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Eletromagnetismo

Básico
Material Teórico
Eletrostática

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Lindenberg Isac da Silva

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Eletrostática

• Carga Elétrica: Condutores e Isolantes;


• Lei de Coulomb ou lei de força elétrica;
• Lei de Gauss.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Permitir ao discente a construção de conhecimentos fundamentais
sobre carga elétrica e seu efeito no espaço;
· Proporcionar a compreensão do fenômeno campo elétrico e das Leis
que regem seus efeitos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Eletrostática

Carga Elétrica: Condutores e Isolantes.


Em um mundo no qual o progresso científico avança em ritmo cada vez mais
acelerado e com a predominância de equipamentos eletroeletrônicos, torna-se
essencial compreendermos os fenômenos elétricos e magnéticos, o que é possível
por meio do conhecimento das bases científicas do Eletromagnetismo.

Embora nem sempre visíveis, os fenômenos elétricos estão conosco no cotidiano.


Nosso próprio corpo está repleto de cargas elétricas. Como exemplo, o uso de uma
pulseira contra eletricidade estática é imprescindível para evitarmos a queima de
componentes eletrônicos mais sensíveis quando se realiza a montagem ou reparo
em equipamentos eletrônicos de grande sensibilidade à avaria quando sujeitos a
descargas elétricas. A figura 1 nos mostra uma típica pulseira dotada de garra
tipo “jacaré” na ponta para aterrar o usuário da pulseira e, com isto, neutralizar
quaisquer cargas elétricas corporais.

Figura 1 – Pulseira antiestática


Wikimedia Commons

Assim como a eletricidade traz enormes benefícios à humanidade, ela também


pode causar danos. Na figura 2 vemos um caminhão tanque de combustível dotado,
em sua traseira, de dispositivo para descarga de eletricidade estática. Sua função
é colocar a estrutura metálica do veículo em contato com o solo e neutralizar
cargas elétricas criadas pelo atrito do ar com o veículo e do próprio combustível
com o tanque. Sem este procedimento de segurança, a eletricidade estática pode
provocar a ignição dos vapores do próprio combustível.

8
No link a seguir, um caminhão tanque dotado de dispositivo contra eletricidade estática:
Explor

https://goo.gl/E2i9KL

Assista neste vídeo aos impressionantes efeitos da eletricidade estática:


Explor

https://youtu.be/vKJB6UJ17RA

A partir de agora, vamos iniciar nossos estudos a respeito da eletricidade estática,


mais precisamente da Eletrostática. Este ramo da Física investiga as propriedades
e fenômenos das cargas elétricas em repouso.

A fim de facilitar o intercâmbio mundial de informações científicas, foi criado o


Sistema Internacional de Unidades (SI). Este sistema, no que tange ao estudo da
eletricidade e magnetismo, dispõe de seis unidades de medida fundamentais, com
seus respectivos símbolos:
· Comprimento: metro (m)
· Massa: quilograma (kg)
· Tempo: segundo (s)
· Intensidade de corrente elétrica: ampère (A)
· Temperatura absoluta: kelvin (K)
· Intensidade luminosa: candela (cd)

A partir destas unidades, outras são derivadas. Por exemplo:


· Força: newton (N) = kg∙m/s²
· Energia: joule (J) = N∙m
· Potência elétrica: watt (W) = J/s

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UNIDADE Eletrostática

A Carga Elétrica

Figura 3 – Esfera de vidro contendo eletrodo carregado


Fonte: iStock/Getty Images

A carga elétrica é uma grandeza física fundamental das partículas que constituem
a matéria, sejam essas partículas elementares ou não. A importância maior da carga
elétrica reside nos constituintes dos átomos - prótons e elétrons - (o nêutron não possui
carga elétrica), pois ela determina como ocorrem as interações eletromagnéticas. Por
convenção, existem dois tipos de carga elétrica: positiva e negativa.

Quando estão em equilíbrio de cargas, mais precisamente, quando um corpo


possui igual número de cargas elétricas positivas em relação às cargas negativas,
o corpo é dito estar “eletricamente neutro”. Um corpo nestas condições não
interage com outros corpos carregados, desde que sejam mantidos a uma distância
suficientemente grande para que a carga externa não consiga sentir a composição
de cargas do corpo neutro.

Os prótons, que estão no núcleo do átomo, possuem carga elétrica positiva,


enquanto os nêutrons, também no núcleo, não possuem carga elétrica. Os elétrons,
que estão na eletrosfera do átomo, possuem carga elétrica negativa. Por terem
cargas de mesmo sinal, os prótons repelem-se mutuamente, ocorrendo o mesmo
entre os elétrons. Porém, prótons e elétrons atraem-se mutuamente por possuirem
suas respectivas cargas elétricas de sinais contrários. Entre prótons e nêutrons não
ocorre atração ou repulsão e nem entre elétrons e nêutrons.

Chester Floyd Carlson, físico e inventor norte-americano, em 22 de outubro de


1938, após muitas pesquisas a respeito de eletricidade estática e sua interação com
a luz (fotoeletricidade), conseguiu o que se considera a primeira fotocópia da história,
que mais tarde ficaria mundialmente conhecida com o nome comercial de Xerox.

Carlson utilizou uma chapa de zinco impregnada com uma fina camada de
enxofre e esfregou um lenço para eletrizá-la. Em uma placa de vidro ele fez uma

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anotação com caneta e esta placa foi colocada sobre a chapa de zinco e exposta
à luz. A anotação na placa de vidro serviu como uma máscara contra a ação dos
raios luminosos sobre a chapa de zinco. Assim que a placa de vidro foi retirada,
um pó conhecido como licopódio foi pulverizado sobre a chapa de zinco e as
anotações tornaram-se visíveis. Quando uma folha de papel foi pressionada sobre
a chapa, as inscrições imediatamente transferiram-se para o papel. Na figura 4
vemos o resultado desta histórica e pioneira fotocópia experimental. Nota-se a data
do experimento e o nome do bairro Astoria, em Nova Iorque.

Figura 4 – Primeira fotocópia da história,


feita por Chester Carlson em 22/10/1938
Fonte: portalprofessor.mec.gov.br

Importante! Importante!

A carga elétrica elementar é a menor quantidade de carga elétrica livre (não ligada
a outras cargas) encontrada na natureza. Seu valor é aproximadamente 1,6 ⋅ 10-19
coulomb (C) e é atribuído à carga do próton e à carga do elétron (em módulo). Logo,
percebemos que 1C é uma unidade demasiadamente grande para a carga elétrica.
Assim, é mais adequado usarmos seus submúltiplos. Os principais são:
· mC(milicoulomb) = 10-3;
· μC(microcoulomb) = 10-6;
· nC(nanocoulomb) = 10-9.

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UNIDADE Eletrostática

Eletrização de Corpos

Figura 5 – Eletrização por contato com um Gerador de Van de Graaff.


Cargas de mesmo sinal se repelem e afastam os fios de cabelo.
Fonte: iStock/Getty Images

As primeiras observações sobre eletrização de objetos foram feitas por um filó-


sofo grego chamado Tales de Mileto no século VI a.C., supostamente no ano de
585 a.C., ao esfregar um pedaço de âmbar e observar que ele atraía pequenos
pedaços de palha ou de penas de pássaros. O âmbar é uma resina petrificada de
árvore e de cor amarelada, tratando-se, portanto, de uma espécie de “fóssil”. A
palavra “âmbar” em grego é escrita “elektron”, daí a proveniência das palavras
“elétron” e eletricidade. Somente 2.000 anos mais tarde é que os fenômenos elé-
tricos passaram a ser estudados sistematicamente e, em adição, de forma científica.

Figura 6 – Resina pretrificada de âmbar com uma aranha aprisionada.


Fonte: Wikimedia Commons

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Um corpo está eletricamente carregado quando a quantidade de prótons é
diferente da quantidade de elétrons, ou seja, a quantidade de cargas positivas e
negativas não é a mesma. Se forem iguais, o corpo está eletricamente neutro.

Há três modos para se eletrizar um corpo:


1. Por atrito, quando os elétrons passam de um corpo a outro durante a
fricção, conforme figura 7.

Pedaço
de Lã
Ao esfregar lã no
A lã fica com
vidro, elétrons passam
do vidro para a lã – excessos de elétrons

Em ambos, o número de
prótons é igual ao número + –
de elétrons +++++++++++++++++++++
+++++++++++++++++++++
Bastão de Vidro
O vidro fica com
falta de elétrons

Figura 7 – Eletrização por atrito entre lã e vidro.


2. Por contato quando, mesmo sem atrito, os elétrons se deslocam de um
corpo ao outro.

Movimento de Elétrons
Antes – Depois do Contato
++ ++ ++ + +
+ + + + +
Neutro + + + + + + +
+ ++
++ + ++ +

Movimento de Elétrons
Antes
– Depois do Contato
– – – – –– – – –
– – – – – – –
Neutro – – –
– – – – –
––– – – –

Figura 8 – Eletrização por contato entre corpo neutro e corpos positivo e negativo.

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UNIDADE Eletrostática

3. Por indução eletrostática, na qual ocorre separação de cargas elétricas


de sinais contrários em um mesmo corpo. Este tipo de eletrização pode
ocorrer apenas pela aproximação entre os corpos, sem que haja contato,
conforme a figura 9. Um dos corpos é eletricamente neutro e, para que
ocorra a indução, o outro corpo pode ser tanto positivo quanto negativo.

A
++++++++++++++++ Neutro
++ ++ + + + ++ ++

B ++++++++
– – ++
–– ++
– – – + ++
++++++++++ –– ++
++++++++ – – – +++
– – ++
Suporte Isolante

Figura 9 – Eletrização por indução entre corpo neutro e corpo positivo.

Importante! Importante!

As cargas positivas (prótons) estão no núcleo dos átomos. Nos sólidos, elas não se
deslocam como os elétrons. Na eletrização de corpos, são os elétrons que se movem,
tornando o corpo eletricamente positivo, neutro ou negativo.

O dipolo elétrico é uma configuração de carga elétrica muito simples, mas de enorme im-
Explor

portância nas aplicações. Um exemplo de aplicação em nosso cotidiano é o funcionamento


do forno de micro-ondas. Faça a leitura do material do site https://goo.gl/YCUy6i e reflita
sobre este tema.

Condutores Elétricos e Isolantes


Materiais tais como os metais possuem uma abundância de elétrons livres se
comparada à de outros materiais, como é o caso do vidro. Os elétrons livres são
fracamente presos à rede cristalina e, por isso, libertam-se com facilidade das
camadas mais afastadas do núcleo atômico, formando uma nuvem que se espalha

14
pelo material por inteiro. Quando uma diferença de potencial elétrico é aplicada
ao material, um movimento de cargas é estabelecido do potencial elétrico maior
para o menor. A este movimento ordenado das cargas elétricas dá-se o nome de
corrente elétrica.

Os materiais que permitem a passagem de corrente elétrica com facilidade são


chamados de condutores elétricos. A diferença de potencial elétrico pode ser
obtida atualmente de diversas formas, mas uma forma bastante simples é ligando
o material aos polos de uma pilha elétrica ou bateria.

Os bons condutores elétricos são materiais que possuem poucos elétrons na


última camada eletrônica. Como exemplo, o alumínio (3 elétrons na última camada),
o cobre (1 elétron) e a prata (1 elétron).

Embora cobre e prata possuam apenas 1 elétron na última camada, a prata é melhor
Explor

condutora elétrica. Pesquise e descubra o motivo.

Os materiais que conduzem pouca corrente elétrica ou nenhuma são chamados de


isolantes elétricos ou dielétricos. Neles, os elétrons não encontram facilidade para se
deslocarem como ocorre nos condutores. Alguns materiais, como é o caso do vidro,
são isolantes em uma faixa de temperatura mais baixa e condutores em temperaturas
elevadas. Isto ocorre devido à agitação térmica que libera elétrons para a condução e,
por conseguinte, para haver condição de formação de corrente elétrica.

Há ainda uma classe intermédiária de materiais que reside entre os condutores


e os isolantes. São os chamados semicondutores, amplamente usados na indústria
para a fabricação de componentes eletrônicos. Nessa classe estão, por exemplo, o
silício, o gálio e o germânio.

Na tabela 1, a seguir, vemos a rigidez dielétrica de alguns dos principais materiais


empregados como isolante elétrico:

Tabela 1– Rigidez dielétrica dos principais materiais isolantes.


Rigidez dielétrica
Material
(kV/cm)
Ar 30
Porcelana 70
Óleo 140
Borracha Neoprene 170 -- 270
Papel com parafina 400 -- 600
Vidro 900
Mica 1180
Diamante 2000
Vácuo 1013
Fonte: Adaptado de https://goo.gl/ynxMy6

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UNIDADE Eletrostática

Por outro lado, os materiais empregados como condutores elétricos apresentam


uma resistividade muito baixa, conforme vemos na tabela 2, a seguir. Note que
alguns condutores, utilizados na fabricação de resistores, têm resistividade mais
elevada. Destaca-se que o condutor com a melhor relação custo x benefício é o
cobre, mais amplamente empregado nas instalações elétricas em geral.

Tabela 2 - Resistividade elétrica dos principais condutores.


Resistividade elétrica
Material
(10-8 Ω∙m) a 20º C
Prata 1,6
Cobre 1,7
Ouro 2,4
Alumínio 2,9
Tungstênio 5,6
Níquel 7,0
Platina 11,0
NiCromo 110,0
Fonte: Adaptado de https://goo.gl/XqwHLY

Lei de Coulomb ou lei de força elétrica.


Duas cargas elétricas são ditas puntuais quando estão contidas em corpos cujo
tamanho é desprezível quando comparado à distância que as separa. Na figura 10,
vemos as cargas puntuais separadas por uma distância r:

q1 r q2
Figura 10 - Duas cargas puntuais separadas por uma distância r

O físico francês Charles Augustin Coulomb, por meio de uma balança de torção,
observou experimentalmente que duas cargas elétricas puntuais exercem entre
si forças diretamente proporcionais ao produto de suas cargas e ao inverso do
quadrado da distância que as separa. Em símbolos, a Lei de Coulomb é representada
pela equação 1:

q1 ⋅ q2
F = K⋅ (1)
r2

A constante K varia conforme a natureza do meio em que as cargas estão


imersas. Este meio pode ser o ar atmosférico, o vácuo, a água, óleo etc. Esta
constante é definida da seguinte forma:

16
1
K= (2 )
4π 0

−12 C2
Devemos ainda considerar que 0 ≅ 8, 85 ⋅ 10 e, portanto, trata-se de
N ⋅ m2
uma grandeza mensurável e constitui uma propriedade elétrica, mesmo que o meio
seja o vácuo, como é o caso desse número. Essa grandeza é conhecida como
permissividade elétrica do vácuo. Assim, podemos reescrever (1) na forma:

1 q1 ⋅ q2
F= (3)
4π 0 r 2

Então, para cargas situadas no vácuo:

1 N ⋅ m2
K= = 9 ⋅ 109 ( 4)
4π 0 C2

Coulomb empregou uma balança de torção na qual ele podia fazer experiências
com esferas eletricamente carregadas e mensurar a força mútua exercida pelas
mesmas, conforme a figura 11.

Figura 11 - Balança de torção de Coulomb


Fonte: nationalimaglab.org

Como exemplo, podemos descobrir qual é a força existente entre duas cargas
puntuais q1 = 10C e q2 = 2C no vácuo, separadas entre si por uma distância de 2m:

10 ⋅ 2
F = 9 ⋅ 109 2
N = 4, 5 ⋅ 1010 N (5)
2

Essa força é aproximadamente equivalente ao peso de 4,5 bilhões de kgf, o que


mostra que a força elétrica é consideravelmente mais forte que a força peso ou
força gravitacional.

O Campo Elétrico
Vamos introduzir o conceito de campo elétrico e devemos assumir que a interação
elétrica segue o padrão “carga-campo-carga”, isto é, cada carga gera um campo
elétrico que afeta todas as outras cargas. O campo elétrico é uma deformação do

17
17
UNIDADE Eletrostática

espaço.  Existem, independentemente de conseguirmos vê-los ou de existir uma


carga no ponto em que ele está sendo observado e pode ser detectado por seu
efeito em objetos físicos, tais como nos instrumentos de medição.

Por exemplo, um medidor de intensidade de campo, normalmente usado pelos


instaladores de antenas externas (serviço que atualmente está em vias de ser extinto),
serve para orientar corretamente as antenas ao determinar qual é a direção em que
o campo elétrico é mais intenso. Também é útil quando se necessita detectar a
presença de emissoras de rádio clandestinas (rádios piratas), pois ao se aproximar
da antena emissora, a intensidade do campo é maior e, mesmo que não estejamos
visualizando a antena, sabemos que a mesma está instalada por perto.

O campo elétrico
 pode ser definido em termos da força elétrica que uma carga
sente. A força F característica do campo elétrico é uma quantidade vetorial chamada

força do campo elétrico, que definirá o campo elétrico E com a seguinte relação:

 F
E= (6)
q

O campo elétrico, tal qual a força elétrica, é uma quantidade vetorial e, portanto,
é uma quantidade direcional. Ela pode até continuar com a mesma intensidade
(módulo) em uma infinidade de pontos, mas pode ter, em cada um desses pontos,
uma orientação espacial diferente, formando vetores diferentes, já que para que
dois vetores sejam iguais, além de mesmo módulo, devem ter a mesma orientação.
A figura 12 mostra diversos tipos de orientação de vetores campo elétrico.

– +
+ – – + – +
– +
+ – – +
+ – – +
+ – – + – – + +
+ – – +
+ – – + – – + +
+ – – + – +

Figura 12 - Diversas configurações de campos elétricos.

Distribuição Discreta de Cargas


A força coulombiana, ou eletrostática, é conservativa. Isto equivale a dizer que
o trabalho realizado por esta força para mover cada uma das cargas do infinito até
formar um arranjo espacial de cargas equivale à variação na sua energia potencial
dentro do campo gerado pelas cargas subjacentes.

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Em um sistema consistindo de apenas duas cargas elétricas, exemplificado
na figura 13, uma carga é introduzida no campo elétrico produzido por uma
segunda carga puntual fixa , ficando a uma distância uma da outra. Assim, a
carga 2 é trazida do infinito até ficar próxima da carga 1 separada por uma
distância , de forma que assim podemos calcular a energia potencial, em joules,
do arranjo das duas cargas por intermédio da equação:

Q
σ = (13 )
A

qi
rj – ri

qj
ri

rj

Figura 13 - Distribuição discreta de cargas

A distribuição discreta de cargas elétricas é válida para n cargas formando uma configuração.
Explor

Pesquise a respeito da generalização da equação (7) para mais de duas cargas.

Distribuição Contínua de Cargas


Podemos desprezar a granularidade da carga elétrica e calcular o campo elétrico (E),
assumindo uma continuidade na distribuição das cargas. Logo, a energia é calculada
não em função das cargas elétricas, mas do campo elétrico que estas produzem. A
densidade de energia (energia por unidade de volume), é então dada por:

0 ⋅ E 2
u= (8)
2

A energia de uma distribuição contínua de cargas é determinada por:


U = ∫udv (9)
0

19
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UNIDADE Eletrostática

Você Sabia? Importante!

Há três tipos de distribuição contínua de cargas elétricas:


·· a) carga distribuída continuamente em um volume V;
·· b) carga distribuída continuamente em uma superfície S;
·· c) carga distribuída continuamente em uma linha L. Pesquise e descubra qual
tipo de distribuição está relacionada à integral (9).

Lei de Gauss
A aplicação do teorema de Gauss, concernente ao fluxo de um campo vetorial
atravessando uma superfície lisa fechada, ficou conhecido em Eletrostática como
Lei de Gauss.

Assim, no caso da Eletrostática, o fluxo do campo elétrico através de uma


superfície fechada é diretamente proporcional à soma algébrica das cargas elétricas
que a superfície encerra. Em símbolos, temos:

Φ = K ⋅ 4π ⋅ Q (10 )

Entende-se que Q é soma algébrica das n cargas elétricas, Q=q1+q2+⋅⋅⋅+qn.


Considerando as cargas no vácuo, de acordo com (4), podemos simplificar (10):

Conheça mais sobre os estudos desenvolvidos por Karl F. Gauss e como as contribuições
Explor

científicas dele perduram até a atualidade: https://youtu.be/0BvZMvZlIVI

Aplicações da Lei de Gauss


Campo Elétrico Proveniente de Distribuição Linear de Cargas
Considere a figura 14, na qual vemos um condutor cilíndrico e as linhas de
campo elétrico ao seu redor:

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Figura 14 - Condutor cilíndrico com linhas de campo elétrico E.

O fio condutor está carregado eletricamente com uma densidade linear constante
λ (carga Q por unidade de comprimento ℓ). Aplicando a equação (11) da Lei de
Gauss e considerando o condutor infinito e mergulhado no vácuo, a intensidade do
campo E a uma distância r do fio é dada por:

λ
E= (12 )
2π 0r

Campo Elétrico Proveniente de Distribuição


Superficial de Cargas de uma Chapa Plana
Observando a figura 15, vemos uma chapa plana, eletricamente
 carregada com
E
carga Q, sendo atravessada pelas linhas de força do campo .

Figura 15 - Superfície plana atravessada por linhas de campo elétrico E.

21
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UNIDADE Eletrostática

Considerando que a base do cilindro condutor é A, a densidade superficial de carga


vale:
Q
σ = (13 )
A

Aplicando a Lei de Gauss (10) e a constante K para o vácuo, podemos obter o


campo elétrico por meio da expressão:

σ
E= (14 )
20

Importante! Importante!

As linhas de força do campo são paralelas à superfície gaussiana cilíndrica. Portanto, o


fluxo elétrico nesta superfície é nulo.
Explor

Por que a altura h do cilindro não comparece na equação (12)?

Campo Elétrico Devido a uma Superfície Esférica Uniformemente Eletrizada


Na figura 16 temos uma superfície esférica eletrizada com carga Q e sendo
atravessada por linhas de força de campo elétrico :

R S

Figura 16 - Superfície esférica de raio R,


atravessada por linhas de campo elétrico E.

O campo E em um ponto na superfície da esfera, segundo a aplicação da Lei
de Gauss, equivale a:

K Q
Esuperfície = ⋅ (15 )
2 R2

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E para
 um ponto fora da superfície, situado a uma distância r do centro da
esfera, E é calculado por meio da seguinte expressão:

Q
Eexterno = K ⋅ (16 )
r2

Suponha que queiramos conhecer a intensidade do campo elétrico criado por


uma carga Q=7,1⋅10-6C, no vácuo, em um ponto distante 3,8 cm de Q. Por
meio da aplicação de (14), podemos calcular:

7,1 ⋅ 10−6 N
E = 9 ⋅ 109 ⋅ = 9 ⋅ 109 ⋅ 4, 9 ⋅ 10−3 ≅ 4, 4 ⋅ 107
( 3, 8 ⋅ 10 )
−2 2 C

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UNIDADE Eletrostática

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Como descobrimos a eletricidade?
ASIMOV, Isaac. Como descobrimos a eletricidade? Rio de Janeiro: Gaivota, 1975.
A eletricidade e suas aplicações
GASPAR, Alberto. A eletricidade e suas aplicações. São Paulo: Atica, Guanabara
Koogan, 2001.

 Vídeos
Funcionamento de impressoras a laser
Neste vídeo é mostrado o funcionamento da impressora a laser, no qual poderemos ver
a eletrostática aplicada ao cilindro de imagem da máquina.
https://youtu.be/ewF8FCfVIok

 Leitura
Jornal da USP
Reportagem a respeito do acelerador de partículas da Universidade de São Paulo -
USP, equipamento que emprega força eletrostática na aceleração de partículas.
https://goo.gl/4uYyDo

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Referências
EDMINISTER, Joseph A. Teoria e problemas de eletromagnetismo. 2. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2006.

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física:


eletromagnetismo. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

SADIKU, Matthew N. O. Elementos de eletromagnetismo. 5. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2012.

YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física III:z. 12. ed. São Paulo: Addison-
Wesley, 2012.

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Você também pode gostar