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A4 DE REDAÇÃO

ALUNA MARIANA GARCIA


NÚMERO 2385
TURMA 302
PROFESSOR RODRIGO

A obra “Vidas Secas”, de autoria do escritor modernista Graciliano Ramos, relata a história de uma família que, diante
das secas recorrentes no sertão nordestino e da fome, é obrigada a migrar constantemente em busca de condições
básicas de sobrevivência, principalmente, dos alimentos. Essa obra, apesar de ficcional, retrata a realidade de
inúmeros indivíduos e demonstra que a insegurança alimentar atua como protagonista entre os grupos vulneráveis
da sociedade brasileira contemporânea. Portanto, faz-se necessária a análise das principais causas que levam ao
agravamento do assunto, como o racismo estrutural e a agronomia exportadora.

Em primeira análise, é indispensável analisar que o racismo estrutural afeta o acesso à alimentação adequada,
agravando a insegurança alimentar para as populações racializadas. Estatísticas do IBGE mostram que cerca de 70%
dos lares chefiados por mulheres negras sofrem com a falta de alimentos suficientes, comparado a 30% dos lares
chefiados por mulheres brancas. Essa desigualdade reflete históricas disparidades no acesso à terra, trabalho e renda
digna para essas comunidades, influenciando, consequentemente, em políticas públicas que resultam em
investimentos desiguais em infraestrutura e programas de segurança alimentar.

Em segunda análise, é válido ressaltar o modelo de agronomia exportadora adotado no Brasil que tem contribuído
significativamente para agravar o quadro de insegurança alimentar no país. Ao priorizar monoculturas voltadas para a
exportação, muitas vezes de produtos não essenciais à dieta local, o país negligencia a produção de alimentos básicos
para a população, resultando em dependência externa e vulnerabilidade diante das variáveis do mercado
internacional. Além disso, esse modo exportador tende a desviar recursos naturais e financeiros de sistemas agrícolas
sustentáveis e voltados para a segurança alimentar interna, impactando negativamente a diversificação da produção
e a resistência dos sistemas alimentares locais.

Portanto, diante da complexidade, é notório que tanto o racismo estrutural quanto o modelo de agronomia
exportadora desempenham papéis significativos na perpetuação desse cenário desafiador. Urge que o Governo,
através do Ministério de Direitos Humanos e da Agricultura, assuma o papel de agente de mudança, promovendo
políticas públicas que enfrentem as desigualdades raciais e reavaliem a estratégia agrícola do país. A ampliação de
investimentos em agricultura familiar, a valorização da produção de alimentos essenciais e a adoção de sistemas
sustentáveis são passos cruciais para mitigar as disparidades alimentares e fortalecer a segurança alimentar em todos
os âmbitos da sociedade. Somente por meio de uma abordagem inclusiva e consciente, em que os direitos básicos à
alimentação e à igualdade sejam colocados em primeiro plano, será possível transformar a realidade atual em um
futuro mais justo e sustentável para todos os brasileiros.

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