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- BRICS

Mecanismo formado por países chamados “emergentes”, o BRICS possui um grande peso
econômico e político e pode desafiar as grandes potências mundiais.

O BRICS é um agrupamento econômico atualmente composto por cinco


países: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Não se trata de um bloco econômico ou uma
instituição internacional, mas de um mecanismo internacional na forma de um agrupamento
informal, ou seja, não registrado burocraticamente com estatuto e carta de princípios.

Em 2001, o economista Jim O´Neil formulou a expressão BRICs (com “s” minúsculo no final para
designar o plural de BRIC), utilizando as iniciais dos quatro países considerados emergentes, que
possuíam potencial econômico para superar as grandes potências mundiais em um período de,
no máximo, cinquenta anos.
O que era, no início, apenas uma classificação utilizada por economistas e cientistas políticos para
designar um grupo de países com características econômicas em comum, passou, a partir de
2006, a ser um mecanismo internacional. Isso porque Brasil, Rússia, Índia e China decidiram dar
um caráter diplomático a essa expressão na 61º Assembleia Geral das Nações Unidas, o que
propiciou a realização de ações econômicas coletivas por parte desses países, bem como uma
maior comunicação entre eles.

A partir do ano de 2011, a África do Sul também foi oficialmente incorporada ao BRIC, que passou
então a se chamar BRICS, com o “S” maiúsculo no final para designar o ingresso do novo membro
(o “S” vem do nome do país em Inglês: South Africa).
Atualmente, os BRICS são detentores de mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de
países que mais crescem no planeta. Além disso, representam 42% da população mundial, 45%
da força de trabalho e o maior poder de consumo do mundo. Destacam-se também pela
abundância de suas riquezas nacionais e as condições favoráveis que atualmente apresentam
para explorá-las.

BRICS desafiam a ordem econômica internacional

Durante a V Cúpula do BRICS, em 27 de Março de 2013, os países do eixo decidiram pela criação
de um Banco Internacional do grupo, o que desagradou profundamente os Estados Unidos e a
Inglaterra, países responsáveis pelo FMI e Banco Mundial, respectivamente. A decisão sobre o
banco do BRICS ainda não foi oficializada, mas deve se concretizar nos próximos anos. A ideia é
fomentar e garantir o desenvolvimento da economia dos países-membros do BRICS e de demais
nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento.

Outra medida que também não agradou aos EUA e Reino Unido foi a criação de um contingente
de reserva no valor de 100 bilhões de dólares. Tal medida foi tomada com o objetivo de garantir a
estabilidade econômica dos 5 países que fazem parte do grupo.
Com essas decisões, é possível perceber a importância econômica e política desse grupo, assim
como também é possível vislumbrar a emergência de uma rivalidade entre o BRICS, os EUA e a
União Europeia.
- Países do Brics devem lutar pelo fim das barreiras comerciais

Professor diz que bloco pode dar exemplos de multilateralismo em cenário de guerra
comercial entre EUA e China

Aconteceu em Joanesburgo, na África do Sul, o décimo encontro do Brics – bloco


composto de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – onde foram discutidas
propostas de integração entre os países e as barreiras comerciais impostas pelos EUA.
O presidente Michel Temer defendeu o livre comércio entre os países membros da
cúpula e anunciou a instalação, em Joanesburgo, de um centro de treinamento da
Embraer, um escritório do Novo Banco de Desenvolvimento em São Paulo, além de um
departamento de pesquisas em vacinas.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o coordenador-geral do Grupo de Estudos sobre


os Brics (Gebrics) da USP e professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito
(FD) da USP, Paulo Borba Casella, faz uma avaliação sobre o encontro internacional e
sobre a afirmação do bloco no cenário mundial diante de uma década de atuação.
Casella destaca as semelhanças entre os cinco países quando se trata do modo como
se relacionam com instituições como o Banco Mundial, com o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e com a Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo. Além
disso, afirma que as grandes mudanças no sistema internacional aconteceram depois
de guerras, e o Brics é uma mudança fora deste cenário com a concepção de que o
atual sistema traz uma contribuição, mas é preciso aperfeiçoá-lo em questões como as
instituições financeiras multilaterais.
Para ele, esse é um dos principais pontos, pois mostra a importância da construção do
Novo Banco de Desenvolvimento, que financia projetos de desenvolvimento tanto para
o Brics como para outros países e terá uma subsede em São Paulo.
Um dos principais assuntos discutidos pelo encontro também foi a relação entre os
Estados Unidos e a China. Para o coordenador do Gebrics, as barreiras comerciais
impostas pelos EUA são um grande erro, que não trazem benefícios para nenhum país.
Nesse sentido, a forma do Brics influenciar nessa relação é por meio do exemplo de
atuação entre os países do grupo, fazendo funcionar as instituições multilaterais.
A relação da China com o Brasil também vem se consolidando nos últimos anos, e uma
questão também debatida é a ampliação de negócios através da diminuição de
sobretaxas de produtos brasileiros, como na exportação de carne de frango e açúcar.

A próxima reunião do bloco será sediada no Brasil, e, de acordo com Casella, esse
pode ser um momento propício para essa proposta ser pleiteada. “O quanto isso pode
ser alcançado depende do jogo do comércio internacional e das negociações
internacionais, que têm como base a reciprocidade.” Os acordos geralmente são
firmados através de negociações onde ambas as partes sejam contempladas.
Paulo Casella participou do seminário sobre a contribuição do Brics para a governança
global, realizado pela Escola Nacional de Governo da África do Sul, que contava com a
participação de acadêmicos, professores e pesquisadores dos cinco países, sendo sete
brasileiros. Ele comenta que foi levantada a questão de desigualdade de gênero e
proteção de minorias por uma professora da África do Sul, âmbitos que têm pouco
espaço de discussão na Rússia, China e Índia.
- BRICS – Principais áreas de cooperação.

Artigo sobre a cooperação entre países do BRICS nas áreas de economia, saúde, segurança,
empresas e ciência, tecnologia e inovação.

Na China, ministros da Indústria dos Brics adotam plano de ação com ONU BR

Uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial,


Unido, e dos países que formam os Brics quer promover mais desenvolvimento através
da cooperação industrial.
A proposta, selada num plano de ação de nove pontos, foi anunciada durante a reunião
dos ministros da Indústria do grupo integrado por África do Sul, Brasil, China, Índia e
Rússia.
Empresas
O plano de ação para aprofundamento da cooperação industrial foi assinado em
Hanghzou, na China. O objetivo é fortalecer a cooperação entre empresas de pequeno e
médio portes que funcionam nesses países.
Este é o segundo encontro dos ministros da Indústria. Sob o tema nova revolução industrial,
oportunidades e desafios na manufatura está sendo realizado antes da próxima reunião de
cúpula dos Brics, marcada para 3 a 5 de setembro em Fujian, na China.

Globalização
O diretor da Unido, Li Yong, afirmou que a agência é um parceiro eficiente e com quem
se pode contar . Para Yong, a Unido quer entender as realidades da globalização e como
melhor gerenciar o novo quadro com governos e outros parceiros na área de cooperação.
Li afirmou ainda que uma melhor compreensão da nova revolução industrial ajudará a
aliviar os impactos negativos, especialmente em países em desenvolvimento, da nova
realidade.
A Unido tem como meta promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo e quer com
esse projeto fortalecer a integração das economias dos Brics.

- Os desafios que o Brics impõe ao Brasil.

Os desafios que o Brics impõe ao Brasil

Segundo Alberto do Amaral, há duas grandes questões a serem resolvidas, ambas


envolvendo as relações do Brasil com a China

Na semana passada, Brasília hospedou mais uma reunião do Brics, que reúne os
países emergentes – dentre os quais o Brasil – e que mantêm certas particularidades e
diferenças em relação uns aos outros. O professor Alberto do Amaral identifica, de
imediato, dois grandes problemas envolvendo aquele agrupamento: o primeiro diz
respeito à empresa chinesa Huawei, que deseja instalar no Brasil a tecnologia 5G, que
promete revolucionar a comunicação. “Há uma tentativa do governo norte-americano de
pressionar o governo brasileiro e pressionar outros governos, como já fez com a
Austrália e a Nova Zelândia, para não contratarem com a gigante chinesa”, observa o
colunista, ao constatar que essa é uma questão que o Brasil terá de enfrentar a curto
prazo.
A outra questão refere-se a uma proposta que foi lançada pelo ministro da Economia,
Paulo Guedes, segundo a qual o Brasil e a China deveriam criar uma zona de livre
comércio. “Esta proposta causou uma imensa surpresa entre os empresários brasileiros,
porque Brasil e China estão em situação muito diferente no que diz respeito à
competitividade industrial, e a criação de uma área de livre comércio […] poderia
inclusive provocar uma desindustrialização brasileira”. Além disso, nota o colunista, um
acordo dessa amplitude precisaria do aval do Mercosul, atualmente abalado com as
relações conflituosas entre Brasil e Argentina.
- O Poder dos Estados Unidos

Os Estados Unidos exercem seu poder e influência em todo mundo. Sua liderança
global se faz em todos os campos, do político ao militar.

As recentes invasões ao Afeganistão e ao Iraque, bem como as caçadas e extermínio de Saddam


Hussein e Osama Bin Laden, leva-nos a pensar a respeito da soberania internacional dos Estados
Unidos da América e da sua consolidação como a maior hiperpotência mundial. Estados Unidos é
a única nação a acumular a liderança no poderio industrial, militar, financeiro, nuclear, estratégico
e cultural. Pode-se dizer, então, que o poder dos EUA é multidimensional e atinge praticamente
todas as partes do globo terrestre.

Tal poderio se justifica principalmente pelo desempenho norte-americano nas duas grandes
guerras mundiais e, em seguida, durante a Guerra Fria. Durante as grandes batalhas, os EUA não
sofreram grandes consequências em seu território e tampouco ataques a civis. Mesmo na Guerra
do Vietnã, em que os americanos foram considerados derrotados, não chegaram a sofrer um único
ataque direto em seu território. Os atentados de 11 de Setembro foram a única vez na história da
era moderna que os Estados Unidos sofreram um ataque direto dentro de suas fronteiras.

Por se encontrar em uma localização geográfica privilegiada, estando protegido por dois grandes
oceanos, bem como por ter desenvolvido uma melhor tecnologia bélica e nuclear, os EUA
terminaram a Segunda Grande Guerra na liderança do poderio político-militar, sendo rivalizado
apenas pela União Soviética (URSS). O dólar passou a ser a principal moeda em todo mundo, de
modo que todas as economias tinham suas referências pautadas a partir da americana. Com o
declínio soviético ao final da Guerra Fria, os EUA tornaram-se uma potência sem rivais, tanto no
poderio bélico quanto no econômico.

Quando estudiosos e analistas abordam a conjuntura da ordem mundial no pós Guerra Fria,
referem-se a uma multipolaridade, que estaria refletida na divisão de poder entre EUA, União
Europeia, Japão e, posteriormente, China. Entretanto, fala-se também de uma unipolaridade, uma
vez que os poderios econômicos e bélicos dos Estados Unidos encontram-se muito acima dos
demais.

Para se ter uma ideia, os EUA investiram, em 2008, cerca de 607 bilhões de dólares em gastos
militares, o que corresponde a 41% dos investimentos em todo mundo. O segundo lugar pertence
à China, com 84,9 bilhões de dólares. Uma diferença próxima dos 520 bilhões!

Nos plano Geopolítico, os EUA mantém intervenções na maioria dos grandes conflitos armados e
crises internacionais. Na guerra entre Israel e Palestina, mantém uma posição de apoio aos judeus,
mantendo uma gigantesca diplomacia local. A Organização das Nações Unidas, a ONU, é
frequentemente acusada por outras nações por ser submeter às ordens e vontades
estadunidenses.
Portanto, com um PIB que corresponde a cerca de um quinto da riqueza mundial, com um poder
de consumo extremamente alto e com um poder de investimento muito acima dos demais, os
Estados Unidos seguem soberanos na liderança política da Nova Ordem Mundial.
- Guerra comercial entre China e Estados Unidos

Em 2019, o mundo vem presenciando uma intensa guerra comercial entre China e
Estados Unidos que vem gerando uma intensa repercussão mundial e preocupação de
muitos chefes de estados do mundo afora. Porém, como esse conflito chegou à essas
proporções?

O contexto histórico da guerra: A ideologia nacionalista dos EUA: o “America First”


Em 2016, após sua eleição, o republicano Donald Trump em seu discurso de posse
prometeu um país mais forte e poderoso à âmbito mundial.

A partir desse discurso, Trump instaurou uma política nomeada de “America


First” marcada por enfatizar o nacionalismo econômico americano e o
unilateralismo, que rejeite as políticas globais. Para pôr em prática seu discurso, o
presidente americano vem tomando medidas para fortalecer a indústria e comércio
americano em detrimento de produtos importados do exterior.

O crescimento econômico chinês


A China, que até a década de 1970, era vista como um país pobre e atrasado, teve uma
mudança de postura a partir da reforma Deng Xiaoping (1978), que a longo prazo,
determinou como metas triplicar o PIB do país, investir massivamente em educação,
indústria e infraestrutura, além de estabelecer zonas econômicas especiais e
cidades com desenvolvimento econômico e tecnológico situadas em todo o território
chinês.

As décadas se passaram e a China apresentou elogiáveis índices econômicos, devida


à sua grande taxa de industrialização e a quantidade de mão-de-obra barata existente
em território chinês, se configurando como um fator de atração industrial de todo mundo.

Nos últimos anos, o governo chinês vem investindo bastante em tecnologias, produzindo
produtos com maior qualidade. Essa mudança de patamar econômico e tecnológico fez
a China ser o país com a segunda maior economia do mundo e a passos largos para
alcançar o primeiro o posto – pertencente aos EUA.

A taxação de impostos dos EUA


O atual crescimento econômico chinês vem incomodado bastante o governo
estadunidense, que em março de 2018, decidiu aumentar a tarifa de alguns produtos
chineses exportados (aço e alumínio), ou seja, o governo chinês passou a pagar mais
impostos por cada produto exportado para os EUA.

Para o presidente o aumento da taxação de impostos de produtos chineses comprados


tem dois motivos principais:

 O primeiro era de aumentar o preço dos produtos chineses no comércio


americano, para tentar estimular a população americana a consumir os produtos
feitos pelas indústrias estadunidenses.
 A segunda razão era de diminuir o lucro chinês na relação comercial com o
país, que em 2018, os EUA lucrou 120 bilhões em produtos exportados para a
China, que em contrapartida, arrecadou 539 bilhões em produtos exportados para
o país estadunidense.

Indignados com a medida de Trump, que gerou um aumento no pagamento de impostos


para o país – cerca de 50 bilhões de dólares de prejuízo -, o governo chinês também
decidiu taxar os produtos exportados para os EUA, que novamente taxou mais
produtos chineses exportados, acarretando no acirramento da guerra comercial entre
as duas potências.

As consequências geopolíticas da guerra comercial


Esse conflito de ordem econômica, afeta diretamente todo o mundo, já que Estados
Unidos e China são os países que mais arrecadam com exportações. Com a taxação
de impostos, seus produtos podem ter um aumento de preço e levar à redução do
consumo por parte dos mercados consumidores de muitos países em âmbito mundial.

No G20 e G8, as alternativas para evitar a recessão econômica de muitos países, que
pode ocorrer com o acirramento dessa guerra comercial, são uma das pautas mais
debatidas nesses fóruns.

Os impactos na economia brasileira


Com o aumento das tarifas nas importações de produtos americanos, a China passou a
procurar mercados fornecedores mais baratos. O Brasil, como é o terceiro país em
exportação agrícola passou a vender mais para os chineses, o que gerou um
crescimento de 35% nas exportações brasileiras em 2018.

Também houve aumento na exportação na venda de produtos manufaturados


(combustível refinado e peças industriais) oriundos do setor industrial brasileiro, que em
2018, vendeu 1,2 bilhões de reais a mais em relação à 2017.
- Guerra comercial: o que significa, impactos e últimas notícias

Fruto de medidas protecionistas, uma guerra comercial provoca impactos negativos na


economia de diversas nações. Dependendo dos países envolvidos, esse conflito leva ao
comprometimento do Produto Interno Bruto (PIB) global, afetando a população
mundial. Essa é uma das consequências da disputa entre Estados Unidos e China, que
se ganhou força com a eleição do presidente norte-americano Donald Trump, em 2016.
Mas há quem enxergue oportunidades nesse cenário, em especial para países que
apresentem opções de exportação às duas potências – como o Brasil.

O Que É Guerra Comercial?

Em termos gerais, guerra comercial é uma disputa econômica entre dois ou mais
países, caracterizada pela imposição de taxas ou cotas comerciais e alfandegárias.
Nesse tipo de disputa, uma ou mais nações têm como objetivo obter vantagens
econômicas e/ou prejudicar as demais. De acordo com a análise de economistas, é
preciso cautela ao classificar alguns episódios como guerra comercial. Isso porque, em
um mundo globalizado e caracterizado pelo comércio multilateral (internacionalizado), é
comum que os Estados “troquem farpas” às vezes, aumentando tarifas para os produtos
de nações concorrentes. Porém, quando há batalhas sucessivas e deterioração
nas relações comerciais, é provável que haja, de fato, um conflito maior. É o caso da
disputa atual entre as duas maiores economias mundiais: Estados Unidos e China.
Parceiras na importação e exportação, ambas iniciaram disputas tarifárias em 2018
que, no início, não sinalizavam um grande conflito. Porém, após mais de um ano de
provocações e medidas protecionistas, ficou claro que se tratava de uma guerra
comercial, com potencial para impactar uma série de nações que nem mesmo
participaram da disputa.

Como A Guerra Comercial Afeta O Mundo?

O comentário acima, retirado de artigo do secretário-geral da Conferência das Nações


Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Mukhisa Kituyi expressa
a preocupação diante das guerras comerciais. Se, no passado, os conflitos
favoreciam a conquista de novos territórios e dominação entre os povos, atualmente,
eles ameaçam a ordem estabelecida pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Como relata o texto de Kituyi, o valor médio das tarifas comerciais no mundo foi
reduzido em 85% desde 1947, ano em que foi assinado o Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (em inglês, GATT). O documento oficializou um esforço internacional pela
cooperação multilateral que, combinada aos progressos na tecnologia, elevou a
participação do comércio no PIB mundial de 24% para quase 60%. Na prática, os
países passaram a trabalhar em conjunto, reduzindo medidas protecionistas e abrindo
seus mercados para uma colaboração em nível mundial.
Essa decisão gerou desenvolvimento econômico generalizado, aumentando empregos e a renda
média de famílias em nações ricas, pobres e em desenvolvimento, além de oferecer suporte para
diminuir a pobreza de 1 bilhão de pessoas nos últimos 20 anos. Claro que os avanços no
comércio também colaboraram para fatores negativos, como a destruição de recursos naturais,
concentração econômica e até a formação de monopólios em alguns mercados. No entanto,
afastar e reforçar a rivalidade entre países e regiões – através de conflitos como as guerras
comerciais – não ajuda a combater esses problemas.

Veja, abaixo, outros impactos negativos para a população mundial quando a disputa
econômica se torna uma guerra.

Desvantagens
Cada guerra comercial tem suas particularidades, mas há efeitos nocivos comuns
devido a esses conflitos. O primeiro, claro, atinge a população dos países diretamente
envolvidos nas batalhas. Produtores agrícolas, pecuaristas, industriais e comerciantes
podem ter dificuldades para exportar os itens produzidos, principalmente se a nação
rival importar, tradicionalmente, grande parte deles.
Desse modo, diferentes setores produtivos perdem em lucratividade, fazendo com que
as empresas precisem enxugar custos.

Elas, então, reduzem a produção, o consumo e acabam despedindo funcionários para


compensar o prejuízo, afetando o setor de serviços. Outro impacto vem da diminuição da
oferta de produtos, já que os países deixam de comprar de seu rival. A tendência é que a
demanda por esses itens aumente e a oferta seja reduzida, provocando alta nos preços e
redução do poder aquisitivo da população em geral. Caso esse quadro dure por um período
longo, pode provocar crises econômicas nas nações em guerra, que deixam de comprar de
outros países, prejudicando quem não participa da guerra comercial. A escassez e
encarecimento de produtos levam a um contexto de instabilidade econômica,
animosidade e isolamento entre as nações, o que pode dar origem a novos conflitos.

Vantagens

As vantagens de uma guerra comercial costumam valer para nações que mantenham
uma relação próxima e forneçam alternativas aos produtos do país rival. No começo
da disputa entre China e Estados Unidos (em 2018), por exemplo, as exportações do
Brasil para a China cresceram 35% quando comparadas a 2017. Diante da alta de
preços dos itens norte-americanos, os chineses compraram mais produtos agrícolas e
manufaturados de origem brasileira.

Como resultado, produtores de soja venderam US$ 7 bilhões mais para Pequim em
2018, enquanto produtores de algodão comercializaram mais US$ 358 milhões.
Exportadores de carne bovina registraram aumento de US$ 557 milhões, e os de carne
suína, US$ 202 milhões. Bens manufaturados, a exemplo de máquinas e autopeças,
foram mais comprados pelos Estados Unidos, levando a um incremento de US$ 1,2
bilhão em 2018.

Consequências Gerais Da Guerra Comercial No Mundo

Tomando como referência as consequências de guerras comerciais anteriores, vale

citar os seguintes aspectos:

 Instabilidade econômica, levando a possíveis recessões

 Quedas em bolsas de valores

 Redução do PIB e crescimento econômico mundial

 Polarização, causada pelo apoio a uma nação em detrimento da sua rival

 Ameaças à ordem internacional de comércio, por causa da quebra de regras

estabelecidas em acordos da Organização Mundial do Comércio (OMS)


 Desemprego e queda na produtividade

 Redução no poder de compra da população, decorrente do aumento no

desemprego e nos preços de alguns produtos

 Diminuição da lucratividade nos três setores produtivos: indústria, comércio e

serviços

 Popularização de medidas protecionistas

 Desvalorização do dólar e tendência à valorização de moedas locais, como o

euro

 Incremento nas exportações de alguns países que não estejam envolvidos na

guerra comercial

 Formação de novas alianças entre países, geralmente visando retaliar a

taxação de seus produtos

 Reforço da animosidade e falta de tolerância entre as nações.

Como Começou A Guerra Comercial Entre EUA E China?

Como começou a guerra comercial entre EUA e China?


Mencionamos, antes, que a principal guerra comercial da atualidade ocorre entre
Estados Unidos e China. As disputas começaram com uma mudança na postura dos
EUA, que intensificaram a adoção de medidas protecionistas desde 2018 – ano em que
Donald Trump foi eleito presidente.

Isso porque Trump sempre criticou a balança comercial do país durante os governos
anteriores, que permaneceu desfavorável para os norte-americanos em relação a outras
nações. Resumidamente, uma balança comercial desfavorável significa que um país
importa mais produtos do que exporta, e era isso o que acontecia nas transações com a
China. Com o objetivo de virar esse jogo, o presidente americano iniciou uma série de
batalhas comerciais contra nações com quem mantêm relações comerciais.

Além dos chineses, México, União Europeia e Canadá sofreram com a imposição de
tarifas pelos EUA, que visam privilegiar o mercado nacional. Em março de 2018, Trump
deu início ao conflito com a China, estabelecendo tarifas de importação para dois dos
principais itens comprados de Pequim: 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio.

Como retaliação, os chineses anunciaram maiores tarifas para a importação de 128


produtos norte-americanos, com destaque para a soja. Desde então, houve uma série
de ameaças, taxações e retaliações, culminando em tarifas sobre US$ 250 bilhões
em produtos chineses pelos Estados Unidos, em 2018, e US$ 110 bilhões em
mercadorias americanas, taxadas pela China.

Apesar do cunho econômico desse conflito, especialistas acreditam que existem razões
geopolíticas por trás das batalhas. Afinal, embora os EUA ainda mantenham o posto
de maior potência econômica mundial, faz alguns anos que a China representa uma
ameaça ao seu poderio, registrando altas taxas de crescimento e conquistando o
protagonismo em diversos mercados.

Essa concorrência acirrada provoca reações em uma parcela considerável da


população norte-americana: os 40% que apoiam a política internacional de Donald
Trump. Eles concordam com um endurecimento nas relações com a China, tendo
como meta o enfraquecimento do mercado daquele país.
Consequências da guerra comercial entre EUA e China
Segundo esta análise publicada pela BBC, cabe citar seis mudanças principais,
provenientes de dois anos em que os países permaneceram em conflito econômico.

Desaceleração Na Economia

Você se lembra da crise econômica mundial de 2008? A venda de títulos, incluindo


dívidas de alto risco, a investidores de todo o planeta e o estouro da bolha imobiliária
nos EUA levaram à quebra de bancos, como o Lehman Brothers, além de perdas
bilionárias de outras instituições financeiras. O resultado foi uma profunda recessão,
com perda de lucros e altas taxas de desemprego em vários países, inclusive no
Brasil.

O PIB mundial atingiu 1,8% naquele ano, registrando resultado negativo (-1,7%) em
2009, mas vem se recuperando, tendo alcançado 3,9% em 2018. Mas esse cenário está
prestes a mudar. As consequências econômicas da guerra comercial entre EUA e China
fizeram com que Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixasse as expectativas de
crescimento global referentes a 2019 para apenas 3%. Este é o PIB mais baixo, desde
a recessão de 2008. Os atores principais da guerra comercial também estão crescendo
em ritmo mais lento.

A meta dos EUA para 2020 ficou em 3%, mas provavelmente não será atingida.
E a China deverá crescer menos de 6%, menor índice dos últimos 30 anos, de acordo
com o Banco Mundial.

Redução No Déficit Comercial Dos EUA


Explicamos, mais acima, que o principal argumento de Donald Trump para começar a
guerra comercial foi diminuir a diferença entre importações e exportações com a China.
De certa forma, a estratégia teve sucesso.
Entre novembro de 2018 e novembro de 2019, o déficit na balança comercial caiu US$
60 bilhões. No entanto, a importação de bens pelos norte-americanos ainda é US$ 360
bilhões maior que a exportação. Queda Nas Exportações De Produtos Agrícolas Dos
EUA Para Pequim. Se, por um lado, os EUA importaram menos itens chineses, de
outro, a China impôs tarifas que reduziram a importação de produtos agrícolas norte-
americanos. Em valores, é possível ter uma ideia da queda, que foi bastante expressiva:
de US$ 25 bilhões para menos de US$ 7 bilhões.

Chineses Investem Menos Nos EUA


Como era de se esperar, as empresas chinesas diminuíram investimentos nos Estados
Unidos. Os valores baixaram de US$ 54 bilhões, em 2016, para US$ 9,7 bilhões em
2018, e US$ 2,5 bilhões no primeiro trimestre de 2019, segundo levantamento do
Enterprise Institute, de Washington. Tensão Prejudica Multinacionais Dos EUA
A guerra comercial não parece ter desestimulado as empresas norte-americanas com
operações na China, mas teve efeitos adversos para os negócios. Em 2019, 81%
dessas companhias relataram serem prejudicadas devido ao conflito, conforme
dados do Conselho Empresarial EUA-China. Em 2017, esse índice era 36% menor – ou
seja, somente 45% dos empresários afirmaram se preocupar com impactos negativos
decorrentes de disputas entre os países.

Restrições Às Empresas De Tecnologia


Em um dos capítulos da guerra comercial, Trump inseriu companhias chinesas focadas
em tecnologia, a exemplo da Huawei, em um tratado restritivo. Na prática, empresas
dos EUA não podem negociar com elas. Em contrapartida, a China tomou uma atitude
semelhante, elaborando uma lista de restrições para empresas norte-americanas.
Principais Guerras Comerciais Envolvendo O Brasil

Conforme registros do Ministério das Relações Exteriores, o Brasil esteve envolvido em


uma série de conflitos nas últimas décadas, em especial como demandante.
Ou seja, o país contestou, junto à OMC, medidas protecionistas adotadas por nações
como Estados Unidos, Canadá e integrantes da União Europeia.
Conheça algumas das batalhas.
Suco De Laranja
Em 2011, a Organização Mundial do Comércio decidiu em favor do Brasil em um
conflito envolvendo suco de laranja.
Desde 2007, os Estados Unidos pretendiam aumentar as taxas para o produto de
origem brasileira, afirmando que era comercializado a valores mais baixos que o norte-
americano.
A medida levou o Brasil a demandar uma intervenção da OMC, preservando as
exportações de suco de laranja a preços razoáveis para os EUA.
Embraer-Bombardier
Em 1996, a empresa canadense Bombardier contestou subsídios dados pelo Brasil à
Embraer.
Em seguida, o país questionou subsídios dados à Bombardier pela província de
Quebec.
Afetadas, ambas as nações negociaram um acordo, o que culminou na revisão das
regras de crédito de exportação de aeronaves dentro da Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Açúcar
O Brasil se posicionou junto à OMC contra subsídios concedidos ao açúcar dos
países-membros da então Comunidade Europeia, precursora da União Europeia, em
2002.
Embora os custos de produção do item fossem de 4 a 6 vezes maiores na Europa que
no Brasil, nações da CE recebiam grande auxílio financeiro e vendiam o açúcar a
preços muito baixos.
Brasília saiu vitoriosa, o que se traduziu em um aumento das exportações do produto
brasileiro nos anos seguintes.
Conclusão
Apesar de comuns, guerras comerciais prejudicam não apenas os países envolvidos,
mas também aqueles com quem eles mantêm relações comerciais.
Em um contexto de globalização, as consequências acabam afetando nações de todo o
planeta.
Por isso, é necessário reforçar os esforços pela cooperação entre todos, agregando
benefícios em âmbito global.
Gostou de saber mais sobre as disputas econômicas? Então, comente e compartilhe
este artigo.
- Exportação e importação

Importação e exportação são dois temas relacionados ao comércio internacional.


Saber a diferença entre eles é fundamental para compreender a dinâmica da economia
de um país.

Exportação e importação são importantes atividades comerciais internacionais que


direcionam a economia de um país.
Exportação e importação são atividades referentes ao comércio internacional
relacionadas, respectivamente, à entrada (compra) e à saída (venda) de produtos de um
determinado país.

O que é exportação?

Exportação refere-se à atividade de venda, envio ou doação de produtos, bens e serviços


de um determinado país para outro. Basicamente, significa a saída de um item ou serviço
nacional com destino a outro país.

Muitas empresas decidem exportar a fim de crescer economicamente por meio da


ampliação dos negócios e do comércio para além do mercado interno.

Existem quatro tipos de exportação:

1. Direta: exportação realizada pelo próprio produtor, que fatura diretamente em relação
ao importador. Para que essa atividade seja possível, é necessário que o fornecedor
conheça todo o processo de exportação, como a documentação necessária, o mercado,
embalagens, transações, etc.

2. Indireta: exportação na qual a venda de produtos e serviços é realizada por empresas


que os adquirem para exportá-los. Nesse tipo de atividade comercial, o produtor não é
responsável pela comercialização externa do produto.

3. Perfeita: a exportação é realizada sem o uso de intermédios no decorrer do processo


de entrada do produto no país a qual é destinada.

4. Imperfeita: a empresa exportadora conta com uma alternativa para iniciar o processo
de venda para o exterior em virtude da sua falta de experiência no comércio
independente.

O que é importação?

Importação refere-se à atividade de compra de produtos, bens ou serviços vindos do


exterior para outros países. Basicamente, é a entrada de itens estrangeiros em um
determinado país.

Mesmo apresentando grandes territórios e abundância de riquezas, nenhum país é


autossuficiente. Dessa forma, é inevitável que os países importem itens ou mercadorias
os quais não são capazes de produzir. Essas importações podem ser realizadas com o
objetivo de abastecer setores industriais com matérias-primas, bens e serviços, viabilizar
pesquisas ou abastecer a população com alimentos.
O processo de importação divide-se, basicamente, em três fases:

1. Administrativa: fase de autorização para importação aplicada segundo a operação ou


o tipo de mercadoria que será importado. É responsável por gerar a licença para
importação.

2. Cambial: fase de pagamento ao exportador, na qual a moeda estrangeira é


transferida para o exterior.

3. Fiscal: fase de desembaraço alfandegário, que corresponde ao despacho aduaneiro


por meio do recolhimento de tributos.

Vantagens e desvantagens

→ Exportação

Vantagens Desvantagens

Maior produtividade do país exportador Tempo de retorno financeiro mais longo, visto
em decorrência do aumento da escala de que as primeiras exportações podem não ser
produção. tão satisfatórias quanto a empresa esperava.

Em decorrência das grandes diferenças


Redução da carga tributária em virtude da
culturais, é necessário um maior cuidado com
compensação do recolhimento dos
as mercadorias que serão exportadas a fim de
impostos internos.
que elas cheguem em perfeito estado.

Aperfeiçoamento das empresas que Se empresa não apresentar um grupo


exportam ao antecipar tendências do qualificado de funcionários, que falem outros
mercado, visto que precisam atender às idiomas, por exemplo, o comércio exterior pode
normas e aos padrões internacionais. ser um pesadelo.

Fortalecimento da empresa, tornando-a Greves fiscais ou outros obstáculos podem


referência nacional para outras que dificultar ou atrasar as exportações, trazendo
pretendam aventurar-se no mercado grandes prejuízos tanto ao exportador quanto
externo. ao importador.

→ Importação

Vantagens Desvantagens
Vantagem cambial quando a moeda do Se houver atrasos no período de entrega dos
país importador é mais valorizada que a produtos importados, o país importador pode ter
moeda do exportador. prejuízos.
Oferecimento de estímulos do Governo A falta de planejamento pode trazer falhas
Federal, no caso do Brasil. relacionadas à quantidade de produtos comprados.
O período de importação é, A falta de confiança entre importador e empresa
normalmente, inferior ao período que se exportadora pode gerar conflitos e prejuízos,
leva para produzir o produto importado. principalmente, para quem está importando produtos.
Redução de custos com produção e mão
de obra.
O Brasil exporta produtos para países como Estados Unidos, China, Argentina.

Exportação e importação no Brasil

O Brasil representa a 24ª maior economia exportadora do mundo. No ano de 2016, o país
exportou cerca de 191 bilhões de dólares e importou 140 bilhões de dólares, resultando
em um saldo comercial positivo de 50,7 bilhões de dólares.

As exportações realizadas pelo Brasil são destinadas, principalmente, a países como


China, Estados Unidos, Argentina, Holanda e Alemanha.

Atualmente, o país consolida-se como o maior exportador mundial de carne bovina,


segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). No ano
de 2018, as exportações da proteína alcançaram 1,64 milhões de toneladas, a maior
marca já alcançada pelo país. Em 2010, segundo a Organização Mundial do Comércio
(OMC), o Brasil foi o terceiro maior exportador agrícola do mundo.

Os principais produtos exportados pelo Brasil são:

Soja US$26,7 bilhões (2018)


Açúcar US$10,8 bilhões (2016)
Minério de Ferro US$14,1 bilhões (2016)
Óleos de petróleo US$9,6 bilhões (2016)

Em relação às atividades importadoras, no mês de janeiro de 2019, as importações


brasileiras somaram US$ 14,201 bilhões. Entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018, as
importações realizadas pelo Brasil somaram US$ 152,753 bilhões.

Entre os principais países que exportam para o Brasil, podemos citar os Estados Unidos,
China, Alemanha, Argentina e Nigéria.

Os produtos mais importados pelo Brasil, além dos petrolíferos refinados, que
representam cerca de 5,18% das importações brasileiras, são:

Peças de veículos US$4,89 bilhões (2016)


Medicamentos embalados US$3,31 bilhões (2016)
Telefones US$3,14 bilhões (2016)
Carros US$2,97 bilhões (2016)
O que é melhor para um país: exportar ou importar?

Exportação e importação são importantes atividades comerciais que estabelecem a


dinâmica econômica de diversos países. Embora possam apresentar desvantagens,
ambas são necessárias, já que atendem aos privilégios e deficiências do país.
Quando nos referimos à balança comercial, obviamente, espera-se que ela seja
positiva, ou seja, que o país exporte mais do que importe. Isso não significa, contudo,
que a importação seja negativa, já que essa é uma forma de atender às necessidades
em relação às mercadorias ou serviços que não são produzidos pelo país.
fios da retomada da economia e do crescimento pós-pandemia

Quais os principais desafios para a retomada da economia do Brasil?

O Brasil enfrentará desafios para a retomada do crescimento no pós-pandemia,


atualmente com tamanha imprevisibilidade gerada pela pandemia, projetar cenários
futuros e garantir a resiliência dos processos de negócio tornou-se um exercício de
extrema incerteza, demandando perspectivas e vivências diferenciadas em busca de
um caminho comum, embora os impactos sejam diferentes para os diversos tipos de
setores.

Investir em serviços personalizados e com maior qualidade, bem como enxugar o


orçamento, reduzindo gastos com a adoção do home office e com a digitalização de
processos, vem sendo, e há expectativas de que será, o grande desafio da indústria
brasileira. Já é possível identificar que, enquanto alguns segmentos devem ter uma alta
sustentável, outros encararão uma retomada lenta. Para este segundo segmento, é
considerável a revisão da aplicação de novas metodologias e projetos estratégicos que
podem tornar possível a transformação do negócio a médio e até curto prazo.

A economia do Brasil foi intensamente impactada por uma crise sanitária sem
precedentes causada pelo cenário atípico da pandemia do novo coronavírus, iniciada no
país em março de 2020. Diante às medidas de isolamento social decretadas pelos
governos locais e pelo órgão regulador de vigilância sanitária (a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - ANVISA), foi escancarado no país um cenário de desigualdade
social e de crise econômica que já era preocupante.

Com o tempo e o relaxamento das medidas de isolamento social, setores que estavam
sobrestados por decreto governamental puderam retornar às atividades. O desafio,
então, vem sendo enfrentar a crise econômica e instabilidade política que o país vem
vivenciando, na tentativa de retomada da economia do Brasil ao patamar pré-pandemia.

No contexto mais específico, um estudo feito pela consultoria internacional BIP revela
que os setores mais afetados são os chamados “não essenciais” como combustíveis,
esportes, shows e eventos, aviação, turismo e hotelaria. Segundo a instituição, será
necessário que estes setores praticamente retomem suas economias do zero, o que
tornará a retomada econômica muito lenta.
Ritmo de retomada da economia brasileira

Dados da CNI indicam que 2021 seguirá o ritmo de retomada da economia já vista no
segundo semestre de 2020. Segundo especialistas, no início do ano o crescimento deve
ser mais lento, entretanto, a partir do segundo semestre, haverá mais espaço para
crescer com estímulos monetários. A questão fiscal é o principal desafio para 2021.

À altura atual da pandemia, outro ponto vem sendo classificado como de extrema
importância para a recuperação da economia: a vacinação da população em massa. À
medida em que a vacinação for avançando, as incertezas econômicas, políticas e
sociais relacionadas ao contexto pandêmico se dissiparão. A confiança trará novo
fôlego ao consumo e à produção.

Inversão de hábitos de consumo

A queda dos indicadores econômicos e as novas práticas de consumo da população


inverteram a matriz econômica do Brasil. O cenário deu início ao “novo normal”, onde
houve uma grande inversão de hábitos de consumo dos brasileiros.

Negócios pautados em plataformas digitais, por exemplo, ganharam espaço e


continuarão crescendo de forma sustentável no pós-crise. Houve também a migração
de consumo em restaurantes para deliverys, entretenimento online e otimização do
trabalho remoto que reduziu, inclusive, o custo de deslocamento aéreo e terrestre.

O aumento do consumo de produtos de cuidados com saúde e a redução do consumo


de bens designados como “não essenciais” também foram fatores relevantes ao longo
deste período.

Qual o papel do Estado na retomada da economia?

Ainda que as principais pautas do Congresso estejam voltadas a maneiras de mitigar ou


minimizar os impactos causados pela pandemia, para uma recuperação econômica é
necessário dar importância à retomada de agenda de reformas que retomem a
confiança e remediação política externa com fins de cessar a desconfiança econômica
dos parceiros comerciais e dos principais e futuros investidores.

Seguem alguns exemplos de medidas que podem subsidiar a recuperação econômica:

- Dar suporte a vigência dos programas de crédito emergencial e às linhas de


financiamento, principalmente para as pequenas empresas;
- Parcelar o pagamento dos tributos que foram adiados e instituir um programa de
repactuação dos débitos tributários;

- Dar vazão à reforma tributária, que deve tornar a cobrança de impostos mais racional
e gera aumento de competitividade dos produtos brasileiros tanto no mercado
doméstico quando no internacional;

- Reduzir as despesas com o funcionalismo e aumentar a eficiência do setor público.

*Todas essas medidas foram sugeridas e constam do documento proposto ao governo


pela CNI.

O caminho para retomada da economia do Brasil é enorme. Se governo, empresas e


sociedade atuarem em conjunto, cada um dentro de suas especificidades, identificando
os principais gargalos e buscando formas de solucioná-los, é possível impulsionar a
retomada da economia no país.
- Qual é a participação da China na economia brasileira?

A China, assim como o Brasil, é considerado um país em pleno crescimento. Por isso,
as relações comerciais entre ambos têm crescido muito na última década e a China já

tem papel importante na economia brasileira. Para começar, nos primeiros três meses

de 2009, ela foi o importador número 1 de nossos produtos, ultrapassando os Estados

Unidos que, até então, sempre foram os maiores compradores do Brasil. Com isso, os

chineses pagaram US$ 3,4 bilhões por produtos brasileiros, segundo o Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Os produtos mais comprados são minério de ferro e soja, mas também petróleo,

alimentos e carne. Além disso, segundo um estudo da Fundação Dom Cabral, até 2008,

pelo menos 10 das 200 maiores indústrias chinesas já haviam se instalado por aqui. Por
outro lado, o Brasil também importa produtos da China, principalmente materiais

eletroeletrônicos e carvão mineral. O sapato chinês era um item que preocupava os

fabricantes brasileiros do setor, pois custava mais barato que o produzido aqui. Por isso,

a partir de setembro, todo par de sapato que vier de lá terá um imposto fixo de US$

12,47. Isso aumenta o preço do produto e deixa a concorrência mais leal com o
produzido no Brasil.

Mas por que, afinal, o produto chinês é tão mais barato que o nosso? O economista

João Pedro da Silva, membro do Conselho Regional de Economia de São Paulo

(Corecon-SP), explica que o principal motivo é a mão-de-obra chinesa baratíssima. "O

país tem mais de um bilhão de habitantes, e boa parte está na zona rural, trabalhando

com carvão, já que a área propícia para agricultura é muito pequena. Essas pessoas

estão loucas para trabalhar na indústria e, por isso, aceitam salários muito baixos",

explica o especialista. Segundo ele, um trabalhador em uma fábrica chinesa ganha em

torno de US$ 25 mensais, ou seja, cerca de R$ 50. É muito pouco para um custo de

vida que não é baixo. Um quilo de frutas, por exemplo, custa o equivalente a R$1,50.

Para o economista, a parceria entre os dois países só tende a crescer. "O Brasil é um

país de economia estável, por isso o interesse de tantos outros, entre eles a China, de

investirem aqui", afirma.


- Comércio Brasil-China e seus três pilares: soja, petróleo e minério de ferro

Dados do Ministério da Economia assinalam que mais de 99% das importações


brasileiras da China são de produtos da indústria da transformação, revelando-se assim
uma clara assimetria nas relações entre os dois países. O Brasil vende majoritariamente
commodities de baixo valor agregado, e importa produtos de maior valor agregado.
Dados do comércio apresentados demonstram que os ataques do governo brasileiro à
China se traduziram em mera retórica, ao menos do ponto de vista econômico.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009 e as relações comerciais


entre os países têm se tornado cada vez mais intensas. Nos dois primeiros anos da
gestão Bolsonaro, como argumentamos aqui e aqui, a dinâmica comercial não foi
afetada pelas tensões diplomáticas. Em 2021, não está sendo diferente. Segundo
dados do Ministério da Economia (ME), no primeiro trimestre de 2021, em comparação
com o mesmo período de 2020, a corrente de comércio entre os países cresceu 19,5%,
e as exportações brasileiras para a China 28%. Os destaques das vendas brasileiras
(ver tabela 1) têm sido a soja, o petróleo e o minério de ferro. Somados, os 3 produtos
constituíram 79% das exportações brasileiras para a China entre janeiro e março de
2021, refletindo a continuidade da pauta de exportações para a China que nos últimos
anos foi dominada – sempre em mais de 70%, de acordo com dados do ME – pelos
mesmos três produtos.

Tabela 1. Exportações brasileiras por produto no primeiro trimestre (janeiro-março,


US$)

Produto 2019 2020 2021

Grãos de
$4.397.784.405,00 $4.376.358.464,00 $4.639.350.908,00
Soja

Minério de
$2.316.769.165,00 $2.743.140.066,00 $5.698.769.434,00
Ferro

Petróleo $3.525.168.113,00 $3.272.068.381,00 $6.502.815,00

Fonte: Comex Stat.

Em contrapartida, dados do ME assinalam que mais de 99% das importações brasileiras


da China são de produtos da indústria da transformação, revelando-se assim uma clara
assimetria nas relações entre os dois países, evidenciada pelo fato de que o Brasil
vende majoritariamente commodities de baixo valor agregado, e importa da China
produtos de maior valor e complexidade tecnológica. Tal padrão comercial pode ser
explicado pela forma distinta através da qual os países têm se inserido na economia
política internacional ao longo das últimas décadas, condicionados tanto por suas
políticas domésticas como pela estrutura da economia internacional.
Principal produtor de soja

O Brasil é o principal produtor mundial de soja, seguido pelos Estados Unidos e a


Argentina, que juntos concentram cerca de 80% da produção mundial. A soja e seus
subprodutos podem ser utilizados na produção de diversos itens alimentícios, como
chocolate, massas e temperos, além de ser matéria prima para o biodiesel, óleo,
manteiga e maionese, e um ingrediente importante para a nutrição de suínos, aves e
bovinos. Entre os maiores consumidores no mercado internacional, estão a China e a
União Europeia, que representam conjuntamente cerca de 71% das importações
mundiais.

A China é, de longe, a maior consumidora e importadora de soja do mundo, sendo


responsável por 61% das importações em nível mundial. A demanda chinesa tem
crescido desde os anos 1990, em decorrência da elevação de renda da sua população,
que implica o aumento do consumo de carnes, alimentos ricos em gorduras e
processados. Segundo dados do Ministério da Economia, no primeiro trimestre de 2021,
o Brasil exportou cerca de US$ 8,09 bilhões de soja, essencialmente em grãos, e, em
menor grau, como óleo ou farinha de soja, sendo que, 58,14% do total foram destinados
à China, seguido pela Tailândia, com 5,26%, e Países Baixos, com 4,06%, denotando a
importância da China para o mercado brasileiro de soja.

Embora em milhões de dólares o valor seja superior ao valor exportado no ano


passado, a quantidade em quilogramas foi reduzida, consistindo em 11,722 milhões de
toneladas em 2021, contra 12,588 milhões de toneladas exportadas em 2020. A
redução decorre dos atrasos provocados pela chuva no Brasil, que diminuiu o ritmo da
colheita e do escoamento para o exterior.

Cabe ressaltar ainda que foram relatadas queixas da China em telegramas enviados ao
Itamaraty, que alegam a presença de excessos de glifosato na soja brasileira,
agrotóxico que é banido em diversas partes do mundo pelo alto grau de toxicidade em
humanos e animais, e, ademais, somam-se reclamações de contaminação de
coronavírus nas embalagens de carnes e pescados importados. Em resposta, o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento afirmou em nota oficial que o fluxo
comercial de produtos agrícolas permanece fluído, sem interrupções e segue
monitorando os casos relatados não somente pela China, como também pela Rússia.

Ainda que seja o quarto maior país do mundo em extensão territorial, a China possui
apenas 8% de suas terras aráveis, acabando assim por priorizar a produção de outros
produtos agrícolas em detrimento da soja, como arroz, milho e trigo. A curto e médio
prazo, não há substitutos para a produção brasileira, mesmo existindo algumas notícias
relatadas pela mídia sobre a busca chinesa por soja no continente africano, na tentativa
de diversificar seus fornecedores e reduzir a dependência da importação de grãos do
Brasil. Por outro lado, o mercado brasileiro de soja é dependente das exportações
chinesas, por ser a maior fonte consumidora mundial.

Minério de ferro

Em relação aos minérios, o Brasil é reconhecido líder do setor, destacando-se o minério


de ferro, o cobre, o ouro, o alumínio e o nióbio. Segundo o Anuário Mineral Brasileiro de
2020, o valor total das exportações das principais substâncias metálicas brasileiras
totalizou US$ 48,64 bilhões. Nesse quadro, a China tem papel fundamental para o setor
extrativo, sendo o principal destino das exportações minerais brasileiras, representando
32,73% do valor total exportado (US$ 15,93 bilhões). Entre os principais produtos
minerais vendidos para o país, estão: ferro, nióbio, cobre, manganês, níquel, alumínio,
zinco, cromo e estanho.
O comércio de minério de ferro é uma parte relevante das relações comerciais entre a
China e o Brasil, tendo passado por três fases distintas: i) crescimento lento (1973-
2000); ii) crescimento rápido (2000-2011); e, por fim iii) declínio gradual (2011 até o
período recente). Na indústria siderúrgica, a China é um país com enorme demanda por
minério de ferro devido à sua constante urbanização, enquanto o Brasil é o segundo
maior exportador de minério de ferro, tendo a China como principal destino das suas
exportações.

A urbanização e a expansão da atividade econômica da China são os principais


impulsionadores do aumento do comércio internacional, o investimento chinês no setor
extrativo brasileiro se tornou muito significativo para ambos os países, cujo exemplo
recente é a estratégia adotada pela China de aquisição de projetos maduros no Brasil,
como a divisão de nióbio e fosfato da Anglo American pela China Molybdenum (CMOC),
por US$ 1,5 bilhão.

Petróleo

Quanto ao petróleo, apesar da queda registrada nos preços internacionais, a redução


na demanda mundial e as dificuldades das empresas petrolíferas executarem trabalhos
em meio a adoção de medidas de distanciamento social e contenção da Covid-19, a
produção de petróleo no Brasil alcançou níveis recordes em 2020. Segundo dados da
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as exportações
brasileiras chegaram a 62,1 milhões de barris em maio daquele ano, uma alta de 41%
em relação ao mesmo mês do ano anterior. Dessa forma, a China expandiu as suas
importações de petróleo durante a pandemia, mesmo com a queda na sua demanda
interna, fomentando o aumento das exportações brasileiras. Isso porque as refinarias
chinesas viram na queda dos preços internacionais uma oportunidade de abastecer
seus estoques e, como resultado, a China passou a ser o destino de 70% das
exportações de petróleo do Brasil.

No primeiro trimestre de 2021, o movimento foi parcialmente invertido e a Petrobras


reduziu as exportações de petróleo para a China, sendo que no ano anterior o país
chegou a ser o destino de 90% da produção da empresa.

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em sua última entrevista no cargo,


declarou que apesar da demanda chinesa continuar elevada, refinar petróleo tem se
tornado mais atraente do que vendê-lo cru, o que redirecionou parte da produção para o
mercado interno. As exportações de petróleo do Brasil para a China recuaram em cerca
de um terço em janeiro e fevereiro. Como consequência, a empresa vendeu 37% a mais
de óleo diesel em março de 2021, em comparação com o mesmo mês do ano anterior,
e 15% a mais do que em março de 2019, sendo a maior parte do volume destinada ao
mercado brasileiro.

Para a China, ter acesso à energia barata passou a ser uma prioridade da sua política
externa a partir de 1993, quando se tornou importadora líquida de petróleo, e,
sobretudo, nos anos seguintes, em que se tornou cada vez mais dependente de
importações, superando os Estados Unidos como maior consumidor mundial de energia
em 2011.
Expectativas

As exportações das três principais commodities brasileiras foram beneficiadas pela


recente alta dos preços internacionais, que nos últimos 12 meses ultrapassou 100% em
alguns casos, como o petróleo e o minério de ferro, pressionados pela recuperação da
demanda internacional.

A expectativa é de que a recuperação econômica pós-pandemia continue a ampliar a


demanda global por produtos primários pelos próximos anos, especialmente na China e
nos Estados Unidos, que devem crescer aproximadamente 6% em 2021, continuando a
beneficiar produtores como o Brasil por meio da apreciação dos preços de produtos
como minério de ferro, soja, açúcar, petróleo e outras commodities que têm forte peso
na balança comercial brasileira.

Os dados do comércio apresentados demonstram que os ataques do governo brasileiro


à China se traduziram em mera retórica, ao menos do ponto de vista econômico, dado o
evidente fortalecimento das relações comerciais entre os dois países no período
recente. Até o momento, prevaleceu a visão chinesa de longo prazo, cuja compreensão
é de que o governo Bolsonaro resulta de uma sazonalidade de turbulências, e, portanto,
assim como o governo Trump, um dia acabará. Dessa forma, apesar do fomento de
ideais xenofóbicas relacionadas às ideologias de ultradireita do governo de Jair
Bolsonaro, os interesses econômicos são de maior importância para o Brasil, dado o
alto grau de interdependência nas relações comerciais Brasil-China.

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