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Aula 13

Eletricidade – parte 1.

Charles Du Fay (1698-1739) no início do séc XVIII constatou que


havia dois tipos diferentes de eletricidade: a produzida pelo âmbar,
borracha e outras substâncias resinosas quando atritadas, e a produzida pelo
atrito de substâncias como o vidro ou a mica. Chamou a esses dois tipos de
“eletricidade resinosa” e “eletricidade vítrea” respectivamente, e imaginou
a eletricidade como um fluído; havendo assim dois tipos de fluídos
elétricos. Os corpos eletricamente neutros continham quantidades iguais
dos dois fluídos.

As máquinas de atrito apenas realizam de forma mais prática, geralmente por


rotação de um isolador atritado com um material adequado, o efeito conhecido
desde a antiguidade, de que alguns materiais ficam eletrizados quando
atritados. O contato reforçado pelo atrito provoca transferência de cargas entre
os materiais, que são a seguir afastados, o que aumenta a tensão elétrica entre
as cargas separadas.

A máquina eletrostática mais primitiva foi desenvolvida por Otto von


Guericke (1602-1686), em Magdeburgo, atual Alemanha, por volta de 1663.
Consistia em uma esfera sólida de enxôfre montada sobre um eixo de ferro,
que se encaixava em um suporte em uma caixa de madeira. A esfera era
girada pelo eixo com uma mão enquanto atritada com a outra mão. Quando
eletrizada, era retirada do suporte e usada para experimentos diversos,
como perseguir uma pena, que era ora atraída, ora repelida pela esfera.

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Geradores eletrostático.

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Em 1745, Pieter Von Musschenbrook (1692-1761) professor em Leyden
inventou um dispositivo capaz de armazenar a eletricidade. Era uma garrafa
de vidro recoberta, por dentro e por fora, por uma película de prata, que foi
chamada de “garrafa de Leyden”.

Nos meados do século 18 o uso das garrafas de Leyden e o aparecimento


dos geradores de eletricidade estática deram um grande impulso à parte
experimental. Do ponto de vista teórico a ideia mais aceita era a teoria dos
dois fluídos.

Benjamin Franklin (1706-1790) fazendo experiências com a garrafa de


Leyden chegou à conclusão de que a eletricidade era um elemento presente,
em certas proporções, em toda matéria. A eletricidade não era criada pelo
atrito, afirmou, mas transferida de um objeto para outro: a quantidade total
de eletricidade permanecia constante. Ele introduziu a hipótese da
existência de um único fluído elétrico imponderável, que fluía
continuamente de um corpo para o outro. Postulou que a eletricidade
“vítrea” era o único tipo de fluído elétrico e que os dois tipos diferentes de
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eletricidade correspondiam ao excesso ou à deficiência daquele fluído.
Chamou de “positivamente carregado” o corpo que tinha um excesso de
eletricidade vítrea, e de “negativamente carregado” o corpo com
deficiência dessa eletricidade. Quando dois corpos eletrificados eram
colocados em contato, a corrente elétrica fluía do corpo com excesso de
fluído elétrico para aquele com deficiência
Joseph Priestley (1733-1804) observou, em 1767, que no interior de
uma esfera oca e eletrizada não existia uma força elétrica. Fazendo
analogia com a força de gravitação (que no interior de uma esfera oca é
nula) propôs que a força elétrica devia obedecer a uma lei do tipo do
inverso do quadrado da distância. Com a lei de Franklin da conservação da
carga elétrica e a lei de Priestley da atração entre corpos carregados, a
eletricidade foi elevada a posição de uma ciência exata. Henry Cavendish
(1731-1810) e Daniel Bernoulli fizeram medições para comprovar a lei de
Priestley. Mas foi Charles Augustin Coulomb (1736-1806), depois de
experiências cuidadosas usando uma balança de torção, quem formalizou,
em 1785, a lei que passou a ter o seu nome: a força entre duas cargas
elétricas é proporcional ao produto das cargas e inversamente proporcional
ao quadrado da distância entre elas.

Em 1780, Luigi Galvani (1737-1798), professor de Anatomia da


Universidade de Bolonha, realizou uma série de experimentos que
demonstrava, segundo ele, que havia uma espécie de eletricidade produzida
pelo corpo dos animais. Esta eletricidade animal, que se tornou uma fonte
de controvérsias, veio a ser chamada de galvanismo. Em 1800, o físico
italiano Alessandro Volta (1745-1827) construiu sua primeira “pilha
voltaica”, o primeiro dispositivo gerador de eletricidade por meio de
reações químicas: um conjunto de discos alternados de zinco e cobre,
separados por papel molhado, e ligados entre si por um fio. Volta criticou
as ideias de Galvani afirmando que era o metal em contato com os tecidos
animais a fonte de eletricidade.

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Em 1807 o físico dinamarquês Hans Christian Oersted (1777-1851) iniciou
seus estudos relacionados com a ação da eletricidade sobre uma agulha
imantada. Em 1820, ele percebeu que ao aproximar uma agulha imantada
de um fio no qual passava uma corrente, a agulha sofria uma deflexão: a
relação entre magnetismo e eletricidade fora finalmente descoberta. Ele
apresentou seu resultado em julho do mesmo ano, mas não determinou as
leis quantitativas do fenômeno.

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O físico francês André Marie Ampère (1775-1836) ao tomar conhecimento
das experiências de Oersted sobre o desvio de agulhas magnéticas por
efeito de uma corrente elétrica, começou a estudar os fenómenos
eletromagnéticos e apresentou várias experiências no campo do
eletromagnetismo à Academie de Paris. Reconheceu que, sem a
intervenção de qualquer íman, dois fios exercem um sobre o outro uma
ação atrativa ou repulsiva consoante o sentido das correntes que os
percorrem.

Ele Observou que havia uma atração entre dois fios paralelos conduzindo
correntes elétricas se estas fluíssem na mesma direção, e uma repulsão se as
duas correntes fluíssem em direções opostas. Mostrou também que um fio,
enrolado numa espiral, por onde passasse uma corrente, comportava-se
exatamente como um imã. Ele deu o nome de Eletrodinâmica à ciência que
lidava com a ação mútua de correntes. Sugeriu que o magnetismo natural
era consequência de correntes fluindo no interior dos corpos magnetizados.
Cada molécula, ele escreveu, continha dentro de si uma corrente circular,
como se fosse um diminuto eletroímã. Num corpo qualquer, essas correntes
estavam orientadas aleatoriamente em todas as direções cancelando-se
umas às outras e o resultado líquido era nulo. Ampère não especulou sobre
as causas dos fenômenos que observou, ele apenas analisou
matematicamente esses fenômenos em termos de forças entre pares de
partículas, sem se preocupar com a natureza dessas forças. Em 1825,
inventou um aparelho que media correntes elétricas que chamou de
galvanômetro

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Observação
Antes de Ampère não havia uma maneira de medir a intensidade de uma corrente. Se
uma pilha produz uma corrente I, N pilhas produzem uma corrente NI. Colocando dois
fios paralelos com correntes em sentido inverso os fios são atraídos um para o outro.
Colocando pequenos pesos pendurados no fio inferior podemos ajustar o peso até que o
fio fique na direção horizontal. Temos assim uma medida da força entre os fios. Usando
essa deia Ampère construiu um aparelho (que passou a ser chamado de amperímetro)
para medir a intensidade da corrente.

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Faraday

Michael Faraday (1791-1867), considerado um dos maiores físicos


experimentais de todos os tempos, era de família pobre. Aos 14 anos,
tornou-se aprendiz de encadernador e nessa ocupação teve oportunidade de
ler os livros que chegavam à oficina. Leu sobre Eletricidade na
Enciclopédia Britânica e fez várias experiências simples com aparelhos
elétricos. Mais tarde conseguiu emprego como assistente do famoso
químico Sir Humphry Davy. Ele realizou uma quantidade enorme de
experiências, descobriu a decomposição química por meio da corrente
elétrica, que chamou de Eletrólise, e no estudo desse fenômeno concluiu
que os átomos deviam estar de alguma forma dotados ou associados com a
Eletricidade.

Eletrólise

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Em 1831, observou que deslocando um imã próximo de um fio produzia
uma corrente elétrica nesse fio.

Verificou também que variando uma corrente em um fio produzia corrente


noutro fio próximo. Foi o descobridor da Indução Eletromagnética (a
geração de corrente num fio próximo a outro pelo qual passa uma corrente
variável)..

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Inventou o dínamo, um instrumento que gera uma corrente elétrica quando
um conjunto de espiras é girado próximo de um magneto

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Naquela época, a questão da identidade entre correntes elétricas
produzida pelo atrito e aquelas originadas de uma pilha de Volta estava em
aberto. Em 1833, Faraday mostrou que qualquer efeito da Eletricidade –
fisiológico, magnético, luminoso, calorífico, químico e mecânico – podia
ser obtido indiferentemente usando-a obtida pelo atrito ou de uma pilha
voltaica. Em 1843, forneceu a primeira prova experimental satisfatória da
conservação da carga elétrica.
Faraday recebera pouca educação e conhecia muito pouco de
Matemática. Por essa razão, procurava explicações para os fenômenos
físicos usando ideias simples e qualitativas e, sempre que possível,
analogias com outros fenômenos. Antes dele, as forças elétricas e
magnéticas, bem como as gravitacionais, eram imaginadas como atuando
através do espaço. Faraday não gostava do conceito de ação à distância.
Para visualizar as forças agindo entre as cargas elétricas, ou entre imãs,

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imaginou que o espaço entre elas era cheio de “algo” que pudesse puxar ou
empurrar. Escreveu em 1851:

Uma linha de força magnética pode ser definida como aquela que é
descrita por uma agulha magnética muito pequena quando ela é
deslocada em ambas as direções relativas ao seu comprimento, de
tal forma que a agulha é sempre tangente à linha do movimento;
ou é aquela linha ao longo da qual, se um fio transverso é
deslocado em ambas as direções, não há uma tendência para a
formação de uma corrente no fio, enquanto que, se ele é deslocado
em qualquer outra direção, essa tendência existe4.

Mais à frente continuou:

Parece-me que essas linhas podem ser empregadas com grande


vantagem para representar a natureza, condição, direção e
quantidade comparativa das forças magnéticas e, em muitos casos,
elas têm, pelo menos para o físico, uma superioridade sobre os
métodos que representam as forças como concentradas em centros
de ação, tais como os polos de magnetos ou agulhas.

No caso de imãs, as linhas de forças podem ser visualizadas salpicando


limalhas de ferro sobre uma folha de papel colocada sobre eles. Sacudindo-
as suavemente elas se alinham em um padrão característico. Cada
fragmento de ferro fica magnetizado e se orienta como a agulha de uma
bússola. Faraday supôs que esse processo de polarização deveria ocorrer
mesmo no espaço vazio quando ocorrem fenômenos magnéticos e que um
processo semelhante deveria ocorrer para fenômenos elétricos.

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No vácuo, disse, devemos restringir nossas afirmações ao fato de que
existem coisas tais como linhas de forças ao longo das quais a ação é
transmitida. Dessa forma, as forças misteriosas agindo à distância entre os
corpos foram substituídas por alguma coisa continuamente distribuída por
todo o espaço entre elas, algo que se podia atribuir um valor definido em
qualquer ponto. Faraday chamou a atenção que um ponto importante na
definição das linhas de força é que elas fornecem não somente a direção de
atuação da força, mas também a sua intensidade. A quantidade relativa de
força, escreveu, em um dado espaço é indicada pela concentração ou
separação das linhas. Ele imaginou que as linhas formavam tubos, tal que o
produto da intensidade da força pela área da secção transversa do tubo
permanecia sempre constante ao longo do comprimento do tubo.
Do que essas linhas de forças consistem precisamente, do ponto de
vista físico, é difícil dizer; os cientistas as imaginaram, por um longo
tempo, como análogas a alguma espécie de tubos esticados entre dois
corpos. Faraday frisou que pretendia restringir o significado do termo linha
de força tal que ele implicasse apenas na condição da força em um dado
ponto (intensidade e direção) sem qualquer relação com a natureza da
causa física do fenômeno.
Faraday chamou de campo ao conjunto das linhas de força, mas ele não
deu uma definição precisa para este termo, que só veio a ser formalizado,
algum tempo depois, com Maxwell.

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Faraday se fundamentando na semelhança entre a forma de colocar as
limalhas de ferro ao redor de um imã e das partículas ao redor de um corpo
eletricamente carregado, propôs que a eletricidade deveria atuar através de
um meio, e não por ação à distância no espaço vazio, e que esse referido
meio transmitia a força elétrica ao longo das linhas de forças.

Algumas figuras relativas a Faraday.

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