicado em 1965 pela revista Diogène; e Paulin Hountondji com as suas críticas à
etnofilosofia no artigo «Histoire d’un mythe» publicado em 1974 na revista Présence
Africaine.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Batista Mondin. (2007). Introdução a filosofia "vol.II". Paulinas.

EVA MARIA LAKATOS. (1990). Filosofia Geral. São Paulo: ATLAS S.A.

Félix Neto. (2000). História da filosofia antiga (Vol. I). Lisboa: Universidade Aberta.

José Manuel Imbamba. (2003). Uma Nova Cultura para Mulheres e Homens Novos.
Dundo: Paulinas.

Lilian Thiago Montanha, R. M. (2016). O Percurso histórico Da filosofia: Contribuicões


Da Filosofia No Desenvolvimento Da Moralidade. São Paulo.

HOUNTONDJI Paulin, 1976, Sur la Philosophie Africaine. Critique de


l’ethnophilosophie. Paris, François Maspéro.

MASOLO Dismas A., 1994, African Philosophy in search of identity. Bloomington,


Indiana University Press.

TEMPELS Padre Placide, 1945, La Philosophie Bantoue. Traduzido do holandês por A.


Rubbens. Elisabethville, Lovania Éditeur.

TEMPELS Padre Placide, 1949, La Philosophie Bantoue. Traduzido do holandês por A.


Rubbens. Paris, Présence Africaine.

WIREDU Kwasi, 2004, A companion to African Philosophy. Oxford, Blackwell.

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