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Boa parte dos alimentos seguros para consumo são descartados antes mesmo de
chegarem a ser comercializados, já que não se tem o compromisso ético de tornar o
processo de produção mais sustentável e possibilitar o aumento de alimento disponível para
consumo. A visão ética nos permite enxergar que o planeta possui recursos finitos e que a
nossa forma de vida não leva isso em consideração, já que o consumo e o lucro são tidos
como objetivos primordiais. Geralmente não tratamos o alimento como um bem
indispensável à vida quando ele está disponível para nós, não pensamos que o que
descartamos mataria a fome de outras pessoas.
Além disso, o impacto ambiental gerado pelas indústrias, inclusive a indústria de alimentos
que a nível global libera mais de 25% de todos os gases que provocam o efeito estufa, além
de poluir águas de rios e oceanos com produtos químicos (TILMAN; CLARK, 2014), gera
um maior desafio na produção de alimento que está sofrendo com a escassez dos recursos
e causa prejuízos inegáveis ao meio ambiente.
É preciso enxergar que o alimento que consumimos, os alimentos que chegam aos
restaurantes, às escolas, aos hospitais ou até mesmo aqueles que nem chegam a ser
distribuídos devido ao descarte indevido são resultado de uma produção que gera seu
impacto no planeta. É importante estar consciente do caminho que o alimento percorre até
chegar até nós e ter dimensão do que significa o desperdício desses alimentos, para que se
possa dar a devida importância ao aproveitamento integral desses insumos.
SANTOS, Karin Luise et al. Perdas e desperdícios de alimentos: reflexões sobre o atual
cenário brasileiro. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/bjft/a/yhXZXHzvzPTqRWJpLcVt9Bx/abstract/?lang=pt>. Acesso em
maio de 2022.
https://www.scielo.br/j/bjft/a/yhXZXHzvzPTqRWJpLcVt9Bx/abstract/?lang=pt
Growth ethics and the complexity of man-society in fighting hunger and food waste -
http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/7052
Como já visto acima, a ética tem relação com as ações das pessoas, com o que a
sociedade deliberou como sendo um comportamento certo ou errado. Ser ético se refere ao
ato de respeitar códigos de conduta em todas as áreas da vida, incluindo a relação com os
alimentos. Essa ação imprescindível para a manutenção da vida humana, pode ser o
cenário para a demonstração de alguns atos equivocados, que expressam falta de
consciência das ações, como o desperdício dos alimentos.
Diante dessa triste e preocupante realidade, como podemos vislumbrar uma quebra nessas
rotas de desperdício? Como mudar essa má gestão dos recursos naturais? Faz-se necessá
rio inicialmente o exercício de observar como se constitui e cresce o custo do desperdício:
valor do alimento em si, gastos com saúde, impacto negativo no meio ambiente, desperdício
de insumos, malefícios do efeito estufa e o custo real do lixo produzido.
A abundância é uma condição propícia para o desperdício. Quanto mais fartura, menos
motivado ficará cada um para cuidar do que é preciso: a sociedade se impactar com o que
é a escassez. O desperdício é algo moral, ético! Não existe o desperdício na natureza, do
ponto de vista natural, não cabe a ideia de desperdício, quem a introduz é o ser humano.
Observando que as coisas podem ser diferentes do que são naturalmente, alguns optam
por viver de modo que poderia e deveria viver.
Uma boa parcela do povo brasileiro, devido a abundância de produtos naturais, ou a falta de
experiência de um período de escassez (como ocorre nas guerras) ou daa cultura do “é
melhor sobrar do que faltar” demonstra um descaso com as perdas, com as sobras, por
vivenciar um excesso desnecessário. Como é que se explica que em um país que exporta
toneladas de alimentos todos os meses, existam mais de 50 milhões de pessoas na
condição de insegurança alimentar (não se alimentar adequadamente tanto na quantidade
quanto na qualidade nutricional do que é ingerido)? O Brasil já saiu de fato do mapa da
fome, alguma vez?
Vive-se atrás do que se sente falta, sem investir naquilo que se tem. Joga-se fora o que se
tem hoje, sem refletir sobre o amanhã, isso é a base da cultura do desperdício. Se
soubéssemos consumir na medida exata das nossas necessidades, não estaríamos nesse
caos, nessa imensa desigualdade. Esbanjar sobrepõe-se ao compartilhar; consumir ou
dispensar, a usar. Doar, emprestar, restaurar, reciclar, trocar… tudo é possível em um país
cujo lixo é composto por 52% de compostos orgânicos.
Referências Bibliográficas:
Senac Setor 3. Disponível em: http://setor3.com.br/lancamento-do-documentario-cultura-do-
desperdicio/. Acesso em 05 de setembro de 2017.
Conteúdos Diversos. Disponível em:
https://www.conteudosdiversos.com.br/culturadodesperdicio. Acesso em 05 de setembro de
2017.