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Electromagnetismo

Docente: Momade J Chau


Electromagnetismo 2

Luzes do Universo

O que é Física?
Física é uma palavra que vem do termo grego physis, usado pelos primeiros filósofos gregos a
partir do século VI a.C. e cuja tradução nos idiomas modernos é natureza.
A Física é a ciência das propriedades da matéria e das forças naturais. Ela estuda a matéria nos
níveis molecular, atômico, nuclear e subnuclear. Estuda os níveis de organização, ou seja, os
estados sólido, líquido, gasoso e plasmático da matéria.
Pesquisa também as quatro forças fundamentais: a gravidade (força de atração exercida por todas
as moléculas do Universo), a eletromagnética (que liga os electrões aos núcleos), a interação forte
(que mantém a coesão do núcleo) e a interação fraca (responsável pela desintegração de certas
partículas).
Sabemos que hoje o Universo é formado de matéria e energia. Como exemplo de energia podemos
citar a luz, que, de acordo com a Mecânica Quântica, é formada por pequenos “pacotes” de
energia, que denominamos fotões. Como exemplo de matéria podemos citar o protão, o neutrão
e o electrão. Mas além dessas três partículas existem outras, como positrão, neutrino, kãos, etc.
Essas partículas surgem em reações nucleares e têm, em geral, curta duração, mal aparecem e
imediatamente transformam-se numa das três partículas básicas (protões, electrões e neutrões)
ou em fotões. Uma das descobertas mais fascinantes da Física no século XX é a possibilidade da
transformação de matéria em energia e de energia em matéria. Uma outra descoberta
interessante é que o protão e o neutrões não são indivisíveis como se pensava. Eles são formados
por partículas ainda menores, denominadas quarks.
Percebe-se, assim, que a Física preocupa-se com o estudo dos fenómenos que ocorrem no
Universo, desde aqueles no nível atômico até os que ocorrem numa escala de distância maior
(como estrelas e galáxias) e, finalmente, do Universo como um todo.

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Electromagnetismo 3

UNIDADE I

CARGA ELÉTRICA E LEI DE COULOMB

Nossa sociedade não vive hoje sem utilizar a energia eléctrica e todos os dispositivos
eletro-eletrónicos à sua disposição. É, portanto, crucial entender os fenómenos do
eletromagnetismo em sua plenitude. Para atingir esse objectivo começaremos revisando
os aspectos históricos e as primeiras experiências que levaram à descoberta das cargas
eléctricas. Em particular, nesta primeira aula, serão discutidos os fenómenos de
eletrização por atrito, contato e indução, conceito de carga elétrica bem como as duas
propriedades fundamentais. Na segunda aula é discutida a Lei de Coulomb, que expressa
a relação de força fundamental entre cargas eléctricas. Pense nessa curiosidade para
motivá-lo em seu estudo do eletromagnetismo que aqui se inicia: Se o espaço entre os
átomos é essencialmente vazio porque então você não afunda através do chão?

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Electromagnetismo 4

AULA 1 CARGA ELÉCTRICA

Objectivos

 Discutir a natureza dos fenómenos eléctricos;


 Descrever os vários aspectos da carga elétrica, incluindo seu caráter discreto e
quantizado;
 Descrever o fenómeno de electrização por atrito, indução e contacto;

1.1 Carga Eléctrica


Toda a matéria que conhecemos é formada por moléculas. Esta, por sua vez, é formada
de átomos, que são compostos por três tipos de partículas elementares: protões, neutrões
e electrões.

Os átomos são formados por um núcleo, onde ficam os protões e neutrões e uma
electrosfera, onde os electrões permanecem, em órbita.

Os protões e neutrões têm massa praticamente igual, mas os electrões têm massa
milhares de vezes menor. Sendo m a massa dos protões, podemos representar a massa
dos electrões como:

Ou seja, a massa dos electrões é aproximadamente 2 mil vezes menor que a massa dos
protões:

𝑚𝑒 = 9.10𝑥10−31 𝐾𝑔

𝑚𝑝 = 1.67𝑥10−27 𝐾𝑔

Podemos representar um átomo, embora fora de escala, por:

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Electromagnetismo 5

Fig. 1

Se pudéssemos separar os protões, neutrões e electrões de um átomo, e lançá-los em


direção à um imã, os protões seriam desviados para uma direcção, os electrões a uma
direcção oposta a do desvio dos protões e os neutrões não seriam afetados.

Esta propriedade de cada uma das partículas é chamada carga eléctrica. Os protões
são partículas com cargas positivas, os electrões tem carga negativa e os neutrões tem
carga neutra.

O conceito de carga elétrica é, na realidade, um conceito tão básico e fundamental que,


no atual nível de nosso conhecimento, não pode ser reduzido a nenhum outro conceito
mais simples e mais elementar. A carga elétrica é a grandeza física que determina a
intensidade das interações eletromagnéticas, da mesma forma que a massa
determina a intensidade das forças gravitacionais.

1.3.1 Aspectos fenomenológicos e ordens de grandeza

O estudo dos fenómenos eléctricos levou a algumas leis empíricas que os resumiam:

1) Existem dois tipos de cargas eléctricas: positivas e negativas. As cargas


eléctricas de mesmo sinal se repelem, as de sinais contrários se atraem.

Atribuímos à carga do electrão o nome de carga negativa e a representamos por −e . Já


a carga do protão é denominada carga positiva, sendo descrita por + e. O nome positivo
ou negativo é apenas uma convenção para indicar o comportamento do corpo ao ser
electrizado, como foi sugerido por Benjamin Franklin.

A unidade de medida adotada internacionalmente para a medida de cargas eléctricas é o


Coulomb (C).

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Electromagnetismo 6

2) Carga elementar: existe uma carga mínima. Até hoje nunca foi observado
experimentalmente um corpo que tenha carga eléctrica menor que a do
electrão, representada por e. Somente foram observados corpos com cargas
que são múltiplos inteiros de e.

O caráter discreto da carga eléctrica se manifesta principalmente em sistemas cuja carga


total corresponde a poucas unidades da carga elementar. O facto de nenhum experiência
ter revelado a existência de um corpo que tenha carga eléctrica menor que a de um
electrão, permite dizer que a carga eléctrica é quantizada, isto é, existe em quanta
(quantum, em grego, significa pedaço).

Em outras palavras, carga eléctrica elementar é a menor quantidade de carga


encontrada na natureza, comparando-se este valor com Coulomb, têm-se a relação:

1.3.2 Propriedades fundamentais da carga eléctrica

1.3.2.1 CONSERVAÇÃO

Os átomos que constituem os corpos são normalmente neutros, ou seja, o número de


cargas positivas é igual ao número de cargas negativas. Entretanto, por algum processo,
os corpos podem adquirir ou perder carga eléctrica, como por exemplo, atritando um tubo
de plástico com um pedaço de lã. Entretanto, quando ocorre uma interacção eléctrica
entre dois corpos, a carga total deles se mantém constante. Além disso, em todos os
casos, a carga eléctrica de um sistema isolado é sempre constante.

Se o tubo ficar carregado positivamente é porque ele perdeu electrões. Para que isso
ocorra, a lã deve ter recebido os electrões do bastão. Observe então que houve apenas
uma transferência de cargas eléctricas de um corpo para o outro. Nenhuma carga foi
criada ou destruída. Esse fato é conhecido como o Principio da Conservação da Carga
Eléctrica.

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Electromagnetismo 7

1.3.2.2 QUANTIZAÇÃO

Se um corpo está carregado eletricamente, positiva ou negativamente, o valor de sua


carga Q será um múltiplo inteiro da carga de um electrão.

Q = n.e

Onde: n=±1,±2 ± 3 ... ±n

1.2 Electrização de Corpos

A única modificação que um átomo pode sofrer sem que haja reações de alta liberação
e/ou absorção de energia é a perda ou ganho de electrões.

Por isso, um corpo é chamado neutro se ele tiver número igual de protões e de electrões,
fazendo com que a carga eléctrica sobre o corpo seja nula.

Pela mesma analogia podemos definir corpos eletrizados positivamente e negativamente.

Um corpo eletrizado negativamente tem maior número de electrões do que de protões,


fazendo com que a carga eléctrica sobre o corpo seja negativa.

Um corpo electrizado positivamente tem maior número de protões do que de electrões,


fazendo com que a carga eléctrica sobre o corpo seja positiva.

Fique atento:

É comum haver confusão sobre corpos positivamente carregados, principalmente, já que


é plausível de se pensar que para que o corpo tenha carga eléctrica positiva ele deva
receber carga eléctrica positiva, ou seja, ganhar protões.

Quando na verdade um corpo está positivamente carregado se ele perder electrões,


ficando com menos carga eléctrica negativa.

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Electromagnetismo 8

1.2.1 Processos de electrização

Considera-se um corpo electrizado quando este tiver número diferente de protões e


electrões, ou seja, quando não estiver neutro. O processo de retirar ou acrescentar
electrões a um corpo neutro para que este passe a estar electrizado denomina-se
electrização.

Alguns dos processos de eletrização mais comuns são:

1.2.1.1 Electrização por Atrito:

Este processo foi o primeiro de que se tem conhecimento. Foi descoberto por volta do
século VI a.C. pelo matemático grego Tales de Mileto, que concluiu que o atrito entre
certos materiais era capaz de atrair pequenos pedaços de palha e penas.

Posteriormente o estudo de Tales foi expandido, sendo possível comprovar que dois
corpos neutros feitos de materiais distintos, quando são atritados entre si, um deles fica
electrizado negativamente (ganha electrões) e outro positivamente (perde electrões).
Quando há electrização por atrito, os dois corpos ficam com cargas de módulo igual,
porém com sinais opostos.

Esta electrização depende também da natureza do material, por exemplo, atritar um

material com uma material pode deixar carregado negativamente e

positivamente, enquanto o atrito entre o material e outro material é capaz de

deixar carregado negativamente e positivamente. Convenientemente foi elaborada


uma lista em dada ordem que um elemento ao ser atritado com o sucessor da lista fica
eletrizado positivamente. Esta lista é chamada série triboeléctrica:

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Electromagnetismo 9

1.2.1.2 Electrização por contacto:

Outro processo capaz de electrizar um corpo é feito por contato entre eles. Se dois corpos
condutores, sendo pelo menos um deles electrizado, são postos em contacto, a carga
eléctrica tende a se estabilizar, sendo redistribuída entre os dois, fazendo com que ambos
tenham a mesma carga, inclusive com mesmo sinal. O cálculo da carga resultante é dado
pela média aritmética entre a carga dos condutores em contacto.

Por exemplo:

Um corpo condutor A com carga é posto em contacto com outro corpo neutro

. Qual é a carga em cada um deles após serem separados.

Um corpo condutor A com carga é posto em contacto com outro corpo condutor

B com carga , após serem separados os dois o corpo A é posto em contacto com

um terceiro corpo condutor C de carga qual é a carga em cada um após serem


separados?

Ou seja, neste momento:

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Electromagnetismo 10

Após o segundo contacto, tem-se:

E neste momento:

Ou seja, a carga após os contactos no corpo A será +1C, no corpo B será -2C e no corpo
C será +1C.

Um corpo electrizado em contacto com a terra será neutralizado, pois se ele tiver falta de
electrões, estes serão doados pela terra e se tiver excesso de electrões, estes serão
descarregados na terra.

1.2.1.3 Electrização por indução electrostática:

Este processo de electrização é totalmente baseado no princípio da atracção e repulsão,


já que a electrização ocorre apenas com a aproximação de um corpo electrizado (indutor)
a um corpo neutro (induzido). O processo é dividido em três etapas:

 Primeiramente um bastão electrizado é aproximado de um condutor inicialmente


neutro, pelo princípio de atracção e repulsão, os electrões livres do induzido são
atraídos/repelidos dependendo do sinal da carga do indutor.

Fig. 2

 O próximo passo é ligar o induzido à terra, ainda na presença do indutor.

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Fig.3

 Desliga-se o induzido da terra, fazendo com que sua única carga seja a do sinal oposto
ao indutor.

Fig. 4

Após pode-se retirar o indutor das proximidades e o induzido estará electrizado com sinal
oposto à carga do indutor e as cargas se distribuem por todo o corpo.

1.2.2 ELETROSCÓPIOS
a) Pêndulo Eletrostático

O Pêndulo Eletrostático é um dispositivo que possibilita a detecção do excesso de cargas


elétricas em um corpo. Um dos primeiros objetos utilizados com o intuito de detectar o
excesso de cargas foi o Versorium desenvolvido pelo médico e físico britânico Willian
Gilbert (1544 - 1603) por volta de 1600. Porém, um dos primeiros eletroscópios em
formato de pêndulo foi desenvolvido cerca de 150 anos mais tarde, em 1754 pelo físico
britânico Jonh Canton (1718 –1772) e era inicialmente constituído de um par de bolas
pequenas e leves, de substância não condutora, suspensas por fios de seda fixados a um
gancho isolado de uma base. Este dispositivo de Canton foi amplamente utilizado em
diversas áreas que envolviam a eletricidade. Se o ambiente estivesse eletrizado, as bolas
seriam repelidas entre si. No Pêndulo Eletrostático do acervo de experimentos do
MINF/UFPA, ao invés de um objeto não condutor, há apenas um pequeno e leve pedaço
de um material metálico fixado em uma haste.

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Electromagnetismo 12

Com este equipamento vários conceitos, como por exemplo, o de eletrização por atrito,
eletrização por Indução e quando em contato, eletrização por contato, Polarização por
indução elétrica, Influência de um campo e de forças elétricas, entre outros, podem ser
abordados.

Fig. 5: Pêndulo eléctrico.

b) Eletroscópio de folhas

Um eletroscópio é um dispositivo que nos permite verificar se um corpo está eletrizado.


Um tipo comum de eletroscópio é o eletroscópio de folhas. Ele consiste em uma haste
condutora tendo em sua extremidade superior uma esfera metálica e na extremidade
inferior, duas folhas metálicas leves, sustentadas de modo que possam se abrir e se fechar
livremente, como pode ser visto na figura 5.

Fig. 6: Eletroscópio de folhas.

Se um corpo electrizado positivamente for aproximado do eletroscópio (sem tocá-lo), vai


haver indução eletrostática e os electrões livres serão atraídos para a esfera. Dado que a
carga total é conservada, um excesso de cargas positivas vai aparecer nas folhas, que
tenderão a se repelir. Por isso, as duas folhas tenderão a se separar. O que aconteceria
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se o corpo que se aproxima do eletroscópio estivesse electrizado negativamente? É fácil


chegar à conclusão de que aconteceria exatamente a mesma coisa, porém as cargas
negativas se localizariam nas folhas e as cargas positivas na esfera. Um resultado
importante desses fatos é que em ambos os casos ocorre a abertura das folhas. Então
não é possível determinar o sinal da carga do corpo carregado que se aproximou, apenas
se ele está ou não carregado. Suponhamos um eletroscópio carregado positivamente,
como na figura 6. Se aproximarmos um corpo electrizado desse sistema, observamos que
as folhas do eletroscópio, que estavam abertas, se aproximam ou se afastam. De facto,
se o objecto estiver carregado negativamente, electrões livres da esfera serão repelidos
e se deslocarão para as folhas. Esses electrões neutralizarão parte da carga positiva aí
existente e por isso o afastamento entre as folhas diminui. Analogamente, podemos
concluir que, se o afastamento das folhas for aumentado pela aproximação do corpo, o
sinal da carga nesse corpo será positivo.

Fig. 6a: Eletroscópio de folhas carregado positivamente.

1.3 Distribuição de Cargas

Consideremos primeiramente o caso em que as cargas estão em repouso e se encontram


em posições fixas. Devemos estabelecer, primeiramente, uma distinção entre dois tipos
de distribuição de cargas. Devemos tratar, separadamente, os casos de uma distribuição
discreta e uma distribuição contínua de cargas.

No caso de uma distribuição discreta de cargas estamos falando de um pequeno número


de partículas carregadas. Essa situação pode ser descrita como sendo aquela na qual
temos um conjunto de cargas ocupando as posições caracterizadas pelos
vetores de posição . Essa situação é ilustrada na figura abaixo.

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Fig. 7: Distribuição discreta de cargas

A carga total da distribuição de cargas Q será dada pela soma (ou somatório) das cargas
das partículas que compõe a distribuição. Ou seja:

O caso de uma distribuição contínua é um pouco diferente. Nesse caso estamos falando
de um número muito grande de cargas e, portanto, faz mais sentido caracterizar a
distribuição falando em densidade de uma distribuição. Ao falarmos em densidade de uma
distribuição estamos especificando quanto de carga existe por unidade de volume
(distribuição volumétrica de cargas), ou por unidade de superfície (distribuição superficial
de cargas), ou ainda por unidade de comprimento (distribuição linear de cargas). Temos
assim três tipos de distribuição de interesse em Física. Cada tipo de distribuição de carga
será designada por uma letra grega diferente. Adotaremos a seguinte notação:

1.3.1 Distribuição Volumétrica

representa uma distribuição volumétrica de cargas

Observe-se que, e de acordo com a expressão acima, a densidade de cargas pode variar
de ponto para ponto no espaço.

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𝑑𝑞
Densidade volumétrica: 𝜌 = 𝑑𝑉 ou 𝑑𝑞 = 𝜌𝑑𝑉

1.3.2 Distribuição Superficial

- representa uma distribuição superficial (de superfície) de cargas

A densidade superficial de cargas pode variar de ponto para ponto ao longo de uma
superfície.

𝑑𝑞
Densidade superficial: 𝜎 = ou 𝑑𝑞 = 𝜎𝑑𝐴
𝑑𝑙

1.3.3 Distribuição Linear

- representa uma distribuição linear (de linha) de cargas

Como nos casos anteriores, a densidade superficial de cargas pode variar de ponto para
ponto ao longo de uma curva, ou linha

𝑑𝑞
Densidade linear: 𝜆 = ou 𝑑𝑞 = 𝜆𝑑𝑙
𝑑𝑙

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Por quê se diz que a carga eléctrica é uma propriedade intrínseca da matéria?
2. Uma pessoa está sobre um banco isolado toca um condutor também isolado, mas carregado. Haverá
descarga completa do condutor?

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3. Uma barra de vidro positivamente carregada atrai um objecto suspenso. (a) Podemos concluir que o
objecto está carregado negativamente? (b)A mesma barra carregada positivamente repele o objecto
suspenso. Podemos concluir que o objecto está positivamente carregado?
4. Um corpo condutor inicialmente neutro perde 5,0x1013 electrões. Considerando a carga elementar
e=1,60x10-19C, qual será a carga eléctrica no corpo após esta perda de electrões?
5. Os corpos eletrizados por atrito, contato e indução ficam carregados respectivamente com cargas de
sinais:
a) iguais, iguais e iguais; d) contrários, iguais e iguais;
b) iguais, iguais e contrários; e) contrários, iguais e contrários.
c) contrários, contrários e iguais;
6. Atrita-se um bastão de vidro com um pano de lã, inicialmente neutrox. Pode-se afirmar:
a) só a lã fica eletrizada d) o bastão e a lã se eletrizam com cargas de
b) só o bastão fica eletrizado mesmo valor absoluto e sinais opostos
c) o bastão e a lã se eletrizam com cargas de e) nenhuma das anteriores
mesmo sinal
7. Se um corpo neutro é colocado em contato com um corpo electrizado negativamente, ou seja, com
excesso de electrões, pode-se afirmar que:

a) Ele permanece neutro; c) Adquire carga negativa;


b) Adquire carga positiva; d) Neutraliza eletricamente o outro corpo.
8. Da palavra grega elektron derivam os termos electrização e electricidade, entre outros. Analise as
afirmativas sobre alguns conceitos da eletrostática.

I. A carga elétrica de um sistema eletricamente isolado é constante, isto é, conserva-se.


II. Um objeto neutro, ao perder electrões, fica electrizado positivamente;
III. Ao se electrizar um corpo neutro, por contato, este fica com carga de sinal contrário à daquele que o
eletrizou.
É correto o contido em:

a) I apenas. c) I e III, apenas. e) I, II e III.

b) I e II, apenas. d) II e III, apenas.


9. Um corpo electrizado com carga Qa= - 5x10-9C é colocado em contacto com outro corpo com carga
Qb=7 x0-9C. Qual é a carga dos dois objetos após ter sido atingido o equilíbrio electrostático?

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Electromagnetismo 17

10. Três esferas idênticas, muito leves, estão penduradas por fios perfeitamente isolantes, em um
ambiente seco, conforme mostra a figura. Em determinado
instante, a esfera A (QA= 20μC) toca a esfera B (QB= - 2 μC);
após alguns instantes, afasta-se e toca na esfera C (Qc=-6 μC),
retornando à posição inicial.
Após os contatos descritos, as cargas das esferas A, B e C são,
respectivamente, iguais a (em μC):

a) QA= 1,5 QB= 9,0 QC= 1,5 c) QA= 2,0 QB= -2,0 QC= -6,0
b) QA= 1,5 QB= 11 QC= 9,0 d) QA= 9,0 QB= 9,0 QC= 9,0

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AULA 2: LEI DE COULOMB

Objectivos

 Enunciar as características da força elétrica


 Aplicar a lei de coulomb em situações simples
 Explicar o significado da constante de permissividade do vácuo

Charles Augustin de Coulomb (1736-1806)

O físico francês Charles de Coulomb iniciou suas pesquisas no campo da eletricidade e do magnetismo para participar de um
concurso aberto pela Académie des Sciences de Paris sobre a fabricação de agulhas imantadas. Seus estudos conduziram à
chamada lei de Coulomb.

Charles-Augustin de Coulomb nasceu em Angoulême, em 14 de junho de 1736. Passou nove anos nas Índias Ocidentais como
engenheiro militar e, nos intervalos de suas atividades profissionais, dedicava-se a investigações sobre mecânica aplicada. De
volta à França, interessou-se pelos estudos de eletricidade. A publicação de numerosos artigos de grande repercussão nos meios
científicos lhe valeu o ingresso na Académie des Sciences em 1781.

Começou a estudar um meio de avaliar a força magnética de uma barra imantada. Para esse fim, idealizou a balança de torção,
semelhante à usada pelo físico e químico inglês Henry Cavendish para medir a atração gravitacional. Os resultados de suas
pesquisas foram publicados de 1785 a 1789 nas Mémoires de l'Académie Royale des Sciences (Memórias da Academia Real de
Ciências).

As experiências realizadas por Coulomb sobre os efeitos de atração e repulsão de duas cargas elétricas permitiram-lhe verificar
que a lei da atração universal de Newton também se aplicava à eletricidade. Estabeleceu então a lei das atrações elétricas,
segundo a qual as forças de atração ou de repulsão entre as cargas elétricas são diretamente proporcionais às cargas (massas)
e inversamente proporcionais ao quadrado da distância que as separa. Coulomb morreu em Paris a 23 de agosto de 1806.

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Electromagnetismo 19

2.1 Carga eléctrica pontual

Diz-se carga eléctrica pontual ou puntiforme aquela que se distribui sobre um corpo de
dimensões despresíveis em relação às distâncias que o separam de outro corpo
electrizado. O conceito de carga eléctrica pontual é semelhante ou seja é análogo ao do
ponto material, portanto, podemos dizer que um ponto material electrizado pode ser uma
carga pontual.

Em 1785, Charles Augustin de Coulomb (1736-1806) realizou uma série de experiências


para medir as forças entre duas cargas eléctricas usando uma balança de torção, onde
mostrou que tanto para a atracção como para a repulsão de cargas eléctricas pontuais:

O módulo da força de interacção 𝐹⃗ entre duas cargas eléctricas pontuais é proporcional


ao produto dessas cargas:

𝐹~𝑄1 . 𝑄2

O módulo da força de interacção 𝐹⃗ entre duas cargas eléctricas pontuais é inversamente


proporcional aos quadrado da distância r entre elas:

1
𝐹~
𝑟2

Tendo denominado essa força de 𝐹⃗ que actua entre estas duas cargas de Força
eléctrica ou Força electrostática.

Outras experiências mostraram que essa força é eléctrica tem as seguintes


características:

a) é uma força de acção e reação; sua direcção é a da linha que une as duas cargas e
o seu sentido depende do sinal relativo das cargas, como se vê na figura 7;
b) a força entre duas cargas eléctricas é sempre instantânea, de acordo com a Física
Clássica;
c) a força depende do meio em que as cargas elétricas estão situadas.

Tendo em vista essas informações, podemos escrever que o vetor força eléctrica que
atua entre duas cargas eléctricas pontuais pode ser escrito como:

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Electromagnetismo 20

em que Ke é uma constante de proporcionalidade e 𝑟̂ é o vetor unitário na direção que


passa pelas cargas eléctricas (na Figura 7, ele tem o sentido de Q1 para Q2). A equação
acima é a expressão matemática da Lei de Coulomb.

Fig. 8

Figura 7: (a) e (b) duas cargas de mesmo sinal se repelem. (c) cargas de sinais opostos
se atraem. Estão indicados também os vetores força eléctrica 𝐹⃗ 1,2 r da carga Q1 sobre Q2
e 𝐹⃗ 1,2 r da carga Q2 sobre Q1 bem como o vetor unitário 𝑟̂ . Pela 3ª. Lei de Newton temos
que: 𝐹⃗1,2 = 𝐹⃗2,1 . A dependência da força eléctrica com o meio é levada em conta na
constante Ke . Para o vácuo, Ke é escrita na forma:

em que 𝜀0 é uma outra constante denominada permissividade do vácuo. Se medirmos a


carga eléctrica em Coulomb, o valor dessa constante no SI é:

O valor numérico de Ke e sua unidade são, então:

O valor da permissividade do ar é muito próximo do valor da permissividade do vácuo.


Assim vamos supor que elas são iguais. Dessa forma, a lei de Coulomb pode ser escrita
como:

Esta é a força eletrostática criada por duas cargas pontuais.


Quando tivermos um sistema com várias cargas a força total sobre estas cargas é a soma
vectorial das forças eléctricas que cada uma das outras cargas exerce sobre ela ou seja:

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Electromagnetismo 21

𝐹⃗ = ∑ 𝐹⃗𝑖
𝑖=1

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. A força eléctrica que uma carga exerce sobre outra se altera ao aproximarmos delas outras
cargas?
2. Uma carga puntiforme q de massa m é colocada em repouso num campo nao uniforme. Será
que ela seguirá, necessariamente, a linha de força que passa pelo ponto em que foi abandonada?
3. As linhas de força de um campo eléctrico nunca se cruzam. Porque?
4. Qual seria a força eletrostática entre duas cargas de 1Coulomb separadas por uma distânciade
(a) 1,0m e (b) 1,0km se tal configuraçãoo pudesse ser estabelecida?
5. Qual deve ser a distância entre duas cargas puntiformes q1=26µC e q2=−47µC para que o
módulo da força eletrostática entre elas seja de 5,7N?
6. Uma carga puntiforme de +3,0×10−6C dista 12cm de uma segunda carga puntiforme de
−1,5×10−6C. Calcular o módulo da força eletrostática que actua sobre cada carga.
7. Três cargas Q1=1,5mC, Q2= 0,5mC e Q3=0,2mC estão dispostas como na. A distância entre as
cargas Q1 e Q3 vale 1,2m e a distância entre as cargas Q2 e Q3 vale 0,5m. Calcular a força
resultante sobre a carga Q3.

8. Uma carga Q é colocada em cada um de dois vértices da diagonal de um quadrado. Outra carga
q é fixada nos vértices da outra diagonal, conforme mostra a Figura a baixo. Para que a carga
Q do vértice inferior esteja sujeita à uma força electrostática resultante nula, como devem estar
relacionadas as cargas Q e q?

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Electromagnetismo 22

Três cargas q1=-6,0μC, q2=+2,0μC e q3=+4,0μC são colocadas em linha recta. A distância entre q1
e q2 é de 2,0m e a distância entre q2 e q3 é de 3,5m. Calcule a força eléctrica que actua em cada
uma das cargas.

9. Três cargas pontuais, de 2,0mC, 7,0mC e -4,0mC estão colocadas nos vértices de um triângulo
equilátero, de 0,5m de lado, conforme mostra a baixo. Calcular a força resultante sobre a carga
de 7,0mC.

10. Quatro cargas iguais Q, duas positivas e duas negativas, são dispostas sobre um quadrado de
lado a=1,0m, de modo que cargas de mesmo sinal ocupam vértices opostos. Uma carga Q/2
positiva é colocada no centro do quadrado. Qual a força resultante que actua sobre ela?
a. De acordo com anterior, qual deve ser a carga Q’ do centro do quadrado para que a força
resultante no centro do quadrado seja nula?
11. Uma carga Q é dividida em duas: q e Q-q. Qual deve ser a relação entre Q e q se as duas partes,
quando separadas a uma distância determinada sofrem uma força de repulsão máxima?
12. Duas pequenas esferas carregadas positivamente possuem uma carga combinada de 5,0μC. Se
elas se repelem com uma força de 1,0N quando separadas de 2,0m, qual é a carga em cada uma
delas?

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UNIDADE 2

CAMPO ELÉCTRICO

Se um corpo carregado se afastasse de você nesse exacto momento você acredita que
sentiria instantaneamente os efeitos de diminuição da força eléctrica, como requer lei de
Coulomb, ou como estabelece a lei de acção e reação na Mecânica Newtoniana?
Certamente não, porque as interações eletromagnéticas se propagam no espaço com
uma velocidade finita. Para remover essa dificuldade da acção à distância, será
introduzido nesta unidade o conceito de campo eléctrico. Assim, a interação entre as
cargas acontece através da interacção com o campo criado pelas outras cargas, e não
diretamente pelas forças das cargas entre si.

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Electromagnetismo 24

AULA 3: CAMPO ELÉCTRICO

Objectivos

 Definir o vector campo eléctrico e estabelecer suas propriedades;


 Calcular o campo eléctrico para uma distribuição de cargas puntiformes e para um
dipolo eléctrico;
 Utilizar os conceitos de linha de força.

3.1 Definição e discussão física do campo eletrostático


Michael Faraday (1791 – 1867) foi o primeiro a propor o conceito de campo eléctrico e
também contribuído com outros trabalhos para o eletromagnetismo, posteriormente este
conceito foi aprimorado com os trabalhos de James Clerk Maxwell, discípulo de Faraday.

O conceito de campo eléctrico surgiu da necessidade de explicar a acção de forças a


distância. Podemos dizer que o campo eléctrico existe numa região do espaço quando,
ao colocarmos uma carga eléctrica (q) nessa região tal carga é submetida a uma força
eléctrica F.

O campo eléctrico pode ser entendido como sendo uma entidade física que transmite
a todo o espaço a informação da existência de um corpo electrizado (Q) e, ao
colocarmos outra carga (q) nesta região, será constatada a existência de uma
força F de origem eléctrica agindo nesta carga (q).

É importante neste momento, fazer uma analogia entre o campo eléctrico e o campo
gravitacional de um planeta. Ao redor de um planeta, existe um campo gravitacional
devido a sua massa, análogo ao campo elétrico que existe em torno de uma esfera
eletrizada. Percebemos então, uma analogia entre as grandezas físicas de massa e carga
eléctrica, como sendo responsáveis por gerar os campos gravitacional e eléctrico
respectivamente.

24
Electromagnetismo 25

Assim como a Terra tem um campo gravitacional, uma carga Q também tem um campo
que pode influenciar as cargas de prova q nele colocadas. E usando esta analogia,
podemos encontrar:

Desta forma, assim como para a intensidade do campo gravitacional, a intensidade do


campo eléctrico (𝑬
⃗⃗⃗) é definido como o quociente entre as forças de interação das cargas

geradora do campo (Q) e de prova (q) e a própria carga de prova (q), ou seja:

𝐹⃗
𝐸⃗⃗ =
𝑞0

A unidade adotada pelo SI para o campo elétrico é o N/C (Newton por coulomb).

Interpretando esta unidade podemos concluir que o campo eléctrico descreve o valor da
força eléctrica que actua por unidade de carga, para as cargas colocadas no seu espaço
de atuação.

3.2 Linhas de Campo Elétrico ou linhas de força

O conceito de linhas de força foi introduzido por Michael Faraday (1791 –1867) como
uma maneira de visualização da direcção e da intensidade do campo eléctrico. Como
sabemos, uma carga puntual Q que, cria um campo radial no espaço à sua volta. Em
cada ponto do espaço temos um vector campo elétrico 𝑬
⃗⃗⃗ , cujo módulo diminui à medida

que nos afastamos da carga, conforme mostra a figura

Fig. 9: Linhas de força do campo elétrico de uma carga puntual positiva e negativa.

25
Electromagnetismo 26

As linhas de campo se originam em cargas positivas e terminam em cargas negativas.

Fig. 9a: Linhas de campo formadas por cargas de sinais contrários

Fig. 9b: Linhas de campo formadas por cargas de mesmo sinais

3.2.1 Propriedade das linhas de campo

 Saem de cargas positivas e chegam nas cargas negativas;


 As linhas são tangenciadas pelo campo eléctrico;
 Duas linhas de força nunca se cruzam;
 A densidade de linhas de campo em qualquer região é proporcional à intensidade
do campo eléctrico nessa região.

3.3 Campo eléctrico devido a uma carga pontual

Para verificar se existe um campo eléctrico em um ponto P do espaço, utilizamos uma


carga de prova positiva 𝑞0 , colocada nesse ponto; se houver um campo eléctrico nele, a
carga de prova vai reagir como se estivesse sob a acção de uma força de origem eléctrica.
A carga de prova (sempre positiva) deve ser suficientemente pequena para não alterar o
campo neste ponto.

𝑄
𝐸⃗⃗ = 𝑘
𝑟2

26
Electromagnetismo 27

Como:

1
𝑘=
4𝜋𝜀0

1 𝑄
𝐸⃗⃗ =
4𝜋𝜀0 𝑟 2

Fig. 10

A direcção do vector campo eléctrico terá a mesma direcção da recta que une o ponto
considerado e a carga de geradora (Q). Já o sentido do vector campo eléctrico, depende
do sinal da carga geradora (Q):

O campo eléctrico gerado por uma carga eléctrica (Q) positiva é de afastamento e, o
campo eléctrico gerado por uma carga eléctrica (Q) negativa é de aproximação. O sentido
do campo eléctrico independe do sinal da carga (q) que sofre a acção da força ⃗𝑭⃗.

3.4 Campo eléctrico devido a várias cargas pontuais

Se tivermos várias cargas pontuais numa região de espaço, assim como a força eléctrica
total, o campo eléctrico total será também a soma vectorial dos campos que agem sobre
cada carga ou seja:

𝐹⃗𝑟 𝐹⃗1 𝐹⃗2 𝐹⃗3 𝐹⃗𝑛


𝐸⃗⃗ = = + + + ⋯ + ⟺ 𝐸⃗⃗𝑟 = 𝐸⃗⃗1 + 𝐸⃗⃗2 + 𝐸⃗⃗3 + ⋯ + 𝐸⃗⃗𝑛
𝑞0 𝑞0 𝑞0 𝑞0 𝑞0

27
Electromagnetismo 28

3.5 Princípio de sobreposição de campos eléctricos

Duas cargas Q1 e Q2 fazem a projecção de seus pontos em A:

Fig. 11

O campo eléctrico de uma carga pontual não é alterado pela presença de outras cargas
pontuais.

A força com a qual duas cargas interagem não é modificada pela presença de uma
terceira, ou seja, se uma carga está em presença de outra carga eléctrica, a Fr sobre ela
será a soma vectorial das forças exercidas por uma das cargas em separado.

3.6 Campo devido a um Dipolo Eléctrico

Um dipolo elétrico é formado por duas partículas de mesma intensidade q, mas com sinais
contrários, separadas por um pequena distância d. O seu momento de dipolo p possui
módulo qd e aponta da carga negativa para a carga positiva.

Fig. 12

A intensidade do campo elétrico criado pelo dipolo em um ponto distante situado sobre
o eixo do dipolo (que passa por ambas as cargas) é:

28
Electromagnetismo 29

1 𝑝
𝐸=
2𝜋𝜀0 𝑥 3

Onde p é o momento do dipolo e é dado por:

𝑝 = 𝑑. 𝑞

3.7 Campo eléctrico Uniforme

Dizemos que um campo elétrico é uniforme em uma região quando suas linhas de força
são paralelas e igualmente espaçadas umas das outras, o que implica que seu vetor
campo elétrico nesta região 𝐸⃗⃗ têm, em todos os pontos, mesma intensidade, direção e
sentido.

Uma forma comum de se obter um campo elétrico uniforme é utilizando duas placas
condutoras planas e iguais. Se as placas forem postas paralelamente, tendo cargas de
mesma intensidade, mas de sinal oposto, o campo elétrico gerado entre elas será
uniforme.

Fig. 13

3.7.1 Movimento de uma carga num campo eléctrico uniforme

Quando uma carga eléctrica Q entra em um campo eléctrico uniforme, ela sofre acção
de uma força eléctrica constante, cujo módulo é dado pela lei de Coulomb. Portanto, seu
movimento é um movimento acelerado, com um vector aceleração dado pela segunda lei
de Newton:

29
Electromagnetismo 30

Fig. 14

Note que a aceleração da carga tem a mesma direcção do campo e, que, portanto, é
constante em módulo e direcção. O sentido da aceleração depende da carga ser positiva
ou negativa. No primeiro caso, a aceleração tem o mesmo sentido que o campo eléctrico;
no segundo, tem o sentido contrário.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Duas cargas, Q e 2Q são separadas por uma distância R. Qual é o campo eléctrico gerado no
ponto em que se localiza cada carga?
2. O campo elétrico criado por uma carga pontual, no vácuo, tem intensidade igual a 9.10-1 N/C.
Calcule a que distância d se refere o valor desse campo.
3. Qual é a intensidade do campo elétrico, num ponto situado a 3,0 mm de uma carga elétrica
puntiforme Q = 2,7 µC no vácuo?
4. Dois objetos metálicos esféricos idênticos, contendo cargas elétricas de 1C e de 5C, são
colocados em contato e depois afastados a uma distância de 3 m. Considerando a Constante de
Coulomb k = 9 x 109N m2/C2, podemos dizer que a força que atua entre as cargas após o
contato é:
A) atrativa e tem módulo 3x109 N C) repulsiva e tem módulo 3 x109 N
B) atrativa e tem módulo 9 x109 N D) repulsiva e tem módulo 9 x109 N
5. Uma carga positiva puntiforme é liberada a partir do repouso em uma região do espaço onde
o campo elétrico é uniforme e constante. Se a partícula se move na mesma direção e sentido
do campo elétrico, a energia potencial eletrostática do sistema ...

30
Electromagnetismo 31

A) aumenta e a energia cinética da C) aumenta e a energia cinética da


partícula aumenta partícula diminui
B) diminui e a energia cinética da D) diminui e a energia cinética da
partícula diminui partícula aumenta.
6. Uma carga eléctrica positiva Q=2,0μC e massa de 0,50g é atirada horizontalmente em uma
região entre duas placas planas e paralelas horizontais, com a placa positiva abaixo da negativa.
A separação das placas vale d=1,0cm e a carga entra na região das placas a uma altura de d/2
da placa inferior. Se a velocidade da carga for na
horizontal e de módulo 1,40m/s e o campo eléctrico entre
as placas 2,40x104N/C, qual a velocidade da carga
eléctrica quando ela se chocar com a placa negativa?
7. O momento de dipólo eléctrico de uma molécula de água
é p=6,2´10-30C.m. Calcule o campo eléctrico para um ponto P localizado à 1,0m do dipólo.
8. As linhas de campo eléctrico podem se cruzar? Explique
9. O momento de dipólo eléctrico de uma molécula de água é p=6,2x10-30 C.m. Calcule o campo
eléctrico para um ponto Py localizado à 1,0m do dipólo. (a) Verifique se o ponto Py=1,0m pode
realmente ser considerado distante do dipólo?
10. Um campo elétrico é gerado por uma carga puntiforme positiva. A uma distância de 20cm é
posta uma partícula de prova de carga 𝑞 = −1µ𝐶, sendo atraída pelo campo, mas uma força
externa de 2N faz com que a carga entre em equilíbrio, conforme mostra a figura:

31
Electromagnetismo 32

AULA 4: FLUXO DO CAMPO ELÉTRICO

Objectivos

 Definir o vetor campo elétrico e estabelecer suas propriedades


 Calcular o campo elétrico para uma distribuição de cargas puntiformes e para um
dipolo eléctrico
 Utilizar os conceitos de linha de força

Carl Friedrich Gauss (1777–1855)

Gauss é considerado um dos maiores matemáticos da história. Nasceu em 1777 em


Brunswick, Alemanha, e desde cedo mostrou grande habilidade para a matemática. São
muitas as suas contribuições nos campos da teoria dos números, dos números complexos,
da geometria e da álgebra. A sua tese de doutoramento foi a primeira demonstração do
teorema fundamental da álgebra. No domínio da astronomia, Gauss interessou-se pelo
estudo das órbitas planetárias e pela determinação da forma da Terra, e foi diretor do
observatório astronómico da Universidade de Göttingen. Desenvolveu um método para
calcular, com grande precisão, os parâmetros de uma órbita planetária a partir de apenas
três observações da posição do planeta. A partir de 1831, e em conjunto com o físico
Wilhelm Weber, desenvolveu o estudo teórico e experimental do eletromagnetismo. A
contribuição de Gauss para a determinação do campo magnético terrestre é reconhecida
na unidade de campo magnético que leva o seu nome.
32
Electromagnetismo 33

Fluxo elétrico

O campo elétrico pode ser compreendido melhor usando o conceito de fluxo. Define-se
o fluxo elétrico por analogia com um fluído incompressível. No escoamento do fluído, as
linhas de campo são tangentes à velocidade do fluído em cada ponto e o fluxo do campo
de velocidades é igual ao volume de fluido que passa através da superfície, por unidade
de tempo.

Através de uma superfície de área A, perpendicular à velocidade do fluido e se o módulo


da velocidade v, for constante em todos os pontos dessa superfície, o volume de fluido
que passa através da superfície, por unidade de tempo, é igual a vA. A figura 2.1 mostra
dois exemplos de linhas de campo e em cada caso uma superfícies perpendicular às linhas
de campo.

Fig. 15: Superfícies perpendiculares às linhas de campo.

Por analogia com o fluxo do fluido, no caso de uma superfície de ára A, perpendicular à
linhas de campo eléctrico, como na figura 15, se o módulo E do campo é constante nessa
superfície, define-se o fluxo eléctrico através da superfície igual ao produto do módulo
do campo vezes a área da superfície:

Φ = 𝐸. 𝐴

O volume delimitado pelas linhas de campo que passam por uma curva fechada, por
exemplo, a fronteira da superfície S1 na figura 15, chama-se tubo de fluxo. Usando a
analogia com o fluido incompressível, se não existem dentro do tubo pontos onde entra
ou sai fluído, então o fluxo é o mesmo em todas as secções transversais do tubo,
independentemente da curvatura ou inclinação dessas secções. Por exemplo, no tubo de
fluxo da figura 15, o volume de fluido que passa pelas três superfícies S1, S2 e S3, por

33
Electromagnetismo 34

unidade de tempo, deve ser o mesmo e, como tal, o fluxo através dessas superfícies, ou
de qualquer outra secção do tubo, é igual.

Fig. 16: Tubo de fluxo.

Essa propriedade dos tubos de fluxos pode usar-se para calcular o fluxo através de uma
superfície que não seja perpendicular às linhas de campo. Se as linhas de campo não são
perpendiculares à superfície mas estão inclinadas um ângulo 𝜃 em relação ao versor 𝑛̂
normal à superfície, como mostra a figura 16, o fluxo através da superfície com área Δ𝐴
é igual ao fluxo através da projeção dessa área no plano perpendicular às linhas de
campo, ou seja através da superfície a tracejado na figura 16. Isto é devido a que a
superfície inclinada e a superfície a tracejado fazem parte do mesmo tubo de fluxo,
formado pelas linhas de campo que passam pela fronteira das duas.

Fig. 17: Superfície inclinada em relação às linhas de campo.

A área da superfície a tracejado é Δ𝐴𝑐𝑜𝑠𝜃,onde 𝜃 é ângulo entre o campo e a


perpendicular ao plano (figura 16). Como essa superfície a tracejado sim é perpendicular
às linhas de campo, o fluxo através dela é igual ao módulo do campo vezes a área, ou
seja,

34
Electromagnetismo 35

Φ = Δ𝐴𝑐𝑜𝑠𝜃 = (𝐸⃗⃗ 𝑛̂)Δ𝐴

A figura 17 mostra três possíveis campos na superfície. O campo 𝐸⃗⃗1 faz um ângulo agudo
com o versor normal e, por isso, produz fluxo positivo, ou seja, fluxo que passa no mesmo
sentido do versor normal. O campo 𝐸⃗⃗2 é perpendicular à superfície e, como tal, o seu
produto escalar com o versor normal é nulo e esse campo não produz nenhum fluxo.
Finalmente, o campo 𝐸⃗⃗3 faz um ângulo obtuso com o versor normal, produzindo assim
fluxo negativo, ou seja, fluxo no sentido oposto do versor normal.

Fig. 18: Campo e versor normal.

O produto escalar 𝐸⃗⃗ 𝑛̂ é a componente do campo na direção normal à superfície. Ou seja,


o fluxo elétrico é a componente normal do campo vezes a área da superfície.

No caso de campos não uniformes e superfícies curvas, divide-se a superfície em vários


segmentos, como na figura 18. Se o número de segmentos for elevado e cada um deles
for suficientemente pequeno, podem ser aproximados por pequenos planos.

Fig. 19: Superfície dividida em segmentos menores.

Portanto, em cada pequeno plano número 𝑖 existe campo 𝐸⃗⃗𝑖 , aproximadamente


constante, e assim sendo, o fluxo Φ nesse pequeno plano é dado pela equação anterior.
O fluxo total na duperfície é igual à soma de todos os fluxos nos pequenos planos.

35
Electromagnetismo 36

Φ ≈ ∑ 𝐸⃗⃗𝑖 . 𝑛̂𝑖 Δ𝐴𝑖


𝑖=1

A aproximação torna-se exata no limite em que 𝑛 é infinito e esse limite da soma na


equação chama-se o integral de superfície do campo elétrico, na superfície S, e escreve-
se da forma seguinte:

Φ = ∬ 𝐸⃗⃗ . 𝑛̂𝑑𝐴
𝑆

O integral é duplo, porque 𝑑𝐴⃗ depende das diferenciais dos dois parâmetros que sejam
usados para definir a superfície. Para determinar o valor do integral na equação, é
conveniente usar uma representação paramétrica da superfície S com dois parâmetros
reais 𝑢 e v:

𝑆 = {𝑟⃗(𝑢, 𝑣); 𝑢, 𝑣 𝜖 ℝ}

Por exemplo, se a superfície fosse o plano 𝑧 = 3𝑥 − 2𝑦, uma possível equação


paramétrica é: 𝑟⃗ = 𝑥𝑖̂ + 𝑦𝑗̂ + (3𝑥 − 2𝑦)𝑘̂, em função dos parâmetros e 𝑥 𝑒 𝑦.

Os dois parâmetros reais estarão dentro de uma região do plano real. No exemplo da
figura 20, em que os dois parâmetros são as próprias variáveis e 𝑥 𝑒 𝑦, os possíveis
valores dos parâmetros são as coordenadas de todos os pontos no retângulo S no plano
e 𝑥𝑦.

Fig. 20: Superfície com domínio num retângulo S do plano 𝑥𝑦

Os aumentos infinitesimais dos dois parâmetros, 𝑑𝑥 e 𝑑𝑦 no exemplo da figura 20 são


projetados sobre a superfície S, formando uma pequena região na superfície S, com área

36
Electromagnetismo 37

𝑑𝐴. No limite infinitesimal, 𝑑𝐴 aproxima-se da área do paralelepípedo com arestas iguais


aos vetores

𝜕𝑟⃗ 𝜕𝑟⃗
𝑑𝑥 𝑑𝑦
𝜕𝑥 𝜕𝑦

onde a derivada parcial 𝜕𝑟⃗⁄𝜕𝑥 é um vetor que determina o aumento da função 𝑟⃗, devido
a um aumento unitário da variável x. De igual forma, 𝜕𝑟⃗⁄𝜕𝑦 é o aumento de 𝑟⃗ devido ao
aumento unitário de y. O produto vetorial dos dois vetores 2.6 é um vetor na direção
normal à superfície, 𝑛̂, com módulo igual à área do paralelepípedo. Como tal, 𝑑𝐴⃗, é igual
ao produto vetorial entre esses dois vetores é

𝜕𝑟⃗ 𝜕𝑟⃗
𝑥 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝑛̂𝑑𝐴
𝜕𝑥 𝜕𝑦

A ordem dos dois vetores no produto vetorial da equação acima determina o lado da
superfície para onde aponta 𝑛̂. Na ordem em que foram multiplicados os vectores na
equação acima, o vector 𝑛̂ aponta para o lado de cima da superfície. Os parâmetros 𝑥 𝑒 𝑦
e usados na equação podem ser qualquer outros dois parâmetros reais.

Exemplo:

Determine o fluxo eléctrico através da superfície ACDE, representada na figura, se o campo


eléctrico for:

a) 𝐸⃗⃗ = 𝐶0 𝑗̂
b) 𝐸⃗⃗ = 𝐶1 𝑠𝑒𝑛(𝐶2 𝑥)𝑖̂

Onde 𝐶0 = 3𝑁/𝐶, 𝐶1 = 20𝑁/𝐶 𝑒 𝐶2 = 5𝑚−1 são três constantes.

37
Electromagnetismo 38

Resolução.

(a) Como o campo é constante e na direção do eixo dos y, o fluxo através de ACDE é igual ao
fluxo através de ABFE na direção positiva do eixo y, e calcula-se a partir da equação Φ = 𝐸. 𝐴

Φ𝐴𝐵𝐹𝐸 = 3𝑥0,4𝑥0,3𝑁. 𝑚2 /𝐶 = 0,36𝑉. 𝑚

(b) Como o campo depende de x, convém escolher x como um dos parâmetros que definem a
superfície. O segundo parâmetro terá de ser z, porque no plano zy vários pontos diferentes do plano
ACDE são projetados num único ponto.

A equação do segmento DE, em unidades SI, é:


3
𝑦 = 0,3 − 4 𝑥 (0 ≤ 𝑥 ≤ 0,4)

E a equação paramétrica do plano ACDE é:

3
𝑟⃗ = 𝑥𝑖̂ + (0,3 − 𝑥) 𝑗̂ + 𝑧𝑘̂
4

e as duas derivadas parciais do vetor posição são:

𝜕𝑟⃗ 𝜕𝑟⃗ 3
= 𝑘̂ = 𝑖̂ − 4 𝑘̂
𝜕𝑧 𝜕𝑥

𝜕𝑟⃗ 𝜕𝑟⃗
Substituindo na equação 𝜕𝑥 𝑥 𝜕𝑧 𝑑𝑥𝑑𝑧 = 𝑛̂𝑑𝐴 obtém-se:

𝜕𝑟⃗ 𝜕𝑟⃗ 3
𝑛̂𝑑𝐴 = ( 𝑥 ) 𝑑𝑥𝑑𝑧 = ( 𝑖̂ + 𝑗̂) 𝑑𝑥𝑑𝑧
𝜕𝑧 𝜕𝑥 4

O fluxo através de ACDE é


0,4 0,3
3
Φ𝐴𝐶𝐷𝐸 = ∫ ∫ 𝑠𝑒𝑛(0,5𝑥)𝑖̂ . ( 𝑖̂ + 𝑗̂) 𝑑𝑥𝑑𝑧
0 0 4

O integral em z é igual ao integrando (constante) vezes 0,3 e, como o produto escalar de 𝑖̂ consigo
próprio é 1 e com 𝑗̂ é zero, o resultado da integração em z é:
0,4
Φ𝐴𝐶𝐷𝐸 = 4,5 ∫ 𝑠𝑒𝑛(0,5𝑥) 𝑑𝑥 = 9(1 − 𝑐𝑜𝑠0,2) = 1,27𝑉. 𝑚
0

Observe-se que neste caso as linhas de campo elétrico são perpendiculares ao plano yz, mas os
fluxo no retângulo ACDE não é igual ao fluxo no quadrado BCDF. No quadrado BCDF (x= 0) o

38
Electromagnetismo 39

campo elétrico é nulo e, assim sendo, o fluxo é nulo. As linhas de campo que passam pelo quadrado
BCDF e pelo retângulo ACDE não constituem um tubo de fluxo, porque entre esses dois planos
devem existir cargas pontuais (fontes do campo).

Lei de Gauss

O campo elétrico produzido por uma distribuição de cargas é a sobreposição dos campos
produzidos por muitas cargas pontuais. Convém então analisar o fluxo elétrico produzido
pelo campo de uma única carga pontual . Em relação a uma superfície S fechada, a carga
pode estar ou fora ou dentro dessa superfície.

Se a carga pontual 𝑞 está dentro da superfície, como no lado esquerdo da figura 2.7, o
fluxo é exatamente igual ao fluxo através de uma esfera com centro na carga, como no
lado direito da figura 2.7, porque as duas superfícies fazem parte de um tubo de fluxo;
todas as linhas de campo que passam pela superfície fechada passam também através
da esfera.

Fig. 21: Fluxo produzido por uma carga pontual através de uma superfície fechada.

Vamos supor que temos um conjunto de cargas positivas e negativas, que estabelecem
um campo eléctrico 𝐸⃗⃗ numa certa região do espaço. Imaginemos uma superfície fechada
dentro desse espaço, chamada superfície gaussiana, que pode envolver ou não alguma
das cargas eléctricas. A Lei de Gauss, relaciona o fluxo total (Φ𝐸⃗⃗ ) que atravessa essa
superfície com a carga total q envolvida por ela, provenientes das cargas elétricas. Dessa
forma:

ou

39
Electromagnetismo 40

Onde:

Φ𝐸⃗⃗ é o fluxo;

ε0 é a constante de permissividade no vácuo;

𝑞 a carga eléctrica.

Aplicações da Lei de Gauss

Podemos utilizar a Lei de Gauss para calcular o campo elétrico produzido por distribuições
contínuas de carga, quando as mesmas exibirem algum tipo de simetria espacial.

1º. Caso: Simetria Cilíndrica

Campo elétrico de uma barra não-condutora infinitamente longa e uniformemente


carregada: superfície gaussiana S é um cilindro de raio r e altura h

Fig. 22: Barra uniformemente carregada

Considerações de simetria:

(i) o campo elétrico tem direção radial, ou seja, é perpendicular a todos os


pontos da lateral da gaussiana cilíndrica;

(ii) o campo elétrico tem o mesmo módulo em todos os pontos da lateral da


gaussiana.

40
Electromagnetismo 41

   E  dA   E.dA   E.dA   E.dA


S base1 base 2 lateral

E  dA  EdAcos

Usando a consideração (i), E tem direção radial

Base 1: como E é perpendicular a dA, θ = 90o, cos 90o = 0, E . dA = 0

Base 2: novamente E é perpendicular a dA, θ = 90o, cos 90o = 0, E . dA = 0

Lateral: como E é paralelo a dA, θ = 0o, cos 0o = 1, E . dA = E dA

Usando a consideração (ii) E é constante ao longo da lateral

  E.dA  E  dA  E(2r)h
lateral lateral

pois a área da superfície lateral do cilindro (retângulo) é o comprimento da base (2πr)


multiplicado pela altura h.

Carga envolvida pela gaussiana: como a barra está uniformemente carregada, a parte
dentro da gaussiana cilíndrica tem comprimento h. Densidade linear de carga
  q / h  q  .h

Lei de Gauss:   q /  0

E(2r )  h /  0


E
2 0 r

O campo elétrico gerado pela barra cai com o inverso da distância (não é uniforme!). As
linhas de força têm direções radiais a partir da barra. Se a carga da barra é positiva as
linhas apontam para fora da barra, caso contrário (carga negativa) apontam para dentro.

2º. Caso: Simetria Plana

41
Electromagnetismo 42

Campo Elétrico de uma Plano Infinito de Cargas: placa plana fina e infinitamente extensa,
com uma carga distribuída uniformemente sobre sua superfície. A superfície gaussiana S
é um cilindro que de raio da base r e altura 2r que intercepta a placa perpendicularmente.

Fig. 23: Plano infinito

Considerações de simetria:

(i) E é perpendicular à placa, em particular é perpendicular às bases do cilindro;

(ii) E é constante para todos os pontos a uma mesma distância r da placa, ou seja,
constante para as bases do cilindro;

(iii) E aponta para fora dos dois lados da placa, se esta for positivamente
carregado, e para dentro dos dois lados da placa se esta for negativamente carregada.

   E  dA   E.dA   E.dA   E.dA


S base1 base 2 lateral

E  dA  EdAcos

Usando a consideração (i) E é sempre perpendicular à placa

Base 1: como E é paralelo a dA, θ = 0o, cos 0o = 1, E . dA = E dA

Base 2: novamente E é paralelo a dA, θ = 0o, E . dA = E dA

Lateral: E é perpendicular a dA, θ = 90o, cos 90o = 0, E . dA = 0

Usando a consideração (ii) E é constante ao longo da lateral

  E.dA   E.dA  2E  dA  2EA


base1 base 2 base1

42
Electromagnetismo 43

Carga envolvida pela gaussiana: carga de um círculo de área A. Obs. Nem precisamos
escrever A = π r2, pois a área é simplificada no cálculo. Densidade superficial de carga
  q / h  q   .A

Lei de Gauss:   q /  0

2EA   / A


E
2 0

O campo elétrico de um plano infinito é uniforme: não depende da distância r ao


plano, e as linhas de força são paralelas entre si e perpendiculares ao plano de cargas.

Se o plano está positivamente carregado, as linhas de campo afastam-se do plano em


ambos os lados. Se o plano está negativamente carregado, as linhas convergem para o
plano também em ambos os lados.

3º. Caso: Simetria Esférica

Campo elétrico gerado por uma casca esférica de raio R

1) para pontos fora da casca (isto é, a distâncias radiais r > R): superfície gaussiana S é
uma esfera de raio r envolvendo a casca. Como as linhas de força apontam radialmente
para fora, o campo elétrico em todos os pontos da esfera é paralelo ao elemento de área
vetorial dA. Logo

E . dA = E dA cos 0o = E dA

Fig. 24: Casca Carregada

43
Electromagnetismo 44

Em todos os pontos da esfera o campo elétrico tem o mesmo módulo (“simetria esférica”),
logo E é constante enquanto integramos sobre a superfície S de área A = 4πr2. O fluxo
elétrico pela superfície esférica S será:

   EdA  E  dA  EA  E (4r 2 )
S S

Pela lei de Gauss   q /  0 , de modo que E(4r 2 )  q /  0 . Isolando o campo E

1 q
E
4 0 r 2

ou seja, o campo elétrico para pontos fora da casca é o mesmo que seria obtido se toda
a carga da casca estivesse concentrada em seu centro.

2) para pontos dentro da casca (isto é, a distâncias radiais r < R): o fluxo elétrico é o
mesmo do caso anterior, pois a gaussiana é novamente uma esfera de raio r (só que
dentro da casca)

   EdA  E  dA  EA  E (4r 2 )
S S

Pela lei de Gauss Ф = q/εo. Como q = 0 dentro da casca, E = 0.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

11. Determine o fluxo eléctrico através da superfície esférica de raio R (unidades SI) e centro na
origem, quando a expressão do campo eléctrico for (unidades SI):
a) 𝐸⃗⃗ = 2𝑘̂
b) 𝐸⃗⃗ = 2𝑧𝑘̂
12. Um longo tubo metálico de raio R = 3,0 cm, com paredes condutoras finas, tem uma densidade
linear de cargas λ = 2,0 x 10-8 C/m. Determine o campo elétrico a distâncias r = 1,5 cm e r =
5,0 cm do eixo do tubo.
13. Um plano infinito (não-condutor) com densidade superficial de carga σ = + 4,0 nC/m2 está no
plano yz de um sistema de coordenadas cartesianas. Um segundo plano infinito tem densidade
superficial de carga σ = - 4,0 nC/m2, está num plano paralelo ao plano yz, em x = 2,0 m. Achar
o campo elétrico em (a) x = 1,8 m; (b) x = 5,0 m; (c) x = -2,0 m.
44
Electromagnetismo 45

14. Considere uma esfera maciça de raio R = 3,0 cm uniformemente carregada com uma carga Q
= + 5,0 nC. Calcule o campo elétrico para pontos situados à distância radial de r = 2,0 cm.

UNIDADE 3

ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA E POTENCIAL ELÉTRICO

Nas unidades anteriores estudamos o campo eléctrico gerado por diversas distribuições
de carga. No entanto, devido à sua natureza vetorial, o cálculo de 𝐸⃗⃗ torna-se complicado.
Nesta unidade começaremos o estudo de uma grandeza escalar: o potencial eléctrico,
que permitirá calcular o campo eléctrico de forma mais simples. Antes de discutir o
conceito de Potencial faremos uma análise do trabalho realizado pela força eléctrica no
deslocamento das cargas e da energia potencial eléctrica associada com a configuração
de cargas em sistemas discretos ou contínuos. Por último, aprenderemos a relação entre
o campo eléctrico e o potencial e discutiremos uma generalização da noção de energia
eletrostática.

45
Electromagnetismo 46

AULA 4: POTENCIAL ELÉTRICO

Objetivos

 Definir potencial eléctrico;


 Calcular diferença de potencial
 Calcular o potencial eléctrico para uma distribuição discreta de cargas eléctricas.
 Calcular campo eléctrico a partir do potencial;
 Calcular potencial a partir do campo eléctrico.

4.1 Potencial Eléctrico

Imagine um campo eléctrico gerado por uma carga Q, ao ser colocada uma carga de
prova q0 em seu espaço de atuação podemos perceber que, conforme a combinação de
sinais entre as duas cargas, esta carga q0, será atraída ou repelida, adquirindo
movimento, e consequentemente Energia Cinética.

Lembrando da energia cinética estudada em mecânica, sabemos que para que um corpo
adquira energia cinética é necessário que haja uma energia potencial armazenada de
alguma forma. Quando esta energia está ligada à atuação de um campo eléctrico, é
chamada Energia Potencial Elétrica ou Eletrostática, simbolizada por 𝐸𝑝 .

46
Electromagnetismo 47

Vamos relembrar algumas noções fundamentais. Tomando como exemplo o clássico


problema de uma mola e uma massa, em movimento oscilatório, vimos que a
conservação de energia manifesta-se pela transformação de energia potencial em energia
cinética, e vice-versa. Vimos que o trabalho realizado sobre a massa era dado pela
variação da energia cinética:

𝑊 = Δ𝐸𝑐

Da conservação da energia, Δ𝐸𝑐 + Δ𝐸𝑝 = 0, conclui-se que

𝑊 = −Δ𝐸𝑝

Sabemos que o trabalho para levar um objeto de uma posição i até uma posição f, é dado
pela integral de linha:

Assim sendo, teremos:

𝐸𝑝 = −𝐹. 𝑑𝑙

Na electrostática, como a energia potencial está associada ao movimento de cargas


eléctricas, matematicamente escreve-se:

𝑄. 𝑞
𝐸𝑝 = 𝑘
𝑟

A unidade usada para a 𝐸𝑝 é o joule (J).

Pode-se dizer que a carga geradora produz um campo eléctrico que pode ser descrito por
uma grandeza chamada Potencial Eléctrico (ou eletrostático).

De forma análoga ao Campo Eléctrico, o potencial pode ser descrito como o quociente
entre a energia potencial eléctrica e a carga de prova q0. Ou seja:

𝐸𝑝
𝑉=
𝑞

Logo:

47
Electromagnetismo 48

𝐸𝑝
𝑉=
𝑞

𝑄𝑞
𝑘 𝑟 𝑄𝑞 1
𝑉= = 𝑘.
𝑞 𝑟 𝑞

𝑄
𝑉 = 𝑘.
𝑟

A unidade adotada, no SI para o potencial eléctrico é o Volt (V), em homenagem ao físico


italiano Alessandro Volta, e a unidade designa Joule por coulomb (J/C).

Quando existe mais de uma partícula electrizada gerando campos elétricos, em um ponto
P que está sujeito a todas estes campos, o potencial elétrico é igual à soma de todos os
potenciais criados por cada carga, ou seja:

Uma maneira muito utilizada para se representar potenciais é através de equipotenciais,


que são linhas ou superfícies perpendiculares às linhas de força, ou seja, linhas que
representam um mesmo potencial.

Para o caso particular onde o campo é gerado por apenas uma carga, estas linhas
equipotenciais serão circunferências, já que o valor do potencial diminui uniformemente
em função do aumento da distância (levando-se em conta uma representação em duas
dimensões, pois caso a representação fosse tridimensional, os equipotenciais seriam
representados por esferas ocas, o que constitui o chamado efeito casca de cebola, onde
quanto mais interna for a casca, maior seu potencial).

Fig. 18

4.2 Trabalho de uma força eléctrica

48
Electromagnetismo 49

O trabalho W que uma carga elétrica realiza é análogo ao trabalho realizado pelas outras
energias potenciais usadas no estudo de mecânica, ou seja:

Se imaginarmos dois pontos em um campo elétrico, cada um deles terá energia potencial
dada por:

𝐸𝑃1 = 𝑞. 𝑉1 e 𝐸𝑃2 = 𝑞. 𝑉2

Sendo o trabalho realizado entre os dois pontos:

𝑊1,2 = 𝐹. Δ𝑑

Mas sabemos que, quando a força considerada é a eletrostática, então:

𝑄𝑞
𝑊1,2 = 𝐾 (𝑟 − 𝑟2 )
(𝑟1 − 𝑟2 )2 1

𝑄𝑞
𝑊1,2 = 𝐾 = 𝐸𝑃1 − 𝐸𝑃1
(𝑟1 − 𝑟2 )

Portanto:

𝑊1,2 = 𝑞(𝑉1 − 𝑉2 )

4.3 Diferença de potencial entre dois pontos (ddp)

Considere dois pontos de um campo elétrico, A e B, cada um com um posto a uma


distância diferente da carga geradora, ou seja, com potenciais diferentes. Se quisermos
saber a diferença de potenciais entre os dois devemos considerar a distância entre cada
um deles.

Fig. 19

Então teremos que sua tensão ou d.d.p (diferença de potencial) será expressa por U e
calculada por:

49
Electromagnetismo 50

𝑈 = 𝑉1 − 𝑉2

𝑄 𝑄
𝑈=𝐾 −𝐾
𝑟1 𝑟2
𝑞
𝑈=𝐾
(𝑟1 − 𝑟2 )

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. A ddp entre pontos de descarga durante uma determinada tempestade é de 1,2×109V. Qual é
o módulo da variação na energia potencial eléctrica de um electrão que se move entre estes
pontos?
2. Uma bateria de carro de 12Volts é capaz de fornecer uma carga de 84Ampéres·hora. (a)
Quantos Coulombs de carga isto representa? (b) Se toda esta carga for descarregada a 12Volts,
quanta energia estará disponível?
3. Um eletrómetro é um instrumento usado para medir carga estática. Uma carga desconhecida é
colocada sobre as placas do capacitor do medidor e a diferença de potencial é medida. Que
carga mínima pode ser medida por um eletrómetro com uma capacitância de 50pF e uma
sensibilidade à voltagem de 0,15V?
2.1. Uma carga elétrica de intensidade Q=+7µC gera um campo elétrico no qual se representam
dois pontos, A e B. Determine o trabalho realizado pela força para levar uma carga q=2.10-6C
de um ponto ao outro (B até A), dada a figura abaixo:

50
Electromagnetismo 51

Unidade 4 Capacitores

Nesta unidade estudaremos os capacitores. Eles são um dos muitos tipos de dispositivos
usados em circuitos elétricos, como por exemplo, em rádios, computadores, televisores,
celulares e video-games. A importância deles está principalmente na propriedade de
armazenar carga eléctrica, bem como de criar campos elétricos com a simetria desejada.

Os capacitores em circuitos elétricos frequentemente, aparecem ligados entre si. Por isso,
é necessário saber qual a capacitância equivalente dessas associações. A capacitância
equivalente da associação de capacitores é a capacitância que teria um único capacitor
que substituiria os capacitores que formam a associação. Existem essencialmente duas
maneiras de conectar capacitores: em série ou em paralelo.

51
Electromagnetismo 52

AULA 5: Capacitância

Objetivos

 Definir capacitância e estudar as suas propriedades;


 Calcular a capacitância equivalente de associações de capacitores.

5.1. Capacitância Elétrica de um Condutor

Um condutor isolado, quando carregado com uma carga potencial elétrico que é
proporcional à carga e depende também da forma e das dimensões do condutor. Como
as cargas elétricas no condutor se alojam na sua superfície, quanto maior for a área do
condutor, mais carga ele pode alojar para produzir um dado potencial.

É um valor característico de um dado corpo e avaliado pela razão entre seu potencial e
sua carga. É constante em cada meio onde o corpo for colocado.

A relação entre a carga do condutor e o potencial gerado por ela, é denominada


capacitância do condutor:

A sua unidade no SI é Farad (F)

Embora o meio natural de exprimir a capacitância devesse ser Coulomb por Volt, ela é
na prática expressa em Farads (F). Sendo um Farad igual à capacitância elétrica de um
condutor que com carga de 1 Coulomb é carregado até à tensão de 1 Volt.

52
Electromagnetismo 53

5.1.1. Características da capacitância elétrica de um condutor

 independe da carga do condutor;


 independe do potencial elétrico do condutor;
 depende da forma geométrica do condutor, de suas dimensões e da natureza do
isolante que envolve o condutor.

5.1.2. Contacto entre Condutores (Potencial Comum de Equilíbrio)

capacitâncias respectivas C1, C2,, Cn,

eletrizadas com cargas Q1, Q2, , Qn, que lhes

conferem potenciais V1, V2, , Vn,

Consideremos n condutores de respectivamente. Ao serem colocadas em contacto,


simultaneamente o potencial de equilíbrio será dado por:

Analisando individualmente, os condutores não tem grande capacidade de armazenar


cargas eléctricas, pois adquirem potenciais elevados. O campo eléctrico também é alto e
o condutor se descarrega facilmente. Nestas circunstâncias, um condutor isolado deveria
ter dimensões muito grandes, o que não seria prático. Existem porém dispositivos de
altas capacitâncias eléctricas, mas de dimensões bem reduzidas, denominados
capacitores ou condensadores.

Capacitor é o conjunto de dois condutores separados por um dielétrico e uma pequena


distância relativamente às suas dimensões, utilizado para se obter altas capacitâncias
utilizando um espaço pequeno.

O princípio de funcionamento do capacitor é o fato de que ocorre uma diminuição no


potencial de um condutor quando dele é aproximado outro condutor neutro ou com carga
de sinal oposto. Como a carga do condutor não se modificou, a diminuição do potencial
se deve a um aumento da capacitância.

53
Electromagnetismo 54

5.2 Capacitor Plano

A capacitância de um capacitor de placas planas e paralelas de área útil A, separadas


pela distância d, e que tem como dielétrico uma substância de permeabilidade elétrica ε
é dada por:

Carga do capacitor: Q = |QA| = |QB| Tensão entre as armaduras: V = VA – VB.

d Área A dielétrico Símbolo:

nCCC

figura

A capacitância de um capacitor plano é diretamente proporcional à área das placas e


inversamente proporcional a espessura do dielétrico (distância entre as placas). A
capacitância de um capacitor também pode ser definida como a quantidade de cargas
elétricas que é necessário transportar de uma placa para outra para criar uma diferença
de potencial de um volt entre as placas.

5.3 Energia Armazenada num Capacitor

Antes de aplicar ao capacitor uma tensão elétrica, ambas as placas apresentam uma
mesma quantidade de cargas elétricas positivas e negativas. Ao aplicar uma tensão
contínua, uma das placas do capacitor estará ligada ao pólo positivo e a outra ao pólo
negativo. Como diferença de potencial é sinônimo de quantidade de cargas desiguais de
elétrons, no instante da ligação os elétrons devem ir ao sentido da placa negativa, e uma
mesma quantidade de elétrons deve sair da placa positiva. Como existe uma camada
isolante entre as placas condutoras não é possível a formação de um circuito fechado,
isto é, os elétrons não podem atravessar o capacitor. Portanto os elétrons que chegam a
uma das placas não são os mesmos que saem da outra.

54
Electromagnetismo 55

Uma corrente na qual acontece apenas um deslocamento de elétrons, denomina-se


corrente de carga ou corrente de deslocamento. A corrente de carga flui apenas
brevemente, isto é, apenas enquanto os elétrons forem deslocados. Quando a carga
estiver terminada, o capacitor tem a mesma tensão nos terminais que a rede. Esta tensão
também permanece quando a tensão de rede aplicada é desligada.

a: Tensão contínua; b: Capacitor.

Entre as placas existe um estado que é designado como campo elétrico. A carga elétrica
Q é diretamente proporcional à corrente de carga I e ao tempo de carga t.

Se ligarmos um capacitor aos terminais de um gerador de corrente contínua, cada placa


metálica contém bilhões de elétrons que se movem livremente por toda a placa.
Colocando-se em funcionamento o gerador de corrente contínua com a polaridade
indicada, os elétrons serão transportados do pólo negativo da fonte até a placa negativa
do capacitor. Da mesma forma, elétrons sairão da placa positiva do capacitor em direção
ao pólo positivo da fonte, até que a diferença de potencial entre as placas seja igual à
diferença de potencial do gerador sem carga. A quantidade de eletricidade transportada
será proporcional a esta diferença de potencial. Assim, a tensão e a carga do capacitor
em função do tempo têm característica exponencial.

Suponhamos um circuito constituído de uma bateria de d.d.p. E, um capacitor de C


Farads, duas chaves ch1 e ch2 e de uma resistência R ohms, conforme a figura abaixo.

Q =I.t

55
Electromagnetismo 56

No instante em que a chave ch1 é ligada, a d.d.p. nos extremos do capacitor é zero,
passando a crescer rapidamente até o valor E. Enquanto a d.d.p. nos extremos do
capacitor aumenta, sua carga Q cresce proporcionalmente, o que significa que, enquanto
a d.d.p. estiver variando no sentido de aumentar, a bateria estará fornecendo corrente.
Esta, entretanto, não circula através do dielétrico: o fluxo de elétrons se produz no
circuito externo ao capacitor, ficando a placa ligada ao pólo (+) do gerador com
deficiência de elétrons, e a placa ligada ao pólo (-) com excesso. O fluxo de elétrons
continuará até que as duas placas tenham adquirido uma carga suficiente para que a
d.d.p. entre elas seja exatamente igual e oposta à d.d.p. aplicada E.

Quando isto ocorrer, a corrente no circuito se torna igual a zero, sendo, pois, de natureza
transiente: é máxima no instante em que se liga a chave ch1 (capacitor descarregado =
curto-circuito), diminuindo e tendendo para zero quando o capacitor estiver carregado
(capacitor carregado = circuito aberto).

O valor da corrente depende, a cada instante, da d.d.p. aplicada, da resistência do circuito


e da capacitância. Assim, o capacitor totalmente carregado comporta-se como um circuito
aberto em corrente contínua.

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Electromagnetismo 57

5.4 Processo de Descarga de um Capacitor

capacitor estará descarregado

Se depois de carregado o capacitor abrirmos a chave ch1, a d.d.p. nos extremos das
placas do capacitor permanece igual à d.d.p. da bateria, mas com o decorrer do tempo
vai diminuindo até anular-se, pois mesmo com os terminais abertos o capacitor irá
descarregar. Isto se deve ao fato de que os materiais que constituem o dielétrico não são
isolantes perfeitos, e uma corrente de fraca intensidade chamada corrente de fuga circula
através do dielétrico: quando o número de elétrons for igual ao número de cargas
positivas em cada placa, a d.d.p. será nula, e o

Agora, se após abrirmos a chave ch1, fecharmos a chave ch2, a descarga acontecerá no
resistor R, dissipando a energia armazenada no capacitor sob forma de calor no resistor.

A curva de descarga dependerá da capacitância C, da tensão E e da resistência R, e terá


característica exponencial, pois no início da descarga a tensão E no capacitor é máxima,
bem como a circulação de cargas. Com o passar do tempo o capacitor vai se
descarregando, diminuindo a tensão em seus terminais e consequentemente a circulação
de cargas, quem tendem a zero (capacitor descarregado). A tensão no resistor a e
corrente de descarga tem sentido contrário ao da tensão e corrente de carga, devido à
carga do capacitor ter polaridade inversa à da fonte.

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