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Eletricidade e

Instalações Elétricas
Material Teórico
Conceitos Básicos de Eletricidade

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me Vinícius Azevedo Borges

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Conceitos Básicos de Eletricidade

• Carga elétrica;
• Diferença de Potencial Elétrico;
• Corrente Elétrica;
• Resistência elétrica;
• Potência Elétrica;
• Circuitos Elétricos.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender a propriedade de carga elétrica em diferentes materiais e sua utilização na
forma de corrente elétrica para alimentar circuitos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
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Procure manter indicações
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colegas e tutores Complementar.
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para estudar.

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da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

Carga Elétrica
Na Grécia antiga, por volta do ano 500 a.C., os pensadores Leucipo e Demó-
crito já acreditavam que toda matéria era composta por partículas muito pequenas,
invisíveis ao olho humano. Eles chamavam essas partículas de átomos (que em gre-
go significa indivisíveis), pois achavam que elas não poderiam ser divididas.

Esse modelo primitivo de explicar a existência da matéria deu origem aos mo-
delos atômicos atuais, que tentam descrever a estrutura e as propriedades dessas
partículas elementares, as quais continuamos chamando de átomos.

No final do século XIX, Joseph John Thomson descobriu uma partícula menor
do que qualquer átomo e formulou uma teoria de que toda matéria contém par-
tículas de massa muito menores do que o átomo de hidrogênio. Mais tarde, essas
partículas passaram a ser chamadas de elétrons.

QUÍMICA: COMO ENTENDER OS MODELOS ATÔMICOS? Disponível em:


Explor

https://youtu.be/lDrKIqubzdw

A descoberta dos elétrons possibilitou um rápido avanço na compreensão das


propriedades eletrônicas da matéria. Vários experimentos realizados no século XIX
mostravam que essas partículas menores do que os átomos eram responsáveis por
conferir carga a objetos. Os elétrons foram convencionados como partículas com
carga negativa, os prótons como partículas com carga positiva e os nêutrons como
partículas sem carga, ou com carga nula. Os prótons e elétrons possuem a mesma
quantidade de carga em módulo, só diferem no sinal da carga. Assim, a carga elé-
trica passou a ser considerada uma propriedade física da matéria.

Com esses novos dados, Ernest Rutherford e Niels Bohr desenvolveram um mo-
delo que descrevia os átomos da forma mais convencional que conhecemos hoje.
Esse modelo é o mais utilizado em experimentos e cálculos, ficou conhecido como
modelo atômico de Rutherford-Bohr. Nele os átomos são compostos por um núcleo
denso, formado por prótons e nêutrons, e uma região em torno do núcleo, cha-
mada de eletrosfera, é onde os elétrons se movimentam. Dessa maneira, o núcleo
atômico possui carga positiva e a eletrosfera possui carga negativa.

Núcleo
{ prótons (p)
nêutrons (n)
Eletrosfera
{elétrons (e )

Figura 1 – Ilustração do modelo atômico de Rutherford-Bohr

8
Toda matéria é composta por átomos, como já suspeitavam os pensadores gre-
gos. Portanto, todos os objetos ao nosso redor possuem carga elétrica em dife-
rentes quantidades. Essas cargas são determinadas pela diferença entre prótons e
elétrons presente em um determinado corpo ou objeto. Quando a quantidade de
cargas positivas de um objeto é igual à quantidade de cargas negativas desse mes-
mo objeto, então essas cargas se equilibram e esse objeto é considerado um corpo
com carga nula.

Um fenômeno importante e bastante evidente nos experimentos era de que a


interação entre duas ou mais cargas gerava uma força de atração ou repulsão entre
elas. Quando as cargas eram de mesmo sinal, ambas positivas ou ambas negativas,
a força era repulsiva. Quando cargas de sinais diferentes interagiam, geravam uma
força atrativa. Daí vem a famosa frase “os opostos se atraem”.

Figura 2 – Interações elétricas entre cargas


Fonte: Wikimedia Commons

Esse fenômeno foi bastante estudado pelo físico francês Charles Augustin de
Coulomb, que determinou uma maneira de calcular a força eletrostática que uma
carga pontual exerce em outra. Em sua homenagem, esse método ficou conhecido
como Lei de Coulomb.
Explor

Carga pontual: distribuição de cargas numa pequena região do espaço.

Além disso, a unidade que mede a quantidade de cargas é o Coulomb, e um Coulomb


representa uma carga equivalente a aproximadamente 6,24 . 1018 cargas elementares.

Tabela 1
Partícula Carga
Elétron -1,602176487 . 10 -19 C
Próton 1,602176487 . 10 -19 C
Nêutron 0C

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UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

A Lei de Coulomb determina que o módulo da força eletrostática entre duas


cargas pontuais é diretamente proporcional ao valor absoluto de cada uma das
cargas e inversamente proporcional à distância ao quadrado, conforme a se-
guinte equação:
q1  q2
F1  F2  ke (1)
r2
onde F1 e F2 são as forças resultantes nas partículas 1 e 2 respectivamente, ke é a
constante eletrostática no vácuo (ke = 9 × 109 N.m2/C2), q1 e q2 são as cargas 1 e 2
respectivamente e r é a distância entre as cargas 1 e 2.

Como as cargas elétricas interagem entre si através de forças eletrostáticas, exis-


tem, então, regiões de ação que alteram o movimento de cargas elétricas. Essas re-
giões são conhecidas como campo elétrico. Cada carga elétrica produz um campo
elétrico em seu entorno.

Os materiais podem ser classificados como condutores, isolantes, semiconduto-


res ou supercondutores, de acordo com a facilidade de movimento das cargas em
seu interior. Nos materiais condutores, as cargas possuem facilidade de movimento.
Em geral, isso acontece nos materiais metálicos. Materiais isolantes apresentam
resistência ao movimento de cargas, como ocorre em plásticos, borracha, vidro,
entre outros. Os semicondutores, como silício, podem permitir a mobilidade de
cargas ou não em seu interior, dependendo de outras propriedades físicas, como a
temperatura, por exemplo. Já os supercondutores são também conhecidos como
condutores perfeitos, devido à sua propriedade de não fornecer resistência alguma
à mobilidade de cargas em seu interior.

Considerando essa propriedade elétrica dos materiais, de permitir ou não a


mobilidade de cargas em seu interior, o que aconteceria se carregássemos uma
esfera maciça de cobre (condutor) com cargas positivas? Onde ficariam localiza-
das essas cargas?

Lembrando que cargas de mesmo sinal devem se repelir, e considerando que


materiais condutores permitem a mobilidade das cargas em seu interior, é intuitivo
concluir que, nas condições propostas, as cargas positivas se localizariam na super-
fície da esfera maciça de cobre, pois a força repulsiva entre elas faria com que fi-
cassem o mais afastadas possível umas das outras, conforme mostrado na figura 3.

+ + +
+ +
+
+ +
+
+
+
+
+ +
+ + + +

Figura 3 – Esfera condutora carregada com cargas elétricas positivas

10
Caso a esfera maciça fosse de um material isolante, as cargas ficariam onde
foram colocadas, podendo ocupar qualquer região do material com diferentes den-
sidades de carga, uma vez que a propriedade isolante elétrica do material impediria
a mobilidade dessas cargas.

Diferença de Potencial Elétrico


Em um sistema mecânico onde temos um corpo localizado a determinada altura,
dizemos que esse corpo possui uma determinada energia potencial gravitacional. O
valor da energia potencial gravitacional desse corpo varia proporcionalmente com
a massa do corpo e com a altura que se encontra do chão. Isso porque sabemos,
das leis de Newton, que todo corpo possui massa e por isso corpos se atraem.

Analogamente, as cargas interagem entre si por forças eletrostáticas. Portanto,


se tivermos duas cargas separadas entre si, podemos dizer que elas possuem uma
energia potencial elétrica, capaz de fazê-las se movimentar, por atração ou repul-
são. Essa energia potencial elétrica é definida pela seguinte equação:

q1  q2
Ep  k (2)
r
onde Ep é a energia potencial elétrica, k é a constante eletrostática do meio (para
o vácuo, k = 9 × 109 N.m2/C2), q1 e q2 são as cargas 1 e 2 respectivamente e r é a
distância entre elas.

Da Equação 2, percebe-se que a energia potencial elétrica é diretamente propor-


cional às cargas elétricas e inversamente proporcional à distância entre elas.

O movimento realizado por uma carga, devido à força eletrostática aplicada por
outra, alterará o valor da energia potencial, pois, para que houvesse movimento,
foi realizado o trabalho. Portanto, o trabalho realizado pelo campo elétrico de uma
carga sobre outra será igual à diferença entre a energia potencial final e a energia
potencial inicial. Matematicamente, podemos escrever:

W  E pf  E pi  E (3)

onde W é o trabalho realizado pelo campo elétrico, Epf é a energia potencial final,
Epi é a energia potencial inicial e ∆E é a variação da energia potencial elétrica.

Por definição, o potencial elétrico pode ser representado como:

W (4)
V 
q
onde V é o potencial elétrico, W é o trabalho realizado pelo campo elétrico sobre
uma carga que se desloca do infinito até o ponto em questão e q é a carga que
foi deslocada.

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UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

Assim, podemos escrever a diferença de potencial como:

V  V f  Vi (5)

onde ΔV é a diferença de potencial elétrico e Vf e Vi são o potencial elétrico final e


inicial respectivamente.

Trabalho e potencial elétrico - Aula Grátis de Física Para ENEM e Vestibular - Curso Online
Explor

Gratuito. Disponível em: https://youtu.be/_1anH73EDcY

Então, a diferença de potencial elétrico (DDP) ou tensão elétrica é o trabalho que


deve ser realizado por unidade de carga para se movimentar uma carga qualquer
contra um campo elétrico. A unidade de medida da DDP é Volt, em homenagem
ao físico italiano Alessandro Volta.

A diferença de potencial elétrico, ou tensão elétrica, em um circuito, é responsá-


vel por induzir a corrente elétrica que circula no circuito. Se não houver nenhuma
diferença de potencial no circuito elétrico, não haverá corrente elétrica. Em geral,
a DDP provém de uma fonte de energia (baterias, pilhas, fontes chaveadas, rede
elétrica etc.) ou de componentes armazenadores de carga, como é o caso dos ca-
pacitores e indutores.
Explor

O que é tensão elétrica? Disponível em: https://youtu.be/shuW_SucDEk

Corrente Elétrica
Corrente elétrica é o movimento das cargas elétricas. Como já vimos até aqui, as
cargas elétricas podem se mover no interior de materiais condutores, como metais.
Para que haja movimento das cargas, é necessária uma diferença de potencial. Em
um desenho de circuito elétrico, a fonte que fornece a diferença de potencial é indi-
cada por duas barras paralelas, uma maior do que a outra. A barra maior indica o
maior potencial, e a barra menor, o menor potencial.

Ao se aplicar uma diferença de potencial em um fio condutor, como mostrado na Fi-


gura 4, os elétrons se movimentarão no sentido do maior potencial. Esse é o movimento
real que ocorre com as cargas em um fio condutor. No entanto, foi adotado, como con-
venção, o movimento das cargas positivas no sentido do menor potencial para classificar
essas como corrente elétrica. Portanto, quando tratarmos de corrente elétrica, estaremos
falando de cargas positivas saindo de um potencial maior para um potencial menor.

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Figura 4 – Circuito elétrico alimentado por uma fonte
Fonte: Wikimedia Commons

Quanto maior a diferença de potencial elétrico, maior será a corrente que circu-
lará o fio. Se for utilizada, por exemplo, uma pilha de controle remoto, que possui
1,5V como fonte, a corrente que circulará no fio será muito menor do que uma
bateria de celular de lítio, que possui 3,7V.

Esse circuito elétrico da Figura 4, porém, serve apenas para demonstrar o


sentido da corrente elétrica. A ligação de dois potenciais diferentes com um fio
condutor é chamada de curto circuito. Não faça isso em casa com suas baterias,
pois curtos circuitos geralmente geram faíscas, calor e podem provocar incêndio
e outros acidentes.

A unidade de medida de corrente elétrica é Ampere, em homenagem ao físico


francês André-Marie Ampère. Um Ampere significa uma corrente elétrica onde
passa um Coulomb de cargas por segundo através de um condutor.

Resistência Elétrica
Como o próprio nome sugere, uma resistência elétrica é algo que resiste uma
corrente elétrica. As resistências elétricas podem ter diferentes graus de resistivi-
dade, variando de valores de resistência mais altos, próximos aos materiais iso-
lantes, até valores mais baixos, próximos aos materiais condutores. A unidade de
resistência elétrica é Ohm (símbolo: Ω), em homenagem ao físico alemão Georg
Simon Ohm.

Considerando um circuito elétrico em condições ideais, onde não haja variação


de temperatura, podemos relacionar a resistência elétrica (R) com a diferença de
potencial elétrico (V) e a corrente elétrica (i) de acordo com a primeira lei de Ohm:

V
R= (6)
i

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UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

E também podemos calcular a resistência de um fio condutor utilizando a segun-


da lei de Ohm, onde não é necessário que esse condutor esteja conectado a uma
diferença de potencial elétrico:

L
R (7)
A
onde R é o valor da resistência elétrica, ρ é uma constante de resistividade elétrica
que depende do tipo de material utilizado, L é o comprimento do fio e A é a área
de secção transversal do fio.

A R

Figura 5 – Parâmetros para cálculo da resistência elétrica em um fio condutor

Tanto pela Equação 6 quanto pela Figura 5, podemos verificar que um fio com
maior área de secção transversal possuirá menor resistência e permitirá a pas-
sagem de mais corrente. Porém, se o comprimento for aumentado, a resistência
elétrica também aumentará e o fio dificultará mais a passagem de corrente elétrica.
Explor

Física - Circuito Elétrico. Diponível em: https://youtu.be/IisroPnqW1w

Potência Elétrica
A potência elétrica é uma grandeza medida em Watt, que indica quanto de ener-
gia é dissipada por um componente ou pelo circuito elétrico ou um determinado
período de tempo. Essa dissipação de energia pode ocorrer de várias maneiras. Em
geral, fios condutores dissipam energia na forma de calor, eles esquentam quando
estão passando corrente elétrica. Mas também pode haver dissipação de energia
em um circuito em forma de luz, como é o caso das lâmpadas, ou na forma de som,
como no caso de alto falantes.

No caso de circuitos elétricos, podemos usar, para calcular a potência, sua rela-
ção com a diferença de potencial elétrico e com a corrente elétrica, e suas variantes
com a resistência elétrica:
P  V i (8)

P  R  i2 (9)

V2
P= (10)
R

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onde P é a potência, V é a tensão elétrica, ou DDP, i é a corrente elétrica e R é a
resistência elétrica.

Circuitos Elétricos
A eletricidade só pode ser utilizada em um circuito elétrico. Seja para acender
uma lâmpada, ligar um motor, carregar algum aparelho, ou qualquer outra função,
é necessário o arranjo correto dos componentes em um circuito elétrico.

Para compreendermos melhor o comportamento elétrico de um circuito, preci-


samos conhecer os elementos de um circuito elétrico. A Figura 6 mostra os símbo-
los que são encontrados com mais frequência nos circuitos elétricos e seus respec-
tivos significados. Esses elementos são capazes de descrever a maioria dos circuitos
que utilizamos.

+
R C L V V - I

Resistor Capacitor Indutor Bateria Fonte de Fonte de


tensão corrente
Figura 6 – Elementos de um circuito elétrico.
Fonte: Khan Academy

O resistor é um elemento que gasta energia do circuito, geralmente convertendo


energia elétrica em calor, e, como o próprio nome indica, ele fornece resistência à
passagem de corrente elétrica.

O capacitor e o indutor são elementos que armazenam carga elétrica em seu


interior. O capacitor armazena carga quando conectado em um circuito em paralelo
com outros elementos, conforme mostrado na Figura 7, enquanto o indutor deve
ser conectado em série.

A bateria pode ser a fonte de energia de um circuito (nesse caso, atua como fonte
de tensão), mas também pode ser um elemento que retira energia desse circuito
para se carregar. Em um veículo com motor a combustão, por exemplo, a bateria
funciona como fonte de energia para ligar o carro. Após ligado, a bateria age como
elemento consumidor de energia e passa a se carregar com a energia produzida
pelo alternador.

Fonte de tensão e fonte de corrente são elementos que fornecem energia para
o circuito, na forma de diferença de potencial, forçando a movimentação de cargas
através dos condutores, ou diretamente na forma de corrente contínua, forçada pela
própria fonte.

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UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

A Figura 7 mostra um circuito elétrico contendo uma fonte de tensão (bateria) de


10V e 4 resistores R1 = 20Ω, R2 = 200Ω, R3 = 100Ω, R4 = 50Ω.

R1 20 Ω R2 200 Ω

R3 100 Ω

R4 50 Ω
10 V

Figura 7 – Exemplo de um circuito elétrico

Digamos que seja necessário calcular a potência dissipada por esse circuito elé-
trico. Pelas equações 8, 9 e 10, não temos todos os dados fornecidos pelo circuito,
temos apenas que a tensão V = 10V, mas não temos o valor da corrente que circula
por todo o circuito, nem a resistência total do circuito.

Para descobrir a potência dissipada, precisamos, primeiramente, descobrir o va-


lor da resistência equivalente (Req), que representa o valor total da resistência do cir-
cuito. Podemos observar que os resistores R3 e R4 estão ligados em paralelo entre
eles, enquanto R1 e R2 estão ligados em série. Para calcular a resistência, quando
os resistores estão ligados em série, basta somar os valores dos resistores. Para
calcular a resistência quando os resistores estão ligados em paralelo, é preciso mul-
tiplicar os valores das resistências e dividir esse valor pela soma dessas resistências.

Resolvendo esse exemplo, calcularemos primeiramente a resistência equivalente


entre os resistores R3 e R4:
R3 R 4 100 50 5000
Req( R 3 e R 4) = = = = 33, 33Ω
R3 + R 4 100 + 50 150
Agora, temos uma resistência equivalente a R3 e R4 que se encontra em série
com R1 e R2, conforme a Figura 8:

R1 20 Ω R2 200 Ω
Req 33,33 Ω
10 V

Figura 8 – Resolvendo o circuito elétrico de exemplo

Continuando com a resolução, para encontrarmos a resistência equivalente total


do circuito, basta somar os valores dos três resistores. Temos então:

Req = R1 + R 2 + Req( R 3 e R 4) = 20 + 200 + 33, 33 = 253, 33 Ω

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Agora que temos o valor da resistência equivalente do circuito, podemos calcular
a potência dissipada por ele através da equação 10:

Portanto, a potência dissipada por esse circuito é de 0,4 W.

V2 102
P= = ≅ 0 4W
R 253, 33
Veremos agora um circuito básico para a recarga de uma bateria. Esse é o exem-
plo mostrado na Figura 9, onde uma outra bateria com diferença de potencial maior
carrega outra bateria com diferença de potencial menor.

R 100 Ω
12 V

3,7 V
Figura 9 – Circuito de exemplo

O problema é que os resistores possuem um limite de potência a qual suportam.


Então, precisamos saber qual deverá ser a potência dissipada apenas por esse re-
sistor para que o circuito funcione corretamente.

Para isso, observaremos a Figura 10, onde os fios foram coloridos para facilitar
a visualização.

R 100 Ω
12 V

3,7 V

Figura 10 – Circuito de exemplo

Considerando que estamos diante de um circuito elétrico ideal, então os fios


conectores são condutores perfeitos, onde não há resistência elétrica nem dissi-
pação de calor. Assim, o valor do potencial elétrico em qualquer ponto de um fio
será o mesmo.

Podemos afirmar, então, que tanto a bateria de 12V quanto a de 3,7V possuem
um potencial igual, pois estão conectadas pelo fio azul. Tomando o fio azul como
referência, podemos ainda atribuir a ele o valor de potencial 0V, pois o que nos
interessa é a diferença de potencial.

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UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

Nesse caso, se o fio azul está em um potencial de 0V, então o fio vermelho deverá
estar com uma diferença de potencial de 12V em relação ao fio azul, pois a bateria de
12V nos garante que entre seus terminais deva haver 12V de diferença de potencial.

De forma análoga, o fio verde deverá estar com uma diferença de potencial de
3,7V em relação ao fio azul, pois entre os fios verde e azul temos uma bateria com
diferença de potencial entre seus terminais de 3,7V.

Se temos um potencial de 12V no fio vermelho e 3,7V no fio verde, então a


diferença de potencial nos terminais do resistor R será de 12V  3, 7V  8, 3V .

Já temos o valor da DDP no resistor e o valor da resistência. Podemos utilizar


a equação 10 novamente para encontrar a potência dissipada por esse resistor.

Então:
V 2 8, 32
P= = ≅ 0 69W
R 100
Isso quer dizer que o resistor a ser usado nesse circuito deverá suportar no míni-
mo 0,69 W para o correto funcionamento.

Em geral, a capacidade das baterias é medida em miliampere hora (mAH), que


é a quantidade de carga elétrica transferida por uma corrente elétrica constante no
período de uma hora. Isso quer dizer que uma bateria de lítio (3,7V) que possua
capacidade de 2000 mAH é capaz de alimentar por uma hora um circuito que
consuma 2 amperes de corrente, ou conseguiria alimentar por 10 horas um circuito
que consuma 200 miliamperes de corrente, e assim por diante. De maneira análo-
ga, a recarga de baterias funcionará da mesma maneira. Se o circuito fornecer uma
corrente constante de 2 amperes, em apenas uma hora, essa bateria de lítio estará
totalmente carregada.

Vamos calcular então o tempo de carga da bateria desse circuito, considerando


que sua capacidade total é de 5000 mAH e que a diferença de potencial em seus
terminais não se altera ao longo do ciclo de carregamento.

Para isso, precisamos saber qual é o valor da corrente que passa pelo resistor R.
Já temos o valor da diferença de potencial em seus terminais (VR = 8,3V) e o valor
da resistência (R = 100 Ω). Usando então a Equação 6, da primeira lei de Ohm,
encontramos a corrente da seguinte forma:
V V 8, 3V
R= ⇒ i= ⇒ i= = 0 083 A = 83 mA
i R 100Ω
Então, a corrente que passa através do resistor é de 83 mA. Essa é a quantidade
de carga que é transferida de uma bateria para outra por unidade de tempo. Se a
capacidade da bateria de lítio é de 5000 mAH, então basta dividirmos essa capaci-
dade pela quantidade de carga transferida:

18
5000 mA H
Tempo = ≅ 60 H
83 mA

Aproximadamente 60 horas será o tempo necessário para que essa bateria de


lítio se carregue completamente se estiver ligada no circuito elétrico proposto. Os
circuitos elétricos dos exemplos mostrados eram bastante simples, no entanto, al-
gumas vezes precisamos lidar com circuitos mais complicados que exigem outras
formas de resolver.

O físico alemão Gustav Robert Kirchhoff propôs duas leis, que ficaram conhecidas
como Leis de Kirchhoff, as quais se baseiam no princípio da conservação da carga
elétrica, que determina que as cargas não são perdidas nem criadas em um circuito
elétrico. As Leis de Kirchhoff se dividem em Lei dos Nós e Lei das Malhas, e são um
recurso bastante útil quando precisamos analisar circuitos mais complexos.

A Lei dos Nós, ilustrada na Figura 11, considera como nó um ponto de encontro
de três ou mais ramos de um circuito elétrico. Pelo princípio de conservação das
cargas, a soma de todas as correntes que chegam em um nó deve ser igual à soma
de todas as correntes que saem desse nó.

Figura 11 – Lei dos Nós


Fonte: Wikimedia Commons

Analisando a Figura 11, percebemos duas correntes (i1 e i2) chegando no nó


(ponto preto da figura) e duas correntes (i3 e i4) saindo dele. Pela Lei dos Nós:

i1  i2  i3  i4

A Lei das Malhas considera uma malha como um caminho fechado que pode
ser percorrido pelo circuito elétrico, saindo de determinado ponto do circuito e che-
gando no mesmo ponto. Pelo princípio de conservação de energia, ao circular por
uma malha, o ponto de partida deverá ter o mesmo valor de potencial elétrico que
o ponto de chegada, até porque é exatamente o mesmo ponto. A Figura 12 ilustra
uma situação desse tipo.

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UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

a R1 b
v1
+
v4 R2 v2

d R3 c
v3 R5
v5
Figura 12 – Lei das Malhas
Fonte: Wikimedia Commons

O circuito da Figura 12 possui uma fonte de tensão de valor v4 e quatro resis-


tores R1, R2,R3 e R5, cujas diferenças de potencial em seus terminais são v1, v2,
v3 e v5 respectivamente. O resistor R5, porém, não faz parte da malha escolhida
para analisar. Essa malha compreende os nós a, b, c e d, e os componentes
entre esses nós.

Se partirmos do nó a, por exemplo, e percorrermos os resistores R1, R2, R3


e a fonte v4, chegaremos de volta ao nó a. Somando todas as diferenças de po-
tencial elétrico entre esses nós, deveremos obter sempre zero como resultado.
Lembrando que componentes que consomem ou dissipam energia possuirão
um sinal de tensão, enquanto aqueles que fornecem energia para o circuito
possuirão sinal contrário.

Vamos assumir o sinal positivo para a fonte e o sinal negativo para os resistores.
Então, teremos que:
v1  v2  v3  v4  0

Pela Equação 6, podemos reescrever essa relação como:


 R1. i1  R2 . i2  R3 . i3  v4  0

Onde as correntes i1, i2 e i3 são as correntes que passam pelos resistores R1, R2
e R3 respectivamente.

Analisemos outro circuito, o da Figura 13. Nesse circuito, deseja-se saber qual é
a diferença de potencial entre os terminais do resistor R5. Para isso, começaremos
calculando a resistência equivalente do circuito para encontrarmos a corrente elétri-
ca que é fornecida pela fonte.

20
R1 20 Ω R2 40 Ω

R5 5Ω
10 V R3 60 Ω R4 30 Ω

Figura 13 – Circuito de exemplo

Começando pelas resistências R2 e R4 que estão em série, vamos somá-las.


Teremos então uma Req(R2 e R4) = 70 Ω. Podemos redesenhar o circuito equivalente
como o mostrado na Figura 14.

R 1 20 Ω

Req(R2 e R4) 70 Ω
R5 5Ω
10 V

R 3 60 Ω

Figura 14 – Circuito de exemplo

Em seguida, calculamos a resistência equivalente a R5 com a Req(R2 e R4), que


estão ligadas em paralelo, através da razão entre o produto das resistências pela
soma delas:
R5 Req( R 2 R 4 e R 5) 5 70 350
Req( R 2 R 4 e R 5) = = = = 4 67 Ω
5 + eq ( R 2 R 4 e R 5 ) 5 + 70 75
R R

Assim, obtemos um novo circuito equivalente, conforme a Figura 15.

R1 20 Ω
Req(R2, R4 e R5) 4,67 Ω
10 V

R3 60 Ω
Figura 15 – Circuito de exemplo

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UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

Temos agora apenas três resistores em série. Então, para encontrar o valor da
resistência equivalente, basta somá-los:
R1 + R3 + Req( R 2 R 4 e R 5) = 20 + 60 + 4, 67 = 84, 67 Ω

Portanto, a resistência equivalente desse circuito é igual a 84,67 Ω. Agora, utili-


zando a Equação 6, encontraremos a corrente que é fornecida pela fonte ao circuito:
V V 10
R= ⇒i= ⇒i= = 0 1181 A = 118 1 mA
i R 84, 67
Pela Lei dos Nós, essa corrente de 118,1 mA será dividida entre dois ramos do
circuito, representados pelas correntes i1 e i2, sendo i = i1 + i3 = 118 1 mA , conforme
indicado na Figura 16.

i i1

R1 20 Ω R2 40 Ω
R5 5Ω
10 V

i2

R3 60 Ω R4 30 Ω

Figura 16 – Circuito de exemplo

A corrente i1, após passar pelos resistores R2 e R4, encontra-se novamente com
a corrente i2 e ambas, juntas, voltam a ser a corrente i.

Como pretendemos encontrar a diferença de potencial nos terminais do re-


sistor R5, podemos utilizar a Lei das Malhas e percorrer apenas o circuito por
onde passam as correntes i e i2, desconsiderando a parte onde passa a corrente
i1. Teremos então:
VR1  VR 5  VR 3  10V  0

Reescrevendo de acordo com a primeira Lei de Ohm:


 R1. i  VR 5  R3.i  10V  0

Sabemos os valores de R1, R3 e i, então basta substituirmos e encontrar o valor


de VR5:
−20 0 1181 −VR 5 − 60 0,1181 + 10 = 0

VR5 = 10 − 0 1181 ( 20 + 60 ) = 10 − 0 1181 80


VR5 = 0 552V

Portanto, a diferença de potencial entre os terminais do resistor R5 é de 0,552 V.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Circuito Elétrico
https://bit.ly/2Hl8fl5
Toda Matéria
https://bit.ly/2XV8r2L

Livros
Fundamentos de física
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. v.
3. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2009.
Instalações elétricas
CREDER, Hélio. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

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UNIDADE Conceitos Básicos de Eletricidade

Referências
CIRCUITO ELÉTRICO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia
Foundation, 2018. Disponível em: https://bit.ly/2J4s2su.

COTRIM, A. A. M. B. Instalações Elétricas. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2009.

CREDER, H. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

ELETRICIDADE. In: Toda Matéria. Disponível em: https://bit.ly/2XV8r2L. Aces-


so em: 10 dez. 2018.

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física.


v. 3. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2009.

LARA, L. A. M. Instalações elétricas. Ouro Preto: IFMG, 2012.

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