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Artigo original

Uma abordagem histórica e experimental da Eletrostática

José Nilson Silva1


1 Universidade Federal do Amapá, Ciências Exatas, Curso de Licenciatura Plena em Física

RESUMO: O presente artigo tem por objetivo fornecer ao professor


de ensino médio subsídios históricos relacionados à Eletrostática,
assim como um conjunto de aparatos experimentais que visem auxiliá-
lo a despertar nos alunos o interesse pelo assunto ministrado; tal
pesquisa foi feita de acordo com a seqüência utilizada em diversos
livros didáticos, sendo inserido na mesma o caráter histórico das
principais descobertas, assim como, experimentos que podem ser
utilizados em sala de aula para comprovar uma teoria.
Palavras-chave: Modelo Atômico, Carga elétrica, Campo Elétrico e
Potencial Elétrico.

ABSTRACT: An historic and experimental approach of


Electrostatics. This present paper’s aim is to provide the college or
high school teacher historic subsidy related to electrostatics, as a set of
experimental elements that intend to help him to awake the students to
the interest in the subject taught; this research was executed in accord
with the sequence used in several school books, inserting in it the
historical character of the main discoveries, such as, experiments that
can be used in the classroom to confirm any theory.
Keywords: Atomic model, electric charge, electric field and electric
potential.

rápidas falando sobre o


1 Introdução desenvolvimento histórico do tema,
A Eletrostática, segundo Roditi sendo que o assunto é disposto de
(2005,76), é o “Ramo da Física que forma geral, sem o direcionamento
investiga as propriedades e o específico para o tema tratado no
comportamento dos campos elétricos de capítulo vigente. Portanto, este trabalho
cargas elétricas ou fontes de cargas propõe uma forma diferente de abordar
estacionárias”, ou seja, ela se ocupa das os temas relacionados à Eletrostática no
propriedades das cargas elétricas em ensino médio escolar, utilizando-se de
repouso. O ensino da Eletrostática no argumentos históricos sobre as
nível médio segue um padrão descobertas, e propondo experimentos
estabelecido nos livros didáticos; numa simples, visando o melhor
seqüência em que apenas aproveitamento por parte do professor e
esporadicamente, ou em alguns casos dos alunos.
nos finais dos capítulos, é que temos a Este artigo está disposto em uma
proposição de experimentos e tiras seqüência de conteúdos de acordo com

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livros de vários autores destinados a físico neozelandês Ernest Rutherford


este público, com a ressalva de que os (1871-1937), conhecido como “modelo
referidos conteúdos são abordados com planetário”, sobre o qual iremos nos
o acompanhamento de diversos concentrar.
experimentos, os quais são construídos Em 1909, Rutherford, acompanhado
com materiais de fácil acesso, sendo os de Johannes Hans Wilhelm Geiger
mesmos descritos de forma minuciosa, (1882-1945) e do professor inglês
com a referida explicação física para Ernest Marsden (1889-1970),
cada fenômeno em questão, e com a trabalharam em uma experiência que
disposição de fotos para auxiliar a permitia a observação da trajetória da
compreensão de cada um deles. radiação alfa (também descoberta por
O objetivo desse estudo é fornecer Rutherford). A partir das análises dos
um plano de curso alternativo que sirva resultados dessa experiência,
de apoio tanto para os professores que Rutherford idealizou um novo modelo
atuam no ensino médio, quanto para os atômico; o qual consistia numa região
estudantes, e todos aqueles interessados central, chamada de núcleo atômico,
pelas problemáticas do ensino de que é constituído de prótons e nêutrons,
Física, de forma a despertar nos alunos e ao seu redor existia a eletrosfera
o interesse pela ciência, possibilitar ao constituída por elétrons.
educando a compreensão da forma Partindo do princípio de que todos os
como se concebe o processo científico, corpos são formados por átomos, o qual
em consonância com entendimento dos é formado basicamente por prótons,
fenômenos em questão e a promover a elétrons e nêutrons; tal modelo nos diz
compreensão de que a Física, sendo a que o átomo possui um núcleo formado
ciência dos fenômenos naturais, é em por prótons e nêutrons, e pela
sua essência uma ciência experimental. eletrosfera, que é formada pelos
Portanto a elaboração de qualquer elétrons que giram ao redor do núcleo.
teoria física deve estar sempre Experimentalmente, foi provado que
relacionada ao comportamento de um prótons e elétrons têm comportamentos
sistema físico real. diferentes, sendo convencionado que o
primeiro é carregado positivamente e o
2 Noção de carga elétrica e métodos segundo negativamente; enquanto que
de eletrização os nêutrons são desprovidos de carga
Sabe-se atualmente que os elétrica.
fenômenos elétricos estão intimamente Na França, o cientista Charles
ligados à estrutura da matéria; e muitos François de Cisternay Du Fay (1698-
cientistas propuseram diversas teorias 1739) realizou experiências nas quais
para explicá-los, dentre estas teorias se descobriu a existência de dois tipos de
destacam as dos Modelos Atômicos. eletricidade: a eletricidade vítrea (+) e a
Dentre as quais, destacam-se a teoria eletricidade resinosa (-), percebendo
atômica do cientista inglês John Dalton que a repulsão ou atração entre duas
(1766-1844), o modelo atômico do esferas dependia de como elas eram
cientista inglês Joseph John Thomson eletrizadas. Benjamin Franklin (1706-
(1856-1940) e o modelo atômico do 1790) convencionou os sinais positivos
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(+) e negativos (-) para as cargas inglês Peter Collinson (1693-1768), em


elétricas, a partir de um experimento de que ele fez a seguinte descrição: “... um
eletrização por atrito. Ele atritou um ou mais corpos devem ganhar fogo
bastão de vidro com um pedaço de elétrico de corpos que perdem-no (esta
seda, e convencionou que a seda ficou afirmação é hoje conhecida como a lei
com carga negativa e o bastão com de conservação da carga elétrica)”
carga elétrica positiva. Desta forma (BASSALO, 1996, 301).
ficou estabelecido que todo corpo
repelido pelo bastão estava carregado 2.2 Eletrização por atrito
positivamente, e se fosse atraído por ele Em 1759, o físico inglês Robert
estava carregado negativamente ( ver Symmer (1707-1763) publicou um
experiência 1) . relato de experiências que confirmavam
a idéia de dois fluídos elétricos de Du
2.1 Princípios da eletrostática Fay, de 1733:
“... Symmer observou que pares de
2.1.1 Princípio da atração e repulsão:
meias, de mulher, um branco e um
Cargas com mesmo sinal elétrico se preto, depois de serem vestidas em uma
repelem, e com sinais contrários se mesma perna e posteriormente retiradas
atraem. [provocando o atrito entre a meia e a
Em 1909, o físico norte-americano perna], eram fortemente atraídas quando
Robert Andrews Milikan (1868-1953), separadas a uma certa distancia.
Concluiu então, que todo corpo neutro
realizou experiências com gotas de óleo
tinha uma quantidade igual de cada um
eletrizadas por atrito e concluiu que a
de dois fluidos elétricos de sinais
carga elétrica é quantizada, ou seja, a opostos. Portanto, um corpo eletrizado
quantidade de carga é sempre igual ao teria excesso de um deles sobre o outro.
múltiplo de uma quantidade da carga Contudo, essa concepção de Symmer
elementar, representada por e. Logo, a diferia da de Du Fay, já que para este,
carga elétrica é dada pela equação: as duas eletricidades (“vítrea”e
Q = n.e, (01) “resinosa”) apresentavam o mesmo
19 sinal.” (BASSALO, 1996: 304).
sendo e = 1,6 . 10 C, denominada
de carga elétrica fundamental e n é um Experiência 1: Eletrização por
número inteiro. atrito.
Material: 30 cm de linha de costura,
2.1.2 Princípio da conservação das 01 pedaço de seda, 03 canudos de
cargas elétricas: refresco (sanfonados), 02 bases de
Num sistema eletricamente isolado, isopor para afixar os canudos e 01 tubo
a soma algébrica das quantidades de de cola.
cargas positivas e negativas é Objetivo: Observar a interação entre
constante. dois corpos eletrizados por atrito.
O cientista e estadista norte- Montagem do experimento: Como
americano Benjamin Franklin (1706- primeira etapa cole um canudo numa
1790) relatou diversas experiências que base de isopor, com a parte sanfonada
havia realizado sobre fenômenos para cima. Seguindo para a etapa 2
elétricos ao historiador da ciência, o utilize a tesoura para cortar um canudo
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em quatro partes iguais. Na etapa 3 foram submetidos ao atrito com um


corte 10 cm de linha, em seguida mesmo material, seda; e, desta forma ao
amarre uma ponta na extremidade aproximá-los verificamos a repulsão
superior do canudo preso à base, e outra entre cargas de mesmo sinal, neste
ponta num dos pedaços de canudo. Na caso, as cargas distribuídas nas
quarta etapa o pêndulo que já está superfícies dos pedaços de canudo.
montado é denominado Pêndulo
elétrico. Repita as etapas 1, 2 e 3, e faça 2.3 Eletrização por indução e por
outro pêndulo. Passando para a etapa 5 contato
utilize o pedaço de seda para atritar os Bassalo (1996) relata as observações
dois pedaços de canudo que estão efetuadas pelo médico inglês William
suspensos nos pêndulos. Finalizando Gilbert (1544-1603) em 1600:
com a etapa 6 aproxime os dois “... Observou, também, que o cristal de
pêndulos, de forma que as partes rochas e uma grande variedade de
suspensas fiquem próximas. Verifique o pedras preciosas apresentavam o mesmo
que ocorre entre os pedaços de canudos. comportamento do âmbar, isto é,
atraíam corpos leves quando atritados
[processo de indução elétrica]. Como
em grego elektron significa âmbar,
Gilbert denominou de elétricos, os
corpos que se comportam como o
âmbar; às substâncias que não
conseguira “eletrizar” (como, por
exemplo, os metais), denominou-as de
não-elétricas. Ao estudar a eletrização
dos corpos por fricção, Gilbert achava
Figura 1: Ao lado esquerdo temos 02 canudos
que tal eletrização decorria da remoção
antes da eletrização. Nenhuma perturbação é de um fluído, ou humour (substância
verificada no sistema. Ao lado direito temos 02 etérea e imaterial) desses mesmos
canudos depois da eletrização por atrito. corpos, deixando um effluvium elétrico,
Verifique a repulsão entre os mesmos. ou atmosfera, em seus redores...”
(BASSALO, 1996:120).
Análise da experiência
Também Bassalo (1996) cita que, em
O atrito entre os corpos favorece ao
1762, o físico sueco Johan Carl Wilcke
processo de eletrização, ou seja, quando
(1732-1796) publicou um trabalho
dois corpos são atritados entre si um
descrevendo suas experiências sobre a
dos dois perde elétrons para o outro;
eletrização por indução.
tornando-se dessa forma eletrizado
Experiência 2: Eletrização por
positivamente, enquanto que aquele que
Indução elétrica.
recebeu elétrons fica carregado
Material: 01 Pêndulo eletrostático
negativamente (mais elétrons do que
(ver experiência 1), 01 canudo
prótons). Este processo é chamado de
sanfonado de refresco, 01 par de luvas
Eletrização por Atrito. Logo, os dois
de borracha e um pedaço de seda.
pedaços de canudo que foram atritados
Objetivo: Verificar como ocorre o
ficaram carregados com carga elétrica
processo de eletrização por indução.
de mesmo sinal, já que os mesmos
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Montagem do experimento: Na Percebemos que ao aproximarmos o


etapa 1, sem utilizar as luvas, toque pedaço de canudo que foi atritado com
com suas mãos no canudo suspenso a seda, do canudo suspenso, ocorre uma
pelo fio. Seguindo para a etapa 2 atração entre eles. Já sabemos que o
coloque as luvas de borracha, depois pedaço do canudo que sofreu atrito está
pegue o pedaço de seda e o atrite com o eletrizado. Ao tocarmos, sem as luvas,
canudo sanfonado de refresco. Na no canudo suspenso no pêndulo,
terceira etapa aproxime o canudo que garantimos que o mesmo esteja
sofreu o atrito, do pedaço de canudo eletricamente neutro, pois se tal canudo
que está suspenso pela haste. Verifique estivesse carregado negativamente, seu
o que ocorre entre os canudos. excesso de cargas elétricas negativas
seria distribuído pelas dimensões de
nosso corpo; e se estivesse carregado
positivamente, ele atrairia cargas
negativas do nosso corpo de modo a
ficar eletricamente neutro. Então,
devemos entender o que ocorre no
canudo suspenso para que ocorra a
atração. Verifique o esquema mostrado
na figura abaixo:

Figura 2: O canudo eletrizado ao ser


aproximado do que está eletricamente neutro
(canudo suspenso) provoca o fenômeno da
indução elétrica no mesmo. Figura 3: Ao aproximar o corpo carregado
eletricamente do descarregado, verificamos
Continuando a montagem, na etapa 4 que ocorre uma redistribuição das cargas
repita a etapa anterior, porém, quando o elétricas dentro do corpo eletricamente neutro.
canudo suspenso for atraído pelo
As cargas positivas, como ilustrado
canudo carregado eletricamente, efetue
na figura 5, do corpo eletrizado atraem
um breve contato do corpo induzido
os elétrons do outro corpo, provocando
com a terra, o qual pode ser feito
uma redistribuição das cargas no
através de um simples toque de mão
interior do mesmo. Deste modo,
(este contato pode ser efetuado por um
comparando a experiência com tal
ajudante, para facilitar na execução do
esquema de interação eletrostática
experimento); depois afaste o canudo
conclui-se que, por indução, a parte do
que foi atritado. Finalizando na etapa 5,
canudo suspenso que está nas
aproxime um canudo eletricamente
proximidades do canudo eletrizado, fica
neutro do canudo suspenso. Verifique o
com carga contrária a este. Pelo
que ocorre entre os dois canudos.
Princípio da atração e repulsão,
Análise da experiência
sabemos que cargas de sinais contrários
se atraem, ocasionando, desta forma, a
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deflexão do canudo suspenso, percebida que aquela do canudo que foi eletrizado
na terceira etapa da experiência. por atrito. Sabendo-se que ocorre essa
Na quarta etapa, temos de início, transferência de cargas,
uma divisão das cargas elétricas no compreendemos o motivo da diferença
interior do canudo. Ao ser efetuado o nas perturbações, já que agora teremos
contato do corpo induzido com a terra uma carga elétrica menor no canudo
(através do toque de mão), podem suspenso. Este tipo de eletrização,
ocorrer dois efeitos, se o toque for referindo-se ao pedaço que ficou
efetuado na região onde estejam as eletrizado após o contato, é conhecido
cargas elétricas negativas, elas irão ser como Eletrização por Contato.
distribuídas pela superfície do nosso Se os corpos que forem colocados
corpo, e depois descer para a terra, em contato neste último tipo de
tornando o canudo carregado eletrização, possuírem as mesmas
positivamente ou se o toque for formas e dimensões, quando cessarmos
efetuado numa região onde as cargas o referido contato eles apresentar-se-ão
elétricas positivas estejam com cargas iguais, e a soma delas será
concentradas, elas atrairão cargas numericamente igual à carga inicial.
elétricas negativas do nosso corpo,
tornando o canudo carregado 2.4 Condutores e isolantes
negativamente. Logo, percebe-se que Existem materiais que apresentam a
de uma forma ou de outra o canudo propriedade de serem bons condutores
suspenso ficará eletrizado; o que é de eletricidade, os quais são
constatado na quinta etapa, quando denominados condutores; enquanto que
aproximamos dele, um canudo existem outros que impedem tal
eletricamente neutro, e observamos que condução, que são denominados
ocorre uma pequena interação entre os isolantes.
mesmos. Tal processo é denominado de Foi o físico anglo-francês John
eletrização por indução. Theophilus Desaguiliers (1683-1744)
E se, na terceira etapa, ao invés de quem utilizou pela primeira vez os
apenas aproximar o canudo maior do termos condutores e insuladores
canudo que está suspenso, for efetuado (isolantes), em 1739, ao se referir aos
o contato entre estes? corpos condutores de “fluídos” elétricos
Neste caso, após tal contato, e aos que isolavam o mesmo “fluído”
aproximamos um canudo eletricamente na região em que eram atritados,
neutro do canudo que está suspenso. respectivamente (BASSALO, 1996).
Verificamos neste caso que a Segundo Rocha (2002), os
perturbação será menor, relacionada fenômenos de condução e indução
àquela ocorrida antes. Isto acontece elétrica entraram no mundo da ciência
devido ao fato de que ao realizar o em 1729, pelo inglês Stephen Gray
contato, ocorrerá uma redistribuição da (1696-1736), o qual fez o seguinte
carga elétrica nestes dois corpos, comunicado aos cientistas da época:
acarretando, assim, que o corpo que foi “... a virtude elétrica de um tubo atritado
carregado eletricamente por contato, pode ser transmitida a outros corpos
apresenta uma carga elétrica menor do com os quais ele está em contato e,

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então dar-lhes a mesma propriedade de Foram os físicos norte-americanos


atração que possui o tubo atritado.” Richard Chace Tolman (1881-1948) e
(ROCHA, 2002: 193) Thomas Dale Stewart que apresentaram
Ele descreveu sua descoberta num à sociedade científica de Físicos, por
artigo que publicou na revista meio de uma publicação na Physical
Philosophical Transactions, onde ele Review 8, o resultado de uma
fez a distinção entre os corpos que experiência em que comprovaram que a
conduzem e aqueles que não corrente elétrica nos metais era
apresentam tal propriedade. Tal composta de elétrons livres
descoberta foi alicerçada por meio do (BASSALO, 2000).
caráter experimental do trabalho desse Experiência 3: Condutores e
cientista. O físico Bassalo (1996) isolantes.
descreve uma dessas experiências que Material: 01 Bastão de vidro, 01
foi crucial para a distinção entre Bastão metálico, 02 m de fio elétrico,
materiais com propriedades condutoras 01 rolo de fita isolante, 01 alicate
de eletricidade, e aqueles com universal, 01 chave de fenda, 01 bateria
propriedades isolantes. Bassalo de 9 V, 02 pares de garra jacaré, 01
descreve tal experiência conforme chave de duas posições e 01 lâmpada
abaixo: pequena.
“... um tubo de vidro tampado com uma Objetivo: Comparar o
rolha de cortiça em uma de suas comportamento dos materiais isolantes
extremidades era atritado com um
e condutores de eletricidade.
pedaço de lã e, em conseqüência disso,
a rolha passou a atrair corpos leves. Em Montagem do experimento: Como
outra experiência, Gray observou que o etapa 1, corte o fio elétrico em 4 partes
comportamento da rolha de cortiça seria de 20 cm cada, e descasque todas as
o mesmo se ela estivesse ligada ao tubo pontas. Na segunda etapa pegue um dos
de vidro por intermédio de um fio longo fios de 20 cm. Com a utilização do
de cânhamo. De outra feita, em vez de alicate universal, e caso necessário da
pendurar a corda verticalmente, ele a chave de fenda, prenda uma garra
manteve na posição horizontal, jacaré em cada extremidade. Utilize a
pendurada no teto por meio de várias fita isolante para isolar cada contato
fitas de seda. Contudo, um certo dia elétrico. Dando seqüência na etapa 3
partiu-se uma dessas fitas e ele a verifique que a lâmpada possui dois
substituiu por um fio de cobre. Em
contatos. Pegue 2 fios elétricos e prenda
virtude disso, Gray observou que a
rolha de cortiça não mais se uma extremidade de cada um deles em
eletrizava.”(BASSALO, 1996: 298) cada um dos contatos da lâmpada. Isole
Além disso, ele descreveu o que os contatos com fita isolante. Em
chamou de eletrização por influência, seguida prenda a ponta livre de um dos
ou seja, a propriedade que certos corpos fios elétricos numa garra jacaré. Isole
possuem de sofrerem atração elétrica com fita isolante. Na etapa 4 pegue o
mesmo sem serem tocados; o que fio elétrico que sobrou e prenda uma
conhecemos como fenômeno de das pontas na garra jacaré restante, e a
Indução Elétrica (descrito na outra extremidade num dos contatos da
experiência 2). chave de duas posições. Na etapa 5
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prenda a garra jacaré do fio que está eletrostática externa, mesmo de


ligado à lâmpada no pólo negativo da pequena intensidade, os mesmos podem
bateria (escolha por convenção). Pegue desprender-se da estrutura atômica,
o fio com garra jacaré nas duas pontas. tornando-se elétrons livres. São estes
Prenda uma delas no pólo positivo da elétrons os responsáveis pela condução
bateria, e a outra ponta numa das de eletricidade nos metais. Substâncias
extremidades do bastão metálico. que possuem tal propriedade são
Seguindo para a etapa 6 prenda a garra chamadas de condutoras, como a barra
jacaré do fio que está ligado à chave de metálica descrita na experiência.
duas posições na extremidade livre do Nas sete primeiras etapas temos a
bastão metálico. Na sétima etapa descrição da montagem do
coloque a chave de duas posições na experimento, que finalizamos com um
posição desligada. Prenda a ponta do circuito (dispositivo que fornece
fio elétrico livre no contato que fechará caminhos ao longo dos quais os
o circuito quando a chave for colocada portadores de cargas podem se mover)
em posição ligada. Isole o contato com de ligação de uma lâmpada, acionado
fita isolante. Passando para a etapa 8 através de uma chave de duas posições,
passe a chave para a posição ligada. e uma bateria (dispositivo com energia
Verifique o que ocorre com a lâmpada. química interna) servindo para
Concluindo na etapa 9 passe a chave gerarmos o fluxo dos elétrons livres em
para a posição desligada. Substitua o um sentido, fazendo com que exista
bastão metálico pelo bastão de vidro. uma corrente elétrica (fluxo de cargas
Passe a chave para a posição ligada. elétricas numa determinada superfície)
Verifique o que ocorre com a lâmpada. através do fio.
Na oitava etapa, ao passarmos a
chave para a posição fechada,
verificamos que a lâmpada acende. Isto
se deve ao fato de que a diferença de
potencial aplicada na barra metálica
provoca o desprendimento dos elétrons
da última camada da eletrosfera dos
átomos do metal em questão, estes
elétrons se espalham pela sua
Figura 4: Ao lado esquerdo o bastão metálico superfície, tornando-a eletrizada;
permite a condução elétrica, e a lâmpada
acende. Ao lado direito o bastão de vidro atua
permitindo a passagem de corrente
como isolante elétrico, impedindo desta forma elétrica pelo fio, fechando o circuito.
que a lâmpada acenda. Enquanto que na 9a etapa, ao
substituirmos a barra metálica por uma
Análise da experiência
de vidro, é observado que a lâmpada
Em alguns elementos químicos, os
não acende. Isto se deve ao fato de que
elétrons das camadas eletrônicas mais
existem materiais nos quais seus
externas se encontram fracamente
átomos possuem os elétrons da última
ligados ao núcleo atômico, de modo
camada fortemente ligados ao núcleo (o
que quando são submetidos a uma força
vidro é um exemplo), logo, possuem
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dificuldades em desprendê-los. Logo, Montagem do experimento: Na


os seus elétrons não se distribuem por etapa 1 deve-se cortar o isopor, com e
toda a estrutura da barra, devido à falta estilete, de modo que o mesmo sirva de
de elétrons livres; fato este que impede tampa para o recipiente de vidro.
a passagem de corrente elétrica. Passando para a etapa 2, a haste
Materiais deste tipo são denominados metálica deve ser cortada e dobrada em
isolantes. L, com o alicate; sendo que a
extremidade do lado maior deve ser
2.5 Eletroscópios dobrada de forma que possa encaixar a
Retomando, a experiência 1, o esfera condutora. Acople a haste ao
pêndulo proposto é um aparelho que faz centro da tampa de isopor, introduzindo
parte de um conjunto de aparelhos a mesma pelo seu lado maior. Na
chamados de eletroscópios, os quais são terceira etapa corte o papel alumínio em
destinados a averiguar se um corpo está 02 pedaços pequenos, com as mesmas
eletrizado. Se ao aproximarmos um dimensões, e efetue um furo em cada
corpo do canudo suspenso, e o mesmo um de modo que encaixe no lado menor
for atraído ou repelido, o corpo está da haste metálica. Encoste os pedaços
eletrizado. Se não houver perturbação, de papel entre si. Etapa 4, encaixe a
o corpo está eletricamente neutro. O esfera metálica na extremidade livre do
canudo pode ser substituído por uma bastão metálico. Na quinta etapa
pequena esfera de material leve, como o coloque o conjunto já montado sobre o
isopor, sendo coberta por uma fina recipiente de vidro, de modo que as
camada de metal, por exemplo, papel folhas de alumínio fiquem no interior
alumínio. do recipiente, e a esfera condutora no
Em 1706, o cientista inglês Francis seu exterior. Finalizando na sexta etapa,
K. Hauksbee (1666-1713) construiu o eletrize o canudo por atrito, utilizando o
primeiro eletroscópio de folhas com pedaço de seda, e posteriormente
dois pedaços de palha suspensos lado a aproxime o canudo da esfera. Verifique
lado da extremidade inferior de uma o que ocorre com as folhas de alumínio.
lâmina, verificando se um corpo estava
eletrizado ou não (BASSALO, 1996).
Experiência 4: Eletroscópio de
folhas.
Material: 01 Recipiente de vidro; 01
estilete, 01alicate universal, 01 pedaço
de haste metálica (raio de bicicleta, por
exemplo), 01 folha de papel alumínio,
01 canudo de refresco, 01 pedaço de
isopor, 01 pequena esfera condutora e
01 pedaço de seda. Figura 5: Do lado esquerdo temos o
Objetivo: Realizar indução eletroscópio de folhas antes da indução elétrica
(verifique que as folhas de papel alumínio
eletrostática e ver o funcionamento do estão juntas), e do lado direito mostramos a
eletroscópio de folhas. aproximação entre o canudo eletrizado e o
eletroscópio, o qual induz eletricamente o
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conjunto metálico, provocando a repulsão entre Coulomb também obteve outros


as folhas de papel alumínio. resultados importantes em decorrência
Análise da experiência de suas experiências, tais como a
A explicação para tal fenômeno é o observação de que a carga elétrica se
mesmo da eletrização por indução, já situa na superfície externa do condutor,
que é exatamente isto que ocorre. Logo, e também observou que o ar não era um
se o corpo que aproximamos da bola isolante ideal.
condutora estiver eletricamente neutro, A Lei de Coulomb pode ser
as folhas do eletroscópio não se abrirão, enunciada do seguinte modo:
porém se o mesmo estiver eletrizado, “A intensidade da força de ação
ocorrerá indução elétrica, já mútua entre duas cargas elétricas
demonstrada na experiência 2, e as puntiformes é diretamente proporcional
cargas que tiverem mesmo sinal que as ao produto dos valores absolutos das
do indutor (canudo) ficarão cargas e inversamente proporcional ao
concentradas nas folhas metálicas, quadrado da distância que as separa”.
provocando sua abertura, devido à (RAMALHO et al., 1999: 17).
repulsão entre as cargas de mesmo
sinal. A representação quantitativa da Lei
de Coulomb é a seguinte:
2.6 Lei de Coulomb  q q
F =K. 1 2 2 (02)
Joseph Priestley (1733-1804) d
publicou em 1767 o livro intitulado “A Onde: F representa a força elétrica,
história e a situação atual da K a constante eletrostática, q1 e q 2
Eletricidade”. Neste trabalho ele supôs são os valores absolutos das cargas | q1 |
que a força elétrica deveria diminuir de e | q 2 |, e d é a distância entre as cargas.
intensidade com o inverso do quadrado
Experiência 5: Ação da Força
da distância; “essa suposição decorreu
Elétrica.
do fato dele haver observado que
Material: 01 pente de cabelo, 01
pedacinhos de cortiça colocados no
folha de papel e 01 tesoura.
interior de um recipiente metálico não
Objetivo: Verificar a ação da força
sofriam nenhuma influência elétrica”
elétrica sobre os corpos.
(BASSALO, 1996).
Montagem do experimento: Na
Em 1770, o físico inglês Henri
etapa 1 corte a folha de papel em tiras
Cavendish (1731-1810) observou,
pequenas. Enquanto que na etapa 2
experimentalmente, que a força elétrica
passe o pente diversas vezes pelo
variava com o inverso do quadrado da
cabelo, provocando seu atrito. Etapa 3,
distância. Ele avaliava a intensidade da
aproxime o pente atritado dos pedaços
força elétrica através de choques
de papel e verifique o ocorre com os
elétricos em seu próprio corpo. Mas foi
mesmos.
em 1785 que Charles Augustin
Coulomb (1736-1806) provou, com
relativa precisão, a hipótese de
Priestley, ao utilizar uma balança de
torção (BASSALO, 1996).
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Uma abordagem história e experimental da Eletrostática 109

Segundo Ramalho et al.(1999) temos o


seguinte conceito de linhas de
força:“linhas de força são linhas
tangentes ao vetor campo elétrico em
cada um de seus pontos. As linhas de
força são orientadas no sentido do vetor
campo”.(RAMALHO et al., 1999: 53).
Em 1821, Faraday publicou um
artigo no Quarterly Journal of Science,
onde registrou suas primeiras idéias
sobre linhas de força (BASSALO,
Figura 6: O pente eletrizado atrai os pedaços
1996). Através de seus estudos ele
de papel, que são eletricamente induzidos, por
intermédio de uma Força elétrica. concluiu que “cargas elétricas isoladas
positivas e negativas seriam geradas
Análise da experiência pela dissociação e seriam pontos para
Ao passarmos o pente nos cabelos, onde as linhas de campo deveriam
realizamos uma eletrização por atrito no convergir ou de onde deveriam
pente. Posteriormente, ao divergir” (CRUZ, 2005).
aproximarmos o pente dos pequenos Segundo Halliday et al.(2003) a idéia
pedaços de papel, observamos que os de campo elétrico foi introduzida por
mesmos são atraídos pelo pente. Tal Michael Faraday (1791-1867), no
processo é devido à indução elétrica século XIX. Um grande
nos pedaços de papel. Esta atração é questionamento da época estava em
devido à força eletrostática que atua torno do que fazia uma carga q 1
entre as cargas elétricas.
interagir com uma carga q 2 , mesmo
3 Campo Elétrico afastadas entre si. Faraday sugeriu que
o espaço que circunda um corpo
3.1 O campo elétrico e sua carregado fosse preenchido com “algo”
representação física que pudesse puxar ou empurrar; o que
Verificamos anteriormente que, se foi denominado de linhas de força.
nas proximidades de certa carga elétrica 3.2 Comportamento de um condutor
Q colocarmos outra carga q, ocorrerá eletrizado
uma força elétrica entre as duas cargas.
Porém, se estas cargas elétricas não se Ao se atritar um corpo condutor, este
tocam como elas conseguem exercer fica carregado eletricamente, de modo
forças entre si? que as cargas se distribuem pela
A resposta está no conceito de superfície do condutor, atingindo no
Campo Elétrico, que foi introduzido final uma situação denominada de
pelo físico e químico britânico Michael equilíbrio eletrostático. A distribuição
Faraday (1791-1867), que, através de das cargas na superfície se dá de tal
seus experimentos, verificou que o forma que no interior do condutor o
espaço ao redor de um corpo carregado campo elétrico é nulo.
é preenchido com linhas de força.

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110 Silva

Em 1779, o físico e matemático


francês Pierre Simon (1749-1827) fez
uma relação entre condutor esférico e a
forma como a força elétrica atua ao
afirmar, em uma de suas publicações,
que “se não há cargas no interior de um
condutor esférico, a lei da força elétrica
deve ser a do inverso do quadrado da
distancia” (BASSALO, 1996).

3.2.1 Campo elétrico no interior de Figura 7: A eletrização por contato do metal


um condutor eletrizado faz com que os pedaços de papel externos
sejam repelidos, enquanto que os internos não
Experiência 6: O valor do Campo sofrem nenhuma influência.
elétrico no interior de um condutor
eletrizado. Análise da experiência
Material: 01 pente de cabelo, 01 Ao atritar o pente nos cabelos, ele
folha de papel de seda, 01 tesoura, 01 fica eletrizado. Posteriormente, ao
lata de metal, 01 suporte de isopor e 01 efetuar o contato do mesmo com a
fita adesiva. superfície do condutor metálico (lata),
Objetivo: Verificar a ação do campo estaremos eletrizando o condutor por
elétrico no interior de condutor contato. Ao repetirmos tal
eletrizado. procedimento algumas vezes o
Montagem do experimento: Como recipiente adquire uma carga
etapa 1 coloque a lata metálica sobre o considerável. Como a carga na
suporte de isopor. Já na segunda etapa superfície externa de um condutor se
corte o papel em tiras finas, e prenda distribui na própria superfície externa,
com fita adesiva algumas destas tiras na as tiras de papel de seda também se
parte externa da lata e outras na parte eletrizam com a mesma carga do
interna. Na etapa 3 eletrize o pente condutor, vindo depois a repelirem-se,
passando-o em seus cabelos, e em o que é observado com o afastamento
seguida encoste-o no recipiente das tiras em relação à superfície externa
metálico. Repita esta operação algumas da lata; enquanto que no interior da lata
vezes. Observe o que acontece com as não ocorre tal fenômeno, devido ao fato
tiras de papel. Concluindo na etapa 4 de o campo elétrico no interior de um
observe que as tiras da parte externa são condutor eletrostático ser nulo.
repelidas, enquanto que as da parte
3.2.2 A gaiola de Faraday
interna não sofrem influência.
É necessário verificar que a
propriedade de o campo elétrico ser
nulo no interior do condutor é válida
tanto para condutores maciços, quanto
para condutores com cavidade interna.
Esta é a chamada Blindagem
Eletrostática, a qual protege vários
Estação Científica (UNIFAP) Macapá, v. 1, n. 1, p. 99-113, 2011
Uma abordagem história e experimental da Eletrostática 111

equipamentos eletrônicos através de um papel. Etapa 3, coloque a peneira de


envoltório metálico; protegendo-os plástico (limpa e seca) entre os pedaços
desta forma de possíveis influências de de papel e o pente; e verifique o que
fenômenos elétricos externos. ocorre entre o pente e os pedaços de
De acordo com Máximo e Alvarenga papel. Conclua na quarta etapa
(1997), Michael Faraday já era substituindo a peneira de plástico pela
conhecedor do fenômeno denominado peneira de metal, e verifique o ocorre
Blindagem Eletrostática. Vindo a entre o pente e os pedaços de papel.
realizar uma famosa experiência, para
poder provar sua existência. Faraday
entrou numa gaiola metálica, a qual
estava montada sobre suportes
isolantes, com um eletroscópio em
mãos, a qual foi em seguida eletrizada
intensamente por seus assistentes. O
cientista não sofreu dano algum, e
Figura 8: Ao lado esquerdo os pedaços de
também não foi verificada nenhuma papel são cobertos por uma peneira de plástico,
deflexão nas folhas do eletroscópio, a qual não impede que os mesmos sejam
demonstrando desta forma que a gaiola atraídos pelo pente eletrizado; enquanto que ao
metálica, apesar de não possuir uma lado direito os pedaços de papel ao serem
superfície contínua, apresenta a cobertos por uma peneira de metal não sofrem
nenhuma influência elétrica do pente
propriedade de proteger seu interior de eletrizado, devido a uma blindagem
quaisquer influências de fenômenos eletrostática feita de peneira metálica.
elétricos externos; tal experimento
ficou conhecido como Gaiola de Análise da experiência
Ao atritar o pente nos cabelos ele
Faraday, o qual demonstra que um
condutor carregado eletriza-se apenas fica eletrizado por atrito, e ao
em sua superfície externa. aproximá-lo dos pedaços de papel, estes
serão induzidos eletricamente; logo,
Experiência 7: Gaiola de Faraday
serão atraídos pelo pente. Ao cobrir os
Material: 01 folha de papel, 01
pente, 01 peneira de plástico, 01 pedaços de papel pela peneira de
peneira de metal, 01 tesoura e uma plástico, o processo de atração destes
papéis pelo pente não sofre nenhuma
caixa de papelão (8,00 cm x 6,50 cm).
Objetivo: Compreender em que influência, já que a referida peneira por
tipos de materiais ocorre a blindagem ser de plástico, que é um isolante, não
interferirá na atração. Porém, ao trocar
eletrostática.
Montagem do experimento: Na a peneira de plástico por uma de metal
primeira etapa, utilizando a tesoura, não verificamos mais nenhuma
recorte pequenos pedaços de papel, e interação eletrostática entre o pente e os
pedaços de papel, já que a mesma
em seguida os coloque sobre a caixa de
papelão. Na etapa 2 atrite o pente em constitui a chamada Blindagem
seu cabelo, e depois o aproxime dos Eletrostática, devido o seu material ser
metálico.
pedaços de papel. Verifique o que
ocorre entre o pente e os pedaços de
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112 Silva

4 Conclusão referência para construção de


Este trabalho constou de uma experiências novas, abrindo desta forma
abordagem histórica e experimental da espaço para explorar a criatividade ao
Eletrostática. E de acordo com o que foi trabalhar o caráter experimental da
observado, percebemos a importância Física, tendo em mãos sempre a
de se compreender como se deram as explicação científica vigente a respeito
descobertas científicas referentes às do fenômeno tratado.
cargas em repouso, pois através de tal Referências
conhecimento histórico, pode-se
analisar os fenômenos em questão com BASSALO, J. M. F. Crônicas da
um olhar mais crítico, já que além de Física. Tomo 4. Belém: EDUFPA,
estar sendo explicitada a teoria em 1994.
questão, o mesmo é feito de forma a BASSALO, J. M. F. Eletrodinâmica
conscientizar de como se dá o processo clássica. São Paulo: Livraria da Física,
científico, através de muito esforço, por 2007.
vezes enfrentando limitações de BASSALO, J. M. F. Nascimentos da
recursos e materiais, outras tendo de Física (1901-1950). Belém: EDUFPA,
repetir várias vezes a mesma 2000.
experiência, alterando apenas alguns BASSALO, J. M. F. Nascimentos da
parâmetros, e outras vezes partindo de Física (3500 a.C.-1900 a.D.). Belém:
um trabalho já existente de outro EDUFPA, 1996.
cientista, aprofundando o conhecimento CRUZ, F. F. S. Faraday & Maxwell -
disseminado por este, ou alterando as Luz sobre os campos. São Paulo:
conclusões a que o mesmo já tinha Odysseus, 2005.
chegado; ou seja, dessa forma é desfeita
DIAS, V.; MARTINS, R. Michael
a falsa idéia de que teorias científicas
Faraday: O caminho da livraria à
de alta relevância para o progresso da
descoberta da indução eletromagnética.
sociedade surgiram de uma idéia
Ciência & educação, 10 (3): p.517-530,
repentina de um gênio, sendo dessa
2004.
forma já totalmente fundamentada.
O trabalho com experimentos nos FARADAY, M. A história química de
mostra as diversas possibilidades de se uma vela. As forças da matéria. Intr.
comprovar o que se estuda na teoria a James Clerk Maxwell. Trad. Vera
partir de aparatos experimentais Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto,
construídos com materiais acessíveis, 2003.
ocasionando indagações a respeito do FREIRE, P. Pedagogia da autonomia:
fenômeno físico a que se refere, saberes necessários à pratica educativa.
provocando dessa forma a curiosidade, Coleção Leitura. São Paulo: Paz e
a interação com o processo, e, Terra, 1996.
conseqüentemente, uma compreensão GUERRA, A. et al. A
mais concisa dos fenômenos interdisciplinaridade enquanto projeto
eletrostáticos. O professor e os alunos para o ensino secundário a partir de
podem utilizar este material como uma perspectiva histórico-filosófica.

Estação Científica (UNIFAP) Macapá, v. 1, n. 1, p. 99-113, 2011


Uma abordagem história e experimental da Eletrostática 113

Caderno Brasileiro de Ensino de PARANÁ, D. Física volume 3:


Física, v. 15, n. 1, p. 32-46, 1998. eletricidade. 4. ed. São Paulo: Ática,
GUERRA, A.; REIS, J. C.; BRAGA, 1995.
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em física: uma disciplina que busca divertida: inventos eletrizantes
mudar concepções dos alunos sobre a baseados em materiais reciclados e de
natureza da ciência. Revista Brasileira baixo custo. 2. ed. Belo Horizonte:
de Ensino de Física, v. 29, n. 1, p. 127- UFMG, 2002.
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NERY, J. R.; BORGES, M. L. Artigo recebido em 28 de novembro de 2011.
Orientações técnicas para elaboração Aprovado em 28 de fevereiro de 2011.
de trabalhos acadêmicos. Macapá:
UNIFAP, 2005.

Estação Científica (UNIFAP) Macapá, v. 1, n. 1, p. 99-113, 2011

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