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Tales de Mileto (624 a.C - 556 a.C) notou um efeito parecido ao atritar um pedaço de papel de
âmbar no pêlo de um animal. O âmbar é um sólido de origem fóssil, encontrado em resinas de certos tipos
de madeira. Após o atrito, esse material passou a atrair outros objetos, como penas e pedacinhos de palha.
O relato da observação experimental de Tales costuma ser considerado o marco inicial desse ramo
da Física chamado Eletricidade - nome derivado da palavra grega electron, que significa
“âmbar-amarelo”.
No entanto, a propriedade do âmbar de atrair, quando atritado, só passou a ser estudada mais
detalhadamente cerca de 22 séculos depois de Tales. No século XVI foram realizadas algumas
experiências para tentar compreender as propriedades do âmbar. Há documentos que comprovam que,
nessa época, William Gilbert, médico inglês da rainha Elizabeth I, observou o mesmo efeito que Tales,
mas em diversos outros materiais, como vidros, enxofre, seda, lã, entre outros.
William Gilbert organizou seus estudos, incluindo estudos sobre ímãs, magnetismo e magnetismo
terrestre na obra De Magnete (sobre ímãs), publicou em 1600 uma das obras mais importantes da história
de Ciência e que influenciou vários cientistas e pensadores da época, entre os quais os astrônomos alemão
Johannes Kepler e o italiano Galileu Galilei. Essa obra inaugurou o estudo sistemático do magnetismo e
da eletricidade.
Em 1672, o alemão Otto Von Guericke construiu o primeiro gerador de cargas elétricas. O
dispositivo consistia em uma esfera de enxofre que, ao ser girada por uma manivela e esfregada com a
mão ou com um pedaço de couro seco, produzia grande quantidade de eletricidade estática, capaz de
atrair pequenos objetos, como pedaços de palha, papel e penas. Nessa época, muita gente se divertiu em
espetáculos e reuniões sociais em que as pessoas recebiam e aplicavam choques elétricos utilizando a
eletrização por atrito.
2. CARGA ELÉTRICA
O que será que acontece no interior da matéria quando ela é atritada com outras natureza diferente?
Quando você atrita dois corpos, duas naturezas são modificadas ou apenas ganham uma nova
propriedade?
Sabemos hoje que a matéria é formada de átomos (do grego, “indivisível”). Por muito tempo,
pensou-se que os átomos fossem os tijolos do Universo, a menor parte material. No entanto, descobriu-de
que em suas constituição estão inúmeras partículas ainda menores, das quais vamos considerar, por
enquanto, apenas o próton, o nêutron e o elétron.
Prótons e nêutrons estão arranjados na pequeníssima região central que constitui o núcleo do
átomo. Os elétrons, por sua vez, deslocam-se rapidamente em torno do núcleo, distribuídos nos diversos
níveis de energia permitidos. Esses níveis localizam-se em uma região denominada eletrosfera.
Experiências revelaram que os prótons e os elétrons são partículas eletrizadas que apresentam
comportamentos opostos, mas com igual intensidade. Os nêutrons, descobertos em 1932 por James
Chadwick (1891 - 1974), físico britânico, são partículas eletricamente neutras.
Ao próton e ao elétron associou-se uma propriedade denominada carga elétrica, e
convencionou-se estabelecer que a carga elétrica associada ao próton é positiva, enquanto a carga elétrica
associada ao elétron é negativa.
É o equilíbrio entre o número total de prótons no núcleo (número atômico de elemento químico) e
o número total de elétrons na eletrosfera que torna o átomo eletricamente neutro. Quando esse equilíbrio é
rompido, caso em que o átomo perde ou ganha elétrons, ele se transforma em íon - uma partícula
carregada positiva ou negativamente. Observe as representações abaixo:
A eletrização de um corpo ocorre quando se produz um desequilíbrio entre o número total de
prótons e o número total de elétrons de seus átomos. Com excesso de elétrons, o corpo fica com carga
negativa, situação representada pelo sinal -. Com falta de elétrons, o corpo fica com carga positiva, o que
é representado pelo sinal +.
A medida da carga elétrica denomina-se quantidade de eletricidade, que é representada por Q ou
q. No sistema internacional de unidades, a carga elétrica é medida em uma unidade chamada de coulomb,
simbolizada por C.
Em 1892, o físico inglês J.J. Thomson descobriu o elétron e determinou, experimentalmente, o
quociente entre a massa m e o valor absoluto da carga, representada por e.
𝑚 −12
Para o elétron: 𝑒
= 5,70.10 kg/C
Entre 1906 e 1914, o físico estadunidense Robert Andrews Millikan (1868 - 1953) conseguiu
estabelecer, experimentalmente, que a carga do elétron, em módulo, é a menor carga elétrica e, portanto,
−19
indivisível. Por isso, chama-se também carga elétrica elementar cujo valor é: e = 1,602.10 C
Com o trabalho de Millikan, também ficou evidente que a concepção de carga elétrica com a
estrutura de fluido contínuo tinha de sair definitivamente do mundo da Ciência.
Passou-se a considerar que a carga elétrica existe em múltiplos da carga e. Então, quando um
corpo está eletrizado, sua quantidade de carga elétrica Q, em excesso ou em falta, é dada por:
em que n é um número inteiro positivo que corresponde ao número de elétrons em falta (+) ou em
excesso (-) em relação ao número total de prótons. Como a carga elétrica é sempre um múltiplo inteiro de
carga elétrica elementar, dizemos que a carga elétrica é quantizada.
Com base nos resultados obtidos por J. J. Thomson (relação m/e) e Millikan (valor da carga do
elétron), foi possível determinar a massa dessa partícula:
Fenômenos que envolvem a chamada eletricidade estática, ou seja, aqueles em que a carga elétrica
em excesso em um corpo permanece em repouso (equilíbrio), distribuída através de uma região ou de
toda a superfície do corpo. A essa parte da eletricidade deu-se o nome de Eletrostática.
Salvo algumas exceções, os fenômenos estudados em Eletrostática envolvem cargas elétricas em
quantidades inferiores a 1 C. Por isso, costuma-se empregar submúltiplos de coulomb, dos quais os
principais são: