Você está na página 1de 69

GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

TERMOLOGIA FÍSICA

2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4

2 CONCEITO DE TERMOLOGIA ............................................................................ 4

2.1 Temperatura ......................................................................................................... 4

2.1.1 Escalas termométricas ........................................................................................ 5

3 CALORIMETRIA ................................................................................................... 8

3.1 O que é calor? ...................................................................................................... 9

3.2 Fluxo de Calor..................................................................................................... 10

3.2.1 Condução ......................................................................................................... 11

3.2.2 Convecção ........................................................................................................ 12

3.2.3 Irradiação .......................................................................................................... 13

3.3 Dilatação e Contração térmica ............................................................................ 14

3.4 Termodinâmica ................................................................................................... 16

4 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA ............................................................... 17

4.1 Exemplo .............................................................................................................. 20

5 LEI ZERO DA TERMODINÂMICA ...................................................................... 20

6 TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS .................................................... 22

6.1 Transformações físicas ....................................................................................... 23

6.2 Transformações químicas ................................................................................... 24

6.2.1 Mistura ou transformação química? .................................................................. 25

6.3 Fenômenos físicos e químicos ............................................................................ 26

6.3.1 Água e açúcar ................................................................................................... 26

6.3.2 Água e sal ......................................................................................................... 26


7 ENERGIA CINÉTICA .......................................................................................... 27

7.1 Fórmula da Energia Cinética............................................................................... 28

7.2 Energia Cinética e Trabalho................................................................................ 28

8 TEORIA CINÉTICA DOS GASES ....................................................................... 30

9 GASES IDEAIS ................................................................................................... 32

9.1 Teoria cinética..................................................................................................... 32

9.1.1 Teoria cinética dos gases ................................................................................. 32

9.2 Variáveis de estado ............................................................................................ 33

9.3 Equação de Clapeyron........................................................................................ 33

9.4 Lei dos gases ...................................................................................................... 34

9.5 Constante de Avogadro ...................................................................................... 34

9.5.1 A constante de Avogadro .................................................................................. 35

9.5.2 Número de Avogadro e a Massa Molar ............................................................ 35

10 DISTRIBUIÇÃO DE MAXWELL-BOLTZMANN ................................................... 36

10.1 O que significa raiz da velocidade quadrática média? ...................................... 37

10.2 O que a área abaixo de uma distribuição de Maxwell-Boltzmann representa? 40

11 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA............................................................... 43

12 ENTROPIA.......................................................................................................... 44

12.1 Significado de Entropia ..................................................................................... 45

12.2 Entropia e Termodinâmica ................................................................................ 46

12.2.1 Atividade ......................................................................................................... 47

13 MÁQUINAS TÉRMICAS ..................................................................................... 50

13.1 História das máquinas térmicas ........................................................................ 50

13.2 Rendimento das máquinas térmicas ................................................................. 52

13.3 Rendimento das máquinas térmicas ideais ...................................................... 53


14 CICLO DE CARNOT ........................................................................................... 54

14.1.1 Teorema de Canot .......................................................................................... 55

14.2 Fórmula ............................................................................................................. 55

14.3 Refrigeração ..................................................................................................... 56

14.4 Eficiência de uma máquina térmica cíclica ....................................................... 59

15 ENTALPIA........................................................................................................... 60

15.1 Entalpia de Combustão ..................................................................................... 62

15.2 Entalpia Padrão (ΔH°)....................................................................................... 63

15.3 Entalpia de Ligação .......................................................................................... 63

15.4 Entalpia de Formação (ΔH°f) ............................................................................ 64

16 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 66
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
2 CONCEITO DE TERMOLOGIA

Termologia é o estudo científico dos fenômenos relacionados ao calor e à


temperatura, como transferência de calor, equilíbrio de calor, transformações
experimentadas por gases e mudanças nos estados físicos.

2.1 Temperatura

A temperatura é uma medida do grau de agitação das partículas que constituem


o corpo. A temperatura do corpo humano é proporcional à vibração, rotação e até
velocidade de translação dos átomos e moléculas.
A temperatura é uma das grandezas fundamentais da natureza, juntamente
com o metro, por exemplo. No sistema internacional de unidades (SI), a unidade
utilizada para a medida da temperatura é o Kelvin (K). Essa escala de temperatura é
considerada absoluta, pois não admite valores negativos e pode ser determinada
diretamente pela vibração térmica dos átomos. Por isso, dizemos que a menor
temperatura possível é o 0 K, também conhecido como zero absoluto. (Helerbrock,
2019)

Fonte: www.brasilescola.uol.com.br

4
Apesar da existência do Kelvin, outras escalas usuais, baseadas em outras
substâncias, como Celsius e Fahrenheit, continuam sendo usadas no mundo. A figura
abaixo mostra três termômetros graduados nas escalas mais comuns existentes:
Celsius, Kelvin e Fahrenheit:

2.1.1 Escalas termométricas

As escalas termométricas são utilizadas para medir qualquer temperatura de


referência. Geralmente, são utilizados dois pontos fixos, para os quais o corpo
humano ou substância de referência terá as mesmas propriedades, como volume,
densidade, condutividade ou resistência e comprimento.

→ Escala Celsius

Trata-se de uma escala termométrica centígrado, ou seja, que apresenta cem


intervalos entre os pontos de fusão e ebulição. Ela foi determinada no ano de 1742
pelo astrônomo sueco Anders Celsius. Quando desenvolveu a escala Celsius,
chamou-a de Centígrado, mas, no ano de 1948, a escala passou a ser chamada de
Celsius em homenagem ao seu criador e para evitar confusões com a sigla SI
(Sistema Internacional), que é utilizada para designar todas as unidades de medida.
Segundo Helerbrock (2019), Celsius utilizou como referência para a sua escala
termométrica os seguintes valores para os pontos de fusão e ebulição da água:

 Ponto de fusão da água = 100oC


 Ponto de ebulição da água = 0oC

Porém, os valores atribuídos para os pontos de fusão e ebulição foram


reorganizados por alguns criadores dos termômetros, como os suecos Carolus
Linnaeus e Daniel Ekström, da seguinte forma:

 Ponto de fusão da água = 0oC


 Ponto de ebulição da água = 100oC

5
Esses valores são utilizados até os dias atuais. Vale ressaltar que a escala
Celsius é utilizada hoje em quase todos os países.

→ Escala Fahrenheit

A escala Fahrenheit foi desenvolvida pelo físico e engenheiro Gabriel


Fahrenheit, no ano de 1724, após obter conhecimento sobre a construção de
termômetros de mercúrio.
Na sua escala, Fahrenheit utilizou como referência os valores dos pontos de
fusão e ebulição da água, para os quais ele adotou os seguintes valores:

 Ponto de fusão da água = 32oC


 Ponto de ebulição da água = 212oC

Como temos 180 intervalos entre as temperaturas 32 e 212, a escala


Fahrenheit não é considerada centigrado, como é a escala Celsius. Trata-se de uma
escala que foi muito utilizada nas colônias britânicas, sendo muito utilizada hoje em
países como Inglaterra e Estados Unidos. (Helerbrock, 2019)

→ Escala Kelvin

A escala Kelvin foi proposta em 1864 pelo físico e engenheiro irlandês William
Thomson, o qual também era conhecido como Lord Kelvin. Ele acreditava que era
necessária uma escala termométrica que pudesse atribuir a um material uma total
ausência de movimentação de suas partículas, o que ele chamou de zero absoluto.
Assim, para Lord Kelvin, sua escala não poderia apresentar valores negativos
para a temperatura. Assim como Celsius e Fahrenheit, ele utilizou como referência os
seguintes pontos de fusão e ebulição da água:

 Ponto de fusão da água = 273 K


 Ponto de ebulição da água = 373 K

Hoje, Kelvin é a escala termométrica adotada pelo Sistema Internacional.

→ Como converter uma escala termométrica em outra

6
Segundo Helerbrock (2019), como as três escalas termométricas são utilizadas
em lugares diferentes, é interessante saber a forma de converter uma em outra. Para
isso, basta utilizar a seguinte relação:

Tc = Tf-32 = Tk-273
5 9 5

 Tc = Temperatura em graus Celsius


 Tf = Temperatura em graus Fahrenheit
 Tk = Temperatura Kelvin

Dessa forma:

 Para transformar Celsius para Kelvin:

Tk = Tc + 273

 Para transformar Kelvin para Celsius:

Tc = Tk-273

 Para transformar Celsius para Fahrenheit ou Fahrenheit para Celsius:

Tc = Tf-32
5 9

 Para transformar Kelvin para Fahrenheit ou Fahrenheit para Kelvin:

Tf-32 = Tk-273
9 5

Segundo BAUER (2013), veja dois exemplos de transformação de uma escala


de temperatura em outra:

1º) Transformar 150º K para a escala Celsius

Para transformar a temperatura 150 K (Kelvin) para graus Celsius, basta utilizar
a expressão:
7
Tc = Tk - 273

Tc = 150 – 273

Tc = - 123o C

2º) Transformar 75o F para a escala Celsius:

Para transformar a temperatura 75 F (Fahrenheit) para graus Celsius, basta


utilizar a expressão:

Tc = Tf-32
5 9

Tc = 75-32
5 9

9.Tc = 5.43

9Tc = 215

Tc = 215
9

Tc = 23,88oC

3 CALORIMETRIA

Calorimetria é a área da Física responsável pelo estudo das trocas de energia


térmica em forma de calor que ocorrem entre dois ou mais corpos e suas vizinhanças.
Por meio da Calorimetria, é possível saber qual é a temperatura de equilíbrio de um
sistema de corpos e qual é a quantidade de energia térmica necessária para que se
observem variações de temperatura ou mudanças de estado físico no sistema.
(Helerbrock, 2019)
8
3.1 O que é calor?

Calor é energia térmica em trânsito. Quando dois corpos estão em contato


térmico, ocorre transferência de calor entre eles até que se estabeleça o equilíbrio
térmico. O equilíbrio térmico, por sua vez, é a situação em que os dois corpos atingem
a mesma temperatura. Além disso, o calor sempre flui do corpo de maior temperatura
para o corpo de menor temperatura.
Entendemos por contato térmico qualquer meio existente entre dois ou mais
corpos que permita a transferência de calor entre eles por um dos seguintes
processos: contato, convecção e indução. Quaisquer transferências de calor entre
dois corpos ocorrem segundo um ou mais desses processos. (Helerbrock, 2019)

Calor é uma forma de energia em trânsito que flui sempre do corpo mais quente para o corpo mais
frio.
Fonte: www.brasilescola.uol.com.br

A unidade de calor no Sistema Internacional de Unidades é o Joule (J), no


entanto, o uso da unidade caloria (cal) é bastante comum em todo o mundo. Uma
caloria é o equivalente à quantidade de energia térmica necessária para se elevar a
temperatura de 1,0 g de água pura, inicialmente a 14,5ºC, para 15,5ºC e vale 4,186 J.

9
Fonte: www.brasilescola.com.br

3.2 Fluxo de Calor

A propagação do calor entre dois sistemas pode ocorrer através de três


processos diferentes: a condução, a convecção e a irradiação. (Helerbrock, 2019)
A condução térmica, como detalharemos adiante, é um processo lento de
transmissão de energia, de molécula para molécula, sempre no sentido das
temperaturas mais altas para as mais baixas.
Na convecção térmica, as partes diferentemente aquecidas de um fluido
movimentam-se no seu interior devido às diferenças de densidades das porções
quente e fria do fluido. Tanto a convecção como a condução não podem ocorrer no
vácuo, pois necessitam de um meio material para que possam ocorrer.
A irradiação é a propagação de energia através de ondas eletromagnéticas.
Quando a energia dessas ondas é absorvida por um corpo, intensifica-se a agitação
de suas moléculas, acarretando aumento de temperatura. Esse tipo de propagação
energética pode ocorrer no vácuo.

Fluxo de calor

10
Seja Q a quantidade de calor que passa por uma superfície S num intervalo de
tempo Δt. Definimos fluxo de calor (ɸ) como sendo o quociente entre Q e Δt:

ϕ= Q
Δt

A unidade de fluxo de calor no SI é o watt (W), isto é, joule por segundo. No


entanto, são muito usadas as unidades caloria por segundo (cal/s) e caloria por minuto
(cal/min). A definição de fluxo de calor é válida qualquer que seja o processo de
propagação de calor através da superfície. (Ieno, 2006)

3.2.1 Condução

É a forma de transferência de calor onde a energia é transferida de partícula


para partícula, através da agitação atômico-molecular. Logo, só é possível em meios
materiais e tende a ser mais acentuada em sólidos, onde a interação entre as
partículas é maior.
Acredita-se que os elétrons livres tenham participação fundamental nesse
processo, pois os metais são os materiais que mais eficientemente transmitem a
energia por condução, sendo denominados bons condutores ou simplesmente
condutores térmicos. Há materiais em que a condução ocorre de modo pouco intenso,
sendo denominados maus condutores térmicos ou isolantes térmicos. Estão nesse
caso, por exemplo, os líquidos e os gases em geral, o isopor, a madeira, o feltro e a
cortiça. Esses materiais têm larga aplicação prática, sempre que se deseja isolamento
térmico. Assim, cabos de panela são de madeira ou plástico, geladeiras portáteis são
de isopor, calorímetros são isolados com placas de cortiça, etc. (Ieno, 2006)
Tomemos como exemplo uma barra sólida, cujo comprimento vale L e com
seção transversal A, colocada entre dois sistemas com temperaturas constantes, mas
diferentes em seus extremos.
Considerando-se uma barra de comprimento L e seção reta A, observa-se que
a temperatura varia ao longo da barra de uma extremidade a outra de modo contínuo.
É fundamental que a barra seja isolada lateralmente. Neste caso, o fluxo de calor
através da barra será dado pela Lei de Fourier:
11
Onde T2 e T1 são as temperaturas das extremidades da barra. A constante de
proporcionalidade k é característica de cada substância, sendo denominada
coeficiente de condutibilidade térmica do material. Seu valor é elevado para os
condutores e baixo para os isolantes.

3.2.2 Convecção

Fonte: www.educacao.globo.com.br

É uma forma de transferência de calor que acontece somente em fluidos, isto


é, nos líquidos, gases e vapores, uma vez que há movimentação das partículas
diferentemente aquecidas no interior do meio, não podendo ocorrer nos sólidos. Sua
causa é a mudança de densidade dos fluidos com a temperatura. (Potter, 2017)
Quando um fluido é aquecido por sua parte inferior, esta região se torna mais
quente, menos densa, e o fluido sobe; a região superior do fluido, relativamente mais
fria e mais densa, desce. Formam- se então as denominadas correntes de convecção
(uma ascendente quente e outra descendente fria), que podem ser visualizadas se

12
colocarmos um pó fino, como serragem, no interior do líquido. A convecção apresenta
uma série de aplicações e situações práticas:

 O congelador, que é colocado no alto dos refrigeradores, para que o ar resfriado


pelos mesmos desça e resfrie também a geladeira. Esse também é o motivo
pelo qual devemos, se possível, instalar os aparelhos de ar condicionado na
parte de cima dos cômodos;
 A eliminação de gases pelas chaminés: gases, estando aquecidos, tendem a
subir devido à baixa densidade.

Fonte: www.educacao.globo.com.br

 A formação de brisas na praia. Durante o dia, o ar próximo à areia da praia se


aquece mais rapidamente do que o ar próximo à superfície do mar, pois o calor
da areia é menor que o calor específico da água. Desta forma, o ar aquecido
do continente sobe e o ar mais frio do mar desloca-se para o continente,
formando a brisa marítima. À noite, o ar sobre o oceano permanece aquecido
mais tempo do que o ar sobre o continente, e o processo se inverte. Ocorre
então a brisa terrestre.

3.2.3 Irradiação

Segundo Moran (2013), corpos a qualquer temperatura possuem a propriedade


de emitir ondas eletromagnéticas ou radiação. Isso é chamado de irradiação térmica.
As características dessa radiação dependem da temperatura que o corpo se encontra,

13
verificando-se que quanto maior a temperatura maior a frequência e maior a
intensidade de energia irradiada.
As ondas eletromagnéticas podem se apresentar sob diversas formas: luz
visível, raios X, raios ultravioletas, raios infravermelhos etc. Dessas, as que
apresentam efeitos térmicos mais acentuados para o corpo humano são os raios
infravermelhos.
Essa forma de transferência de calor difere das demais, pois as ondas
eletromagnéticas conseguem se propagar no vácuo, não necessitando de um meio
material, o que não acontece na condução e na convecção. Logo, essa é a forma de
transmissão de calor do Sol até nós, por exemplo.

3.3 Dilatação e Contração térmica

A dilatação térmica ocorre quando um corpo recebe ou cede grandes


quantidades de calor. Além da mudança de temperatura ou do seu estado de
agregação (estado físico), a passagem de calor para um corpo pode ocasionar
mudanças em suas dimensões. A dilatação térmica depende da variação de
temperatura sofrida pelo corpo, além do seu coeficiente de dilatação linear, superficial
e volumétrico. (Netiz, 2014)
De acordo com o formato do corpo, pode-se determinar qual de suas
dimensões é mais favorecida. Por exemplo, uma agulha tem formato alongado, por
isso, a dilatação mais importante nesse caso é a linear. Ao todo, existem três formas
de dilatação térmica:

 Dilatação linear: mudança no comprimento de um corpo. Depende do seu


coeficiente de dilatação linear (α).
 Dilatação superficial: mudança sofrida pela área de um corpo. Depende do
coeficiente de dilatação superficial (β).
 Dilatação volumétrica: mudança ocorrida no volume de um corpo. Depende
do coeficiente de dilatação volumétrica (γ).

14
As juntas de dilatação servem para que as barras dos trilhos de trem não se dilatem e,
consequentemente, não entortem.

Fonte: www.sobiologia.com.br

Considere, por exemplo, uma barra de metal sendo aquecida numa chama,
como mostra a figura ao abaixo. Verifica-se que, à medida que é aquecida, a barra
tem seu comprimento aumentado. O aumento do volume de um material provocado
pelo aquecimento se chama dilatação térmica. (Sears, 2002)

Fonte: www.sobiologia.com.br

Interrompido o aquecimento, a barra irá resfriando gradualmente e, enquanto


isso ocorre, irá voltando ao volume original. A redução do comprimento de um material

15
quando sua temperatura diminui é denominada contração térmica. Se a barra for
colocada na geladeira, continuará a resfriar e sofrer contração térmica.

Fonte: www.sobiologia.com.br

A ocorrência da dilatação e da contração térmicas nos permite afirmar que o


comprimento de uma barra de metal depende da temperatura. É possível, portanto,
usar essa barra para construir, um termômetro. A cada comprimento seria associado
uma temperatura. Mas o comprimento de uma barra de metal sólido, durante o
aquecimento ou resfriamento, geralmente varia muito pouco.
Os termômetros mais comuns se baseiam nos conceitos de dilatação e de
contração térmicas, só que em vez de uma barra sólida se utiliza uma coluna de
líquido, que geralmente é álcool colorido ou mercúrio. (Wylen, 2013)
Quando submetidas a diferentes temperaturas, a coluna de líquido muda
consideravelmente de volume. Quanto maior o comprimento da coluna, maior a
dilatação sofrida e, portanto, mais alta é a temperatura.

3.4 Termodinâmica

A Termodinâmica é uma importante área da Termologia que estuda as relações


entre calor, trabalho, temperatura e outras grandezas, como pressão e volume. É

16
responsável pelo estabelecimento de leis que regem todas as transformações que
podem ser sofridas pela matéria, como a lei da conservação da energia, também
conhecida como primeira lei da Termodinâmica. (ÇENGEL; GHAJAR, 2012).

Conheça as leis da Termodinâmica e uma breve descrição de seu conteúdo:

 Lei zero da Termodinâmica: é a lei do equilíbrio térmico. Essa lei fala que
todos os corpos tendem a trocar calor até atingirem o equilíbrio térmico.
 Primeira lei da Termodinâmica: é a lei da conservação da energia. Essa lei
afirma que todo o calor recebido por um sistema durante um processo
termodinâmico pode ser convertido em trabalho ou em aumento de sua energia
interna.
 Segunda lei da Termodinâmica: é a lei da entropia. Essa lei afirma que todos
os sistemas que recebem calor tendem a alcançar níveis cada vez menores de
organização.
 Terceira lei da Termodinâmica: é a lei do zero absoluto. Essa lei nos diz que
o zero absoluto é, na verdade, inatingível. Por mais frio que esteja um corpo,
ele nunca estará a 0 K.

4 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

Segundo ÇENGEL; BOLES (2013), a Primeira Lei da Termodinâmica se ocupa


daquilo que é necessário para que trabalho seja transformado em calor. Tem como
fundamento o princípio da conservação de energia, que é um dos princípios mais
importantes da Física. Essa conservação de energia acontece sob as formas de calor
e de trabalho. Ela faz com que um sistema possa conservar e transferir energia, ou
seja, a energia pode sofrer aumento, diminuição ou permanecer constante.
A Primeira Lei da Termodinâmica é expressa pela fórmula:

Q = τ + ΔU
Onde,

17
Q: calor
τ: trabalho
ΔU: variação da energia interna

Fonte: www.brasilescola.com.br

Desta forma, seu fundamento é: o calor (Q) resulta da soma de trabalho (τ) com
a variação da energia interna (ΔU). Ela também pode ser encontrada da seguinte
forma:

ΔU = Q - W
Onde,

ΔU: variação da energia interna


Q: calor
W: trabalho

Segundo Netiz (2014), o fundamento resulta no mesmo: a variação da energia


interna (ΔU) resulta do calor trocado com o meio externo menos o trabalho (W)
realizado. Isso quer dizer que:

1) Quanto ao calor (Q):

18
 Se o calor trocado com o meio for maior do que 0, o sistema recebe calor.
 Se o calor trocado com o meio for menor do que 0, o sistema perde calor.
 Se não há troca de calor com o meio, ou seja, se ele é igual a 0, o sistema não
recebe nem perde calor.

2) Quanto ao trabalho (τ):


 Se o trabalho é maior do que 0, o volume de algo exposto ao calor é expandido.
 Se o trabalho é menor do que 0, o volume de algo exposto ao calor é reduzido.
 Se não há trabalho, ou seja, se ele é igual a 0, o volume de algo exposto ao
calor é constante.

3) Quanto à variação de energia interna (ΔU):


 Se a variação de energia interna é maior do que 0, há aumento de temperatura.
 Se a variação de energia interna é menor do que 0, há diminuição de
temperatura.
 Se não há variação de energia interna, ou seja, se ela é igual a 0, a temperatura
é constante.

Potter e Somerton (2017), concluiu que a temperatura pode ser aumentada com
calor ou com trabalho.

Q>0 energia térmica recebida pelo sistema

Q<0 energia térmica cedida pelo sistema

τ>0 trabalho realizado pelo sistema

τ<0 trabalho realizado sobre o sistema

∆U > 0 aumento na temperatura do sistema (aquecimento)

∆U < 0 redução na temperatura do sistema (resfriamento)

A Primeira Lei da Termodinâmica foi estabelecida especialmente para os

19
sistemas gasosos. Contudo, ela pode ser aplicada em quaisquer sistemas que
envolvam calor, trabalho e variação da energia interna.

4.1 Exemplo

O aquecimento de gases faz com que as máquinas entrem em funcionamento,


ou seja, que realizem trabalho em uma usina, por exemplo. Isso acontece da seguinte
forma: os gases transferem energia dentro das máquinas, o que faz com que eles
aumentem de volume e a partir daí acionem os mecanismos das máquinas. Ao serem
acionados, os mecanismos começam a trabalhar.

5 LEI ZERO DA TERMODINÂMICA

Quando se trata de temperatura, a sensação do ser humano é muito imprecisa.


Um exemplo é uma pessoa que caminha descalço sobre um carpete e em seguida
sobre um piso de cerâmica. Embora ambos estejam na mesma temperatura, a
sensação é de que o carpete é mais quente que a cerâmica, enquanto que na verdade
a taxa de transferência de calor em relação à cerâmica é maior do que a do carpete.
(IENO, 2006)
Esta preocupação em como efetuar medidas de temperatura foi o incentivo
para que se chegassem a Lei Zero da Termodinâmica. Ela surgiu posteriormente às
primeiras leis, mas devido a sua importância na fundamentação destas ela é chamada
de "Zero", a fim de vir antes das demais. Contudo, antes de enunciá-la, vamos a
definição de alguns conceitos importantes, como o da própria temperatura.
A temperatura é definida como o grau de agitação das partículas de um corpo,
sendo este grau de agitação caracterizado pelo aumento da energia cinética das
partículas. Já o calor é a taxa de energia transferida entre dois corpos a temperaturas
diferentes. Supondo que dois corpos tenham terminado a transferência de calor entre
si, isso implica que ambos estão a mesma temperatura, logo estão em equilíbrio
térmico. (MORAN, 2013)
Se puder existir transferência de calor entre dois objetos, dizemos que eles
estão em contato térmico. Neste caso, quando há um contato térmico, se houver uma
parede que os separe, ela é chamada parede diatérmica, pois permitirá a passagem

20
de calor. Caso contrário, chama-se parede adiabática, pois não permitirá o fluxo de
calor e não ocorrerá, dessa forma, o contato térmico.
Diante das definições apresentadas, há três tipos de ambientes em que os
objetos em estudo podem estar:

 Sistema aberto: é permitida a troca de energia e de massa com a vizinhança.


Exemplo: um copo de água aberto.
 Sistema fechado: não troca massa, apenas energia com a vizinhança,
possuindo paredes diatérmicas e um contato térmico com o meio externo.
Exemplo: uma garrafa plástica de água fechada.
 Sistema isolado: não troca massa nem energia, não havendo nenhuma troca
ou qualquer interação com a vizinhança. Suas paredes são adiabáticas e não
há contato térmico. Exemplo: Uma garrafa térmica de café (é o exemplo do dia-
a-dia que mais se aproxima, mesmo não sendo um sistema perfeitamente
isolado de fato, pois ainda existem pequenas trocas de calor com o ambiente).

Segundo Moran (2013), para entender a Lei Zero, considere o seguinte


experimento, em que há dois corpos A e B, cada um em seu sistema isolado.
Queremos saber se ambos estão com a mesma temperatura, mas sem colocá-los em
contato, ou seja, verificaremos o equilíbrio térmico sem o contato térmico entre A e B.

Fonte: www.todamateria.com.br

21
Para isso, é colocado o corpo A em contato com o corpo C, nota-se que ambos
estão em equilíbrio térmico entre si. Posteriormente, é colocado o corpo C em contato
com o corpo B e também se nota que ambos estão em equilíbrio térmico entre si.
Desta forma, se A e C estão em equilíbrio térmico, então a temperatura de A (T A) é
igual a temperatura de C (TC) e, se C e B estão em equilíbrio térmico, então a
temperatura de C (TC) é igual a temperatura de B (TB). Ou seja,

TA = T C
E
TC = TB
Logo,
TA = TC = TB
T A = TB

É com este resultado que enunciamos a Lei Zero da Termodinâmica: "Dois


corpos (ou sistemas) em equilíbrio térmico com um terceiro corpo (ou sistema) estão
em equilíbrio térmico entre si."
Os termômetros fazem o papel do corpo C hoje em dia, por isso a importância
desta lei. (NETZ, 2014)

6 TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS

As transformações que ocorrem nos materiais são classificadas em químicas e


físicas.
As transformações físicas, embora sejam perceptíveis pela mudança na
aparência do material, ocorrem de maneira mais passageira, não alterando
intimamente a natureza da substância.
Já as transformações químicas são tão intensas que alteram a composição do
material, fazendo com que a transformação produza uma substância quimicamente
diferente do que se tinha no início.
Uma transformação física é diferente de uma transformação química porque: em
uma transformação química novas substâncias são formadas, já a transformação
física altera a forma do material, mas sua composição é a mesma.

22
6.1 Transformações físicas

Segundo Sears (2002), quando alteramos o tamanho ou a forma do material


ele sofre uma mudança, mas não pode ser transformado em outro.
Olhando microscopicamente, percebemos que os átomos, íons ou moléculas
passam por uma agitação ou reordenação, mas eles não são alterados.
Podemos observar isso nas mudanças de estado físico.

Fonte: www.infoescola.com.br

Observe que:

 Sólido: as partículas permanecem em posições fixas, por isso o volume e


forma são bem definidos.
 Líquido: as partículas se movimentam com mais liberdade e, por isso, o líquido
tem volume específico, mas a forma varia conforme o recipiente.
 Gasoso: as partículas se movimentam em todas as direções e com grande
velocidade, preenchendo todo o recipiente, por isso o volume e forma são
variáveis.

23
O exemplo mais comum que temos para as transformações físicas são os
estados físicos da água. (Potter, 2017)

Fonte: www.todamateria.com.br

Ao aquecermos a água ela vaporiza, se congelarmos a água ela solidifica, e


quando a colocamos na temperatura ambiente ela retorna ao estado líquido. A água
em diferentes estados tem suas moléculas rearranjadas, mas a sua composição é a
mesma. Por isso, temos uma transformação física. (WYLEN, 1995)

6.2 Transformações químicas

De acordo com Ieno (2006), novas substâncias são criadas quando a matéria
passa por uma transformação química. Reagentes são transformados em produtos
por meio de reações. As reações fazem com que ligações químicas sejam quebradas
ou formadas, mas os átomos que participam da reação são os mesmos, só que
rearranjados.
Percebemos a ocorrência de uma transformação química por aparecimento de
luz, surgimento de bolhas de um gás, formação de partículas sólidas, mudança de cor
e percepção de cheiro. Vejamos esse exemplo:

24
Fonte: www.todamateria.com.br

O sódio é um metal alcalino e, como característica dessa família, reage


violentamente com a água.

A reação entre sódio e água origina o hidróxido do metal e libera gás hidrogênio.
(Ieno, 2006)

6.2.1 Mistura ou transformação química?

Nem sempre quando misturamos duas substâncias ocorre uma transformação.


Por exemplo, quando misturamos ferro e enxofre obtemos uma mistura de cor
diferente das substâncias, se observadas separadamente.
Ao utilizar um ímã, conseguimos atrair o ferro e separá-lo do enxofre, devido
ao seu magnetismo. Ou seja, misturamos os dois, mas eles não perderam suas
propriedades iniciais.
Entretanto, se misturarmos ferro e enxofre em uma proporção definida de 7g e
4g respectivamente, e colocarmos sob aquecimento, uma substância de cor preta é
formada, trata-se do sulfeto de ferro II.

25
Dessa forma, o ferro não pode mais ser separado, pois foi transformado em
outra substância. Chegamos à conclusão que: uma mistura é um fenômeno físico, já
uma reação é um fenômeno químico. (Wylen, 1995)

6.3 Fenômenos físicos e químicos

As transformações que os materiais sofrem ao passar por alguma alteração


também são chamadas de fenômenos físicos e químicos. Vejamos esses dois
exemplos:

6.3.1 Água e açúcar

O açúcar é um composto covalente e quando dissolvido em água as moléculas


se dispersam, mas não alteram a sua identidade. Trata-se de um fenômeno físico.

Fonte: www.todamateria.com.br

6.3.2 Água e sal

Quando colocamos sal em água, os íons se dissociam, como demonstra a


equação química:

26
Por se tratar de um composto iônico e solúvel em água, o cloreto de sódio sofre
uma alteração, rompendo-se em seus íons. Trata-se de um fenômeno químico.

Fonte: www.todamateria.com.br

Segundo Potter (2017), os cátions e ânions são solvatados quando o polo


negativo da água envolve os íons de sódio (cátions) e o polo positivo da água envolve
os íons cloreto (ânions). Tanto a natureza quanto o ser humano são capazes de
transformar os materiais. Naturalmente, a fruta apodrece e o ferro enferruja. Mas
também, provocamos transformações quando fervemos a água ou assamos uma
carne. Esses são exemplos de fenômenos materiais que presenciamos no nosso dia
a dia.

7 ENERGIA CINÉTICA

A energia cinética é a energia associada ao movimento dos corpos. Do grego


o termo "cinética" significa "movimento". Qualquer corpo em movimento é capaz de
realizar trabalho, portanto, possui energia, que neste caso é chamada de cinética. A
unidade de medida da energia cinética, no sistema internacional, é o Joule (J), em
homenagem ao cientista inglês James Prescott Joule (1818-1889).
27
7.1 Fórmula da Energia Cinética

Para calcular a energia cinética dos corpos, utiliza-se a equação abaixo:

Onde:

Ec: energia cinética, também pode ser representada pela letra K (J).
m: massa do corpo (kg)
v: velocidade do corpo (m/s)

A partir disso, conclui-se que se duplicarmos a massa de um corpo, mantendo


sua velocidade, a sua energia cinética também irá duplicar. Por outro lado, a
velocidade está elevada ao quadrado, então se o seu valor duplicar e sua massa
permanecer constante, a energia cinética será quadruplicada. (ÇENGEL, Y. A.;
CIMBALA, 2005)

Exemplo:

Qual a energia cinética de uma pessoa com 60 kg e que está numa velocidade
de 10 m/s?

Assim, no instante considerado, a energia cinética do corpo é igual a 3000 J.

7.2 Energia Cinética e Trabalho

28
Segundo Netz (2014), para que um corpo sofra uma variação na sua
velocidade, é necessário que um trabalho seja realizado sobre ele. Essa variação na
velocidade do corpo faz com que sua energia cinética varie. O teorema da energia
cinética indica que a variação da energia cinética é igual ao trabalho, ou seja:

T = ∆Ec
Onde,

T: trabalho (J)
∆Ec: variação da energia cinética (J)

Exemplo:

Qual o trabalho que deverá ser realizado sobre um corpo de massa igual a 6
kg, para que sua velocidade passe de 4 m/s para 20 m/s?

Solução:

O trabalho é igual a variação da energia cinética. Essa variação pode ser


calculada diminuindo-se o valor da energia cinética final da energia cinética inicial:
∆Ec = Ecf - Eci

Calculando os valores de Ecf e Eci, temos:

29
Portanto, o trabalho necessário para mudar a velocidade do corpo, será igual a
1152 J.

8 TEORIA CINÉTICA DOS GASES

Com exceção dos gases nobres, os gases são compostos moleculares que
estão muito presentes em nosso cotidiano e dos quais as vidas animais e vegetais
dependem. (Netz, 2014)
Uma vez que não é possível ver os gases em ação, é preciso entender seu
comportamento habitual. Para tal, criou-se, a partir de vários experimentos com gases,
um modelo de comportamento das partículas dos gases ou uma teoria cinética dos
gases, também denominada teoria do gás ideal. (HALLIDAY, 1996)

Gás ideal
Fonte: www.brasilescola.com.br

Todo gás que se comporta com as características descritas abaixo é chamado


de gás ideal ou perfeito. No entanto, lembre-se que, como é um modelo, sua existência
não é real. Normalmente os gases estudados, chamados de gases reais, não se
comportam inteiramente como um gás ideal, porque os gases interagem entre si e a
teoria cinética considera que não há interações entre suas moléculas.

30
Segundo KNIGHT (2009), é importante saber que a altas temperaturas e baixas
pressões, o comportamento dos gases reais se assemelha bastante ao dos gases
ideais. Desse modo, vejamos as características gerais dos gases, segundo a teoria
cinética:
 Grande compressibilidade e capacidade de expansão. Por não apresentarem
um volume fixo, os gases ocupam o volume do recipiente em que estão
confinados. Além disso, o gás se dilata quando aquecido e se contrai quando
resfriado.
 Os gases são miscíveis entre si em qualquer proporção, ou seja, apresentam
grande difusibilidade;
 Os gases são formados por partículas minúsculas que apresentam grande
liberdade de movimentação. De modo desordenado e contínuo, elas se chocam
umas com as outras e com as paredes do recipiente, exercendo uma pressão
uniforme sobre ele. Essa pressão é a intensidade da força de colisão com as
paredes por unidade de área. As partículas de um gás não se depositam no
solo pela ação da gravidade, uma vez que se movimentam velozmente;
 Quanto maior for o número de choques realizado pelas partículas do gás em
um recipiente, maior será a pressão exercida por ele;
 O choque realizado entre as partículas do gás ideal deve ser elástico, ou seja,
sem perda de energia cinética;
 Todo gás tem massa;
 O aumento da temperatura provoca um aumento na energia cinética das
partículas do gás, que faz com que elas se movimentem mais rápido;

Fonte: www.alunosonline.uol.com.br

31
 As forças de atração intermolecular são consideradas desprezíveis;
 As três variáveis de estado dos gases são: volume, temperatura e pressão.

9 GASES IDEAIS

9.1 Teoria cinética

Gases são fluidos que apresentam baixa interação entre suas moléculas.
Apresentam a forma e o volume do recipiente que os contém. (Ieno, 2006)

9.1.1 Teoria cinética dos gases

Dentro do estudo dos gases, a Teoria Cinética inicia-se com o conceito de gás
ideal ou perfeito. O comportamento dos gases reais aproxima-se, em certas
condições, do comportamento dos gases ideais, obedecendo à lei dos gases (relação
entre pressão, volume e temperatura). Os postulados da teoria cinética dos gases
estabelecem que as moléculas do gás ideal ou perfeito:

1º) movem-se desordenadamente (caos molecular) e apresentam velocidades


variáveis, cuja média está relacionada com a temperatura do gás.

2º) não exercem ação mútua, isto é, não interagem, exceto durante as colisões.

3º) chocam-se elasticamente entre si e com as paredes do recipiente, não


havendo, portanto, perda energética nessas colisões.

4º) apresentam volume próprio total desprezível, em comparação com o volume


ocupado pelo gás.

O comportamento dos gases reais se aproxima do previsto para o modelo ideal


quando em altas temperaturas e baixas pressões. A pressão exercida pelo gás é
resultado do bombardeio que as moléculas, em seu movimento caótico, determinam
sobre as paredes do recipiente. (HALLIDAY, 1996)
Então, à primeira vista, pode parecer estranho que um gás, em alta temperatura
(alto grau de agitação molecular), exerça baixa pressão, de acordo com a condição

32
estabelecida para que o gás real tenha comportamento próximo do ideal. No entanto,
a baixa pressão é possível desde que a quantidade de moléculas no recipiente seja
pequena. Em outros termos, podemos dizer que a referida condição exige que se
tenha um gás real rarefeito em alta temperatura. O gás real nessa situação se
comporta de modo aproximado como ideal porque, havendo poucas moléculas em
temperatura elevada, a distância média entre as moléculas é muito grande, sendo
pequena a intensidade das forças de ação entre elas. A quantidade pequena de
moléculas faz com que o volume próprio delas seja desprezível quando comparado
com o volume total ocupado pelo gás. (KNIGHT, 2009)

9.2 Variáveis de estado

A temperatura absoluta (T), a pressão (p) e o volume (V) são as denominadas


variáveis de estado de um gás ideal. Qualquer equação que englobe as três variáveis
constitui uma equação de estado do gás. As chamadas “condições normais de
temperatura e pressão” (CNTP) correspondem ao estado de um gás, caracterizado
por:

CNTP:
p = 1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg (milímetros de mercúrio)
T = 273 K (0ºC)

9.3 Equação de Clapeyron

A equação de estado para o gás perfeito ou ideal é a denominada equação de


Clapeyron, dada por:

Nessa equação, n representa o número de moIs do gás, que corresponde à


relação entre a massa m do gás (expressa em gramas) e a massa molar M:

33
R é a constante universal dos gases perfeitos, não dependendo da natureza do
gás. Seu valor depende das unidades usadas na medida da pressão e do volume. Os
valores usuais são:
R = 0,082 atm.l/mol.K
R = 8,31 J/mol.K
R = 2,0 cal/mol.K

9.4 Lei dos gases

Segundo Moran (2013), uma transformação gasosa é toda alteração provocada


em uma quantidade fixa de gás. Suponha um dado gás, encerrado em um recipiente
fechado que é tampado por um êmbolo móvel, sendo assim possível a variação do
seu volume. Visto que o recipiente é fechado, o número de mols presente nesse gás
é constante. Desta forma, através da equação de estado dos gases ideais, podemos
observar o seguinte:

Essa equação traduz matematicamente a Lei geral dos gases perfeitos,


relacionando os valores das variáveis de estado de dois estados quaisquer de um gás
ideal (chamados de estado 0 e estado 1), supondo não haver alteração de massa
durante o processo de variação de pressão, volume e temperatura, isto é, durante a
transformação gasosa ocorrida. (Netz, 2014)

9.5 Constante de Avogadro

O número de Avogadro é uma constante adimensional (não possui unidade,


logo não representa uma grandeza) que indica a quantidade de átomos de Carbono-
12 que, juntos, representam 12g da substância – 1 mol de C-12. O nome da constante
é uma homenagem ao cientista “Amedeo Avogadro”.
34
Assim, 1 mol de quaisquer substâncias possui obrigatoriamente. Nas entidades
constituintes, incluindo-se os gases às mesmas condições de temperatura e pressão.

Exemplo:
Se Nitrogênio e Oxigênio encontram-se à 1 atm. num recipiente de 22,4 l e a
0°C (273,15 K), o número de moles (mols) de ambos será igual a 1. A partir daí,
Avogadro conseguiu explicar como os gases se combinavam facilmente quando os
respectivos volumes obedeciam a proporções simples entre si; além de, algum tempo
depois, descobrir que os gases se apresentam na Natureza em formas diatômicas.

9.5.1 A constante de Avogadro

Vários experimentos foram realizados em busca do número de Avogadro. No


início do século XX o professor de físico-química da Universidade de Paris Jean
Baptiste Perrin estimou a constante de Avogadro como um número entre 6,5 x 10 23 e
7,2 x 1023. Como consequência recebeu o prêmio Nobel de física em 1926. Com o
aperfeiçoamento dos experimentos e dos métodos de cálculos, chegou-se ao seguinte
valor: NA = 6,02214179x1023. (Potter, 2017)

9.5.2 Número de Avogadro e a Massa Molar

Com o aparecimento do número de Avogadro foi possível a determinação mais


precisa das massas molares de qualquer substância formada a partir de elementos
da tabela periódica. Para isso, utiliza-se a definição de UMA (Unidade de Massa
Atômica), da constante de Avogadro e da massa atômica dos constituintes.

1 UMA ≈ 1,66x10-24g

NA ≈ 6,022x1023

Ex.: Calculemos o valor da massa molar do dióxido de carbono.

Sendo uma molécula de dióxido de carbono (CO2) constituída por dois átomos
de Oxigênio e um átomo de Carbono, a massa molar dessa molécula é dada pela
35
soma das massas atômicas do Carbono e dos dois átomos de Oxigênio multiplicando-
se pela constante de Avogadro e pela constante UMA:

MMCO2 = (MAC + 2MAO).NA.UMA

MMCO2 = (12 + 32). 6, 022x1023 . 1,66x10-24

MMCO2 = 44 . 6,022x1023 . 1,66x10-24

Repare que o produto 6,022x1023 . 1,66x10-24 é aproximadamente igual a 1,


assim, a massa molar do dióxido de carbono é numericamente igual à sua massa
molecular:
MMCO2 = 44 g/mol

Por isso que as massas molares de uma molécula, íon, átomo ou radical
sempre coincidem com as respectivas massas moleculares, massas-fórmulas (para
os íons) e massas atômicas dos mesmos. (Netz, 2014)

10 DISTRIBUIÇÃO DE MAXWELL-BOLTZMANN

As moléculas de ar ao nosso redor não estão se deslocando à mesma


velocidade, mesmo que todo o ar esteja a uma única temperatura. Algumas das
moléculas de ar se movem extremamente rápido, algumas se movem com
velocidades médias, e outras praticamente não se movem. Por isso, não podemos
fazer perguntas do tipo "qual é a velocidade de uma molécula de um gás?", porque
uma molécula em um gás pode ter qualquer uma dentre diversas velocidades
possíveis.
Então, ao invés de perguntar sobre uma molécula de gás específica, fazemos
perguntas como, "qual é a distribuição de velocidades em um gás a uma certa
temperatura?" No final dos anos 1800, James Clerk Maxwell e Ludwig Boltzmann
descobriram a resposta para essa pergunta. O resultado que eles obtiveram é
chamado de distribuição de Maxwell-Boltzmann, porque mostra como as velocidades
das moléculas são distribuídas em um gás ideal. A distribuição de Maxwell-Boltzmann
geralmente é representada com o gráfico a seguir.

36
Fonte: www.educacao.globo.com.br

O eixo y do gráfico de Maxwell-Boltzmann pode ser visto como o número de


moléculas por unidade de velocidade. Então, se o gráfico está mais alto em uma dada
região, significa que há mais moléculas de gás se movendo com aquelas velocidades.
Observe que o gráfico não é simétrico. Há uma "cauda" mais longa na região
das altas velocidades, na extremidade direita do gráfico. O gráfico continua à direita
para velocidades extremamente altas, mas à esquerda o gráfico deve terminar em
zero (já que uma molécula não pode ter uma velocidade menor que zero).
A equação matemática real da distribuição de Maxwell-Boltzmann é um pouco
assustadora, e normalmente não é necessária em muitas aulas de introdução à
álgebra. (Sears, 2002)

10.1 O que significa raiz da velocidade quadrática média?

Você pode achar que a velocidade localizada diretamente abaixo do pico do


gráfico de Maxwell-Boltzmann é a velocidade média das moléculas do gás, mas isso
37
não é verdade. A velocidade localizada diretamente abaixo do pico é a velocidade

mais provável , já que é mais provável que encontremos moléculas a essa


velocidade.

Fonte: www.educacao.globo.com.br

A velocidade média das moléculas do gás está, na verdade, localizada


um pouco à direita do pico, devido à "cauda" maior no lado direito do gráfico de
distribuição de Maxwell-Boltzmann. Essa cauda mais longa puxa a velocidade média
um pouco para a direita do pico do gráfico. (Ieno, 2006)

Outra grandeza útil é conhecida como raiz da velocidade quadrática .


Essa grandeza é interessante porque sua definição está escondida no próprio nome.
Raiz da velocidade quadrática média é a raiz quadrada da média dos quadrados das

38
velocidades vetoriais. Podemos escrever a raiz da velocidade quadrática média
matematicamente como:
Pode parecer que essa técnica de encontrar um valor médio é
desnecessariamente complicada, já que elevamos todas as velocidades vetoriais ao
quadrado somente para tirar a raiz quadrada depois.
Você pode pensar, "Por que não podemos simplesmente tirar uma média das
velocidades vetoriais?", mas lembre-se de que a velocidade vetorial é um vetor e tem
uma direção.
A velocidade vetorial média das moléculas de gás é zero, já que há tantas
moléculas de gás indo para a direita (velocidade vetorial +) quanto para a esquerda
(velocidade vetorial -). É por isso que primeiro elevamos as velocidades vetoriais ao
quadrado, para torná-las positivas. Isso garante que tirar a média (isto é, o valor
médio) não resultará em zero. Os físicos geralmente usam esse truque para encontrar
valores médios de grandezas que podem receber valores positivos e negativos (por
exemplo, a tensão e a corrente em um circuito de corrente alternada). (Wylen, 1995)

Devemos observar que todas essas três grandezas


são bastante grandes, mesmo para um gás em temperatura ambiente. Por exemplo,
o gás neon em temperatura ambiente (293 K) tem uma velocidade mais provável,
velocidade média e raiz da velocidade quadrática média de cerca de:

39
10.2 O que a área abaixo de uma distribuição de Maxwell-Boltzmann
representa?

O eixo y do gráfico da distribuição de Maxwell-Boltzmann dá o número de


moléculas por unidade de velocidade. A área total sob toda a curva é igual ao número
total de moléculas no gás.

Fonte: www.educacao.globo.com.br

Segundo Tordeli (2013), se aquecermos o gás a uma temperatura maior, o pico


do gráfico vai se deslocar para a direita (já que a velocidade molecular média vai
aumentar). Conforme o gráfico se desloca para a direita, sua altura diminui para
manter a mesma área total sob a curva. Da mesma forma, conforme o gás é resfriado
para uma temperatura menor, o pico do gráfico é deslocado para a esquerda.
Conforme o gráfico se desloca para a esquerda, sua altura aumenta para manter a
mesma área sob a curva. Isso pode ser visto nas curvas abaixo, que representam a
amostra de gás (com um número constante de moléculas) a temperaturas diferentes.

40
Fonte: www.educacao.globo.com.br

Conforme o gás fica mais frio, o gráfico fica mais alto e mais estreito. Da mesma
forma, conforme o gás fica mais quente, o gráfico fica mais baixo e mais largo. Isso é
necessário para que a área sob a curva (por exemplo, o número total de moléculas)
permaneça constante. (FERNANDES; PIZZO; MORAES JR., 2006)
Se mais moléculas fossem inseridas na amostra, a área total sob a curva
aumentaria. Da mesma forma, se moléculas fossem retiradas da amostra, a área total
sob a curva diminuiria.
Exemplos resolvidos envolvendo a distribuição de Maxwell-Boltzmann:

Exemplo 1: Esfriando um gás

Um gás de nitrogênio diatômico está fechado em um contêiner. O contêiner


lacrado é colocado em uma banheira de gelo e atinge uma temperatura de equilíbrio
menor devido ao banho de gelo. O que acontece com as seguintes grandezas
conforme o gás esfria? A velocidade molecular média dos gases diminui, O gráfico do
número de moléculas versus a velocidade se torna mais estreito.
Explicação: Conforme o gás esfria, a velocidade média fica menor, já que as
moléculas de um gás frio se movem mais devagar. Além disso, o gráfico do número
41
de moléculas vs. velocidade vai ficar mais estreito conforme o gás esfriar. Como o
número de moléculas permanece fixo em um contêiner lacrado, a área sob a curva
será constante. Conforme o pico do gráfico se desloca para a esquerda, a altura do
pico vai aumentar para manter a mesma área total sob a curva, tornando a curva mais
alta e mais estreita conforme a temperatura diminui. (Almeida, 2011)

Exemplo 2: Variação no gás

Um gás tem uma distribuição de velocidades da seguinte forma:

Fonte: www.educacao.globo.com.br

Qual das seguintes séries de ações poderia fazer o gráfico de distribuição


mudar da curva 1 para a curva 2, como mostrado abaixo?

42
Fonte: www.educacao.globo.com.br

Resposta: Algumas das moléculas de gás podem sair da amostra, e o restante


da amostra de gás é resfriada em um recipiente fechado.
Como a área total sob o gráfico diminui, algumas das moléculas de gás devem
ter deixado a amostra. Além disso, como o pico foi deslocado para a esquerda, a
velocidade média das moléculas do gás diminuiu, o que significa que a amostra
restante atingiu uma temperatura menor.
Então, se permitirmos que um pouco do gás saia e depois esfriarmos o gás
restante, vamos produzir a variação vista no gráfico de distribuição. (Almeida, 2011)

11 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA

A Segunda Lei da Termodinâmica trata da transferência de energia térmica.


Isso quer dizer que ela indica as trocas de calor que têm tendência para igualar
temperaturas diferentes (equilíbrio térmico), o que acontece de forma espontânea.
Seus princípios são:

 O calor é transferido de forma espontânea do corpo de maior temperatura para


o de menor temperatura.
 Todo processo tem perda porque seu rendimento sempre é inferior a 100%.
43
É expressa pela seguinte fórmula:

Onde,

η: rendimento
QA: calor fornecido por aquecimento
QB: calor não transformado em trabalho

Essa lei se estabeleceu a partir dos estudos de Sadi Carnot (1796-1832).


Incentivado pela Revolução Industrial, o físico francês estudava a possibilidade de
aumentar a eficiência das máquinas.
Analisando as máquinas térmicas, Carnot descobriu que elas eram mais
eficientes quando havia transferência de calor da temperatura mais alta para a
temperatura mais baixa. Isso acontece sempre nessa ordem, afinal a transferência de
energia térmica é um processo irreversível.
Isso quer dizer que o trabalho depende da transferência de energia térmica,
lembrando que não é possível transformar todo calor em trabalho.
Foi com base nas ideias de Carnot, que Clausius e Kelvin basearam seus estudos
sobre a Termodinâmica.
A Segunda Lei da Termodinâmica está relacionada com o conceito de entropia.
Ela completa a Primeira Lei da Termodinâmica, a qual se fundamenta no princípio da
conservação de energia. (Potter, 2017)

12 ENTROPIA

Entropia é a medida do grau de desordem de um sistema, sendo uma medida


da indisponibilidade da energia. É uma grandeza física que está relacionada com a
Segunda Lei da Termodinâmica e que tende a aumentar naturalmente no Universo.

44
12.1 Significado de Entropia

A “desordem” não deve ser compreendida como “bagunça” e sim como a forma
de organização de sistema. O conceito de entropia às vezes é aplicado em outras
áreas de conhecimento com esse sentido de desordem, que mais se aproxima do
senso comum. (Almeida, 2011)
Por exemplo, vamos imaginar três potes, um com pequenas bolinhas amarelas,
outro com o mesmo tipo de bolinhas só que vermelhas e o terceiro vazio.
Pegamos o pote vazio e colocamos por baixo todas as bolas amarelas e por
cima todas as bolas vermelhas. Neste caso, as bolas estão separadas e organizadas
pela cor.
Ao balançar o pote, as bolinhas começaram a se misturar de forma que num
dado momento não existe mais a separação inicial.
Mesmo que continuemos a balançar o pote, dificilmente as bolinhas voltarão a
ficar na mesma organização inicial. Ou seja, o sistema ordenado (bolinhas separadas
por cor) se tornou um sistema desordenado (bolinhas misturadas).

Ao misturar as bolinhas, a entropia do sistema aumentou


Fonte: www.pt.khanacademy.org.br

45
Desse modo, a tendência natural é de aumentar a desordem de um sistema, o
que significa um aumento da entropia. Podemos dizer então que nos sistemas: ΔS >0,
onde S é entropia.

12.2 Entropia e Termodinâmica

Segundo Almeida (2011), o conceito de Entropia começou a ser desenvolvido


pelo engenheiro e pesquisador francês Nicolas Sadi Carnot.
Em suas pesquisas sobre transformação da energia mecânica em térmica, e
vice-versa, ele constatou que seria impossível que existisse uma máquina térmica
com eficiência total.
A Primeira Lei da Termodinâmica determina, basicamente, que "a energia se
conserva". Isso quer dizer que nos processos físicos a energia não se perde, ela se
converte de um tipo em outro.
Por exemplo, uma máquina utiliza energia para realizar trabalho e nesse
processo a máquina aquece. Ou seja, a energia mecânica está sendo degradada em
energia térmica.
A energia térmica não se transforma novamente em energia mecânica (se isso
acontecesse a máquina nunca deixaria de funcionar), portanto, o processo é
irreversível.
Mais tarde, o Lord Kelvin complementou as pesquisas de Carnot sobre a
irreversibilidade dos processos termodinâmicos, dando origem às bases da Segunda
Lei da Termodinâmica.
Rudolf Clausius foi o primeiro a usar o termo Entropia em 1865. A entropia seria
a medida da quantidade de energia térmica que não pode ser revertida em energia
mecânica (não pode realizar trabalho), em uma determinada temperatura.
Clausius desenvolveu a fórmula matemática para a variação da entropia (ΔS)
que é utilizada atualmente.

Sendo,

46
ΔS: variação da entropia (J/K)
Q: calor transferido (J)
T: temperatura (K)

12.2.1 Atividade

A atividade proposta abaixo tem por finalidade levar para dentro da sala de aula
algo simples e que ajude os alunos a compreenderem de forma mais clara o assunto
estudado até o momento. Dessa forma, podemos dizer que a atividade é bastante
simples e bem interessante, principalmente porque mostra um aspecto moderno da
física, oriundo da termodinâmica. (Marques, 2019)

Para construir a atividade prática, vamos precisar de:

 Duas caixas de fósforos vazias


 Cola branca
 Feijões de cores diferentes (preto e marrom)

Montando o recipiente da atividade

Primeiramente, separe 20 unidades de cada cor de feijão. Em seguida, cole as


duas caixas de fósforos. Faça uma abertura no meio das duas caixas, como mostra a
figura abaixo, que permita a passagem dos feijões.

Duas gavetas de caixas de fósforos unidas, com uma abertura no meio


Fonte: www.pt.khanacademy.org

Realizando a atividade

47
Inicialmente, coloque os vinte feijões marrons numa gaveta, deixando a outra
vazia, como mostra a figura abaixo. (Marques, 2019)

Feijões colocados de um só lado (em ordem)


Fonte: www.pt.khanacademy.org.br

Podemos ver na figura acima que os feijões estão em ordem, ou seja, todos os
feijões estão dispostos em uma só gaveta. Dessa forma, podemos dizer que a entropia
do sistema é pequena. Agora feche as gavetas com as caixas correspondentes e agite
o conjunto.
Ao realizar a atividade é importante que a caixa de fósforos esteja sobre uma
mesa, de forma que a caixa não se incline para que a simetria do sistema não seja
alterada.
A figura abaixo nos mostra a simulação da forma como deve ser feita a agitação
térmica da caixa de fósforos sobre a mesa. As setas vermelhas indicam as direções
nas quais o movimento deve ser realizado.

Simulação da agitação térmica


Fonte: www.pt.khanacademy.org.br

48
Em seguida, abra as caixas de fósforos e veja como ficou a distribuição dos
feijões dentro das caixas. É a mesma? O que mudou?
Agite um pouco e observe, repetindo o procedimento várias vezes. O que
acontece com a entropia do sistema? Se você agitar mais vigorosamente, o que
acontece? O que significa, em física, “agitar mais vigorosamente”? Se você aumentar
ou diminuir a abertura entre as caixinhas, ou fizer a substituição dos feijões por grãos
menores, como por exemplo, lentilhas, o que ocorrerá? Qual o significado físico
dessas alterações?
Em um momento seguinte, distribua 20 feijões pretos de um lado e 20 feijões
marrons de outro lado. (Marques, 2019)
Observe que há uma ordem novamente no sistema: cada cor em uma caixinha.
Vejamos a figura abaixo:

Feijões de cores diferentes em lados diferentes (em ordem).


Fonte: www.pt.khanacademy.org.br

Repita todo o procedimento feito anteriormente e tente responder os mesmos


questionamentos. Conclusão: suas observações estão de acordo com o enunciado de
Boltzmann da 2º lei da termodinâmica? A entropia do sistema variou? Houve equilíbrio
térmico?

49
13 MÁQUINAS TÉRMICAS

13.1 História das máquinas térmicas

As máquinas térmicas como vimos, são dispositivos capazes de converter


energia térmica em energia mecânica, sendo utilizadas principalmente como meios
de transporte e nas indústrias. Podemos citar como exemplo os veículos automotores,
a máquina a vapor e a turbina a vapor. É impossível imaginar nossa vida sem esses
dispositivos, que a cada dia estão mais aprimorados. (NUSSENZVEIG, 2002)

Locomotiva: máquina térmica usada como meio de transporte


Fonte: www.educador.brasilescola.uol.com.br

O primeiro dispositivo que utilizava esse mesmo princípio de funcionamento foi


a máquina de Herón, no século I d.C. Em 1698, Thomas Savery criou a primeira com
utilidade prática, que era usada para retirar água das minas. Posteriormente, por volta
de 1712, essa máquina de Savery foi aperfeiçoada por Thomas Newcomen e passou
a ser utilizada também para elevar cargas.
No entanto, as máquinas térmicas obtiveram destaque de fato apenas no
século 18, quando James Watt (1736 – 1819), em 1763, criou uma máquina que
possuía maior eficiência do que as que eram até então conhecidas. Assim, elas

50
passaram a ser utilizadas na indústria e em larga escala, o que foi de enorme
contribuição para a Revolução Industrial.
Foi em 1804 que as máquinas a vapor passaram a ser utilizadas para
locomoção. A locomotiva a vapor, construída por Richard Trevithick, era capaz de
transportar 450 pessoas a uma velocidade de 24 km/h, velocidade bem menor que a
que estamos acostumados atualmente. Depois da locomotiva, vieram os carros, o
primeiro foi produzido em 1885, pelo Engenheiro Alemão Karl Benz, e possuía motor
a gasolina.

Mapa Mental: Máquinas Térmicas

Fonte: www.brasilescola.com.br

As máquinas térmicas foram fundamentais para o desenvolvimento tecnológico


da humanidade, a começar pela Revolução Industrial, os meios de transporte e a
produção de energia. Atualmente é impossível imaginar nossas vidas sem esses
dispositivos, que, a cada dia, estão sendo mais aprimorados, contribuindo, assim, para
a nossa qualidade de vida. (NUSSENZVEIG, 2002)

51
13.2 Rendimento das máquinas térmicas

O rendimento das máquinas térmicas é uma grandeza adimensional dada pela


razão entre a quantidade de trabalho mecânico extraído de uma máquina térmica e a
quantidade de energia fornecida a ela em forma de calor.

Quanto maior o rendimento de uma máquina, maior será sua eficiência. Em


outras palavras, uma máquina térmica eficiente é aquela que produz mais trabalho
consumindo menor quantidade de recursos energéticos. Os motores de combustão
interna, usados para impulsionar veículos como motocicletas, carros, caminhões e até
mesmo aeronaves, são projetados para ser cada vez mais eficientes e poluir menos.
Essas máquinas térmicas usam como fonte de energia o calor obtido pela queima de
combustíveis fósseis como gasolina, óleo diesel, álcool ou querosene de aviação.
(TIPLER, 2009)
Além disso, as transformações termodinâmicas sofridas pela substância de
trabalho são cíclicas, isto é, ao final de cada ciclo voltam a apresentar os mesmos
valores de Pressão, Volume e Temperatura.
Em decorrência disso, e de acordo com a 1ª Lei da Termodinâmica, o trabalho
obtido por uma máquina térmica é dado pela diferença entre a quantidade de calor
fornecida para o funcionamento da máquina (Qq) e a quantidade de calor que a
máquina rejeita (Qf) para a sua fonte fria (que pode ser o meio externo):

Os motores que usam o ciclo Diesel apresentam os maiores rendimentos das


máquinas térmicas – cerca de 30% – enquanto os motores a gasolina, que geralmente
utilizam o ciclo Otto, têm rendimento de até 20%.

52
Fonte: www.brasilescola.uol.com.br

13.3 Rendimento das máquinas térmicas ideais

As máquinas térmicas ideais, também conhecidas como máquinas de Carnot,


são teóricas e operam de acordo com o ciclo de Carnot. O clico de Carnot apresenta
quatro etapas: duas transformações isotérmicas e duas transformações adiabáticas.
Essas transformações são, respectivamente, extremamente lentas e extremamente
rápidas, tornando esse ciclo impraticável em máquinas reais. No entanto, as máquinas
reais são projetadas de forma que o seu ciclo de operação se assemelhe ao máximo
ao ciclo de uma máquina ideal, de forma a apresentar o maior rendimento possível.
(TIPLER, 2009)
O rendimento das máquinas térmicas ideais pode ser calculado pela seguinte
equação:

53
Na equação apresentada acima, Tf é a temperatura da fonte fria, também
chamada de resfriadouro ou sorvedouro, e Tq é a temperatura da fonte quente. É
importante ressaltar que as temperaturas envolvidas nesses cálculos devem sempre
estar expressas em Kelvin.

14 CICLO DE CARNOT

Segundo HALLIDAY (2012), o Ciclo de Carnot é um ciclo particular de


transformações termodinâmicas de um gás ideal. É composto por duas
transformações isotérmicas e duas transformações adiabáticas.
Foi descrito e analisado pelo engenheiro francês Sadi Carnot, em 1824, em
seus estudos sobre as máquinas térmicas. O ciclo de Carnot pode ser descrito pelas
seguintes etapas:

 O gás sofre uma transformação isotérmica. Se expande e absorve a quantidade


de calor Q1 de uma fonte quente à temperatura T1.
 Após a transformação isotérmica, o gás sofre uma transformação adiabática
(sem trocas de calor com o meio). Como se expande adiabaticamente, sua
temperatura cai para um valor T2.
 Em seguida, o gás sofre uma compressão isotérmica e libera uma quantidade
de calor Q2 para a fonte fria à temperatura T2.
 Finalmente, retorna à condição inicial após sofrer uma compressão adiabática.

54
Diagrama do Ciclo de Carnot

Fonte: www.brasilescola.uol.com.br

14.1.1 Teorema de Canot

A grande importância do ciclo de Carnot se deve ao teorema a seguir:


Nenhuma máquina térmica que opere entre duas dadas fontes, às
temperaturas T1 e T2, podem ter maior rendimento que uma máquina de Carnot
operando entre estas mesmas fontes. (HALLIDAY, 2012)
A máquina de Carnot é uma máquina térmica que opera segundo o ciclo de
Carnot.
Todas as máquinas de Carnot apresentam o mesmo rendimento, desde que
operem com as mesmas temperaturas.

14.2 Fórmula

Para o cálculo do rendimento de uma máquina de Carnot usamos a seguinte


fórmula:

55
Sendo,
R o rendimento da máquina de Carnot.
T1 a temperatura da fonte quente em Kelvin (K)
T2 a temperatura da fonte fria em Kelvin (K)

14.3 Refrigeração

Refrigeração é todo processo em que há remoção do calor, de modo que a


temperatura fique menor que a do ambiente. Quando se remove calor até que a
temperatura se iguale a do ambiente, o processo chama-se resfriamento. Ao
deixarmos uma xícara de chá quente sobre a mesa, o chá sofre o processo de
resfriamento, já uma geladeira faz o processo de refrigeração. (NUSSENZVEIG, 2002)
O interesse pela refrigeração ocorre desde a Pré-História, quando alimentos
eram guardados próximos as paredes mais úmidas das cavernas, de forma a
conservá-los. Em 300 a.C., Alexandre, o Grande, ofereceu bebida gelada (com neve)
aos seus soldados, a fim de animá-los para as batalhas. Desde esta época até o
século 20, aproximadamente, tanto nos Estados Unidos, como na Europa, o gelo era
recolhido no inverno e armazenado em galpões, celeiros e armazéns, para uso
posterior.
Em 1806, Frederic Tudor, o "rei do gelo", ficou conhecido assim pelas viagens
comerciais, tanto dentro dos Estados Unidos, como fora dele (inclusive na Índia), para
venda de gelo. Depois outros países, como Reino Unido, Canadá, Rússia, Noruega e
França, começaram a comercializar gelo também.
As ice houses, locais de armazenamento de gelo, eram construídas com
materiais isolantes, como serragem e cortiça. Posteriormente, com o aparecimento da
refrigeração artificial e a poluição dos rios e lagos, durante as revoluções industriais,
o comércio de gelo foi chegando ao fim. O primeiro registro de patente da criação de
uma máquina de refrigeração foi feito em 1834, por Jacob Perkins, cujo protótipo
operava por compressão e de forma cíclica.
Sabemos, pela Segunda Lei da Termodinâmica, que o fluxo natural da energia
térmica é da fonte quente (corpo com maior temperatura) para a fonte fria (corpo com
56
menor temperatura). Um processo inverso ao do fluxo natural é um processo forçado,
exigindo fornecimento de energia ao sistema para que ele funcione. A ideia de
refrigeração é baseada neste processo forçado.
Um trabalho externo τ é realizado no sistema, com o objetivo de remover o
calor da fonte fria e levá-lo a fonte quente. Veja a figura 1, que faz um esquema deste
processo.

Fonte: www.todamateria.com.br

O esquema é semelhante à máquina térmica de Carnot, mas operando


inversamente. Observa-se que apenas há uma mudança de sentido nas setas, sendo
todos os processos reversíveis. (NUSSENZVEIG, 2002)
O ciclo de refrigeração possui quatro etapas importantes (consideraremos um
ciclo de refrigeração por compressão mecânica de vapor):

1. Compressor: aspira o vapor refrigerante e o comprime;


2. Condensador: transforma o vapor em líquido;
3. Válvula de expansão (ou tubo capilar): sua pressão é reduzida para que o
fluido entre novamente no evaporador (expansão isoentálpica);
4. Evaporador: o calor latente de vaporização é absorvido e enviado ao
compressor, para iniciar um novo ciclo.

A entalpia é o calor contido em uma substância, dado em kcal/kg. Veja este


ciclo na figura a seguir.

57
Fonte: www.todamateria.com.br

O fluido que se usa nos sistemas refrigeradores é chamado refrigerante. É um


fluido que resfria materiais, absorvendo calor, tanto calor sensível, quanto calor
latente. Um bom refrigerante possui, entre outras características, as seguintes:

 Calor latente de vaporização alto;


 Condensação sob pressões moderadas;
 Evaporação sob pressões acima da atmosférica;
 Pequeno volume específico;
 Se vazar, não prejudicar a camada de ozônio nem os alimentos, no caso de
uma geladeira;
 Não corrosivo;
 Não tóxico;
 Não inflamável.

Os refrigerantes mais comuns são CFC's (clorofluorcarbonetos), HCFC's


(hidroflurocarbonetos), amônia, dióxido de enxofre, dióxido de carbono, entre outros.
O HCFC é usado para substituir os CFC, pois o cloro é um elemento prejudicial para
a atmosfera. (NUSSENZVEIG, 2002)

58
14.4 Eficiência de uma máquina térmica cíclica

O refrigerador é uma máquina térmica que usa um ciclo fechado. Desta forma
pode operar continuamente retirando calor dos alimentos e dissipando este calor para
o lado de fora.
É sabido que nem todas as máquinas e motores térmicos apresentam a mesma
eficiência e o mesmo rendimento. Alguns fatores podem fazer com que se
diferenciem. Por exemplo, fatores como o atrito, perdas de calor, detalhes de
construção dos motores, etc., tudo isso pode leva-los a ter diferentes consumos de
energia para realizar o mesmo trabalho. (TIPLER, 2009)
Para que possamos diferenciar as máquinas térmicas podemos calcular fração
do calor recebido transformado em trabalho, ou seja, basta calcularmos a eficiência
de cada máquina térmica.
Chamamos de eficiência da máquina à razão do trabalho efetuado (Τ) pelo
calor da fonte quente Q1.

Partindo do princípio da conservação da energia, podemos substituir o valor do


trabalho (Τ) por Q1 – Q2 na expressão da eficiência. Assim obtemos uma equação
para eficiência das máquinas térmicas trabalhando em ciclo a partir das quantidades
de calor recebida e devolvida.

59
15 ENTALPIA

A entalpia faz parte da Termoquímica, que estuda os princípios da


termodinâmica que envolvem as trocas de calor que ocorrem durante uma reação
química, entre o sistema e o meio ambiente externo. A entalpia é uma grandeza física
que mede a máxima energia em um sistema termodinâmico em forma de calor.
(TIPLER, 2009)
A maioria das reações químicas são acompanhadas pela liberação ou pela
absorção de calor. Quando há liberação de calor a reação é chamada exotérmica e
quando há necessidade de absorver calor para que ela ocorra, é conhecida como
endotérmica. A entalpia absoluta (H) é definida pela fórmula:

H = U + PV

Onde temos que:


 U = energia interna do sistema
 PV= quantidade de energia associada ao conjunto sistema-vizinhança, nas
CNTP.

É possível realizar cálculos que nos permitem medir as quantidades de calor


envolvidas nas reações químicas, para isto, utilizamos fórmulas.
Para entendermos como realizar este tipo de cálculo, é necessário
primeiramente conhecer alguns termos comuns à Termoquímica:

 Calor (Q): Relaciona-se com a diferença de temperatura entre dois sistemas,


a energia quando em forma de calor tende a fluir de um corpo com maior
temperatura para um corpo de menor temperatura. No caso da Termoquímica,
o calor é a energia que é absorvida ou que é liberada do sistema (reação
química).
 Calor de Reação (Qp): É a quantidade de calor trocada pelo sistema (reação)
com as vizinhanças (meio externo ao sistema).
 Entalpia Absoluta (H): É uma propriedade que está relacionada ao calor de
reação, permitindo realizar o cálculo da quantidade de calor absorvida ou
60
liberada na reação química, em condições normais de temperatura e pressão
(CNTP). A variação de entalpia é calculada a partir da seguinte fórmula:

ΔH = H final (produto) – H inicial (reagente)

Quando em um sistema, a pressão for constante, temos que:

Qp = ΔH

Em qualquer sistema químico, quando há a ocorrência de uma reação química


com liberação ou absorção de calor pelo sistema há a variação de entalpia (ΔH).
(TIPLER, 2009)
Para as reações exotérmicas, o valor de ΔH será sempre negativo (ΔH < 0):

Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br

Para as reações endotérmicas, o valor de ΔH será sempre positivo (ΔH > 0):

61
Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br

Existem alguns fatores importantes que devem ser considerados responsáveis


pela alteração dos valores de ΔH de uma reação química, são eles:

1. Fase de Agregação das partículas (o estado físico influencia diretamente no


ΔH);
2. Alotropia entre reagentes e produtos (cada estado alotrópico possui um ΔH
distinto);
3. Temperatura de ocorrência da reação;
4. Pressão;
5. Quantidade de matéria (há aumento proporcional de ΔH);
6. Meio reacional

Existem outros tipos de entalpias específicas que podem ser estabelecidas,


citaremos as quatro mais utilizadas: Entalpia de Combustão, Entalpia Padrão, Entalpia
de ligação e Entalpia de formação. Essas variações baseiam sua essência na entalpia
absoluta, ou seja, são vertentes da mesma. (TIPLER, 2009)

15.1 Entalpia de Combustão

A Entalpia de Combustão refere-se à energia liberada pela combustão de um


mol de um composto. Toda reação de combustão é exotérmica, ou seja, liberam
energia para o meio, e essa energia liberada em forma de calor pode ser calculada
através da variação de entalpia. A Entalpia de combustão consiste na variação de
62
energia liberada pela queima de 1 mol de uma substância qualquer nas condições
normais de temperatura e pressão (CNTP, onde, temperatura = 25°C e pressão = 1
atm). Tratando-se de uma reação exotérmica, os valores de ΔH serão sempre
negativos, pois a energia dos reagentes será sempre maior que a energia dos
produtos. (NUSSENZVEIG, 2002)

15.2 Entalpia Padrão (ΔH°)

O ponto inicial para as medidas de ΔH calculados é zero, e por convenção,


adota-se que toda substância simples possui valor de entalpia equivalente a 0. Este
valor recebe também o nome de Entalpia Padrão. A partir da entalpia padrão é
possível realizar comparativos de valores de entalpia de diversas substâncias, em
diferentes condições de temperatura e pressão. De acordo com a Lei de Hess, a
entalpia padrão de uma reação química obtida através da somatória dos valores das
entalpias padrões das semi-reações que fazem parte da equação global, desse modo:

X+Y→Z ΔH1

Z+W→A+K ΔH2

K→Y+B ΔH3

X+W→A+B ΔH4

ΔH = ∑ ΔH1 + ΔH2 + ΔH3 + ΔH4 ...

15.3 Entalpia de Ligação

A entalpia de ligação estuda a energia liberada ou absorvida para que ocorram


as quebras nas ligações químicas que compõem as substâncias. Quando há o
rompimento de ligações químicas nas moléculas dos reagentes, ocorre um processo
endotérmico, já quando há necessidade de que ocorra um rearranjo molecular para a
formação de novas moléculas, temos um processo exotérmico. É possível encontrar
em diversas literaturas tabelas que possuem diversas entalpias de ligação de diversas
substâncias químicas.

63
15.4 Entalpia de Formação (ΔH°f)

A Entalpia de formação refere-se à energia em forma de calor liberada ou


absorvida quando há a formação de um mol de substância simples. (NUSSENZVEIG,
2002)
A variação da entalpia de formação de uma substância pode ser calculada
desde que se tenha a informação do valor de entalpia de formação da reação que
forma essa substância, a partir de substâncias simples, como podemos ver no
exemplo a seguir, calculando a entalpia de formação da água:

H2(g) + ½ O2(g) → H2O(l)


ΔH°f = -68 kcal/mol
CNTP: 25°C / 1atm.

Como podemos calcular a entalpia de formação da água utilizando as


fórmulas?
Tratando-se de duas substâncias simples em condições normais de
temperatura e pressão, consideramos a entalpia igual a zero, e temos a informação
de que a entalpia de formação da água é igual a -68kcal/mol. Com essas informações
é possível calcular a variação de entalpia:

ΔH = Hfinal (produto) – Hinicial (reagente)


-68,4 = HH2O – (HH2 + ½ HO2)
-68,4 = HH2O – 0
HH2O = -68,4 kcal/mol ou – 285,91 J/mol (SI)

Portanto, temos que a entalpia de formação de 1 mol de água é equivalente à


-68,4 kcal/mol, caracterizando uma reação exotérmica.

64
Germain Henri Hess (1802 – 1850) foi um químico Suíço que aprofundou seus
conhecimentos no campo da termoquímica, com a criação de uma lei que afirma que
a mudança na entalpia de uma reação é igual a somatória das mudanças nas entalpias
em suas etapas individuais.

65
16 REFERÊNCIAS

Bibliografia

BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários: relatividade,


oscilações, ondas e calor. Porto Alegre: AMGH, 2013.

ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

ÇENGEL, Y. A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações.


3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.

ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de calor e massa: uma abordagem


prática. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física 2: gravitação,


ondas e termodinâmica. 4. ed. São Paulo: LTC, 1996.

HELERBROCK, Rafael. Termologia: O que é Termologia?. In: Termologia: O que é


Termologia?. São Paulo, 2019. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/fisica/termologia.htm#:~:text=O%20que%20%C3%A9
%20Termologia%3F,mudan%C3%A7as%20de%20estado%20f%C3%ADsico%2C%
20etc. Acesso em: 4 nov. 2020.

IENO, G.; NEGRO, L. Termodinâmica. São Paulo: Pearson, 2006.

KNIGHT, R. D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,


2009.v. 2: Termodinâmica óptica. cap. 16.

MARQUES, DOMICIANO. ENTROPIA E A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA:


atividade prática. In: ENTROPIA E A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA:
SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA. 01. ed. São Paulo, 2019. Disponível em:

66
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/entropia-segunda-lei-
termodinamica.htm. Acesso em: 4 nov. 2020.

MORAN, M. J. et al. Princípios de termodinâmica para engenheiros. 7. ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2013.

NETZ, P. A.; ORTEGA, G. G. Fundamentos de físico-química. Porto Alegre: Artmed,


2014

NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica. Fluidos, Oscilações e Ondas, Calor.


v. 2, 4. ed. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 2002.

POTTER, M. C.; SOMERTON, C. W. Termodinâmica para engenheiros. 3. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2017. (Coleção Schaum).

RESNICK, R.; HALLIDAY, D.; JEARL, W. Fundamentos de Física. Gravitação,


Ondas e Termodinâmica. v. 2, 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

SEARS, F. et al. Física: termodinâmica e ondas. 10.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002.
v. 2.

TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros. v. 1, 6. ed. São Paulo: Editora


LTC. 2009.

WYLEN, G. V.; SONNTAG, R.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da termodinâmica


clássica. 4. ed. São Paulo: Bluncher, 1995.

67

Você também pode gostar