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CAPÍTULO 19

Aliança do pacífico 2/2

Museu Interativo Mirador, em Santiago, Chile. Importante centro de inovação tecnológica e aprendizagem sobre
pesquisa.

Luciola Zvarick/Pulsar Imagens

Fachada do Edifício Vital Brazil, no Instituto Butantan, em São Paulo, fundado em 1901. O instituto é produtor de
imunobiológicos para a saúde pública, vacinas e soros. Durante a pandemia de Covid-19, a instituição tem produzido
vacinas para o combate da doença.

Horus2017/Shutterstock.com

Edifício principal do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Cambridge, Massachusetts, 2021.

Wangkun Jia/Shutterstock.com

América e África: globalização e blocos


econômicos
Os investimentos em ciência e tecnologia (C&T) são essenciais para o
desenvolvimento de uma nação que queira garantir seu poder e influência no
planeta.

Atualmente, os países desenvolvidos, bem como aqueles que apresentam os


maiores índices de crescimento econômico, são exatamente os que mais investem
em C&T.

O Brasil é um país que se encontra em desenvolvimento. Mesmo assim, embora


tenha conseguido significativos avanços na área de ciência e tecnologia, o país ainda
apresenta um expressivo atraso em relação às nações que mais investem nessa área.
Um fator que agrava essa situação são os recentes cortes de investimentos.

[...] na União Europeia, estima-se que os recursos destinados à C&T sejam, em 2020, de mais de
3% do PIB dos países que a constituem. Na China, eles ultrapassam hoje os 2,5%.

Em 2013 foram aplicados em projetos de investigação pouco menos de R$ 7 bilhões e, agora em


2017, provavelmente não chegaremos aos R$ 2,8 bilhões [...]. Para ter uma ideia melhor do nosso
retrocesso é suficiente verificar que em 2012 nosso investimento em C&T representou 1,75% do
Produto Interno Bruto e este ano será de apenas 0,47% [...].

Paulo Alcantara Gomes. “Ciência e tecnologia: protagonistas do desenvolvimento”. O Globo. 11 jul.


2017. Disponível em: . Acesso em: 13 set. 2017.

Segundo o texto, existe uma relação direta entre os investimentos em C&T e o


desenvolvimento econômico e social de uma nação. Explique essa relação.

Considerando a atual realidade vivenciada pelo Brasil na área de C&T, identifique possíveis
consequências para o desenvolvimento do país.

Divisão Internacional do Trabalho na


América e África: condições desiguais
As duas primeiras revoluções industriais aconteceram em países que, hoje, são desenvolvidos.
Nesse processo, destacam-se Reino Unido, Alemanha, França, Estados Unidos e Japão.
Entre os séculos XVIII e XIX, esses países sofreram a transição de economias agrícolas para
economias urbano-industriais, tornando-se grandes potências. Essa passagem foi
fundamental para o seu desenvolvimento, já que aumentou a produtividade do trabalho e os
colocou em posição vantajosa na antiga Divisão Internacional do Trabalho (DIT).

No decorrer do século XX, outros países também se industrializaram, principalmente após a


Segunda Guerra Mundial; podemos citar nesse contexto o Brasil, o México, a Argentina, entre
outros. Esses países de industrialização recente, embora tenham elevado seu nível de
desenvolvimento econômico e social e se tornado economias industrializadas, não
conseguiram, em sua maioria, alcançar o mesmo nível de desenvolvimento das potências
econômicas.

Tal diferença pode ser constatada pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita, indicador que
permite avaliar o padrão de vida e a capacidade de consumo dos países.

Fonte: FMI. Perspectivas Econômicas Mundiais, out. 2021. Disponível em: . Acesso em:
17 nov. 2021.

Afinal, por que parte dos países de industrialização recente não conseguiram superar o
subdesenvolvimento?

Respondendo a essa questão, existem estudos que explicam tal condição como uma
consequência da industrialização tardia – referindo-se ao atraso que a maioria dos países de
industrialização recente apresentam em relação aos desenvolvidos. Logo, para superar o
subdesenvolvimento, seria necessário acelerar a industrialização, com o intuito de compensar
esse atraso.

A desigualdade de desenvolvimento na economia mundial não pode ser explicada apenas


pelo atraso do processo de industrialização, mas deve ser analisada com base nas condições
materiais que permitiram a industrialização pioneira das potências econômicas.

Conforme visto nos capítulos anteriores, essas condições materiais – sistemas que constituem
o meio técnico – não se encontram distribuídas igualmente sobre a superfície terrestre.

Assim, é preciso considerar que as condições de desenvolvimento são desiguais entre o


centro e a periferia da economia mundial.

O chamado centro é composto de países desenvolvidos, isto é, aqueles que apresentam


economia com um elevado PIB per capita. Nele, localizam-se as sedes de companhias
transnacionais e de grandes bancos, características que demonstram o poder de influência
econômica que o centro do sistema capitalista exerce sobre o resto do mundo.

O chamado “centro” é assim considerado pelo poder de atração sobre o comando das
decisões, além de ser um local de onde os comandos de produção e comandos políticos
advêm.

Já a chamada periferia é formada pelos países que apresentam baixos e médios valores de
PIB per capita, desenvolvimento social menor que o centro e, comparativamente, têm menos
sedes de grandes empresas e bancos. Tudo isso significa que esses países têm menor poder
na economia mundial.

Nova York é uma das principais cidades de onde as decisões emanam por meio de comandos aos demais lugares do
planeta.
steinphoto/iStockphoto.com

Aplicando o assunto

Mundo: PIB per capita – 2022

Fonte: FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL. Nominal GDP per capita. World


Economic Outlook, 2022. Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2022.

1 Explique a que se deve a desigualdade de desenvolvimento na economia mundial.

2 Apresente as principais características econômicas do centro e da periferia da


economia mundial.

3 Compare as situações do PIB per capita na América e na África, a partir da


interpretação do mapa “Mundo: PIB per capita – 2022”.

Industrialização periférica e a transformação da DIT


A divisão entre centro e periferia não é recente. A polarização já existia antes da nova Divisão
Interacional do Trabalho (DIT). Os países industrializados formavam o centro, e os não
industrializados, ou agroexportadores, compunham a periferia. Tal divisão foi uma
consequência da industrialização da Europa, dos Estados Unidos e do Japão.

Apesar disso, entre as décadas de 1930 e 1940, a antiga DIT começou a entrar em crise,
motivada pela Crise da Bolsa de Nova York (1929) e, na sequência, pelas transformações
decorrentes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), favorecendo a industrialização de
novos países.

Esses fatores históricos levaram à redução da atividade econômica nos países centrais da
época, a qual colaborou para que a compra de matérias-primas e alimentos dos países
agroexportadores diminuísse.

Os países agroexportadores também sentiram os reflexos da crise econômica, e a dificuldade


em manter o esquema de exportação de bens primários e importação de produtos
industrializados motivou governos da época a adotar políticas de incentivo à industrialização,
com vistas à substituição de importações.

Quanto a esse processo, vale ressaltar uma primeira característica que diferencia a
industrialização tardia da industrialização pioneira: nos países centrais, a atividade industrial se
desenvolveu com a possibilidade de vender mercadorias industrializadas para os países
agroexportadores.

Já nas periferias, o desenvolvimento industrial restringiu-se à produção para o consumo


interno, voltada à fabricação de bens industrializados de menor valor agregado, ou seja,
aqueles não dependentes de tecnologias sofisticadas para serem produzidos.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, inicia-se um período de recuperação econômica no


centro da economia mundial, que ficou marcado pela adoção do modelo econômico
keynesiano que vimos no capítulo anterior, em que os governos interferem diretamente na
economia, realizando grandes obras, promovendo o Estado de bem-estar social, gerando
empregos e incentivando o consumo.

O keynesianismo também influenciou os países que começavam a se industrializar por meio


da substituição de importações. Nesses países, o Estado era o indutor do desenvolvimento,
com ações que buscavam acelerar o crescimento econômico. Seguia-se um modelo baseado
no keynesianismo que ficou conhecido como desenvolvimentismo.

O desenvolvimentismo foi adotado, principalmente, em países da América Latina, da África e


do Oriente Médio. Sua proposta era que o Estado investisse em indústrias de base
(mineradoras, siderúrgicas e petroquímicas) e em infraestrutura (transportes, geração de
energia e comunicação). Dessa forma, além de gerar empregos e aumentar o consumo, a
intervenção estatal buscava completar o processo de industrialização que havia começado
com a substituição de importações.

Essa intensa participação do Estado marca a segunda diferença entre a industrialização do


centro e da periferia da economia mundial. Para se industrializarem, os países
subdesenvolvidos tinham de investir elevadas somas de capitais (recursos provenientes de
empréstimos financeiros realizados junto aos países desenvolvidos). Portanto, um resultado
negativo dessa forma de industrialização foi a contratação de uma grande dívida externa.

A terceira diferença foi o fato de que as indústrias de bens de consumo duráveis, como
automobilística e de eletrodomésticos, que contribuíram para a industrialização periférica, não
eram, em geral, nacionais, mas estrangeiras – as multinacionais.

Plataforma de perfuração de petróleo offshore perto de Salvador, Bahia, no Brasil. As plataformas offshore são
aquelas fixadas no mar.
fotoember/iStockphoto.com

Veja também em História

A nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT)


Com a expansão da atividade industrial para a periferia da economia mundial, começou a
haver um contraste de desenvolvimento econômico e social entre os países periféricos. Isso
resultou em uma divisão em dois subgrupos: dos países subdesenvolvidos industrializados,
também chamados de países em desenvolvimento ou emergentes (os quais passaram a
formar a chamada semiperiferia da economia globalizada), e dos países subdesenvolvidos
não industrializados, que continuaram a ser identificados apenas como pertencentes à
periferia do capitalismo mundial.

Com essa nova organização dos países em centro, semiperiferia e periferia, formou-se a Nova
Divisão Internacional do Trabalho, na qual os países centrais se especializaram em exportar
produtos de alta tecnologia. Além disso, as empresas multinacionais passaram a fundar filiais
em países semiperiféricos.

Estes, por sua vez, especializaram-se em produzir mercadorias industrializadas de baixa e


média tecnologia, como os bens de consumo não duráveis (roupas, calçados e alimentos
industrializados). Já os bens duráveis, consumidos internamente (eletrodomésticos, veículos,
máquinas, entre outros), eram produzidos, basicamente, com a tecnologia das empresas
multinacionais.

Isso mostra que os países da semiperiferia se industrializavam, mas continuavam dependentes


tecnologicamente dos países centrais, já que as principais tecnologias eram (e ainda são)
desenvolvidas e controladas pelo centro do sistema capitalista. Essa dependência também se
aplicava à necessidade, cada vez maior, de atrair mais investimentos estrangeiros – com a
expectativa de aumentar a geração de empregos.

Diante desse cenário, os países centrais beneficiaram-se com a presença das multinacionais
nos mercados semiperiféricos, uma vez que elas geravam lucros que eram transferidos para
suas sedes. Ademais, os países centrais recebiam os juros dos empréstimos que concediam
aos governos dos países de industrialização tardia. Essa é uma das principais características do
processo de industrialização desses países.

Por fim, o grupo dos países periféricos passou a compreender aqueles que não conseguiram
industrializar-se e são simplesmente agroexportadores ou exportadores de produtos
primários.

Esquema da nova configuração da DIT

1 – Transferência de lucros das multinacionais e juros referentes aos empréstimos.

4 Sobre a industrialização na periferia da economia mundial, analise as afirmativas a


seguir:

I. O subdesenvolvimento dos países de industrialização tardia é explicado apenas pelo


atraso em relação ao centro econômico mundial.

II. Foi um modelo diferente do adotado em países de industrialização pioneira. Entre


essas diferenças, estão o processo de substituição de importações, a grande
presença do Estado no setor de indústria de base e a atração de empresas
multinacionais no setor de bens de consumo duráveis.

III. Baseou-se no desenvolvimentismo, que pode ser definido como um modelo que
deriva do keynesianismo, mas com foco na participação estatal no apoio à
industrialização.

As afirmativas corretas são:

a. ( ) I e II.

b. ( ) I e III.

c. ( ) II e III.

d. ( ) I, II e III.

O comércio internacional na globalização: a Organização


Mundial do Comércio (OMC)
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), há 193 países no mundo, e cada um
deles tem um governo que define o que pode ou não ser feito em seu território, além das
regras que controlam o fluxo de entrada e saída, seja de pessoas, seja de mercadorias, capitais
ou informações.

Quanto às relações comerciais, é possível que cada país crie regras diferentes. Uma das mais
importantes são as taxas alfandegárias, que são cobradas para a importação de mercadorias e
acabam sendo incorporadas ao preço final pago pelo consumidor.

Por isso, quanto maiores forem as taxas, mais caros serão os produtos importados em um
país, o que pode restringir seu consumo. Dessa forma, aumentar as taxas alfandegárias é a
principal maneira de proteger os produtos nacionais da concorrência estrangeira.

Existem, no entanto, outras formas de proteger o mercado interno. Uma das que mais vem
sendo discutida nos últimos anos são os subsídios governamentais a empresas ou a setores
específicos da economia de um país, ajuda que os governos dão a determinados produtores,
fazendo com que possam vender seus produtos mais barato do que os produtos importados.

Os subsídios mais comuns, atualmente, são aqueles dados pelos governos de países
desenvolvidos aos seus agricultores, os subsídios agrícolas. Estes podem ser concedidos na
forma de dinheiro, empréstimos com juros especiais ou ajuda na compra de máquinas,
equipamentos, sementes, fertilizantes, entre outros.

Campo de lavanda francês – o país é reconhecido como um dos principais países que praticam o subsídio agrícola.
republica/iStockphoto.com

Sede da Organização Mundial do Trabalho (OIT, sigla do inglês), em Genebra, Suíça.


ricochet64/iStockphoto.com

O objetivo desse auxílio é proteger os agricultores locais da concorrência externa,


especialmente de produtos originários dos países agroexportadores.

Do ponto de vista dos países ricos, essa proteção é necessária, pois a mão de obra nos países
periféricos é mais barata, o que faz com que os produtos vindos deles também o sejam.
Dessa forma, enquanto os países ricos praticam esses subsídios, os mais pobres, ou em
desenvolvimento, são totalmente contrários e vêm protestando sobre o assunto.

A questão dos subsídios expõe a contradição no discurso liberal: geralmente, os subsídios


estão acompanhados de sobretaxas às importações nos países desenvolvidos. Contudo, a
cartilha liberal é imposta aos demais países convidando-os a abrir suas fronteiras e recusando
medidas de proteção tributária.

Embora cada país defina as próprias regras para relações comerciais, é importante que as
disputas como as que envolvem os subsídios agrícolas sejam discutidas em uma esfera mais
ampla, já que os interesses são diversos. Para esse propósito, foram criadas organizações
internacionais com a finalidade de estabelecer normas para o encaminhamento dessas
disputas.

Uma dessas organizações, a General Agreement on Tariffs and Trade (GATT), que significa
Acordo Geral de Tarifas e Comércio, surgiu em 1947. Essa instituição foi criada com o objetivo
de diminuir as tarifas alfandegárias e outras formas de protecionismo que dificultavam o
comércio internacional, procurando, dessa forma, aumentar a liberdade de trocas comerciais
entre os países.

O objetivo era que os países se reunissem para negociar diminuições de tarifas de


importação, bem como subsídios agrícolas, direitos de propriedade intelectual, direitos
trabalhistas e muitos outros detalhes relacionados a questões econômicas e comerciais. Além
disso, havia também o objetivo de criar uma organização permanente, a Organização Mundial
do Comércio (OMC), a qual teria opoder de fiscalizar e até punir países que não cumprissem
os acordos estabelecidos entre eles.

O problema é que uma organização como essa representa a perda de soberania dos países
envolvidos, ou seja, eles precisam limitar sua liberdade de mudar regras sobre suas
economias, respeitando acordos internacionais.

Os Estados Unidos foram um dos países que mais resistiram à ideia, atrasando em décadas a
criação da OMC. Apenas em 1993, no contexto do avanço da globalização, é que se chegou a
um acordo definitivo, que levou a oficializar a criação da organização em 1995. Desde então, a
maioria dos países do mundo é membro integrante da organização, embora ainda haja
aqueles que prefiram ficar apenas como observadores, sem participar efetivamente dos
acordos. Além disso, há outros que ainda não estabeleceram relações com a OMC.

Organização Mundial do Comércio


Fonte: WORLD TRADE ORGANIZATION. Members and observers. Disponível em: .
Acesso em: 19 dez. 2022.

Desafio

Desde a fundação da OMC, houve, em todo o mundo, uma significativa redução das barreiras
alfandegárias, já que a condição mínima para que um país faça parte da organização é que ele
diminua as tarifas de importação. Por conta disso, a OMC acabou se tornando um dos
símbolos da globalização e do neoliberalismo.

Por outro lado, a queda de barreiras alfandegárias e a abertura de mercados podem gerar
diversas consequências, especialmente para os países subdesenvolvidos, como, no caso, dos
estados africanos e latino-americanos.

Nessa atividade, apresente duas dessas consequências, considerando a realidade econômica


e social da periferia da economia mundial.

Embora a Organização Mundial do Comércio (OMC) tenha nascido com o objetivo de


otimizar as relações comerciais entre os países, muitas negociações ainda não chegaram a um
consenso.

A exemplo dos impasses, podemos mencionar as negociações que ficaram conhecidas como
Rodada de Doha. Rodada é o nome que a OMC costuma dar a um conjunto de negociações.
Doha, a capital do Catar, é palco, desde 2001, de uma série de negociações que, até hoje,
não chegaram a um acordo final, as quais têm como objetivo aumentar ainda mais a liberdade
comercial no mundo.

Para isso, duas propostas foram feitas, mas ambas geraram polêmica. Por um lado, os países
centrais propuseram que os demais diminuíssem as barreiras aos seus produtos de alta
tecnologia. Por outro, os países menos industrializados, como o Brasil, a Argentina e a Índia,
exigiram que os países mais desenvolvidos acabassem com os subsídios agrícolas.

O argumento de ambas as partes é que seus trabalhadores não estão preparados para a
prática comercial sem essas proteções, potencializando o aumento do desemprego nesse
ramo da economia.

Paisagem da cidade de Doha, capital do Catar.


venuestock/iStockphoto.com

Questão invertida

A OCDE e o BRICS
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma
instituição que remonta ao ano de 1960, quando 18 países europeus, mais os Estados Unidos
e o Canadá, se uniram para criar uma organização dedicada a promover a continuidade do
desenvolvimento econômico de seus países-membros.

Atualmente, a OCDE é composta de 38 integrantes e representa os países mais avançados


do mundo – embora, recentemente, tenham sido aceitos para o grupo alguns países
emergentes, como México, Chile e Turquia. Com exceção dos membros que estão em
desenvolvimento, a maioria dos países da OCDE tem elevado PIB per capita, o que nos faz
considerá-los países ricos.

Já Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul formam o BRICS, um acrônimo que se refere aos
países-membros de outro grupo, voltado a promover o desenvolvimento econômico de seus
integrantes.

Acrônimo: termo que se forma a partir da junção das primeiras letras ou mesmo das sílabas iniciais de
um conjunto de palavras.

O termo original era apenas “BRICs”, resultado da junção das iniciais dos quatro membros
fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China – com a letra “s” minúscula apenas para representar o
plural). Vale destacar que o surgimento do nome vem antes do estabelecimento de um
acordo de cooperação propriamente dito. Isso porque a expressão “BRICs” foi extraída de um
relatório, publicado por um banco de investimentos dos Estados Unidos em 2001, que
procurava prever quais seriam as novas potências econômicas mundiais até 2050.

Segundo o relatório, esses países apresentavam algumas características geográficas e


econômicas semelhantes: territórios extensos, diversidade de recursos naturais, grande
população e ampla porcentagem da população que ainda não estava totalmente inserida no
mercado de consumo em massa – o que dava a tais Estados boas chances para a expansão
do mercado consumidor interno.

Países da OCDE e BRICS

Fonte: OECD. “Members and partners”. Disponível em:. Acesso em: 19 dez. 2022.

Apenas em 2006, os quatro países reuniram-se de fato. O objetivo do encontro era organizar
um grupo que colaborasse com o desenvolvimento econômico e fortalecesse a posição dos
quatro emergentes no contexto da divisão Norte-Sul. Para isso, foram firmados acordos de
cooperação tecnológica e, também, voltados à integração econômica. Em 2011, a África do
Sul foi incorporada ao grupo, que passou a ser chamado de BRICS (com o acréscimo do s
maiúsculo, de South Africa, nome do país em inglês).

5 Observe, novamente, o mapa anterior. Por que a OCDE e o BRICS podem ser
considerados representantes dos Países do Norte e dos Países do Sul,
respectivamente? Justifique sua resposta.

Os blocos econômicos na América e na África


Uma das marcas mais características da economia globalizada é a composição de blocos
econômicos por países situados em uma mesma região, ou até em regiões bem distantes,
mas que apresentam objetivos comuns na disputa pelo mercado internacional.

Os principais blocos econômicos da América são: Nafta (Acordo de Livre-Comércio da


América do Norte), o Mercosul (Mercado Comum do Sul), a CAN (Comunidade Andina) e a
Aliança do Pacífico. Na África, o bloco mais forte é o SADC (Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral).

Os três países da América do Norte compõem o


Nafta, aliança econômica criada em 1994. Cada
Estado que integra esse bloco tem
representatividade e funções diferentes.

Enquanto os Estados Unidos são uma


superpotência econômica e militar, o Canadá
destaca-se pelo seu desenvolvimento
socioeconômico, como revelam o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD). O México, por sua vez, possui
importantes reservas minerais e produção
agropecuária e dispõe de numerosa mão de obra Bandeiras dos países-membros do Nafta: na
cuja remuneração é menor do que a dos sequência, da esquerda para a direita, Canadá,
trabalhadores estadunidenses ou canadenses. Estados Unidos e México.
Koszubarev/iStockphoto.com

As vantagens oferecidas pela disponibilidade de


mão de obra qualificada e barata e a redução de impostos oferecidos pelo governo mexicano
estão entre os principais motivos para a migração de empresas canadenses e, principalmente,
estadunidenses para o México.

Essas diferenças são motivos de certa instabilidade e de exaustivos debates internos, entre
representantes da economia dos países do Nafta, e com representantes de outros blocos
econômicos. Em outubro de 2018, o governo dos Estados Unidos procurou proteger a
produção de automóveis de seu país. Prejudicada por conta da desindustrialização ou
migração de unidades fabris para o México, o Acordo Estados Unidos-México-Canadá
(USMCA) determinou que 40% da montagem de um automóvel seja realizada por
trabalhadores que recebam acima de 16 dólares por hora. Em 2017, mais de 20% da produção
de automóveis de empresas estadunidenses ocorreu em solo mexicano.

Outra determinação do acordo, que já foi denominado “Novo Nafta”, estabeleceu que, ao
menos, 75% dos componentes de um automóvel sejam fabricados nos Estados Unidos. Essa
medida protecionista diminui a entrada de peças produzidas em países de outras regiões do
mundo, valorizando a indústria regional. A produção de aço e alumínio regional também passa
a ser mais protegida, afetando negativamente os tradicionais exportadores desses bens, entre
os quais está o Brasil.

Desde que o Nafta entrou em vigor, na primeira metade da década de 1990, as relações
comerciais entre seus membros expandiram-se significativamente, conforme se verifica no
infográfico a seguir.

Comércio interno no Nafta

Fonte: Ing Group (2018).

No contexto

Criado com o objetivo de diminuir ou, até mesmo, eliminar as taxações e outras barreiras
alfandegárias entre os três países-membros, o Nafta apresentou um crescimento de quatro
vezes no volume de capitais resultantes dos fluxos do comércio trilateral, ou seja, entre os três
Estados.

Proporcionalmente, a participação das relações comerciais apenas entre México e Estados


Unidos corresponde a quase a metade do Produto Interno Bruto mexicano.

Aplicando o assunto

Os fluxos comerciais entre Estados Unidos e Canadá também possuem relevância na


economia canadense, já que equivalem a quase um terço de seu Produto Interno Bruto. Em
2020, o PIB total dos Estados Unidos foi de, aproximadamente, 21 trilhões de dólares,
enquanto o do vizinho Canadá foi de 1,6 trilhão e o do México, pouco mais de 1 trilhão de
dólares.

Apesar das recentes medidas que buscam reduzir o deslocamento de investimento de


empresas estadunidenses para o México, esse fenômeno – que fica evidenciado,
principalmente, nas chamadas indústrias maquiladoras, que realizam apenas parte da cadeia
produtiva – continua sendo motivo de preocupação por parte de analistas econômicos dos
Estados Unidos.

A desconfiança aumentou após a decadência da economia de várias cidades da região


conhecida como Manufacturing Belt, nas proximidades dos Grandes Lagos, como a cidade
de Detroit, outrora destacada capital da indústria automobilística.

Na atualidade, o maior desafio do Nafta relaciona-se às migrações na região fronteiriça,


vigiada de maneira intensa, entre México e Estados Unidos, conforme tratado anteriormente.
A existência de barreiras físicas e a intenção do atual governo dos Estados Unidos em ampliar
o muro entre os dois países, além da forma como são tratados os imigrantes ilegais, são
motivos de duras críticas por parte de pensadores e organizações humanitárias de diferentes
regiões do mundo.

Blocos econômicos na América Latina


Com o acirramento das disputas pelo mercado internacional com a evolução do mundo
globalizado, também na América Latina, os países passaram a integrar blocos econômicos
regionais a fim de tornar suas economias mais competitivas.

Colômbia, Equador, Peru e Bolívia compõem, atualmente, a Comunidade Andina (CAN),


criada em 1996. Desde o ano seguinte, o bloco passou a se caracterizar como uma
união aduaneira, uma vez que definiu uma Tarifa Externa Comum, ou seja, aplica-se, nas
alfândegas dos estados-membros, a mesma taxação para produtos provenientes de fora do
bloco.

Aduaneira: local onde se pagam impostos, taxas ou tarifas para produtos de importação; alfândega.

Vista da cidade de Detroit, localizada na área de Manufacturing Belt. Estados Unidos, 2020.
SNEHIT PHOTO/Shutterstock.com

Comunidade Andina

Fonte: Somos Comunidad Andina. Disponível em: . Acesso em: 8 jan. 2021.

A partir de 2001, os cidadãos da Comunidade Andina têm livre circulação no interior do bloco,
sem a necessidade de visto. Data dessa mesma época a aproximação de dois blocos sul-
americanos: a Comunidade Andina e o Mercosul. A finalidade dessa ação é buscar a
formação da União das Nações Sul-Americanas, a Unasul, com intuito de constituir uma zona
de livre-comércio de extensão continental.

As crises e as mudanças econômicas e, sobretudo, políticas vêm, desde 2017, desmobilizando


os projetos da Unasul, inclusive com a retirada do grupo de países como a Colômbia, o Brasil e
o Chile.

China, Estados Unidos e Brasil são os principais destinos das exportações do bloco, bem
como a fonte da maior parte das suas importações.

O símbolo da Comunidade
Andina é uma expressão da
identidade andina amazônica
e seu significado é carregado
com múltiplas raízes
culturais.

Concentrando a maior parte do PIB sul-americano (aproximadamente US$ 1,85 trilhão em


2021), bem como da população da América do Sul (em torno de 270 milhões de habitantes
em 2021), o Mercosul, ou Mercado Comum do Sul, é o principal bloco econômico da América
Latina.

Criado em 1991 pelo Tratado de Assunção, o Mercosul é constituído, atualmente, pelos


mesmos membros fundadores: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Desde 2012, a
Venezuela também integra o bloco, contudo, como forma de sanção à sua política interna,
sofreu suspensão do Mercosul em 2017. A Bolívia, por sua vez, encontra-se em processo de
adesão ao bloco.

Fonte: Países do Mercosul. Disponível em: . Acesso em: 8 jan. 2021.

Desde a formação do bloco, o intercâmbio de bens e serviços entre seus países-membros


ampliaram-se de modo considerável. Para o Brasil, as trocas comerciais com os demais
integrantes do bloco, principalmente a Argentina, são superadas apenas pelas que se realizam
com a China e os Estados Unidos. Para Argentina, Uruguai e Paraguai, a principal parceria
comercial se dá com o Brasil e a China.

Com o objetivo de diversificar os parceiros comerciais e de reduzir sua dependência ao


mercado dos Estados Unidos e da União Europeia, um novo bloco de integração econômica
está em formação desde 2012 na América Latina: a Aliança do Pacífico. Formada por México,
Peru, Colômbia e Chile, cujas exportações somadas representam mais da metade do
equivalente a toda a América Latina, a associação almeja maior integração com o mercado da
Ásia e do Pacífico.

Curiosidade

Blocos econômicos na África


Considerado um novo e promissor mercado, o continente africano também apresenta
associações de países para fins de cooperação econômica.

Criada em 2002, a União Africana possui, entre suas várias atribuições e metas, projetos de
cooperação internacional entre os países do continente e também com parcerias de
mercados dos demais continentes.

Assim, apesar das dificuldades provenientes dos diferentes contextos existentes na África, a
Comunidade Econômica Africana, que é uma organização dos estados da União Africana,
almeja criar zonas de livre- -comércio, uniões aduaneiras e, até mesmo, uma moeda comum,
estabelecendo, assim, uma união econômica e monetária.

Há várias comunidades econômicas regionais em toda a África, muitas das quais, contudo,
não vêm obtendo êxito em suas metas.

Destaca-se, no entanto, a SADC, sigla em inglês para Comunidade de Desenvolvimento da


África Austral, constituída, atualmente, por 16 países: África do Sul, Angola, Botsuana, Essuatíni
(antiga Suazilândia), Lesoto, Malauí, Maurício, Moçambique, Comores, Namíbia, República
Democrática do Congo, Seicheles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. Madagascar está suspenso
do bloco desde 2009, devido à instabilidade política do país.

Principais blocos econômicos no continente africano

Fonte: “Intraregional imports and exports”. In: “Tear down these walls”. The Economist, 27
fev. 2016. Disponível em:. Acesso em: 19 dez. 2022.

Em 2018, um importante passo para o desejado projeto de integração econômica continental


da União Africana foi dado: o acordo para a criação da ZLEC, sigla francesa para Zona de
Livre-Comércio Continental, foi assinado por representantes de 49 países.

Com exceção da Nigéria, estão presentes nessa associação as economias mais fortes do
continente: África do Sul, Marrocos, Egito, Quênia e Argélia.

Também conhecida pela sigla inglesa AfCFTA, referente à Zona de Livre-Comércio


Continental Africana, ao se consolidar o processo de integração dos países africanos, essa
associação formará o bloco econômico com o maior número de países participantes.
Somadas as suas populações e seus PIBs, o bloco agrega um mercado de 1,3 bilhão de
pessoas e 2,5 trilhões de dólares.

No contexto

A expansão do comércio internacional


O avanço tecnológico dos meios de transporte, das formas de acondicionamento das
mercadorias (por contêineres) e de comunicação contribuiu decisivamente para a expansão
do comércio mundial. Além da incorporação de novos mercados, um grande crescimento no
volume de bens comercializados passou a ocorrer, principalmente na segunda metade do
século XX. O modelo da globalização estabeleceu-se, impulsionado pela grande expansão do
comércio internacional.

O valor das exportações globais

Fonte: Federico, Giovanni e Antonio Tena-Junguito (2016). Um conto de duas globalizações: ganhos do comércio e abertura (1800-2010). Londres, Centro de
Pesquisas de Políticas Econômicas (CEPR WP.11128). Disponível em: . Acesso em: 10 fev. 2021.

Em meio a um forte crescimento das exportações, constatam-se, no gráfico, situações


pontuais de diminuição nos valores obtidos nas transações internacionais. Essas quedas estão
diretamente relacionadas a crises econômicas, como as que decorrem do “choque do
petróleo”, ou o aumento repentino do valor do barril de óleo em 1973 ou a crise financeira
desencadeada pelo mercado imobiliário e empréstimos bancários nos Estados Unidos em
2008.

Excetuando-se breves períodos de retração nos fluxos de comércio internacional, a


ampliação das vendas e do capital dos fluxos deste comércio internacional obtido é
evidenciado no gráfico.

No final da década de 2010, o crescimento médio do comércio mundial de produtos estava


em torno de 4% ao ano, sinalizando uma recuperação da economia desde a crise de 2008.

Em 2020, o comércio mundial teve uma queda de 5,3% devido, principalmente, à pandemia
de Covid-19, conforme dados da Organização Mundial de Comércio (OMC). Já no segundo
trimestre de 2021, houve um crescimento de 22% em relação ao mesmo período do ano
anterior.

A intensidade e o dinamismo dos fluxos globais de comércio podem ser identificados na


imagem a seguir, que apresenta o transporte marítimo feito por meio de navios em parte do
globo, em que se destacam as rotas pelos oceanos Atlântico e Índico, além do Mar
Mediterrâneo.

Das multinacionais às transnacionais


As grandes empresas ou corporações transnacionais têm papel de destaque na expansão do
comércio internacional e na concentração dos capitais que movimentam o mercado global.

O termo “multinacional” surgiu na década de 1950 e era utilizado para identificar as grandes
empresas que atuavam em vários países ao mesmo tempo. Geralmente sediadas nos países
ricos, as multinacionais tinham diversas filiais ao redor do mundo. Nesse contexto, elas foram
fundamentais no processo de industrialização periférica, já que diversas dessas filiais estavam
localizadas nos países em desenvolvimento.

Na passagem do século XX para o XXI, porém, o termo passou a ser substituído por
“transnacional”. Mas qual seria a diferença entre ambos?

Comércio marítimo internacional. Navio carregado de contêineres com mercadorias.


Tryaging/iStockphoto.com

A rede de supermercados Walmart é uma das maiores e mais importantes transnacionais do mundo, operando em
24 países.
Sundry Photography/Shutterstock.com

Uma das distinções está relacionada às características do comércio internacional até a década
de 1980. Na maioria dos países capitalistas, mesmo nos ricos, predominava uma tendência ao
protecionismo econômico; as multinacionais atuavam em vários países de forma relativamente
isolada, uma vez que os mercados internos estavam protegidos – em outras palavras,
isolada, uma vez que os mercados internos estavam protegidos – em outras palavras,
reservados ao consumo dos produtos fabricados por suas filiais.

Por exemplo, uma multinacional do setor automobilístico, ao instalar uma filial para fabricar
veículos no Brasil, concentrava toda a produção no território nacional. Próximo a ela, contava
com todo o setor de autopeças que lhe fornecia os componentes necessários para a
montagem dos automóveis. Percebe-se, portanto, que o processo produtivo não era
internacionalizado.

A partir da década de 1990, porém, com o aprofundamento da globalização e o


fortalecimento do neoliberalismo, as grandes empresas passaram a dividir sua produção entre
diversos países, importando e exportando partes de um mesmo produto que, ao final,
poderia ser consumido no mundo todo. Logo, o surgimento do termo “transnacionais” está
diretamente relacionado à descentralização da produção, que envolve a repartição do
processo produtivo em várias fábricas diferentes, as quais podem, inclusive, estar localizadas
em vários países; e com a economia organizada em rede, que se refere à criação de um
sistema integrado de fluxos de informações, capitais e mercadorias.

A passagem da categoria de multinacionais para transacionais representa, na realidade, o


ganho de poder por parte dessas empresas, uma vez que elas passaram a exercer um
controle ainda maior sobre o mercado mundial. Essas corporações diversificaram os ramos de
negócios de atuação, constituindo grupos empresariais que concentram grande poder
comercial.

Nos capítulos anteriores, já estudamos a respeito desse processo de concentração do poder


econômico no sistema capitalista. Nossa preocupação estava focada em apresentar o
contexto anterior da DIT.

No presente, essa concentração – que, por vezes, aparece na forma de monopólios,


oligopólios, trustes e cartéis, no panorama da nova configuração da DIT –, pode caracterizar-
se pela formação de holdings, isto é, quando um grupo de investidores comanda várias
empresas, às vezes de setores diferentes, por meio do controle majoritário das ações.

Dentre os itens comercializados em um supermercado, por exemplo, uma mesma holding pode controlar um
conjunto de empresas que são donas de diversas marcas de produtos, como bebidas, alimentos, materiais de
limpeza e de higiene pessoal, entre outros.
FG Trade/iStockphoto.com

Atividades

1 Uma das principais características da industrialização dos países subdesenvolvidos é


a dependência em relação ao centro da economia mundial. De que forma essa
dependência pode ser observada na América Latina e África?

2 (UEL-PR 2016) Analise o mapa a seguir.

(KUGLER, H. Ciência Hoje On-line. Disponível em: . Acesso em: 7 jul. 2015.

a) Identifique o grupo de países que formam o BRICS e o principal objetivo desse


grupo.

b) Indique e descreva três características geográficas desses países destacados no


mapa, chamados de “potências emergentes”.

3 (PUC-RS 2016) Com o desenvolvimento da economia informacional e da


globalização, estruturou-se, mais uma vez, a Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
Sobre essa nova DIT, é correto afirmar que:

I. circunscreve-se aos limites territoriais dos países envolvidos.

II. se estabelece entre os agentes econômicos localizados em uma estrutura global


de redes e fluxos.

III. compreende agentes que podem aparecer em posições diferentes em um


mesmo país.

IV. envolve os produtores de matérias-primas provenientes de recursos naturais que


estão nos países centrais, eliminando as desigualdades internacionais.

Estão corretas as afirmativas

a. ( ) I e II, apenas.

b. ( ) II e III, apenas.

c. ( ) I, II e III, apenas.

d. ( ) II, III e IV, apenas.

e. ( ) I, II, III e IV.

4 (Uerj 2015)

Fonte: . Acesso em: 11 jun. 2013.

Um consultor canadense, Michael Markieta, desenvolveu um sistema de visualização


das rotas de tráfego aéreo ao redor do globo que recria o mapa-múndi, como mostra
a imagem. Atualmente, há 58 mil rotas aéreas cruzando os céus nos cinco
continentes. Na imagem revelada por Markieta, não causa surpresa o fato de que os
pontos mais densos aparecem em áreas onde muitas rotas seguem o mesmo trajeto
e têm como destino as maiores cidades do mundo.

Nessa representação das rotas do transporte aéreo comercial, o mapa ilustra a


seguinte mudança na geopolítica internacional contemporânea:

a. ( ) aculturação de áreas periféricas.

b. ( ) metropolização de regiões rurais.

c. ( ) globalização de países desenvolvidos.

d. ( ) onurbação de aglomerações populacionais.

5 (Uece 2019) A nova geografia econômica que interpreta a geração e a distribuição


de riquezas no mundo contemporâneo enxerga um circuito de relações cada vez
mais dinâmico na evolução do conjunto produção/consumo/território. No que diz
respeito a essa discussão, é verdadeiro afirmar que

a. ( ) os novos sistemas de regulação entre território e economia estimulam a


concentração e a centralização do capital bancário, industrial e comercial em
mercados nacionais.

b. ( ) o princípio de fluxo contínuo de produção e trabalho nas empresas e


conglomerados produtivos contemporâneos criou um arranjo territorial marcado
pela rigidez e pelo alcance curto dos sistemas de circulação.

c. ( ) as motivações de uso dos sistemas de produção e do consumo se casam


com circuitos de mercadorias produzidas em massa, com fabricação
estandardizada.

d. ( ) a distribuição geográfica das empresas-rede, de configuração reticular,


coloca-se como uma representação da aplicabilidade das novas tecnologias às
mudanças na organização produtiva e no consumo.

6 (Fac. Albert Einstein 2022)

Uma pesquisa feita em 2019 pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
(Acnur) mostra que 20% dos estrangeiros refugiados no Brasil vêm procurando trabalho,
mas sem sucesso. Trata-se praticamente do dobro da taxa nacional de desemprego, que,
segundo o IBGE, é de 12% da população economicamente ativa.

(Ricardo Westin. www12.senado.leg.br, 14.10.2019. Adaptado.)

A condição dos refugiados no Brasil, retratada no excerto, é explicada

a. ( ) pelas ações de valorização e regularização da condição dos imigrantes no


Brasil.

b. ( ) pela dificuldade de os imigrantes se adaptarem às características do mercado


de trabalho brasileiro.

c. ( ) pelos estereótipos que envolvem os imigrantes e pela desinformação das


empresas contratantes.

d. ( ) pelo preconceito linguístico e pela classe social em que os imigrantes se


originam.

e. ( ) pela política que impede a substituição da mão de obra brasileira por


imigrantes.

7 (PUC-SP 2016) Sobre a origem da divisão “Norte/Sul” do mundo:

É em 1980 que nasce o par Norte/Sul, numa publicação do Banco Mundial (presidido por
Willy Brandt) da Comissão Independente sobre os Problemas de Desenvolvimento
Internacional, intitulado Norte-Sul: um programa de sobrevivência. Em seguida o termo se
torna corrente e é utilizado tanto no domínio público quanto nos materiais escolares.

Transcrição de palestra de Christian Grataloup. “Vida e morte do par Norte/Sul”. In: Les Cafés
Géographiques, 30 set. 2015. Disponível em: . Acesso em: 25 out. 2015.

A expressão Norte/Sul, de largo uso atualmente, tem uma história que revela um
aspecto das relações internacionais. A esse respeito, pode ser afirmado que

a. ( ) ela substitui a divisão do mundo entre países desenvolvidos e


subdesenvolvidos, isso porque houve uma queda grande da desigualdade entre os
países do mundo.

b. ( ) essa divisão é apenas uma frase de efeito, pois ao pretender distinguir os


países ricos dos pobres, comete uma confusão, pois vários dos países ricos do
mundo estão no Sul.

c. ( ) como expressão da moda, tem o mesmo significado que a oposição entre


Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo, e entre países desenvolvidos e países
subdesenvolvidos.

d. ( ) foram as desigualdades existentes na escala mundial, entre os países, que


deram origem à distinção entre Norte/Sul.

e. ( ) o Uruguai apresenta superavit em relação ao Brasil.

8 (ESPM 2018) Interpretando o gráfico a seguir podemos constatar que:

Balança Comercial do Brasil com o Mercosul e bilateralmente com os


demais Estados-membros (outubro de 2014)

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Balança


comercial Mercosul 2014. Disponível em: .

a. ( ) o Brasil apresenta superavit em relação ao Mercosul.

b. ( ) a Argentina apresenta superavit em relação ao Mercosul.

c. ( ) o Paraguai apresenta deficit em relação ao Mercosul.

d. ( ) o Brasil apresenta deficit em relação ao Paraguai.

e. ( ) o Uruguai apresenta superavit em relação ao Brasil.

9 (Cefet-MG 2015)

Dois terços de todo o circuito de trocas internacionais é de responsabilidade das


transnacionais, sendo que metade desses se refere a trocas intrafirma e a outra metade a
vendas para terceiros. Essas empresas costumam constituir gigantescos oligopólios que
atuam em diversos setores e em vários países.

Bernardo de A. Carvalho. A globalização em xeque: incertezas para o século XXI. São Paulo:
Atual, 2000.

Nesse contexto, as transnacionais, que se utilizam da estratégia da oligopolização,


têm como objetivo primordial

a. ( ) determinar as decisões econômicas que o Estado deve executar.

b. ( ) definir os valores dos preços dos produtos que são empregados.

c. ( ) transferir as etapas da produção para os diversos países do globo.

d. ( ) formar um conjunto restrito de firmas que dominam o mercado.

10 (Uerj 2018)

Adaptado de vox.com, 21/08/2015.

No gráfico, a área de cada país é proporcional à porcentagem do seu Produto Interno


Bruto (PIB) em relação ao tamanho da economia global. As economias mais
relevantes do mundo possuem uma parcela superior a 0,4% do PIB global.

Aponte o continente com o menor número de países nessa situação de relevância.

Em seguida, identifique o setor da economia mais importante para a composição do


PIB das nações desenvolvidas, apresentando uma justificativa para o destaque desse
setor.

11 (Unicamp-SP 2018) Detroit foi símbolo mundial da indústria automotiva. Chegou a


abrigar quase 2 milhões de habitantes entre as décadas de 1960 e 1970. Em 2010,
porém, havia perdido mais de um milhão de habitantes. O espaço urbano entrou em
colapso, com fábricas em ruínas, casas abandonadas, supressão de serviços públicos
essenciais, crescimento da pobreza e do desemprego. Em 2013, foi decretada a
falência da cidade. Essa crise urbana vivida por Detroit resulta dos seguintes
processos:

a. ( ) ascensão do taylorismo; protecionismo econômico e concorrência com


capitais europeus; deslocamento de indústrias para cidades vizinhas.

b. ( ) consolidação do regime de acumulação fordista; protecionismo econômico e


concorrência com capitais europeus; deslocamento de indústrias para outros países;

c. ( ) declínio do toyotismo; liberalização econômica e concorrência com capitais


asiáticos; deslocamento de indústrias para cidades vizinhas.

d. ( ) ascensão do regime de acumulação flexível; liberalização econômica e


concorrência com capitais asiáticos; deslocamento de indústrias para outros países.

Síntese

Texto complementar

O movimento antiglobalização e a militância pela internet livre

A última segunda-feira (30/11/2015) marcou os 16 anos do protesto que ficou mundialmente


conhecido como N30, ou a Batalha de Seattle, quando, no dia 30 de novembro de 1999, mais de 40
mil ativistas “antiglobalização” (entre membros de ONGs, anarquistas, sindicalistas,
ambientalistas) se organizaram de maneira descentralizada para protestar contra Organização
Mundial do Comércio (OMC). Na cidade norte-americana, a OMC dava início à rodada do milênio
para negociar maior abertura do comércio mundial, no auge do neoliberalismo. A manifestação
foi violentamente reprimida, mas terminou vitoriosa com o cancelamento da rodada.

A Batalha de Seattle é um dos marcos iniciais do uso da internet como ferramenta política e
espaço de disputa: os manifestantes usaram uma improvisada rede de comunicação, com
celulares, rádios e notebooks, para publicar na rede imagens e relatos – prática que é hoje
protocolar em qualquer organização política – inaugurando um formato de publicação que mais
tarde se converteria e popularizaria nos blogs.

Essa percepção da internet como ferramenta, mas também como espaço de disputa, levaria ao
surgimento de uma militância responsável justamente por desenvolver e aplicar ferramentas
para a utilização de criptografia, navegação anônima e outros mecanismos de segurança na
internet, em um esforço de garantir a liberdade e a comunicação segura de organizações e
movimentos sociais – são os chamados coletivos técnicos radicais.

“Nós já sabíamos que a polícia invadia as contas de e-mail de ativistas e, além disso, já que
protestávamos contra grandes corporações, não queríamos depender delas para nos comunicar”,
conta Micah Anderson, americano nascido em Seattle e membro-fundador do coletivo
americano Rise Up, criado em 1999, durante os protestos.

Desde então, o Rise Up funciona como um servidor autônomo que oferece serviços gratuitos de
e-mail, listas de discussão, serviços de mensagens instantâneas, hospedagem de servidores,
(todos seguros e criptografados), para movimentos sociais e ativistas. “Naquele momento
estávamos mais preocupados em criar alternativas seguras e eficientes para nos comunicar na
internet, do que com espionagem massiva”, relembra.

No mesmo período, junto com o surgimento dos coletivos técnicos radicais, surgiam também os
coletivos de mídia independentes. Anderson também participou da criação da rede Indymedia,
que se espalhou em diversos coletivos locais pelo mundo, e chegou ao Brasil na forma do CMI, o
Centro de Mídia Independente. Foi de dentro do CMI que, em 2005, inspirado pelo Rise Up e
outros coletivos que atuavam de maneira semelhante, nasceu o Saravá.

Segundo seus porta-vozes, o coletivo Saravá se mantém organizado em torno destas questões, as
quais denominam “tecnopolíticas”. Eles explicam que “o escopo dos movimentos antiglobalização
não era exclusivamente a defesa da internet livre ou do direito à privacidade”, mas que essas
pautas sempre foram e ainda são necessárias para todos os coletivos que lutam por
transformação social. A atuação do Saravá e do Rise Up fornece, portanto, bases tecnológicas para
as atividades políticas destes grupos.

“Como nasceu a militância pela internet livre”. Carta Capital, 2 dez. 2015. Disponível em: . Acesso em:
8 jan. 2021.

Saiba mais

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