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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

ELETRICIDADE

GUARULHOS – SP
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 

2 CARGAS ELÉTRICAS E FORÇAS ........................................................................ 5 

2.1  Carga elétrica...................................................................................................... 5 

2.2  Processos de eletrização .................................................................................... 9 

2.3  Propriedades elétricas dos materiais ................................................................ 14 

3 PADRÃO DE ENTRADA DE ENERGIA ELÉTRICA............................................. 18 

3.1  Caixas, tomadas e suportes de lâmpada .......................................................... 25 

4 CIRCUITOS ELÉTRICOS .................................................................................... 26 

4.1  Circuitos elétricos e seus componentes ............................................................ 26 

4.2  Circuitos elétricos em corrente contínua e alternada ........................................ 29 

5 APLICAÇÃO DE CIRCUITOS E GRANDEZAS ELÉTRICAS ............................... 31 

6 LEI DE OHM ........................................................................................................ 34 

7  RESISTORES ...................................................................................................... 41 

7.1  O que são resistores ......................................................................................... 41 

7.2  Tipos e uso de resistores .................................................................................. 45 

7.3  Associação de resistores .................................................................................. 50 

8  ANÁLISE DE CIRCUITOS SÉRIE DE CORRENTE CONTÍNUA ......................... 55 

8.1  Características de um circuito série em corrente contínua ............................... 56 

8.2  Resolução de um circuito série em CC ............................................................. 63 

8.3  Solução de problemas em um circuito série em CC ......................................... 67 

9  MÉTODO DE ANÁLISE: NODAL E MALHAS ...................................................... 71 

9.1  Características do método de análise de malhas ............................................. 71 

9.2  Características do método de análise nodal ..................................................... 75 

9.3  Comparando os métodos de análise nodal e de malhas .................................. 78 

10 TEOREMAS DE THEVENIN E NORTON .......................................................... 79 

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10.1  Teorema de Thevenin ..................................................................................... 81 

10.2  Teorema de Norton ......................................................................................... 82 

11 INTRODUÇÃO AOS CAMPOS MAGNETOSTÁTICOS ..................................... 84 

11.1  As grandezas elétricas e magnéticas ............................................................. 84 

BIBLIOGRAFIA BÁSICA ......................................................................................... 88 

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ........................................................................ 88 

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 CARGAS ELÉTRICAS E FORÇAS

O desenvolvimento da eletricidade, assim como a descoberta do fogo,


revolucionou completamente o rumo do Homo sapiens no planeta. Seria impossível
imaginar o mundo atual sem as premissas de pensadores e os estudos sobre os
átomos e as cargas nos últimos séculos. Neste exato momento, no ambiente em que
você se encontra, há provavelmente centenas de materiais conduzindo a eletricidade
e distribuindo cargas por átomos e moléculas. A consequência disso é o mundo em
que vivemos — desde a praticidade que a energia elétrica trouxe até os prazeres que
as novas tecnologias possibilitam.

2.1 Carga elétrica

Para compreender o universo da eletricidade, você precisa conhecer como os


materiais que podem ser encontrados no dia a dia são estruturados. Basicamente,
toda matéria é formada por elementos fundamentais, conhecidos como átomos, que,
quando agrupados, formam moléculas. Veja, por exemplo, que a conhecida molécula
da água (H2O), é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.
Sabemos, investigando a tabela periódica, que o número atômico do oxigênio é 8. Isso
geralmente significa que ele tem oito prótons e oito nêutrons no seu núcleo, assim
como possui oito elétrons, sendo considerado um elemento neutro. Perceba na Figura
1 (fora de escala) como um átomo genérico é estruturado.

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Na Grécia Antiga, os filósofos se deparavam com alguns fenômenos até então
inexplicáveis. Por exemplo, quando friccionavam um pedaço de âmbar e o
aproximavam de pedaços de palhas, estes eram atraídos. A partir dessas
observações e da curiosidade de alguns pensadores, a eletricidade começou a ser
desenvolvida independentemente, em diversos lugares, por muitos séculos. Hoje
sabemos que essa atração é consequência de uma propriedade elétrica intrínseca à
matéria, conhecida como carga elétrica.
Existem dois tipos de carga elétrica: as positivas e as negativas. Os seus
valores absolutos são iguais e de sinais contrários, anulando-se quando são somados.
Portanto, um sistema composto pela mesma quantidade de cargas positivas e
negativas é chamado de carga nula.
Segundo Alexander e Sadiku (2013), a carga de um único elétron foi definida
como o valor negativo de aproximadamente 1,602 × 10−19. O valor absoluto desse
número normalmente é representado pela letra “e” e é medido em Coulomb (C), em
homenagem a Charles-Augustin de Coulomb (1736–1806). Portanto,

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onde qe e qp é o valor da carga de um elétron e um próton, respectivamente, em
Coulomb.
A escolha convencional dos sinais das cargas se deve ao cientista e inventor
Benjamin Franklin (1706–1790), um dos pioneiros no estudo da eletricidade. Veio dele
também o princípio de conservação da carga, que diz que a carga elétrica total de
um sistema isolado é conservada. Em outras palavras, a carga não é criada ou
destruída: é simplesmente movida de um objeto para outro.
Você viu que um átomo consiste, internamente, de um núcleo contendo
prótons e nêutrons e, externamente, de elétrons. Cada próton possui uma carga
positiva de valor “e”, que é anulada pela carga negativa de cada elétron. Os nêutrons
possuem carga nula e estão fortemente ligados aos prótons, com uma interação que
até hoje gera dúvidas aos cientistas. Todos os materiais possuem carga, uma vez que
os átomos e as moléculas são formados por partículas carregadas. Contudo,
dificilmente notamos os efeitos da carga elétrica, porque a maioria dos objetos é
eletricamente neutra, ou seja, possui a mesma quantidade de cargas positivas e
negativas.
Portanto, quando um material é dito carregado negativamente, é porque ele
possui mais cargas negativas do que positivas, ou seja, mais elétrons do que prótons.
De forma análoga, um material carregado positivamente possui mais cargas positivas
do que negativas, ou seja, mais prótons do que elétrons. O carregamento (ou
descarregamento) de um material é geralmente ocasionado por um processo de
eletrização, em que não ocorre a modificação da estrutura nuclear do átomo. Isso
significa que um átomo nunca perde prótons nesse processo, apenas recebe (ou
perde) elétrons. Veja a representação desse fenômeno na Figura 2.

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Esses conceitos e as observações dos fenômenos elétricos já haviam sido
vistos pelos gregos e pelos mais antigos Homo sapiens, que observavam
confusamente raios partindo o céu. A partir disso, foi fundamentado o princípio mais
crucial da eletricidade: a lei das cargas elétricas. Essa lei diz que cargas de mesmo
sinal se repelem, e as de sinais oposto se atraem (Figura 3).

Ao aproximar um material carregado (tanto positivo quanto negativo) de um


objeto neutro, esse material polariza o material neutro, afastando as cargas iguais e
atraindo as cargas diferentes da superfície do material. Essa polarização resulta em
uma separação das cargas do material neutro, com uma pequena separação entre si,
formando um dipolo elétrico. A Figura 4 apresenta a formação do dipolo ao aproximar
uma carga externa carregada positivamente de um átomo neutro.

A partir dessa separação, foi possível explicar o que acontece com os


materiais nos quais os fenômenos elétricos ocorrem. Por exemplo, ao aproximar um

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balão eletrizado do seu cabelo eletricamente neutro, as cargas do balão vão atrair as
cargas opostas do seu cabelo, criando uma força de atração entre os materiais e
fazendo o seu cabelo “grudar” no balão, como mostra a Figura 5.

Nesta seção, você viu o conceito primordial da eletricidade — a carga elétrica


— e como essas cargas se comportam. Viu também que, devido às investigações dos
fenômenos elétricos mais básicos, foi possível aos pensadores concluírem como as
forças elétricas se comportavam, bem como as suas consequências para o ambiente.
A seguir, você lerá sobre o que ocorre para que os materiais se tornem carregados e
como isso ocorre, além de ver outros exemplos de fenômenos elétricos.

2.2 Processos de eletrização

Na prática, os átomos dos objetos adquirem carga positiva não por ganharem
prótons, mas por perderem elétrons. Os prótons estão extremamente firmes e ligados

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ao interior do núcleo, e não podem ser adicionados ou removidos do átomo. Por outro
lado, os elétrons estão ligados mais frouxamente ao núcleo e podem ser removidos
com maior facilidade. O processo de remoção de um elétron do átomo é chamado de
ionização e, quando isso acontece, o átomo é chamado de íon positivo, com carga
líquida de q=+e. Alguns átomos podem acomodar um elétron extra e, assim, tornarem-
se um íon negativo, com uma carga líquida q=–e.
Conforme Knight (2009), as forças de atrito geradas pela fricção de dois
materiais quebram as ligações moleculares das suas superfícies. As moléculas
desses materiais, que até então eram eletricamente neutras por natureza, tornam-se
um montante de íons positivos e negativos. Dessa forma, íons positivos permanecem
em um material, e íons negativos no outro, de modo que um dos objetos friccionados
fica com uma carga líquida positiva e o outro, com uma carga líquida negativa (Figura
6).

Assim, explica-se o fenômeno elétrico resultante da ação de esfregar o pano


em um pedaço de âmbar. Com a fricção, são acumulados íons negativos na superfície
do âmbar e íons positivos na do pano. Esse processo é denominado de eletrização
por atrito e funciona melhor para grandes moléculas orgânicas. Os metais geralmente
não podem ser carregados por atrito, apesar de serem ótimos condutores de
eletricidade, pois possuem elétrons fracamente ligados aos seus núcleos. A Figura 7
mostra mais detalhadamente esse processo de eletrização.

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O processo de eletrização por atrito pode acontecer entre diversos tipos de
materiais, mas há materiais com maior facilidade em fornecer elétrons (resultando em
um corpo positivamente carregado), e outros que são melhores receptores de elétrons
(tornando-se corpos negativamente carregado). Para descobrir, entre dois materiais
friccionados, qual será o receptor e qual será o doador de elétrons, utiliza-se a tabela
da série triboelétrica (Quadro 1), que lista materiais de forma ordenada, conforme a
sua tendência em doar ou receber elétrons.
Por exemplo, no caso da fricção entre um bastão de vidro e pelo de gato,
sabemos que o vidro ficará carregado positivamente e o pelo do gato, carregado
negativamente. Isso se dá porque o vidro está posicionado mais acima da tabela e,
portanto, é um material com maior capacidade de liberar elétrons do que o pelo de
gato.
Existem outros processos de eletrização de materiais, como a eletrização por
indução. Essa eletrização ocorre, por exemplo, ao aproximar um bastão de âmbar
negativamente carregado a um material condutor neutro, como uma esfera metálica.
Nesse caso, essa aproximação gera um movimento dos elétrons da esfera, devido à
lei das cargas elétricas, os quais buscam um distanciamento do pedaço de âmbar —
mesmo que não ocorra o contato nenhum entre os materiais. Quando isso ocorre, diz-
se que a esfera sofreu uma polarização de cargas, como você pode ver na Figura 8.
Esse é um estado momentâneo do material neutro e, conforme o bastão é afastado,
as suas cargas se distribuem como eram originalmente, e o material continua
eletricamente neutro.

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Agora, analise o exemplo mostrado na Figura 9.

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Segundo Hewitt (2015), em (a) são apresentadas duas esferas metálicas em
contato, ambas suspensas necessariamente por um material isolante, formando um
único condutor inicialmente neutro. Em (b), ao aproximar um bastão negativamente
carregado da esfera A, as cargas negativas das duas esferas, seguindo a lei das
cargas elétricas, movem-se para a esfera B, na tentativa de se distanciarem do bastão.
As duas esferas de metal estão agora polarizadas.
Em seguida, as esferas em (c) são separadas, e ainda há a presença do
bastão. As cargas que estavam polarizadas permanecem nas suas respectivas
esferas, ou seja, a esfera A está carregada positivamente, e a esfera B,
negativamente. Por fim, em (d), ao distanciar o bastão das esferas, as suas cargas
permanecem como em (c), e é dito que as esferas sofreram um processo de
eletrização por indução.
Caso o bastão negativamente carregado entre em contato com uma esfera
metálica inicialmente neutra, como mostra a Figura 10, os elétrons carregados do
bastão serão divididos entre os dois materiais, buscando um equilíbrio eletrostático.
Assim, ambos se tornam energizados negativamente. Diz-se, nesse caso, que a
esfera sofreu um processo de eletrização por contato.

De forma análoga, é possível também que um material carregado


positivamente entre em contato com um material neutro. Este, então, perde alguns
elétrons para que haja um equilíbrio eletrostático entre ambos.
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Nesta seção, você estudou as formas de se eletrizar um material e o que
ocorre, estruturalmente, com os seus átomos. Na seção seguinte, verá como as
propriedades estruturais dos átomos influenciam na sua capacidade de conduzir a
eletricidade — e, a partir disso, como classificá-los.

2.3 Propriedades elétricas dos materiais

Historicamente, a evolução da humanidade anda lado a lado com a evolução


e a descoberta dos materiais. Na Pré-História, os homens eram sujeitos a usar o que
a natureza disponibilizava, e as suas descobertas marcaram as etapas da história,
como na Idade da Pedra, na Idade do Ferro e na Idade do Cobre ou do Bronze
(SMITH; HASHEMI, 2012). Apesar de não ser nomeada dessa forma, a atualidade
poderia ser chamada como a Idade do Silício, um material semicondutor que permitiu
o grande desenvolvimento da eletrônica, sendo o principal responsável por todo o
avanço tecnológico existente na humanidade.

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Para compreender realmente a eletricidade e o seu vasto universo, não se
pode deixar de lado a importância das propriedades elétricas dos materiais utilizados
tanto para o seu transporte quanto para a sua proteção e geração. O comportamento
físico de um material diante de uma carga elétrica pode classificá-lo em quatro
famílias: condutores, isolantes, semicondutores e supercondutores.

Condutores e isolantes

Os condutores e isolantes são as duas grandes famílias de materiais elétricos


e possuem propriedades elétricas, em certo sentido, opostas. Essa classificação é
dada em relação à resistência que o material oferece ao movimentar um fluxo de
cargas pela sua estrutura.
A massa de um elétron é muito menor do que a de um próton ou de um
nêutron. Portanto, a maior parte da massa de um átomo reside no seu núcleo. Assim,
os elétrons podem ser removidos dos átomos com relativa facilidade em certos
materiais. Por isso, geralmente os elétrons são os portadores da eletricidade. Uma
representação microscópica de um isolante e de um condutor é mostrada na Figura
12. De acordo com Knight (2009), no material isolante, os elétrons estão fortemente
conectados ao núcleo atômico, não conseguindo se desprender dele, o que
impossibilita que se movimentem livremente.
Já no caso dos condutores, os elétrons da camada de valência da eletrosfera
(camada mais afastada do núcleo) estão fracamente ligados ao núcleo. A junção de
vários átomos de um material condutor faz com que esses elétrons fracamente
conectados ao núcleo se desprendam do átomo, movimentando-se livremente pelo
material (elétrons livres). Apesar de esses materiais apresentarem elétrons se
movimentando livremente — criando um “mar de elétrons” —, eles permanecem
eletricamente neutros, porque nenhum elétron foi adicionado ou removido durante
esse processo: eles apenas foram desacoplados do átomo. Assim, os condutores têm
uma grande facilidade em movimentar elétrons quando forças elétricas são
submetidas ao material. Esse fluxo de cargas é denominado de corrente.

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Os condutores mais utilizados são os metais, sendo o ouro, a prata e a platina
os melhores condutores. No entanto, em função do seu custo alto, são pouco
utilizados na transmissão de energia elétrica. Por outro lado, o cobre e o alumínio, são
muito utilizados, porque apresentam boa condutividade e baixo custo.
Como exemplos de bons isolantes, temos a borracha, o vidro, os plásticos, os
materiais cerâmicos, a madeira seca, entre outros. Na prática, os isolantes são muito
utilizados para isolar os materiais condutores transmissores de grandes quantidades
de carga, como no caso dos cabos utilizados para conectar qualquer aparelho elétrico.
Internamente, esses materiais são compostos por condutores — na grande maioria,
por fios de cobre — e, externamente, esses fios são encapados por um isolante
(Figura 13). Este impede que qualquer usuário ou objeto entre em contato com o
condutor, sofrendo a descarga da carga que passa pelo fio, o que pode resultar em
grandes choques ou até em morte.

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Semicondutores

As propriedades elétricas dos materiais semicondutores são intermediárias às


propriedades dos condutores e isolantes. Esses materiais são compostos por
propriedades únicas, capazes de desempenhar funções que revolucionaram a história
da eletrônica, possibilitando todo o desenvolvimento tecnológico existente hoje.
São exemplos de semicondutores o germânio (Ge) e o silício (Si), que são os
materiais semicondutores mais utilizados, em função das suas excelentes
propriedades elétricas, bem como da sua abundância na natureza. Esses
componentes, na sua forma pura, não são bons condutores nem isolantes; porém,
quando se adicionam mínimas impurezas na sua estrutura cristalinas, são capazes de
operar ora como condutores, ora como isolantes.
Com a descoberta desses semicondutores, nos anos 1970, desenvolveram-
se os transistores, que são dispositivos eletrônicos responsáveis pelo
desenvolvimento de todos os demais dispositivos eletrônicos existentes. A partir da
sua criação, foi possível a construção de processadores, computadores, celulares e
todas as tecnologias indispensáveis atualmente.
Uma forma simples de explicar como funcionam os transistores é compará-
los a um interruptor de luz que controla o fluxo de carga em um sistema. Ao receber
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um comando elétrico, o transistor se comporta como um condutor; ao receber
novamente esse comando, comporta-se como um isolante, controlando o momento
exato de um fluxo de carga.

Supercondutores

Os condutores, apesar de apresentarem facilidade no transporte de carga


elétrica, têm uma pequena resistência, que é responsável por transformar a energia
elétrica transmitida em calor — denominado de perda elétrica. Em linhas de
transmissão de energia com mais de 400 km de extensão, isso pode resultar em
perdas de mais de 10% da energia transferida.
Devido a esse e a outros fatores, muitos cientistas tentaram encontrar
materiais capazes de realizar o transporte de carga com uma resistência nula. Com
isso, em 1911, o físico holandês Heike Kamerlingh-Onnes observou que, ao resfriar
um condutor de mercúrio a –269,15°C, a sua resistência elétrica se anulava, o que o
tornava um material supercondutor.
A utilização de supercondutores ainda está muito limitada aos ramos de
transmissão de energia, principalmente porque o material precisa estar operando em
temperaturas extremamente baixas. Porém, com o desenvolvimento de novas
tecnologia e o avanço das pesquisas na área, futuramente esses materiais talvez
possam ser implementados mais facilmente à realidade.
Em função das suas propriedades elétricas, os supercondutores também são
capazes de gerar campos magnéticos poderosos. Esses supercampos magnéticos
são aplicados, na prática, em trens de levitação magnética, capazes de atingir
velocidades de até 600 km/h.

3 PADRÃO DE ENTRADA DE ENERGIA ELÉTRICA

A norma brasileira NBR 5410 (Instalações Elétricas de Baixa Tensão) fixa as


condições que as instalações de baixa tensão devem atender, a fim de garantir o seu
funcionamento adequado e a segurança de pessoas e animais domésticos e a
conservação de bens. Ela se aplica a instalações novas e a reformas em instalações

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existentes, bem como a qualquer substituição de componentes que implique alteração
de circuito.
As concessionárias de energia, por sua vez, fornecem a energia elétrica para
os consumidores de acordo com a carga (kW) instalada e em conformidade com a
resolução normativa nº 414 de 9 de setembro de 2010 da ANEEL que estabelece as
Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica de forma atualizada e
consolidada. Uma vez determinada a maneira de fornecimento de energia elétrica pela
concessionária, o que vai depender da carga instalada (kW), especifica-se o padrão
de entrada de energia elétrica.
O padrão é composto por poste com isolador, roldana, bengala, caixa de
medição e haste de aterramento (Figura 16-30). A instalação desses componentes
deve seguiras especificações da concessionária de energia elétrica. Depois de pronto
o padrão de energia, a concessionária faz uma inspeção e, se a instalação estiver
correta, instala e liga o medidor e o ramal de serviço disponibilizando a energia para
o consumidor.
O sistema de distribuição a três fios refere-se ao método de fiação empregado
para operar o sistema elétrico em uma instalação residencial. Trata-se de um sistema
monofásico de 60 Hz, consistindo em três fios, que fornece tensões de 120 e 240V. O
sistema fornece 120VCA para a operação de lâmpadas e pequenos aparelhos
portáteis. Além disso, ele fornece 240VCA para operar aparelhos pesados, como fornos
elétricos, máquinas de secar roupas e aquecedores de água.
O diagrama de um sistema de distribuição a três fios é mostrado na Figura 16-
31. A tensão primária está na faixa de kV. No caso da Figura 16-31, a tensão é
abaixada para 240V, a qual aparece entre os dois terminais externos do enrolamento
secundário do transformador. Um fio de derivação central divide essa tensão ao meio,
fornecendo 120V entre a derivação central e os terminais externos. Os dois fios
externos são chamados fios fase e têm geralmente isolação preta ou vermelha. O fio
da derivação central é aterrado (conectado à terra) na base do transformador e é
conhecido como fio neutro. O neutro possui isolação geralmente azul. Por razões de
segurança, os fios fase são controlados por interruptores e têm fusíveis ou disjuntores
ligados em série com eles. O fio neutro é aterrado no transformador e no padrão
elétrico da casa ou edificação.

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Através do circuito de distribuição, a energia é levada do medidor (ponto de
entrega) até o quadro de distribuição de circuitos, também conhecido como quadro de
luz (veja a Figura 16-32). O Quadro de Distribuição de Circuitos (QDC) é o centro de
distribuição de energia de toda a instalação elétrica de uma residência. O
dimensionamento do QDC deve prever eventuais ampliações futuras e ser compatível
com a quantidade e o tipo de circuitos previstos inicialmente. Para determinar a carga
de uma instalação elétrica residencial, devem ser soma de todas as cargas elétricas
previstas para as tomadas de uso geral e a potência das lâmpadas e dos demais
equipamentos elétricos.
O dimensionamento dos condutores que vão do padrão de energia até o QDC,
em geral através de um eletroduto embutido na parede, é definido pela NBR 5410 e
vai depender do número de circuitos e da carga instalada.

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É importante que a proteção de uma instalação seja coordenada de forma que
atuem em primeiro lugar as proteções mais próximas às cargas. Assim, os disjuntores
instalados no QDC devem ter corrente nominal inferior ao disjuntor geral instalado no
padrão de entrada (as correntes dos disjuntores do QDC são definidas de acordo com
o circuito que cada um protege; já a corrente do disjuntor geral é determinada pela
corrente associada a todos os circuitos do QDC ou pela corrente total da instalação).
A Figura 16-33 mostra conexões típicas de disjuntores em um QDC. Para
conectar um circuito de 127V, o fio fase deve ser alimentado a partir de qualquer
disjuntor unipolar e o fio neutro é alimentado a partir do barramento de neutro. Para
circuitos de 220V, recomenda-se utilizar disjuntores bipolares, de modo que ambos os
fios fase sejam protegidos e abertos e fechados juntos.

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Nas instalações residenciais são usados disjuntores de caixa moldada fixados
no QDC por meio de um clipe de fixação (Figura 16-34). A moldura do QDC possui
espaços para acomodar cada disjuntor (o número de espaços vai depender do modelo
de quadro). Apenas remova os espaços da moldura necessários para o número de
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disjuntores a serem instalados. Os espaços não utilizados podem ser empregados
futuramente, quando um outro circuito for instalado. Alguns modelos de QDC
acompanham tampas cegas de PVC, encaixadas por pressão, para cobrir os espaços
da moldura não ocupados por disjuntores (no caso de o espaço ter sido removido
acidentalmente ou por outra razão qualquer).

3.1 Caixas, tomadas e suportes de lâmpada

As normas elétricas pertinentes exigem que todo equipamento elétrico


conectado ao sistema elétrico de uma edificação/residência passe por testes
padronizados em um laboratório credenciado pelo INMETRO. Um equipamento ou
material elétrico testado significa que ele foi avaliado com relação à finalidade para a
qual ele se destina bem como à sua utilização segura. Os produtos testados possuem
um selo ou alguma identificação referente ao INMETRO e/ou ao laboratório
credenciado onde os testes foram realizados.
As recomendações relativas à utilização de caixas de luz* podem ser
encontradas em normas pertinentes. Normalmente, há a necessidade de instalação
de caixas de luz naqueles pontos em que há um interruptor, tomada, soquete ou
suporte de lâmpada, ou onde existem emendas de fio ou, ainda, simplesmente para a
derivação ou passagem de fios. As caixas de luz têm quatro objetivos principais:
 Reduzir os riscos de incêndio;
 Conter todas as conexões elétricas;
 Suportar a fiação;
 Proporcionar a continuidade do aterramento.
As caixas de luz (Figura 16-35) vêm em várias formas e tamanhos projetados
para diferentes aplicações. As caixas de aço devem ser aterradas, em geral com um
parafuso disponível na caixa. Tipos comuns empregados incluem:
 A caixa octogonal para apoiar luminárias ou usada como ponto de derivação
ou passagem de fios;
 A caixa de interruptor ou de tomada utilizada para interruptores e tomadas
residenciais.

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 A caixa quadrada usada para tomadas residenciais de equipamentos de
potência mais elevada ou como caixa de ligação ou derivação para sistemas
de fiação de superfície e ocultos.
São fornecidos orifícios para proporcionar um meio de entrada na caixa e para
a fixação de conectores de cabos ou condutores. Um orifício é um buraco parcialmente
perfurado, que pode ser removido facilmente com uma pancada.

4 CIRCUITOS ELÉTRICOS

Um dos pontos interessantes desse tema é que os elementos e componentes


de um sistema elétrico só conseguem ser utilizados se estiverem interligados, ou seja,
conectados por meio de circuitos. Portanto, o entendimento do circuito é
imprescindível para que possamos atuar na área de energia, tanto para a execução
de serviços em eletricidade como para poder elaborar projetos elétricos. O
desconhecimento de circuitos elétricos torna quase inviável a atuação de um
profissional na área de energia elétrica.
Em um primeiro momento, serão apresentados conceitos de grandezas
elétricas. A segunda abordagem refere-se ao comportamento de corrente contínua e
alternada e, na sequência, a algumas aplicações de grandezas elétricas em circuitos.

4.1 Circuitos elétricos e seus componentes

O circuito elétrico proporciona a interligação de dispositivos e componentes


de um sistema elétrico. Quando utilizamos o termo circuito elétrico, podemos estar
nos referindo a um modelo matemático ou, então, a um sistema físico. Sabemos que,
por meio dos circuitos elétricos, é fornecida a energia elétrica e temos presentes as
seguintes grandezas elétricas: corrente, tensão, resistência e potência. Portanto,
podemos afirmar que o circuito elétrico é um conjunto de componentes conectadas,
em um ou mais caminhos fechados, com a função específica de fornecer energia
elétrica para um ou mais elementos. A energia elétrica pode ser utilizada, por exemplo,
para acender uma lâmpada, acionar um motor, ligar uma lavadora de roupas, entre
tantas outras necessidades presentes em nosso dia a dia.

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Para entendermos de forma mais clara o comportamento do circuito elétrico,
torna-se necessária a compreensão das suas grandezas elétricas.

Corrente elétrica

Conforme Gebran e Rizzato (2017), a corrente elétrica corresponde ao


movimento, no interior de um condutor, de elétrons que surgem a partir da aplicação
de uma força externa, que pode ser magnética ou elétrica. Quando aplicamos a
diferença de potencial na extremidade de um condutor, ela provoca o deslocamento
dos elétrons livres, pois se formou um campo elétrico. Esse campo tem a direção do
menor potencial, e surge o que denominamos de corrente elétrica. A medida da
quantidade desse deslocamento de cargas é chamada de intensidade de corrente
elétrica, e sua unidade é o Ampère, representado pela letra A.
A equação para a intensidade de corrente elétrica é a seguinte:

Onde:
I = corrente em Ampères (A);
q = carga em Coulombs (C);
t = tempo em segundos (s).

Tensão elétrica

Segundo Gebran e Rizzato (2017), para que haja circulação da corrente


elétrica, é necessário que um trabalho seja realizado por meio da utilização de um
campo elétrico. Ao aplicarmos esse campo nos dois lados do condutor, uma diferença
de potencial aparece e conduz a movimentação dos elétrons. O valor da diferença de
potencial é a tensão, e sua unidade é o volt, representado pela letra V. A equação
para tensão elétrica é apresentada da seguinte forma:

Onde:

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V = tensão em volts (V);
w = trabalho em joules (J);
q = carga em coulombs (C).

Resistência elétrica

A resistência elétrica é a capacidade de um material de se opor à passagem


de corrente elétrica. Quando a corrente elétrica é estabelecida em um condutor, temos
um movimento bastante intenso de elétrons livres que começam a se deslocar nele.
Com esse movimento, os elétrons começam a colidir entre si, encontrando certa
dificuldade na sua circulação. Isto é, existe resistência à passagem da corrente no
condutor.
Em relação ao condutor, a resistência elétrica apresenta uma variação quanto
ao comprimento, à área da seção e à temperatura. Quanto ao comprimento, teremos
uma maior resistência elétrica quanto maior for o comprimento. Já na área da seção
transversal, é ao contrário, onde se encontra um valor de maior resistência elétrica
quanto menor for a área da seção. Também é interessante ressaltar que a temperatura
tem uma influência direta na resistência elétrica, pois a variação de temperatura
modifica o valor da resistividade do material.
Segundo Sadiku, Musa e Alexander (2014), para determinarmos o valor da
resistência elétrica em um circuito, utilizamos a seguinte equação:

Onde:
R = resistência elétrica em ohms (Ω);
V = tensão em volts (V);
28
I = corrente em ampères (A).

Potência elétrica

A potência elétrica é a energia gerada por unidade de tempo, fornecida ou


recebida por um elemento e igual ao produto da tensão entre os terminais pela
corrente que o percorre. Ela é representada pela letra P, e sua unidade é o watt (W).
A potência elétrica é determinada pela seguinte equação:

Com P = potência em watts (W), V = tensão em volts (V), e I = corrente em


amperes (A).

A corrente elétrica pode ser apresentada de duas maneiras: corrente contínua


(CC) e corrente alternada (CA). A diferença entre elas e o seu comportamento serão
o assunto do próximo item.

4.2 Circuitos elétricos em corrente contínua e alternada

Neste tópico, abordaremos os circuitos em corrente contínua e alternada.


Uma corrente contínua é aquela que circula sempre no mesmo sentido, com uma
intensidade constante ao longo do tempo. Já a corrente alternada muda o sentido de
circulação, variando com o tempo segundo uma forma senoidal.
Para ilustrar melhor esses conceitos, na Figura 1a, temos a representação
gráfica de uma corrente contínua, enquanto a Figura 1b representa a corrente
alternada.

29
Agora, apresentaremos as definições de tensão contínua e alternada. A
tensão contínua é aquela em que não há variação ao longo do tempo. Já a tensão
alternada é definida como uma tensão periódica variável. Para entender melhor,
observe a Figura 2, a seguir.

Nota-se que, na Figura 2a, o valor da tensão não muda e nem o sinal, ou seja,
permanece todo o tempo com um valor positivo. Na Figura 2b, há modificações. O
valor da tensão e o seu sinal variam durante um determinado tempo, denominado de
período. Podemos afirmar que o período é o tempo necessário para realizar um ciclo
completo, ou seja, o valor da tensão parte de zero até um valor máximo positivo;
retorna novamente a zero, atingindo um valor máximo negativo, e termina o seu ciclo
30
novamente em zero. A letra T representa o período, e a sua unidade de medida é em
segundos.
Para análise de circuitos elétricos, é necessário conhecermos a frequência,
definida como o inverso do período. A sua unidade é o hertz (Hz), e a sua equação é
a seguinte:

No Brasil, a frequência utilizada no sistema elétrico é de 60 Hz.


O fornecimento de CC é realizado por fontes, como células solares
fotovoltaicas e baterias. A própria característica de trabalho CC direciona a sua
aplicação para baixas tensões, como o carregamento de baterias, o controle de
equipamentos industriais, as aplicações de robótica, entre outros.
Atualmente, a CA é usada principalmente na geração e distribuição de energia
elétrica, por apresentar vantagens significativas sobre a corrente contínua, tanto na
transmissão quanto na distribuição. Por outro lado, uma das maiores vantagens da
energia CC é a possibilidade de ser utilizada em aplicações específicas, como no caso
das linhas submersas de alta tensão.
Fazendo uma comparação entre CC e CA, de uma forma ampla, é indicado
utilizar a transmissão de energia em CC quando a CA não for viável ou possível, como
no caso de longas distâncias.
Portanto, a utilização de corrente CC ou CA depende basicamente da
aplicação a ser realizada.
Agora que já entendemos o comportamento de corrente alternada e contínua,
veremos a sua aplicação em circuitos elétricos, relacionando com a corrente elétrica,
a tensão elétrica e a potência elétrica.

5 APLICAÇÃO DE CIRCUITOS E GRANDEZAS ELÉTRICAS

O devido conhecimento de elementos e grandezas que compõem os circuitos


elétricos é a base necessária para que possamos calcular os valores de corrente,
tensão e potência elétrica. Dessa forma, podermos dimensionar corretamente os
elementos pertencentes ao sistema, como condutores, disjuntores e quadros de
distribuição. Para termos uma ideia mais clara sobre o assunto, serão apresentados

31
dois exemplos. O exemplo 1 mostra um circuito CC composto de uma fonte e
resistores: como analogia, relacionamos a fonte a uma bateria, e o resistor a uma
lâmpada. Calcularemos o valor da potência elétrica desse circuito.
Exemplo 1
O circuito da Figura 3 representa uma fonte em série com um resistor. O valor
da fonte e a corrente do circuito são conhecidos. Determine o valor da resistência
elétrica R.

A equação para determinarmos o valor da resistência elétrica é


Dessa forma temos:

Também é possível determinarmos a potência elétrica do circuito.


Sabemos que a equação da potência elétrica é dada por P = V × I.
Portanto:

Se não tivéssemos o valor da corrente, como acharíamos a potência elétrica?


Nesse caso, seria necessário conhecer o valor da resistência elétrica para, dessa
forma, encontrarmos o valor da corrente, possibilitando o cálculo da potência elétrica.

32
Vamos analisar o circuito da Figura 4, a seguir.

A resolução seria da seguinte forma:

Aplicando a equação da potência elétrica:

No segundo exemplo, solucionaremos um problema envolvendo um circuito


CA.
Exemplo 2
Uma corrente senoidal tem uma amplitude cujo valor é 10 A. A corrente que
passa por um ciclo completo é de 2 ms. O valor da corrente quando está em zero é
de 5 A. Calcule o valor da frequência da corrente desse circuito.
A equação da frequência é:

Portanto:

33
Então:

Após a resolução desses dois exemplos, podemos chegar a algumas


conclusões.
 As grandezas elétricas — corrente, tensão, resistência e potência — estão
interligadas.
 Para podermos calcular a corrente elétrica, é necessário termos os valores de
tensão elétrica e resistência elétrica, de acordo com a equação I = V / R.
 Se quisermos calcular a tensão elétrica no circuito, devemos ter a resistência
elétrica e a corrente elétrica, obtendo V = R × I, ou, então, tendo a potência
elétrica e a corrente elétrica, sendo calculada pela equação V = P / I.
 Para calcular a resistência elétrica, utilizamos a equação R = V / I, ou, então,
R = P / I2.
 Quando temos em um circuito elétrico de corrente alternada (CA), também é
importante sabermos o valor da frequência, já que este elemento influencia
diretamente no comportamento da corrente elétrica.
Portanto, partindo do conhecimento de grandezas elétricas, sabendo as
equações que as relacionam, conseguimos determinar diversos parâmetros
necessários para o dimensionamento de um circuito elétrico.

6 LEI DE OHM

A lei de Ohm certamente é a fórmula mais utilizada em eletricidade e


eletrônica. Por quê? Porque é uma equação simples, que relaciona resumidamente
os valores de corrente, tensão e resistência de um circuito elétrico. Antes de George
Simon Ohm descobrir sua lei, em 1827, o trabalho com circuitos elétricos era feito
seguindo uma abordagem de tentativa e erro.
Ela define a relação entre a corrente, a tensão e a resistência. Segundo
Petruzella (2013), a eletricidade sempre age de uma forma previsível, pois, com o uso

34
de diferentes leis para circuitos elétricos, conseguimos prever o que vai acontecer em
um circuito, ou diagnosticar por que as coisas não estão funcionando como deveriam.
A lei de Ohm pode ser resumida da seguinte forma:
A corrente (I) em um circuito é diretamente proporcional à tensão aplicada (E)
e inversamente proporcional à resistência do circuito (R). Isso quer dizer que a lei de
Ohm estabelece que a corrente em um circuito elétrico depende de duas coisas: 
 Da tensão aplicada ao circuito;
 Da resistência no circuito.
Se você comparar os circuitos da Figura 1 será mais fácil entender a relação
entre tensão e corrente. Os três circuitos têm a mesma resistência fixa (10 Ω). Note
que, quando a tensão é aumentada ou diminuída (25 ou 10V), há um aumento ou uma
redução diretamente proporcional no valor de fluxo de corrente (de 3 para 1 A). A
corrente, portanto, é diretamente proporcional à tensão.

Caso a tensão seja mantida constante, a corrente irá variar conforme as


mudanças de resistência, mas no sentido oposto, como mostram os circuitos da Figura
2.

35
Os três circuitos têm a mesma tensão fixa (25V). Veja que, quando a
resistência é aumentada de 10 para 20 Ω, a corrente reduz de 2,5 para 1,25 A. Do
mesmo modo, quando a resistência é reduzida de 10 para 5 Ω, a corrente aumenta
de 2,5 para 5 A. A corrente, portanto, é inversamente proporcional à resistência.

Veja as três formas de expressá-la matematicamente, conforme o triângulo de


Ohm (Figura 3):
Encontrar a tensão: a tensão é igual à corrente multiplicada pela resistência.
Encontrar a corrente: a corrente é igual à tensão dividida pela resistência.
Encontrar a resistência: a resistência é igual à tensão dividida pela corrente.

36
37
É importante usar corretamente as unidades de medida ao aplicar as
equações matemáticas da lei de Ohm a um circuito. A mistura inadequada de
unidades resultará em respostas incorretas.
Veja algumas combinações comuns de unidades que podem ser usadas para
diferentes tipos de circuitos:
Circuitos elétricos
I = corrente em ampères (A)
E = tensão em volts (V)
R = resistência em ohm (Ω)

Circuitos eletrônicos
I = corrente em miliampères (mA)
E = tensão em volts (V)
R = resistência em ohm (Ω)

38
Circuitos microeletrônicos
I = corrente em microampères (μA)
E = tensão em volts (V)
R = resistência em megaohm (MΩ)

39
Conforme Petruzella (2013), os circuitos eletrônicos e microeletrônicos
operam em valores de corrente bem mais baixos do que os circuitos elétricos. Isso
ocorre principalmente porque eles, em geral, possuem valores de resistência muito
maiores. Se a resistência destes circuitos é expressa em quilohms ou megaohms, e a
tensão em volts, é possível calcular a corrente diretamente em miliampè res ou
microampères:

Em circuitos eletrônicos e microeletrônicos de baixas correntes, se a


resistência desses circuitos é expressa em quilohms ou megaohms, e a corrente em
miliampè res ou microampères, a tensão pode ser calculada diretamente como segue:

Nos circuitos eletrônicos, realizar o cálculo da resistência dos resistores às


vezes é mais conveniente do que medir com um ohmí metro. Isso se os valores de
corrente e de tensão forem conhecidos. A corrente pode ser expressa em miliampè

40
res ou microampères. Quando esse for o caso, a resistência é encontrada usando a
combinação comum de:

7 RESISTORES

O físico alemão Georg Simon Ohm sempre se interessou por pesquisas na


área de elétrica, especializando-se no assunto de corrente elétrica. De forma
experimental, em 1826, Ohm determinou a lei que relaciona tensão e corrente para
um resistor, a famosa Lei de Ohm. Os resistores estão presentes em praticamente
todos os aparelhos elétricos/eletrônicos, de modo que é importante conhecer como
eles são, quais tipos existem e em que são aplicados.

7.1 O que são resistores

Os resistores são dispositivos eletrônicos simples e passivos, cuja finalidade


é transformar energia elétrica em outro tipo de energia. Por exemplo, no chuveiro
elétrico, o resistor transforma a energia elétrica em calor ou energia térmica; nos
motores elétricos, ele transforma a energia elétrica em movimento ou energia
mecânica; e nas lâmpadas, ele transforma a energia elétrica em luz (MENDES, 2010).
Os resistores estão presentes em diversos circuitos elétricos, como os
circuitos que compõem os chuveiros, os computadores, os ferros de passar, os
televisores, entre muitos outros. Uma característica do resistor é se opor à passagem
de corrente elétrica, limitando, assim, a sua intensidade. Um resistor é representado
pela letra R e medido em Ohm (Ω). A Figura 1, a seguir, apresenta alguns símbolos
utilizados para representar os resistores em circuitos elétricos.

41
No resistor, a tensão sobre ele é proporcional à corrente que flui através dele
(HAYT JR.; KEMMERLY; DURBIN, 2014). A resistência de qualquer material inclui
quatro aspectos:
1. Propriedade do material: cada material se opõe ao fluxo de corrente.
2. Comprimento (l): quanto maior for o comprimento, maior será a
resistência.
3. Área seccional (A): quanto maior for a área, menor será a resistência.
4. Temperatura: em geral, para os metais, quanto maior for a temperatura,
maior será a resistência.
A resistência pode ser determinada por meio de (1):

onde, ρ é a resistividade do material medida em Ω-m (SADIKU; MUSA;


ALEXANDER, 2014). Vale ressaltar que o resistor é um componente, ao passo que a
resistência elétrica é um fenômeno físico.
O Quadro 1, a seguir, apresenta a resistividade de alguns materiais. Os
materiais podem ser classificados em três tipos: condutor, semicondutor e isolante.
Os condutores possuem baixa resistividade, ao passo que os isolantes possuem alta
resistividade.

42
O físico alemão Georg Simon Ohm ficou conhecido por conseguir relacionar
corrente, tensão e resistor. Essa relação ficou conhecida como Lei de Ohm. Vale
ressaltar que apenas os resistores lineares obedecem à Lei de Ohm. A resistência
pode ser determinada por meio da Lei, dada por:

onde v é a tensão medida em Volts (V); e i é a corrente medida em Amperes


(A).
A Lei de Ohm também pode ser escrita da seguinte forma:

43
A constante G é a condutância do resistor, medida em Siemens (S), e pode
ser calculada por meio da seguinte equação:

Os valores dos resistores podem ser encontrados por meio das cores das
faixas estampadas no seu exterior. Cada faixa de cor e a posição onde estão no
resistor representam um número, conforme o Quadro 2.

Entretanto, a quarta faixa nem sempre existe e, de modo geral, fica afastada
das outras três. Essa faixa é chamada de faixa de tolerância e é expressa em
porcentagem, pois indica a precisão do valor real em relação ao valor lido pelo código
de cores. A maioria dos resistores apresenta a faixa de tolerância na cor prata.
Os resistores que são constituídos de filme de metal utilizam, com frequência,
uma faixa com cinco cores, sendo que as três primeiras faixas coloridas são para os
dígitos, a quarta faixa, para o multiplicador, e a última faixa, para a tolerância.

44
Nesta seção, foi introduzido o que é um resistor e as formas de se determinar
a resistência por meio da lei de Ohm e da resistividade e da área. Também vimos que
é possível determinar o valor do resistor sem nenhum equipamento por meio de uma
tabela de cores. Na próxima seção, serão apresentados os vários tipos de resistores
e como eles são utilizados.

7.2 Tipos e uso de resistores

Os resistores podem ser classificados em dois tipos: fixos e variáveis. Os


resistores fixos são feitos de filme carbono, filme metálico, entre outros. A Figura 2,
a seguir, apresenta um resistor fixo feito de filme metálico.

Os resistores variáveis, por sua vez, têm a facilidade de poderem ser


ajustados de forma manual. Alguns exemplos são: potenciômetros, reostatos, PTC
(do inglês positive temperature coeficient; coeficiente de temperatura positivo, em
português), NTC (do inglês negative temperature coeficient; coeficiente de
temperatura negativo, em português), LDR (do inglês light depend resistor; resistor
dependente de luz, em português) e magnetorresistores.

45
Os resistores fixos normalmente são especificados por meio de três
parâmetros: o valor da resistência elétrica, a tolerância e a máxima potência elétrica
dissipada. A potência dissipada por um resistor pode ser calculada de várias
maneiras. Vamos partir da seguinte equação:

onde P é a potência, medida em Watt; v é a tensão, em volts; e i é a corrente,


em ampere.
É possível substituir v por Ri. Desse modo, a Equação 4 pode ser reescrita da
seguinte forma:

Contudo, também possível substituir i por v/R na Equação 4:

Quanto maior for a resistência de um resistor, maior será a potência dissipada


por ele. Os resistores possuem alguns valores típicos de potência, são eles: 1/8W,
1/4W e 1/2W. Se a potência for ultrapassada, o resistor aquecerá e poderá queimar.

46
Reostatos

Os reostatos são resistores que possuem resistência variável, podendo ser


classificados em: de variação contínua e de variação descontínua. Nos reostatos de
variação contínua, é possível variar o valor da resistência de forma contínua entre
dois pontos, do zero até um valor máximo predeterminado. Nos reostatos, a
resistência do resistor é modificada, alterando o valor da corrente. Um exemplo de
aplicação do reostato são as lâmpadas que possuem brilho variável, brilho este que
pode aumentar ou diminuir de acordo com a variação do resistor. Outros exemplos
encontrados em casa são os botões de volume dos aparelhos de som e a regulação
da velocidade de um ventilador. Regular a corrente de campo de um motor de corrente
contínua é outro exemplo do uso de reostatos de forma industrial.
Um resistor variável pode ter uma configuração chamada de potenciômetro.
O potenciômetro produz variação de tensão na saída e é utilizado em equipamentos
que não necessitam de altos valores de potência. A Figura 3, a seguir, apresenta os
símbolos que são utilizados para representar os reostatos em um circuito elétrico.

O reostato de variação descontínua, por sua vez, possui um banco de


resistores com valores predeterminados que podem ser ligados em paralelo, caso
necessitem diminuir o valor da resistência, ou em série, para aumentar o valor. Esse
tipo de reostato pode ser utilizado em motores de corrente contínua. Nesse tipo de
motor, o pico de corrente é alto, e o reostato é utilizado na partida para que o pico seja
minimizado e o motor seja acionado de forma gradativa. A Figura 4, a seguir,
apresenta um potenciômetro.

47
Os magnetorresistores (MRE, magneto resistive element) são dispositivos
em que a resistência muda de acordo com a intensidade do campo magnético (DUNN,
2013). Os detectores de velocidade, por exemplo, utilizam magnetorresistores. A
Figura 5, a seguir, apresenta o símbolo de um magnetorresistor.

Resistor dependente de luz (LDR)

Os LDR, também chamados de fotorresistores, são resistores variáveis que


são controlados pela luz. No LDR, a resistência elétrica diminui quando incide energia
luminosa sobre ele. Na ausência de luz, a resistência aumenta, com valores próximos

48
de MΩ. O LDR é ativado ou desativado quando energia luminosa incidir sobre ele. A
sensibilidade desse componente depende do tipo de material com o qual a célula é
formada, da área em que ficará exposta à luz, da potência de dissipação e da fonte
de alimentação do circuito. Algumas aplicações do LDR são: controle automático de
porta, controle de iluminação em uma casa, acionamento de relés, controle remoto de
dispositivos, entre outros. A Figura 6, a seguir, apresenta os símbolos de um
fotorresistor e de um fotorresistor comercial (BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011).

NTC e PTC

Os termistores são resistores sensíveis à temperatura, os quais ocasionam


grandes mudanças na resistência com uma pequena mudança da temperatura. Isso
ocorre devido à alteração na concentração de portadores de carga. Essa mudança da
resistência com a temperatura pode resultar em um coeficiente positivo da
temperatura, como nos dispositivos PTC, em que a resistência elétrica aumenta com
a temperatura. A grande maioria dos dispositivos metálicos possui coeficiente positivo
de temperatura. Entretanto, na maioria dos materiais semicondutores, o coeficiente
da resistência é negativo, ou seja, a resistência elétrica diminui com o aumento da
temperatura, como os NTC.
Os termistores NTC (Figura 7) são bastante utilizados para a compensação
de temperatura, ar-condicionado e termômetro, e são fabricados em vários formatos
e tamanhos, como disco, bastão e arruela. Algumas vantagens do NTC são: alta
sensibilidade e alta resolução (BHUYAN, 2013). Um dos grandes problemas do
49
termístor NTC, como sensor para a temperatura, é a sua calibração, já que a variação
de sua resistência elétrica com a temperatura não é linear.

7.3 Associação de resistores

Nos circuitos elétricos, os resistores podem se organizar de duas maneiras:


em série ou em paralelo. A resistência total desses resistores pode ser trocada por
um único resistor, sendo chamada de resistência equivalente.
Na associação de resistores em série, a corrente é a mesma em todo o
circuito. Para encontrar a resistência equivalente, somam-se todas as correntes,
conforme o exemplo da Figura 8.

50
Já na associação de resistores em paralelo, a tensão é a mesma em cada
resistor, de modo que a corrente elétrica que flui pelo circuito é a soma das correntes
elétricas que passam por cada um dos resistores. A resistência equivalente dos
resistores em paralelo é calculada conforme a Figura 9.

Os resistores também podem ter uma associação mista, ou seja, estão em


série e em paralelo. Para calcular a resistência equivalente do circuito, primeiro,

51
calcula-se o valor total dos resistores em paralelo e, depois, soma-se esse valor aos
resistores que estão em série. A Figura 10, a seguir, apresenta uma associação mista.

A resistência equivalente da Figura 10 pode ser calculada, primeiramente,


calculando-se a resistência equivalente que está em paralelo, R2, R3 e R4, do seguinte
modo:

Para melhor compreensão, confira o exemplo a seguir.


Exemplo 1
Qual é o valor da resistência equivalente para a configuração a seguir?

52
O primeiro passo é resolver o que está em paralelo. Então:

O segundo passo é resolver o que está em série:

53
O terceiro passo é resolver o que está em paralelo:

54
O último passo é somar as três resistências que estão em série. Portanto:

Nesta seção, vimos como é possível calcular a resistência equivalente nas


configurações em série, paralela e mista.

8 ANÁLISE DE CIRCUITOS SÉRIE DE CORRENTE CONTÍNUA

Com o objetivo de ter maior controle sobre os efeitos do circuito, seus


princípios de funcionamento serão evidenciados para que, a partir de condições de
projeto, seja possível resolver determinadas equações matemáticas para definir os
valores das grandezas.
Por fim, serão analisados e visualizados os possíveis problemas em um
circuito série, bem como uma forma identificá-los a partir de parâmetros elétricos
mensuráveis.

55
8.1 Características de um circuito série em corrente contínua

Em geral, os componentes elétricos dispõem de, no mínimo, dois terminais


para que sejam ligados a outros diferentes componentes. A Figura 1 mostra um
componente genérico de dois terminais e seus dois terminais, a e b.

Quando diversos componentes são ligados sequencialmente, como mostra a


Figura 2, em que um terminal de um componente é comum ao componente seguinte,
sucessivamente até que o último componente esteja ligado ao primeiro, essa ligação
é chamada de associação série. Nela, nota-se a presença de um único caminho,
começando e terminando no componente 1 (PETRUZELLA, 2013).

56
Em circuitos elétricos, os componentes básicos são as fontes de tensão e os
resistores, ilustrados pelos seus símbolos nas Figuras 3a e 3b, respectivamente, com
um circuito série composto por uma bateria V e dois resistores, R1 e R2 , como
mostrado na Figura 3c. As fontes de tensão, por sua vez, podem ser de duas
naturezas: independentes (Figura 3a), aquelas em que a tensão fornecida depende
apenas de seus parâmetros internos; e dependentes, que utilizam outras grandezas
do circuito como referência para a tensão fornecida.

57
Em uma fonte de tensão, há, em todos os momentos, uma diferença de
potencial elétrico entre seus terminais, medida em Volt (V) e que pode ser originada
de diversas formas, como máquinas elétricas rotativas, processos químicos e até
mesmo interações com a luz solar. Uma fonte é dita de corrente contínua (CC) quando
a diferença de potencial entre seus terminais tem o mesmo valor em todos os instantes
de tempo. Um resistor é um componente construído utilizando materiais condutores.
Esses materiais têm como característica certa quantidade de cargas livres em seus
átomos. A resistência desse componente é medida em Ohm (Ω). Para fazer a ligação
entre os componentes de um circuito, são utilizados fios, construídos de material
condutor (TIPLER; MOSCA, 2012; WALKER, 2016).
Quando um resistor é ligado em um circuito elétrico série a uma fonte de
tensão, a diferença de potencial faz com que as cargas livres do resistor tendam a se
locomover do potencial mais alto para o potencial mais baixo, sentido conhecido como
sentido convencional de condução. O movimento dessas cargas ao longo do tempo é
definido como a corrente elétrica de um circuito, grandeza esta medida em ampère
(A). Adicionalmente, a corrente elétrica I que circula em um circuito pode ser dada
pela razão entre a diferença de potencial V pela resistência R, como mostra a equação
(1), conhecida como lei de Ohm.

58
Um circuito série composto por n resistores de diferentes resistências pode
ser comparado a um circuito série composto por apenas uma resistência, denominada
equivalente. A resistência equivalente Req de uma associação em série de resistores
é dada pelo somatório dessas resistências, como mostra a equação (2).

No caso de um resistor feito de material condutor de resistividade ρ (em Ωm),


cuja corrente circula por um comprimento l (em m) por meio uma seção transversal A
(em m2), como mostra o esquema na Figura 4, sua resistência é dada pela equação
(3).

Para fazer a ligação entre os componentes de um circuito, utilizam-se fios,


construídos de material condutor, normalmente o cobre. Já resistores podem ser
construídos de diversos materiais, de compostos cerâmicos a ligas de níquel-cromo e
manganina (TIPLER; MOSCA, 2012; WALKER, 2016). Suas resistividades, bem como
de outros materiais, podem ser encontradas no Quadro 1.

59
A circulação de corrente se dá em razão do movimento das cargas livres nos
materiais, que faz com que essas cargas acabem colidindo umas com as outras
gerando calor nos condutores e resistores — esse calor é conhecido como efeito
Joule. A potência P (em W) dissipada na forma de calor pelo efeito Joule em um
componente de resistência R, sob uma diferença de potencial V e circulando uma
corrente I pode ser dado por uma das três expressões da equação (4) (TIPLER;
MOSCA, 2012; WALKER, 2016).

Da mesma forma que um resistor dissipa uma potência, esta deve ser
fornecida pelo circuito. Assim, o elemento que fornecerá a potência dissipada pelos
resistores de um circuito será a fonte. Como os circuitos elétricos também obedecem
às leis de conservação de energia, a potência fornecida por uma fonte ligada a
diversos resistores será igual ao somatório das potências dissipadas por cada resistor
ou, então, pelo produto de sua tensão V e pela corrente I que fornece ao circuito
(TIPLER; MOSCA, 2019; WALKER, 2016).

60
Uma fonte independente ideal é aquela que sempre fornece sua grandeza de
forma constante, sem nenhuma variação, em que as demais grandezas variam para
que essa condição seja obedecida. Assim, uma fonte de tensão independente fornece
uma tensão constante variando a corrente de acordo com a carga ligada nela. Fontes
de tensão em CC devem respeitar a polaridade de seus terminais, situação em que
um terá potencial elétrico maior que outro em todos os instantes e de forma invariável.
Assim, é possível associar fontes em série a fim de obter tensões maiores ou menores,
mostradas na Figura 5.

61
Na Figura 5a, as fontes estão ligadas de modo que o terminal positivo da fonte
V1 está ligado ao terminal negativo da fonte V2, fazendo com que a tensão entre os
terminais a e b seja o somatório das tensões dessas duas fontes.
Já na Figura 5b, as fontes estão ligadas para que o terminal positivo da fonte
V1 está ligado ao terminal positivo da fonte V2, fazendo com que a tensão entre os
terminais a e b seja a subtração da tensão da fonte V2 da tensão da fonte V1.
Em aplicações reais, as fontes de tensão CC têm comportamento diferente
quando há uma carga conectada a elas ou não. Quando não há uma carga ligada a
seus terminais, é dito que a fonte está em aberto ou em vazio e a tensão em seus
terminais é sua tensão de circuito aberto. Quando essa fonte fornece energia para
uma carga resistiva, a tensão em seus terminais abaixa. Isso ocorre em virtude das
perdas pelos materiais empregados desde a geração até os terminais utilizados para
ligação. Todos esses componentes apresentam uma resistência que, quando sob
circulação de corrente, apresentarão uma queda de tensão. Assim, uma fonte de

62
tensão real deve ser representada por uma fonte de tensão ideal associada em série
com um resistor r, representando a resistência interna.

8.2 Resolução de um circuito série em CC

Dois pontos podem ser destacados em relação a circuitos série em CC:


 Quando vários resistores estão conectados em série, a resistência
equivalente a eles é igual à soma das resistências individuais;
 A potência fornecida por uma fonte é igual ao somatório das potências
dissipadas pelos resistores conectados a ela.

63
Aplicando o ponto 2 ao circuito da Figura 3c, é possível obter uma equação
para a potência do circuito — do lado esquerdo aquela fornecida pela fonte e do lado
direito aquela dissipada pelos resistores, como visto na equação (5).

Como em um circuito série a corrente é igual em todos os elementos, a


equação (5) pode ser toda dividida pela corrente I, resultando na equação (6).

Analisando o item 1, é possível inferir intuitivamente que, se um circuito série


apresenta apenas uma corrente circulando, cada resistor apresentará uma queda de
tensão pela lei de Ohm, algo comprovado matematicamente pela equação (6). Dessa
forma, a lei da conservação de energia, anteriormente utilizada para analisar a
potência fornecida/dissipada em um circuito, também permitiu constatar que a soma
das tensões em resistores associados em série será igual à tensão de uma fonte. A
partir desse resultado, o físico alemão Gustav Kirchhoff propôs a lei de Kirchhoff das
tensões, que diz que o somatório das tensões em um circuito fechado deve ser nula,
como mostra a equação (7).

Entretanto, para essa lei ser válida, além da polaridade de tensão da fonte,
deve-se estabelecer uma polaridade para a queda de tensão em resistores. Em
fontes, foi estabelecido que a corrente sai do terminal com maior potencial elétrico.
Para um resistor, essa polaridade é invertida, com a corrente entrando no terminal
com maior potencial elétrico. A Figura 6 mostra as polaridades de tensão e o sentido
de corrente para (a) uma fonte e (b) um resistor, com (c) exemplificando como essas
polaridades seriam aplicadas a um circuito com uma fonte e dois resistores.

64
Após determinadas as polaridades dos elementos do circuito, deve-se montar
a equação de acordo com o sentido da corrente. Se a corrente entra no terminal cujo
potencial é negativo, esse termo terá sinal positivo na equação. Assim, se a corrente
entrar no terminal cujo potencial é positivo, esse termo terá sinal negativo na equação.
Para o circuito da Figura 6c, a lei de Kirchhoff das tensões pode ser então escrita
como a equação (8).

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8.3 Solução de problemas em um circuito série em CC

Um circuito resistivo real pode ser dado em função de uma fonte de tensão (p.
ex., uma bateria com sua resistência interna r), uma carga resistiva R e os condutores
que ligarão esses dois componentes. Esses condutores terão, cada um, uma
resistência Rfio. Dessa forma, esse circuito pode ser esquematizado como mostra a
Figura 7.

Utilizando o princípio da conservação de energia e a lei de Kirchhoff das


tensões, é possível saber as demais grandezas presentes no circuito, como a corrente
que circula, a potência fornecida pela fonte e a potência dissipada por cada elemento
resistivo. Entretanto, esses valores são apenas válidos em casos nos quais o circuito
funciona normalmente.
Defeitos são problemas que podem ocorrer por desgaste natural dos
componentes e apresentar diversas fontes, sendo os mais importantes o curto-circuito
e o circuito aberto.

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O curto-circuito ocorre quando uma corrente elevada é detectada pelo circuito.
Em geral, nesse caso, há algum problema na carga R, a qual não é sentida pelo
circuito, fazendo com que a resistência equivalente do circuito diminua e provocando,
assim, uma maior corrente no circuito e, consequentemente, uma maior potência
dissipada pelos condutores. Além do aumento da corrente, provoca-se uma
diminuição da tensão entre os dois pontos em que se deu o problema, fazendo com
que ambos fiquem no mesmo potencial elétrico.
Condutores reais, utilizados nas instalações de circuitos elétricos, são
compostos por uma parte condutiva (de cobre, em geral) e uma capa isolante (com
frequência de PVC). Essa capa isolante existe para que diversos condutores possam
ser instalados juntos sem que um provoque um curto-circuito no outro, embora, sob
excessivas temperaturas, possa vir a perder suas propriedades isolantes. Como a
dissipação de potência por efeito Joule provoca um aumento de temperatura, os
condutores são classificados por sua capacidade máxima de corrente. Assim, um
curto-circuito poderá trazer danos ao circuito, fazendo uma alta corrente circular por
um condutor e elevando sua corrente de maneira excessiva de modo a provocar o
rompimento da camada isolante não somente dele, mas também com o tempo dos
condutores que estejam fisicamente próximos a ele, podendo causar problemas até
mesmo em circuitos sem problemas.
Para proteger as instalações, existem dispositivos que detectam a corrente
que circula e, caso esta ultrapasse um valor-limite estabelecido, ou seja, estejam sob
um estado de sobrecorrente, o circuito é interrompido. Para esse fim, podem ser
empregados fusíveis ou disjuntores. A vantagem de um disjuntor em relação a um
fusível está no fato de que pode ser religado após sanar o problema; já o fusível é
descartável após aberto. Na Figura 8, você pode observar um circuito com proteção
contra sobrecorrente.

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Outro problema pode surgir quando não houver passagem de corrente pelos
condutores, não permitindo que potência alguma seja dissipada pelos componentes.
Isso pode ser causado pela ação de um disjuntor, sendo necessário corrigir o
problema que causou a sobrecorrente para, então, rearmar o circuito.
Mais um problema acontece quando os condutores são rompidos, causando
interrupção no circuito e, por não haver mais um caminho para o movimento das
cargas, a falta de circulação de corrente. Nesse caso, o condutor deve ser substituído
por um em perfeitas condições de funcionamento.
Esses dois problemas estão relacionados diretamente à resistência naquele
trecho de circuito, o que possibilita sua análise pela lei de Ohm (equação (1) com os
prognósticos evidenciados. Como um curto-circuito se caracteriza por um aumento de
corrente quando a fonte de tensão se mantém constante, a resistência elétrica do
circuito tende a diminuir, ou seja, um curto-circuito é definido pela presença de uma
resistência nula entre dois pontos de um circuito. Já no circuito aberto, por se
caracterizar por uma corrente nula circulando quando a fonte de tensão se mantém
constante, a resistência elétrica do circuito tende a aumentar, ou seja, um circuito
aberto é definido por uma resistência infinita entre dois pontos de um circuito. O
Quadro 2 mostra um resumo dessas características, ilustradas pelos circuitos e curvas
tensão versus corrente da Figura 9.

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9 MÉTODO DE ANÁLISE: NODAL E MALHAS

Para o estudo de circuitos mais complexos, que contam com mais de uma
fonte de tensão, utiliza-se os métodos de análise nodal e de malhas em detrimento do
método da análise das correntes. Temos como principal ponto da análise dos nós a
verificação das tensões nas junções dos circuitos (nós) a partir da corrente que
percorre o circuito, e, da análise de malhas, a verificação das correntes conforme o
sentido adotado nas malhas, a partir das tensões dos resistores. Ambos os métodos
são derivações que implementam as leis de Kirchhoff

9.1 Características do método de análise de malhas

A maioria dos circuitos é analisada por meio da fonte de tensão, que fornece
energia para o sistema. No entanto, a análise de determinados circuitos é mais fácil

71
quanto trabalhamos com a corrente em vez da tensão. Diferentemente da fonte de
tensão, a fonte de corrente mantém a corrente em seu ramo do circuito,
independentemente da maneira como os componentes estão ligados externamente à
fonte.
Sabemos que a magnitude e a direção da corrente em uma fonte de tensão
variam de acordo com o tamanho das resistências do circuito e com a maneira como
outras fontes de tensão estão conectadas ao circuito. Já nas fontes de corrente, a
tensão depende do modo como os outros componentes estão ligados. Assim, no caso
de fontes de corrente colocadas em paralelo, o circuito pode ser simplificado se
combinarmos as fontes em uma única fonte de corrente. Determinam-se a magnitude
e a direção dessa fonte resultante pela soma das correntes em uma direção e pela
subtração das correntes na direção oposta.

Por exemplo, vamos simplificar o circuito apresentado a seguir.

Como todas as fontes de corrente estão em paralelo, elas podem ser


substituídas por uma única corrente. A fonte de corrente equivalente terá a mesma
direção de I2 e de I3, uma vez que a magnitude da corrente é maior na direção para
baixo do que para cima. A fonte da corrente equivalente tem uma magnitude de: I =
2A + 6A – 3A = 5A.

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Usamos as leis de Kirchhoff para realizar a análise de circuitos com uma única
fonte de tensão, calculando a corrente em cada ramo de um circuito. No entanto, aqui
estamos lidando com circuitos com mais de uma fonte de tensão. Ainda que o uso das
leis de Kirchhoff seja simples, é inconveniente utilizá-las em um cenário com várias
fontes de tensão, uma vez que seria necessário resolver um número excessivo de
equações, o que aumentaria a complexidade de circuitos relativamente simples,
conforme esclarece Robbins e Miller (2010). Com base nisso, surgiu a análise de
malhas, que é uma abordagem mais prática e uma das mais utilizadas na análise de
circuitos lineares bilaterais.
A análise de malhas, apesar de ser uma técnica parecida com a análise de
correntes nos ramos, apresenta um número de equações lineares menor. A principal
diferença entre a análise de malhas e a análise de correntes nos ramos é que apenas
precisamos aplicar a lei de Kirchhoff das tensões ao redor das malhas, sem haver a
necessidade de aplicar a lei de Kirchhoff das correntes.
Vejamos o passo-a-passo para resolver um circuito utilizando a análise de
malhas:
1. Arbitrariamente, estabeleça uma corrente no sentido horário para cada
malha interna no circuito. Embora a corrente assinalada possa apontar para qualquer
direção, utiliza-se o sentido horário para simplificar o trabalho posterior.
2. Usando as correntes determinadas para a malha, indique as polaridades da
tensão em todos os resistores do circuito. Para um resistor comum a duas malhas, as
polaridades da queda de tensão ocasionada pela corrente em cada malha devem ser
identificadas no lado adequado do componente.
3. Aplique a lei de Kirchhoff das tensões e escreva as equações das malhas
para cada malha na rede. Não se esqueça de que os resistores comuns às duas
malhas ocasionarão duas quedas de tensão, uma para cada malha.
4. Resolva as equações lineares simultâneas.
5. As correntes nos ramos são determinadas pela combinação algébrica das
correntes na malha que são comuns aos ramos.
Confira o exemplo a seguir.

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9.2 Características do método de análise nodal

Como vimos, pode-se aplicar a lei de Kirchhoff das tensões para encontrar as
correntes nas malhas em uma rede, conforme leciona Boylestad (2012). Já no caso
da análise nodal, outra forma de abordagem para circuitos com mais de uma fonte de
tensão, aplicaremos a lei de Kirchhoff das correntes para determinar a diferença de
potencial (tensão) em qualquer nó, em relação a algum ponto de referência arbitrário
em um circuito. Como os potenciais de todos os nós são conhecidos, é fácil determinar
outras grandezas, como a corrente e a potência no interior de um circuito.
São esses os passos que seguiremos para resolver um circuito pela análise
nodal:
1. Arbitrariamente, determine um nó de referência no circuito e indique-o como
o aterramento. Geralmente, o nó de referência está localizado na parte de baixo do
circuito, embora possa estar situado em qualquer lugar.

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2. Converta cada fonte de tensão na rede para uma fonte de corrente
equivalente. Ainda que não seja absolutamente necessário, esse passo facilitará a
compreensão de futuros cálculos.
3. De forma arbitrária, assinale as tensões (V1, V2, ..., Vn) para os nós
restantes no circuito. (Lembre-se de que você já determinou um nó de referência, logo,
essas tensões serão determinadas em relação à referência escolhida.)
4. Arbitrariamente, determine uma direção da corrente para cada ramo no qual
não haja fonte de corrente. Usando as direções assinaladas da corrente, indique as
polaridades correspondentes das quedas de tensão em todos os resistores.
5. Com exceção do nó de referência (aterramento), aplique a lei de Kirchhoff
das correntes em cada um dos nós. Se um circuito tiver um total de n+1 nós (incluindo
o de referência), haverá n equações lineares simultâneas.
6. Reescreva cada uma das correntes determinadas de forma arbitrária
quanto à diferença de potencial em uma resistência conhecida.
7. Resolva as equações lineares simultâneas para as tensões (V1, V2, ..., Vn).

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9.3 Comparando os métodos de análise nodal e de malhas

Podemos dizer que o método das malhas é, na realidade, uma extensão do


método da análise das correntes nos ramos. Ao definir uma disposição específica de
correntes para o circuito, a informação fornecida pela aplicação da lei de Kirchhoff das
correntes já está incluída quando aplicamos a lei das tensões. Ou seja, o método das
malhas emprega uma manobra que elimina a necessidade de se aplicar a lei de
Kirchhoff das correntes.
No caso das malhas, temos a associação de uma corrente no sentido horário
a cada malha. Podemos escolher, na verdade, qualquer sentido para cada uma das
correntes, sem alterar o resultado; porém, normalmente se adota o sentido horário.
Indicamos, então, as polaridades de cada resistor dentro das malhas, de acordo com
o sentido da corrente. Depois, basta aplicar a lei de Kirchhoff das tensões em todas
as malhas no sentido horário. Resolvemos, então, as equações lineares resultantes
para obter as correntes das malhas, conforme lecionam Robbins e Miller (2010).
Já no método dos nós, temos as tensões nodais de um circuito, ou seja, a
tensão dos vários nós (pontos de junção) do circuito. O método se desenvolve por
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meio da lei de Kirchhoff das correntes, de maneira bem semelhante à lei de Kirchhoff
das tensões, utilizada na análise de malhas. Seguimos, então, os procedimentos de
determinar o número de nós no circuito (junções). Escolhemos um nó de referência e
rotulamos cada nó restante com um valor de tensão — V1, V2 e assim por diante.
Depois, aplicamos a lei de Kirchhoff das correntes a todos os nós. Tratamos, então,
cada nó como uma entidade isolada e analisamos com a lei de Kirchhoff das correntes
no próprio nó, conforme explica Boylestad (2012). Resolvemos as equações
resultantes da aplicação da lei de Kirchhoff para obter a tensão no nó.
Assim, temos como principal ponto da análise dos nós a verificação das
tensões nas junções dos circuitos (nós) a partir da corrente que percorre o circuito.
Por outro lado, na análise de malhas, temos como principal ponto a verificação das
correntes conforme o sentido adotado nas malhas, a partir das tensões, que são a
fonte para o circuito. Segundo Boylestad (2012), a análise nodal e a análise de malhas
são derivações que implementam as leis de Kirchhoff.

10 TEOREMAS DE THEVENIN E NORTON

Os circuitos equivalentes de Thevenin e Norton são técnicas utilizadas para


simplificar um circuito inteiro, vistos nos terminais de referência, por um circuito
equivalente, composto por uma única fonte e um resistor. Assim, podemos calcular a
tensão ou a corrente em um único elemento de um circuito complexo, substituindo o
restante do circuito por um resistor equivalente e uma fonte, e analisar o circuito
resultante de forma muito simples.
Suponha que desejamos encontrar a corrente, a tensão e a potência
entregues a um único resistor de carga, RL, pelo restante do circuito, que consiste,
normalmente, em várias fontes e resistores (Figura 6a). Ou que, por exemplo,
precisamos encontrar a resposta para diferentes resistores de carga de valores
diferentes. Pelo teorema de Thevenin, podemos substituir todo o circuito, exceto a
resistência de carga, por uma fonte de tensão independente em série com um resistor
(Figura 6b), sabendo que a resposta do resistor de carga fica inalterada. De forma
similar, podemos obter o circuito equivalente pelo teorema de Norton, composto por
uma fonte de corrente independente em paralelo com um resistor (Figura 6c).

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10.1 Teorema de Thevenin

O exemplo a seguir mostra como obter o equivalente de Thevenin para o


circuito mostrado na Figura 8a. Inicialmente, encontramos a resistência de Thevenin,
Rth, desligando todas as fontes independentes; ou seja, a fonte de tensão vira um
curto-circuito e a fonte de corrente vira um circuito aberto. Em seguida, podemos
encontrar a tensão de Thevenin (vth), denominada também de tensão de circuito
aberto (vca).

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10.2 Teorema de Norton

Podemos encontrar o equivalente de Norton para o circuito mostrado na


Figura 9a calculando, inicialmente, a corrente de Norton (iN), também conhecida por
corrente de curto-circuito (isc); ou seja, aplica-se um curto-circuito nos terminais de
referência a-b. Em seguida, podemos encontrar a resistência de Norton (RN), que é
equivalente à resistência de Thevenin. Outro caminho é encontrar a tensão de
Thevenin, como discutido anteriormente, e, após aplicar a lei de Ohm, encontrar a
corrente de Norton. Assim,

Veja o exemplo a seguir para compreender melhor o assunto.

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11 INTRODUÇÃO AOS CAMPOS MAGNETOSTÁTICOS

Você vai conhecer os princípios básicos por trás do magnetismo. Com uma
história que vem desde a antiguidade, as grandezas magnéticas já eram conhecidas
pela humanidade. Entretanto, não se conhecia com precisão como elas se
relacionavam. Foi apenas em 1820, com as descobertas de grandes cientistas, que
finalmente foram propostas leis relacionando corrente elétrica e campo magnético.
A definição da lei de Biot-Savart foi fundamental para a descrição vetorial dos
campos magnéticos gerados por uma corrente, mas que eram de difícil aplicação em
certas geometrias. A lei de Ampére foi responsável por simplificar esses cálculos,
utilizando simetrias dos sistemas de coordenadas. A formulação de ambas as leis da
magnetostática mostrou diversas similaridades entre as grandezas elétricas e
magnéticas, como os campos vetoriais, as densidades de campo e até as
propriedades dos materiais envolvidos.

11.1 As grandezas elétricas e magnéticas

Os efeitos elétricos são conhecidos pela humanidade desde,


aproximadamente, 600 a.C., começando pela eletricidade estática que ocorria quando
os gregos esfregavam âmbar em suas roupas e observavam como objetos pequenos
e leves, como penas, eram atraídos (HAYT JR.; BUCK, 2013). Com o
desenvolvimento da humanidade, diversos avanços foram feitos nessa área,
moldando o que é conhecido atualmente como eletromagnetismo, que pode ser
dividido em duas principais subáreas: eletricidade e magnetismo — que também têm
divisões próprias e diversas similaridades.
Um elemento comum a todas as áreas do eletromagnetismo são as cargas
elétricas. Estáticas, elas geram um campo vetorial denominado campo elétrico (𝐸⃗ , em
Volt por metro). Outras cargas imersas nesse campo elétrico sofrem efeitos de uma
força externa, definida matematicamente pela lei de Coulomb, descrita pela Equação
(1). Essa força depende da intensidade e do sinal de ambas as cargas (Q e q, em
Coulomb), da distância d (em metro) entre elas e na direção radial da carga Q para a
carga q representada pelo vetor unitário. Essa força também pode ser descrita em
função da carga q imersa no campo elétrico gerado por Q, que tem direção, sentido e

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intensidade descritos pela Equação (2) no ponto do espaço onde se encontra
inicialmente a carga q (HAYT JR.; BUCK, 2013).

Com as cargas em movimento, novos efeitos podem ser associados, como o


potencial elétrico (V, em Volt) e a corrente elétrica (I, em Ampère). Esses efeitos
dependem do material em que estão situados, representado pela permissividade
elétrica (ε, em Farad por metro). No espaço livre, cuja permissividade elétrica ε0 é
dada pela constante 8,85 ⋅ 10–12 F/m, há apenas a ação do campo elétrico. Entretanto,
o campo elétrico dentro de um material gera uma densidade defluxo elétrico (𝐷⃗, em
Coulomb por metro quadrado) que tem mesma direção e mesmo sentido do campo
elétrico, mas intensidade dada pela Equação (3) (HAYT JR.; BUCK, 2013).

A corrente elétrica, descrita como a taxa de variação de carga no tempo, é


responsável pela geração do campo fundamental do magnetismo, o campo magnético
(𝐵⃗ , em Weber por metro quadrado, ou Tesla). Assim como um material apresenta
permissividade elétrica ε, ele também apresenta a propriedade da permeabilidade
magnética (μ). Assim, pode-se definir que, dentro de um material, há uma intensidade
de campo magnético (𝐻⃗, em Ampère por metro) representado pela Equação (4). Deve-
se notar, entretanto, que essa relação é válida apenas para o espaço livre (onde μ0 =
4π ⋅ 10–7 H/m), que determinados materiais apresentam permeabilidades magnéticas
não constantes, e, com isso, aparecerá o fenômeno da magnetização (BAUER;
WESTFALL; DIAS, 2012).

Assim, uma carga q deslocando-se com velocidade 𝑣⃗, imersa em um campo


magnético 𝐵⃗ , sofre ação de uma força, dada pela Equação (5). Em um meio onde
estão presentes campos eletromagnéticos, ou seja, campos elétricos 𝐸⃗ e campos

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magnéticos 𝐵⃗ , uma carga imersa nele sofrerá força devido a ambos os campos,
unindo os efeitos da lei de Coulomb da Equação (1) com a força magnética da
Equação (4) e resultando na equação da força de Lorentz, representada pela Equação
(6) (SADIKU, 2015).

Assim, dentro do eletromagnetismo, por mais que exista essa principal


separação entre a eletricidade e o magnetismo, há muitas analogias entre ambos em
relação aos campos vetoriais, às densidades de campos vetoriais e propriedades dos
materiais, resumidas no Quadro 1, a seguir.

É importante ter consciência do efeito físico por trás de cada grandeza


envolvida. Diferentes autores fazem analogias entre diferentes variáveis, podendo
levar em conta o efeito físico, até mesmo, a simetria matemática. Assim, enquanto
alguns autores classificam os campos 𝐸⃗ e 𝐵⃗ da mesma forma, outros classificam o
campo elétrico 𝐸⃗ da mesma forma que a intensidade de campo magnético 𝐻⃗, pela

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similaridade entre as Equações (3) e (4), bem como por suas unidades (ELLIOT, 1979,
1981).
A amplitude de áreas do eletromagnetismo é claramente dividida em duas
partes: uma representada pelas grandezas elétricas e outra pelas grandezas
magnéticas. Essa divisão ocorreu por diversos motivos, tanto físicos como
matemáticos ou, até mesmo, históricos, e persiste até hoje. Com isso, diversas
analogias entre ambas podem ser feitas, dependendo do ponto de vista utilizado. Com
a definição das principais grandezas do magnetismo, é possível apresentar suas leis
fundamentais para construção dessa área do conhecimento.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica. 2ª Edição. Editora Bookman.

SILVA FILHO, Matheus Teodoro da. Fundamentos de eletricidade. – Rio de Janeiro.


LTC, 2007.

BOYLESTAD, Robert L. Introdução à análise de circuitos. 10ª Edição. Editora


Pearson Education do Brasil.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed.


Porto Alegre: AMGH, 2013.

ANDRAPLAN CONSULTORIA. Consultoria para certificação de condutores


elétricos. 2010. Disponível em: https://andraplan.com.br/servicos/condutores-
eletricos.html. Acesso em: 08 jun. 2020.

BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários: eletricidade e


magnetismo. Porto Alegre: AMGH, 2012.

HEWITT, P. G. Física conceitual. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.

KNIGHT, R. D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,


2009. (Eletricidade e Magnetismo, v. 3).

BOYLESTAD, R. L. Introdução a análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson,


2012.

ROBBINS, A. H.; MILLER, W. C. Análise de circuitos: teoria e prática. 4. ed. São


Paulo: Cengage Learning, 2010. v. 1.

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