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Planejamento e

Gestão de Empresas
e Empreendimentos
Conjuntura Econômica Mundial –
Olhar Contemporâneo e Tendências

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Jean Carlos Cavaleiro

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Conjuntura Econômica Mundial –
Olhar Contemporâneo e Tendências

• Conjuntura Econômica Mundial;


• Conhecendo a Cadeia Produtiva;
• Um Olhar para o Mundo;
• Corona Vírus;
• Alguns Desafios Mundiais;
• Planejar Negócios no Brasil;
• Demanda de Bens e Serviços;
• Oferta de Bens e Serviços.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Desenvolver competências que capacite os profissionais da área para planejar ações em-
presariais para que possam:
• atuar com olhar para o desenho econômico mundial;
• planejar negócios com olhar global;
• entender o papel do dinheiro na economia e nos negócios;
• planejar negócios com olhar para o cenário econômico.
UNIDADE Conjuntura Econômica Mundial – Olhar Contemporâneo e Tendências

Conjuntura Econômica Mundial


Estamos vivenciando a maior evolução tecnológica de todos os tempos, a evolução
tecnológica dos meios de comunicação, em particular, dos meios de troca de dados e
informação, que trouxeram outra realidade de conexão entre os países, entre as empresa
e principalmente entre pessoas. Essa evolução gerou outra realidade no campo da com-
petitividade, marcada principalmente pela abertura do mercado global. Hoje, produtos,
tecnologias, dinheiro não têm mais uma origem única, são idealizados em um país, feitos
os protótipos em outro, sua produção em outro e venda em todos. O capital, principal-
mente, é tido como capital volátil, o dinheiro cada vez não tem mais pátria.
A economia pode ser analisada com as premissas das ações de um médico que,
por sua vez, tem seus instrumentos de medição dos sinais vitais e situação da saúde
humana. A economia usa as mesmas medidas que usa para avaliar os sinais vitais
de municípios, estados, países, continentes, mundo, como, por exemplo, medir PIB,
renda, produção etc.
Alguns setores da economia também servem de termômetro para essa análise. Por
exemplo, ao se detectar o crescimento do setor de embalagem, há indício de cresci-
mento no comércio, por exemplo, e a dinâmica do setor da construção civil também é
um dos indicadores importantes de crescimento ou estagnação da economia. O mer-
cado hoje, seja lá qual for o setor, não busca só crescer e, quase que por um apelo
global, questões ambientais em busca de sustentabilidade são essenciais. Essa é outra
realidade, o profissional deve ter olhar social, humanitário, ambiental, antes mesmo
do olhar técnico. Surge, então, no mercado, a necessidade de um novo engenheiro.
Para atender a esse novo modelo de desenvolvimento global que preza pela utili-
zação consciente de recursos naturais, pelo apreço ao inter-relacionamento pessoal,
ao domínio tecnológico, o profissional da Engenharia Civil tem que apresentar so-
luções técnicas e operacionais, com uma visão holística do problema, envolvendo a
capacidade analítica, deve ter sensibilidade para observar às questões voltadas para
atender às necessidades e expectativas da sociedade e do mercado, às transforma-
ções econômicas atuais e à preservação e proteção aos recursos da natureza.
Então, o engenheiro deve compreender, além do que a atuação operacional exige,
deve ter olhar para gestão, para planejamento, para competitividade. E é nesse pon-
to que a economia global entra, pois é preciso ver as tendências mundiais, as ações
atuais, os recursos utilizados e a tecnologia, o que envolve visual das obras, qualida-
de, rapidez, custo e capacidade de operação.
A construção civil tem uma cadeia produtiva direta e indireta enorme, vai da mi-
neração, extração, que é operação de produção bruta, até produção de itens de aca-
bamento e móveis domésticos. Cada um deles possui uma microcadeia, e a alteração
em um altera toda a cadeia, a qual vamos conhecer melhor mais adiante.
Por exemplo, o setor financeiro, que também é global, ao verificar que investir no
mercado americano os rendimentos são baixos, apesar da segurança, pode fazer aporte
em operações no Brasil, que pode ter leve superioridade nos riscos, mas remunera a 8%

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ao ano. Isso pode trazer enxurrada de dinheiro para as operações de construção civil no
país, redesenhando as ofertas de obras e formas de financiamentos. Ou seja, uma crise
em outros países, que retraia investimentos locais, pode ser benéfica para outros países.

O desenvolvimento de técnicas ou equipamentos que reduza custo, melhore qua-


lidade, traga melhor aproveitamento de espaço, aumente rapidez da obra e elimine
desperdício deve ser de aprendizagem constante.

Conhecendo a Cadeia Produtiva


No setor econômico, a construção civil é uma das atividades produtivas com
maior impacto sobre outros setores da economia e outras cadeias produtivas. É uma
cadeia complexa que envolve, pelo menos, três grandes áreas:
• Segmento da construção pesada, que envolve estradas, usinas de geração de
energia, portos e terminais, aeroportos etc., normalmente ligada ao setor público
ou PPP (parceria entre público e privado);
• Segmento das montagens industriais e de plataformas de prospecção de pe-
tróleo e extração mineral, muito presente em algumas áreas do país; no Brasil,
cresceu muito após pré-sal;
• Segmento das edificações industriais, comerciais e residenciais. Fortemente ali-
mentado pelos momentos econômicos, estabilidade, crescimento mundial etc.
– as políticas públicas são amplamente fomentadoras desse segmento.

A cadeia produtiva da construção civil pode ser organizada em três grandes blo-
cos, um, que é a cadeia principal, envolve os equipamentos necessários, como fer-
ramentas, materiais de obra, desenvolvimento de projetos, serviços técnicos especia-
lizados, construção da obra, e materiais básicos, como ferragem, cerâmica, cimento
e areia, brita, granito, gesso, tubos, conexões, fios e cabos, olaria, louça, sanitária, e
vidraçaria. No meio dessa operação central, temos as imobiliárias e comercialização
e as ações de publicidade. Por si, já é uma cadeia enorme, mas envolve ainda as ca-
deias que vêm antes dessa central, chamada de “cadeia à montante”.

Essa cadeia à montante vem antes da cadeia principal, é a que torna a principal
possível de se operar, envolve a indústria madeireira, siderurgia/metalurgia básica,
insumos não metálicos, máquinas e equipamentos, indústria cerâmica, material elé-
trico, equipamentos de segurança etc.

Após a cadeia principal, temos outra cadeia, que é basicamente alimentada por
ela. Envolve a indústria moveleira, transporte e aproveitamento de resíduos, manu-
tenção de imóveis, serviços de decoração etc. é a cadeia à jusante.

A construção civil sempre foi de suma importância para o desenvolvimento eco-


nômico do país. É um dos maiores geradores de emprego e renda na economia,
mesmo gerando emprego de pouca qualificação, mas exige grande volume de mão
de obra. Dados do BNDES apontam que, para cada R$ 10.000.000,00 investidos,

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geram-se 176 empregos diretos, fora os indiretos, outros 83 e outros 276, que são
influenciados pelo efeito-renda.

Esse efeito-renda é aquele emprego gerado pelo dinheiro gasto pelos trabalha-
dores empregados em suas regiões. Em 2005, a participação do setor no PIB era
de 5%, em 2017, estava em 6,2%de participação. Mas, se considerar toda a cadeia
produtiva, inclusive seus elos, chega a ter participação de 16% no PIB nacional.

Para um olhar mais amplo, veja estudo feito pelo SEBRAE em 2012.

Figura 1 – Composição da Cadeia Produtiva da Construção Civil


Fonte: Sebrae

Um Olhar para o Mundo


Para não trazer aqui um olhar desde a grande depressão de 1929 nos EUA, in-
dicamos que você procure conhecer o teor da crise, como se deu, o que significou
para o mundo. Pesquisando sobre o tema, vamos trazer um olhar a partir da crise de
2008, nos EUA, a chamada bolha imobiliária americana. Resumidamente, baseou-
-se nas altas dos juros e desvalorização dos imóveis. Em muitos casos, se os devedo-
res vendessem suas casas, não pagariam suas dívidas.

Isso levou muitos americanos ao não pagamento de suas hipotecas e, os bancos


que detinham os bens, mesmo que os vendessem, não teriam o valor da dívida. Isso
levou bancos à inadimplência e outros à falência.

Muitos americanos perderam investimentos, ficaram devendo, pararam de consumir,


e uma crise que começou com as hipotecas de casas, se alastrou para outras áreas.

Mas quem atua no Brasil pode pensar: “...e eu com isso? Eles que fiquem com
seus problemas!”. É assim que devemos pensar? Não, não é!

Essa crise levou ao desemprego e à necessidade de socorro do governo aos bancos.


A Europa começou a sentir os efeitos da crise e, dois anos depois, já era uma crise

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americana e financeira na Europa. Milhões de dólares em empréstimos feitos tendo
como garantia os imóveis, que agora estariam desvalorizados, viraram “pó”, ou como o
mercado chama, título podre. Isso não ocorreu só nos EUA, mas sim na Europa e Ásia.

Em parte, essa crise quase global beneficiou o mercado Brasileiro, aqui, ao con-
trário da Europa e EUA, o mercado imobiliário ainda era sonho para primeira mora-
dia própria, não como investimento. Esse é um ponto, outro era que os especulado-
res mundiais precisavam agora de destino para seus bilhões como investimento, pois
os maiores mercados mundiais estavam em queda. Enquanto fariam investimentos
na Europa e EUA com rendimentos de 3 a 5% ao ano, aqui era possível ter ganhos
de 12% com baixíssimo risco.

Por outro lado, os bancos Brasileiros, vendo essa crise mundial, iniciada pela oferta fá-
cil de crédito, seguiram caminhos opostos, reduziram prazos, restringiram créditos, o que
levou bancos nacionais à ampliação das receitas, livrando o país dos efeitos dessa crise.

Percebendo esse olhar e oportunidade de exploração do setor, em 2009, o


Governo Lula criou o plano Minha Casa Minha Vida, o que trazia oferta fácil de
crédito, mas com subsídio do governo, crédito do BNDES para construtores e am-
pliação do uso dos recursos do FGTS.

Por que trazemos essa informação?


Uma crise, seja qual for, em um mundo global, tem desdobramentos em outros
países – mais adiante, vimos a crise da Grécia, a qual a colocou em uma dívida bilio-
nária, e, em euros, a crise na Zona do Euro, que perdura por anos, com desdobra-
mentos no mundo todo.

Desenvolver um projeto que envolva planejamento e captação de recurso de par-


ceiros não pode desconsiderar o cenário mundial.

Corona Vírus
Imagine uma empresa que estivesse, em agosto de 2019, com projetos para tripli-
car lançamentos de obras em diversas regiões do país e que, para isso, fez diversas
linhas de crédito, em longo prazo, sendo capitalizados por etapas de consumo. Em
dezembro de 2019, acreditando nas ações do governo Brasileiro, ampliou esse cré-
dito e “entrou de cabeça” na operação. Começou a contratar milhares de pessoas,
treinar, fazer acordos com fornecedores etc.

Abrimos aqui uma pausa e perguntamos: quando ocorreu o primeiro caso de


corona vírus na China?

Ocorreu em dezembro de 2019! Mas e daí?

Quem na ocasião achava que aquele vírus despretensioso teria potencial para
tudo isso?

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A China, na ocasião, prendeu o médico que falava do potencial do vírus acusando-o


de espalhar terrorismo.

Mas o desfecho, hoje, nós sabemos: em 2020, o vírus afetou a Europa, com
grande intensidade na Itália e Espanha, alastrou-se para a Alemanha, Portugal, foi
para os EUA, para o mundo. Fatidicamente, em março, chegou ao Brasil.

Podem ler mais sobre o tema na matéria “Coronavírus: O médico chinês que tentou
alertar colegas sobre surto, mas acabou enquadrado pela polícia e infectado pela
doença”, disponível em: https://bbc.in/3gWyeQB

Hoje, estamos numa quarentena mundial – com economia global parada e consu-
midores em pânico – em que o consumo de tudo estagnou.

E agora? Como a empresa citada acima faz?

Como sobreviver nesse cenário?

Ainda não sabemos, só poderemos tratar sobre isso, em 2021, no pós-crise.

Pensar em tendências para o amanhã é um desafio, dos grandes, que você enge-
nheiro vai ajudar a enfrentar.

Deverá observar mundialmente essa e outras crises, como guerras, novos blocos
surgindo, novas parcerias globais, o Brexit, a saída do Reino Unido da UE.

Outro olhar importante no cenário mundial é a questão política, mais especifica-


mente, o que está em alta é a polarização esquerda e direita.

Veja, por exemplo, a estatização de uma refinaria da Petrobrás na Bolívia. Uma em-
presa Brasileira identificou necessidade local, levou proposta, houve acordo, investiram-
-se milhões do contribuinte Brasileiro na construção e operacionalização da unidade. Um
belo dia, o governo boliviano decidiu que a empresa é deles e não demonstrou interesse
em fazer qualquer ressarcimento à Petrobrás, que perderia milhões dos investidores e
contribuintes Brasileiros. Após muitos percalços, chegaram a um acordo de pagar 112
milhões de dólares. Mas, mesmo assim, seria esse o desejo da empresa Brasileira?

O que isso significa para o futuro do país? Qual outra empresa estrangeira terá co-
ragem de investir no país? Sem investimento estrangeiro, sem capital privado, qual o
futuro do país para crescimento? Sabidamente, a Bolívia tem um governo de esquerda.

Na Venezuela, vimos a queda do preço internacional do barril de petróleo levar


a uma queda de PIB de 70% desde 2013, o que levou o país à pobreza extrema,
fome e grandes embates políticos. Podemos citar, ainda, os problemas de restrições
em Cuba, a tão descarada repressão norte-coreana, os fatos fascistas de Mussolini
na Itália, sendo relembrados fortemente nas últimas eleições no Brasil e no exterior,
o que fez com que os candidatos de direita tivessem espaço que há tempos não ti-
nham. Desses fatos, são considerados mais marcantes a eleição de Donald Trump,
nos EUA, e a de Jair Messias Bolsonaro no Brasil.

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Mas o que isso significa para os negócios? Para o planejamento empresarial?

Significa muita coisa. Tudo muda.

Enquanto o governo de esquerda enxerga como estratégia de crescimento o


gasto público, o investimento em obras, o financiamento público para gerar mer-
cado, o governo liberal de direita enxerga a atuação privada como o caminho a
ser seguido.

O investimento público, em particular no Brasil, sempre teve o direcionamento


ou a licitação marcada para escolher as empresas vencedoras. Isso sempre foi a base
de muita corrupção no país, em que as empresas corriqueiras em licitação pública
fazem doações milionárias para partidos políticos e, depois, podem ser privilegiadas
nas licitações futuras.

É importante o profissional saber que planejar uma empresa para ter ações com
governos pode ter desfechos inesperados, como vimos, por exemplo, nos casos dos
últimos escândalos nacionais.

O pós-pandemia de corona vírus vai encontrar um mundo em reorganização,


reaprendendo a fazer negócios, com hábitos de consumo diferentes, um mundo mais
digital. Vamos ver uma sociedade mais preocupada em poupar, pois aprendemos
que aquele que não poupou enfrentou mais dificuldades nesta quarentena, tanto
empresas como pessoas.

A corrida competitiva dependerá de como os países enfrentaram a crise, quanto


investiram, o quanto paralisaram suas economias, quanto tempo levaram para voltar
ao normal, quais políticas restritivas cada país teve, e o quanto o foco foi no combate
à crise e não em disputa eleitoral, como ocorre no Brasil.

A liquidez das empresas e países é outra questão a serem observadas, o nível que
cada uma estará vai influenciar na capacidade de investimentos em suas operações.
No nível global, vimos que países que saíram primeiro da crise de saúde mundial
sairão na frente nessa disputa, estando em condições mais robustas para competir.

O corona vírus será um marco para a economia mundial, teremos o antes e o


depois. Fatos globais que eram vistos como fatores norteadores do cenário econômi-
co global terão seus efeitos reduzidos, são relevantes, mas, perante a crise de 2020,
ficaram menores.

Como, por exemplo, um estudo feito pela Fade-UFPE, em 2006, que aponta
algumas tendências globais para as próximas décadas:
• Guerra do Iraque: gerou desequilíbrio político, econômico e social no país, e
principalmente ampliou ocorrências de terrorismo no mundo todo;
• PIB China: cresce acima de 9% ao ano, mas a crise do corona vírus já causou
uma queda, e queda na China significa queda mundial;
• OMC: Organização Mundial do Comércio vem sendo mais atuante nas negocia-
ções e avaliação de protecionismos globais;

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• Fontes energéticas: em período em que o Brasil precisa explorar o pré-sal, o


mundo busca outras fontes energéticas como biomassa e hidrogênio devido ao
aumento dos preços de petróleo, mas até isso muda, pois os barris, hoje, 2020,
estão nos menores preços já vistos, já que há mais oferta do que demanda;
• Turismo: fortemente abalado, o mundo vai levar tempo para reaquecer o setor
– viagens de avião, visitas a países que foram epicentro da doença em algum
momento não voltarão ao normal tão cedo;
• Avanços tecnológicos: o pós-pandemia de Covid-19 paralisou por um ano as pes-
quisas em universidades e centros de pesquisas. As poucas coisas que não pararam
foram as pesquisas ligadas ao vírus. Isso vai ter impacto na produtividade mundial
nos próximos anos. Não podemos nos esquecer de que o mundo tem mais de 7
bilhões de pessoas, e essas pesquisas buscam meios de produzir e atender com
conforto uma população ainda crescente. A evolução da tecnologia segue a direção
das necessidades da sociedade – essa necessidade de distanciamento para preservar
vida criou novo cenário, novas necessidades, trabalho home office priorizado etc. –
e atender essa demanda no futuro será uma busca constante;
• Reorganização do mercado de trabalho: em um cenário em que já se apon-
tava um mercado de trabalho totalmente diferente até 2030, com novas áreas
e novos produtos e serviços, muitos dos quais ainda se quer existem, será ainda
mais alterado pela crise do corona vírus. Muitas empresas e profissionais tive-
ram que aprender a atuar de forma remota, novos serviços surgiram, também
novas tecnologias, novas necessidades. O futuro próximo será de aprendizagem
nessa área. Questões como qualidade de vida, soft skill, relacionamento huma-
no estarão no centro dessa preocupação;
• Questões ambientais: serão o foco mundial, novas legislações, mais rígidas em
busca de utilização racional dos recursos naturais.

Alguns Desafios Mundiais


Diante de tantas crises, podemos citar alguns desafios globais que devemos con-
siderar nos planejamentos empresariais dos próximos anos:
• Novas guerras: pelos mais variados motivos, religião, petróleo, riquezas natu-
rais, ideologias políticas etc.;
• Desemprego: principalmente em países em desenvolvimento, em que terão
mais dificuldades em enfrentar a reabertura da economia no pós-pandemia;
• Sustentabilidade ambiental: exigência global, vivemos em um planeta finito, e
estamos cada vez mais conscientes disso;
• Distribuição de riqueza: essa paralização sofrida em 2020 da economia global
fez com que países, como o Brasil, que apresenta milhares de trabalhadores em
trabalho informal, a distribuição de riqueza ficou ainda mais desigual, aumentou
a pobreza mundial;

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• Crescimento demográfico: enquanto países como os países da África e de
países como Brasil, ainda crescem muito, países da Europa estão em redução
populacional. O Brasil deve enfrentar redução somente em 2040, e os países
da África ainda mais distante. Isso significa que o mundo vai precisar de mais
alimentos, mais remédios, mais educação, mais moradia etc.

Planejar Negócios no Brasil


Competir em qualquer lugar do mundo já é complexo, exige conhecer o perfil do
consumidor, o comportamento de compras, desenvolver parceiros etc. e, no Brasil,
há agravantes. Vejamos alguns pontos:
• Posse de terras: mais da metade das terras do país está concentrada nas mãos
de 1% dos proprietários – isso gera desigualdade na competição, dificuldade de
renovação de atuação etc.;
• Ineficiência: o índice de desperdícios no país é gritante, na produção de grãos,
na produtividade homem, na construção civil, que, em média, apresenta 30%
de perdas;
• Investimento em tecnologia: o país investe pouco em pesquisa, não tem apoio
privado, e o setor público não tem lastro para investimento;
• Educação: investe-se mais no ensino superior do que no básico, isso faz com
que a qualidade do ensino na base seja muito fraco, levando ao ensino superior
um nível de aluno muito fraco;
• Custo Brasil: o custo logístico do Brasil é um dos maiores do mundo, desde a
compra, devido aos impostos envolvidos, até armazenagem, produção com im-
postos duplicados e a distribuição e transporte. Somos um país com altas taxas
de impostos, poucos serviços oferecidos;
• Infraestrutura: países de tamanho continental como o Brasil, assim como a
China, Rússia, EUA atuam fortemente com transporte ferroviário, pois isso re-
duz os custos, amplia volume e reduz riscos. Mas, no Brasil, isso não acontece,
o principal meio aqui é o rodoviário. Transportamos, por exemplo, diariamente,
cargas do norte do país para o litoral de Santos no porto;
• Impostos: o Brasil é um dos países com as maiores cargas tributárias do mundo, o
governo é quase um sócio dos empresários no país – em média, 40% do que se mo-
vimenta é imposto. Isso é ainda mais intenso quando se refere a encargo trabalhista,
um dos maiores encargos do mundo, dificultando em muito a contratação formal;
• Taxas de juros: temos as mais altas taxas mundiais, tornando o dinheiro nacio-
nal muito caro, é mais vantajoso investir no mercado especulador do que gerar
emprego através de negócios.

Como empreender, então, nesse cenário? Não estamos aqui querendo desmo-
tivar gestores, mas sim mostrando a realidade para que tenha conhecimento do
cenário em que fará o planejamento empresarial. É necessário conhecer o cenário
econômico para um planejamento eficiente, vamos ver alguns pontos importantes:

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Demanda de Bens e Serviços


Uma das etapas de avaliação de qualquer projeto é avaliar a demanda existente,
pois será a base para formação e preço e estrutura produtiva. Essa análise dá mar-
gem para o dimensionamento da necessidade de capital necessário para a operação.
A demanda é o volume de bens e serviços que uma sociedade deseja adquirir em
determinado período de tempo. E são esses desejos de consumo que determinam o
que e quando será produzido. Os desejos de consumo sofrem variações conforme os
preços praticados.
Alguns produtos ou serviços não sofrem alteração pela oscilação do preço, como,
por exemplo, se reduzir o preço de uma cópia de documento, em uma copiadora,
não fará com que as pessoas procurem mais sua empresa para tirar mais cópias seja
lá do que for. Mas se reduzir os preços de um sorvete, possivelmente, o consumo de
sorvete pode sofrer alteração.
Essa sensibilidade ao preço é chamada de elasticidade. Um projeto, seja lá qual
for, deve observar o grau de elasticidade que o produto ou serviço apresenta. Ou, em
outras palavras, deve avaliar o grau de sensibilidade ao preço.

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Preço

0
0,00 2000,00 4000,00 6000,00 8000,00 10000,00 12000,00 14000,00

Quantidade
Figura 2 – Curva de demanda
Fonte: Acervo do conteudista

Esse é um modelo de curva de demanda, quanto menor o preço, maior a quanti-


dade de demanda.

Mas alguns fatores influenciam nessa curva. Entre eles, podemos citar o número
de consumidores, que é a primeira análise, a distribuição de renda no país pode ser
decisiva, as alterações nos gostos dos consumidores, o nível de propaganda feito, a
disponibilidade de mercadorias, ou quem são os players envolvidos, se é produto de
moda ou não, se tem apelo religioso, e se é produto de estação, como chocolate, por
exemplo, que apesar de ser consumido o ano todo no Brasil, é inquestionável que na
páscoa o consumo é maior.

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Quem procura oportunidades, veja que a páscoa gera emprego. Leia a matéria “Páscoa
2020: indústria de chocolates criou milhares de vagas temporárias”.
Disponível em: https://bit.ly/3jKUU88

Dentro desse conceito, podemos dividir a demanda entre:

Demanda Elástica
São os produtos ou serviços que são sensíveis à alteração de preço. Ou seja, se
os preços aumentam, a procura diminui, se os preços sobem, a procura aumenta.
Como exemplo disso, podemos citar calçados, roupas, móveis de casa, viagens etc.

Pense em mais alguns exemplos e anote.

Demanda Inelástica
São os produtos ou serviços, em que, caso haja redução de preço, as variações
na procura são insignificantes, baixas ou quase nada. São produtos não sensíveis
aos preços.

Por exemplo, caso haja redução nos preços de medicamentos, não fará com que
tenha aumento de consumo.

Use sua criatividade, e pense em outros exemplos de produtos ou serviços inelásticos:

Oferta de Bens e Serviços


Oferta é a outra ponta da análise, se a demanda é a procura, a oferta de bens ou
serviços é o quanto os produtores estão dispostos a produzir e ofertar em um deter-
minado período, a diferentes prelos e em determinadas condições.

As principais condições são:


• Quantidade de empresas produtoras;
• Preço dos insumos;
• Mudanças tecnológicas;
• Produtos competidores;
• Restrições do país, como oferta de crédito, política do governo, condições cli-
máticas etc.

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No planejamento empresarial, decide-se, por exemplo, o volume de produção,


mas a criação de cenários é fundamental. Se decidiu produzir certo volume em um
cenário com 10 competidores, o que deve fazer?
1. Ampliar a concorrência de 10 para 15 concorrentes?
2. Reduzir a concorrência de 10 para 5 concorrentes ?

O que acha?

Veja que o plano era para o cenário com 10 concorrentes. Com a ampliação da
concorrência, o que deve ocorrer?

Deve ocorrer a ampliação de oferta, logo os consumidores terão mais opções, e


suas vendas serão impactadas, dependendo das ações que tomar.

Se houver a redução de concorrentes, haverá aumento da procura nas empresas


restantes, tendo que rever, inclusive, sua capacidade produtiva, política de preço etc.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
O que esperar da economia do Brasil em 2020? | AO PONTO
https://youtu.be/uubBjV3sKjg
Elasticidade – Preço da Demanda Parte 1 de 6
https://youtu.be/QAD4e2CBjK4

Leitura
Estudo das Variações da Elasticidade-Preço Entre Grupos de Domicílios
https://bit.ly/32Xz1M3
Origem, causas e impactos da crise financeira de 2008
https://bit.ly/332aUfn
Brexit: a saída do Reino Unido da União Europeia
https://bit.ly/3jRa4bN

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Referências
DIAS, M. de C. Economia fundamental. São Paulo: Érica, 2015.

ESCOLA de Engenharia de São Carlos. Gerenciamento na Construção Civil. São


Carlos: EESC, USP, 1998

FUNDAÇÃO de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco


(Fade-UFPE). Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável para a região
Metropolitana de Natal. Análise do ambiente externo e Cenários. Fade, Recife,
2006. Disponível em: <http:/www.cchla.ufrn.br/rmnatal/relatorio/metro3.pdf>.

GREMAUD, A. P. Economia Brasileira contemporânea. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

MCGUIGAN, J. R. Economia de empresas: aplicações, estratégia e táticas. 3. ed.


São Paulo: Cengage Learning, 2016.

MENDES, J. T. G. Economia Fundamentos e Aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2009.

VASCONCELOS, M. A. S. Macroeconomia para gestão empresarial. São Paulo:


Saraiva, 2016.

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