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CAMPANHA DA FRATERNIDADE

E A FOME
“Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)”
A fome é um problema histórico e vem sendo discutido no mundo, porém existe
uma dificuldade de medir, de forma direta, a quantidade de pessoas que passam fome,
pois é um problema generalizado em todos os países.
No Brasil, o acesso regular a uma alimentação adequada tem se tornado um desafio
presente na realidade da população. Pesquisas afirmam que embora tenha havido
mudanças no diagnóstico e nas políticas, o problema da vulnerabilidade à fome
apresenta agravamento contínuo. Mesmo diante de diminuição dos níveis de pobreza e
indigência, o índice de aumento se mantém. O país havia saído do mapa da fome da
Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, graças às políticas de segurança
alimentar e nutricional implementadas desde os anos 90, mas houve uma regressão a
partir de 2015, que se agravou com a chegada da pandemia de Covid-19 em 2020 e
segue em persistência.
Atualmente o problema da fome no Brasil é um reflexo da desigualdade social
existente, principalmente nas grandes cidades. Elevado nível de desemprego e baixo
índice de crescimento, baixos salários e alta inflação, são um dos fatores que causam a
insegurança alimentar. Além disso, não menos relevante, o outro aspecto da fome no
Brasil diz respeito ao perfil da população que é mais atingida por esse problema. A
insegurança alimentar grave é maior em lares chefiados por pessoas que se
autodeclaram negras. Famílias chefiadas por mulheres também apresentam maior
índice de insegurança alimentar grave do que aquelas que possuem homens como
responsáveis.
A fome é um problema que acomete 33,1 milhões de pessoas no Brasil, o que
significa dizer que 15,5% da população brasileira não tem acesso à alimentação
regular. (Rede Penssan). Analisando as regiões do país, 45,2% das famílias do Norte
convivem com a insegurança alimentar moderada ou grave, enquanto no Nordeste a
parcela é de 38,4%. A região Nordeste aparece como a área com a maior população
carente de alimentos no país, com 12 milhões de pessoas. Na sequência vem o Sudeste,
com 11,7 milhões. O Centro-Oeste é a região do Brasil com o menor número de pessoas
acometidas pela fome: 2,15 milhões. No Norte e no Sul, os números são
respectivamente de 4,85 milhões e três milhões de pessoas (Rede Penssan).

Aluna: Laíssa Magalhães Orientador: Uene José página 01 de 02


A Campanha da Fraternidade é uma das intervenções diante da fome no Brasil,
sendo realizada pela igreja católica durante a celebração da quaresma. Ao fazer o
convite “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)”, a campanha atua promovendo a
reflexão sobre carência de alimentos para tantas pessoas, e tem realizado um bem
imenso no cuidado para com os pobres. A Campanha da Fraternidade tem hoje os
seguintes objetivos:
1 – Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em
particular, os cristãos na busca do bem comum;
2 – Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central
do Evangelho;
3 – Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na
evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária
(todos devem evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora e libertadora
da Igreja)”.
A coleta nacional da solidariedade, gesto concreto da campanha, acontece em todas
as comunidades do Brasil, no Domingo de Ramos. Para fazer parte da campanha, as
doações podem ser feitas nas igrejas e paróquias.
A Campanha da Fraternidade não é a solução para o fim da insegurança alimentar,
tampouco diminui o índice de pobreza e desigualdade social. Contudo, é louvável a
ação de dar comida aos necessitados. A alimentação adequada ofertada será
momentânea, mas além de aliviar a fome do beneficiado e confortar desfavorecidos,
faz-se o convite para que a sociedade com mais condição econômica possa refletir
sobre a situação de seu país, em realidades diferentes das suas, e em qual ação mais
eficiente pode efetivar para que mude, mesmo que em um pequeno raio de
abrangência, um quadro tão problemático.
Num contexto, para além do que a igreja católica propõe, é preciso que o estado aja
com políticas direcionadas a população mais vulnerável, de modo que estimule o
crescimento do mercado e que diminua a extrema desigualdade de renda existente no
país, promovendo melhorias na renda das famílias e barateamento da alimentação,
aumento da oferta de alimentos básicos e acompanhamento para verificar se as
famílias realmente estão sendo assistidas, solucionando a carência alimentar.

Aluna: Laíssa Magalhães Orientador: Uene José página 02 de 02

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