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Museu Interativo Mirador, em Santiago, Chile. Importante centro de inovação tecnológica e aprendizagem sobre
pesquisa.
Fachada do Edifício Vital Brazil, no Instituto Butantan, em São Paulo, fundado em 1901. O instituto é produtor de
imunobiológicos para a saúde pública, vacinas e soros. Durante a pandemia de Covid-19, a instituição tem produzido
vacinas para o combate da doença.
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[...] na União Europeia, estima-se que os recursos destinados à C&T sejam, em 2020, de mais de
3% do PIB dos países que a constituem. Na China, eles ultrapassam hoje os 2,5%.
Considerando a atual realidade vivenciada pelo Brasil na área de C&T, identifique possíveis
consequências para o desenvolvimento do país.
Tal diferença pode ser constatada pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita, indicador que
permite avaliar o padrão de vida e a capacidade de consumo dos países.
Fonte: FMI. Perspectivas Econômicas Mundiais, out. 2021. Disponível em: . Acesso em:
17 nov. 2021.
Afinal, por que parte dos países de industrialização recente não conseguiram superar o
subdesenvolvimento?
Respondendo a essa questão, existem estudos que explicam tal condição como uma
consequência da industrialização tardia – referindo-se ao atraso que a maioria dos países de
industrialização recente apresentam em relação aos desenvolvidos. Logo, para superar o
subdesenvolvimento, seria necessário acelerar a industrialização, com o intuito de compensar
esse atraso.
Conforme visto nos capítulos anteriores, essas condições materiais – sistemas que constituem
o meio técnico – não se encontram distribuídas igualmente sobre a superfície terrestre.
O chamado “centro” é assim considerado pelo poder de atração sobre o comando das
decisões, além de ser um local de onde os comandos de produção e comandos políticos
advêm.
Já a chamada periferia é formada pelos países que apresentam baixos e médios valores de
PIB per capita, desenvolvimento social menor que o centro e, comparativamente, têm menos
sedes de grandes empresas e bancos. Tudo isso significa que esses países têm menor poder
na economia mundial.
Nova York é uma das principais cidades de onde as decisões emanam por meio de comandos aos demais lugares do
planeta.
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Aplicando o assunto
Apesar disso, entre as décadas de 1930 e 1940, a antiga DIT começou a entrar em crise,
motivada pela Crise da Bolsa de Nova York (1929) e, na sequência, pelas transformações
decorrentes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), favorecendo a industrialização de
novos países.
Esses fatores históricos levaram à redução da atividade econômica nos países centrais da
época, a qual colaborou para que a compra de matérias-primas e alimentos dos países
agroexportadores diminuísse.
Quanto a esse processo, vale ressaltar uma primeira característica que diferencia a
industrialização tardia da industrialização pioneira: nos países centrais, a atividade industrial se
desenvolveu com a possibilidade de vender mercadorias industrializadas para os países
agroexportadores.
A terceira diferença foi o fato de que as indústrias de bens de consumo duráveis, como
automobilística e de eletrodomésticos, que contribuíram para a industrialização periférica, não
eram, em geral, nacionais, mas estrangeiras – as multinacionais.
Plataforma de perfuração de petróleo offshore perto de Salvador, Bahia, no Brasil. As plataformas offshore são
aquelas fixadas no mar.
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Com essa nova organização dos países em centro, semiperiferia e periferia, formou-se a Nova
Divisão Internacional do Trabalho, na qual os países centrais se especializaram em exportar
produtos de alta tecnologia. Além disso, as empresas multinacionais passaram a fundar filiais
em países semiperiféricos.
Diante desse cenário, os países centrais beneficiaram-se com a presença das multinacionais
nos mercados semiperiféricos, uma vez que elas geravam lucros que eram transferidos para
suas sedes. Ademais, os países centrais recebiam os juros dos empréstimos que concediam
aos governos dos países de industrialização tardia. Essa é uma das principais características do
processo de industrialização desses países.
Por fim, o grupo dos países periféricos passou a compreender aqueles que não conseguiram
industrializar-se e são simplesmente agroexportadores ou exportadores de produtos
primários.
III. Baseou-se no desenvolvimentismo, que pode ser definido como um modelo que
deriva do keynesianismo, mas com foco na participação estatal no apoio à
industrialização.
a. ( ) I e II.
b. ( ) I e III.
c. ( ) II e III.
d. ( ) I, II e III.
Quanto às relações comerciais, é possível que cada país crie regras diferentes. Uma das mais
importantes são as taxas alfandegárias, que são cobradas para a importação de mercadorias e
acabam sendo incorporadas ao preço final pago pelo consumidor.
Por isso, quanto maiores forem as taxas, mais caros serão os produtos importados em um
país, o que pode restringir seu consumo. Dessa forma, aumentar as taxas alfandegárias é a
principal maneira de proteger os produtos nacionais da concorrência estrangeira.
Existem, no entanto, outras formas de proteger o mercado interno. Uma das que mais vem
sendo discutida nos últimos anos são os subsídios governamentais a empresas ou a setores
específicos da economia de um país, ajuda que os governos dão a determinados produtores,
fazendo com que possam vender seus produtos mais barato do que os produtos importados.
Os subsídios mais comuns, atualmente, são aqueles dados pelos governos de países
desenvolvidos aos seus agricultores, os subsídios agrícolas. Estes podem ser concedidos na
forma de dinheiro, empréstimos com juros especiais ou ajuda na compra de máquinas,
equipamentos, sementes, fertilizantes, entre outros.
Campo de lavanda francês – o país é reconhecido como um dos principais países que praticam o subsídio agrícola.
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Do ponto de vista dos países ricos, essa proteção é necessária, pois a mão de obra nos países
periféricos é mais barata, o que faz com que os produtos vindos deles também o sejam.
Dessa forma, enquanto os países ricos praticam esses subsídios, os mais pobres, ou em
desenvolvimento, são totalmente contrários e vêm protestando sobre o assunto.
Embora cada país defina as próprias regras para relações comerciais, é importante que as
disputas como as que envolvem os subsídios agrícolas sejam discutidas em uma esfera mais
ampla, já que os interesses são diversos. Para esse propósito, foram criadas organizações
internacionais com a finalidade de estabelecer normas para o encaminhamento dessas
disputas.
Uma dessas organizações, a General Agreement on Tariffs and Trade (GATT), que significa
Acordo Geral de Tarifas e Comércio, surgiu em 1947. Essa instituição foi criada com o objetivo
de diminuir as tarifas alfandegárias e outras formas de protecionismo que dificultavam o
comércio internacional, procurando, dessa forma, aumentar a liberdade de trocas comerciais
entre os países.
O problema é que uma organização como essa representa a perda de soberania dos países
envolvidos, ou seja, eles precisam limitar sua liberdade de mudar regras sobre suas
economias, respeitando acordos internacionais.
Os Estados Unidos foram um dos países que mais resistiram à ideia, atrasando em décadas a
criação da OMC. Apenas em 1993, no contexto do avanço da globalização, é que se chegou a
um acordo definitivo, que levou a oficializar a criação da organização em 1995. Desde então, a
maioria dos países do mundo é membro integrante da organização, embora ainda haja
aqueles que prefiram ficar apenas como observadores, sem participar efetivamente dos
acordos. Além disso, há outros que ainda não estabeleceram relações com a OMC.
Desafio
Desde a fundação da OMC, houve, em todo o mundo, uma significativa redução das barreiras
alfandegárias, já que a condição mínima para que um país faça parte da organização é que ele
diminua as tarifas de importação. Por conta disso, a OMC acabou se tornando um dos
símbolos da globalização e do neoliberalismo.
Por outro lado, a queda de barreiras alfandegárias e a abertura de mercados podem gerar
diversas consequências, especialmente para os países subdesenvolvidos, como, no caso, dos
estados africanos e latino-americanos.
A exemplo dos impasses, podemos mencionar as negociações que ficaram conhecidas como
Rodada de Doha. Rodada é o nome que a OMC costuma dar a um conjunto de negociações.
Doha, a capital do Catar, é palco, desde 2001, de uma série de negociações que, até hoje,
não chegaram a um acordo final, as quais têm como objetivo aumentar ainda mais a liberdade
comercial no mundo.
Para isso, duas propostas foram feitas, mas ambas geraram polêmica. Por um lado, os países
centrais propuseram que os demais diminuíssem as barreiras aos seus produtos de alta
tecnologia. Por outro, os países menos industrializados, como o Brasil, a Argentina e a Índia,
exigiram que os países mais desenvolvidos acabassem com os subsídios agrícolas.
O argumento de ambas as partes é que seus trabalhadores não estão preparados para a
prática comercial sem essas proteções, potencializando o aumento do desemprego nesse
ramo da economia.
Questão invertida
A OCDE e o BRICS
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma
instituição que remonta ao ano de 1960, quando 18 países europeus, mais os Estados Unidos
e o Canadá, se uniram para criar uma organização dedicada a promover a continuidade do
desenvolvimento econômico de seus países-membros.
Já Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul formam o BRICS, um acrônimo que se refere aos
países-membros de outro grupo, voltado a promover o desenvolvimento econômico de seus
integrantes.
Acrônimo: termo que se forma a partir da junção das primeiras letras ou mesmo das sílabas iniciais de
um conjunto de palavras.
O termo original era apenas “BRICs”, resultado da junção das iniciais dos quatro membros
fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China – com a letra “s” minúscula apenas para representar o
plural). Vale destacar que o surgimento do nome vem antes do estabelecimento de um
acordo de cooperação propriamente dito. Isso porque a expressão “BRICs” foi extraída de um
relatório, publicado por um banco de investimentos dos Estados Unidos em 2001, que
procurava prever quais seriam as novas potências econômicas mundiais até 2050.
Fonte: OECD. “Members and partners”. Disponível em:. Acesso em: 19 dez. 2022.
Apenas em 2006, os quatro países reuniram-se de fato. O objetivo do encontro era organizar
um grupo que colaborasse com o desenvolvimento econômico e fortalecesse a posição dos
quatro emergentes no contexto da divisão Norte-Sul. Para isso, foram firmados acordos de
cooperação tecnológica e, também, voltados à integração econômica. Em 2011, a África do
Sul foi incorporada ao grupo, que passou a ser chamado de BRICS (com o acréscimo do s
maiúsculo, de South Africa, nome do país em inglês).
5 Observe, novamente, o mapa anterior. Por que a OCDE e o BRICS podem ser
considerados representantes dos Países do Norte e dos Países do Sul,
respectivamente? Justifique sua resposta.
Essas diferenças são motivos de certa instabilidade e de exaustivos debates internos, entre
representantes da economia dos países do Nafta, e com representantes de outros blocos
econômicos. Em outubro de 2018, o governo dos Estados Unidos procurou proteger a
produção de automóveis de seu país. Prejudicada por conta da desindustrialização ou
migração de unidades fabris para o México, o Acordo Estados Unidos-México-Canadá
(USMCA) determinou que 40% da montagem de um automóvel seja realizada por
trabalhadores que recebam acima de 16 dólares por hora. Em 2017, mais de 20% da produção
de automóveis de empresas estadunidenses ocorreu em solo mexicano.
Outra determinação do acordo, que já foi denominado “Novo Nafta”, estabeleceu que, ao
menos, 75% dos componentes de um automóvel sejam fabricados nos Estados Unidos. Essa
medida protecionista diminui a entrada de peças produzidas em países de outras regiões do
mundo, valorizando a indústria regional. A produção de aço e alumínio regional também passa
a ser mais protegida, afetando negativamente os tradicionais exportadores desses bens, entre
os quais está o Brasil.
Desde que o Nafta entrou em vigor, na primeira metade da década de 1990, as relações
comerciais entre seus membros expandiram-se significativamente, conforme se verifica no
infográfico a seguir.
No contexto
Criado com o objetivo de diminuir ou, até mesmo, eliminar as taxações e outras barreiras
alfandegárias entre os três países-membros, o Nafta apresentou um crescimento de quatro
vezes no volume de capitais resultantes dos fluxos do comércio trilateral, ou seja, entre os três
Estados.
Aplicando o assunto
Aduaneira: local onde se pagam impostos, taxas ou tarifas para produtos de importação; alfândega.
Vista da cidade de Detroit, localizada na área de Manufacturing Belt. Estados Unidos, 2020.
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Comunidade Andina
Fonte: Somos Comunidad Andina. Disponível em: . Acesso em: 8 jan. 2021.
A partir de 2001, os cidadãos da Comunidade Andina têm livre circulação no interior do bloco,
sem a necessidade de visto. Data dessa mesma época a aproximação de dois blocos sul-
americanos: a Comunidade Andina e o Mercosul. A finalidade dessa ação é buscar a
formação da União das Nações Sul-Americanas, a Unasul, com intuito de constituir uma zona
de livre-comércio de extensão continental.
China, Estados Unidos e Brasil são os principais destinos das exportações do bloco, bem
como a fonte da maior parte das suas importações.
O símbolo da Comunidade
Andina é uma expressão da
identidade andina amazônica
e seu significado é carregado
com múltiplas raízes
culturais.
Curiosidade
Criada em 2002, a União Africana possui, entre suas várias atribuições e metas, projetos de
cooperação internacional entre os países do continente e também com parcerias de
mercados dos demais continentes.
Assim, apesar das dificuldades provenientes dos diferentes contextos existentes na África, a
Comunidade Econômica Africana, que é uma organização dos estados da União Africana,
almeja criar zonas de livre- -comércio, uniões aduaneiras e, até mesmo, uma moeda comum,
estabelecendo, assim, uma união econômica e monetária.
Há várias comunidades econômicas regionais em toda a África, muitas das quais, contudo,
não vêm obtendo êxito em suas metas.
Fonte: “Intraregional imports and exports”. In: “Tear down these walls”. The Economist, 27
fev. 2016. Disponível em:. Acesso em: 19 dez. 2022.
Com exceção da Nigéria, estão presentes nessa associação as economias mais fortes do
continente: África do Sul, Marrocos, Egito, Quênia e Argélia.
No contexto
Fonte: Federico, Giovanni e Antonio Tena-Junguito (2016). Um conto de duas globalizações: ganhos do comércio e abertura (1800-2010). Londres, Centro de
Pesquisas de Políticas Econômicas (CEPR WP.11128). Disponível em: . Acesso em: 10 fev. 2021.
Em 2020, o comércio mundial teve uma queda de 5,3% devido, principalmente, à pandemia
de Covid-19, conforme dados da Organização Mundial de Comércio (OMC). Já no segundo
trimestre de 2021, houve um crescimento de 22% em relação ao mesmo período do ano
anterior.
O termo “multinacional” surgiu na década de 1950 e era utilizado para identificar as grandes
empresas que atuavam em vários países ao mesmo tempo. Geralmente sediadas nos países
ricos, as multinacionais tinham diversas filiais ao redor do mundo. Nesse contexto, elas foram
fundamentais no processo de industrialização periférica, já que diversas dessas filiais estavam
localizadas nos países em desenvolvimento.
Na passagem do século XX para o XXI, porém, o termo passou a ser substituído por
“transnacional”. Mas qual seria a diferença entre ambos?
A rede de supermercados Walmart é uma das maiores e mais importantes transnacionais do mundo, operando em
24 países.
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Uma das distinções está relacionada às características do comércio internacional até a década
de 1980. Na maioria dos países capitalistas, mesmo nos ricos, predominava uma tendência ao
protecionismo econômico; as multinacionais atuavam em vários países de forma relativamente
isolada, uma vez que os mercados internos estavam protegidos – em outras palavras,
isolada, uma vez que os mercados internos estavam protegidos – em outras palavras,
reservados ao consumo dos produtos fabricados por suas filiais.
Por exemplo, uma multinacional do setor automobilístico, ao instalar uma filial para fabricar
veículos no Brasil, concentrava toda a produção no território nacional. Próximo a ela, contava
com todo o setor de autopeças que lhe fornecia os componentes necessários para a
montagem dos automóveis. Percebe-se, portanto, que o processo produtivo não era
internacionalizado.
Dentre os itens comercializados em um supermercado, por exemplo, uma mesma holding pode controlar um
conjunto de empresas que são donas de diversas marcas de produtos, como bebidas, alimentos, materiais de
limpeza e de higiene pessoal, entre outros.
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Atividades
(KUGLER, H. Ciência Hoje On-line. Disponível em: . Acesso em: 7 jul. 2015.
a. ( ) I e II, apenas.
b. ( ) II e III, apenas.
c. ( ) I, II e III, apenas.
4 (Uerj 2015)
Uma pesquisa feita em 2019 pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
(Acnur) mostra que 20% dos estrangeiros refugiados no Brasil vêm procurando trabalho,
mas sem sucesso. Trata-se praticamente do dobro da taxa nacional de desemprego, que,
segundo o IBGE, é de 12% da população economicamente ativa.
É em 1980 que nasce o par Norte/Sul, numa publicação do Banco Mundial (presidido por
Willy Brandt) da Comissão Independente sobre os Problemas de Desenvolvimento
Internacional, intitulado Norte-Sul: um programa de sobrevivência. Em seguida o termo se
torna corrente e é utilizado tanto no domínio público quanto nos materiais escolares.
Transcrição de palestra de Christian Grataloup. “Vida e morte do par Norte/Sul”. In: Les Cafés
Géographiques, 30 set. 2015. Disponível em: . Acesso em: 25 out. 2015.
A expressão Norte/Sul, de largo uso atualmente, tem uma história que revela um
aspecto das relações internacionais. A esse respeito, pode ser afirmado que
9 (Cefet-MG 2015)
Bernardo de A. Carvalho. A globalização em xeque: incertezas para o século XXI. São Paulo:
Atual, 2000.
10 (Uerj 2018)
Síntese
Texto complementar
A Batalha de Seattle é um dos marcos iniciais do uso da internet como ferramenta política e
espaço de disputa: os manifestantes usaram uma improvisada rede de comunicação, com
celulares, rádios e notebooks, para publicar na rede imagens e relatos – prática que é hoje
protocolar em qualquer organização política – inaugurando um formato de publicação que mais
tarde se converteria e popularizaria nos blogs.
Essa percepção da internet como ferramenta, mas também como espaço de disputa, levaria ao
surgimento de uma militância responsável justamente por desenvolver e aplicar ferramentas
para a utilização de criptografia, navegação anônima e outros mecanismos de segurança na
internet, em um esforço de garantir a liberdade e a comunicação segura de organizações e
movimentos sociais – são os chamados coletivos técnicos radicais.
“Nós já sabíamos que a polícia invadia as contas de e-mail de ativistas e, além disso, já que
protestávamos contra grandes corporações, não queríamos depender delas para nos comunicar”,
conta Micah Anderson, americano nascido em Seattle e membro-fundador do coletivo
americano Rise Up, criado em 1999, durante os protestos.
Desde então, o Rise Up funciona como um servidor autônomo que oferece serviços gratuitos de
e-mail, listas de discussão, serviços de mensagens instantâneas, hospedagem de servidores,
(todos seguros e criptografados), para movimentos sociais e ativistas. “Naquele momento
estávamos mais preocupados em criar alternativas seguras e eficientes para nos comunicar na
internet, do que com espionagem massiva”, relembra.
No mesmo período, junto com o surgimento dos coletivos técnicos radicais, surgiam também os
coletivos de mídia independentes. Anderson também participou da criação da rede Indymedia,
que se espalhou em diversos coletivos locais pelo mundo, e chegou ao Brasil na forma do CMI, o
Centro de Mídia Independente. Foi de dentro do CMI que, em 2005, inspirado pelo Rise Up e
outros coletivos que atuavam de maneira semelhante, nasceu o Saravá.
Segundo seus porta-vozes, o coletivo Saravá se mantém organizado em torno destas questões, as
quais denominam “tecnopolíticas”. Eles explicam que “o escopo dos movimentos antiglobalização
não era exclusivamente a defesa da internet livre ou do direito à privacidade”, mas que essas
pautas sempre foram e ainda são necessárias para todos os coletivos que lutam por
transformação social. A atuação do Saravá e do Rise Up fornece, portanto, bases tecnológicas para
as atividades políticas destes grupos.
“Como nasceu a militância pela internet livre”. Carta Capital, 2 dez. 2015. Disponível em: . Acesso em:
8 jan. 2021.
Saiba mais