Você está na página 1de 177

Sumário

1 TEMPERATURA E CALOR ............................................................................................................... 3


1.1 TEMPERATURA E EQUILÍBRIO TÉRMICO ...................................................................................... 3
1.2 TERMÔMETROS E ESCALAS DE TEMPERATURA ............................................................................. 5
1.3 TERMÔMETRO DE GÁS E ESCALA KELVIN .................................................................................... 6
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .......................................................................................................... 7
EXERCÍCIOS ............................................................................................................................ 7
1.4 EXPANSÃO TÉRMICA ............................................................................................................. 14
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ........................................................................................................ 19
EXERCÍCIOS .......................................................................................................................... 22
1.5 QUANTIDADE DE CALOR ........................................................................................................ 41
1.6 CALORIMETRIA E TRANSIÇÕES DE FASE .................................................................................... 44
1.7 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ............................................................................ 47
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ........................................................................................................ 51
EXERCÍCIOS .......................................................................................................................... 55
2 PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA ........................................................................................ 71
2.1 EQUAÇÕES DE ESTADO .................................................................................................... 71
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ........................................................................................................ 79
EXERCÍCIOS .......................................................................................................................... 81
3. A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA ........................................................................................... 99
3.1 SISTEMAS TERMODINÂMICOS ............................................................................................. 99
3.2 TRABALHO REALIZADO DURANTE VARIAÇÕES DE VOLUME .................................................... 100
3.3 CAMINHOS ENTRE ESTADOS TERMODINÂMICOS .................................................................. 102
3.4 ENERGIA INTERNA E A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA ..................................................... 104
3.5 TIPOS DE PROCESSOS TERMODINÂMICOS .......................................................................... 107
3.6 ENERGIA INTERNA DE UM GÁS IDEAL ................................................................................. 109
3.7 CALOR ESPECÍFICO DE UM GÁS IDEAL................................................................................ 110
3.8 PROCESSO ADIABÁTICO DE UM GÁS IDEAL ......................................................................... 113
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................ 114
4. A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA ........................................................................................ 121
4.1 SENTIDO DE UM PROCESSO TERMODINÂMICO ....................................................................... 121
4.2 MÁQUINAS TÉRMICAS ......................................................................................................... 122
4.3 MÁQUINAS DE COMBUSTÃO INTERNA.................................................................................... 125
4.5 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA ....................................................................................... 129
4.6 O CICLO DE CARNOT .......................................................................................................... 130
4.7 ENTROPIA ........................................................................................................................ 137
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................ 142
GABARITO CAP.1 ................................................................................................................... 172
GABARITO CAP.2 ................................................................................................................... 173
GABARITO CAP.3 ................................................................................................................... 175
GABARITO CAP.4 ................................................................................................................... 176

1
2
1 TEMPERATURA E CALOR
Tanto em um dia escaldante de verão quanto em uma noite fria de inverno, seu corpo precisa manter uma
temperatura aproximadamente constante. Ele possui mecanismos de controle de temperatura eficientes, mas, algumas
vezes, precisa de ajuda. Em um dia quente, você usa menos roupa para melhorar a troca de calor entre seu corpo e o ar
ambiente, e para melhorar o resfriamento produzido pela evaporação do suor. Em um dia frio, você pode se sentar próximo
a uma lareira para absorver a energia produzida por ela. os conceitos deste capitulo auxiliarão você a entender os processos
físicos básicos para preservar o calor ou o frio.
Os termos “temperatura” e “calor” costumam ser usados como sinônimos na linguagem cotidiana. Em física,
contudo, esses dois termos têm significados bastante diferentes. Neste capitulo, definiremos temperatura em termos de
sua medição, e veremos como sua variação afeta as dimensões dos objetos. veremos que calor se refere a transferência de
energia provocada apenas pelas diferenças de temperatura, e aprenderemos a calcular e controlar essas transferências de
energia.
Também daremos ênfase aos conceitos de temperatura e de calor em suas relações com objetos macroscópicos,
como cilindros de gás, cubos de gelo e o corpo humano. No capítulo 18, estudaremos esses mesmos conceitos sob o ponto
de vista microscópico, referente ao comportamento dos átomos e das moléculas individuais. Esses dois capítulos
fornecerão os conceitos básicos para a termodinâmica, o estudo das transformações de energia envolvendo calor, trabalho
mecânico e outros tipos de energia, e de como essas transformações se relacionam com as propriedades da matéria. a
termodinâmica constitui uma parte indispensável dos fundamentos da física, da química e da biologia, e encontra
aplicação em áreas como motores de automóveis, refrigeradores, processos bioquímicos e a estrutura das estrelas.

1.1 TEMPERATURA E EQUILÍBRIO TÉRMICO

O conceito de temperatura tem origem nas ideias qualitativas baseadas em nosso sentido de tato. Um corpo
que parece estar “quente” normalmente está em uma temperatura mais elevada que um corpo análogo que parece estar
“frio”. Isso é um pouco vago, e os sentidos podem ser enganosos. Contudo, muitas propriedades da matéria que podemos
medir — inclusive o comprimento de uma barra metálica, a pressão de vapor em uma caldeira, a intensidade da corrente
elétrica transportada por um fio e a cor de um objeto incandescente muito quente — dependem da temperatura.
A temperatura também está relacionada à energia cinética das moléculas de um material. Em geral, essa
relação é bastante complexa e, por isso, não é uma boa ideia começar com uma definição de temperatura. Depois vamos
estudar a relação entre a temperatura e a energia do movimento das moléculas de um gás ideal. Entretanto, podemos
definir temperatura e calor independentemente de qualquer imagem molecular detalhada. Nesta seção, vamos desenvolver
uma definição macroscópica de temperatura.
Antes de usar a temperatura como uma medida para saber se um corpo está quente ou frio, precisamos construir
uma escala de temperatura. Para isso, podemos usar qualquer propriedade do sistema que dependa do fato de o corpo
estar “quente” ou “frio”. A Figura 1.1a mostra um conhecido sistema para medir temperatura. Quando o sistema se torna
mais quente, o líquido colorido (geralmente etanol ou mercúrio) se expande e sobe no tubo, e o valor de L cresce. Outro
sistema simples é um gás no interior de um recipiente mantido a volume constante (Figura 1.1b). A pressão p, medida
com o manômetro, aumenta ou diminui à medida que o gás se aquece ou esfria. Um terceiro exemplo é a resistência
elétrica R de um fio condutor, a qual varia quando o fio se aquece ou esfria. Cada uma dessas propriedades nos fornece
um número (L, p ou R) que varia quando o corpo se aquece ou esfria, de modo que a respectiva propriedade pode ser
usada para fazer um termômetro.

FIGURA 1.1 Dois dispositivos para medir temperatura.


3
Para medir a temperatura de um corpo, você coloca o termômetro em contato com o corpo. Se você deseja
saber a temperatura de uma xícara com café quente, coloca o bulbo do termômetro no café; quando ele interage com o
líquido, o termômetro se aquece e o café esfria ligeiramente. Quando o estado estacionário é atingido, você pode ler a
temperatura. Dizemos que o sistema atingiu o equilíbrio, um estado em que a interação entre o termômetro e o café faz
com que não exista mais nenhuma variação de temperatura no sistema. Chamamos esse estado de equilíbrio térmico.
Quando dois sistemas estão separados por um material isolante, como madeira, plástico, isopor ou fibra de
vidro, um sistema influencia o outro muito lentamente. As caixas térmicas usadas na praia são feitas com materiais
isolantes para impedir que o gelo e os alimentos gelados se aqueçam e atinjam o equilíbrio térmico com o ar quente do
verão fora da caixa. Um isolante ideal é um material que impede qualquer tipo de interação entre os dois sistemas. Ele
impede que o equilíbrio térmico seja atingido quando os dois sistemas não estão em equilíbrio no início. Isolantes reais,
como os usados nas caixas térmicas, não são ideais, de modo que o conteúdo da caixa térmica acabará esquentando.
Porém, apesar disso, um isolante ideal é uma idealização prática, assim como uma corda sem massa ou uma inclinação
sem atrito.

A lei zero da termodinâmica

Podemos descobrir uma propriedade importante do equilíbrio térmico considerando três sistemas A, B e C,
que inicialmente não estão em equilíbrio térmico (Figura 1.2). Colocamos os sistemas no interior de uma caixa isolante
ideal para que não possam interagir com nada a não ser um com o outro. Separamos A e B por meio de uma parede
isolante ideal (Figura 1.2a), porém, deixamos C interagir com A e com B. Mostramos a interação na figura por meio de
uma placa clara

FIGURA 1.2 A lei zero da termodinâmica.

Representando um condutor térmico, um material que permite a interação térmica através dele. Esperamos até
que o equilíbrio térmico seja atingido; então, A e B estão em equilíbrio térmico com C. Porém, será que o sistema A está
em equilíbrio térmico com o sistema B?
Para responder a essa pergunta, separamos o sistema C de A e de B por meio de uma parede isolante ideal
(Figura 1.2b) e, a seguir, trocamos a parede isolante que existia entre eles por uma parede condutora que permite a
interação entre A e B. O que ocorrerá? A experiência mostra que não ocorrerá nada; não haverá nenhuma alteração
adicional em A ou B. Esse resultado é chamado de lei zero da termodinâmica:

➢ Quando C está inicialmente em equilíbrio térmico com A e com B, então A e B também estão em equilíbrio
térmico entre si.

(A importância dessa lei só foi reconhecida depois que a primeira, a segunda e a terceira leis da termodinâmica foram
enunciadas. Como essa lei é o fundamento das demais, o nome “lei zero” parece apropriado.)
Suponha agora que o sistema C seja um termômetro, como o de bulbo com líquido da Figura 17.1a. Na Figura
17.2a, o termômetro C está em contato com A e com B. No equilíbrio térmico, quando a leitura do termômetro atingir um
valor estável, ele estará medindo a temperatura tanto de A quanto de B; logo, A e B possuem a mesma temperatura. A
experiência mostra que o equilíbrio térmico não é alterado quando se introduz ou se remove um isolante; logo, a leitura
do termômetro C não se alteraria se ele estivesse em contato separadamente com A ou com B. Concluímos, assim, que:
Dois sistemas estão em equilíbrio térmico se e somente se eles possuírem a mesma temperatura.
É isso que torna o termômetro útil; na realidade, um termômetro mede sua própria temperatura, mas, quando
está em equilíbrio térmico com outro corpo, as temperaturas devem ser iguais. Quando as temperaturas de dois sistemas
são diferentes, eles não podem estar em equilíbrio térmico.
Teste sua compreensão da Seção 17.1 Você introduz um termômetro em uma panela de água quente e registra
a leitura. Que temperatura você registrou? (i) A temperatura da água; (ii) a temperatura do termômetro; (iii) uma média
aritmética das temperaturas da água e do termômetro; (iv) uma média ponderada das temperaturas da água e do
4
termômetro, com o peso maior sendo sobre a temperatura da água; (v) uma média ponderada das temperaturas da água e
do termômetro, com o peso maior sendo sobre a temperatura do termômetro. ❙

1.2 TERMÔMETROS E ESCALAS DE TEMPERATURA

Para que o dispositivo com líquido no bulbo mostrado na Figura 17.1a se transforme em um termômetro útil,
é necessário marcar uma escala numérica sobre o vidro. Suponha que o “zero” da escala corresponda ao ponto de
congelamento da água pura e o número “100” corresponda ao ponto de ebulição, e a distância entre essas duas marcações
seja subdividida em 100 intervalos iguais, chamados de graus. Isso corresponde à escala Celsius de temperatura (também
chamada de escala centígrada). A temperatura Celsius é um número negativo quando se refere a um estado cuja
temperatura é menor que a do ponto de congelamento da água. A escala Celsius é usada na vida cotidiana, na ciência e
na indústria, em quase todos os países do mundo.

FIGURA 1.3 Lâmina bimetálica funcionando como termômetro.

Outro tipo comum de termômetro utiliza uma lâmina bimetálica, obtida com a junção de dois metais diferentes
(Figura 1.3a). Quando a temperatura desse sistema aumenta, um dos metais se dilata mais que o outro, e a lâmina composta
se encurva (Figura 1.3b). Essa lâmina costuma ser enrolada em espiral, com a extremidade externa fixa na caixa do
termômetro e a extremidade interna ligada a um ponteiro (Figura 1.3c). O ponteiro gira em reação à variação de
temperatura.
Em um termômetro de resistência, a variação de temperatura pode ser medida pela variação do valor da
resistência elétrica de um fio fino, de um cilindro de carbono ou de um cristal de germânio. Os termômetros de resistência,
em geral, são mais precisos que os outros tipos de termômetro.
Alguns termômetros funcionam detectando a quantidade de radiações infravermelhas emitidas por um objeto.
(Veremos na Seção 1.7 que todos os objetos emitem radiação eletromagnética, inclusive infravermelha, como
consequência de sua temperatura.) Um exemplo moderno é o termômetro de artéria temporal (Figura 1.4). O enfermeiro
passa um desses termômetros sobre a testa do paciente nas proximidades da artéria temporal, e um sensor de radiações
infravermelhas no termômetro mede a radiação que vem da pele. Esse aparelho fornece valores mais precisos da
temperatura corporal que os termômetros orais ou timpânicos.

FIGURA 1.4 Um termômetro de artéria temporal mede a radiação infravermelha da pele que recobre uma das mais
importantes artérias da cabeça. Embora o revestimento do termômetro toque a pele, o detector de infravermelho dentro
do termômetro não a toca.

5
Na escala Fahrenheit de temperatura, ainda usada em países como os Estados Unidos, a temperatura de
congelamento da água é 32 °F (trinta e dois graus Fahrenheit), e a temperatura de ebulição é 212 °F, ambas em condições
normais de pressão atmosférica. Há 180 graus entre a temperatura de congelamento e a de ebulição, em vez dos 100 graus
da escala Celsius, portanto, um grau Fahrenheit corresponde a apenas 100/180 ou 5/9 de um grau na escala Celsius.
Para converter graus Celsius em graus Fahrenheit, note que TC, a temperatura na escala Celsius, é o número
de graus Celsius acima da temperatura de congelamento; o número de graus Fahrenheit acima da temperatura de
congelamento é 95 desse valor. Entretanto, o congelamento na escala Fahrenheit ocorre aos 32 °F. Assim, para obter TF,
a verdadeira temperatura na escala Fahrenheit, multiplique o valor em Celsius por 95 e acrescente 32°. Em símbolos:

9
𝑇𝐹 = 𝑇𝐶 + 32°
5

Para converter temperaturas da escala Fahrenheit para a escala Celsius, basta usar a fórmula:

5
𝑇𝐶 = (𝑇 − 32°)
9 𝐹

Em palavras: subtraia 32° para obter o número de graus em Fahrenheit acima da temperatura de congelamento,
e depois multiplique por 5/9 para obter o número de graus Celsius acima do congelamento, ou seja, a temperatura em
Celsius.

1.3 TERMÔMETRO DE GÁS E ESCALA KELVIN

Quando calibramos dois termômetros — por exemplo, um termômetro com líquido no interior de um bulbo e
um termômetro de resistência —, fazendo as duas leituras coincidirem em 0 °C e em 100 °C, as leituras podem não
coincidir precisamente nas temperaturas intermediárias. Qualquer escala de temperatura definida desse modo sempre
depende em parte das propriedades específicas dos materiais usados. Idealmente, seria preciso definir uma escala de
temperaturas que não dependesse das propriedades de um material específico. Para isso, são necessários alguns princípios
da termodinâmica. Aqui, discutiremos o termômetro de gás a volume constante, um tipo de termômetro que apresenta
comportamento próximo do ideal.

FIGURA 1.5 termômetro de gás.

O termômetro de gás se baseia no fato de que a pressão de um gás mantido a volume constante aumenta com a elevação
da temperatura. Um gás é colocado no interior de um recipiente mantido a volume constante (Figura 1.5a), e sua pressão
é medida por meio de um dispositivo. Para calibrar esse termômetro, medimos as pressões em duas temperaturas
diferentes, digamos 0 °C e 100 °C, assinalamos esses pontos sobre um gráfico e desenhamos uma linha reta, ligando-os.
Podemos então usar esse gráfico para ler a temperatura correspondente a qualquer outra pressão. A Figura 1.5b mostra os
resultados de três experiências desse tipo, cada uma usando um tipo e uma quantidade diferente de gás.
Extrapolando esse gráfico, vemos que deve existir uma temperatura hipotética igual a -273,15 °C, em que a
pressão absoluta do gás deveria ser igual a zero. Verifica-se que essa temperatura é sempre a mesma para qualquer tipo

6
de gás (pelo menos no limite de densidades muito pequenas). Na verdade, é impossível observar esse ponto de pressão
igual a zero. Os gases se liquefazem e depois se solidificam à medida que a temperatura atinge valores muito pequenos,
e a proporcionalidade entre pressão e temperatura deixa de ser válida.
Usamos essa temperatura extrapolada para uma pressão nula como a base para definir uma escala cujo zero
corresponde a essa temperatura. Essa escala denomina-se escala Kelvin de temperatura, assim chamada em homenagem
ao físico inglês Lord Kelvin (1824-1907). As unidades dessa escala são as mesmas que as da escala Celsius, porém o zero
é deslocado de tal modo que 0 𝐾 = − 273,15 °𝐶 e 273,15 𝐾 = 0 °𝐶, ou seja,

𝑇𝐾 = 𝑇𝐶 + 273,15

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Você coloca uma garrafa de refrigerante na geladeira e a deixa lá até que a temperatura tenha baixado 10,0 K. Qual é
a variação de temperatura (a) em °F e (b) em °C?

2. Um termômetro de gás com volume constante registra uma pressão absoluta que corresponde a 325 mm de mercúrio
quando em contato com a água no ponto triplo. Qual seria a pressão lida no termômetro se estivesse em contato com água
no ponto de ebulição normal?

3. Termômetro de gás a volume constante. Usando um termômetro de gás, um pesquisador verificou que a pressão do
ponto triplo da água (0,01 °C) era igual a 4,80 × 10 4 Pa, e a pressão do ponto de ebulição normal da água (100 °C) era
igual a 6,50 × 104 Pa. (a) Supondo que a pressão varie linearmente com a temperatura, use esses dados para calcular a
temperatura Celsius na qual a pressão do gás seria igual a zero (isto é, ache a temperatura Celsius do zero absoluto). (b)
O gás nesse termômetro obedece à Equação 17.4 de modo exato? Caso essa equação fosse obedecida rigorosamente e a
pressão a 100 °C fosse igual a 6,50 × 104 Pa, qual seria a pressão medida a 0,01 °C?

4. você propõe uma nova escala de temperaturas com valores dados em °M. você define 0,0 °M como o ponto de fusão
do mercúrio, e 100,0 °M como o ponto normal de ebulição do mercúrio. (a) Qual é o ponto normal de ebulição da água
em °M? (b) uma variação de temperatura de 10,0 °M corresponde a quantos graus celsius?

EXERCÍCIOS

01. Um estudante construiu uma escala de temperatura E cuja relação com a escala Celsius é expressa no gráfico
representado a seguir:

Qual a temperatura cujas leituras coincidem numericamente nessas duas escalas?

02. Um termômetro foi graduado, em graus Celsius, incorretamente. Ele assinala 1 ºC para o gelo em fusão e 97 ºC para
a água em ebulição, sob pressão normal. Qual a única temperatura que esse termômetro assinala corretamente, em
graus Celsius?

03. Um pesquisador, ao realizar a leitura da temperatura de um determinado sistema, obteva o valor - 450. Considerando
as escalas usuais (Celsius, Fahrenheit e Kelvin), podemos afirmar que o termômetro utilizado certamente não poderia
estar graduado:
A) apenas na escala Celsius.
7
B) apenas na escala Fahrenheit.
C) apenas na escala Kelvin.
D) nas escalas Celsius e Kelvin.
E) nas escalas Fahrenheit e Kelvin.

04. Quando se mede a temperatura do corpo humano com um termômetro clínico de mercúrio em vidro, procura-se
colocar o bulbo do termômetro em contato direto com regiões mais próximas do interior do corpo e manter o
termômetro assim durante algum tempo, antes de fazer a leitura. Esses dois procedimentos são necessários porque:
A) o equilíbrio térmico só é possível quando há contato direto entre dois corpos e porque demanda sempre algum
tempo para que a troca de calor entre o corpo humano e o termômetro se efetive.
B) é preciso reduzir a interferência da pele, órgão que regula a temperatura interna do corpo, e porque demanda
sempre algum tempo para que a troca de calor entre o corpo humano e o termômetro se efetive.
C) o equilíbrio térmico só é possível quando há contato direto entre dois corpos e porque é preciso evitar a
interferência do calor específico médio do corpo humano.
D) é preciso reduzir a interferência da pele, órgão que regula a temperatura interna do corpo, e porque o calor
específico médio do corpo humano é muito menor que o do mercúrio e o do vidro.
E) o equilíbrio térmico só é possível quando há contato direto entre dois corpos e porque é preciso reduzir a
interferência da pele, órgão que regula a temperatura interna do corpo.

05. Em 1851, o matemático e físico escocês William Thomson, que viveu entre 1824 e 1907, mais tarde possuidor do
título de Lorde Kelvin, propôs a escala absoluta de temperatura, atualmente conhecida como escala Kelvin de
temperatura (K). Utilizando-se das informações contidas no texto, indique a alternativa correta.
A) Com o avanço da tecnologia, atualmente, é possível obter a temperatura de zero absoluto.
B) Os valores dessa escala estão relacionados com os da escala Fahrenheit (ºF), por meio da expressão K = ºF + 273.
C) A partir de 1954, adotou-se como padrão o ponto tríplice da água, temperatura em que a água coexiste nos três
estados - sólido, líquido e vapor. Isso ocorre à temperatura de 0,01 ºF ou 273,16 K, por definição, e à pressão de 610
Pa (4,58 mm Hg).
D) Kelvin é a unidade de temperatura comumente utilizada nos termômetros brasileiros.
E) Kelvin considerou que a energia de movimento das moléculas dos gases atingiria um valor mínimo de temperatura,
ao qual ele chamou zero absoluto.

06. Na medida de temperatura de uma pessoa por meio de um termômetro clínico, observou-se que o nível de mercúrio
estacionou na região entre 38 ºC e 39 ºC da escala, como está ilustrado na figura.

Após a leitura da temperatura, o médico necessita do valor transformado para uma nova escala, definida por t x = 2tc/3
e em unidades ºX, onde tc é a temperatura na escala Celsius.
Lembrando de seus conhecimentos sobre algarismos significativos, ele conclui que o valor mais apropriado para a
temperatura tx é:
A) 25,7 ºX
B) 25,7667 ºX
C) 25,766 ºX
D) 25,77 ºX
E) 26 ºX

8
07. No dia 1º, à 0 h de determinado mês, uma criança deu entrada num hospital com suspeita de meningite. Sua
temperatura estava normal (36,5 ºC). A partir do dia 1°, a temperatura dessa criança foi plotada num gráfico por meio
de um aparelho registrador contínuo. Esses dados caíram nas mãos de um estudante de Física, que verificou a relação
existente entre a variação de temperatura (∆θ), em graus Celsius, e o dia (t) do mês. O estudante encontrou a seguinte
equação:

∆θ = − 0,20t2 + 2,4t − 2,2

A partir dessa equação, analise as afirmações dadas a seguir e indique a correta.


A) A maior temperatura que essa criança atingiu foi 40,5 °C.
B) A maior temperatura dessa criança foi atingida no dia 6.
C) Sua temperatura voltou ao valor 36,5 ºC no dia 12.
D) Entre os dias 3 e 8, sua temperatura sempre aumentou.
E) Se temperaturas acima de 43 ºC causam transformações bioquímicas irreversíveis, então essa criança ficou com
problemas cerebrais.

08. A relação entre uma certa escala termométrica A e a escala Celsius é A = C + 3 e entre uma escala termométrica B e
a escala Fahrenheit é B = 2F − 10. Qual a relação entre as escalas A e B?

5
A) A = B − 12
18
5
B) A = B + 12
18
5
C) A = B − 18
18
5
D) A = B + 18
18
E) N.R.A.

09. Uma antiga escala denominada Rankine tinha seu zero coincidindo com o zero absoluto, mas usava como unidade
de variação o grau Fahrenheit. Podemos, então, dizer que O ºC e 100 ºC correspondem nesta escala, respectivamente,
os valores:
A) 0 e 100
B) 32 e 212
C) 459 e 559
D) 492 e 672
E) n.r.a.

10. Dois termômetros, um Fahrenheit correto e um Celsius inexato, são colocados dentro de um líquido. Acusaram 95
ºF e 30 °C, respectivamente. O erro percentual cometido na medida do termômetro Celsius foi de:
A) 5,3%
B) 8,6%
C) 9,5%
D) 14,3%
E) 5%

11. É dado um termômetro de gás a volume constante; o gás é considerado perfeito. Nos pontos do gelo, triplo e do vapor
observaram-se pressões que obedecem às relações.

Pg 27315 Pv 37315
= e =
Pt 27316 Pt 27316

P
Deseja-se estabelecer uma escala de temperaturas com equação termométrica: T = a , sendo a uma constante e Tv –
Pt
Tg = 100.
Determine a e identifique a escala.

9
12. É dado um termômetro x tal que 60 ºX correspondem a 100 °C; 20 ºX correspondem a 20 ºC; 0 ºX corresponde a 0
ºC.
As leituras Celsius variam conforme trinômio de segundo grau nas leituras X. Deduzir a equação que dá leituras
Celsius em função de leituras X.

13. Dois termômetros estão imersos num líquido contido em vaso aberto. A escala de um dos termômetros é Celsius
enquanto que a do outro é Fahrenheit. Sabendo-se que a leitura do termômetro Celsius fornece o mesmo número que
a do termômetro Fahrenheit, pode-se afirmar que:
A) o líquido contido no vaso é água.
B) o líquido contido no vaso não é água.
C) o líquido contido no vaso é álcool.
D) o líquido contido no vaso não é álcool.
E) nenhuma das afirmativas acima é satisfatória.

14. Por que o bulbo de um termômetro deve ter o formato cilíndrico em vez do formato esférico?

15. Por que você não pode ter certeza se está com febre alta tocando sua própria testa?

16. Quando em equilíbrio térmico no ponto triplo da água, a pressão do He em um termômetro de gás de volume constante
é 1020 Pa. A pressão do He é 288 Pa quando o termômetro está em equilíbrio térmico com o nitrogênio líquido em
seu ponto normal de ebulição. Qual é o ponto normal de ebulição do nitrogênio obtido com este termômetro?

17. Bolômetro é um instrumento sensível no qual se medem temperaturas mediante às correspondentes resistências
elétricas de um fio, geralmente de platina. Em um bolômetro, a resistência é Rg = 100 Ω no ponto do gelo; é Rv = 102
Ω no ponto de vapor; e R varia com a temperatura Ɵ. Adotar como grandeza termométrica a quantidade ΔR = R
– Rg e admitir correspondência linear. Estabelecer as equações termométricas do bolômetro para as escalas Celsius e
Fahrenheit, respectivamente.

18. Num termômetro termoelétrico são obtidos os seguintes valores: –0,104 mV para o ponto do gelo e +0,496 mV para
o ponto de vapor. Para uma dada temperatura t, observa-se o valor de 0,340 mV. Sabendo que a temperatura varia
linearmente no intervalo considerado, podemos dizer que o valor da temperatura t é:
A) 62 ºC
B) 66 ºC
C) 70 ºC
D) 74 ºC
E) n.d.a.

19. Na figura, é representado um sistema constituído de dois recipientes esféricos de volumes iguais, que têm capacidade
térmica e coeficiente de dilatação desprezíveis. Os recipientes contêm as mesmas quantidades de um gás perfeito. O
tubo ligando os dois recipientes contém mercúrio e tem o seu volume desprezível em relação aos recipientes esféricos.
O sistema da esquerda está imerso em um recipiente contendo água a 283 k, enquanto o da direita está imerso em um
recipiente contendo água em ebulição, o desnível do mercúrio é h 0 = 100 mm; caso seja colocado em um recipiente
com água a uma temperatura T, o desnível passa a ser h = 40 mm. Calcule a temperatura T.

10
A) 319 k
B) 300 k
C) 293 k
D) 250 k
E) 273 k

20. Um termopar é formado de dois metais diferentes, ligados em dois pontos de tal modo que uma pequena voltagem é
produzida quando as duas junções estão em diferentes temperaturas. Num termopar específico ferro-constatam com
uma junção mantida a 0 ºC, a voltagem externa varia linearmente de 0 a 28 mV, à medida que a temperatura de outra
junção é elevada de 0 até 510 °C. Encontre a temperatura da junção variável quando o termopar gerar 10,2 mV.
A) 76 ºC
B) 86,2 °C
C) 106,1 ºC
D) 186 ºC
E) 226 ºC

21. Três termômetros de mercúrio, um graduado na escala Celsius, outro na escala Fahrenheit e um terceiro na escala
Kelvin são mergulhados no mesmo líquido contido em um recipiente de equivalente água nulo. Após um certo tempo,
já atingido o equilíbrio térmico, nota-se que a soma dos vetores numéricos indicados nas escalas Celsius e Fahrenheit
é igual ao dobro da soma da temperatura de ponto de gelo com a temperatura de ponto vapor na escala Celsius para
pressão normal. Determine a leitura do termômetro graduado na escala Kelvin.
A) 222K
B) 333K
C) 444K
D) 555K
E) 666K

22. Um paciente, após ser medicado às 10 h, apresentou o seguinte quadro de temperatura:

Determine, em °F, a temperatura do paciente às 11 h 30 min.

23. Tentando fazer uma escala politicamente correta, um físico propõe a escala P (Pourlacochambré), cuja temperatura
indicada em qualquer estado térmico é a média aritmética entre os valores lidos na escala Celsius e a Fahrenheit.
Sobre a escala P proposta, é correto afirmar:

11
A) Não é de fato uma escala, pois não foram definidos os pontos fixos.
B) Para uma variação de 20 ºC teremos uma variação de 28 ºP.
C) Sempre apresentará valores maiores do que os lidos na escala Celsius.
D) O ponto do gelo da escala P é −10 ºP.
E) O ponto de vapor na escala P é 166 ºP.

24. A escala Fahrenheit é normalmente utilizada nos Estados Unidos, mas ela não é comum para nós no Brasil. De
maneira prática, podemos aproximar as contas na conversão de graus Fahrenheit para graus Celsius com equações
um pouco diferentes da equação tradicional e linear de conversão.
Determine a aproximação que garanta um erro menor do que 2 ºC na faixa de temperatura de 26 ºF a 44 ºF.

A) Tc = Tf − 15
B) Tc = Tf − 10
Tf
C) Tc = − 15
3
Tf
D) Tc = − 10
3
E) Tc = Tf – 20

25. Em um termômetro de pressão a gás, a volume constante, são ensaiados vários gases em equilíbrio térmico com
pontos de calibração bem definidos: gelo de água fundente e vapor de água e água evaporante em equilíbrio
termodinâmico.
As experiências foram sendo repetidas com os gases cada vez mais rarefeitos, como mostra o gráfico a seguir.

PV é a pressão de equilíbrio com o vapor, PG é a pressão de equilíbrio com o gelo, m é a massa de gás utilizada dentro
do termômetro e O2, N2, H e H2 foram os gases ensaiados.

Com base no que foi colocado, faça o que se pede.

PV
A) Calcule: lim para qualquer um dos gases.
Pg → 0 Pg
B) Explique a razão de os gases tornarem-se semelhantes, à medida que PG → 0.
C) Com base no gráfico, construa uma escala termodinâmica que possua 80 divisões e calcule a temperatura de fusão
e vaporização da água nessa escala.
D) A escala construída em C é absoluta? Justifique.
E) Qual é a equação que relaciona a escala no item C com a escala Celsius?

26. Por volta de 1700, Newton estava estudando fenômenos térmicos. Tinha construído um termômetro: bulbo e haste
de vidro, contendo óleo de linhaça (o tubo estava aberto) e tinha escolhido como pontos fixos o gelo fundente, cuja
temperatura tinha fixado em 0°, e a temperatura "externa" do corpo humano, a qual tinha arbitrado em 12°. Estava
interessado em medir temperatura acima de 200 ºC, o que não era possível com o seu termômetro, pois o óleo de
linhaça sofre sensíveis transformações químicas (oxidação em particular) acima daquela temperatura. Newton queria,
por exemplo, medir a temperatura de fusão do chumbo e de uma barra de ferro levada o rubro num fogareiro a carvão.
Newton conseguiu medir a temperatura de solidificação de uma liga de estanho, no caso 48°. Sabendo-se que a

12
temperatura "externa" do corpo humano é aproximadamente 36 ºC, calcule a temperatura de solidificação de uma
liga de estanho na escala Celsius.
A) 122 ºC
B) 140 ºC
C) 80 ºC
D) 144 ºC
E) 59 ºC

27. Uma escala termométrica logarítmica relaciona a altura h de uma coluna de mercúrio Fahrenheit pela relação T = a
+ Iog (bh).
Na calibração do termômetro para h1 = 2,5 cm, obteve-se T1 = 4 ºF e para h2 = 25 cm obteve-se T2 = 5 °F.
A) Determine as constantes a e b.
B) Qual será a temperatura de um corpo que, quando em equilíbrio térmico com o termômetro, fornece h = 2,5 m?

28. A ampliação ou ganho de um amplificador depende da temperatura de seus componentes. O ganho de um certo
amplificador à temperatura de 20,0 ºC é 30 e a 50,0 ºC é 35.
Se o ganho varia linearmente com a temperatura neste intervalo limitado, a 28,0 °C, seu valor será:
A) 30,3
B) 31,3
C) 32,3
D) 33,3

29. (ITA) A escala absoluta de temperatura é:


A) construída atribuindo-se o valor de 273,16 K à temperatura de ebulição da água.
B) construída escolhendo-se o valor de -273,15 ºC para o zero absoluto.
C) construída tendo como ponto fixo o "ponto triplo" da água.
D) construída tendo como ponto fixo o zero absoluto.
E) de importância apenas histórica, pois só mede a temperatura de gases.

30. Sendo a temperatura do gás no ponto de vaporização de 373,15 K, qual o valor limite da razão das pressões de um
gás no ponto triplo da água quando o gás é mantido em volume constante?
A) 1,37
B) 2,41
C) 3,02
D) 4,11
E) 5,01

31. Um termômetro mal graduado assinala, nos pontos fixos usuais, respectivamente, −1 ºC e 101 °C. A temperatura na
qual o termômetro não precisa de correção é:
A) 49
B) 50
C) 51
D) 52
E) NDA

32. Conforme notícia no The New York Times, na celebração do 44° aniversário, o cantor Tom Rush comentou "... ou,
como prefiro chamar, 5 Celsius".
Tom fez a transformação correta?
Se, não, qual a sua "idade em Celsius"?

33. Mergulham-se dois termômetros na água: um graduado na escala Celsius e outro na Fahrenheit. Depois do equilíbrio
térmico, nota-se que a diferença entre as leituras nos dois termômetros é 172. Então, a temperatura da água em graus
Celsius e Fahrenheit, respectivamente, é:
13
A) 32 e 204
B) 32 e 236
C) 175 e 347
D) 175 e 257

34. Em um termômetro de pressão a gás a volume constante, foram feitas tomadas de dados em dois pontos referenciais:
o gás em contato com o gelo fundente e o gás em contato com vapor condensante. A massa do gás foi sendo diminuída
cada vez mais para que o gás tivesse comportamento mais ideal. Nesse cenário, percebeu-se que a pressão do gás
quando em equilíbrio com o vapor era 36,6% maior que a pressão do gás quando em contato com o gelo. Uma escala
termométrica com 180 graus foi então construída. Podemos afirmar que a temperatura de fusão do gelo e a
temperatura média do ser humano (36 °C) valem, nessa escala, respectivamente:
A) 273,15 e 309,6 graus.
B) 671,8 e 491,8 graus.
C) 491,8 graus e 556,6 graus.
D) 481,7 e 671,8 graus.
E) zero e 309,6 graus.

35. Um termômetro graduado na escala Celsius varia linearmente com a altura H da coluna de mercúrio, isto é, T = f(H).
H
Suponha que uma temperatura T' não seja função linear de H, mas do tipo T' = a + bℓn( ) - (ℓn - logaritmo natural e
k
a, b e k constantes). Sabe-se que T' = 0° e T' = 100° nos pontos de fusão do gelo e ebulição da água, à pressão normal,
respectivamente.
Encontre a função linear T = f(H).

1.4 EXPANSÃO TÉRMICA

A maioria dos materiais sofre expansão ou dilatação térmica quando suas temperaturas aumentam.
Temperaturas em elevação fazem o líquido se expandir em um termômetro formado por um líquido dentro de um tubo
(Figura 17.1) e curvam lâminas bimetálica (Figura 17.3b). Uma garrafa cheia de água e tampada muito firmemente pode
quebrar quando aquecida; no entanto, você pode afrouxar a tampa metálica de um recipiente jogando água quente sobre
ela. Todas essas situações exemplificam a dilatação térmica.

Dilatação linear

FIGURA 1.6 Como o comprimento de uma barra se comporta com uma variação na temperatura.

Suponha que uma barra possua comprimento L 0 em uma dada temperatura T0. Quando a temperatura varia
por ΔT, o comprimento varia por ΔL. A experiência mostra que, quando ΔT não é muito grande (digamos, menor que
cerca de 100 °C), ΔL é diretamente proporcional a ΔT (Figura 1.6a). Quando duas barras feitas com o mesmo material
sofrem a mesma variação de temperatura, mas uma possui o dobro do comprimento da outra, então a variação do

14
comprimento também é duas vezes maior. Portanto, ΔL também deve ser proporcional a L 0 (Figura 1.6b). Podemos
expressar essas relações em uma equação:

𝛥𝐿 = 𝐿0 . 𝛼. 𝛥𝑇

A constante a, que descreve as propriedades de expansão térmica de um dado material, denomina-se


coeficiente de dilatação linear. As unidades de α são K-1 ou (°C)−1. (Lembre-se de que o intervalo de um grau é o mesmo
na escala Kelvin e na escala Celsius.) Se o comprimento de um corpo a uma temperatura T0 é L0, então seu comprimento
L a uma temperatura 𝑇 = 𝑇0 + 𝛥𝑇 é

𝐿 = 𝐿0 + 𝛥𝐿

Em muitos materiais, as dimensões lineares sofrem variações de acordo com as Equações apresentadas. Logo,
L pode ser a espessura de uma barra, o comprimento do lado de uma lâmina quadrada, ou o diâmetro de um buraco.
Alguns materiais, como madeira, ou cristal, dilatam-se de modo diferente em diferentes direções. Não vamos levar em
conta esse efeito.
Podemos entender a dilatação térmica qualitativamente, em termos das moléculas do material. Imagine as
forças interatômicas de um sólido sendo molas, como na Figura 1.7a. Cada átomo vibra em torno de uma posição de
equilíbrio. Quando a temperatura aumenta, a energia e a amplitude das vibrações também aumentam. As forças das molas
interatômicas não são simétricas em relação à posição de equilíbrio; em geral, elas se comportam como molas que se
dilatam com mais facilidade do que se comprimem. Consequentemente, quando a amplitude das vibrações aumenta, a
distância média entre os átomos também aumenta (Figura 1.7b). À medida que os átomos se afastam, todas as dimensões
aumentam.

FIGURA 1.7 Modelo teórico da dilatação de uma molécula.

ATENÇÃO Aquecendo um objeto com um buraco: Quando um objeto sólido contém um buraco em seu interior, o
que ocorre com o tamanho do buraco quando a temperatura do objeto aumenta? Um erro muito comum é pensar que,
quando o objeto se expande, o buraco se contrai, porque o objeto se expande para dentro do buraco. Na verdade, quando
o objeto se dilata, o mesmo ocorre com o buraco (Figura 1.8); todas as dimensões lineares do objeto se dilatam do mesmo
modo quando a temperatura varia. Pense nos átomos da Figura 1.7a como se fossem o contorno de um buraco cúbico.
Quando o objeto se expande, os átomos se separam e o buraco aumenta de tamanho. A única situação em que um “buraco”
será preenchido em decorrência da dilatação térmica é quando dois objetos distintos se dilatam e fecham a brecha existente
entre eles (Figura 17.11).

15
FIGURA 1.8 Quando um objeto passa por dilatação térmica, quaisquer buracos existentes no objeto também se dilatam.

FIGURA 1.9 Este trilho de linha férrea possui uma lacuna entre os segmentos, para permitir a dilatação térmica.

A proporcionalidade direta expressa na Equação 𝛥𝐿 = 𝐿0 . 𝛼. 𝛥𝑇 não é exata; ela é aproximadamente correta


apenas quando ocorrem variações de temperatura muito pequenas. Em um dado material, a varia ligeiramente com a
temperatura inicial T0 e com a amplitude do intervalo de temperatura. Porém, vamos desprezar esse efeito aqui. Valores
médios de a para diversos materiais são listados na Tabela 1.1. Dentro da margem de precisão desses valores, não
precisamos nos preocupar se T0 é 0 °C ou 20 °C, ou alguma outra temperatura. Note que os valores típicos de a são muito
pequenos; mesmo considerando uma variação de temperatura de 100 °C, a variação relativa do comprimento ΔL/L 0 é da
ordem de apenas 1/1.000 para os metais listados na tabela.

TABELA 1.1 Coeficientes de dilatação linear.


MATERIAL α(K-1 ou C-1)
Alumínio 2,4 x 10-5
Latão 2,0 x 10-5
Cobre 1,7 x 10-5
Vidro 0,4 – 0,9 x 10-5
Invar (liga de ferro-níquel) 0,09 x 10-5
Quartzo 0,04 x 10-5
Aço 1,2 x 10-5

Dilatação volumétrica

O aumento da temperatura geralmente produz aumento de volume, tanto em líquidos quanto em sólidos.
Analogamente ao caso da dilatação linear, a experiência mostra que, quando a variação de temperatura ΔT for menor do
que cerca de 100 °C, o aumento de volume ΔV é aproximadamente proporcional à variação de temperatura ΔT e ao
volume inicial V0:

16
𝛥𝑉 = 𝑉0 . 𝛾. 𝛥𝑇

A constante b caracteriza as propriedades da dilatação volumétrica de um dado material; ela é chamada


coeficiente de dilatação volumétrica. As unidades de b são K-1 ou (°C)-1. Analogamente ao caso da dilatação linear, β
varia ligeiramente com a temperatura, e a Equação 𝛥𝑉 = 𝑉0 . 𝛽. 𝛥𝑇 é uma relação aproximada que só vale para pequenas
variações de temperatura. Em muitas substâncias, diminui em temperaturas baixas. Diversos valores de β nas vizinhanças
da temperatura ambiente são listados na Tabela 1.2. Note que os valores para líquidos são geralmente maiores que os
valores para sólidos.

TABELA 1.2 Coeficientes de dilatação linear.


Sólidos γ(K-1 ou C-1) Líquidos γ(K-1 ou C-1)
Alumínio 7,2 x 10-5 Etanol 75 x 10-5
Latão 6,0 x 10-5 Glicerina 49 x 10-5
Cobre 5,1 x 10-5 Mercúrio 18 x 10-5
Vidro 1,2 – 2,7 x 10-5
Invar (liga de ferro-níquel) 0,27 x 10-5
Quartzo 0,12 x 10-5
Aço 3,6 x 10-5

Dilatação térmica da água

A água, no intervalo de temperaturas entre 0 °C e 4 °C, diminui de volume quando a temperatura aumenta.
Nesse intervalo, o coeficiente de dilatação volumétrica da água é negativo. Acima de 4 °C, a água se expande quando
aquecida (Figura 1.10). Portanto, a densidade da água apresenta seu valor mais elevado a 4 °C. A água também se expande
quando congela, sendo essa a razão pela qual ela se curva para cima no meio dos compartimentos cúbicos de formas para
fazer gelo. Em contraste, quase todos os materiais se contraem quando congelam.

FIGURA 1.10 O volume de um grama de agua no intervalo de 0°C ate 100°C.

Esse comportamento anômalo da água tem um efeito importante na vida de animais e plantas em lagos. Um
lago se congela da superfície para baixo; acima de 4 °C, a água fria flui para a parte inferior por causa de sua maior
densidade. Porém, quando a temperatura da superfície se torna menor que 4 °C, a água próxima da superfície é menos
densa que a água abaixo dela. Logo, o movimento para baixo termina, e a água nas proximidades da superfície permanece
mais fria que a água embaixo dela. À medida que a superfície se congela, o gelo flutua porque possui densidade menor
que a da água. A água no fundo permanece com uma temperatura de cerca de 4 °C, até que ocorra o congelamento total
do lago. Caso a água se contraísse ao esfriar, como a maior parte das substâncias, lagos começariam a se congelar do
fundo para a superfície.
A circulação por diferença de densidade faria com que a água quente fosse transportada para a superfície, e
os lagos ficariam totalmente congelados mais facilmente. Isso provocaria a destruição de todas as plantas e animais que
não suportam o congelamento. Caso a água não tivesse essa propriedade especial, a evolução da vida provavelmente teria
seguido um curso muito diferente.

Tensão térmica

Caso você prenda rigidamente as extremidades de uma barra para impedir sua dilatação ou compressão, e a
seguir produza uma variação de temperatura, surgem tensões de dilatação ou de compressão chamadas de tensões
17
térmicas. A barra tenderia a se dilatar ou a se comprimir, mas os dispositivos que seguram suas extremidades impedem
que isso ocorra. As tensões resultantes podem se tornar suficientemente elevadas a ponto de deformar a barra de modo
irreversível, ou até mesmo quebrá-la.
Os engenheiros precisam levar em conta as tensões térmicas quando projetam estruturas (veja a Figura 1.9).
Blocos de concreto em estradas e estruturas das pontes geralmente contêm um espaço vazio entre as seções, preenchido
com um material flexível, ou são ligadas por meio de juntas em forma de dentes (Figura 1.9), para permitir a dilatação e
a contração do concreto. Os tubos longos que transportam vapor apresentam juntas de dilatação ou seções em forma de
U para impedir contrações ou alongamentos com as variações de temperatura. Se uma das extremidades de uma ponte de
aço está rigidamente presa a seu suporte, a outra extremidade fica apoiada sobre rolamentos.

FIGURA 1.11 Juntas de expansão em pontes são projetadas para acomodar as variações de comprimento oriundas da
dilatação térmica.

Para calcular a tensão térmica em uma barra presa, calculamos a dilatação (ou contração) que ocorreria caso
ela não estivesse presa, e a seguir achamos a tensão necessária para comprimi-la (ou esticá-la) até que ela atinja seu
comprimento original. Suponha que uma barra de comprimento L 0 e seção reta com área A seja mantida com o
comprimento constante enquanto sua temperatura se reduz (ΔT negativa), produzindo uma tensão na barra. Pela Equação
17.6, a variação relativa do comprimento caso a barra estivesse livre e pudesse se contrair seria dada por
𝛥𝐿
( ) = 𝛼. 𝛥𝑇
𝐿0

As variações ΔT e ΔL são negativas. A tensão deve aumentar de um valor F precisamente suficiente para
produzir uma variação relativa de comprimento igual e contrária (ΔL/L0)tensão. De acordo com a definição do módulo de
Young, temos:

𝐹/𝐴
𝑌=
𝛥𝐿/𝐿0
Logo:

𝛥𝐿 𝐹
( )=
𝐿0 𝐴𝑌

Se o comprimento tiver de permanecer constante, a variação relativa total do comprimento deverá ser igual a
zero, isso significa que

𝛥𝐿 𝛥𝐿 𝐹
( ) +( ) = 𝛼. 𝛥𝑇 + =0
𝐿0 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 𝐿0 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝐴𝑌

Explicitando a tensão necessária F/A para manter o comprimento da barra constante,


achamos
𝐹 = −𝑌. 𝐴. 𝛼. 𝛥𝑇

18
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Um cilindro de cobre está inicialmente a 20,0 °C. Em que temperatura seu volume torna-se 0,150% maior do que a
20,0 °C?

2. Um domo geodésico construído com estrutura de alumínio é um hemisfério quase perfeito; seu diâmetro mede 55,0 m
em um dia de inverno a uma temperatura de -15 °C. Qual é o aumento do espaço interior do domo no verão, quando a
temperatura é 35 °C?

3. Um frasco de vidro com volume igual a 1.000,00 cm 3 a 0,0 °C está completamente cheio de mercúrio a essa mesma
temperatura. Quando esse sistema é aquecido até 55,0 °C, um volume de 8,95 cm3 de mercúrio transborda. Sabendo que
o coeficiente de dilatação volumétrica do mercúrio é igual a 18,0 × 10 -5 K-1, calcule o coeficiente de dilatação volumétrica
do vidro.

4. Um tanque de aço é completamente cheio com 1,90 m 3 de etanol quando tanto o tanque quanto o etanol estão à
temperatura de 32,0 °C. Quando o tanque e seu conteúdo tiverem esfriado até 18,0 °C, que volume adicional de etanol
pode ser colocado?

5. Um torneiro mecânico faz um furo de diâmetro igual a 1,35 cm em uma placa de aço a uma temperatura de 25,0 °C.
Qual é a área da seção reta do orifício (a) a 25,0 °C; (b) quando a temperatura da placa aumenta para 175 °C? Suponha
que o coeficiente de dilatação linear permaneça constante nesse intervalo de temperatura.

6. Você é o novo engenheiro mecânico da Motores Inc. e foi incumbido de projetar pistões de latão para deslizarem dentro
de cilindros de aço. Os motores em que esses pistões serão usados funcionarão entre 20,0 °C e 150,0 °C. Suponha que os
coeficientes de dilatação se mantenham constantes nesse intervalo de temperatura. (a) Se o pistão se encaixa perfeitamente
no cilindro a 20,0 °C, os motores funcionarão em temperaturas mais altas? Explique. (b) Se os pistões cilíndricos têm
25,000 cm de diâmetro a 20,0 °C, qual deveria ser o diâmetro mínimo dos cilindros nessa temperatura para que os pistões
funcionassem a 150,0 °C?

7. Os trilhos de aço de uma estrada de ferro estão dispostos em segmentos de 12,0 m de comprimento ligados pelas
extremidades. Os trilhos são instalados em um dia de inverno, com temperatura igual a -9,0 °C. (a) Qual o espaço que
deve ser mantido entre dois segmentos de trilho adjacentes de modo que eles se toquem em um dia de verão com uma
temperatura de 33,0 °C? (b) Caso os trilhos estivessem em contato inicialmente, qual seria a tensão sobre eles em um dia
de verão a uma temperatura de 33,0 °C?

8. Uma barra de latão possui comprimento igual a 185 cm e diâmetro igual a 1,60 cm. Qual é a força que deve ser aplicada
a cada extremidade da barra para impedir que ela se contraia quando for esfriada de 120,0 °C para 10,0 °C?

9. PC um pêndulo de foucault consiste em uma esfera de latão com um diâmetro de 35,0 cm suspensa por um cabo de aço
de 10,5 m de comprimento (ambas as medições efetuadas a 20,0 °C). Em decorrência de um descuido no projeto, a esfera
oscilante passa rente ao chão, a apenas 2,0 mm de distância, quando a temperatura é 20,0 °C. Em que temperatura a esfera
começa a tocar o chão?

10. suponha que fosse possível a construção de um aro de aço que se encaixasse com precisão no equador da terra a uma
temperatura de 20,0 °C. Qual seria o espaço entre o aro e a superfície terrestre caso a temperatura do aro aumentasse
0,500 °C?

11. uma barra metálica com 30,0 cm de comprimento se expande de 0,0650 cm quando sua temperatura aumenta de 0,0
°C até 100,0 °C. uma barra de outro metal com o mesmo comprimento dilata-se 0,0350 cm com a mesma variação de
temperatura. uma terceira barra, também com 30,0 cm de comprimento, feita pela junção de dois pedaços dos materiais
mencionados, conectados pelas suas extremidades, dilata-se de 0,0580 cm entre 0,0 °C e 100,0 °C. calcule o comprimento
de cada pedaço da barra composta.

12. Em uma fria manhã de sábado (4,0 °C), uma piloto enche de combustível o seu Pitts s-2c (um avião acrobático com
dois assentos) até completar sua capacidade máxima de 106,0 L. antes de voar no domingo pela manhã, quando a
temperatura é novamente igual a 4,0 °C, ela verifica o nível do combustível e nota que existem somente 103,4 L de
gasolina nos tanques de alumínio. Ela conclui que a temperatura no sábado à tarde se elevou e que a expansão térmica da
gasolina fez com que o combustível que faltava transbordasse por uma saída dos tanques. (a)Qual foi a temperatura
máxima (em °C) atingida pelo combustível na tarde de sábado? O coeficiente de dilatação volumétrica da gasolina é igual
a 9,5 × 10-4 K-1. (b) Para que ela pudesse dispor de maior quantidade de combustível para o voo, quando deveria ter
enchido o tanque?

19
13. Um anel de aço, cujo diâmetro interno a 20,0 °C é 6,3500 cm, deve ser aquecido para se encaixar em um eixo de latão
com diâmetro externo igual a 6,3551 cm a 20,0 °C. (a) Até que temperatura o anel deve ser aquecido? (b) Se o anel e o
eixo forem resfriados simultaneamente por algum meio, como o ar líquido, em que temperatura o anel começa a deslizar
para fora do eixo?

14. você está fazendo um molho pesto para seu macarrão e usa uma xícara cilíndrica de medição com 10,0 cm de altura,
feita de vidro comum [𝛽 = 2,7 × 10−5 (°𝐶)−1 ], cheia de azeite de oliva [𝛽 = 6,8 × 10−4 (°𝐶)−1 ] até uma altura
3,00 mm abaixo do topo da xícara. inicialmente, a xícara e o azeite estão à temperatura ambiente (22,0 °C). você recebe
um telefonema e se esquece do azeite, deixando-o sobre o fogão quente. a xícara e o azeite se aquecem devagar e atingem
uma temperatura comum. Em que temperatura o azeite começará a transbordar da xícara?

15. Uma esfera oca de alumínio tem um raio interno de 10 cm e raio externo de 12 cm a 15°C. O coeficiente de dilatação
linear do alumínio é 2,3 x 10-5/°C. De quantos cm³ varia o volume da cavidade interna quando a temperatura sobe para
40°C? O volume da cavidade aumenta ou diminui?

16. Uma barra retilínea é formada por uma parte de latão soldada em outra de aço. A 20°C, o comprimento total da barra
é de 30 cm, dos quais 20 cm de latão e 10 cm de aço. Os coeficientes de dilatação linear são 1,9 x 10 -5/°C para o latão e
1,1 x 10-5/°C para o aço. qual o coeficiente de dilatação linear da barra?

17. Uma tira bi metálica, usada para controlar termostatos, é constituída de uma lâmina estreita de latão, de 2 mm de
espessura, presa lado a lado com uma lâmina de aço, de mesma espessura d = 2 mm, por uma série de rebites. A 15°C, as
duas lâminas têm o mesmo comprimento, igual a 15 cm, e a tira está reta. A extremidade A da tira é fixa; a extremidade
B pode mover-se, controlando o termostato. A uma temperatura de 40°C, a tira se encurvou, adquirindo um raio de
curvatura R, e a extremidade B se deslocou de uma distância vertical y. Calcule R e y, sabendo que o coeficiente de
dilatação linear do latão é 1,9 x 10-5/°C e o do aço é
1,1 x 10-5/°C.
d

A
Aço
y

d
B
Latão

18. Num relógio de pêndulo, o pêndulo é uma barra metálica, projetada para que seu período de oscilação seja igual a 1
s. Verifica-se que, no inverno, quando a temperatura média é de 10°C, o relógio adianta, em média 55 x por semana; no
verão, quando a temperatura média é de 30°C, o relógio atrasa, em média 1 minuto por semana.

a) Calcule o coeficiente de dilatação linear do metal do pêndulo.


b) A que temperatura o relógio funcionaria com precisão?

19. A figura ilustra um esquema possível de construção de um pêndulo cujo comprimento l não seja afetado pela dilatação
térmica. As três barras verticais claras na figura, de mesmo comprimento l 1, são de aço, cujo coeficiente de dilatação
linear é 1,1 x 10-5/°C. As duas barras verticais escuras na figura, de mesmo comprimento l 2, são de alumínio, cujo
coeficiente de dilatação linear é 2,3 x 10-5/°C. Determine l1 e l2 de forma a manter l = 0,5 m.

20
l1
l2
l l1

20. a) Um líquido tem coeficiente de dilatação volumétrica 𝛾. Calcule a razão


r/r0 entre a densidade do líquido à temperatura T e sua densidade r 0 à
temperatura T0.
b) No método de Dulong e Petit para determinar 𝛾, o líquido é colocado num
tubo em U, com um dos ramos imerso em gelo fundente (temperatura T 0) e o
outro em óleo aquecido à temperatura T. O nível atingido pelo líquido nos dois
ramos é, respectivamente, medido pelas alturas h0 e h. Mostre que a experiência
permite determinar 𝛾 e que o resultado independe de o tubo em U ter secção
uniforme.
c) Numa experiência com acetona utilizando este método, T0 é 0°C, T é 20°C,
h0 = 1 m e h = 1,03 m. Calcule o coeficiente de dilatação volumétrica da acetona.

21. Um tubo cilíndrico delgado de secção uniforme, feito de um material de coeficiente de dilatação linear a, contém um
líquido de coeficiente de dilatação volumétrica b. À temperatura T 0, a altura da coluna líquida é h0.
a) Qual é a variação Δh de altura da coluna quando a temperatura sobe de 1°C?
b) Se o tubo é de vidro (𝛼 = 9 𝑥 10−6 /°𝐶) e o líquido é mercúrio (𝛾 = 1,8 𝑥 10−4 /°𝐶), mostre
que este sistema não constitui um bom termômetro, do ponto de vista prático, calculando Δh para h 0 = 10 cm.

22. Para construir um termômetro de leitura fácil, do ponto de vista prático acopla-se um tubo capilar de vidro a um
reservatório numa extremidade do tubo. Suponha que, à temperatura T 0, o mercúrio está todo contido no reservatório de
volume V0 e o diâmetro capilar é d0.
V0
d0
T

h
T0
a) Calcule a altura h do mercúrio no capilar a uma temperatura T > T 0.
b) Para um volume do reservatório V0 = 0,2 cm³, calcule qual deve ser o diâmetro do capilar em mm para que a coluna
de mercúrio suba de 1 cm quando a temperatura aumente de 1°C. Tome 𝛼 = 9 𝑥 10−6 /°𝐶 para o vidro e 𝛾 =
1,8 𝑥 10−4 /°𝐶 para o mercúrio.

23. Um reservatório cilíndrico de aço contém mercúrio, sobre o qual flutua um bloco cilíndrico de latão. À temperatura
de 20°C, o nível do mercúrio no reservatório está a uma altura h 0 = 0,5 m em relação ao fundo e a altura a0 do cilindro de
latão é de 0,3 m. A essa temperatura, a densidade do latão é de 8,60 g/cm³ e a densidade do mercúrio é de 13,55 g/cm³.

21
a0
h0 H0

a) Ache a que altura H0 está o topo do bloco de latão em relação ao fundo do reservatório a 20°C.
b) O coeficiente de dilatação linear do aço é 1,1 x 10-5/°C; o do latão é 1,9 x 10-5/°C, e o coeficiente de dilatação
volumétrica do mercúrio é 1,8 x 10 -4/°C. Calcule a variação dH da altura H0 (em mm) quando a temperatura sobe para
80°C.

EXERCÍCIOS

01. Uma trena de aço, cujo coeficiente de dilatação linear 11,0 ∙ 106 ºC-1, tem extensão de 4,0 m e foi confeccionada para
ser usada em temperaturas ambientes, em torno de 25 ºC. Em que temperatura ela dá um erro absoluto de 2,20 mm
para medida de uma barra de 2,00 m de comprimento?
A) 0,1 ºC
B) 1,25 ºC
C) 10,0 ºC
D) 100 ºC
E) 125 ºC

02. Num tubo de 15 cm de altura há água destilada até a altura de 10 cm, a 4 °C. Supõe-se que a variação do volume da
água é dada por:

V0 1
V= [ (t − 4)2 + t − 1]
3 2

sendo que V0 é o volume a 4 ºC e V o volume a t ºC. Deseja-se saber a que temperatura a água enche completamente
o tubo. Despreza-se a dilatação do tubo.
A) 1,5 ºC
B) 2 °C
C) 3 ºC
D) 4 ºC
E) 1 ºC e 5 ºC

03. Na figura, observa-se duas barras de coeficientes de dilatação linear α1 e α2 unidas. Qual o coeficiente de dilatação α
equivalente a essa associação?

A) α = α1 + 𝛼2
α2 L1 + 𝛼𝐿2
B) α =
L1 +L2
α2 L2 + 𝛼1 𝐿1
C) α =
L1 +L2
1 1 12
D) + +
𝛼 𝛼2 𝛼1

22
04. Um anel de cobre de 20 g tem um diâmetro de exatamente 1 polegada à temperatura de 0 ºC, como mostra a figura.
Uma esfera de alumínio tem diâmetro de 1,002 polegadas a 100 ºC. A esfera passa pelo anel, exatamente quando o
equilíbrio térmico é atingido.

Calcule a massa da esfera, sabendo-se que o coeficiente de dilatação linear do cobre é 17 × 10-6 ºC-1, o calor específico
do cobre é 0,0923 cal/g °C, o coeficiente de dilatação linear do alumínio é 23 × 10 -6 ºC-1 e o calor específico do
alumínio é 0,22 ∙ cal∕gºC.
A) 8,5 g
B) 7,1 g
C) 9,7 g
D) 10 g
E) Igual à massa do anel

05. O anel metálico dado estava frio e então foi aquecido. Qual foi a consequência?

A) A circunferência externa diminuiu.


B) A circunferência interna diminuiu.
C) A espessura diminuiu.
D) A diâmetro interno aumentou.
E) NDA

06. Quando uma barra metálica sofre uma variação de temperatura de 40 °C, seu comprimento aumenta um milésimo do
seu comprimento inicial. Qual é o coeficiente de dilatação linear do metal?

07. As barras (1), (2) e (3) estão soldadas às chapas A e B, conforme a figura. (1) mede 80 cm, (2) mede 20 cm e (3)
mede 50 cm. Deseja-se que em qualquer temperatura o comprimento d representado seja sempre 110 cm, exatamente.
São dados:
α1 = 10 × 10-6 ºC-1; α3 = 20 × 10-6 ºC-1. Calcule o valor de α2.

23
08. Em um recipiente, coloca-se um sólido maciço s que se cobre com certo líquido. Assinala-se o nível do líquido com
um traço na parede do vaso. Observa-se que o nível do líquido se encontra sempre à altura da risca, seja qual for a
temperatura do sistema. São dados os coeficientes de dilatação cúbica do vaso (𝛾v ), do sólido (𝛾s ) e do líquido (𝛾l ), e
também as densidades absolutas do sólido (ds) e do líquido (dl) a O ºC. Determine a relação entre as massas do sólido
(ms) e do líquido (ml).

𝑚𝑠 𝛾𝑣 − 𝛾𝑠 𝑑ℓ
A) =( )
𝑚ℓ 𝛾ℓ − 𝛾𝑠 𝑑𝑠
𝑚𝑠 𝛾 −𝛾 𝑑
B) = ( ℓ 𝑠) ℓ
𝑚ℓ 𝛾𝑣 − 𝛾𝑠 𝑑𝑠
𝑚𝑠 𝛾ℓ + 𝛾𝑠 𝑑ℓ
C) =( )
𝑚ℓ 𝛾𝑣 + 𝛾𝑠 𝑑𝑠
𝑚𝑠 𝛾𝑣 − 𝛾𝑠 𝑑ℓ
D) =( )
𝑚ℓ −𝛾ℓ − 𝛾𝑠 𝑑𝑠
𝑚𝑠 𝛾ℓ − 𝛾𝑣 𝑑ℓ
E) =( )
𝑚ℓ 𝛾𝑣 − 𝛾𝑠 𝑑𝑠

09. Dentro de um tubo em U disposto verticalmente, coloca-se um líquido de coeficiente de dilatação cúbica γ. Um dos
braços do tubo é envolvido por um banho de gelo fundente à temperatura Ɵ0 = 0 ºC e outro braço é envolvido por
um banho de água à temperatura Ɵ = 20 °C, como ilustra a figura. Desse modo, as alturas das colunas líquidas nos
dois ramos verticais do tubo ficam diferentes; no ramo à temperatura Ɵ0, a altura é h O = 80,0 cm; no ramo à
temperatura Ɵ, altura é h = 82,0 cm.
Calcule o valor de γ.

10. Um quadrado foi montado com três hastes de alumínio e uma haste de aço, todas inicialmente à mesma temperatura.
O sistema é, então, submetido a um processo de aquecimento, de forma que a variação de temperatura é a mesma em
todas as hastes. Dados: αAl = 24 ∙ 10-6 ºC-1; αAço = 12 ∙ 10-6 ºC-1.

24
Podemos afirmar que, ao final do processo de aquecimento, a figura formada pelas hastes estará mais próxima de
um:
A) quadrado.
B) retângulo.
C) losango.
D) trapézio retângulo.
E) trapézio isósceles.

11. O cristal anisotrópico da figura é um cubo de aresta 10 cm a 0 °C. Os coeficientes de dilatação linear nas direções x,
y e z, são, respectivamente, αx =1,0 × 10-5 ºC-1; αy = 2,0 × 10-5 ºC-1 e αz = 1,5 × 10-5 ºC-1. Determine a 20 °C:

A) o volume do cristal.
B) a área da face situada no plano xz.
C) o coeficiente de dilatação volume do cristal.

12. Uma barra de comprimento L0, a temperatura T0, tem um comprimento cortado x. Se a barra é aquecida até uma
temperatura 3T0, ela se dilata de tal forma que adquire um comprimento igual àquele que a barra adquiriria sem ser
cortada se fosse aquecida a uma temperatura igual a 2T0. O valor de x vale:
Dado: α = coeficiente de dilatação linear da barra.

𝛼T L
0 0
A) (1+2𝛼T
0)
𝛼T L
0 0
B) (1+5𝛼T ) 0
𝛼T0 L0
C) (3+2𝛼T
0)
3𝛼T0 L0
D) (1+2𝛼T
0)
𝛼T0 L0
E) 1
( +2𝛼T0 )
5

25
13. Um pesquisador analisa o comportamento de duas barras diferentes construindo os seus gráficos de dilatação térmica.
Com base no gráfico abaixo, podemos afirmar que a relação entre os coeficientes de dilatação linear α 1 e α2 é:

A) α1 = α2
B) α1 > α2
C) α1 < α2
D) α1 poderá ser maior que α2 se o comprimento inicial da barra 1 for maior que três vezes o comprimento inicial da
barra 2
E) Nada se pode afirmar.

14. Um cristal anisotrópico tem o coeficiente de dilatação linear α x = 1,3 ∙ 10-6/ºC na direção do eixo x. Na direção dos
eixos y e z, o coeficiente de dilatação linear é o mesmo e igual a αy = αz ∙ 5,3 ∙ 10-7/ºC. Com relação aos dados acima,
podemos afirmar que o coeficiente de dilatação superficial no plano xy, o coeficiente de dilatação cúbica, o
coeficiente de dilatação superficial no plano yz, e o coeficiente de dilatação superficial no plano xy valem,
respectivamente:
A) 2,40 ∙ 10-6/ºC; 10,6 ∙ 10-7/ºC; 10,6 ∙ 10-7/ºC e 18,0 ∙ 10-7/ºC
B) 3,40 ∙ 10-6/ºC; 15,9 ∙ 10-7/ºC; 10,6 ∙ 10-7/ºC e 12,0 ∙ 10-7/ºC
C) 18,3 ∙ 10-6/ºC; 2,40 ∙ 10-5/ºC; 10,6 ∙ 10-7/ºC e 1,83 ∙ 10-7/ºC
D) 2,40 ∙ 10-6/ºC; 10,6 ∙ 10-7/ºC; 10,6 ∙ 10-7/ºC e 15,9 ∙ 10-7/ºC
E) 18,3 ∙ 10-7/ºC; 2,40 ∙ 10-6/ºC; 10,6 ∙ 10-7/ºC e 18,3 ∙ 10-7/ºC

15. Uma armação apresenta um formato retangular de lados a e b, sendo o lado a duas vezes maior do que o Iado b,
conforme a figura a seguir. Os coeficientes de dilatação linear dos lados a e b são iguais a αa e αb, respectivamente.
Ao longo da diagonal da armação retangular, é fixada uma barra de comprimento x feita de certo material, com
coeficiente de dilatação linear αx.

Determine o coeficiente de dilatação linear α x em função dos coeficientes de dilatação αa e αb, de forma que a barra
não fique nem tensionada nem comprimida devido às variações de temperatura.

26
16. Uma trena de aço é aferida para medidas a 15 ºC. Qual será o erro em uma leitura de 20 m feita a 40 °C?
Dado: coeficiente de dilatação linear do aço = 12 ∙ 10-6 ºC-1

17. Um relógio de pêndulo, construído de um material de coeficiente de dilatação linear α, foi calibrado a uma
temperatura de 0 ºC para marcar um segundo exato ao pé de uma torre, de altura h. Elevando-se o relógio até o alto
da torre, observa-se certo atraso, mesmo mantendo-se a temperatura constante. Considerando R o raio da Terra, L o
comprimento do pêndulo a 0 ºC e que o relógio permaneça ao pé da torre, então a temperatura para a qual se obtém
o mesmo atraso é dada pela relação:

2h
A)
αR
h(2R + h)
B)
𝛼R2
(R + h)2 − 𝐿𝑅
C)
αLR
R (2h+R)
D)
𝛼 (R+h)2
2R+h
E)
𝛼R

18. Três barras - AB, BC e AC - são dispostas de modo que formem um triângulo isósceles. O coeficiente de dilatação
linear de AB e BC é α, e o de AC é 2α. A 0 °C, os comprimentos de AB e BC valem 2ℓ e o de AC vale ℓ. Aquecendo-
se o sistema à temperatura t, observa-se que:
A) o triângulo torna-se equilátero.
B) o triângulo deixa de ser isósceles.
C) não há alteração dos ângulos θ e 𝛾.
D) as barras AB e BC dilatam-se o dobro de AC.
E) as três barras sofrem dilatações iguais.

19. Instrumentos de sopro podem mudar de afinação com variações de temperatura, devido a dois fatores: a mudança na
velocidade de propagação do som e a dilatação térmica. Encontre uma expressão aproximada para o coeficiente de
dilatação térmica linear do material do instrumento para que o mesmo produzisse sempre a mesma frequência,
independente de mudanças de temperatura. Sabendo que os valores típicos desse coeficiente são da ordem de 10 -5,
discuta a possibilidade de montagem desse instrumento.
Dado: use aproximação binomial, se necessário.
i. Considere a variação de temperatura muito menor que a temperatura inicial.

20. Com relação ao comportamento térmico da água líquida entre 0 e 4 °C, são feitas as afirmações abaixo:
01. Em um aquário que necessitasse de água no intervalo acima, seria muito melhor para as correntes de convecção
que o refrigerador ficasse no fundo do mesmo;
02. A água aumenta de volume ao se fundir, devido à importância das pontes de hidrogênio como elemento
estabilizador de distâncias maiores entre as moléculas;
03. A água diminui seu volume entre 0 e 4 °C, aumentando após esse valor. Isso se deve, principalmente, à
combinação entre as interações eletromagnéticas e térmicas na estrutura composta pelas moléculas de água;
04. O coeficiente de dilatação volumétrica nunca se anula para a água na faixa estudada, e isso tem a ver com as
pontes de hidrogênio e com o calor trocado.

Podemos afirmar que são corretas as afirmações:


A) Il e IV
B) I e Ill
C) Il e Ill
D) I e IV
E) I, Il e Ill

27
21. Um triângulo equilátero é formado por 3 barras, uma das quais é composta por dois segmentos 1 e 2, cujos
coeficientes de dilatação são α1 e θ2, respectivamente. As demais barras têm coeficiente de dilatação α. Qual deve
I
ser a razão entre os tamanhos dos dois segmentos ( 1) da barra composta para que o triângulo formado pelas 3 barras
I2
seja equilátero em qualquer temperatura?

𝛼2
A)
𝛼1

𝛼1
B)
𝛼2

𝛼2 − α
C)
𝛼 − 𝛼1

α − 𝛼2
D)
𝛼 − 𝛼1

𝛼2 − α
E)
𝛼1 − α

22. Como sabemos, a água apresenta dilatação anômala, pois quando resfriada a partir da temperatura de 4 °C, o seu
volume aumenta. Assim, quando determinada massa de água a 20 ºC (calor específico = 1,0 cal/g °C, densidade =
1,0 g/cm3) é resfriada, transformando-se em gelo a 0 ºC (calor latente de fusão = 80 cal/g, densidade = 0,9 g/cm 3),
tem seu volume aumentado de 20 cm3. A quantidade de calor retirada dessa massa de água é de:
A) 18 000 cal
B) 14 400 cal
C) 10 800 cal
D) 7 200 cal
E) 3 600 cal

23. Na condição de futuro engenheiro, você é convidado a projetar um container para o armazenamento de uma certa
quantidade de gasolina (V0). A cidade onde ficará o container com a gasolina sofre grandes variações de temperatura
ao longo dos anos, indo desde −20 ºC, no inverno rigoroso até +40 ºC no verão mais forte. Por condição de projeto,
ao longo do ano não é permitida a perda de mais do que 0,1 % do líquido, devido ao extravasamento ocorrido através
da válvula de escape (indicada na figura). Ao escolher o material para o seu container, qual o intervalo de possíveis
valores para o coeficiente de dilatação linear (αm)?
Dado: γgasolina = 9,5 ∙10-4 k-1

A) 3,21 x 10-4 K-1 ≤ αm ≤ 2,32 × 10-4 K-1


B) 3,11 × 10-4 K-1 ≤ αm ≤ 2,17 × 10-4 K-1
C) 3,17 x 10-4 K-1 ≤ αm ≤ 3,22× 10-4 K-1
D) 1,17 x 10-4 K-1 ≤ αm ≤ 1,24 x 10-4 K-1
E) 3,11 x 10-4 K-1 ≤ αm ≤ 3,33 × 10-4 K-1

28
24. Numa experiência de dilatação térmica dos sólidos, usou-se uma barra de alumínio de 1,0 metro de comprimento a
uma temperatura inicial de 20 °C, conforme o esquema abaixo.

Aquecendo a barra, ela se expande e faz o pino cilíndrico (de 5,0 mm de raio) rolar em torno do eixo fixo, movendo
o ponteiro.

A extremidade presa ao suporte se mantém fixa. A que temperatura deve ser aquecida a barra para que o ponteiro
gire 45° a partir de sua posição inicial?
Dados: Coeficiente de dilatação linear do alumínio = 2 ∙ 10 -5 ºC-1
π = 3,2
A) 220 ºC
B) 150 ºC
C) 200 ºC
D) 45 ºC
E) 520 ºC

25. Uma barra metálica de 4 m de comprimento, com coeficiente de dilatação linear igual a 10 x 10 -6 ºC-1 é fixada entre
duas paredes indeformáveis. Na temperatura de 20 ºC não há qualquer esforço de tração ou de compressão sobre ela,
que se ajusta perfeitamente entre as paredes. A seguir, somente a barra é aquecida até 120 ºC. Em decorrência, ela se
deforma em um arco de circunferência de raio R, em metros, cuja flecha máxima vale cerca de 8 cm. Na condição
final, é válida a relação:

2 2,002
A) sen ( ) =
R R

29
B) R = 10 m
C) R = 5 m
2,002 2
D) sen ( )=
R R
2 2
E) sen2 ( ) =
R R

26. Considerem os um termômetro de mercúrio em vidro. Suponhamos que a seção transversal capilar seja constante A 0,
e que V0 seja o volume do bulbo do termômetro a 0 °C. Se o mercúrio for exatamente suficiente para encher o bulbo
a 0 °C, então calcule o comprimento da coluna de mercúrio no capilar, à temperatura T.
Dados: 𝛾 = coeficiente de dilatação volumétrica do Hg.
a = coeficiente de dilatação linear do vidro.

27. Como resultado de sofrer um aumento de temperatura ∆θ, um bastão que apresenta uma rachadura em seu centro
curva-se para cima, como é mostrado na figura abaixo. Sendo a distância fixa L 0 e o coeficiente de dilatação linear
α, encontre a distância x na qual o centro se levanta.

28. O esquema representa 4 barras de ferro, tendo todas o mesmo comprimento L a 0 ºC. As barras são articuladas e
formam um losango de ângulos 30º e 150°. Aquecendo-se o conjunto, por efeito da dilatação:

30
A) as diagonais AC e BD sofrem aumentos iguais.
B) os ângulos B e D diminuem e, consequentemente, A e C aumentam.
C) não há variação dos valores dos ângulos A, B, C e D.
D) os ângulos B e D aumentam e, em consequência, A e C diminuem.
E) as medidas das diagonais permanecem inalteradas.

29. Um arame flexível, de peso desprezível e de comprimento 2L, está fixo em dois pontos A e B que distam entre si 2a,
como mostra a figura. No ponto médio do arame prende-se um peso P, tal que a 0 °C, o ponto médio do fio dista x
da reta que une os pontos A e B. A expressão algébrica da tensão no arame a uma temperatura θ °C, para a qual a
distância x se duplica, sendo α o coeficiente de dilatação linear do arame, é melhor expressa por:

PLx
A)
1+αθ
4x (1+αθ)
B)
LP
x (1−αθ)
C)
2LP
PL (1+αθ)
D)
4x
(1+𝛼𝜃)
E)
2PLx

30. Considere um barômetro cuja coluna da altura de mercúrio é H0 para uma determinada pressão atmosférica. O líquido
sofre uma variação de temperatura ∆t. Se a pressão do local permanece constante e se 𝛾 é o coeficiente de dilatação
do mercúrio, então a altura da coluna sofreu uma variação de:
A) ΔH = H0𝛾/∆t
B) ΔH = 𝛾/H0∆t
C) ΔH = H0 2 𝛾∆t
D) ∆H = H0𝛾∆t
E) ΔH = H0𝛾/∆t/2

31. Um corpo pende do teto mediante uma haste metálica pela qual passa uma corrente alternada durante um intervalo
de tempo, sendo depois desconectada. A representação da altura h, do corpo ao solo em função do tempo t é:

A)

B)

31
C)

D)

E) NDA

32. O sistema abaixo é constituído por quatro barras de materiais M 1, M2, M3 e M4. Os coeficientes de dilatação linear
são α1, α2, α3 e α4, respectivamente. Na temperatura θ, os comprimentos das barras são 4L, 3L, 2L e L,
respectivamente. O sistema está encostado no teto pelo ponto A, conforme indicado na figura. O ambiente sofre então
um aquecimento uniforme até a temperatura θ2. O módulo do vetor deslocamento do ponto P, quando o sistema variar
sua temperatura de θ1 até θ2 é dado por:

1
A) 𝐿∆𝜃(16𝛼12 + 9𝛼22 + 4𝛼32 + 𝛼42 + 16𝛼1 𝛼3 + 6𝛼2 𝛼4 )2
1
B) 𝐿∆𝜃(16𝛼12 + 9𝛼22 + 4𝛼32 + 𝛼42 − 16𝛼1 𝛼3 − 6𝛼2 𝛼4 )2
1
C) 𝐿∆𝜃(16𝛼12 + 9𝛼22 + 4𝛼32 + 𝛼42 − 16𝛼1 𝛼3 + 6𝛼2 𝛼4 )2
1
D) 𝐿∆𝜃(16𝛼12 − 9𝛼22 + 4𝛼32 − 𝛼42 − 16𝛼1 𝛼3 − 6𝛼2 𝛼4 )2
1
E) 𝐿∆𝜃(16𝛼1 𝛼3 + 6𝛼2 𝛼4 − 16𝛼12 − 9𝛼22 − 4𝛼32 − 𝛼42 )2

33. Uma barra de comprimento L e coeficiente de dilatação α se encontra sobre uma superfície horizontal lisa. Seu
extremo esquerdo se encontra em contato com uma parede rígida.
Ao aumentar a temperatura da barra, seu centro de massa se desloca para a direita de um valor de A x. A variação de
temperatura da barra foi de:

32
∆𝑥
A)
𝛼L
∆𝑥
B)
2𝛼L
2∆𝑥
C)
𝛼L
4∆𝑥
D)
𝛼L
∆𝑥
E)
4𝛼L

34. Um quadro quadrado de Iado ℓ e massa m, feito de um material de coeficiente de dilatação superficial β, é pendurado
no pino O por uma corda inextensível, de massa desprezível, com as extremidades fixadas no meio das arestas laterais
do quadro conforme a figura. A força de tração máxima que a corda pode suportar é F. A seguir, o quadro é submetido
a uma variação de temperatura ∆T, dilatando. Considerando desprezível a variação no comprimento da corda devida
à dilatação, podemos afirmar que o comprimento da corda para que o quadro possa ser pendurado com segurança é
dado por:

2ℓF√𝛽∙∆T
A)
𝑚𝑔
2ℓF(1+𝛽∆T)
B)
𝑚𝑔
2ℓF(1+𝛽∆T)
C)
√4𝐹2 −𝑚2 𝑔2
2ℓF√(1+𝛽∆T)
D)
(2𝐹−𝑚𝑔)
(1+𝛽∆T)
E) 2ℓ𝐹 √
√4𝐹2 −𝑚2 𝑔2

35. Um pequeno tanque, completamente preenchido com 20,0 L de gasolina a 0 ºF é, logo a seguir, transferido para uma
garagem mantida à temperatura de 70 °F. Sendo 𝛾 = 0,0012ºC-1, o coeficiente de expansão volumétrica da gasolina,
a alternativa que melhor expressa o volume de gasolina que vazará em consequência do seu aquecimento até a
temperatura da garagem, é:
A) 0,507 L
B) 0,940 L
C) 1,68 L
D) 5,07 L
E) 0,17 L

33
36. Você é convidado a projetar uma ponte metálica, cujo comprimento será de 2,0 km. Considerando os efeitos de
contração e expansão térmica para temperaturas no intervalo de −40 ºF a 110 ºF e o coeficiente de dilatação linear
do metal que é 12 ∙ 10-6 C-1, qual a máxima variação esperada no comprimento da ponte?
A) 9,3 m
B) 2,0 m
C) 3,0 m
D) 0,93 m
E) 6,5 m

37. Um bulbo de vidro cujo coeficiente de dilatação linear é 3 ∙ 10 -6 C-1 está ligado a um capilar do mesmo material. À
temperatura de -10,0 °C, a área da secção do capilar é 3,0 ∙ 10-4 cm2 e todo o mercúrio, cujo o coeficiente de dilatação
volumétrica é 180 ∙ 10-6 C-1, ocupa o volume total do bulbo, que a esta temperatura é 0,500 cm 3. O comprimento da
coluna de mercúrio a 90,0 ºC será:
A) 270 mm
B) 540 mm
C) 285 mm
D) 300 mm
E) 257 mm

38. Um dos métodos utilizados para a determinação do coeficiente de dilatação linear é chamado: "Método de Laplace".
A figura a seguir ilustra este método. Temos uma barra horizontal de comprimento L 0 à temperatura θ0, fixa em uma
extremidade A e a outra extremidade livre. Uma vareta de comprimento H fica na vertical e limitando a extremidade
livre da barra horizontal. A esta vareta está solidária um espelho (E) que lança um feixe de luz sobre uma escala (R)
num ponto (P). Ao aquecermos a barra horizontal, esta sofrerá uma dilatação ΔL com acréscimo ∆θ de temperatura,
ocasionando uma inclinação na vareta que antes era vertical, e consequentemente, o feixe de luz sobre a escala se
fixará em um ponto (P'). Calcule o coeficiente de dilatação linear da barra horizontal.
Dados: L0 = 45 cm; d = 80 cm; x = 0,9 cm; H = 6 e ∆θ = 120 ºC

A) 12,5 x 10-6 ºC-1


B) 10,5 x 10-6 ºC-1
C) 11,5 x 10-6 ºC-1
D) 9,5 x 10-6 ºC-1
E) N.R.A.

34
39. Sobre um plano inclinado OAB, uma esfera de cobre de 1 cm de raio é abandonada, sem velocidade inicial do ponto
A, sob a ação da gravidade, a uma temperatura de 0 ºC. No ponto B, do plano inclinado, existe um orifício circular,
de raio 1,001 cm. Durante a queda, a cada segundo, a esfera aumenta a sua temperatura a 2 °C. Pede-se o maior
comprimento do plano AB, a fim de que a esfera ainda consiga passar pelo orifício em B.
Dados: αcu = 10-5 ºC-1; g = 10 m/s2

40. Uma tira bimetálica, usada para controlar termostatos, é constituída de uma lâmina estreita de latão, de 2 mm de
espessura, presa lado a lado com uma lâmina de aço, de mesma espessura d = 2 mm, por uma série de rebites. A 15
°C, as duas lâminas têm o mesmo comprimento, igual a 15 cm, e a tira está reta. A extremidade A da tira é fixa; a
outra extremidade B pode mover-se, controlando o termostato. A uma temperatura de 40 °C, a tira se encurvou,
adquirindo um raio de curvatura R, e a extremidade B se deslocou de uma distância vertical y (Fig. P.1). Calcule R
e y, sabendo que o coeficiente de dilatação linear do latão é 1,9 x 10 -5 / ºC e do aço é 1,1 × 10-5 / ºC.

41. A figura mostra duas barras verticais, uma de cobre e outra de zinco, fixas inferiormente. Elas suportam uma
plataforma horizontal onde está apoiado um corpo. O coeficiente de atrito estático entre o corpo e a plataforma é 0,01
e os coeficientes de dilatação linear do zinco e do latão valem 2,6 ∙ 10 -5 ºC-1 e 1,8 ∙ 10-5 ºC-1, respectivamente. A
menor variação de temperatura capaz de provocar o deslizamento do corpo sobre a plataforma é de:

35
A) 10 ºC
B) 40 ºC
C) 80 ºC
D) 100 ºC
E) 125 ºC

42. O módulo de Young ou módulo de elasticidade é um parâmetro mecânico que proporciona uma medida da rigidez
de um material sólido, é um parâmetro fundamental para a engenharia e aplicação de materiais, pois está associado
com a descrição de várias outras propriedades mecânicas como, por exemplo, a tensão de escoamento, a tensão de
ruptura, a variação de temperatura crítica para a propagação de trincas sob ação de choque térmico, etc. é uma
propriedade dos materiais, dependente da composição química, microestrutura e defeitos (poros e trincas), que pode
ser obtida da razão entre a tensão exercida e a deformação relativa sofrida pelo material. Tensão corresponde a uma
força ou carga, por unidade de área, aplicada sobre um material, e a deformação relativa é a variação de comprimento,
por unidade de comprimento original.

𝐹
𝐹 𝐼0
ϒ= 𝐴 = ∙
∆𝐼 𝐴 ∆𝐼
𝐼0

Uma aplicação do módulo de Young é na determinação da constante elástica de uma mola, é conhecido que a
constante elástica depende do módulo de Young do material do qual é feito o fio, do diâmetro do fio (d), depende
também do número de voltas que é dado no fio e do diâmetro médio de cada volta (D_m). Experimentalmente,
verifica-se que se duplicarmos o diâmetro do fio (mantendo o mesmo diâmetro médio do formato da mola e o mesmo
material), a constante aumenta por um fator de 16 vezes o valor.
Podemos afirmar que a constante elástica de uma mola é dada por:
𝛾𝑑 4
A) 𝑘 = , onde Ne é o número de voltas dadas no fio.
8𝐷𝑚3 𝑁𝑒
𝛾𝑑 4
B) 𝑘 = , onde Ne é o número de voltas dadas no fio.
8𝐷𝑚 5 𝑁𝑒
𝛾𝑑 6
C) 𝑘 = , onde Ne é o número de voltas dadas no fio.
16𝐷𝑚 3 𝑁𝑒
𝛾𝑑 4
D) 𝑘 = , onde Ne é o número de voltas dadas no fio.
8𝐷𝑚3
𝛾𝑑 7
E) 𝑘 = , onde Ne é o número de voltas dadas no fio.
8𝐷𝑚 6 𝑁𝑒

43. Um termistor é um dispositivo de estado sólido cuja resistência varia significativamente com a temperatura, conforme
a expressão:

R = R0 eB/T

Com R em ohm (Ω), T em kelvin e, R0 e B duas constantes. Estas constantes se determinam pela medida de R em
dois pontos de calibração, por exemplo, no ponto de gelo e ponto de vapor. Se R = 7360 Ω no ponto de gelo e R =
153 Ω no ponto de vapor, qual a resistência (com dois algarismos significativos) na temperatura de 37 ºC?
Dados:
36
In 48,105 = 3,8734
e10,57 = 3,911 ∙ 104
e12,72 = 3,354 ∙ 105
A) 4,3 ∙ 103 Ω
B) 6,7 ∙ 103 Ω
C) 1,3 ∙ 103 Ω
D) 9,1 ∙ 103 Ω
E) NDA

44. A temperatura t1 a altura da coluna de mercúrio, medida em uma escala de latão, é igual a H 1. Qual é a altura
aproximada de H0, que terá a coluna de mercúrio para t = 0 ºC? O coeficiente de dilatação linear do latão é α e o
coeficiente dei expansão volumétrica do mercúrio é 𝛾. Considere que não há dilatação da área transversal.
A) 𝐻0 ≈ 𝐻1 (1 + 𝛼𝑡1 − 𝛾𝑡1 )
B) 𝐻0 ≈ 𝐻1 (1 − 𝛼𝑡1 − 𝛾𝑡1 )
C) 𝐻0 ≈ 𝐻1 (1 + 𝛼𝑡1 + 𝛾𝑡1 )
𝛾
D) 𝐻0 ≈ 𝐻1 (1 + 𝛼𝑡1 − 𝑡1 )
3
E) 𝐻0 ≈ 𝐻1 (1 + 3𝛼𝑡1 − 𝛾𝑡1 )

45. Duas barras de materiais diferentes, mas com o mesmo comprimento L e seção reta igual a A, são colocadas presas
entre duas paredes como mostra a figura.

A temperatura é T e não há tensão inicial. A temperatura é aumentada em ΔT. Mostre que a interface entre as barras
é deslocada de uma quantidade dada por:

𝛼1 ϒ1 − 𝛼2 ϒ2
∆𝐿 = ( ) 𝐿∆𝑇
ϒ1 + ϒ2

Onde α1 e α2 são os coeficientes de dilatação linear e ϒ1 e ϒ2 são os módulos de Young dos materiais. Despreze
mudanças nas seções retas.

46. Assinale a alternativa que julga corretamente os itens verdadeiros:


𝑉0
I. A altura da coluna de mercúrio ao longo do capilar para uma temperatura (T) é dada por ℎ = (𝛾 − 3𝛼)𝑇,
𝐴
sabendo que o volume do bulbo de um termômetro de mercúrio é V 0 a 0 ºC e que o mercúrio se encontra
totalmente dentro do bulbo a esta temperatura, em que A é a área transversal (que permanece constante com a
temperatura), 𝛾 é o coeficiente de dilatação volumétrico do mercúrio e α o coeficiente de dilatação linear do
vidro.

37
II. Um bloco de coeficiente de dilatação linear igual a 4 ∙ 10(-6) ºC(-1) é submergido completamente em um líquido
em duas situações. Na primeira, ele experimenta uma perda de peso igual a 12 N a 15 °C; e na segunda, 4,8 N
a 115 ºC. Dessa forma, podemos afirmar que o coeficiente de dilatação volumétrica do líquido é
aproximadamente 1,5 ∙ 10(-2) ºC(-1).
III. O ar funciona como um isolante elétrico e térmico;
A) Apenas os itens Il e Ill são verdadeiros.
B) Apenas os itens I e Ill são verdadeiras.
C) Todos os itens são verdadeiros.
D) Nenhum deles é verdadeiro.
E) Apenas I e Il são verdadeiros.

47. À temperatura T0, duas tiras de metal com I0 de comprimento e espessura d, são parafusadas de modo que as suas
extremidades coincidem. A tira superior é feita de metal e tem um coeficiente de expansão α A, e a faixa inferior é
feita de metal B com coeficiente de expansão αB. (αA > αB). Quando a temperatura da sua tira blástica está aumentada
de T0 para (T0 + ΔT), uma tira torna-se mais longa que a outra e o sistema é curvado na forma de um círculo, como
mostrado na figura.

Mostre que o raio de curvatura da junção é dado por

[2 + (𝛼𝐴 + 𝛼𝐵 )∆𝑇]𝑑
𝑅=
2(𝛼𝐴 − 𝛼𝐵 )∆𝑇

48. Duas barras B1 e B2, de comprimento L e de coeficiente de dilatação térmica linear α 1 e α2, respectivamente, são
dispostas conforme ilustra a figura 1. Submete-se o conjunto a uma diferença de temperatura ΔT e então, nas barras

38
aquecidas, aplica-se uma força constante que faz com que a soma de seus comprimentos volte a ser 2L. Considerando
que o trabalho aplicado sobre o sistema pode ser dado por W = F ∙ ΔL, onde ΔL é a variação total de comprimento
do conjunto, conforme a figura 2, e que α 1 = 1,5 α2, determine o percentual desse trabalho absorvido pela barra de
maior coeficiente de dilatação térmica.

49. Dois recipientes trapezoidais são conectados por um tubo. O conjunto contém água a 20 ºC.

Analise as seguintes afirmativas:


I. Se o recipiente A for aquecido, existirá um fluxo do líquido da direita para a esquerda;
II. Se o recipiente A for aquecido, existirá um fluxo do líquido da esquerda para a direita;
III. Se o recipiente B for aquecido, existirá um fluxo do líquido da direita para a esquerda.

A) Somente a afirmativa I está correta.


B) As afirmativas I e Ill estão corretas.
C) As afirmativas Il e Ill estão corretas.
D) Somente a afirmativa Il está correta.
E) Todas as afirmativas estão erradas, pois independente da temperatura, a altura dos líquidos sempre será a mesma.

50. O invar tem coeficiente de dilatação linear de valor 1,0 ∙ 10 -6 °C-1, módulo de elasticidade (ou de Young) igual a 2,0
∙ 1011 n/m2 e tensão de ruptura de cerca de 3,6 ∙ 10 8 N/m2. Um fio uniforme de invar tem suas extremidades presas a
morsas rigidamente ligadas a uma grossa chapa de cobre; o coeficiente de dilatação linear deste é 19 ∙ 10-6 ºC-1.
Admitindo-se que o fio siga a lei de Hooke até a ruptura, ele se apresenta esticado com esforço desprezível quando a
temperatura do sistema é 20ºC. Aquecendo-se o sistema, determine, em graus Celsius, a temperatura em que ocorre
a ruptura do fio.
A) 100
B) 120
C) 200
D) 910
E) 1820

51. O gráfico abaixo representa a variação dos comprimentos, em função da temperatura de duas barras metálicas A e B.
Podemos afirmar que:

39
A) O coeficiente de dilatação de A é igual ao coeficiente de dilatação de B.
B) O coeficiente de dilatação de A é maior do que o coeficiente de dilatação de B.
C) As barras possuem comprimentos diferentes para toda temperatura, mas podem ser constituídas do mesmo
material.
D) À temperatura de 0 K, os dois materiais devem conter o mesmo comprimento.
E) NDA.

52. Uma esfera de vidro, cujo coeficiente de dilatação volumétrica é 𝛾𝑉 , é pesada numa balança de mola três vezes: uma
no ar, outra no líquido em temperatura (T1) e outra no mesmo líquido em temperatura (T 2). As indicações dos pesos
são respectivamente P, P1 e P2. Determine o coeficiente de dilatação volumétrica do líquido.
𝑃2 +𝑃1 +(𝑃−𝑃1 )𝛾𝑣 (𝑇2 −𝑇1 )
A) 𝛾𝑙í𝑞 =
(𝑃−𝑃2 )(𝑇2 −𝑇1 )
𝑃2 −𝑃1 +(𝑃−𝑃1 )𝛾𝑣 (𝑇2 −𝑇1 )
B) 𝛾𝑙í𝑞 =
(𝑃+𝑃2 )(𝑇2 −𝑇1 )
𝑃2 +𝑃1 +(𝑃−𝑃1 )𝛾𝑣 (𝑇2 −𝑇1 )
C) 𝛾𝑙í𝑞 =
𝑃+(𝑇2 −𝑇1 )
𝑃2 +𝑃1 −(𝑃−𝑃1 )𝛾𝑣 (𝑇2 −𝑇1 )
D) 𝛾𝑙í𝑞 =
(𝑃−𝑃2 )(𝑇2 −𝑇1 )
𝑃2 −𝑃1 +(𝑃−𝑃1 )𝛾𝑣 (𝑇2 −𝑇1 )
E) 𝛾𝑙í𝑞 =
(𝑃−𝑃2 )(𝑇2 −𝑇1 )

53. Em barras sólidas homogêneas, pode-se aplicar um raciocínio semelhante ao que aplicamos para as molas ideais, em
que a intensidade da força aplicada é proporcional à deformação. Isso é válido para as tensões não muito próximas
do limite do rompimento do material. Para boa parte dos materiais, a deformação devido a uma força de tração ou
compressão pode ser obtida por:

𝐿𝐹
∆𝐿 =
𝐴𝑌

onde A é a área da seção transversal da barra e Y é o módulo de Young do material. Vinícius, um engenheiro do
metrô, tem a ideia de tracionar os trilhos durante a fixação, com potentes macacos hidráulicos, para compensar os
efeitos da dilatação térmica, evitando, assim, a necessidade de se deixar pequenos vãos.
Considerando que o coeficiente de dilatação linear do aço é 1,2 ∙ 10 -5 ºC-1, que as barras utilizadas têm 85 m de
comprimento, área de secção transversal 60 cm 2 e que o módulo de Young do aço seja 200 GM /m 2, a tração que
deverá ser aplicada aos trilhos para que eles suportem variações de temperatura da ordem de 50 ºC até que a atração
se anule tem a mesma ordem de grandeza que o peso de:
A) uma vaca.
B) um automóvel.
C) uma caixa-d'água residencial.
D) uma carreta carregada.
E) um elefante.

40
1.5 QUANTIDADE DE CALOR

Quando você coloca uma colher fria em uma xícara de café quente, a colher esquenta e o café esfria, e eles
tendem a atingir equilíbrio térmico. A interação que produz essas variações de temperatura é basicamente uma
transferência de energia entre uma substância e a outra. A transferência de energia produzida apenas por uma diferença
de temperatura denomina-se transferência de calor ou fluxo de calor, e a energia transferida desse modo denomina-se
calor.
O estudo da relação entre calor e outras formas de energia evoluiu gradualmente durante os séculos XVIII e
XIX. Sir James Joule (1818-1889) estudou como a água pode ser aquecida ao ser vigorosamente mexida com um agitador
(Figura 1.13a). As pás do agitador transferem energia para a água, realizando um trabalho sobre ela, e Joule verificou que
o aumento de temperatura é diretamente proporcional ao trabalho realizado. A mesma variação de temperatura também
pode ser obtida colocando-se a água em contato com algum corpo mais quente (Figura 1.13b); logo, essa interação
também deve envolver uma troca de energia. Nos capítulos 19 e 20, discutiremos a relação entre calor e energia mecânica
mais detalhadamente.

FIGURA 1.13 A mesma variação de temperatura produzida em um mesmo sistema por dois métodos diferentes.

ATENÇÃO Temperatura x calor: É extremamente importante que você entenda a diferença entre calor e temperatura.
A temperatura depende do estado físico de um material, indicando, por meio de uma descrição quantitativa, se o material
está quente ou frio. Na física, o termo “calor” sempre se refere a uma transferência de energia de um corpo ou sistema
para outro em virtude de uma diferença de temperatura entre eles, nunca a quantidade de energia contida em um sistema
particular. Podemos alterar a temperatura de um corpo fornecendo ou retirando calor dele, ou retirando ou fornecendo
outras formas de energia, como a mecânica (Figura 1.13a). Quando dividimos um corpo em duas metades, cada metade
possui a mesma temperatura do corpo inteiro; porém, para aumentar a temperatura de cada metade até um mesmo valor
final, devemos fornecer a metade da energia que seria fornecida ao corpo inteiro.

Podemos definir uma unidade de quantidade de calor com base na variação de temperatura de materiais
específicos. A caloria (abreviada como cal) é definida como a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura
de um grama de água de 14,5 °C a 15,5 °C. A caloria usada para alimentos é, na realidade, uma quilocaloria (kcal), igual
a 1.000 cal. Uma unidade de calor correspondente, que usa graus Fahrenheit e unidades britânicas, é a British thermal
unit, ou Btu. Um Btu é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de uma libra (peso) de água de 1 °F, de
63 °F até 64 °F.

FIGURA 1.14 A palavra “energia” tem origem grega. Este rótulo em uma lata de café grego mostra 100 ml de café
preparado possui 9,6 kJ ou 2,3 kcal de energia.

Como o calor é uma energia em trânsito, deve existir uma relação entre essas unidades e as unidades de energia
mecânica que conhecemos, como o joule (Figura 1.14). Experiências semelhantes às realizadas por Joule mostraram que

41
1 cal = 4,186 J
1 kcal = 1.000 cal = 4.186 J
1 Btu = 778 pés x lb = 252 cal = 1.055 J

A caloria não é uma unidade SI fundamental. O Comitê Internacional de Pesos e Medidas recomenda o uso
do joule como a unidade básica de todas as formas de energia, inclusive o calor. Neste livro, seguiremos essa
recomendação.

Calor específico

Usamos o símbolo Q para a quantidade de calor. Quando associada a uma variação infinitesimal de
temperatura dT, chamamos essa quantidade de dQ. Verifica-se que a quantidade de calor Q necessária para elevar a
temperatura da massa m de um material de T1 até T2 é aproximadamente proporcional à variação de temperatura ΔT = T2
- T1. Ela também é proporcional à massa m do material. Quando você aquece água para fazer chá, precisa do dobro da
quantidade de calor para fazer duas xícaras em vez de uma, se a variação de temperatura for a mesma. A quantidade de
calor também depende da natureza do material: para elevar em 1 °C a temperatura de um quilograma de água, é necessário
transferir uma quantidade de calor igual a 4.190 J, enquanto basta transferir 910 J de calor para elevar a temperatura de
um quilograma de alumínio de 1 °C.
Reunindo todas as relações mencionadas, podemos escrever

𝑄 = 𝑚. 𝑐. 𝛥𝑇

O calor específico c possui valores diferentes para cada tipo de material. Para uma variação de temperatura
infinitesimal dT e uma correspondente quantidade de calor dQ, temos

𝑑𝑄 = 𝑚. 𝑐. 𝑑𝑇

1 𝑑𝑄
𝑐= .
𝑚 𝑑𝑇

Nas equações acima, quando Q (ou dQ) e ΔT (ou dT) são positivos, o calor é transferido para o corpo e sua
temperatura aumenta; quando são negativos, o calor é liberado pelo corpo e sua temperatura diminui.

ATENÇÃO A definição de calor Lembre-se de que dQ não representa nenhuma variação ou quantidade de calor contida
em um corpo. O calor é sempre uma energia em trânsito em virtude de uma diferença de temperatura. Não existe nenhuma
“quantidade de calor em um corpo”.

O calor específico da água é aproximadamente igual a

4.190 𝐽/𝑘𝑔. 𝐾 𝑜𝑢 1 𝑐𝑎𝑙/𝑔 . °𝐶 𝑜𝑢 1 𝐵𝑡𝑢/1𝑏 . °𝐹

O calor específico de um material depende até certo ponto da temperatura inicial e do intervalo de temperatura.
A Figura 1.15 mostra essa dependência no caso da água. Nos problemas e exemplos deste capítulo, desprezaremos essa
pequena variação.

FIGURA 1.15 Calor específico da água em função da temperatura.

42
Calor específico molar

Algumas vezes é mais conveniente descrever a quantidade de uma substância em termos de moles n em vez
da massa m do material. Lembrando dos seus estudos de química, você sabe que um mol de qualquer substância pura
sempre contém o mesmo número de moléculas. A letra M indica o mol ou massa molar de qualquer substância. (A
grandeza M algumas vezes é chamada de peso molecular, porém a expressão massa molar é mais apropriada: essa
grandeza depende da massa da molécula, e não do seu peso.) Por exemplo, a massa molar da água é igual a 18,0 g/mol =
18,0 × 10-3 kg/mol; um mol de água possui massa igual a 18,0 g = 0,0180 kg. A massa total m de um material é igual à
massa molecular M vezes o número de moles n:

𝑚 = 𝑛𝑀

Substituindo a massa m na Equação 𝑄 = 𝑚. 𝑐. 𝛥𝑇 pelo produto nM, achamos

𝑄 = 𝑛. 𝑀. 𝑐. 𝛥𝑇

O produto Mc denomina-se calor específico molar (ou simplesmente calor molar) e será designado pela letra
C (maiúscula). Usando essa notação, podemos reescrever a Equação 𝑄 = 𝑛. 𝑀. 𝑐. 𝛥𝑇 na forma

𝑄 = 𝑛. 𝐶. 𝛥𝑇

1 𝑑𝑄
Comparando com a Equação 𝑐 = . , podemos expressar o calor específico molar C (calor por mol por
𝑚 𝑑𝑇
variação da temperatura) em termos do calor específico c (calor por massa por variação da temperatura) e da massa molar
M (massa por mol):

1 𝑑𝑄
𝐶= . = 𝑀𝑐
𝑛 𝑑𝑇

Por exemplo, o calor específico molar da água é

𝐶 = 𝑀𝑐 = (0,0180 𝑘𝑔/𝑚𝑜𝑙) (4.190 𝐽/𝑘𝑔. 𝐾) = 75,4 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾

Na Tabela 1.3, encontramos os valores do calor específico e do calor específico molar de diversas substâncias.
Note o valor especialmente alto do calor específico da água (Figura 1.16).

FIGURA 1.16 Água fervendo.

ATENÇÃO O significado de “calor específico”: O termo “calor específico” não é muito apropriado, porque pode
sugerir a ideia errada de que um corpo contém certa quantidade de calor. Lembre-se de que calor é energia em trânsito
entre corpos, não a energia contida em um corpo.

Medidas do calor específico e do calor específico molar nos materiais sólidos normalmente são realizadas
mantendo-se a pressão atmosférica constante; os valores correspondentes são denominados calores específicos à pressão
constante, simbolizados por cP ou CP. Quando a substância é um gás, em geral é mais fácil mantê-la dentro de um
recipiente a volume constante; os valores correspondentes denominam-se calores específicos a volume constante,
designados por cv ou CV. Para uma dada substância, CV é diferente de CP. Se o sistema pode se expandir à medida que o

43
calor é transferido, existe uma troca de energia adicional, porque o sistema realiza um trabalho sobre seus arredores. Se
o volume permanece constante, o sistema não realiza trabalho algum. Nos gases, a diferença entre C P e CV é significativa.
A última coluna da Tabela 1.3 mostra algo interessante. Os calores específicos molares de quase todos os
sólidos elementares possuem aproximadamente o mesmo valor: cerca de 25 J/mol.K. Essa correlação, denominada regra
de Dulong e Petit (em homenagem aos seus descobridores), é a base de uma ideia muito importante. O número de átomos
contidos em um mol de qualquer substância elementar é sempre o mesmo. Isso significa que, considerando uma base por
átomo, a mesma quantidade de calor é necessária para elevar em um determinado número de graus a temperatura de todos
esses elementos, embora as massas dos átomos sejam muito diferentes. O calor necessário para produzir um dado aumento
de temperatura depende somente da quantidade de átomos que a amostra contém, e não da massa de cada átomo.

TABELA 1.3 Calor específico e calor específico molar (pressão constante).


Substância Calor específico (J/kg.K) Massa molar, M (kg/mol) Calor específico molar, C
(J/mol.K)
Alumínio 910 0,0270 24,6
Berílio 1970 0,00901 17,7
Cobre 390 0,0635 24,8
Etanol 2428 0,0461 11,9
Gelo 2100 0,0180 37,8
Ferro 470 0,0559 26,3
Chumbo 130 0,207 26,9
Mercúrio 138 0,201 27,7
Sal 879 0,0585 51,4
Prata 234 0,108 25,3
Água 4190 0,0180 75,4

1.6 CALORIMETRIA E TRANSIÇÕES DE FASE

Calorimetria significa “medida de calor”. Já discutimos a transferência de energia (calor) envolvida nas
variações de temperatura. Ocorre também transferência de calor nas transições de fase, como a liquefação do gelo ou a
ebulição da água. Compreendendo essas relações de calor adicionais, podemos analisar diversos problemas envolvendo
quantidade de calor.

Transições de fase

Utilizamos a palavra fase para designar qualquer estado específico da matéria, como o de um sólido, um
líquido ou um gás. O composto H2O existe na fase sólida como gelo, na fase líquida como água e na fase gasosa como
vapor d’água. A transição de uma fase para a outra é chamada de transição de fase ou mudança de fase. Em uma dada
pressão, a transição de fase ocorre em uma temperatura definida, sendo geralmente acompanhada por uma emissão ou
absorção de calor e por uma variação de volume e de densidade.
Um exemplo conhecido da transição de fase é a liquefação do gelo. Quando fornecemos calor ao gelo a 0 °C
na pressão atmosférica normal, a temperatura do gelo não aumenta. O que ocorre é que uma parte do gelo derrete e se
transforma em água líquida. Adicionando-se calor lentamente, de modo que a temperatura do sistema seja mantida muito
próxima do equilíbrio térmico, a temperatura do sistema permanece igual a 0 °C até que todo o gelo seja fundido (Figura
1.17). O calor fornecido a esse sistema não é usado para fazer sua temperatura aumentar, mas sim para produzir uma
transição de fase de sólido para líquido.

FIGURA 1.17 O ar circundante está a temperatura ambiente, mas essa mistura de água e gelo permanece a 0 °C até que
todo o gelo tenha se derretido e que a mudança de fase se complete.

44
São necessários 3,34 × 105 J de calor para converter 1 kg de gelo a 0 °C em 1 kg de água líquida a 0 °C em
condições normais de pressão atmosférica. O calor necessário por unidade de massa denomina-se calor de fusão (algumas
vezes chamado de calor latente de fusão), designado por L f. Para a água submetida a uma pressão atmosférica normal, o
calor de fusão é dado por

𝐿𝑓 = 3,34 × 105 𝐽/𝑘𝑔 = 79,6 𝑐𝑎𝑙/𝑔 = 143 𝐵𝑡𝑢/1𝑏

Generalizando, para liquefazer a massa m de um sólido cujo calor de fusão é L f, é necessário fornecer ao
material uma quantidade de calor Q, dada por

𝑄 = 𝑚 . 𝐿𝑓

Esse processo é reversível. Para congelar água líquida a 0 °C, devemos retirar calor dela; o módulo do calor é
o mesmo, mas, nesse caso, Q é negativo, porque estamos retirando calor, e não adicionando. Para englobar essas duas
possibilidades e incluir outras transições de fase, podemos escrever

𝑄 = ±𝑚𝐿

O sinal positivo (mais calor no sistema) é usado quando o sólido se funde; o sinal negativo (menos calor no
sistema) é usado quando o líquido se solidifica. O calor de fusão depende do material e também varia ligeiramente com
a pressão.
Para qualquer material, a uma dada pressão, a temperatura de fusão é sempre igual à temperatura de liquefação.
Nessa temperatura única, as fases líquida e sólida podem coexistir em uma condição chamada equilíbrio de fase.
Podemos repetir o raciocínio anterior para o caso da ebulição ou vaporização, uma transição da fase líquida
para a fase gasosa. O calor correspondente (por unidade de massa) denomina-se calor de vaporização, Lv. Sob pressão
atmosférica normal, o calor de vaporização L v da água é

𝐿𝑣 = 2,256 × 106 𝐽/𝑘𝑔 = 539 𝑐𝑎𝑙/𝑔 = 970 𝐵𝑡𝑢/1𝑏

Ou seja, é necessário fornecer 2,256 × 10 6 J para fazer 1 kg de água líquida se transformar em 1 kg de vapor
d’água a 100 °C. Em comparação, o calor necessário para aquecer 1 kg de água de 0 °C até 100 °C é dado por Q = mc
ΔT = (1,0 kg) (4.190 J/kg . °C) × (100 °C) = 4,19 × 10 5 J, menos que um quinto do calor necessário para a vaporização
da água a 100 °C. Esse resultado está de acordo com nossa experiência cotidiana na cozinha: uma panela com água pode
atingir a temperatura de ebulição em alguns minutos, porém é necessário um tempo muito maior para fazer a água
vaporizar completamente.
Como a fusão, a ebulição é uma transição de fase reversível. Quando retiramos calor de um gás, na temperatura
de ebulição, o gás retorna para a fase líquida, ou se condensa, cedendo ao ambiente a mesma quantidade de calor (calor
de vaporização) que foi necessária para vaporizá-lo. A uma dada pressão, a temperatura de ebulição coincide com a
temperatura de condensação; nessa temperatura existe um equilíbrio de fase no qual a fase líquida coexiste com a gasosa.
Tanto Lv quanto a temperatura de ebulição de um dado material dependem da pressão. A água ferve a uma
temperatura menor (cerca de 95 °C) em Itatiaia do que no Rio de Janeiro, por exemplo, pois Itatiaia está em um local
mais elevado e a pressão atmosférica média é mais baixa. O calor de vaporização é ligeiramente maior nessa pressão mais
baixa, aproximadamente igual a 2,27 × 10 6 J/kg.

FIGURA 1.18 Gráfico da temperatura em função do tempo de uma amostra de agua inicialmente na fase sólida
45
A Figura 1.18 resume essas ideias sobre transições de fase. Na Tabela 1.4, fornecemos o calor de fusão e de
vaporização de diversas substâncias e as respectivas temperaturas de fusão e ebulição sob pressão atmosférica normal.
Pouquíssimos elementos possuem temperaturas de fusão nas vizinhanças da temperatura ambiente; um deles é o gálio
metálico, que você pode ver na Figura 1.19.

FIGURA 1.19 O gálio metálico, aqui mostrado liquefazendo-se na mão de uma pessoa, é um dos poucos elementos que
se fundem próximo à temperatura ambiente. Sua temperatura de fusão é 29,8 °C, e seu calor de fusão é igual a 8,04 ×
104 J/kg.

TABELA 1.4 Calor de fusão e calor de vaporização.


Substância Ponto de fusão normal Calor de Ponto de ebulição normal Calor de
fusão vaporização
K °C Lf (103 J/kg) K °C Lv (103 J/kg)
Hélio * * * 4,216 -268,93 20,9
Hidrogênio 13,84 -259,31 58,6 20,26 -252,89 452
Nitrogênio 63,18 -209,97 25,5 77,34 -195,8 201
Oxigênio 54,36 -218,79 13,8 90,18 -183 213
Etanol 159 -114 104,2 351 78 854
Mercúrio 234 -39 11,8 630 357 272
Água 273,15 0 334 373,15 100 2256
Enxofre 392 119 38,1 717,75 444,6 326
Chumbo 600,5 327,3 24,5 2023 1750 871
Antimônio 903,65 630,5 165 1713 1440 561
Prata 1233,95 960,8 88,3 2466 2193 2336
Ouro 1336,15 1063 64,5 2933 2660 1578
Cobre 1356 1083 134 1460 1187 5069

Em certas circunstâncias, uma substância pode passar diretamente da fase sólida para a fase gasosa. Esse
processo denomina-se sublimação, e dizemos que o sólido sublima. O calor de transição correspondente denomina-se
calor de sublimação, LS. O dióxido de carbono líquido não pode existir a uma pressão menor que cerca de 5 × 10 5 Pa
(cerca de 5 atm), e o “gelo seco” (dióxido de carbono sólido) sublima na pressão atmosférica. A sublimação da água em
um alimento congelado produz fumaça em uma geladeira. O processo inverso, uma transição da fase vapor para a fase
sólida, ocorre quando gelo se forma sobre a superfície de um corpo frio, como no caso da serpentina de um refrigerador.
A água muito pura pode ser resfriada até diversos graus abaixo do ponto de congelamento sem se solidificar;
o estado de equilíbrio instável resultante denomina-se super-resfriado. Quando jogamos um pequeno cristal de gelo nessa
água, ou quando a agitamos, ela se cristaliza em um segundo ou em uma fração de segundo. O vapor d’água super-
resfriado condensa rapidamente, formando gotículas de névoa na presença de alguma perturbação, como partículas de
poeira ou radiações ionizantes. Esse princípio é usado na chamada “semeadura de nuvens” (bombardeio de nuvens com
nitrato de prata), que geralmente possuem vapor d’água super-resfriado, provocando a condensação e a chuva.
Algumas vezes um líquido pode ser superaquecido acima de sua temperatura de ebulição normal. Qualquer
perturbação pequena, como a agitação do líquido, produz ebulição local com formação de bolhas.
Os sistemas de aquecimento a vapor de edifícios utilizam processos de vaporização e condensação para
transferir calor do aquecedor para os radiadores. Cada quilograma de água que se transforma em vapor no boiler
(aquecedor) absorve cerca de 2 × 106 J (o calor de vaporização Lv da água) do boiler e libera essa mesma quantidade
quando se condensa nos radiadores. Os processos de vaporização e condensação também são usados em refrigeradores,
condicionadores de ar e em bombas de calor.

46
Os mecanismos de controle de temperatura de muitos animais de sangue quente são baseados no calor de
vaporização, removendo calor do corpo ao usá-lo na vaporização da água da língua (respiração arquejante) ou da pele
(transpiração). O esfriamento produzido pela vaporização possibilita a manutenção da temperatura constante do corpo
humano em um deserto seco e quente, onde a temperatura pode atingir até 55 °C. A temperatura da pele pode permanecer
até cerca de 30 °C mais fria que a do ar ambiente. Nessas circunstâncias, uma pessoa normal perde vários litros de água
por dia por meio da transpiração, e essa água precisa ser reposta. O resfriamento produzido pela vaporização explica
também por que você sente frio ao sair de uma piscina.
O resfriamento produzido pela vaporização também é usado para resfriar edifícios em climas secos e quentes,
e para fazer condensar e reciclar o vapor “usado” em usinas termelétricas ou nucleares para geração de energia. É isso
que ocorre naquelas enormes torres de concreto que você vê nas vizinhanças dessas usinas.
Reações químicas, como uma combustão, são análogas a uma transição de fase no que diz respeito ao
envolvimento de quantidades de calor definidas. A combustão completa de um grama de gasolina produz cerca de 46.000
J, ou cerca de 11.000 cal, de modo que o calor de combustão L c da gasolina é dado por

𝐿𝑐 = 46.000 𝐽/𝑔 = 4,6 × 107 𝐽/𝑘𝑔

Os valores associados à energia dos alimentos podem ser definidos de modo semelhante. Quando dizemos
que um grama de manteiga de amendoim “contém 6 calorias”, queremos dizer que ela libera 6 kcal de calor (6.000 cal ou
25.000 J) quando ocorre uma reação entre o oxigênio e os átomos de carbono e de hidrogênio da manteiga (com o auxílio
de enzimas), e os produtos da reação são CO2 e H2O. Nem toda essa energia é utilizada diretamente para produzir trabalho
mecânico útil.

1.7 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Já falamos sobre condutores, materiais que permitem a condução de calor, e isolantes, materiais que impedem
a transferência de calor entre corpos. Vamos agora examinar com mais detalhes as taxas de transferência de energia. Na
cozinha, você usa uma panela de alumínio para uma boa transferência de calor entre o fogão e o interior da panela,
enquanto a parede da geladeira é feita com um material que impede a transferência de calor para seu interior. Como você
pode descrever a diferença entre esses dois materiais?
Os três mecanismos de transferência de calor são a condução, a convecção e a radiação. A condução ocorre
no interior de um corpo ou entre dois corpos em contato. A convecção depende do movimento da massa de uma região
para outra. A radiação é a transferência de calor que ocorre pela radiação eletromagnética, como a luz solar, sem que seja
necessária a presença de matéria no espaço entre os corpos.

Condução

Quando você segura uma das extremidades de uma barra de cobre e coloca a outra sobre uma chama, a
extremidade que você está segurando fica cada vez mais quente, embora não esteja em contato direto com a chama. O
calor é transferido por condução através do material até atingir a extremidade mais fria. Em nível atômico, verificamos
que os átomos de uma região quente possuem em média uma energia cinética maior que a energia cinética dos átomos de
uma região vizinha. As colisões desses átomos com os átomos vizinhos fazem com que eles lhes transmitam parte da
energia. Os átomos vizinhos colidem com outros átomos vizinhos, e assim por diante, ao longo do material. Os átomos,
em si, não se deslocam de uma região a outra do material, mas sua energia se desloca.
Quase todos os metais utilizam outro mecanismo mais eficiente para conduzir calor. No interior do metal,
alguns elétrons se libertam de seus átomos originais e ficam vagando pelo metal. Esses elétrons “livres” podem transferir
energia rapidamente da região mais quente para a região mais fria do metal, de modo que os metais geralmente são bons
condutores de calor. Uma barra de metal a 20 °C parece estar mais fria que um pedaço de madeira a 20 °C porque o calor
pode fluir mais facilmente entre sua mão e o metal. A presença de elétrons “livres” também faz com que os metais sejam
bons condutores de eletricidade.
Na condução, o sentido de transferência de calor é sempre da temperatura maior para a menor. A Figura 1.20a
mostra uma barra de um material condutor de comprimento L com uma seção reta de área A. A extremidade esquerda da
barra é mantida a uma temperatura TH, e a extremidade direita é mantida a uma temperatura mais baixa T C; isso faz com
que o calor flua da esquerda para a direita. Os lados da barra são cobertos por um isolante ideal, de modo que o calor não
possa fluir por eles.

47
FIGURA 1.20 Transferência de calor constante produzida pela condução

Quando uma quantidade de calor dQ é transferida através da barra em um tempo dt, a taxa de transferência de
calor é dada por dQ/dt. Chamamos essa grandeza de taxa de transferência de calor ou corrente de calor, e a designamos
por φ. Ou seja, φ = dQ/dt. A experiência mostra que a taxa de transferência de calor é proporcional à área A da seção reta
da barra (Figura 1.20b) e a diferença de temperatura (T H - TC), e inversamente proporcional ao comprimento da barra L
(Figura 1.20c):

𝑘. 𝐴. (𝑇𝐻 − 𝑇𝐶 )
𝜑=
𝐿

A quantidade (TH - TC)/L é a diferença de temperatura por unidade de comprimento; é denominada módulo
do gradiente de temperatura. O valor numérico da condutividade térmica k depende do material da barra. Os materiais
com valores elevados de k são bons condutores de calor; os materiais com valores pequenos de k conduzem pouco calor
ou são isolantes. A equação acima também fornece a taxa de transferência de calor através de uma placa, ou de qualquer
corpo homogêneo que possua uma seção reta A ortogonal à direção do fluxo de calor; L é o comprimento da trajetória do
fluxo de calor.
As unidades de taxa de transferência de calor φ são as unidades de energia por tempo, ou potência; a unidade
SI para a taxa de transferência de calor é o watt (1 W = 1 J/s). Podemos achar as unidades de k explicitando k na equação
𝑘.𝐴.(𝑇𝐻 −𝑇𝐶 )
𝜑= . Convidamos você a verificar que as unidades SI de k são W/m . K. Alguns valores de k são apresentados
𝐿
na Tabela 1.5.

TABELA 1.5 Condutividades térmicas


Substância k (W/m.K) Substância k (W/m.K)
Alumínio 205 Concreto 0,8
Latão 109 Vidro 0,8
Cobre 385 Gelo 1,6
Chumbo 34,7 Madeira 0,12 – 0,04
Mercúrio 8,3 Ar 0,024
Prata 406 Hidrogênio 0,14
Aço 50,2 Oxigênio 0,023

A condutividade térmica do ar “morto” (ou seja, em repouso) é muito pequena. Um agasalho de lã mantém
você quente porque aprisiona o ar entre suas fibras. De fato, muitos materiais isolantes, como o isopor ou a fibra de vidro,
contêm grande quantidade de ar morto.
Se a temperatura varia de modo não uniforme ao longo do comprimento da barra não condutora, introduzimos
uma coordenada x ao longo do comprimento e escrevemos o gradiente de temperatura na forma geral dT/dx. A
𝑘.𝐴.(𝑇𝐻 −𝑇𝐶 )
generalização correspondente da equação 𝜑 = é dada por
𝐿

𝑑𝑄 𝑑𝑇
𝜑= = −𝑘𝐴
𝑑𝑇 𝑑𝑥

O sinal negativo mostra que o fluxo de calor ocorre sempre no sentido da diminuição da temperatura. Se a
temperatura aumentar com o aumento de x, então dT/ dx > 0 e φ < 0; o valor negativo de φ, neste caso, significa que o
calor é transferido na direção x negativa, da temperatura alta para a baixa.
No isolamento térmico de edifícios, os engenheiros usam o conceito de resistência térmica, designado por R.
A resistência térmica R de uma placa com área A é definida de modo que a taxa de transferência de calor H seja dada por

𝐴(𝑇𝐻 − 𝑇𝐶 )
𝜑=
𝑅

48
𝑘.𝐴.(𝑇𝐻 −𝑇𝐶 )
onde TH e TC são as temperaturas das duas faces da placa. Comparando essa relação com a equação 𝜑 = ,
𝐿
vemos que R é dado por

𝐿
𝑅=
𝑘

onde L é a espessura da placa. A unidade SI de R é 1 m2 . K/W. Nas unidades usadas para materiais comerciais nos
Estados Unidos, H é expresso em Btu/h, A está em pé 2, e TH - TC em °F. (1 Btu/h = 0,293 W.) As unidades de R são,
então, pé2 . °F . h/Btu, embora os valores de R normalmente sejam indicados sem unidades; uma camada de fibra de vidro
com 6 polegadas de espessura tem um valor de R igual a 19 (ou seja, R = 19 pés 2 . °F . h/Btu), uma placa de 2 polegadas
de espuma de poliuretano tem um valor de R igual a 12, e assim por diante. Dobrando-se a espessura da placa, o valor de
R também dobra. Uma prática comum nas novas construções em climas muito frios do hemisfério norte é empregar
valores de R em torno de 30 para paredes externas e tetos. Quando o material isolante é disposto em camadas, como no
caso de paredes duplas, isolamento com fibra de vidro e parte externa com madeira, os valores de R são somados. Você
saberia dizer por quê?

Radiação

Radiação é a transferência de calor por meio de ondas eletromagnéticas, como a luz visível, a radiação
infravermelha e a radiação ultravioleta. Todo mundo já sentiu o calor da radiação solar e o intenso calor proveniente das
brasas de carvão de uma churrasqueira ou uma lareira. A maior parte do calor proveniente desses corpos quentes atinge
você por radiação, e não por condução ou convecção do ar. O calor seria transferido a você mesmo que entre você e a
fonte de calor existisse apenas vácuo.

FIGURA 1.21 Imagem em infravermelho de uma pessoa

Qualquer corpo, mesmo a uma temperatura normal, emite energia sob a forma de radiação eletromagnética.
A uma temperatura normal, digamos a 20 °C, quase toda a energia é transportada por ondas infravermelhas com
comprimentos de onda muito maiores que os da luz visível. À medida que a temperatura aumenta, os comprimentos de
onda passam a ter valores menores. A 800 °C, um corpo emite radiação visível em quantidade suficiente para adquirir
luminosidade própria e parecer “vermelho quente”, embora, mesmo nessa temperatura, a maior parte da energia seja
transportada por ondas infravermelhas. A 3.000 °C, a temperatura característica do filamento de uma lâmpada
incandescente, a radiação contém luz visível suficiente para que o corpo pareça “branco quente”.
A taxa de radiação de energia de uma superfície é proporcional à área A da superfície e à quarta potência da
temperatura absoluta (Kelvin) T. Essa taxa também depende da natureza da superfície; essa dependência é descrita por
uma grandeza e, denominada emissividade. Sendo um número sem dimensões compreendido entre 0 e 1, e representa a
razão entre a taxa de radiação de uma superfície particular e a taxa de radiação de uma superfície de um corpo ideal com
as mesmas área e temperatura. A emissividade também depende ligeiramente da temperatura. Logo, podemos expressar
a taxa de transferência de calor φ = dQ/dt devida à radiação de uma superfície pela relação

𝜑 = 𝐴𝑒𝜎𝑇 4

Esta relação é denominada lei de Stefan-Boltzmann em homenagem a seus descobridores, que viveram no
final do século XIX. A constante de Stefan-Boltzmann σ (letra grega sigma) é uma constante fundamental; seu melhor
valor numérico atualmente conhecido é

𝜎 = 5,670373 ∗ 10−8 𝑊 > 𝑚2 ∗ 𝐾 4

49
Convidamos você a conferir a compatibilidade das unidades da equação 𝜑 = 𝐴𝑒𝜎𝑇 4 . A emissividade (e) de
uma superfície escura é geralmente maior que a de uma superfície clara. A emissividade de uma superfície lisa de cobre
é igual a aproximadamente 0,3, porém o valor de e para uma superfície negra pode se aproximar de um.

Radiação e absorção

Enquanto um corpo com temperatura absoluta T está irradiando, o ambiente que está a uma temperatura Ts
também está irradiando, e o corpo absorve parte dessa radiação. Caso ele esteja em equilíbrio térmico com o meio
ambiente, T = Ts, e a taxa de emissão da radiação é igual à taxa de absorção. Para que isso seja verdade, a taxa de absorção
deve ser dada em geral por 𝜑 = 𝐴𝑒𝜎𝑇𝑠 4 . Então, a taxa de radiação resultante de um corpo a uma temperatura T imerso
em um ambiente que está a uma temperatura Ts é dada por 𝐴𝑒𝜎𝑇 4 − 𝐴𝑒𝜎𝑇𝑠 4 , ou

𝜑 = 𝐴𝑒𝜎(𝑇 4 − 𝑇𝑠 4 )

Na equação acima, um valor positivo de φ significa que o fluxo de calor resultante ocorre para fora do corpo.
Isso acontecerá se T > Ts.

Aplicações da radiação

A transferência de calor por radiação é importante em alguns cenários surpreendentes. Um bebê prematuro
em uma incubadora pode esfriar perigosamente se as paredes da incubadora estiverem frias, mesmo que o ar em seu
interior esteja quente. Algumas incubadoras regulam a temperatura do ar medindo a temperatura da pele do bebê.
Um corpo que absorve bem o calor também o emite bem. Um irradiador ideal, com emissividade 𝑒 = 1,
também é um absorvedor ideal, absorvendo toda a radiação que incide sobre ele. Tal superfície ideal chama-se corpo
negro ideal, ou simplesmente corpo negro. Reciprocamente, um refletor ideal, que não absorve nenhuma radiação,
também é um irradiador bastante ineficaz.
Essa é a razão do uso de uma película prateada no interior de garrafas com vácuo entre as paredes externas
(garrafas “térmicas”), inventadas por Sir James Dewar (1842-1923). Uma garrafa térmica possui uma parede dupla de
vidro. O ar é bombeado para fora do espaço entre essas paredes; isso elimina quase todo o calor transmitido por condução
e por convecção. A película prateada nas paredes internas provoca a reflexão da maior parte da radiação proveniente do
interior da garrafa, fazendo a radiação voltar para seu interior, e a própria parede é um emissor muito pobre. Portanto,
uma garrafa térmica pode manter o café ou a sopa aquecida durante horas. A garrafa de Dewar, usada para armazenar
gases liquefeitos muito frios, funciona com base nesse mesmo princípio.

Radiação, clima e mudança de clima

Nosso planeta absorve constantemente radiação vinda do Sol. No equilíbrio térmico, a taxa na qual nosso
planeta absorve radiação solar precisa ser igual à taxa na qual ele emite radiação no espaço. A presença de uma atmosfera
em nosso planeta tem um efeito significativo sobre esse equilíbrio.
A maior parte da radiação emitida pelo Sol (que possui uma temperatura de 5.800 K na superfície) está na
parte visível do espectro, para a qual nossa atmosfera é transparente. Porém, a temperatura média na superfície da Terra
é de apenas 287 K (14 °C). Logo, a maior parte da radiação que nosso planeta emite para o espaço é radiação
infravermelha, assim como a radiação da pessoa mostrada na Figura 1.21. Porém, nossa atmosfera não é completamente
transparente à radiação infravermelha. Isso porque ela contém dióxido de carbono (CO 2), que é seu quarto constituinte
mais abundante (depois de nitrogênio, oxigênio e argônio). As moléculas de CO 2 na atmosfera absorvem parte da radiação
infravermelha que sobe da superfície. Então, elas reirradiam a energia absorvida, mas parte dessa energia reirradiada é
direcionada de volta para a superfície, em vez de escapar para o espaço. Para manter o equilíbrio térmico, a superfície da
Terra precisa compensar esse aumento de sua temperatura T e, por conseguinte, sua taxa total de energia radiante (que é
proporcional a T4). Esse fenômeno, chamado de efeito estufa, faz com que a temperatura da superfície do nosso planeta
seja aproximadamente 33 °C maior do que seria se não houvesse CO 2 atmosférico. Se o CO2 não estivesse presente, a
temperatura média da superfície da Terra estaria abaixo do ponto de congelamento da água, e a vida como a conhecemos
seria impossível.
Embora o CO2 atmosférico tenha benefícios, grande parte dele pode ter consequências extremamente
negativas. As medições do ar aprisionado no gelo antigo da Antártica mostram que, pelos últimos 650.000 anos, o CO 2
tem constituído menos de 300 partes por milhão de nossa atmosfera. Porém, desde o início da era industrial, a queima de
combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, tem elevado a concentração de CO 2 atmosférico para níveis sem
precedentes. Em decorrência disso, desde a década de 1950, a temperatura média da superfície global aumentou em 0,6
°C, e a Terra tem experimentado os anos mais quentes já registrados. Se continuarmos a consumir combustíveis fósseis
na mesma proporção, por volta de 2050 a concentração atmosférica de CO 2 atingirá 600 partes por milhão. O aumento de
temperatura resultante teria efeitos dramáticos sobre o clima global. Nas regiões polares, quantidades enormes de gelo se
derreteriam e correriam para o mar, aumentando assim os níveis dos oceanos em todo o globo, ameaçando as casas e as

50
vidas de centenas de milhões de pessoas que vivem próximas da costa. Um dos maiores desafios enfrentados pela
civilização no século XXI é prevenir-se contra essas ameaças.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Uma chaleira de alumínio com massa igual a 1,10 kg e contendo 1,80 kg de água é colocada para esquentar em um
fogão. Supondo que não haja nenhuma perda de calor para o ambiente, qual é a quantidade de calor a ser adicionada para
elevar a temperatura de 20,0 °C a 85,0 °C?

2. Aquecedores de água por demanda. Os aquecedores de água quente convencionais consistem em um tanque de água
mantido a uma temperatura fixa. A água quente será usada quando necessário. As desvantagens são que a energia é
desperdiçada, pois o tanque perde calor quando não está em uso, e que você pode ficar sem água quente se utilizá-la em
demasia. Algumas empresas de energia elétrica estão encorajando o uso de aquecedores de água por demanda (também
conhecidos como aquecedores flash), que consistem em unidades de aquecimento para aquecer a água à medida que você
a utiliza. Não existe reservatório de água e, portanto, nenhum calor é desperdiçado. A taxa de uso de água em um chuveiro
doméstico é de 9,46 L/min, com a água sendo aquecida de 10 °C para 49 °C pelo aquecedor por demanda. Que taxa de
entrada de calor (por eletricidade ou por gás) é necessária para operar essa unidade, supondo que todo o calor vá para a
água?

3. PC Uma bala de 15,0 g viajando horizontalmente a 865 m/s atravessa um tanque contendo 13,5 kg de água e emerge
com uma velocidade de 534 m/s. Qual é o aumento de temperatura máximo que a água poderia ter em consequência desse
evento?

4. Um bloco de 500,0 g de um metal desconhecido, que esteve na água fervente por vários minutos, é rapidamente
colocado dentro de um copo de isopor (isolante) contendo 1,00 kg de água à temperatura ambiente (20,0 °C). Depois de
esperar e mexer delicadamente por 5,00 minutos, você observa que a temperatura da água alcançou o valor constante de
22,0 °C. (a) Supondo que o isopor absorva uma quantidade desprezível de calor e que nenhum calor seja perdido para o
ambiente, qual é o calor específico do metal? (b) Que material é mais útil para armazenar energia térmica: esse metal ou
uma quantidade igual de água? Explique. (c) Suponha agora que o calor absorvido pelo isopor não seja desprezível. O
calor específico calculado na parte (a) seria alto demais, baixo demais ou continuaria sendo correto?

5. Um ferreiro resfria um pedaço de ferro de 1,20 kg, inicialmente a 650,0 °C, derramando água a 15,0 °C sobre ele. Toda
a água ferve, e o ferro acaba ficando com 120,0 °C. Quanta água o ferreiro precisou derramar sobre o ferro?

6. Um calorímetro de cobre com massa igual a 0,100 kg contém 0,160 kg de água e 0,0180 kg de gelo em equilíbrio
térmico na pressão atmosférica. Se um bloco de chumbo de 0,750 kg, a uma temperatura de 255 °C, for colocado no
recipiente, qual será a temperatura final de equilíbrio? Suponha que não ocorra nenhuma perda de calor para o ambiente.

7. Uma panela de cobre com massa de 0,500 kg contém 0,170 kg de água, e ambos estão a 20,0 °C. Um bloco de ferro de
0,250 kg a 85,0 °C é jogado na panela. Determine a temperatura final do sistema, supondo que não ocorra nenhuma perda
de calor para o ambiente.

8. Uma bandeja de cubos de gelo com massa desprezível contém 0,290 kg de água a 18,0 °C. Qual é a quantidade de calor
necessária para esfriar a água até 0,0 °C e solidificá-la? Dê a resposta em joules, calorias e Btu.

9. Um recipiente aberto contém 0,550 kg de gelo a -15,0 °C. A massa do recipiente pode ser desprezada. Fornecemos
calor ao recipiente a uma taxa de 800,0 J/min durante 500,0 min. (a) Depois de quantos minutos o gelo começa a derreter?
(b) Depois de quantos minutos, a partir do momento em que o aquecimento começou, a temperatura começará a se tornar
maior que 0,0 °C? (c) Faça um gráfico mostrando a temperatura em função do tempo decorrido.

10. PC Um asteroide com diâmetro de 10 km e massa de 2,60 × 10 15 kg cai sobre a Terra à velocidade de 32,0 km/s,
aterrissando no Oceano Pacífico. Se 1,0% da energia cinética do asteroide é utilizada na vaporização da água do oceano
(suponha uma temperatura inicial da água de 10,0 °C), qual a massa de água que será vaporizada pela colisão? (A título
de comparação, a massa de água contida no Lago Superior é cerca de 2 × 10 15 kg.)

11. Um recipiente isolado de massa desprezível contém 0,250 kg de água a uma temperatura de 75,0 °C. Quantos
quilogramas de gelo a uma temperatura de -20,0 °C devem ser colocados na água para que a temperatura final do sistema
seja igual a 40,0 °C?

12. Um vaso cujas paredes são termicamente isoladas contém 2,40 kg de água e 0,450 kg de gelo, tudo a 0,0 °C. Um tubo
proveniente de um aquecedor que produz vapor de água em ebulição na pressão atmosférica é colocado no interior da
51
água. Quantos gramas de vapor d’água devem condensar no interior do vaso (também na pressão atmosférica) para fazer
a temperatura do sistema chegar a 28,0 °C? Despreze o calor transferido para o recipiente.

13. Uma das extremidades de uma barra metálica isolada é mantida a 100,0 °C, e a outra extremidade é mantida a 0,0 °C
por uma mistura de gelo e água. A barra tem 60,0 cm de comprimento e uma seção reta com área igual a 1,25 cm 2. O
calor conduzido pela barra produz a fusão de 8,50 g de gelo em 10,0 min. Ache a condutividade térmica k do metal.

14. Um carpinteiro constrói a parede externa de uma casa usando uma camada de madeira com 3,0 cm de espessura e
uma camada de isopor com espessura de 2,2 cm na superfície interna da parede. A madeira possui k = 0,080 W/m . K e o
isopor possui k = 0,027 W/m . K. A temperatura da superfície interna da parede é igual a 19,0 °C e a temperatura da
superfície externa é igual a -10,0 °C. (a) Qual é a temperatura na superfície da junção entre a madeira e o isopor? (b) Qual
é a taxa de transferência de calor por metro quadrado através dessa parede?

15. você foi encarregado de projetar uma barra de aço cilíndrica de 50,0 cm de comprimento, com uma seção reta circular,
que conduzirá 190,0 J/s de um forno a 400,0 °C a um recipiente de água fervente à pressão de uma atmosfera. Qual deve
ser o diâmetro da barra?

16. uma janela panorâmica tem dimensões de 1,40 m × 2,50 m e é feita de vidro com 5,20 mm de espessura. Em um dia
de inverno, a temperatura exterior é -20,0 °C, enquanto a temperatura interior é confortável: 19,5 °C. (a) Qual a taxa de
perda de calor por condução pela janela? (b) Qual seria a taxa de perda de calor se você cobrisse a janela com uma camada
de papel de 0,750 mm de espessura (condutividade térmica de 0,0500 w/m . K)?

17. uma panela esférica contém 0,75 L de café quente (basicamente água) a uma temperatura inicial de 95 °C. a panela
tem uma emissividade de 0,60, e o ambiente está a 20,0 °C. calcule a taxa de perda de calor por radiação do café.

18. a emissividade do tungstênio é igual a 0,350. uma esfera de tungstênio com raio de 1,50 cm está suspensa no interior
de um grande recipiente a vácuo cujas paredes estão a 290,0 K. Que potência deve ser fornecida à esfera para manter sua
temperatura em 3.000,0 K, desprezando-se a condução de calor ao longo do suporte da esfera?

19. Sentir calafrios é a forma de seu corpo gerar calor para restaurar sua temperatura interna aos 37 °C normais, e ele
produz aproximadamente 290 W de potência de calor por metro quadrado de área do corpo. Uma mulher de 68 kg e 1,78
m de altura tem aproximadamente 1,8 m2 de área na superfície. Quanto tempo essa mulher teria de tremer para elevar sua
temperatura corporal em 1,0 °C, supondo que o corpo não perca nada desse calor? O calor específico do corpo humano é
cerca de 3.500 J/kg . K.

20. Você resfria um pedaço de ferro candente (temperatura igual a 745 °C), de massa igual a 100,0 g, mergulhando-o em
um recipiente isolado de massa desprezível contendo 85,0 g de água a 20,0 °C. Supondo que não haja nenhuma troca de
calor com o meio ambiente, (a) qual é a temperatura final da água e (b) qual é a massa final do ferro e da água restante?

21. Água quente versus aquecimento a vapor. Em um sistema de aquecimento domiciliar, a água é enviada aos radiadores
a 70,0 °C e sai deles a 28,0 °C. O sistema deve ser substituído por outro no qual o vapor d’água a uma pressão de 1 atm
se condensa nos radiadores, e o vapor condensado deixa os radiadores a 35,0 °C. Quantos quilogramas de vapor fornecerão
o mesmo calor que foi fornecido por 1,00 kg de água quente no primeiro sistema?

22. Você tem 1,50 kg de água a 28,0 °C em um recipiente isolado e com massa desprezível. São adicionados 0,600 kg de
gelo inicialmente a -22,0 °C. Suponha que nenhum calor seja trocado com o ambiente. (a) Após o equilíbrio térmico, todo
o gelo terá sido derretido? (b) Se todo o gelo estiver derretido, qual é a temperatura final da água no recipiente? Se restar
algum gelo, qual é a temperatura final da água no recipiente e quanto resta de gelo?

23. Uma enfermeira com sede resfria uma garrafa de 2,00 L de um refrigerante (água, em sua maior parte) derramando-
o em uma grande caneca de alumínio com massa de 0,257 kg e acrescentando 0,120 kg de gelo inicialmente a -15,0 °C.
Se o refrigerante e a caneca estiverem inicialmente a 20,0 °C, qual é a temperatura final do sistema, supondo que nenhum
calor seja perdido?

24. Um calorímetro de cobre com 0,446 kg de massa contém 0,0950 kg de gelo. O sistema está inicialmente a 0,0 °C. (a)
Adicionando-se 0,0350 kg de vapor d’água a 100,0 °C e 1,00 atm de pressão à água do recipiente do calorímetro, qual
será a temperatura final do calorímetro e de seu conteúdo? (b) Na temperatura final, quantos quilogramas de gelo, quanto
vapor d’água e quantos litros de água existem no calorímetro?

25. Em um recipiente de massa desprezível, misturamos 0,0400 kg de vapor d’água a 100 °C e adiciona-se pressão
atmosférica a 0,200 kg de água a 50,0 °C. (a) Se nenhum calor é perdido para as vizinhanças, qual é a temperatura final
do sistema? (b) Quantos quilogramas de vapor d’água e de água líquida permanecem em equilíbrio na temperatura final?
52
26. Calcule a razão entre a perda de calor de uma janela simples com área de 0,15 m 2 e a perda de calor de uma janela
dupla com a mesma área. A espessura do vidro de uma janela simples é 4,2 mm, e o espaço de ar entre os vidros de uma
janela dupla tem espessura de 7,0 mm. A condutividade térmica do vidro é igual a 0,80 W/m . K. A película de ar sobre
a superfície interna da sala e a película sobre a superfície externa produzem uma resistência térmica conjunta de 0,15 m2
. K/W.

27. Três barras, uma de latão (12,0 cm de comprimento), uma de cobre (18,0 cm) e outra de alumínio (24,0 cm) — cada
qual com uma área da seção reta igual a 2,30 cm3 — são soldadas juntas para formar uma barra com 54,0 cm, com o cobre
na seção do meio. A extremidade livre da seção de latão é mantida a 100,0 °C, e a extremidade livre da seção de alumínio
é mantida a 0,0 °C. Suponha que não exista perda de calor nas superfícies curvas e que a transferência de calor estacionária
tenha sido estabelecida. Qual é (a) a temperatura T1 no ponto da junção entre as seções de latão e cobre; (b) a temperatura
T2 no ponto da junção entre as seções de cobre e alumínio; (c) a transferência de calor na seção de alumínio?

28. Uma garrafa térmica para o hélio líquido. Um físico usa um recipiente cilíndrico metálico com diâmetro de 0,090 m
e altura de 0,250 m para armazenar hélio líquido a 4,22 K; nessa temperatura, o calor de vaporização do hélio é igual a
2,09 × 104 J/kg. Envolvendo completamente o cilindro metálico estão paredes externas conservadas a uma temperatura
do nitrogênio líquido, 77,3 K, havendo vácuo entre o cilindro interno e a parede externa. Qual é a quantidade de hélio
perdida por hora? A emissividade do cilindro metálico é 0,200. A única transferência de calor entre o cilindro metálico e
as paredes externas ocorre por radiação.

29. As calotas de gelo da Groenlândia e da Antártida contêm cerca de 1,75% de toda a água (em massa) da superfície da
Terra; os oceanos contêm cerca de 97,5%, e o 0,75% restante é composto principalmente pelos lençóis freáticos. Suponha
que as calotas de gelo, atualmente a uma temperatura média de cerca de -30 °C, deslizassem para dentro dos oceanos e
derretessem. Qual seria a resultante diminuição na temperatura do oceano? Suponha que a temperatura média da água do
oceano seja atualmente 5,00 °C.

30. Verifique se a estimativa de Joule para a variação de temperatura da água entre o sopé e o topo das cataratas de
Niágara era correta, calculando a máxima diferença de temperatura possível devida à queda da água. A altura de queda é
de 50 m.

31. A capacidade térmica molar (a volume constante ) de um sólido a baixas temperaturas, T << TD, onde TD é a
temperatura de Debye , é dada por: CV » 464 (T/Td)³ cal/mol.K. Para o NaCl, TD » 281K.
a) Calcule a capacidade térmica molar média CV do NaCl entre Ti = 10K e Tf = 20K.
b) Calcule a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1 kg de NaCl de 10 K para 20 K.

32. Um bloco de gelo de 1 tonelada, destacado de uma geleira, desliza por um a encosta de 10° de inclinação com
velocidade constante de 0,1 m/s. O calor latente de fusão do gelo (quantidade de calor necessária para liquefação por
unidade de massa) é de 80 cal/g. Calcule a quantidade de gelo que se derrete por minuto em consequência do atrito.

32. A constante solar, quantidade de energia solar que chega à Terra por unidade de tempo e área, acima da atmosfera e
para um elemento de área perpendicular à direção dos raios solares, é de 1.36 kW/m². Para um elemento de área cuja
normal faz um ângulo q com a direção dos raios solares, o fluxo de energia varia com cosθ.
a) Calcule a quantidade total de energia solar que chega à Terra por dia.
Sugestão: Para um elemento de superfície dS, leve em conta a interpretação de dS cosθ como projeção sobre um plano.
b) Sabe-se que ≈ 23% da energia solar incidente sobre a água vão produzir evaporação. O calor latente de vaporização
da água à temperatura ambiente (quantidade de calor necessária para vaporizá-la por unidade de massa) é ≈ 590 cal/g.
Sabendo que ≈ 71% da superfície da Terra são cobertos por oceanos, calcule a profundidade da camada de água dos
oceanos que seria evaporada por dia pela energia solar que chega à Terra.

33. Um calorímetro de alumínio de 250 g contém 0,5 l de água a 20°C, inicialmente em equilíbrio. Coloca-se dentro do
calorímetro um bloco de gelo de 100 g. Calcule a temperatura final do sistema. O calor específico do alumínio é 0,21
cal/gºC e o calor latente de fusão do gelo é de 80 cal/g (durante o processo de fusão, o gelo permanece a 0°C).

34. Um calorímetro de latão de 200 g contém 250 g de água a 30°C, inicialmente em equilíbrio. Quando 150 g de álcool
etílico a 15°C são despejadas dentro do calorímetro, a temperatura de equilíbrio atingida é de 26,3°C. O calor específico
do latão é 0,09 cal/g. Calcule o calor específico do álcool etílico.

35. Um calorímetro de capacidade térmica igual a 50 cal/g contém uma mistura de 100 g de água e 100 g de gelo, em
equilíbrio térmico. Mergulha-se nele um aquecedor elétrico de capacidade térmica desprezível, pelo qual se faz passar
uma corrente, com potência P constante. Após 5 minutos, o calorímetro contém água a 39,7°C. O calor latente de fusão é
80 cal/g. Qual é a potência (em W) do aquecedor?
53
36. O calor específico de um fluido pode ser medido com o auxílio de um calorímetro de fluxo (fig.). O fluido atravessa
o calorímetro num escoamento estacionário, com vazão de massa Vm (massa por unidade de tempo) constante.
Penetrando à temperatura Ti, o fluido passa por um aquecedor elétrico de potência P constante e emerge com temperatura
Tf, em regime estacionário. Numa experiência com benzeno, tem-se Vm = 5 g/s, P = 200 W, Ti = 15°C e Tf = 38,3°C.
Determine o calor específico do benzeno.

Ti Tf

Vm P Vm

37. Num dos experimentos originais de Joule, o trabalho era produzido pela queda de uma massa de 26,3 kg de uma altura
de 1,60 m, repetida 20 vezes. O equivalente em água da massa da água e do calorímetro que a continha era de 6,32 kg e
a variação de temperatura medida foi de 0,313°C. Que valor para o equivalente mecânico da caloria resulta destes dados
experimentais?

38. A uma temperatura ambiente de 27°C, uma bala de chumbo de 10g, com uma velocidade de 300 m/s, penetra num
pêndulo balístico de massa igual a 200 g e fica retida nele. se a energia cinética dissipada pela bala fosse totalmente gasta
em aquecê-la, daria para derreter uma parte dela? Em caso afirmativo, quantas gramas? O calor específico do chumbo é
0,031 cal/g°C, sua temperatura de fusão é de 327°C e o calor latente de fusão é 5,85cal/g.

39. Uma barra de secção transversal constante de 1 cm² de área tem 15 cm de comprimento, dos quais 5 cm de alumínio
e 10 cm de cobre. A extremidade de alumínio está em contato com um reservatório térmico a 100°C, e a de cobre com
outro, a 0°C. A condutividade térmica do alumínio é 0,48 cal/s.cm.°C e a do cobre é 0,92 cal/s.cm.°C.
a) Qual é a temperatura da barra na junção entre o alumínio e o cobre?
b) Se o reservatório térmico a 0°C é uma mistura de água com gelo fundente,
qual é a massa de gelo que se derrete por hora? O calor latente de fusão do gelo é 80 cal/g.

40. Uma barra metálica retilínea de secção homogênea é formada de três segmentos de materiais diferentes, de
comprimentos l1, l2 e l3, e condutividades térmicas k1, k2 e k3, respectivamente. Qual é a condutividade térmica k da barra
como um todo (ou seja, de uma barra equivalente de um único material e comprimento l 1 + l2 + l3)?

54
EXERCÍCIOS

01. Para muitas substâncias, existem uma temperatura TT e uma pressão pT, na qual coexistem as três fases (sólida, líquida
e vapor) em equilíbrio. Essa temperatura e pressão são conhecidas como o ponto triplo. Para a água, por exemplo, T T
= 0,0075 °C e pressão pT = 4,58 mmHg. O calor latente de vaporização da água no ponto triplo é dado por Lvap =
2,48 ∙ 103 kJ/kg, e o calor latente de fusão do gelo é L fus = 0,34 ∙ 103 kJ/kg. Podemos afirmar que o calor latente de
sublimação direta é dado por
A) 8,27 ∙ 103 kJ/kg
B) 2,14 ∙ 103 kJ/kg
C) 1,41 ∙ 103 kJ/kg
D) 5,64 ∙ 103 kJ/kg
E) 2,82 ∙ 103 kJ/kg

02. Em um cilindro, vedado por um êmbolo de área S = 100 cm 2, existem 18 g de água à temperatura Ɵ0 = 32 °F. O
cilindro será levado a uma temperatura de Ɵf = 392 °F. A qual altura irá se elevar o cilindro, com uma massa de M
= 100 kg sobre ele.? A pressão atmosférica vale Patm = 105 Pa. A pressão de vapor saturado a Ɵf = 392 °F é igual a Ps
= 1,6 ∙ 106 Pa.
A) 1,0 m
B) 1,9 m
C) 2,7 m
D) 3,2 m
E) 4,6 m

03. A temperatura de fusão de uma substância depende da pressão que é


exercida sobre ela. O aumento de pressão sobre um corpo ocasiona, na sua
temperatura de fusão,
A) um acréscimo, se o corpo, ao se fundir, se expande.
B) um acréscimo, se o corpo, ao se fundir, se contrai.
C) um decréscimo, se o corpo, ao se fundir, se expande.
D) um decréscimo para qualquer substância.
E) um acréscimo para qualquer substância.

04. As grandes geleiras que se formam no alto das montanhas deslizam porque
A) o gelo é muito liso, ocorrendo pequeno atrito entre o bloco de gelo e o chão.
B) a componente tangencial do peso é a única força atuante sobre as geleiras.
C) o vento as desgruda do chão.
D) o aumento de pressão na parte inferior das geleiras, devido ao seu peso, funde o gelo, soltando-as do chão.

05. O gráfico a seguir mostra a curva de resfriamento de 100 g de água, em um processo lento e sem agitação.

Sendo o calor latente de fusão do gelo igual a 80 cal/g e o calor específico da água 1,0 cal/g °C, qual a massa de água
que se solidifica no trecho CD?
55
06. O calor específico de um sólido, à pressão constante, varia linearmente com a temperatura, de acordo com o gráfico:

Qual a quantidade de calor, em calorias, necessária para aquecer 1 g desse sólido de 10 °C até 20 °C?

07. Inicialmente, 48 g de gelo a 0 °C são colocados em um calorímetro de alumínio de 2,0 g, também a 0 °C. Em seguida,
75 g de água a 80 °C são despejados dentro desse recipiente. Calcule a temperatura final do conjunto.
Dados: calor latente do gelo Lg = 80 cal/g
calor específico da água CH2O = 1,0 cal g-1 °C-1
calor específico do alumínio CA, = 0,22 cal g-1 °C-1

08. Um dos processos de transformação do estado líquido para o estado gasoso chama-se evaporação. Esse processo é
natural e pode ser considerado um caso particular de vaporização. Os fatos a seguir estão relacionados com a
evaporação e/ou com o aumento da velocidade de evaporação, exceto:
A) A água contida em uma moringa de barro é mais fria que a água contida em uma moringa de louça.
B) Uma roupa molhada seca mais depressa em um dia quente que em um dia frio, em iguais condições de umidade
do ar.
C) Uma roupa molhada seca mais depressa em um dia seco que em um dia úmido.
D) Em um dia de vento, sentimos frio ao sair de uma piscina com o corpo molhado.
E) Ao tocarmos uma peça de metal e outra de isopor, em um dia frio, sentimos que o metal está mais frio que o
isopor.

09. (ITA-SP) Em uma aula prática sobre ebulição, faz-se o seguinte experimento: leva-se até a fervura a água de um
balão (não completamente cheio). Em seguida, fecha-se o frasco e retira-se do fogo. Efetuando-se um resfriamento
brusco do balão, a água volta a ferver. Isso se dá porque
A) na ausência do ar, a água ferve com maior facilidade.
B) a redução da pressão do vapor no frasco é mais rápida que a queda de temperatura do líquido.
C) com o resfriamento, a água se contraí, expulsando bolhas de ar que estavam no seio do líquido
D) com o resfriamento brusco, a água evapora violentamente.
E) com o resfriamento brusco, o caminho livre médio das moléculas no líquido aumenta.

56
10.

A figura I representa um cabide dependurado na extremidade de uma mola de constante elástica k = 50 N/m. Na
figura II, têm-se a nova situação de equilíbrio logo após a roupa molhada ser colocada no cabide e ser exposta ao sol
para secar, provocando na mola uma deformação inicial x = 18 cm. O tempo de insolação foi mais do que suficiente
para secar a roupa completamente.
A variação da deformação da mola (em cm), em função do tempo (em horas) em que a roupa ficou sob a ação dos
raios solares, está registrada no gráfico da figura III (g = 10 m/s2).
Considere que cada grama de água para vaporizar absorve 500 cal de energia e determine:
A) o peso da água que evaporou.
B) a potência média de radiação solar absorvida pela roupa, supondo ser ela a única responsável pela evaporação da
água.

11. Pode-se conseguir a sublimação do gelo quando ele é submetido à


A) pressão e temperatura inferiores às do ponto tríplice.
B) pressão e temperatura inferiores às do ponto crítico.
C) pressão e temperatura superiores às do ponto tríplice.
D) pressão e temperatura superiores às do ponto crítico.
E) Não se consegue a sublimação do gelo. Ele sempre transforma-se em água, para depois produzir a vaporização.

12. Um jovem apaixonado entrou em uma joalheria e escolheu um anel para presentear sua namorada. O joalheiro
garantiu que no anel, de 10 gramas, 90% eram ouro e 10% eram cobre. Para ter certeza, o estudante levou o anel até
o laboratório de Física da sua escola e realizou um experimento de calorimetria, a fim de determinar a massa real de
ouro. O anel foi aquecido em uma estufa até atingir a temperatura de 522 °C e, em seguida, foi colocado no interior
de um calorímetro com água. O sistema calorímetro-água tem capacidade térmica equivalente à de 100 gramas de
água e está à temperatura de 20 °C. A temperatura final de equilíbrio térmico foi de 22 °C.

Sabe-se que:
I. o calor específico da água vale 1,00 cal/g °C; o do ouro, 0,030 cal/g °C; e o do cobre, 0,090 cal/g °C;
II. o calor específico de uma liga metálica é igual à média ponderada dos calores específicos dos metais integrantes
da liga, sendo as respectivas massas os pesos da média.

Dessa forma, o estudante determinou que a massa real de ouro no anel era, aproximadamente, igual a:
A) 5,0 gramas.
B) 7,5 gramas.

57
C) 8,3 gramas.
D) 9,0 gramas.
E) 9,8 gramas.

13. Uma arma dispara um projétil de chumbo de massa 20,0 g, que se move de encontro a um grande bloco de gelo
fundente. No impacto, o projétil tem sua velocidade reduzida de 100 m/s para 0 e entra em equilíbrio térmico com o
gelo. Não havendo dissipação de energia, ocorre a fusão de 2,25 g de gelo. Sendo o calor específico sensível do
chumbo igual a 0,031 cal/g °C e o calor específico latente de fusão do gelo igual a 80 cal/g, qual era a temperatura
do projétil no momento do impacto?
Dado: 1 cal = 4 J.

14. Uma barra metálica de massa m e comprimento L0, a uma temperatura T0, é colocada em um calorímetro de
capacidade térmica C, que tem em seu interior, há muito tempo, uma massa de água M, a uma temperatura T. Após
um certo tempo, percebeu-se que a barra estava com um comprimento igual a 0,98 L0. Podemos afirmar, então, que
o coeficiente de dilatação linear do metal que constitui a barra vale:

Dados:
• Calor específico da barra: c;
• Calor específico da água: c0

𝑀𝐶0 𝑇
A) 0,02/ (𝑇0 + mcT0 + )
𝑚
𝑀𝐶0 𝑇 + 𝑚𝑐𝑇 + 𝐶𝑇
B) 0,02/ (𝑇0 − )
𝑚𝑐 + 𝑀𝐶0 + 𝐶
𝑀𝐶0 𝑇 + 𝑚𝑐𝑇0
C) 0,01/ (𝑇0 − )
𝑚𝑐 + 𝑀𝐶0 + 𝐶
𝑀𝐶0 𝑇 + 2𝑚𝑐𝑇
D) 0,01/ (𝑇0 − )
𝑚𝑐 + 𝑀𝐶0 + 𝐶
E) NDA

15. Um pedaço de gelo de 150 g, à temperatura de -20 °C, é colocado dentro de uma garrafa térmica contendo 400 g de
água, à temperatura de 22 °C. São dados:
Calor específico do gelo = 0,50 cal/g °C;
Calor específico da água = 1,0 cal/g °C;
Calor de fusão do gelo = 80 cal/g.

Considerando a garrafa térmica como um sistema perfeitamente isolado e com capacidade térmica desprezível, pode-
se dizer que ao atingir o equilíbrio térmico o sistema no interior da garrafa apresenta-se como
A) um líquido a 10,5 °C.
B) um líquido a 15,4 °C.
C) uma mistura de sólido e líquido a 0 °C.
D) um líquido a 0 °C.
E) um sólido a 0 °C.

16. Um bloco de gelo de massa 3,0 kg, que está a uma temperatura de - 8,9 °C, é colocado em um calorímetro (recipiente
isolado de capacidade térmica desprezível) contendo 5,0 kg de água, à temperatura de 40,0 °C. Qual a quantidade de
gelo que sobra sem se derreter?
Dados: calor específico do gelo cg = 0,5 kcal/kg °C; calor latente de fusão do gelo: L = 80 kcal/kg.

17. Um vestibulando estava na cozinha de sua casa quando resolveu realizar uma experiência de trocas de calor que seu
professor de Física havia proposto. Para tanto, utilizou um caldeirão, uma garrafa de vidro, água e sal. Colocou água
no caldeirão e no interior da garrafa de vidro. O caldeirão foi colocado sobre a chama do fogão, e a garrafa, que
estava aberta, teve seu gargalo preso a um barbante, que, esticado, a mantinha afastada do fundo do caldeirão, porém

58
mergulhada na água. Após alguns minutos, ele observou que a água do caldeirão entrou em ebulição a 100 °C.
Podemos afirmar que
A) a água da garrafa também entrou em ebulição.
B) a água da garrafa não entrou em ebulição, mas chegou à temperatura de 100 °C.
C) a água da garrafa não entrou em ebulição porque não chegou à temperatura de 100 °C.
D) ao colocar um punhado de sal na água do caldeirão, notou que a água da garrafa entrou em ebulição.
E) as opções B e D estão corretas.

18. Uma esfera metálica de massa m1, calor específico c1 e coeficiente de dilatação linear α tem raio r0, a uma temperatura
T1. Tal esfera é imersa em um líquido de massa m 2 e calor específico c2, que se encontra à temperatura T2 > T1.
Supondo que o recipiente que contém o líquido está isolado termicamente, determine o raio da esfera no momento
do equilíbrio térmico.

19. Um recipiente com massa desprezível contém 0,250 kg de água a uma temperatura 75,0 °C. Quantos quilogramas de
gelo a uma temperatura -20,0 °C devem ser colocados na água para que a temperatura final do sistema seja igual a
30,0 °C?

20. (Fuvest/2003) Dois recipientes iguais, A e B, contêm , respectivamente, 2,0 litros e 1,0 litro de água, à temperatura
de 20 °C. Utilizando um aquecedor elétrico, de potência constante, e mantendo-o ligado durante 80 s, aquece-se a
água do recipiente A até a temperatura de 60 °C. A seguir, transfere-se 1,0 litro de água de A para B, que passa a
conter 2,0 litros de água à temperatura T. Essa mesma situação final, para o recipiente B, poderia ser alcançada
colocando-se 2,0 litros de água a 20 °C em B e, a seguir, ligando-se o mesmo aquecedor elétrico em B, mantendo-o
ligado durante um tempo aproximado de
A) 40 s
B) 60 s
C) 80 s
D) 100 s
E) 120 s

21. Um aluno quer obter um litro de água a ferver em uma garrafa térmica (considerada um sistema isolado). Para tal,
coloca na garrafa um litro de água a 20 °C e usa uma resistência de imersão de 840 W. Após dez minutos, a água
entra em ebulição; cinco minutos mais tarde, verifica que a água continua em ebulição, mas só restam 900 mL de
água na garrafa.

Observações:
I. Cágua = 4 ,19 x 103 J kg-1 ºC-1 (calor específico da água);
II. Considere que no início o conjunto também está a 20 °C, isto é, água, garrafa térmica e resistência.

A) Calcule a capacidade térmica total do conjunto (garrafa vazia + resistência).


B) Após acrescentar 100 mL de água a 20 °C ao conteúdo da garrafa, durante quanto tempo a resistência deve ficar
ligada para obter novamente um litro de água a 100 °C?

22. Um recipiente de vidro, de 500 g e calor específico 0,20 cal/g °C, contém 500 g de água cujo calor especifico é 1,0
cal/g °C. O sistema encontra-se isolado e em equilíbrio térmico. Quando recebe uma certa quantidade de calor, o
sistema tem sua temperatura elevada. Determine
A) a razão entre a quantidade de calor absorvida pela água e a recebida pelo vidro.
B) a quantidade de calor absorvida pelo sistema para uma elevação de 1,0 °C em sua temperatura.

59
23. Vaso de Dewar (garrafa térmica) tem paredes praticamente adiabáticas. De qualquer maneira, observa-se que as
perdas (pequenas) de energia podem ser eliminadas dos cálculos, bastando, para tanto, conduzir duas experiências
em que essas perdas sejam as mesmas. Nesse processo, o meio externo fornece ao liquido uma energia Q por meio
de um resistor mergulhado no líquido. Q é medido pelo produto da potência elétrica P fornecida e do intervalo de
tempo ∆t, durante o qual o resistor está ligado à fonte: Q = P ∙ ∆t.
1ª experiência: O vaso contém m1 = 0,2 kg de água (c1 = 4,2 kJ/kg ∙ K). A potência fornecida é P1 = 15 W e o resistor
permanece ligado durante 9 min 20 s. Observa-se um aumento de temperatura ∆Ɵ = 10 °C.
2ª experiência: Substitui-se a água pelo líquido cujo calor específico se quer medir. Toma-se a precaução de verter
um volume de líquido igual ao volume da água na 1ª experiência, sendo necessário m 2 = 0,15 kg de líquido.
A potência fornecida é ajustada de m odo que o mesmo aumento de temperatura se produza durante o mesmo intervalo
de tempo. Para tanto, P2 = 9 W. Qual é o calor específico do líquido?

24. (Mackenzie/2006) Em uma manhã fria do inverno paulistano, registrou-se, em um ambiente, a temperatura de 10 °C.
Uma garrafa térmica, inicialmente a esta temperatura, foi utilizada para acondicionar 180 g de café a 60 °C. Porém,
após um certo tempo (até o equilíbrio térmico), verificou-se que o café, na garrafa, havia esfriado um pouco e estava
a 55 °C. Essa mesma garrafa foi utilizada para acondicionar suco de frutas em um dia de verão, em que a temperatura
ambiente era 30 °C. Colocou-se então a massa de 180 g desse suco, inicialmente a 2 °C, na garrafa que estava à
temperatura ambiente. Considerou-se que as trocas de calor se davam apenas entre os líquidos e a garrafa, e que o
calor específico do suco é igual ao do café. Depois de atingido o equilíbrio térmico, a temperatura do suco passou a
ser
A) 0 °C
B) 1,2 °C
C) 3,0 °C
D) 4,8 °C
E) 6,0 °C

25. Uma fonte térmica pontual s emite energia calorífica H a cada segundo uniformemente em todas as direções. Um
recipiente cilíndrico de raio R, que contém um líquido de massa m, se coloca a uma distância h acima da fonte,
conforme mostra esquema a seguir. Depois de t segundos, a temperatura do líquido sobe de T1 a T2. Se o calor perdido
pelo recipiente em um segundo é H', determine o calor específico do líquido.
Despreze a capacidade térmica do recipiente.

60
26. Considere o esmeril de diâmetro de 200/π cm, acoplado ao eixo giratório do motor, cujo calor específico vale 900
J
. É mantido um bloco de calor específico simplesmente apoiado sobre o esmeril mediante a canaleta lisa indicada
Kg °C
na figura. Verifica-se que a taxa de elevação de temperatura do bloco é de 40 °C por minuto. Considerando o
coeficiente de atrito cinético entre o esmeril e o bloco igual a 0,6 e supondo que todo o calor liberado seja absorvido
pelo bloco, calcule a frequência de rotação do motor, em rpm.

27. Um reservatório de água, termicamente isolado do ambiente, é alimentado por duas canalizações, A e B, e abastece
um sistema distribuidor. O nível do reservatório é mantido constante e o eventual excesso de água se escoará por um
"ladrão" D, colocado em sua parte superior. A canalização A fornece 2,0 dm 3/s de água, a 20 °C, e a canalização B,
3,0 dm3/s de água, a 60 °C. O calor específico e a densidade da água podem ser supostos constantes no intervalo de
temperatura considerado e, nas alterações descritas, as vazões são mantidas constantes durante longo tempo.

A) Qual a temperatura da água que abastece o sistema distribuidor C, quando este retira 5,0 dm 3/s?
B) Quando o sistema distribuidor da água que sai é de 45 °C, qual a temperatura da água que escoa pelo "ladrão" D?

28. Em um belo dia frio de inverno, a temperatura do ar atmosférico é de -T °C. Um cilindro, de material perfeitamente
isolante, é preenchido com água a 0 °C. Sabendo que o calor latente de fusão da água vale L, a densidade do gelo
vale ρ e a condutividade térmica do gelo vale Kge|o, determine o tempo para toda a coluna de água (H) ser transformada
em gelo.
ρLH²
A)
2Kgelo T
ρL²H
B)
2Kgelo T
ρLH²
C)
4Kgelo T
ρLH²
D)
Kgelo T
ρL(H2 +L2 )
E)
Kgelo T

61
29. Uma esfera A é colocada sobre uma mesa perfeitamente lisa. Uma outra esfera B (igual à esfera A) é pendurada por
um fio isolante e inextensível. Uma igual quantidade de calor é absorvida pelas esferas. Podemos afirmar que

A) a temperatura final da esfera A é a mesma da temperatura final da esfera B.


B) a temperatura final da esfera A é maior que a temperatura final da esfera B.
C) a temperatura final da esfera A é menor que a temperatura final da esfera B.
D) a temperatura final da esfera B independe da altura que o seu centro está do solo, mesmo sabendo que a gravidade
diminui com a altura.
E) NDA

30. Coloca-se quantidades iguais de água em dois recipientes metálicos iguais. Em um deles, é imersa uma bolinha (de
dimensões desprezíveis e massa igual à massa das quantidades de água) pendurada por um barbante (isolante), de tal
maneira que a bolinha se encontra no centro do recipiente. Os vasos são aquecidos até o ponto de ebulição da água
e, em seguida, retornaram à temperatura ambiente. O vaso com a bolinha leva k vezes o tempo de resfriamento do
vaso sem a bolinha.
Assinale o item que contém a razão dos calores específicos cbolinha/cágua.
Obs.: Considere o processo lento para que, a cada instante, todos os pontos da água estejam a mesma temperatura e
que o vaso que contém a bolinha esteja sempre em equilíbrio térmico com o líquido. Despreze a capacidade térmica
do recipiente.
𝐶𝑏𝑜𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎
A) =𝑘+1
𝐶á𝑔𝑢𝑎
𝐶𝑏𝑜𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑘
B) =
𝐶á𝑔𝑢𝑎 2
𝐶𝑏𝑜𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎
C) =𝑘
𝐶á𝑔𝑢𝑎
𝐶𝑏𝑜𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎
D) =𝑘−1
𝐶á𝑔𝑢𝑎
𝐶𝑏𝑜𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎
E) = 2𝑘
𝐶á𝑔𝑢𝑎

31. A energia radiante que a Terra recebe do Sol sob incidência normal, por unidade de tempo e de área, é denominada
constante solar e vale (Cs) = 19,4 kcal/min∙m2. O gelo tem densidade absoluta d = 920 kg/m3 e calor de fusão L = 80
kcal/kg. Suponha que a Terra seja revestida por uma camada uniforme de gelo de espessura x, a 0 °C. Determine, em
metros, essa espessura, sob condição de que o gelo seja fundido em 30 dias por efeito do calor radiante proveniente
do Sol, que ele absorve integralmente, e com exclusão de qualquer outra troca de calor.
A) 1,4
B) 2,8
C) 5,6
D) 11,2
E) 22,4

32. Se sabe que ao esquentarmos ou resfriarmos a água, sem perturbar o sistema, podemos obter água em certo estado
líquido, à temperatura menor que 0 °C e maior que 100 °C. Em um calorímetro de capacidade calorífica igual a 1700
J/°C se encontra 1 kg a uma temperatura de -5 °C. É adicionada lentamente uma quantidade de 100 g de água a 120
°C. Qual será a temperatura estabelecida, aproximadamente, pelo calorímetro? O calor específico da água líquida é
1 cal/g.
A) 2,0 °C

62
B) -2 ,0 °C
C) 3,3 °C
D) 0 °C
E) 20,0 °C

33. O calor específico de um fluido pode ser medido com o auxílio de um calorímetro em um escoamento estacionário,
com vazão de massa Vm (massa por unidade de tempo) constante. Penetrando à temperatura T i, o fluido passa por
um aquecedor elétrico de potência P constante e emerge com temperatura T f, em regime estacionário. Em uma
experiência com benzeno, têm-se os dados a seguir. Considere que a área transversal não varia ao longo do
calorímetro.
Dados:
• Resistência do aquecedor: R = 2 Ω
• Força eletromotriz: ɛ = 20 V
• Vazão: Vm = 5 g/s
• Temperatura de entrada: Ti = 15 °C
• Temperatura de saída: Tf = 38,3 °C
• Considere que: 1 cal = 4,2 J
• Densidade média do benzeno: p = 876 kg/m3
• Área transversal: 20 cm2

Ti Tf

Vm P Vm

cal
A) Determine o calor específico do benzeno em .
𝑔∙°𝐶
B) Para esse mesmo fluxo, qual deve ser a velocidade do fluido?

34. Uma barra metálica é aquecida conforme a figura; A, B e C são termômetros. Admita a condução de calor em regime
estacionário e no sentido longitudinal da barra. Quando os termômetros das extremidades indicarem 200 °C e 80 °C,
o intermediário indicará
A) 138 °C
A B C
B) 175 °C
C) 140 °C 0,4m 0,6m
D) 125 °C
E) 100°C

35. O proprietário de uma casa está interessado em estimar a perda de calor (em kcal/s) por meio da camada de um
material isolante em função da espessura da camada.
Supondo que as temperaturas das duas superfícies da camada permanecem fixas, qual o gráfico que representa melhor
a transferência do calor em função da espessura do material isolante?
A)

∆Q
∆T

Espessura
B)

∆Q
∆T

63
Espessura
C)

∆Q
∆T

Espessura
D)

∆Q
∆T

Espessura
E) NRA

36. Duas esferas metálicas concêntricas, de raios r1 e r2 > r1, são mantidas, respectivamente, às temperaturas T 1 e T2, e
estão separadas por uma camada de material homogêneo de condutividade térmica K. Calcule a taxa de transmissão
de calor por unidade de tempo por meio dessa camada.

37. Em cada uma das situações descritas a seguir, você deve reconhecer o processo de transmissão de calor envolvido:
condução, convecção ou radiação.
I. As prateleiras de uma geladeira doméstica são grades vazadas para facilitar a ida da energia térmica até o
congelador por (...);
II. O único processo de transmissão de calor que pode ocorrer no vácuo é a (...);
III. Em uma garrafa térmica, é mantido vácuo entre as paredes duplas de vidro para evitar que o calor saia ou entre
por (...).

Na ordem, os processos de transmissão de calor que você usou para preencher as lacunas são
A) condução, convecção e radiação.
B) radiação, condução e convecção.
C) condução, radiação e convecção.
D) convecção, condução e radiação.
E) convecção, radiação e condução.

38. Analise as afirmações dadas a seguir e dê como resposta assinalando (V) verdadeiro ou (F) falso.
( ) As três formas de propagação do calor são: condução, convecção e radiação.
( ) A radiação se processa apenas no vácuo.
( ) A condução precisa de um meio material para se processar.
( ) A convecção ocorre apenas no vácuo.
( ) A convecção ocorre também no vácuo.

64
39. Ao colocar a mão sob um ferro elétrico quente, sem tocar na sua superfície, sentimos a mão "queimar". Isso ocorre
porque a transmissão de calor entre o ferro elétrico e a mão se deu principalmente por meio de
A) radiação.
B) condução.
C) convecção.
D) condução e convecção.
E) convecção e radiação.

40. O vidro espelhado e o vácuo existente entre as paredes de uma garrafa térmica ajudam a conservar a temperatura da
substância colocada no seu interior. Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso.
Isso ocorre porque:
( ) a radiação térmica não se propaga no vácuo.
( ) o vidro é um bom isolante térmico.
( ) as paredes espelhadas minimizam a perda de energia por condução.
( ) o vácuo entre as paredes evita que haja propagação de calor por condução e por convecção.
( ) a radiação térmica sofre reflexão total na interface da substância com o vidro espelhado.
( ) fechando bem a garrafa, não haverá trocas de calor com o meio externo por meio da convecção.

41. (Enem) A refrigeração e o congelamento de alimentos são responsáveis por uma parte significativa do consumo de
energia elétrica em uma residência típica. Para diminuir as perdas térmicas de uma geladeira, podem ser tomados
alguns cuidados operacionais:
I. Distribuir os alimentos nas prateleiras deixando espaços vazios entre eles, para que ocorra a circulação do ar
frio para baixo e do ar quente para cima;
II. Manter as paredes do congelador com camada bem espessa de gelo, para que o aumento da massa de gelo
aumente a troca de calor no congelador;
III. Limpar o radiador ("grade" na parte de trás) periodicamente, para que a gordura e a poeira que nele se
depositam não reduzam a transferência de calor para o ambiente.

Para uma geladeira tradicional, é correto indicar, apenas,


A) a operação I.
B) a operação II.
C) as operações I e II.
D) as operações I e III.
E) as operações II e III.

42. (Mack-SP) Têm-se três cilindros de secções transversais iguais de cobre, latão e aço, cujos comprimentos são,
respectivamente, 46 cm, 13 cm e 12 cm. Soldam-se os cilindros, formando o perfil em Y, indicado na figura. O
extremo livre do cilindro de cobre é mantido a 100 °C, e dos cilindros de latão e aço, a 0 °C. Suponha que a superfície
lateral dos cilindros esteja isolada termicamente. As condutividades térmicas do cobre, latão e aço valem,
respectivamente, 0,92, 0,26 e 0,12, expressas em cal cm -1 s-1 °C-1. No regime estacionário de condução, qual a
temperatura na junção?

65
43. Três barras, de prata, alumínio e ferro, geometricamente iguais, estão soldadas e envolvidas por um isolante térmico,
permitindo um fluxo de calor entre os recipientes mantidos sob temperatura constante.

Sabe-se que as barras metálicas foram colocadas, da esquerda para a direita, na ordem decrescente das condutividades
térmicas, isto é, a prata é melhor condutora de calor do que o alumínio, que, por sua vez, é melhor condutor do que
o ferro. O diagrama que melhor representa a variação da temperatura (Ɵ) em função da posição (x) é:
A) B)

C) D)

E)

44. Uma massa m de água e um bloco metálico de massa M são aquecidos em um laboratório durante um intervalo de
tempo ∆t, ambos sofrendo a mesma variação de temperatura ∆Ɵ.
Usando-se a mesma fonte térmica, com a mesma potência, dentro de um elevador em queda livre, a mesma água
precisou de um intervalo de tempo ∆tA e o mesmo bloco metálico precisou de um intervalo de tempo ∆tB, para
sofrerem a mesma variação de temperatura ∆Ɵ. Se as demais condições não se alteram, é verdade que
A) ∆t = ∆tB < ∆tA
B) ∆t < ∆tA = ∆tB
C) ∆t > ∆tA = ∆tB
D) ∆t = ∆tA < ∆tB
E) ∆t < ∆tA < ∆Tb

66
45. Uma superfície preta e plana está a uma alta temperatura T H e está, também, em paralelo à outra superfície preta e
plana a uma temperatura TI. Entre as placas é vácuo. Com a finalidade de reduzir o fluxo de calor por radiação, um
"escudo" consistindo de duas finas placas pretas, aquecidas com temperaturas diferentes, são colocadas entre as
superfícies, conforme a figura.

Determine o fator ɛ pelo qual o fluxo da radiação foi reduzido devido à presença do escudo aquecido.
A) 1/8
B) 1/5
C) 1/4
D) 1/3
E) 1/9

46. Uma barra de metal de comprimento L, à temperatura de 0 °C, é aquecida não uniformemente, de tal modo que a
temperatura seja dada em função da distância x ao longo do seu comprimento, medido a partir de uma ponta, quando

πx
T(x) = T0 sen( )
L

De acordo com isso, as pontas em x = 0 e x = L estão ainda à temperatura zero, enquanto que em x = L/2, em que o
argumento da função seno é π/2, a temperatura tem o valor máximo T 0. O coeficiente de expansão linear da barra é
α. Ache o aumento no comprimento da barra em função de a e de T 0.
Sugestão: Qual é a temperatura média da barra?

47. A emissividade do tungstênio é igual a 0,35. Uma esfera de tungstênio com raio de 1,5 cm está suspensa no interior
de um grande recipiente sob vácuo, cujas paredes estão a 290 k.
Que potência deve ser fornecida à esfera para manter a sua temperatura a 3000 k, desprezando-se a condução de calor
ao longo do suporte da esfera?

W
Dado: σ = 5,67∙10-8 (constante de Stefan-Boltzmann)
m2 ∙k4

A) 3,5 ∙ 103 W
B) 4,54 ∙ 103 W
C) 5,02 ∙ 103 W
D) 6,07 ∙ 103 W
E) 7,05 ∙ 103 W

48. Duas paredes, A e B, de igual espessura, são feitas de diferentes materiais, com o mostram as duas figuras. Em que
caso o coeficiente de condutibilidade térmica é maior?

67
49. Uma peça, de seção transversal constante, é composta por três metais arranjados, conforme a figura, onde estão
indicadas as condutibilidades de cada parte, bem como suas respectivas dimensões. Para o calor fluir no sentido
indicado pelas setas, a condutibilidade equivalente da peça é dada por:

A) 24K/19
B) 12K/13
C) 10K/11
D) 2K/3
E) 13K/11

50. Uma casa tem três paredes idênticas, cada uma delas podendo ser tratada como um corpo negro. A distância entre
cada par de planos é muito menor que as dimensões das paredes. Considere que os sistemas estão no vácuo. Determine
a temperatura de equilíbrio T1 da parede interna se a parede da esquerda está a uma temperatura T(K) e a da direita
tem temperatura 2T(K).

51. Um corpo negro de área superficial S encontra-se à temperatura absoluta T (por ser suposta constante durante a
experiência) em uma caixa cúbica fechada. As paredes dessa caixa têm espessura d bem menor que os comprimentos
das arestas, e o material tem coeficiente de condutibilidade térmica K.
A temperatura externa da caixa é mantida T', com T' < T.
Para que o sistema se encontre em regime permanente (calor irradiado igual ao calor que atravessa as paredes), o
valor da aresta I do cubo pode ser dado pela expressão (admita σ como a constante de Stefan-Boltzmann):
𝜎T4 Sd
A) I =
K(T−T′)

68
𝜎T4 S
B) I =
Kd(T−T′)

𝜎T4 Sd
C) I = √
6K(T−T′ )

6𝜎T4 S
D) I = √
dK(T−T′)

4𝜎T2 d
E) I = √
SK(T−T′)

52. Mostre que o fluxo total entre duas placas paralelas e de área A (muito grande), com temperaturas T1 e T2 e
emissividade e1 e e2, respectivamente, é dado por:

𝜎Ae1 e1 (T14 T24 )


ɸ=
e1 + e2 − e1 e2

53. Qual seria o rendimento de Carnot para uma máquina que funciona entre a temperatura T e a temperatura da placa
(no estado estacionário) que se encontra entre outras duas outras placas (paralelas) de temperatura 2T e 3T,
respectivamente?
Considere que as placas são muito grandes (infinitas) e todas elas podem ser consideradas como corpo negro.
A) η = 1 − 4√2/97
B) η = 1 − 4√8/97
C) η = 1 − 2√1/65
D) η = 1 − 4√2/65
E) N.D.A.

54. Um corpo negro, no formato esférico de raio R e massa M, encontra-se no interior de uma cavidade com vácuo
dentro. As paredes da cavidade são mantidas a T0. A temperatura inicial da esfera é 3T0. Se o calor específico do
material da esfera varia como αT3 por unidade de massa (α é uma constante), determine em quanto tempo a
temperatura da esfera irá alcançar 2T0.
Dado: A constante de Stefan-Boltzmann é σB.


A) In(3/2)
4πR2 𝜎B

B) In(16/3)
4πR2 𝜎B

C) In(16/3)
16πR2 𝜎B

D) In(3/2)
16πR2 𝜎B

E) In(3/2)
32πR2 𝜎B

69
70
2 PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MATÉRIA
A cozinha é um excelente local para aprender como as propriedades da matéria dependem da temperatura.
Quando você ferve água em uma chaleira, o aumento da temperatura produz um vapor que assobia ao passar pelo seu
bico a uma pressão elevada. se você esquece de fazer pequenos furos na batata antes de assá-la, o vapor d’água produz
uma pressão elevada em seu interior e ela pode explodir. o vapor d’água existente no ar pode se condensar formando
gotas na parte externa de um copo com água gelada; se um copo acaba de ser retirado do congelador, forma-se gelo em
volta dele porque o vapor d’água se solidifica.
Todos esses exemplos mostram as relações entre fenômenos de grande escala ou propriedades
macroscópicas da substância, como a pressão, o volume, a temperatura e a massa. Porém, também podemos descrever
uma substância usando suas propriedades microscópicas. isso significa investigar grandezas em pequena escala, como a
massa, a velocidade, a energia cinética e o momento linear das moléculas individuais que constituem a substância.
As descrições macroscópicas e microscópicas estão intimamente relacionadas. Por exemplo, a força da colisão
(microscópica) que ocorre quando moléculas de ar batem em uma superfície sólida (como sua pele) produz a pressão
atmosférica (macroscópica). Para produzir a pressão atmosférica normal de 1,01 . 105 𝑃𝑎, 1032 moléculas colidem com
sua pele todos os dias, a uma velocidade da ordem de 1.700 km/h!
Começaremos a estudar as propriedades térmicas da matéria, analisando alguns aspectos macroscópicos da
matéria em geral. Daremos atenção especial ao gás ideal, um dos tipos mais simples de matéria para se entender.
relacionaremos as propriedades macroscópicas de um gás ideal ao comportamento microscópico de suas moléculas
individuais. usaremos também ideias microscópicas para entender o calor específico tanto de gases quanto de sólidos.
finalmente, analisaremos as diversas fases da matéria — gasosa, líquida e sólida — e as condições que determinam a
ocorrência dessas fases.

2.1 EQUAÇÕES DE ESTADO

Grandezas físicas como a pressão, o volume, a temperatura e a quantidade de substância descrevem as


condições ou o estado no qual existe um material em particular. (Por exemplo, um tanque de oxigênio usado em hospitais
possui um manômetro que mostra a pressão e uma indicação de volume dentro do tanque. Poderíamos também usar
um termômetro e colocar o tanque sobre uma balança para determinar sua massa.) Essas grandezas são chamadas de
variáveis de estado.
O volume V de uma substância geralmente é determinado por sua pressão P, temperatura T e pela quantidade
de substância, descrita pela massa mtot ou pelo número de moles n. (Estamos atribuindo o símbolo mtot à massa total de
uma substância porque usaremos o símbolo m para a massa de uma molécula.) Em geral, não podemos variar uma dessas
grandezas sem produzir variações nas outras. Quando o tanque de oxigênio fica mais quente, a pressão aumenta. Caso o
tanque fique muito quente, ele explode.
Em alguns casos, a relação entre P, V, T e mtot (ou n) é tão simples que podemos expressá-la na forma de uma
equação denominada equação de estado. Quando a relação for complicada demais para isso, podemos usar gráficos ou
tabelas numéricas. Contudo, a relação entre essas variáveis ainda existe; nós a chamamos de equação de estado mesmo
quando não conhecemos sua forma explícita.
A seguir, mostramos uma equação de estado simples (embora aproximada) para um material sólido. O
coeficiente de expansão volumétrica β é a variação de volume ΔV/V 0 por unidade de variação de temperatura, e a
compressibilidade k é a variação relativa de volume ΔV/V 0 por unidade de pressão, com sinal negativo. Se uma certa
quantidade de material possui volume V0 quando sua pressão é P0 e sua temperatura é T0, o volume V quando a pressão
P e a temperatura T são ligeiramente diferentes é dado aproximadamente por

𝑉 = 𝑉0 [1 + 𝛽(𝑇 − 𝑇0 ) − 𝑘(𝑃 − 𝑃0 )]

(Existe um sinal negativo antes de 𝑘(𝑃 − 𝑃0 ) porque um aumento de pressão produz uma diminuição do volume.)

EQUAÇÃO DO GÁS IDEAL

A equação do gás ideal é outro tipo simples de equação de estado. Na Figura 1, apresentamos um dispositivo
experimental para estudar o comportamento de um gás. O cilindro possui um pistão móvel para fazer o volume variar, a
variação da temperatura é obtida pelo aquecimento e podemos bombear qualquer quantidade de gás para o interior do
cilindro. A seguir, medimos a pressão, o volume, a temperatura e a quantidade de gás. Note que a pressão se refere à
força por unidade de área exercida pelo cilindro sobre o gás e à força por unidade de área exercida pelo gás sobre o
cilindro; de acordo com a terceira lei de Newton, essas pressões devem ser iguais.

71
FIGURA 1 - Um dispositivo hipotético para estudar o comportamento de gases. Aquecendo o gás, variando o volume com
um pistão móvel e acrescentando mais gás, podemos controlar a pressão P,o volume V, a temperatura T e o número de
moles n.

Em geral, é mais fácil descrever a quantidade de gás pelo número de moles n que pela massa. A massa molar
M de um composto (algumas vezes chamada, de modo confuso, de peso molecular) é a massa por mol:

𝑚𝑡𝑜𝑡 = 𝑛𝑀

Assim, quando sabemos o número de moles de um gás no cilindro, podemos calcular a massa do gás por meio
dessa equação.
As medidas do comportamento de muitos gases conduzem a três conclusões:
1. O volume V é proporcional ao número de moles n. Quando dobramos n, mantendo a temperatura e a
pressão constantes, o volume duplica.
2. O volume é inversamente proporcional à pressão absoluta P. Quando dobramos a pressão, mantendo a
temperatura T e o número de moles n constante, o gás se comprime à metade do volume inicial. Em outras palavras, PV
= constante quando n e T permanecem constantes.
3. A pressão é proporcional à temperatura absoluta T. Quando dobramos T, mantendo o volume e o número
de moles constantes, a pressão dobra. Em outras palavras, 𝑃 = (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒) ∗ 𝑇 quando n e V são constantes.

As três proporcionalidades anteriores podem ser combinadas em uma única equação, denominada equação
do gás ideal:

𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇

Um gás ideal é aquele cujo comportamento pode ser descrito com precisão pela equação acima em todas as
pressões e temperaturas. Trata-se de um modelo idealizado, que funciona melhor com pressões muito pequenas e
temperaturas muito elevadas, quando as distâncias entre as moléculas são muito grandes e se deslocam com velocidades
elevadas. Esse modelo funciona razoavelmente bem (com erro percentual pequeno) para pressões moderadas (até
algumas atmosferas) e para temperaturas muito acima daquela na qual o gás se liquefaz.

FIGURA 2 - A equação do gás ideal PV = nRT fornece uma boa descrição do ar dentro do pneu cheio de um carro, em que
a pressão é de cerca de 3 atm e a temperatura é alta demais para que o nitrogênio ou o oxigênio se liquefaçam. Quando
o pneu se aquece (T aumenta), o volume V varia apenas levemente, mas a pressão P aumenta.

72
Poderíamos esperar que a constante de proporcionalidade R da equação do gás ideal apresentasse diferentes
valores para gases diferentes, porém verificamos que ela tem o mesmo valor para todos os gases, pelo menos em
pressões suficientemente baixas e temperaturas suficientemente elevadas. Ela é chamada de constante dos gases ideais
(ou simplesmente constante dos gases). Usando unidades do sistema SI, no qual a unidade da pressão P é Pa (1 𝑃𝑎 =
1 𝑁/𝑚2 ) e a unidade de volume V é m3, o valor atual mais aproximado de R é

𝑅 = 8,3144621(75) 𝐽/𝑚𝑜𝑙 · 𝐾

ou, com quatro algarismos significativos, 𝑅 = 8,314 𝐽/𝑚𝑜𝑙 · 𝐾. Note que a unidade de pressão multiplicada pela
unidade de volume fornece uma unidade de energia ou de trabalho (por exemplo, 𝑁/𝑚2 vezes 𝑚3 ); é por isso que a
unidade de R é a energia por mol por unidade de temperatura absoluta. Em cálculos de química, os volumes em geral
são expressos em litros (L) e as pressões, em atmosferas (atm).
Nesse sistema, com quatro algarismos significativos, temos

𝑅 = 0,08206 𝐿 ∗ 𝑎𝑡𝑚/𝑚𝑜𝑙 ∗ 𝐾

Podemos escrever a equação dos gases ideais, Equação 18.3, em termos da massa total m tot do gás, usando
𝑚𝑡𝑜𝑡 = 𝑛𝑀:

𝑚𝑡𝑜𝑡
𝑃𝑉 = 𝑅𝑇
𝑀

A partir dessa relação, podemos obter uma expressão para a densidade 𝜌 = 𝑚𝑡𝑜𝑡 /𝑉 do gás:

𝜌 = 𝑃𝑀/𝑅𝑇

ATENÇÃO: Ao usar as equações, não confunda a letra grega ρ (rô), que indica a densidade, com a letra P, usada para
pressão.

Para uma massa constante (ou número de moles constante), o produto nR de um gás ideal é constante, de
modo que 𝑃𝑉/𝑇 também é constante. Designando dois estados da mesma massa de um gás pelos subscritos 1 e 2,
podemos escrever

𝑃1 𝑉1 𝑃2 𝑉2
= = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ( 𝑔á𝑠 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙, 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑇1 𝑇2

Note que você não precisa do valor de R para resolver essa equação.
Usamos a proporcionalidade entre a pressão e a temperatura absoluta para definir uma escala de
temperatura em termos de pressão em um termômetro de gás a volume constante. Pode parecer, então, que a relação
entre a pressão e a temperatura em um gás ideal, seja apenas uma consequência da definição de temperatura que
utilizamos. Contudo, a equação também nos mostra o que ocorre quando fazemos o volume ou a massa da substância
variar. Além disso, veremos posteriormente que a escala de temperatura definida por esse termômetro corresponde à
escala de temperatura que não depende das propriedades de nenhum material particular.

EXEMPLO 1 - VOLUME DE UM GÁS IDEAL NAS CNTP


Qual é o volume de um recipiente que contém exatamente um mol de um gás ideal nas chamadas condições normais de
temperatura e pressão (CNTP), que correspondem a um estado com uma temperatura de 0 °𝐶 = 273,15 𝐾 e uma
pressão 𝑝 = 1 𝑎𝑡𝑚 = 1,013 . 105 𝑃𝑎?

SOLUÇÃO
IDENTIFICAR e PREPARAR: este problema envolve as propriedades de um gás ideal, então usamos a equação do gás ideal.
O problema fornece a pressão P, a temperatura T e o número de moles n; nossa variável-alvo é o volume correspondente
V.
EXECUTAR: pela equação do gás ideal, usando R em J/mol · K,

𝐽
𝑛𝑅𝑇 (1 𝑚𝑜𝑙) (8,314 . 𝐾) (273,15 𝐾)
𝑉 = = 𝑚𝑜𝑙
𝑃 1,013 . 105 𝑃𝑎
73
𝑉 = 0,0224 𝑚3 = 22,4 𝐿

EXEMPLO 2 - COMPRESSÃO DE UM GÁS NO MOTOR DE UM AUTOMÓVEL


No motor de um automóvel, uma mistura de ar e gasolina é comprimida no interior do cilindro antes da ignição. Um
motor típico possui razão de compressão de 9,00 para 1; isso significa que o gás no cilindro é comprimido até 1/9,00 de
seu volume original. As válvulas de admissão e exaustão estão fechadas durante a compressão, de modo que a
quantidade de gás é constante. Qual é a temperatura final do gás comprimido, se sua temperatura inicial é 27 °𝐶 e as
pressões inicial e final são 1,00 𝑎𝑡𝑚 e 21,7 𝑎𝑡𝑚, respectivamente?

SOLUÇÃO
IDENTIFICAR e PREPARAR: devemos comparar dois estados da mesma quantidade de gás ideal. No estado não
comprimido 1, 𝑃1 = 1,00 𝑎𝑡𝑚 e 𝑇1 = 27 °𝐶 = 300 𝐾. No estado comprimido 2, 𝑃2 = 21,7 𝑎𝑡𝑚. Os volumes de
cilindro não são dados, mas sabemos que 𝑉1 = 9,00𝑉2 . A temperatura 𝑇2 do gás comprimido é a variável-alvo.
EXECUTAR: aplicando a Equação geral dos gases para determinar 𝑇2 :

𝑃1 𝑉1 𝑃2 𝑉2
=
𝑇1 𝑇2

𝑇1 𝑃2 𝑉2 (300 𝐾)(21,7 𝑎𝑡𝑚)𝑉2


𝑇2 = =
𝑃1 𝑉1 (1,00 𝑎𝑡𝑚)(9,00)𝑉2

𝑇2 = 723 𝐾 = 450 °𝐶

EXEMPLO 3 - MASSA DE AR EM UM TANQUE DE OXIGÊNIO PARA MERGULHO


Um tanque “vazio” típico usado na prática do mergulho tem um volume de 11,0 𝑙 de ar a 21 °𝐶 e 1 𝑎𝑡𝑚. Quando o
tanque é cheio por meio de um compressor, a temperatura é 42 °𝐶 e a pressão manométrica é igual a 2,10 . 107 𝑃𝑎.
Qual foi a massa de ar adicionada ao tanque? (O ar é uma mistura de gases com cerca de 78% de nitrogênio, 21% de
𝑔 𝑘𝑔
oxigênio e 1% de outros gases; sua massa molar é aproximadamente 28,8 = 28,8 . 10–3 .)
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙

SOLUÇÃO
IDENTIFICAR e PREPARAR: nossa variável-alvo é a diferença 𝑚1 – 𝑚2 entre a massa presente no fim (estado 2) e no início
(estado 1). A massa molar M do ar foi dada, se soubermos o número de moles nos estados 1 e 2. Calculamos 𝑛1 e
𝑛2 aplicando a equação do gás ideal a cada estado individualmente.
EXECUTAR: devemos nos lembrar de converter as temperaturas na escala Kelvin somando 273, e de converter a pressão
manométrica em pressão absoluta adicionando 1,013 . 105 𝑃𝑎. O volume do tanque dificilmente é afetado pela
temperatura e pressão aumentadas, de modo que 𝑉2 = 𝑉1 . Pela equação do gás ideal, os números de moles no tanque
vazio (𝑛1 ) e no tanque cheio (𝑛2 ) são

𝑃1 𝑉1 (1,013 ∗ 105 𝑃𝑎) (11,0 ∗ 10−3 𝑚3 )


𝑛1 = = = 0,46 𝑚𝑜𝑙
𝑅𝑇1 (8,314 𝐽/𝑚𝑜𝑙 ∗ 𝐾) (294 𝐾)
𝑃2 𝑉2 (2,11 ∗ 107 𝑃𝑎) (11,0 ∗ 10−3 𝑚3 )
𝑛2 = = = 88,6 𝑚𝑜𝑙
𝑅𝑇2 (8,314 𝐽/𝑚𝑜𝑙 ∗ 𝐾) (315 𝐾)

Adicionamos 𝑛2 – 𝑛1 = 88,6 𝑚𝑜𝑙 – 0,46 𝑚𝑜𝑙 = 88,1 𝑚𝑜𝑙 ao tanque. A massa adicionada é dada por 𝑀(𝑛2 – 𝑛1 ) =
(28,8 . 10–3 𝑘𝑔/𝑚𝑜𝑙) (88,1 𝑚𝑜𝑙) = 2,54 𝑘𝑔.

EXEMPLO 4 - VARIAÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA COM A ALTURA


Calcule a variação de pressão atmosférica com a altura na atmosfera terrestre, supondo que a temperatura permaneça
igual a 0 °𝐶 e 𝑔 = 9,80 𝑚/𝑠 2 .

SOLUÇÃO
IDENTIFICAR e PREPARAR: à medida que a altura 𝑦 aumenta, tanto a pressão atmosférica quanto a densidade 𝜌
diminuem. Portanto, temos duas funções de elevação 𝑦 desconhecidas; para resolvê-las, precisamos de duas relações
independentes. Uma delas é a equação do gás ideal, a expressão para a densidade, que podemos escrever em termos da
pressão P e da densidade 𝜌. A relação entre a pressão P, a densidade 𝜌 e 𝑦 em um fluido em equilíbrio: 𝑑𝑃/𝑑𝑦 = – 𝜌𝑔.
74
Devemos considerar que 𝑔 e 𝑇 são os mesmos em todas as elevações; também consideramos que a atmosfera tem a
mesma composição química e, logo, a mesma massa molar 𝑀, em todas as alturas. Combinamos as duas equações e
resolvemos para achar 𝑃(𝑦).

𝑚∙𝑔 𝜌∙𝑉∙𝑔
𝑃 = 𝐹⁄𝐴 = = =𝜌∙𝑦∙𝑔
𝐴 𝐴

𝑃(𝑦) = 𝜌 ∙ 𝑔 ∙ 𝑦

𝑑𝑃 = −𝜌 ∙ 𝑔 ∙ 𝑑𝑦

𝑑𝑃 𝑃𝑀
=− 𝑔
𝑑𝑦 𝑅𝑇

𝑃2
𝑑𝑃 𝑀𝑔 𝑦2
∫ = − ∫ 𝑑𝑦
𝑃1 𝑃 𝑅𝑇 𝑦1

𝑃2 𝑀𝑔
𝑙𝑛 =− (𝑦 − 𝑦1 )
𝑃1 𝑅𝑇 2

𝑃2
= 𝑒 −𝑀𝑔(𝑦2−𝑦1)⁄𝑅𝑇
𝑃1

EXECUTAR: substituímos 𝜌 = 𝑃𝑀/𝑅𝑇 em 𝑑𝑃/𝑑𝑦 = – 𝜌𝑔, separamos variáveis e integramos, permitindo que 𝑃1 seja a
pressão na elevação 𝑦1 e 𝑃2 seja a pressão em 𝑦2 :

𝑃 = 𝑃0 𝑒 −𝑀𝑔𝑦⁄𝑅𝑇

Equação de van der Waals

Vamos obter a equação do gás ideal, 𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇, a partir de um modelo molecular simples que despreza os
volumes das moléculas e a força de atração entre elas. Outra equação de estado, a equação de van der Waals, faz
pequenas correções nas duas aproximações mencionadas. Essa equação foi deduzida no século XIX pelo físico alemão J.
D. van der Waals; em sua homenagem, as interações entre átomos mencionadas na passaram a ser chamadas de
interações de van der Waals. A equação de van der Waals é

𝑎𝑛2
(𝑃 + ) (𝑉 − 𝑛𝑏) = 𝑛𝑅𝑇
𝑉2

FIGURA 3 - Um gás como representado (a) na equação do gás ideal e (b) na equação de van der Waals.

As constantes a e b assumem valores diferentes para cada gás. Podemos dizer que, grosso modo, b representa
o volume de um mol de moléculas; o volume total das moléculas é 𝑛𝑏, e o volume resultante disponível para o movimento
das moléculas é 𝑉 − 𝑛𝑏. A constante a depende da força de atração entre as moléculas, que reduz a pressão do gás
puxando as moléculas para perto umas das outras enquanto elas empurram as paredes do recipiente. A diminuição da
pressão é proporcional ao número de moléculas por unidade de volume em uma camada próxima da parede (que está
75
exercendo a pressão sobre a parede) e também é proporcional ao número de moléculas por unidade de volume da
camada que se segue à primeira (que está exercendo a atração). Portanto, a diminuição da pressão decorrente das forças
moleculares é proporcional a 𝑛2 /𝑉 2.
Quando n/V é pequeno (ou seja, quando o gás é diluído), a distância média entre as moléculas é grande, as
correções da equação de van der Waals tornam-se insignificantes e a equação de van der Waals se reduz à equação do
gás ideal. Como exemplo, para o gás dióxido de carbono (𝐶𝑂2 ), as constantes da equação de van der Waals são 𝑎 =
0,364 𝐽 · 𝑚3 /𝑚𝑜𝑙 2 e 𝑏 = 4,27 · 10−5 𝑚3 /𝑚𝑜𝑙. Verificamos, no Exemplo 1. que um mol de um gás ideal quando 𝑇 =
0 °𝐶 = 273,15 𝐾 e 𝑃 = 1 𝑎𝑡𝑚 = 1,013 · 105 𝑃𝑎 ocupa um volume 𝑉 = 0,0224 𝑚3 ; de acordo com a equação de
van der Waals, um mol de 𝐶𝑂2 ocupando esse volume nessa temperatura estaria sob uma pressão de 532 𝑃𝑎 abaixo de
1 atm, uma diferença de apenas 0,5% em relação ao valor obtido com a equação do gás ideal.

Diagramas PV

Poderíamos, em princípio, representar as relações 𝑃 − 𝑉 − 𝑇 graficamente como uma superfície em um


espaço de três dimensões com as coordenadas P, V e T.
Essa representação é útil, porém os gráficos com duas dimensões geralmente são mais convenientes. Um dos
mais úteis é um conjunto de gráficos da pressão em função do volume, cada um deles para uma dada temperatura. Tal
gráfico denomina-se diagrama PV. Cada curva que representa o comportamento do gás a uma temperatura específica é
chamada de isoterma, ou isoterma PV. A Figura 4 mostra algumas isotermas PV de uma quantidade constante de gás
ideal. Como 𝑃 = 𝑛𝑅𝑇/𝑉 pela equação geral dos gases, ao longo de uma isoterma (T constante) a pressão P é
inversamente proporcional ao volume V e as isotermas são curvas hiperbólicas.

FIGURA 4 - Isotermas, ou curvas a temperaturas constantes, para uma quantidade constante de um gás ideal. A maior
temperatura é T4; a mais baixa é T1. Esta é uma representação gráfica da equação de estado do gás ideal.

A Figura 5 mostra um diagrama PV de um material que não obedece à equação do gás ideal. Para
temperaturas menores que Tc, as isotermas ficam paralelas ao eixo do volume, indicando que o material se comprime
(ou seja, reduz o volume V) sem que ocorra aumento de pressão P. A observação mostra que o gás está se condensando
da fase vapor (gasosa) para a fase líquida. As curvas achatadas das isotermas na parte sombreada da Figura 5 representam
condições de equilíbrio da fase líquido-vapor. À medida que o volume diminui, uma quantidade cada vez maior do
material passa da fase vapor para a fase líquida, porém a pressão permanece constante. (Para que a temperatura
permaneça constante durante a condensação, é preciso que haja remoção do calor de vaporização.)

76
FIGURA 5 - Diagrama PV para um gás não ideal, mostrando isotermas para temperaturas acima e abaixo da temperatura
crítica Tc. A região sombreada indica o equilíbrio entre o líquido e o vapor. Em temperaturas ainda menores, o material
poderia sofrer transições da fase líquida para a fase sólida e da fase gasosa para a fase sólida; essas transições não
aparecem neste diagrama.

Quando comprimimos um gás como o da Figura 5, mantendo a temperatura constante T 2, ele permanece na
fase vapor até que o ponto a seja atingido. A seguir, ele começa a se liquefazer; à medida que seu volume diminui, maior
quantidade do material se liquefaz, e tanto a temperatura quanto a pressão permanecem constantes.
No ponto b, o material está todo na fase líquida. Depois desse ponto, posterior compressão do material resulta
em um elevado aumento da pressão, porque os líquidos geralmente são muito menos compressíveis que os gases. Em
uma temperatura constante mais baixa T1, ocorre um comportamento semelhante, porém a condensação começa a uma
pressão mais baixa e com um volume maior que no caso de uma temperatura constante T 2. Nas temperaturas superiores
a Tc, nenhuma transição de fase ocorre quando o material é comprimido; em temperaturas mais elevadas, como T 4, as
curvas se parecem com as de um gás ideal apresentadas na Figura 4. A temperatura T c denomina-se temperatura crítica
do material. Posteriormente discutiremos o que ocorre com a fase gasosa acima da temperatura crítica.
Usaremos diagramas PV frequentemente nos próximos capítulos. Mostraremos que a área embaixo da curva
PV (sendo isotérmica ou não) representa o trabalho realizado sobre o sistema durante a variação do volume. Esse
trabalho, por sua vez, está diretamente relacionado ao calor transferido do sistema e às variações da energia interna do
sistema.

EXEMPLO 5
(Ita 2018) Dois recipientes A e B de respectivos volumes VA e VB = βVA, constantes, contêm um gás ideal e são
conectados por um tubo fino com válvula que regula a passagem do gás, conforme a figura. Inicialmente o gás em A
está na temperatura TA sob pressão PA e em B, na temperatura TB sob pressão PB. A válvula é então aberta até que
as pressões finais PAf e PBf . alcancem a proporção PAf PBf = α, mantendo as temperaturas nos seus valores iniciais.
Assinale a opção com a expressão de PAf .

 P T   1 TA  
a)  B A + β  β +  P
 PA TB   α TB   A
 P T   β TA  
b)  1 + β B A  1 −   PA
 PA TB   α TB  
 P T   β TA  
c)  1 + β B A  1 +   PA
 PA TB   α TB  
 P T   TA  
d)  1 + β B A  α + β  P
 PA TB   TB   A
 P T   TA  
e)  β B A − 1 α + β  P
 A B
P T   TB   A

SOLUÇÃO
I) Na situação inicial:
PA VA
PA VA = nA RTA  nA =
RTA
PB VB
PB VB = nBRTB  nB =
RTB

II) Na situação final:

77
PAf VA
PAf VA = nAf RTA  nAf =
RTA
PBf VB
PBf VB = nBf RTB  nBf =
RTB

III) Como a quantidade de matéria se manteve constante:


PA VA PB VB PAf VA PBf VB P V P  βVA PAf VA PAf  βVA
+ = +  A A + B = + 
RTA RTB RTA RTB TA TB TA αTB
PA βPB  1 β  PA TB + βPB TA  αT + βTA 
 + = PAf  +  = PAf  B 
TA TB T
 A αTB  TA TB  αTA TB 
 βP T   βT  
 PAf =  1 + B A  /  1 + A   PA
 PA TB   αTB  

EXEMPLO 6
(Ime 2016) Um êmbolo está conectado a uma haste, a qual está fixada a uma parede. A haste é aquecida, recebendo
uma energia de 400 J. A haste se dilata, movimentando o êmbolo que comprime um gás ideal, confinado no
reservatório, representado na figura. O gás é comprimido isotermicamente.

Pf − Pi
Diante do exposto, o valor da expressão: é
Pf

Dados:
- pressão final do gás: Pf ;
- pressão inicial do gás: P;i
- capacidade térmica da haste: 4J K;
- coeficiente de dilatação térmica linear da haste: 0,000001K−1.
a) 0,01
b) 0,001
c) 0,0001
d) 0,00001
e) 0,000001

SOLUÇÃO
I) Variação da temperatura da barra:
Q = C  ΔT  400 = 4  ΔT
 ΔT = 100 K

II) Variação no comprimento da barra devido à dilatação:

78
Δ = 0  α  ΔT = L  10−6  100
 Δ = L  10−4

III) Como o gás é comprimido isotermicamente, devemos ter:


Pi V
PVi i = Pf Vf  = f
Pf Vi

Logo:
Pf − Pi P Vf (A  L − A  L  10−4 )
= 1− i = 1− = 1− = 1− (1− 10−4 )
Pf Pf Vi A L
P − Pi
 f = 0,0001
Pf

EXEMPLO 7
(Ita 2017) Em equilíbrio, o tubo emborcado da figura contém mercúrio e ar aprisionado. Com a pressão atmosférica de
760 mm de Hg a uma temperatura de 27 C, a altura da coluna de mercúrio é de 750 mm. Se a pressão atmosférica
cai a 740 mm de Hg a uma temperatura de 2 C, a coluna de mercúrio é de 735 mm. Determine o comprimento
aparente do tubo.

SOLUÇÃO
I) Pressão do ar aprisionado para a situação inicial e final:
760 = 750 + Pi  Pi = 10 mmHg
740 = 735 + Pf  Pf = 5 mmHg

II) Temperaturas e volumes do ar para a situação inicial e final (com A sendo a área da base da coluna):
Ti = 27 C = 300 K e Vi = A ( − 750)
Tf = 2 C = 275 K e Vf = A ( − 735)

III) Portanto, podemos equacionar:


PVi i = Pf Vf  10A ( − 750 ) = 5A ( − 735 ) 
Ti Tf 300 275
− 750 − 735
 =  11 − 8250 = 6 − 4410  5 = 3840
6 11
 = 768 mm

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Um tanque de 20,0 L contém 4,86 . 10–4 kg de hélio a 18,0 °C. A massa molar do hélio é 4,00 g/mol. (a) Quantos moles
de hélio existem no tanque? (b) Calcule a pressão no tanque em pascals e em atmosferas.
79
2. Um tanque cilíndrico possui um pistão bem ajustado que permite alterar o volume do cilindro. O tanque inicialmente
contém 0,110 m3 de ar a uma pressão de 0,355 atm. O pistão é lentamente puxado para fora até que o volume do gás
aumenta para 0,390 m3. Sabendo que a temperatura permaneceu constante, qual é a pressão final?

3. Atmosferas planetárias. (a) Calcule a densidade da atmosfera na superfície de Marte (onde a pressão é 650 Pa e a
temperatura normalmente é 253 K, com atmosfera de CO2), de Vênus (com temperatura média de 730 K e pressão de
92 atm, com atmosfera de CO2) e da lua Titã de Saturno (onde a pressão é 1,5 atm e a temperatura é –178 °C, com
atmosfera de N2). (b) Compare cada uma dessas densidades com a da atmosfera da Terra, que é 1,20 kg/m 3.

4. Um automóvel Jaguar XK8 possui motor com oito cilindros. No início do tempo da compressão, um dos cilindros contém
499 cm3 de ar sob pressão atmosférica (1,01 . 105 Pa) e temperatura igual a 27,0 °C. No final do tempo de compressão, o
ar foi reduzido até um volume igual a 46,2 cm3 e a pressão manométrica cresceu para 2,72 . 106 Pa. Calcule a temperatura
final.

5. Um grande tanque cilíndrico contém 0,750 m 3 de gás nitrogênio a 27 °C e uma pressão de 7,50 . 10 3 Pa (pressão
absoluta). O tanque possui um pistão bem ajustado, que pode fazer o volume variar. Qual é o valor da pressão quando o
volume diminui para 0,410 m3 e a temperatura aumenta para 157 °C?

6. O gás no interior de um balão deve sempre permanecer com uma pressão aproximadamente igual à atmosférica,
porque essa é a pressão aplicada sobre o balão pelo ar do ambiente. Você enche o balão com hélio (um gás
aproximadamente ideal) até um volume de 0,600 L a uma temperatura de 19,0 °C. Qual é o volume do balão quando
você o resfria até o ponto de ebulição do nitrogênio (77,3 K)?

7. Se uma certa quantidade de gás ideal ocupa um volume V nas CNTP na Terra, qual seria seu volume (em termos de V)
em Vênus, onde a temperatura é igual a 1.003 °C e a pressão é igual a 92 atm?

8. Um tanque metálico com volume de 3,10 L deve estourar quando a pressão absoluta do ar em seu interior superar 100
atm. (a) Se 11,0 moles de um gás ideal forem colocados no tanque a uma temperatura de 23,0 °C, até que temperatura
o tanque pode ser aquecido antes que ele se rompa? Despreze a dilatação térmica do tanque. (b) Com base na resposta
do item (a), verifique se é razoável desprezar a dilatação térmica do tanque.
Explique.

9. Em que altitude acima do nível do mar a pressão do ar é 90% da pressão ao nível do mar?

10. (a) Calcule a massa de nitrogênio presente em um volume de 3.000 cm3 se o gás estiver a 22,0 °C e a pressão absoluta
de 2,00 . 10–13 atm for um vácuo parcial facilmente obtido em laboratórios. (b) Qual é a densidade (em kg/m 3) do N2?

11. Quantos moles existem em 1,00 kg de água? Quantas moléculas? A massa molar da água é igual a 18,0 g/mol.

12. Uma bomba de vácuo moderna permite obter facilmente pressões da ordem de 10–13 atm no laboratório. Considere
um volume de ar e trate-o como um gás ideal. (a) A uma pressão de 9,0 . 10–14 atm e uma temperatura comum de 300 K,
quantas moléculas existem em um volume de 1,0 cm3? (b) Quantas moléculas haveria à mesma temperatura, mas a uma
pressão de 1,0 atm?

13. Em um gás mantido nas CNTP, qual é o comprimento da aresta de um cubo que contém um número de moléculas
igual ao número de habitantes da Terra (aproximadamente 7 . 109 pessoas)?

14. Um balão de ar quente permanece flutuando porque o ar quente na pressão atmosférica é menos denso que o ar
mais frio na mesma pressão. Se o volume do balão for igual a 500,0 m3 e o ar nas vizinhanças estiver a 15,0 °C, qual deverá
ser a temperatura do ar no balão para que ele levante uma carga total de 290 kg (além da massa do ar quente)? A
densidade do ar a 15,0 °C e a pressão atmosférica é igual a 1,23 kg/m3.

15. Um cilindro com 1,0 m de altura e diâmetro interno de 0,120 m armazena gás propano (massa molar igual a 44,1
g/mol) para ser usado em um churrasco. O cilindro é inicialmente cheio de gás até que a pressão manométrica seja 1,30
. 106 Pa e a temperatura seja igual a 22 °C. A temperatura do gás permanece constante à medida que ele é parcialmente
retirado do tanque, até que a pressão manométrica final seja igual a 3,40 . 105 Pa. Calcule a massa do propano que foi
consumido.
80
16. Titã, o maior satélite de Saturno, possui uma atmosfera densa de nitrogênio. Em sua superfície, a pressão é igual a
1,5 atmosfera terrestre, e a temperatura é 94 K.
(a) Qual é a temperatura na superfície em °C?
(b) Calcule a densidade da superfície na atmosfera de Titã em moléculas por metro cúbico.
(c) Compare a densidade na atmosfera da superfície de Titã com a densidade da atmosfera terrestre a 22 °C. Qual dos
planetas possui uma atmosfera mais densa?

17. O volume do pneu de um automóvel é 0,0150 m3 em um dia frio, quando a temperatura do ar no interior do pneu é
5 °C e a pressão atmosférica é 1,02 atm. Nessas condições, verifica-se que a pressão manométrica do pneu é 1,70 atm.
Depois de o carro andar por uma estrada durante 30 min, a temperatura do ar nos pneus sobe para 45 °C e o volume
passa a ser 0,0159 m3. Qual passa a ser a pressão manométrica do pneu?

18. Um balão cujo volume é 750 m3 deve ser cheio com hidrogênio na pressão atmosférica (1,01 . 105 Pa). (a) Sabendo
que o hidrogênio é armazenado em cilindros com volumes de 1,90 m 3 e sob pressão manométrica de 1,20 . 106 Pa,
quantos cilindros são necessários? Suponha que a temperatura do hidrogênio permaneça constante. (b) Qual é o peso
total (além do peso do gás) que o balão pode suportar se o ar circundante e o gás do balão estão à mesma temperatura
de 15 °C? A massa molar do hidrogênio (H2) é 2,02 g/mol. A densidade do ar para uma atmosfera a 15 °C é igual a 1,23
kg/m3. (c) Qual seria o peso que o balão poderia suportar se fosse cheio com hélio (cuja massa molar é 4,00 g/mol) em
vez de hidrogênio, ainda considerando a temperatura de 15 °C?

19. O tubo de vidro de um barômetro de mercúrio tem secção reta de 1 cm 2 e 90 cm de altura acima da superfície livre
do reservatório de mercúrio. Num dia em que a temperatura ambiente é de 20°C e a pressão atmosférica verdadeira é
de 750 mm/Hg, a altura da coluna barométrica é de 735 mm. Calcule a quantidade de ar (em moles) aprisionada no
espaço acima da coluna de mercúrio.

20. Dois recipientes fechados de mesma capacidade, igual a 1 l, estão ligados um ao outro por um tubo capilar de volume
desprezível. Os recipientes contêm oxigênio, inicialmente à temperatura de 25°C e pressão de 1 atm.
a) Quantas gramas de O2 estão contidas nos recipientes?
b) Aquece-se um dos recipientes até a temperatura de 100°C, mantendo o outro a 25°C. Qual é o novo valor da pressão?
c) Quantas gramas de O2 passam de um lado para o outro? Despreze a condução de calor através do capilar.

21. Um recipiente de paredes adiabáticas é munido de um pistão adiabático móvel, de massa desprezível e 200 cm² de
área, sobre o qual está colocado um peso de 10 kg. A pressão externa é de 1 atm. O recipiente contém 3 l de gás hélio, à
temperatura de 20°C.
a) Qual é a densidade inicial do gás? Faz-se funcionar um aquecedor elétrico interno ao recipiente, que eleva a
temperatura do gás, gradualmente até 70°C.
b) Qual é o volume final ocupado pelo gás?

EXERCÍCIOS

01. (ITA) Na figura temos uma bomba de bicicleta, com que se pretende encher uma câmara de ar de volume V. A e B
são válvulas que impedem a passagem do ar em sentido inverso. A operação se faz isotermicamente e o volume da
bomba descomprimida (à pressão atmosférica P0) é V0. Inicialmente, a câmara está completamente vazia. Após N
compressões da bomba, a pressão na câmara será:

V
A) 𝑃0 (1 + N )
V0
B) NP0

81
NP0 V
C)
V0
NP0 V0
D)
V
NP0 (V+V0 )
E)
V0

02. Um mol de um gás ideal monoatômico sofre um processo linear 1-2, em que a pressão é P e sua variação do volume
V, como exibido na figura abaixo:

Assinale a alternativa que mostra a temperatura máxima do gás durante este processo.
A) Tmax = P0V0/4R
B) Tmax = P0V0/2R
C) Tmax = 3P0V0/2R
D) Tmax = 5P0V0/2R
E) n.d.a.

03. Um gás perfeito sofre uma transformação ABC, como indicado no diagrama abaixo; P representa a pressão do gás,
V seu volume e T a sua temperatura absoluta. Sabe-se que:
VC = 2VA e VB = 6 VA; sendo TC a temperatura no estado C e TA a temperatura no estado A, podemos afirmar:

A) TC = 2 TA
B) TC = 3 TA
C) TC = 12 TA
D) TC = 18 TA

04. Em um cilindro vertical existe uma massa m de gás. O gás está separado da atmosfera por um êmbolo unido com o
fundo do cilindro por meio de uma mola de constante elástica k. À temperatura T1, o êmbolo encontra-se à distância
h do fundo do cilindro. Que temperatura T2 deve ser imposta ao gás de modo que a distância do êmbolo ao fundo
do cilindro seja H? A massa molar do gás é µ e a constante universal dos gases é R.

82
05. No diagrama VT representa-se o processo fechado que realiza um gás ideal. Sabe-se que a pressão mínima do gás
no ciclo é 3 · 105 Pa. Determine a pressão no ponto 1 em Pa.

06. No diagrama PT representa-se o processo fechado que realiza um gás ideal. Sabe-se que o volume máximo que
ocupa o gás do processo é 16 dm3. Determine, em dm3, o volume do gás no ponto 1.

07. Um tubo cilíndrico de comprimento L é imerso até a metade no mercúrio. Tapa-se com um dedo a parte aberta do
tubo e saca-o. Ao fazer isso, parte do mercúrio se derrama. Determine o comprimento da coluna de mercúrio que
fica ao tubo em função L e H. H é o comprimento da coluna de mercúrio correspondente à pressão atmosférica e o
ar é tido como um gás ideal.

08. (Olimpíada de Física da Colômbia) Um recipiente em forma de paralelepípedo tem massa M e comprimento L. Este
recipiente está cheio de um gás de massa m e possui um êmbolo leve que pode deslizar sem atrito, dividindo desta
maneira o gás em duas partes iguais. No princípio, a temperatura do gás era T. Na parte direita do recipiente
conecta-se uma resistência e como resultado aumenta-se a temperatura para 2 T. O gás que ocupa a parte esquerda
do recipiente mantém a temperatura T. Se o recipiente se encontra sobre uma superfície horizontal lisa, determine
o seu deslocamento com relação ao piso.

09. Um tubo de ensaio de comprimento L = 1 m é posto em contato, por seu extremo aberto, com a superfície do
mercúrio contido em um recipiente. Dentro do tubo existe gás ideal, cuja temperatura é T 0 e a pressão é P0. Se o
tubo de ensaio é aquecido até a temperatura T e logo em seguida volta a esfriar até T 0 = 273 K, o nível de mercúrio
no tubo eleva-se até a altura h = 0,1 m. Determine a temperatura T. Dado: P0 = 105 Pa.

83
10. Um carrinho contendo um gás de massa molecular M tem velocidade inicial V0. Tal velocidade vai diminuindo até o
carrinho parar, de tal forma que sua energia cinética é transferida ao gás. Considerando que o coeficiente de Poisson
do gás vale γ e que o volume do recipiente que contém o gás não varia, então a variação de temperatura do gás
vale: Obs.: R = constante universal dos gases; Considere que a massa do sistema é a massa do gás.

MV2

A)
R
MV2
0 (γ−1)
B)
2R
MV2

C)
2
MV2
0 (γ−1)
D)
2Rγ

11. Uma proveta de comprimento L é imersa em água de densidade "ρ" até que seu fundo esteja a um mesmo nível
que a superfície desta. Quando a temperatura do ar, considerando como gás ideal, se equilibra com a temperatura
2L
da água, resulta que a água se eleva na proveta até a altura . Encontre a temperatura inicial do ar na proveta. A
3
temperatura da água é T e a pressão atmosférica é P0 · g = aceleração da gravidade.

T
A) T0 =
2
P0 T
B) T0 =
Lρg
3TP0
C) T0 = 𝐿
P0 +ρg
3
TP0
D) T0 =
3P0 +ρ𝑔𝐿
E) n.d.a.

12. (Olimpíada de Física da Colômbia) Certo número n de moles de um gás, cujo volume e pressão iniciais são iguais a
V e p, é aquecido duas vezes mediante uma espiral elétrica pela qual faz-se passar uma corrente em um mesmo
tempo: primeiro a volume constante V, com a particularidade de que a pressão final é p1, em continuação, a pressão
constante p partindo desse mesmo estado inicial (volume V e pressão p), sendo o volume final igual a V2. Determine
a razão γ = CP/CV a partir das medições p, p1, V e V2.

13. Uma das retas do gráfico abaixo representa o trabalho t feito em função da variação de temperatura para um
processo isobárico. As outras duas retas representam transformações adiabáticas para o argônio e o nitrogênio.
Analise as sentenças a seguir:

84
I. A reta 3 pode representar os processos isobáricos para os dois gases mencionados;
II. A reta 1 representa o processo adiabático do nitrogênio;
III. A reta 2 representa o processo adiabático do argônio.

É (são) correta(s):
A) Todas.
B) Apenas I.
C) I e II.
D) I e III.
E) II e III.

14. Determine o número n de sucções que devem ser feitas num pistão de uma bomba de sucção de ar que em cada
manobra faz uma sucção de volume V de ar de um recipiente de vidro de volume V, de tal forma que a pressão do
recipiente passe de P0 = 105 Pa para Pn = 102 Pa. A temperatura do ar no processo se mantém constante.

15. Uma massa ocupa o volume V1, a pressão P1 e temperatura T1. Este gás é aquecido a volume constante até a
temperatura T2 = 2 T1 e depois é expandido à pressão constante até o volume V 2 = 4 V1 Pode-se fazer uma relação
do estado final do gás com o estado inicial (P1, V1, T1), de modo que durante todo o processo PVn = constante.

Determine o expoente n.
16. Em um cilindro vertical de seção S, abaixo do êmbolo de massa m, existe ar. Sobre o êmbolo se encontra um corpo.
Retirando-se esse corpo, o volume que ocupa o ar duplica e a temperatura fica duas vezes menor. Determine a
massa do corpo. A pressão atmosférica é igual a P0 e a aceleração da gravidade é g.

17. Em um cilindro, abaixo do seu êmbolo, cuja área é S, encontra-se uma massa m de nitrogênio à temperatura T1. O
cilindro é aquecido até uma temperatura T2. Determine a elevação ∆h observada no êmbolo, se sua massa é igual a
M. A pressão atmosférica é igual a P0. Dado: µ → massa molar do N2.

85
18. No meio do tubo do barômetro de mercúrio existe uma pequena coluna de ar de comprimento I 0 = 10 cm, quando
submetido à pressão atmosférica normal a uma temperatura de 0 °C. Determine o comprimento da coluna de ar se
a temperatura aumenta para 20 °C.

A) 10,7 cm
B) 8,9 cm
C) 7,2 cm
D) 6,8 cm
E) n.d.a.

19. Considere um gás ideal de massa equivalente a 10 mols, submetido a uma pressão constante de 2 · 10 5 Pa. O gás
sofre uma variação de temperatura igual a 100 K. Determine o coeficiente de expansão térmica desse gás quando
sua temperatura for 227 °C. Seja R = 8,31 J/mol · k.

A) 1 · 103 K-1
B) 2 · 103 K-1
C) 4,21 · 103 K-1
D) 5,02 · 103 K-1
E) 6,17 · 103 K-1

20. (ITA) As velocidades das moléculas podem ser medidas com o dispositivo mostrado abaixo. Na experiência,
determina-se que moléculas passarão através do seletor de velocidade d = 0,5 m e com deslocamento angular de
180° entre as fendas, quando os discos rodam com uma frequência de 600 Hz. As possíveis velocidades das
moléculas são:

600
A) 2𝑛+1 m/s, onde n = 0,1,2,3...
600
B) 𝑛+1 m/s, onde n = 0,1,2,3...
600
C) m/s, onde n = 0,1,2,3...
𝑛
600
D) 𝑛2+1 m/s, onde n = 0,1,2,3...
600
e) 2𝑛2+1 m/s, onde n = 0,1,2,3...

21. O esquema anexo representa um sistema que se compõe de uma bomba de bicicleta ligada a um recipiente rígido
de capacidade V, contendo inicialmente ar sob pressão atmosférica P0. A válvula a mantem-se fechada e a válvula b
aberta, enquanto o pistão desce; a válvula a mantem-se aberta, e a válvula b fechada enquanto o pistão sobe. No
fim do curso, o pistão encosta no fundo do cilindro. A cilindrada (volume varrido pelo pistão entre os pontos superior

86
e inferior) é V. Supõe-se que o ar se comporta como gás ideal, que as transformações sejam isotérmicas e que não
haja fugas. Determine a pressão P no reservatório após n descidas do pistão da bomba.

22. Para tentar fazer vácuo no recipiente, usa-se uma bomba de volume v. Cada golpe feito equivale a fazer uma
expansão do ar do recipiente de volume V para um volume V + v. Sendo dados n golpes, a relação entre a pressão
1
final e a pressão inicial do recipiente ficou igual a . Determine o valor da relação onde:
2𝑛
V → volume do recipiente e
v → volume da bomba
A) 10/3
B) 1
C) 2
D) 3
E) 4

23. Na figura seguinte, representa-se um vaso cilíndrico, tendo a base inferior atravessada por um tubo fino que
quase alcança a base superior, inicialmente o vaso contém ar atmosférico. O sistema é abaixado lentamente até o fundo
4
de um lago de águas tranquilas; de volta à superfície, o vaso contém água até de sua altura livre. A pressão atmosférica
5
é 1 atm = 1,0 · 105 Pa; a temperatura é 27 °C no ar, 7 °C no fundo do lago.
Dados: g = 10 m/s2 e densidade da água = 103 kg/m3. Determine a profundidade do lago.

A) 10,22 m
B) 22,3 m
C) 36,6 m
D) 40,2 m
E) 51,4 m

24. Com o dispositivo da figura a seguir pode-se encontrar a relação entre os calores específicos, a pressão e volumes
constantes (γ = CP/CV) para um gás. O mesmo consta de dois recipientes de grandes volumes cheios do gás, nesse caso,
ar, unidos por um tubo de vidro calibrado que contém um ímã cilíndrico ajustado suficientemente nele, conforme figura.

87
Por meio de duas bobinas colocadas em torno do tubo, a ambos os lados do ímã, alimentados convenientemente com
corrente alternada através das fontes F1 e F2, pode-se fazer o ímã mover-se em movimento harmônico simples de
pequena amplitude e frequência f conhecida. Inicialmente, as chaves (K1 e k2) estão abertas. Para começar o experimento,
fecha-se a chave e o ímã passa a oscilar com frequência f. Determine o valor de γ.

Observações:
I. Despreze o atrito;
II. Caso necessário, use (1 + x) n = 1 + nx, se x << 1;
III. m(massa do ímã); A (área transversal do tubo), V 0 (volume inicial de cada parte do tubo separado pelo ímã); g
(aceleração da gravidade); P0 (pressão atmosférica);
IV. O efeito das correntes nas bobinas não gera calor para o gás.

2π2 f2 wV0
A) (P0 A+wg) A
π2 f2 wV0
B) (P0 A+wg) A
π2 f2 wV0
C) (2P0 A+wg) A
4π2 f2 wV0
D) (P0 A+wg) A
E) n.d.a.

25. Um planeta de massa m e raio r é cercado por uma atmosfera de densidade d e o gás que compõe a atmosfera tem
massa molar M. Dada a temperatura absoluta T sobre a superfície do planeta, determine a espessura L (L<<r) da
atmosfera. Considere: R → constante universal dos gases; G → constante de gravitação universal.

2RTr2
A)
GMm
RTr2
B)
GMm
RTr2
C)
2GMm
RTr2
D)
3GMm
3RTr2
E)
GMm

26. (GBF) Um tubo cilíndrico longo de comprimento L e secção A, com gás ideal no seu interior a uma dada temperatura,
encontra-se na posição horizontal. No interior do tubo existe um pistão de massa m que divide o tubo em duas
partes, cada uma contendo n moles e estando à pressão P, como mostra a figura. Se esse pistão for deslocado da
posição de equilíbrio, vai oscilar em torno deste ponto. Calcule a frequência de oscilação do pistão para pequenas
oscilações.

Nota: Despreze o atrito entre o pistão e o tubo e considere que a temperatura se mantém constante.

88
27. Dois balões A e B de volumes iguais a VA = 4,5 I e VB = 0,95 I comunicam-se entre si mediante um fino tubo (volume
desprezível) dotado de uma torneira. O primeiro contém ar seco sob pressão de 3,1 atm; o outro é vazio. Abre-se a
torneira durante um pequeno intervalo de tempo, e aguarda-se o restabelecimento da temperatura inicial. Observa-
se então no primeiro balão a pressão de 2,9 atm. Determine a pressão do ar contido no outro balão.

18
A) atm
19
20
B) atm
19
21
C) atm
19
19
D) atm
21
19
E) atm
20

28. No esquema abaixo representa-se um carro ao qual está preso um vaso em forma de tronco de cone, cheio de gás
comprimido sob pressão efetiva p. As bases têm áreas A (maior) e a (menor). Podemos afirmar que:

A) O carro não se movimenta.


B) O carro se movimenta no sentido do vetor ⃗A.
C) O carro se movimenta no sentido do vetor B⃗.
D) O carro realiza um movimento periódico, mas não M.H.S.
E) O carro realiza um M.H.S. (Movimento harmônico Simples).

29. Um recipiente de volume V encerra um gás seco. Um manômetro de ar livre ligado ao recipiente indica que nele a
pressão efetiva é h. Nas imediações, um barômetro indica a pressão atmosférica B. Mediante um tubo dotado de
torneira inicialmente fechada, o recipiente comunica-se com uma bexiga murcha. Aberta a torneira, a pressão
efetiva indicada pelo manômetro se anula. Determine o volume de gás que passou para a bexiga.

𝟐𝐡
A) V
𝐁
𝐡+𝐁
B) V
𝐁
𝐁
C) V
𝐁+𝐡
𝐡
D) V
𝐁
𝐁
E) V
𝐡
30. Dois recipientes A e B de volumes constantes e iguais a V contêm ar inicialmente sob pressão atmosférica P 0. Eles
podem ser postos em comunicação com o corpo de uma bomba aspirante de volume C por meio de válvulas S e S',

89
a primeira aspirante e a outra de escoamento. Calcule a pressão em cada um dos recipientes, quando o pistão da
bomba aspirante tiver efetuado n movimentos de subida e descida.

A) Quando o pistão sobe, S abre e depois fecha.


B) Quando o pistão desce, S' abre e depois fecha.

31. Uma caixa de volume Vb tem uma pesada tampa com dobradiça de massa M e área A. A caixa contém n b kmol de
um gás perfeito a uma temperatura T0. A caixa está dentro de um compartimento o qual contém também nc kmol
do mesmo gás na mesma temperatura. O gás no compartimento ocupa um volume VC.

A) Encontre a pressão PB na caixa em termos de nb, Vb e T0.


B) Encontre a pressão PC no compartimento em termos de nC, VC e T0.
C) Inicialmente, a tampa com a dobradiça está fechada. Mostre que isto requer que PB – PC ≤ Mg/A.
D) O sistema é aquecido de tal forma que a tampa abrirá. Determine a temperatura T em que tal fato ocorrerá.
Considere R a constante universal dos gases.
E) Partindo da temperatura T0, o sistema é aquecido a uma temperatura T' > T e depois resfriado a T0. Assume
Mg
que a tampa volta a fechar quando a pressão da caixa exceder a pressão do compartimento de . Seja nb o
A
número de kilomols que permanece na caixa após o aquecimento e resfriamento. Mostre que:

𝑀𝑔𝑉𝑏 𝑉𝑐
′ + (𝑛𝑏 + 𝑛𝑐 ) 𝑉𝑏
𝑛𝑏 = 𝐴𝑅𝑇
𝑉𝑏 + 𝑉𝑐

32. Uma certa massa de gás ideal sofre um processo cíclico mostrado no diagrama. É conhecido o máximo volume do
gás como VM. São dados P1, P2, T1 e T2. Encontre V1.

33. Um cilindro provido de um pistão móvel, sem atrito, contém um gás ideal. Qual dos gráficos abaixo representa,
qualitativamente, o comportamento incorreto do sistema quando a pressão P e/ou o volume V são modificados,
sendo mantida constante a temperatura T?

90
A) D)

B)

C)

34. Um menino sopra bolas de água com sabão e se observa que algumas delas flutuam momentaneamente no ar, em
CNTP.
Dado: densidade do ar = 1,29 kg/m3 nas CNTP.
A) Determine a espessura relativa das bolas, definida como a relação:

B) Determine a massa líquida de uma das bolas de sabão de 5 cm de raio; isto é, somente a massa da bola sem o
ar. Suponhamos que a massa molecular média do ar é 29, que a temperatura no interior da bola é igual à
temperatura do corpo humano, 37 °C; e que a densidade da água com sabão é igual à da água pura = 103 kg/m3.

35. Um cientista pretendia determinar a profundidade de um lago de águas tranquilas. Para isso, utilizou um recipiente
cilíndrico, cuja base havia um tubo fino que quase atingia a parte superior. Mergulhou esse recipiente no fundo do
lago e, após algum tempo, puxou-o para a superfície. No início, havia apenas ar na parte interna do cilindro; no final,
a água preenchia 80% desse espaço. Considere que o ar tem comportamento igual ao dos gases perfeitos.

91
Considere também:
I. A pressão atmosférica local é de 70 cmHg;
II. A temperatura do ar na superfície era de 27 °C e no fundo do lago era de 9 °C;
III. A pressão de 1 atm equivale a 76 cmHg
IV. Cada 10 m de profundidade na água equivale a um aumento de 1 atm de pressão. Com as
informações fornecidas, determine o valor aproximado obtido pelo cientista.

A) 6 m B) 14 m
C) 24 m D) 34 m
E) 70 m

36. Dois recipientes de volumes V1 e V2 contêm respectivamente 2 mols e 3 mols de um gás considerado ideal. O gás
contido no recipiente 1 está a uma pressão P1 e a uma temperatura T1, e o gás contido no recipiente 2 está a uma
pressão P2 e a uma temperatura T2. Os dois recipientes são ligados entre si por um registro R que pode ser aberto,
transformando os dois recipientes de volumes V 1 e V2 em um único recipiente de volume V1 + V2. Considerando os
recipientes isolados termicamente do meio exterior, a relação entre a pressão de equilíbrio Pe e a temperatura de
equilíbrio Te é melhor representada por:

A) 5 · P1P2/(3 ∙ T1P2 + 2 ∙ T2P1)


B) P1P2/(T1P2 + T2P1)
C) 5 ∙ (P1 + P2)/(2 ∙ T1P2 + 3 ∙ T2P1)
D) 5 ∙ (P1 + P2)/(3 ∙ T1P2 + 2 ∙ T2P1)
E) 5 ∙ P1P2/(2 ∙ T1P2 + 3 ∙ T2P1)

37. Num recipiente cilíndrico se encontra em equilíbrio um êmbolo pesado. Em cima do êmbolo e embaixo dele existem
massas iguais de um mesmo gás na mesma temperatura T0. A relação entre o volume superior e o inferior é igual a
3. Determine a nova relação entre o volume superior e o inferior se aumentarmos a temperatura do gás para 2 T 0.

√13−2 √13−3
A) B)
3 3
√13+4 √13+2
C) D)
3 3
√13+3
E)
3

38. Três vasos termicamente isolados, de volumes iguais V, estão ligados por tubos delgados que podem conduzir gases,
mas não transferem calor. Inicialmente, todos os vasos estão cheios com um certo gás, na temperatura T 0 e na
pressão. A temperatura no primeiro vaso é duplicada e no segundo vaso, triplicada, enquanto a do terceiro vaso se
mantém invariável. Calcule a pressão final P' no sistema em termos de pressão inicial P0.
92
7P0 18P0
A) B)
12 11
25P0 27P0
C) D)
13 16
E) n.d.a.

39. Determine o número de vezes que se deve acionar uma bomba com volume V para elevar a pressão do recipiente
R desde a pressão atmosférica P0 até P, sabendo-se que o volume do recipiente é V0 e o processo é isotérmico. Obs.:
A bomba quando não acionada, o ar no seu interior fica submetido à pressão atmosférica.

2V0 (P−Po ) V2
0 (P−Po )
A) B)
Po V Po V2
V0 (P+Po ) V0 (P−Po )
C) D)
Po V Po V
V2
0 (P+Po )
E)
Po V2

40. A pressão do ar dentro do recipiente ao lado é igual a 0,1 MPa à temperatura de 7 °C.
Determine a temperatura final do ar no instante em que a tampa salta do recipiente. Sabe-
se que quando o sistema não é aquecido, a tampa pode ser sacada aplicando uma força de
10 N na sua secção transversal de 2 cm2.

A) 123 °C
B) 127 °C
C) 147 °C
D) 157 °C
E) 167 °C

41. No cilindro, por cima do embolo A, se encontra um gás ideal fechado pelo embolo B, sobre o qual, até o limite
superior do cilindro (aberto) tem um líquido de densidade ρ. Determine a distância x que é necessária deslocar para
cima o embolo A para que sobre o êmbolo B a coluna do líquido passe a ser H < H0. Despreze a massa do êmbolo B
e o atrito entre ele e as paredes do recipiente. A pressão atmosférica é P 0, a altura inicial do líquido é H0 e a coluna
inicial do gás é h0. A temperatura do gás durante o deslocamento do êmbolo não varia. Seja g a aceleração da
gravidade.

42. Dentro de um tubo há uma coluna de mercúrio que isola do meio exterior um volume de ar que está dentro do
tubo. O tubo pode girar em um plano vertical. Na primeira posição (figura a), a coluna de ar dentro do tubo tem um

93
comprimento igual a ℓ1 enquanto na segunda posição (figura b), a dita coluna tem comprimento ℓ 2. Determine o
comprimento ℓ3 da coluna de ar na terceira posição, quando o tubo está inclinado formando um ângulo α com a
vertical (figura c).

43. Um recipiente cilíndrico fixo, de seção transversal S, contém ar a uma pressão atmosférica Pa e está fechado por
um de seus extremos com um êmbolo móvel, o qual se encontra conectado a uma mola ideal não deformada de
constante elástica k. Que fração de mols ∆n/n de ar deve ser retirado do recipiente para que a mola tenha um
alongamento x?

A distância entre a base do cilindro e o pistão é L. (Supor que a temperatura permanece constante durante o
processo).
1
A)
3
kx(L−x)
B) B) 1 −
Pa SL

x
C) 1 −
L
kx
D) 1 −
Pa S
x k(L−x)
E) (1 + )
L Pa S

44. Em um recipiente cilíndrico fechado de área transversal S, um êmbolo de massa m divide o cilindro em dois volumes
iguais. Nos citados volumes existe gás ideal, de tal forma que a massa do gás na parte inferior é k vezes maior que
a massa do gás na parte superior. Desprezando os atritos e considerando que a massa do gás é muito menor que a
massa do êmbolo, a soma das pressões do gás em cada compartimento vale:

(K−1)mg
A) (k+1)S
(K+1)mg
B) (k−1)S
kmg
C) (k−1)S
(K+1)mg
D)
kS
mg
E)
S

94
45. Qual dos gráficos descreve melhor a densidade de um gás em função da pressão em condições adiabáticas?

A) B)

C) D)

E)

46. Considere infinitos balões interligados por tubos de volumes desprezíveis providos de torneira, todos a uma mesma
temperatura que permanece constante durante todo o experimento. No 1° balão, de 9,0 L, há gás a uma pressão
8,0 atm. No 2° e 3° balões, cada qual com 3,0 L, há o mesmo gás a uma pressão de 4,0 atm. No 4°, 5° e 6° balões,
cada qual com 1,0 L, há o mesmo gás a uma pressão de 2,0 atm, e assim por diante até o infinitésimo balão.
Pergunta-se:
A) Quando forem abertas as infinitas torneiras, qual será a pressão final?
B) Se o gás a que se refere o problema for oxigênio gasoso, e a massa total desse gás nos infinitos balões for de 3,2
kg, qual será o valor da temperatura (que foi mantida constante) do oxigênio gasoso nos balões, em °C?

47. Uma pessoa, ao terminar de coar o café, coloca-o dentro de uma garrafa térmica, e todo o sistema café e garrafa
está em equilíbrio térmico a 70 °C. A garrafa está fechada e não está totalmente cheia; portanto, existe um volume
de ar no interior da garrafa também a 70 °C nesse instante. Considere o ambiente externo a uma temperatura
constante e igual a 20 °C e que a garrafa térmica não é ideal, isto é, permite troca de calor entre seu interior e a
vizinhança, mas não permite a entrada e nem a saída de ar. Depois de certo tempo, todo o sistema entra em
equilíbrio térmico com o ambiente externo na temperatura de 20 °C. Considere que a densidade do café não varie
com a temperatura, e o volume de ar contido no interior da garrafa como um sistema termodinâmico e como um
gás ideal. Assinale o diagrama que representa corretamente a transformação termodinâmica, ocorrida no ar
enquanto atingido o equilíbrio térmico com a vizinhança, onde T é temperatura, V é volume e P é a pressão desse
sistema.

95
A) B)

C) D)

E)

48. Um sistema é formado por dois reservatórios, A e B, de mesmo volume, ligados por um tubo longo, com área de
secção transversal constante e igual a S, conforme indica o esquema abaixo:

Enche-se os reservatórios com dois tipos de gases ideais, à mesma temperatura absoluta T 0 e mesmo volume V0,
que ficam separados por um êmbolo que pode deslizar sem atrito. O êmbolo permanece no interior do tubo durante
uma transformação em que a temperatura do gás do reservatório A é duplicada, enquanto o gás do reservatório B
é mantido sob temperatura constante T0. Assim, o deslocamento do êmbolo foi de:

2V0
A)
S
2V0
B)
3S

C) 3SV0
4V0
D)
3S

49. (Nebulosas escuras) Nebulosa escura é uma nuvem de gás no espaço interestelar frio que contém material suficiente
para bloquear a luz das estrelas por trás dele. Uma típica nebulosa escura possui cerca de 20 anos-luz de diâmetro

96
e contém cerca de 50 átomos de hidrogênio por centímetro cúbico (hidrogênio monoatômico, não H2) a uma
temperatura de cerca de 20 K.

A) Calcule o caminho livre médio para um átomo de hidrogênio em uma nebulosa escura.
B) Calcule a velocidade quadrática média de um átomo de hidrogênio.
C) Calcule o tempo livre médio (tempo médio entre duas colisões consecutivas entre dois átomos).
D) Determine a velocidade de escape de um átomo de hidrogênio e conclua (somente através dos dados dos
problemas) se a estrela evapora ou não.

Dados:
O raio de um átomo de hidrogênio é 5 · 10-11m;
A expressão para calcular caminho livre médio é dada por:
V
𝜆méd =
4π√2r 2 N
Onde r é o raio do átomo e N/V é o número de átomos por unidade de volume;
Constante de Boltzmann k = 1,38 · 10-23/K
Massa do átomo de hidrogênio 1,673 4 · 10-27 kg

50. Marque a alternativa que contém a máxima temperatura possível de um mol de gás ideal sobre a seguinte curva: P =
P0- αV2. Adote R constante universal dos gases.

2 P2 P P0
A) (𝛼 0
) B) ( 0) √
3 R R 3α
2 P0 P0 5 P0 P0
C) ( )√ D) ( )√
3 R 3α 7 R 3α
2 P0 P0
E) ( )√
5 R 3α

51. Um gás contido em um cilindro é comprimido por meio de um pistão; aponte a proposição incorreta.
A) O volume do gás diminui e a pressão aumenta.
B) O trabalho é feito ao gás.
C) O gás aquece.
D) A energia interna do gás varia.
E) A variação da energia interna foi maior que o trabalho realizado.

52. Em um processo isotérmico, a pressão de um gás ideal varia de 106 Pa a 105 Pa, o que acontece com a densidade
desse gás?
A) Aumento de 10%
B) Diminuir a) 10%
C) Aumento de 90%
D) Diminuir para 90%
E) não varia

53. Em um cilindro, uma certa quantidade de gás é confinada por um pistão de 10 KN à pressão atmosférica. Que massa
de carvão deve ser queimada para aumentar a energia interna do gás em 10 KJ, se o êmbolo de 0,5 m2 de seção sobe
lentamente em 50 cm? O poder calorífico do carvão é de 20 kJ / kg e sua eficiência de combustão é de 80%.
97
A) 1 kg
B) 2 kg
C) 2,5 kg
D) 4 kg
E) 5 kg

54. Em um recipiente isolado termicamente com volume interno V, um vácuo foi feito. O ar circundante tem a
temperatura T0 e a pressão atmosférica P0. Em um determinado momento a torneira é aberta, após um tempo o ar
se expande no recipiente . Que temperatura terá o ar no recipiente quando o mesmo estiver cheio de ar?
𝐴) 𝑇 = 𝑇0
𝑏) 𝑇 < 𝑇0
𝑐) 𝑇 > 𝑇0
𝑑) 𝑇 ≤ 𝑇0
e) Não é possível calcular

98
3. A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA
Toda vez que você dirige um carro, liga o ar-condicionado ou usa um eletrodoméstico, está usufruindo
dos benefícios práticos da termodinâmica, o estudo das relações envolvendo calor, trabalho mecânico e
outros aspectos da energia e da transferência de energia. Por exemplo,
no motor de um carro, o calor é gerado pela reação química do oxigênio
e da gasolina vaporizada nos cilindros do motor. o gás aquecido
pressiona os pistões para dentro dos cilindros, realizando trabalho
mecânico que é usado para impulsionar o carro. Essa transformação
exemplifica um processo termodinâmico.
Tanto em um dia escaldante de verão quanto em uma noite fria
de inverno, seu corpo precisa manter uma temperatura
aproximadamente constante. Ele possui mecanismos de controle de
temperatura eficientes, mas, algumas vezes, precisa de ajuda. Em um
dia quente, você usa menos roupa para melhorar a troca de calor entre
seu corpo e o ar ambiente, e para melhorar o resfriamento produzido pela
evaporação do suor. Em um dia frio, você pode se sentar próximo a uma
lareira para absorver a energia produzida por ela. os conceitos deste
capitulo auxiliarão você a entender os processos físicos básicos para
preservar o calor ou o frio.
A primeira lei da termodinâmica, fundamental para entender tais
processos, é uma extensão do princípio da conservação da energia. Ela
amplia esse princípio para incluir trocas de energia tanto por
transferência de calor quanto por realização de trabalho, e introduz o
conceito de energia interna de um sistema. A conservação da energia
desempenha um papel vital em todas as áreas das ciências físicas, e a
utilidade da primeira lei da termodinâmica é bastante vasta. Para formular
relações envolvendo energia com precisão, é necessário introduzir o
conceito de sistema termodinâmico e definir calor e trabalho como dois
modos de transferir energia para o interior ou para o exterior desse
sistema.

3.1 SISTEMAS TERMODINÂMICOS

Já estudamos transferências de energia envolvendo trabalho


mecânico e transferência de calor. Agora estamos preparados para
combinar e generalizar esses princípios.
Sempre falamos a respeito de uma energia transferida para
dentro ou para fora de um sistema específico. O sistema pode ser um
dispositivo mecânico, um organismo biológico ou uma dada quantidade
de material, como o refrigerante em um ar-condicionado ou o vapor que
se expande em uma turbina. Um sistema termodinâmico é qualquer
coleção de objetos que é conveniente encarar como uma unidade, e que
tem o potencial de trocar energia com o ambiente. Um exemplo bem
conhecido e quando se faz pipoca em uma panela com tampa. Quando
a panela e
colocada sobre a chama do fogão, ocorre transferência de calor por
condução para o milho. À medida que ele começa a estalar e se expandir,
realiza um trabalho sobre a tampa da panela, que sofre um deslocamento
(Figura 3.1). O estado do milho mudou nesse processo, uma vez que o
volume, a temperatura e a pressão do milho variaram quando ele
começou a estalar. Um processo como esse, no qual ocorrem variações
no estado do sistema termodinâmico, denomina-se processo
termodinâmico.
Em mecânica, normalmente usamos o conceito de sistema
associado a diagramas de corpo livre e a conservação da energia e momento linear. Para os sistemas
termodinâmicos e para todos os outros, e essencial definir exatamente no inicio o que pode e o que não pode
ser incluído no sistema. Somente depois podemos descrever sem ambiguidade as transferências de energia
para o interior ou para o exterior do sistema. Por exemplo, no processo de estourar a pipoca, definimos o
sistema incluindo apenas o milho, mas não a panela, a tampa ou o fogão.
A termodinâmica está ligada a muitos problemas práticos além do estouro de pipocas (Figura 3.2). O
motor a gasolina de um automóvel e o motor a jato de um avião usam o calor de combustão dos respectivos
99
combustíveis para realizar o trabalho mecânico usado para impulsionar o veículo. O tecido muscular de um
organismo vivo metaboliza a energia química proveniente de alimentos para realizar um trabalho mecânico
sobre suas vizinhanças. Um motor e uma
turbina a vapor usam o calor de combustão do carvão ou de outro
combustível para realizar um trabalho mecânico, como acionar um
gerador elétrico ou impulsionar um trem.

Sinais para o calor e o trabalho na termodinâmica

Descrevemos relações de energia em muitos processos


termodinâmicos em termos da quantidade de calor Q fornecida para o
sistema e o trabalho W realizado pelo sistema. Os valores de Q e de W
podem ser positivos, negativos ou nulos (Figura 3.3). Um valor de Q
positivo significa uma transferência de calor para dentro do sistema, com
um fluxo de energia correspondente para o interior do sistema; Q
negativo significa uma transferência de calor para fora do sistema. Um
valor de W positivo significa um trabalho realizado pelo sistema sobre
suas vizinhanças, como o trabalho realizado por um gás que se expande
e, portanto, corresponde a uma transferência de energia para fora do
sistema. Um valor de W negativo, como o trabalho realizado durante a
compressão de um gás, significa um trabalho realizado sobre o gás
pelas suas vizinhanças e, portanto, corresponde a uma transferência de
energia para dentro do sistema. Usaremos consistentemente essas
convenções neste capitulo e no seguinte.

ATENÇÃO Cuidado com o sinal do trabalho W Observe que a


convenção de sinais para o trabalho realizado e oposta à adotada na
mecânica, quando sempre falávamos de um trabalho realizado pela
forca que atua sobre um corpo. Na termodinâmica, geralmente e mais
conveniente chamar de W o trabalho realizado pelo sistema, de modo
que, quando um sistema se expande, a pressão, a variação de volume
e o trabalho realizado são grandezas sempre positivas. Preste atenção
e use a convenção de sinais do calor e do trabalho de forma coerente!

3.2 TRABALHO REALIZADO DURANTE VARIAÇÕES DE VOLUME

Um gás no interior de um cilindro com um pistão móvel e um


exemplo simples de sistema termodinâmico. Um motor de combustão
interna, um motor a vapor e os compressores em condicionadores de ar
e refrigeradores usam alguma versão desse sistema. Nas próximas
seções, usaremos o sistema do gás no interior de um cilindro para
estudar diversos tipos de processos termodinâmicos.
Utilizaremos um ponto de vista microscópico, com base nas
energias cinética e potencial de cada molécula individual do sistema,
para desenvolver intuição sobre as grandezas termodinâmicas.
Contudo, e importante entender que os princípios básicos da
termodinâmica podem ser estudados de modo inteiramente
macroscópico, sem fazer referência a nenhum modelo microscópico. Na
realidade, o grande poder e o caráter geral da termodinâmica decorrem
em parte do fato de que ela não depende dos detalhes da estrutura da
matéria.
Inicialmente, vamos considerar o trabalho realizado pelo
sistema durante uma variação de volume. Quando um gás se expande,
ele forca suas fronteiras a se deslocarem para fora. Portanto, um gás
que se expande sempre realiza trabalho positivo. O mesmo resultado se
aplica a qualquer material liquido ou solido que se expande sob pressão,
como a pipoca mostrada na Figura 3.1.
Podemos entender o trabalho realizado por um gás durante uma
variação de volume considerando as moléculas que compõem o gás.
Quando uma dessas moléculas colide com uma superfície fixa, momentaneamente ela exerce uma forca
sobre a superfície, mas não realiza trabalho, porque ela não se move. Porém, quando a superfície se move,
como no caso do pistão de um motor a gasolina, a molécula realiza um trabalho sobre a superfície durante a

100
colisão. Se o pistão da Figura 3.4a se move para a direita, fazendo o
volume total do gás aumentar, as moléculas que colidem com o pistão
exercem uma forca ao longo de uma certa distância e realizam um
trabalho positivo sobre o pistão. Se o pistão da Figura 3.4b se move
para a esquerda, então um trabalho positivo e realizado sobre as
moléculas durante a colisão. Logo, as moléculas do gás realizam um
trabalho negativo sobre o pistão.
A Figura 3.5 mostra um sistema cujo volume pode mudar (um
gás, liquido ou solido) em um cilindro com pistão móvel. Suponha que
a seção reta do cilindro possua área A e que a pressão exercida pelo
sistema sobre a face do pistão seja igual a P. A forca total F exercida
pelo sistema sobre o pistão e dada por F = PA. Quando o pistão se
move por uma distância infinitesimal dx, o trabalho dW realizado por
essa força é

𝑑𝑊 = 𝐹 𝑑𝑥 = 𝑃𝐴 𝑑𝑥

Porém,

𝐴 𝑑𝑥 = 𝑑𝑉

onde dV e uma variação infinitesimal do volume do sistema. Logo, o


trabalho realizado pelo sistema durante essa variação infinitesimal de
volume é

𝑑𝑊 = 𝑃 𝑑𝑉 (3.1)

Para uma variação finita de volume desde V1 até V2, temos


𝑉2
𝑊 = ∫ 𝑃 𝑑𝑉 (3.2)
𝑉1

Em geral, a pressão do sistema pode variar durante a variação do


volume. Esse e o caso, por exemplo, dos cilindros de um motor de
automóvel quando os pistões se movem para a frente e para trás. Para
calcular a integral na Equação 3.2, devemos saber como a pressão
do sistema varia em função do volume. Podemos representar essa
função por um gráfico de P em função de V (um diagrama PV). a
Figura 3.6 mostra um exemplo simples. Nessa figura, a Equação 3.2
é representada graficamente pela área sob a curva de P em função
de V entre os limites V1 e V2. (Essa interpretação é semelhante à que
utilizamos para representar o trabalho realizado por uma forca F como
a área sob a curva de F em função de x entre os limites x1 e x2.)
De acordo com a regra estipulada na Seção 3.1, o trabalho é
positivo quando o sistema se expande. Em uma expansão do estado
1 até o estado 2 na figura 3.6a, a área sob a curva e o trabalho são
positivos. Uma compressão de 1 até 2 na figura 3.6b fornece uma área
negativa; quando um sistema e comprimido, seu volume diminui e ele
realiza um trabalho negativo sobre as vizinhanças (ver também a
figura 3.4b).

ATENÇÃO Cuidado com os índices 1 e 2 ao usar a Equação 3.2,


lembre-se sempre de que V1 é o volume inicial e V2, o volume final. e
por isso que as legendas 1 e 2 estão invertidas na figura 3.6b em
comparação com a figura 3.6a, mesmo que ambos os processos
ocorram entre os mesmos dois estados termodinâmicos.

101
Se a pressão P permanece constante enquanto o volume varia entre os limites V1 e V2 (figura 3.6c),
o trabalho realizado pelo sistema é

𝑊 = 𝑃(𝑉2 − 𝑉1 ) (3.3)

Em qualquer processo no qual o volume permanece constante, o sistema não realiza trabalho porque não
existe nenhum deslocamento.

3.3 CAMINHOS ENTRE ESTADOS Figura 3.7 O trabalho realizado por um sistema
TERMODINÂMICOS durante uma transição entre dois estados
depende do caminho escolhido.
Vimos que, quando um processo termodinâmico
envolve uma variação de volume, o sistema realiza
trabalho sobre as vizinhanças (com um sinal que pode
ser positivo ou negativo). No processo também pode
ocorrer transferência de calor quando existe uma
diferença de temperatura entre o sistema e as
vizinhanças. Agora, vamos examinar como o trabalho
realizado e o calor trocado com o sistema durante um
processo termodinâmico dependem dos detalhes da
realização do referido processo.

Trabalho realizado em um processo termodinâmico

Quando um sistema termodinâmico varia de um


estado inicial até um estado final, ele passa por uma
série de estados intermediários. Chamamos essa série
de estados de caminho. Sempre existe uma infinidade
de estados intermediários possíveis. Quando todos eles
forem estados de equilíbrio, o caminho pode ser
representado com um diagrama PV (Figura 3.7a). O
ponto 1 representa um estado inicial com pressão inicial
P1 e volume V1, e o ponto 2 representa um estado final
com pressão final P2 e volume V2. Para passar do estado
1 para o estado 2, poderíamos manter a pressão
constante em P1 enquanto o sistema se expande ate o
volume V2 (ponto 3 na Figura 3.7b) e, a seguir, reduzir a
pressão até P2 (provavelmente fazendo a temperatura
diminuir), mantendo o volume constante e igual a V2
(ponto 2 no diagrama). O trabalho realizado pelo sistema
durante esse processo e a área embaixo da linha 1 ⟶ 3;
nenhum trabalho é realizado durante o processo a
volume constante 3 ⟶ 2. Ou o sistema poderia seguir o
caminho 1 ⟶ 4 ⟶ 2 (Figura 3.7c); nesse caso, o trabalho
realizado e a área sob a linha 4 ⟶ 2, visto que nenhum
trabalho e realizado durante o processo a volume
constante 1 ⟶ 4. A linha continua ligando o ponto 1 com
o ponto 2 fornece outra possibilidade (Figura 3.7d), e o
trabalho realizado nesse caminho e diferente dos
trabalhos realizados nos caminhos anteriores.
Concluímos que o trabalho realizado pelo
sistema depende não somente dos estados inicial e final,
mas também dos estados intermediários, ou seja,
depende do caminho. Além do mais, o sistema pode
sofrer diversas transformações, seguindo um ciclo fechado, como no caminho 1 ⟶ 3 ⟶ 2 ⟶ 4 ⟶ 1. Nesse
caso, o estado final é idêntico ao inicial, porem o trabalho total realizado nesse caminho fechado não é igual
a zero. (Na realidade, esse trabalho realizado e dado pela área embaixo da curva fechada.) Assim, não faz
sentido falar em trabalho contido em um sistema. Em um estado particular, um sistema pode ter valores
definidos para as coordenadas de estado P, V e T, porém não se pode dizer que ele tem um valor definido
para o trabalho W.
102
Calor fornecido em um processo termodinâmico

Analogamente ao caso do trabalho, o calor fornecido a um sistema termodinâmico quando ele passa
de um estado a outro depende do caminho seguido para ir do estado inicial ao final. Vejamos um exemplo.
Suponha que você deseje alterar o volume de um gás ideal de 2,0 L para 5,0 L, mantendo a temperatura T =
300 K constante. A Figura 3.8 mostra dois modos diferentes de realizar essa alteração de volume. Na Figura
3.8a, o gás está contido em um cilindro com pistão e tem um volume inicial igual a 2,0 L. Deixamos o gás se
expandir lentamente, recebendo calor do aquecedor elétrico para manter a temperatura em 300 K até que o
gás alcance seu volume final de 5,0 L; ele absorve uma quantidade definida de calor nesse processo
isotérmico.
A Figura 3.8b mostra um processo diferente que conduz ao mesmo estado final. O recipiente e
circundado por paredes isolantes e dividido em compartimentos por uma divisória frágil que pode ser
quebrada. O volume do compartimento inferior e 2,0 L, e o do compartimento superior e 3,0 L. No
compartimento inferior, colocamos a mesma quantidade do mesmo gás da Figura 3.8a, novamente com a
temperatura T = 300 K. O estado inicial e o mesmo do caso anterior. Agora rompemos a divisória e o gás
sofre uma expansão rápida e sem controle, mas nenhum calor e transferido através das paredes isolantes. O
volume final e 5,0 L, o mesmo que o indicado na Figura 3.8a. O trabalho realizado pelo gás nessa expansão
e igual a zero porque ele não empurra nenhuma fronteira móvel. Essa expansão sem controle
denomina-se expansão livre; vamos discuti-la com mais detalhes na Seção 3.6.
As experiencias mostram que, quando um gás ideal sofre uma expansão livre, não ocorre nenhuma
variação de temperatura. Portanto, o estado final do gás e o mesmo que o indicado na Figura 3.8a. Os estados
intermediários (pressões e volumes) durante a transição do estado 1 para o estado 2 são inteiramente
diferentes nos dois casos; as figuras 19.8a e 19.8b mostram dois caminhos diferentes conectando os mesmos
estados 1 e 2. No caminho apresentado na Figura 3.8b, nenhum calor e transferido para o interior do sistema,
e este não realiza trabalho. Analogamente ao caso do trabalho, o calor depende não somente dos estados
inicial e final, mas também do caminho.
Em virtude dessa dependência do caminho, não devemos falar em calor “contido” em um sistema.
Para entender isso, vamos atribuir um valor arbitrário ao “calor contido em um corpo” em um dado estado de
referência. Então, o “calor contido no corpo” em outro estado deveria ser igual ao valor considerado no estado
de referência acrescido do calor fornecido ao sistema quando ele passa para o segundo estado. Isso levaria
a uma ambiguidade, pois acabamos
de mostrar que o calor transferido depende do caminho do estado de referência até o segundo estado. Somos
forçados a concluir que a ideia de um “calor contido no corpo” não e consistente; esse conceito não tem
utilidade.
Embora não tenha sentido falar em “trabalho contido em um corpo” ou “calor contido em um corpo”,
faz sentido falar de uma energia interna contida em um corpo. Esse importante conceito será examinado na
próxima seção.

103
3.4 ENERGIA INTERNA E A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

A energia interna é um dos conceitos mais importantes da termodinâmica. Quando discutimos as


variações de energia de um corpo deslizando com atrito, afirmamos que o aquecimento fazia aumentar sua
energia interna e que o resfriamento do corpo a fazia diminuir. Porém, o que é energia interna? Podemos
encará-la de diversos modos; vamos começar discutindo uma ideia da mecânica. A matéria e constituída de
átomos e moléculas, que são partículas que possuem energias cinética e potencial. Uma tentativa de definir
a energia interna e simplesmente dizer que ela é a soma das energias cinéticas de todas as suas partículas
constituintes, acrescida da soma de todas as energias potenciais decorrentes das interações entre as
partículas do sistema.

ATENÇÃO É interna? Note que a energia interna não inclui a energia potencial decorrente das interações
entre o sistema e suas vizinhanças. Se o sistema for um copo com água, quando o colocarmos no alto de
uma prateleira sua energia potencial oriunda da interação com a Terra aumentara. Porém, isso não possui
efeito algum sobre as interações entre as moléculas da água, de modo que a energia interna da água não
varia.

Usaremos o símbolo U para a energia interna. (Usamos esse mesmo símbolo no estudo da mecânica
para representar a energia potencial. No entanto, U tem um significado diferente na termodinâmica.) Durante
a mudança de estado de um sistema, a energia interna pode variar de um valor inicial U1 até um valor final
U2. A variação da energia interna e simbolizada por ΔU = U2 = U1.
Quando fornecemos um calor Q a um sistema e ele não realiza nenhum trabalho durante o processo
(logo, W = 0), a energia interna aumenta por um valor igual a Q; isto e, ΔU = Q. Quando um sistema realiza
um trabalho W de expansão contra suas vizinhanças e nenhum calor e fornecido ao sistema nesse processo,
a energia deixa o sistema e sua energia interna diminui. Ou seja, quando W e positivo, Q e zero e ΔU = –W.

104
Quando ocorre transferência de calor com uma realização de trabalho, a variação total da energia interna é
dada por

𝛥𝑈 = 𝑄 − 𝑊 (3.4)

Podemos reagrupar a equação anterior na forma

𝑄 = 𝛥𝑈 + 𝑊 (3.5)

A Equação 3.5 mostra que, em geral, quando um calor Q e fornecido a um sistema, uma parte da
energia adicionada permanece dentro dele, fazendo sua energia interna variar por ΔU; a parte restante deixa
o sistema novamente quando ele realiza um trabalho W de expansão contra suas vizinhanças. Uma vez que
W e Q são grandezas positivas, negativas ou nulas, a variação de energia interna ΔU pode ser positiva,
negativa ou nula em processos diferentes (Figura 3.9).
A primeira lei da termodinâmica é descrita pela Equação 3.4 ou pela Equação 3.5. Ela é uma
generalização do princípio da conservação da energia para incluir a transferência de energia sob forma de
calor, assim como a realização de trabalho mecânico. Como você verá em capítulos posteriores, esse
princípio pode ser estendido a cada vez mais classes de fenômenos, identificando-se novas formas de energia
e de transferência de energia. Em todas as novas situações nas quais se pensou que a energia total não se
conservava, foi possível identificar outra forma de energia e mostrar que, ao incluir essa nova forma, a energia
total é conservada.

Entendendo a primeira lei da termodinâmica


Figura 3.10 A energia interna de uma xícara de
café depende apenas de seu estado
No início desta discussão, tentamos definir a energia
termodinâmico — quais são as quantidades de
interna descrevendo-a em termos de energias
água e de pó de café existentes no sistema e
microscópicas, cinéticas e potenciais. Contudo, na
qual é sua temperatura. Ela não depende da
verdade, o cálculo da energia interna usando esse
história do modo como ele foi preparado — ou
método para qualquer sistema real seria complicado e
seja, do caminho termodinâmico que conduziu o
impraticável. Além disso, essa definição não é
sistema até o estado em que ele se encontra.
operacional, pois não descreve como determinar a
energia interna a partir de grandezas físicas que
podemos medir diretamente.
Sendo assim, e conveniente encarar a energia
interna de outra maneira. Para começar, definiremos a
variação da energia interna ΔU durante qualquer
mudança de um sistema como a grandeza dada pela
Equação 3.4, ΔU = Q – W. Esta é uma definição
operacional, porque podemos obter a energia interna a
partir de grandezas físicas que podemos medir
diretamente, Q e W. Esse procedimento não serve para
determinar o valor próprio de U, apenas a variação de
energia interna ΔU. Isso não é um impedimento, porque
podemos definir um valor específico da energia interna
para um dado estado de referência e, a seguir, usar a Equação 3.4 para definir a energia interna em qualquer
outro estado. Esse procedimento é análogo a definir a energia potencial de um sistema mecânico igual a zero
em certo ponto.
Contudo, essa nova definição traz outra dificuldade. Se definirmos ΔU pela Equação 3.4, quando o
sistema sofresse uma variação do estado 1 até o estado 2, seguindo dois caminhos diferentes, como
poderíamos saber se ΔU e o mesmo para os dois caminhos? Já vimos que Q e W em geral não são os
mesmos para caminhos diferentes. Se ΔU, que é igual a Q = W, também dependesse do caminho, então o
valor de ΔU seria ambíguo. Nesse caso, o conceito de energia interna de um sistema levaria ao mesmo
conceito errado de calor de um sistema, conforme discutimos no final da Seção 3.3.
A única maneira de responder a essa pergunta e por meio da experiência. Para diversos materiais,
medimos Q e W em várias mudanças de estado e ao longo de diversos caminhos para verificar se ΔU depende
ou não do caminho. O resultado de tais investigações e claro e sem ambiguidades: embora Q e W dependam
do caminho, ΔU = Q – W é independente do caminho. A variação da energia interna de um sistema durante
qualquer processo termodinâmico depende somente dos estados inicial e final do sistema, e não do caminho
que conduz um estado ao outro.
Dessa forma, e a experiencia que justifica a nossa crença de que um sistema termodinâmico em um
dado estado possui um único valor de energia interna, que depende somente desse estado. Um enunciado
equivalente consiste em dizer que a energia interna U de um sistema e uma função das coordenadas de

105
estado P, V e T (basta dizer que é função de duas dessas variáveis, visto que estão relacionadas pela equação
de estado).
A afirmativa de que a primeira lei da termodinâmica, dada pela Equação 3.4 ou pela Equação 3.5,
representa a conservação da energia em um sistema termodinâmico, e correta. Porém, um aspecto adicional
da primeira lei da termodinâmica e a conclusão de que a energia interna depende somente do estado do
sistema (Figura 3.10). Nas mudanças de estado de um sistema, a variação da energia interna não depende
do caminho.
Todas essas questões podem parecer um pouco abstratas se você encarar a energia interna como a
energia mecânica microscópica. Não existe nada de errado com esse ponto de vista, e o usaremos em
diversas ocasiões durante nossas discussões. Contudo, objetivando uma definição operacional precisa, assim
como o calor, a energia interna deve ser definida de modo independente dos detalhes microscópicos da
estrutura do material.

Processos cíclicos e sistemas isolados

Vale a pena mencionarmos dois casos especiais da primeira lei da termodinâmica. Uma sucessão de
etapas que, finalmente, fazem o sistema retornar ao seu estado inicial, denomina-se processo cíclico. Em tal
processo, o estado inicial e idêntico ao final, e a variação total da energia interna deve ser igual a zero. Logo,

𝑈2 = 𝑈1 e 𝑄 = 𝑊

Se um trabalho total W for realizado pelo sistema durante esse processo, uma quantidade de energia
igual deve ser transferida para o interior do sistema sob forma de calor Q. Porém, não há motivo para que
nem Q nem W sejam individualmente iguais a zero (Figura 3.11).

Outro caso especial da primeira lei ocorre em um sistema isolado, aquele que não troca nem calor
nem trabalho com suas vizinhanças. Em qualquer processo termodinâmico que ocorre em um sistema isolado,

𝑊= 𝑄 = 0

e, portanto,

𝑈2 = 𝑈1 = 𝛥𝑈 = 0

106
Em outras palavras, a energia interna de um sistema isolado permanece constante.

Mudanças de estado infinitesimais

Nos exemplos anteriores, os estados inicial e final do sistema diferiam por uma quantidade finita. Mais
adiante, trataremos de variações de estado infinitesimais, em que uma pequena quantidade de calor dQ e
fornecida ao sistema, um pequeno trabalho dW e realizado pelo sistema e sua energia interna sofre variação
de uma quantidade dU. Para tal processo,

𝑑𝑈 = 𝑑𝑄 − 𝑑𝑊 (3.6)

Para os sistemas que discutiremos, o trabalho dW e dado por dW = P dV, de modo que podemos
enunciar a primeira lei da termodinâmica na forma

𝑑𝑈 = 𝑑𝑄 − 𝑃 𝑑𝑉 (3.7)

3.5 TIPOS DE PROCESSOS TERMODINÂMICOS

Nesta seção, descreveremos quatro tipos específicos de


processos termodinâmicos muito frequentes em situações praticas.
Resumidamente, podemos dizer que essas transformações são o
processo adiabático, que “não envolve troca de calor”; o processo
isocórico, que “mantem o volume constante”; o processo isobárico, que
“mantem a pressão constante”; e o processo isotérmico, que “mantem a
temperatura constante”. Em alguns desses processos, podemos usar uma
forma simplificada da primeira lei da termodinâmica.

Processo adiabático

Um processo adiabático e aquele no qual não ocorre


transferência de calor nem para dentro, nem para fora do sistema; Q = 0.
Podemos impedir a transferência de calor fechando o sistema com um
material isolante ou realizando o processo tão rapidamente que não haja
tempo suficiente para ocorrer um fluxo de calor apreciável. Pela primeira
lei da termodinâmica, verificamos que, em qualquer processo adiabático,
𝑈2 − 𝑈1 = Δ𝑈
(3.8)
= −𝑊 (processo adiabático)
Quando um sistema se expande adiabaticamente, W e positivo (o
sistema realiza trabalho sobre as vizinhanças); logo, ΔU e negativa e a
energia interna diminui. Quando um sistema e comprimido
adiabaticamente, W e negativo (o trabalho e realizado sobre o sistema
pelas vizinhanças); logo, U aumenta. Em muitos sistemas (mas não todos),
um aumento de energia interna e acompanhado de um aumento na
temperatura, e uma diminuição na energia interna e acompanhada de uma
queda na temperatura (Figura 3.14).
A fase de compressão em um motor de combustão interna e
aproximadamente um processo adiabático. A temperatura da mistura de ar
e combustível sobe à medida que ela e comprimida no cilindro. A expansão
do combustível queimado durante a fase da produção de trabalho também
e aproximadamente um processo adiabático, com uma diminuição da
temperatura. Na Seção 3.8, estudaremos os processos adiabáticos em um
gás ideal.

Processo isocórico

Um processo isocórico é um processo a volume constante. Quando o volume de um sistema


termodinâmico permanece constante, ele não realiza trabalho sobre as vizinhanças. Logo, W = 0 é
𝑈2 − 𝑈1 = Δ𝑈 = 𝑄 (3.9)
Em um processo isocórico, toda energia adicionada sob forma de calor permanece no interior do
sistema, contribuindo para o aumento da energia interna. O aquecimento de certo gás em um recipiente cujo
107
volume é mantido constante é um exemplo de processo isocórico. (Note que existem alguns tipos de trabalho
que não envolvem variação de volume. Por exemplo, podemos realizar trabalho sobre um fluido agitando-o.
Em alguns livros, o termo “isocórico” e usado para designar um processo em que nenhum tipo de trabalho foi
realizado.)

Processo isobárico

Um processo isobárico e um processo a pressão constante. Em geral, nenhuma das três grandezas
ΔU, Q e W e igual a zero em um processo isobárico; entretanto, o cálculo do trabalho W e fácil. Pela Equação
3.3,
𝑊 = 𝑃(𝑉2 − 𝑉1 ) (processo isobárico) (3.10)

𝑊 = 𝑃(𝑉2 − 𝑉1 ) (processo isobárico) (3.10)

Na Figura 3.15, podemos ver um processo isobárico, a ebulição da água a pressão constante.

Processo isotérmico

108
Um processo isotérmico é um processo a
temperatura constante. Para um processo ser isotérmico, e
necessário que a transferência de calor para dentro ou para
fora do sistema seja suficientemente lenta, possibilitando que
o sistema permaneça em equilíbrio térmico. Em geral,
nenhuma das três grandezas, ΔU, Q e W, é igual a zero em
um processo isotérmico.
Em alguns casos especiais, a energia interna do
sistema depende apenas de sua temperatura, e não do
volume ou da pressão. O sistema mais conhecido que goza
dessa propriedade especial e um gás ideal, conforme
discutiremos na próxima seção. Em tais sistemas, quando a
temperatura e constante, a energia interna também e
constante; ΔU = 0 e Q = W. Ou seja, qualquer energia que
entra no sistema sob a forma de calor Q sai novamente dele
em virtude do trabalho W realizado por ele. Em muitos
sistemas que não podem ser considerados gases ideais, a
energia interna depende do volume e da pressão; logo, U
pode variar mesmo quando T permanece constante.
A Figura 3.16 apresenta um diagrama PV de quatro
processos diferentes para uma quantidade constante de um
gás ideal. O caminho referente ao processo adiabático (de a
até 1) e uma curva adiabática. A reta vertical (volume
constante) e uma isócora, a reta horizontal (pressão
constante) e uma isóbara, e a curva com temperatura
constante e uma isoterma.

3.6 ENERGIA INTERNA DE UM GÁS IDEAL

Agora vamos mostrar que a energia interna U de um


gás ideal depende somente de sua temperatura, e não do
volume ou da pressão. Vamos considerar novamente a
expansão livre de um gás ideal descrita na Seção 3.3. Um
recipiente e circundado por paredes isolantes e separado em
compartimentos por uma divisória (Figura 3.17). Um
compartimento contem certa quantidade de gás ideal; no
outro, produz-se vácuo.
Quando a divisória e quebrada ou removida, ocorre
uma expansão livre do gás ideal para preencher os dois
compartimentos. Não existe fluxo de calor através do
isolamento, e o gás não realiza trabalho sobre as
vizinhanças, pois as paredes do recipiente não se movem. Logo, Q e W são iguais a zero, e a energia interna
U e constante.
Será que a temperatura T varia durante uma expansão livre? Suponha que ela varie, enquanto a
energia interna permanece constante. Nesse caso, concluiríamos que a energia interna seria uma função da
temperatura T e do volume V, ou uma função da temperatura T e da pressão P, mas certamente não
dependeria somente da temperatura T. Porém, supondo que T seja constante durante uma expansão livre na
qual provamos que U e constante mesmo com a variação simultânea de P e de V, podemos concluir que U
depende somente de T, e não de P ou de V.
Muitas experiencias mostraram que, quando um gás com densidade pequena sofre uma expansão
livre, sua temperatura não varia. Concluímos que:

A energia interna U de um gás ideal depende somente de sua temperatura T, e não do volume ou da
pressão.

Essa propriedade, combinada com a equação de estado do gás ideal, faz parte do modelo do gás
ideal. Usaremos essa propriedade com frequência.
No caso de um gás não ideal, embora a energia interna permaneça constante, ocorre alguma variação
da temperatura durante uma expansão livre. Isso mostra que a energia interna não depende somente da
temperatura, mas também da pressão. Do ponto de vista microscópico, segundo o qual a energia interna U e
encarada como a soma da energia cinética com a energia potencial das partículas do sistema, isso não seria
surpresa. Em gases não ideais, em geral existem forças de atração entre as moléculas e, quando a distância
109
entre elas aumenta, a energia potencial associada também aumenta. Como a energia interna permanece
constante, as energias cinéticas das moléculas devem diminuir. A temperatura e diretamente relacionada a
energia cinética e, nesse tipo de gás, a temperatura deve diminuir durante uma expansão livre.

3.7 CALOR ESPECÍFICO DE UM GÁS IDEAL

Já definimos o calor específico e o calor específico molar


na Seção 1.5. Comentamos também, ao final daquela seção, que
o calor específico de uma substancia depende do processo de
fornecimento de calor para a substância.

Geralmente é mais fácil medir o calor específico de um gás


mantendo-o em um recipiente fechado com volume constante. O
calor específico correspondente denomina-se calor específico
molar a volume constante, designado por CV. As medidas dos
calores específicos de sólidos e de líquidos geralmente são feitas
mantendo-se a pressão atmosférica
constante, e o calor específico correspondente denomina-se calor
específico molar à pressão constante, designado por CP.
Vamos considerar CP e CV em um gás ideal. Para medir
CV, fazemos aumentar a temperatura de um gás ideal mantendo-
o em um recipiente a volume constante, desprezando a dilatação
térmica do recipiente (Figura 3.18a). Para medir CP, fazemos o
gás expandir apenas o suficiente para manter a pressão constante
enquanto sua temperatura aumenta (Figura 3.18b).
Por que esses dois calores específicos deveriam ser
diferentes? A resposta é dada pela primeira lei da termodinâmica.
Quando a temperatura aumenta em um processo isocórico
(volume constante), o sistema não realiza trabalho, e a variação
da energia interna ΔU e igual ao calor fornecido Q. Contudo,
quando a temperatura aumenta em um processo isobárico
(pressão constante), o volume deve aumentar; caso contrário, a
pressão (dada pela equação do gás ideal, P = nRT/V) não
permaneceria constante. Quando o sistema se expande, ele
realiza um trabalho W. De acordo com a primeira lei da
termodinâmica, temos

Para um dado aumento de temperatura, a variação da


energia interna ΔU de um gás ideal apresenta sempre o mesmo
valor, independentemente do processo (lembre-se de que a
energia interna de um gás ideal depende somente de sua
temperatura, e não do volume ou da pressão). A Equação 3.11
mostra então que o calor que entra no
𝑄 = Δ𝑈 + 𝑊 (3.11)
sistema em um processo isobárico
deve ser maior que o calor que entra no sistema em um processo isocórico, porque é necessário fornecer
uma energia adicional para compensar o trabalho W realizado durante a expansão. Portanto, em um gás
ideal, CP e maior que CV. O diagrama PV na Figura 3.19 ilustra essa relação. Para o ar, CP e 40% maior que
CV.

Relação entre CP e CV para um gás ideal

Podemos deduzir uma relação simples entre CP e CV para o caso de um gás ideal. Inicialmente vamos
considerar um processo isocórico. Colocamos n moles de um gás ideal em um recipiente com volume
constante. Mantemos o sistema em contato térmico com um corpo mais quente; um calor infinitesimal dQ flui
para o interior do gás e sua temperatura aumenta por um valor infinitesimal dT. Pela definição de calor
específico molar a volume constante, CV, temos

𝑑𝑄 = 𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 (3.12)
A pressão cresce nesse
processo, mas o gás não realiza nenhum trabalho (dW = 0), porque o volume permanece constante. A forma

110
diferencial da primeira lei, Equação 3.6, e dQ = dU + dW. Como dW = 0, dQ = dU, e a Equação 3.12 também
pode ser escrita na forma

𝑑𝑈 = 𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 (3.13)
Considere agora um processo isobárico com a mesma variação de temperatura dT. Colocamos o
mesmo gás em um recipiente cilíndrico com um pistão que se move apenas o suficiente para manter a pressão
constante (Figura 3.18b). Novamente mantemos o sistema em contato térmico com um corpo mais quente. À
medida que o calor flui para dentro do sistema, ele se expande a pressão constante e realiza trabalho. Pela
definição de calor específico molar a pressão constante, CP, o calor dQ que entra no gás é

𝑑𝑄 = 𝑛𝐶𝑃 𝑑𝑇 (3.14)

O trabalho dW realizado pelo gás no processo isobárico é

𝑑𝑊 = 𝑃 𝑑𝑉

Também podemos expressar dW em termos da variação de temperatura dT, usando a equação de


estado do gás ideal, PV = nRT. Como a pressão P e constante, a variação de volume V e proporcional a
variação de T:

𝑑𝑊 = 𝑃 𝑑𝑉 = 𝑛𝑅 𝑑𝑇 (3.15)

Substituímos agora as equações 3.14 e 3.15 na primeira lei, dQ = dU – dW:

𝑛𝐶𝑃 𝑑𝑇 = 𝑑𝑈 + 𝑛𝑅 𝑑𝑇 (3.16)

Agora chegamos ao ponto crucial da dedução. A variação da energia interna dU no processo isobárico
e novamente dada pela Equação 3.13, dU = nCV dT, embora agora o volume não seja constante. Como
explicar isso? Lembre-se da discussão na Seção 3.6; uma das principais características de um gás ideal e
que sua energia interna depende somente da temperatura. Portanto, a variação da energia interna em
qualquer tipo de processo depende apenas da variação da temperatura. Se a Equação 3.13 for válida para
um gás ideal em um dado processo, ela será válida para um gás ideal em qualquer outro tipo de processo
com o mesmo dT. Portanto, podemos substituir dU na Equação 3.16 por nCV dT:

𝑛𝐶𝑃 𝑑𝑇 = 𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 + 𝑛𝑅 𝑑𝑇

Quando dividimos ambos os membros pelo fator comum n dT, obtemos

𝐶𝑃 = 𝐶𝑉 + 𝑅 (3.17)

Como havíamos previsto, o calor específico molar a pressão constante de um gás ideal e maior que
o calor específico molar a volume constante; a diferença e dada pela constante dos gases R.
Usamos o modelo do gás ideal para deduzir a Equação 3.17, porém, verifica-se que ela e obedecida
com um pequeno erro percentual por muitos gases reais a pressões moderadas. Na Tabela 19.1, fornecemos
alguns valores medidos de CP e de CV para diversos gases reais em baixas pressões; em quase todos esses
gases, a diferença entre os valores indicados e aproximadamente R = 8,314 J/mol ∙ K.
A tabela também mostra que os calores específicos molares de um gás estão relacionados a sua
estrutura molecular, conforme discutimos na Seção 2.4. De fato, as duas primeiras colunas da Tabela 19.1
são as mesmas da Tabela 3.1.

111
Razão entre os calores específicos

A última coluna da Tabela 19.1 indica os valores sem dimensões da razão entre os calores
específicos, CP/CV, representada por γ (letra grega gama):

𝐶𝑃
𝛾= (3.18)
𝐶𝑉

(Essa relação também é chamada de “razão das capacidades caloríficas”.) Nos gases, CP é sempre
maior que CV, e g e sempre maior que um. Na próxima seção, veremos que essa grandeza g desempenha
um papel importante no processo adiabático de um gás ideal.
Podemos usar nossa discussão sobre o modelo cinético teórico do calor específico molar de um gás
ideal (Seção 2.4) para fazer previsões sobre os valores de g. Como exemplo, em um gás monoatômico, CV =
3
R. Pela Equação 3.17,
2

3 5
𝐶𝑃 = 𝐶𝑉 + 𝑅 = 𝑅 + 𝑅 = 𝑅
2 2

logo,

5
𝐶𝑃 2 𝑅 5
𝛾= = = = 1,67
𝐶𝑉 3 𝑅 3
2

Conforme indicado na Tabela 19.1, esse resultado concorda com os valores de g obtidos nas medidas
dos calores específicos molares. Em quase todos os gases diatômicos nas vizinhanças da temperatura
5 7
ambiente, CV = R e, portanto, CP = CV = R = R, e
2 2

7
𝐶𝑃 2 𝑅 7
𝛾= = = = 1,40
𝐶𝑉 5 𝑅 5
2

que também concorda com os valores medidos.


Um último lembrete: para um gás ideal, a variação da energia interna em qualquer tipo de processo
e dada por ΔU = nCV ΔT, independentemente de o volume ser ou não constante. Essa relação vale para
outras substancias somente em processos isocóricos (quando o volume e constante).

112
3.8 PROCESSO ADIABÁTICO DE UM GÁS IDEAL

Um processo adiabático, definido na Seção 3.5, e aquele em que


não ocorre nenhuma transferência de calor entre o sistema e suas
vizinhanças. Uma transferência de calor igual a zero e uma idealização,
mas um processo e aproximadamente adiabático quando ocorre em um
sistema muito bem isolado, ou quando e realizado tão rapidamente que
não existe tempo suficiente para que ocorra um fluxo de calor apreciável.
Em um processo adiabático, Q = 0. Logo, pela primeira lei, ΔU = –
W. Um processo adiabático de um gás ideal e apresentado no diagrama
PV da Figura 3.20. À medida que o gás se expande de um volume Va até
Vb, ele realiza trabalho, de modo que sua energia interna diminui e sua
temperatura cai. Se o ponto a, representando o estado inicial, está sobre
uma isoterma a uma temperatura T + dT, então o ponto b, representando
o estado final, estará sobre uma isoterma com uma temperatura mais baixa
T. Para uma compressão adiabática do ponto Vb até o ponto Va, o processo
se inverte e a temperatura do gás aumenta.
O ar nos tubos de saída de compressores usados para calibrar
pneus e encher tanques de gás usados em mergulhos sempre sai mais
quente que o ar que entra no compressor, porque a compressão e rápida
e aproximadamente adiabática. Um resfriamento adiabático ocorre quando
você abre uma garrafa de sua bebida carbonatada preferida. O gás sob
pressão acima da superfície da bebida se expande rapidamente em um
processo quase adiabático; a temperatura do gás diminui tanto que o vapor
d’agua se condensa, formando uma nuvem em miniatura (ver Figura 3.14).

ATENÇÃO “Aquecer” e “resfriar” sem calor Lembre-se de que, quando


você menciona um “aquecimento adiabático” ou um “resfriamento
adiabático”, você está querendo dizer, na realidade, que ocorre um “aumento de temperatura” ou um
“resfriamento de temperatura”, respectivamente. Em um processo adiabático não existe absolutamente
nenhuma troca de calor, e a variação da temperatura ocorre em razão do trabalho realizado pelo sistema ou
sobre o sistema.

Gás ideal adiabático: relacionando V, T e P

Podemos deduzir uma relação entre as variações de temperatura e de volume em um processo


adiabático infinitesimal de um gás ideal. A Equação 3.13 fornece a variação da energia interna dU para
qualquer processo de um gás ideal, adiabático ou não; logo, dU = nCV dT. Além disso, o trabalho realizado
pelo gás e dado por dW = P dV. Então, como dU = –dW, temos

𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 = −𝑃 𝑑𝑉 (3.19)

Para obter uma relação contendo somente a temperatura T e o volume V, eliminamos P usando a
equação do gás ideal na forma P = nRT/V. Substituindo na Equação 3.19 e reagrupando, encontramos

𝑛𝑅𝑇
𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 = − 𝑑𝑉
𝑉
𝑑𝑇 𝑅 𝑑𝑉
+ =0
𝑇 𝐶𝑉 𝑉

O coeficiente R/CV pode ser expresso em termos de γ = CP/CV. Obtemos:

𝑅 𝐶𝑃 − 𝐶𝑉 𝐶𝑃
= = −1=𝛾−1
𝐶𝑉 𝐶𝑉 𝐶𝑉
𝑑𝑇 𝑑𝑉
+ (𝛾 − 1) =0 (3.20)
𝑇 𝑉

Como em um gás g e sempre maior que um, (γ – 1) e sempre positivo. Isso significa que, na Equação
3.20, dV e dT sempre tem sinais opostos. Na expansão adiabática de um gás ideal (dV > 0), sempre ocorre
uma diminuição de temperatura (dT < 0), e na compressão adiabática de um gás ideal (dV < 0) sempre ocorre
um aumento de temperatura (dT > 0); isso confirma nossa previsão anterior.
Para uma variação finita da temperatura e do volume, podemos integrar a Equação 3.20 e obtemos
113
ln 𝑇 + (𝛾 − 1) ln 𝑉 = constante
ln 𝑇 + ln 𝑉 𝛾−1 = constante
ln(𝑇𝑉 𝛾−1 ) = constante

e, finalmente,

𝑇𝑉 𝛾−1 = constante (3.21)

Portanto, para um estado inicial (T1, V1) e um estado final (T2, V2),
𝛾−1
𝑇1 𝑉1
𝛾−1 (3.22)
= 𝑇2 𝑉2 (processo adiabático, gás ideal)

Como usamos a equação do gás ideal na dedução das equações 19.21 e 19.22, o valor de T só pode
ser expresso na temperatura absoluta (em Kelvin).
Também podemos converter a Equação 3.21 em outra relação entre a pressão e o volume eliminando
T, mediante a equação do gás ideal na forma T = PV/nR. Substituindo essa expressão na Equação 3.21,
encontramos

𝑃𝑉 𝛾−1
𝑉 = constante
𝑛𝑅

ou, como n e R são constantes,

𝑃𝑉 𝛾 = constante (3.23)

Para um estado inicial (P1, V1) e um estado final (P2, V2), a Equação 3.23 fornece
𝛾 𝛾
𝑃1 𝑉1 = 𝑃2 𝑉2 (processo adiabático, gás ideal) (3.24)

Também podemos calcular o trabalho realizado por um gás ideal durante um processo adiabático.
Sabemos que, em qualquer processo adiabático, Q = 0 e W = –ΔU. Em um gás ideal, ΔU = nCV(T2 – T1). Se
conhecemos o número de moles n, a temperatura inicial T1 e a temperatura final T2, teremos simplesmente

𝑊 = 𝑛𝐶𝑉 (𝑇1 − 𝑇2 ) (3.25)

Também podemos usar a relação PV = nRT na equação anterior para obter

𝐶𝑉
𝑊= (𝑃 𝑉 − 𝑃2 𝑉2 )
𝑅 1 1 (3.26)
1
= (𝑃 𝑉 − 𝑃2 𝑉2 )
𝛾−1 1 1

(Usamos CV = R/(γ – 1)) Se o processo adiabático e uma expansão, a temperatura diminui, T1 e maior
que T2, P1V1 e maior que P2V2, e o trabalho realizado e positivo. Se o processo adiabático e uma compressão,
o trabalho e negativo.
Na análise precedente do processo adiabático, usamos a equação de estado do gás ideal, que vale
somente para estados de equilíbrio. Estritamente falando, nossos resultados são validos quando o processo
e realizado de modo suficientemente rápido para que não ocorra um fluxo de calor apreciável entre o sistema
e as vizinhanças (de modo que Q = 0 e o processo seja adiabático), embora ele também seja suficientemente
lento para que não ocorra uma ruptura dos equilíbrios térmico e mecânico. Mesmo quando essas condições
não são estritamente obedecidas, as equações 19.22, 19.24 e 19.26 fornecem resultados aproximadamente
úteis.

EXERCÍCIOS

1. . Um gás ideal sofre uma expansão isotérmica (temperatura constante) para uma temperatura T, enquanto
o volume varia entre os limites V1 e V2. Qual é o trabalho realizado pelo gás?

114
2. . O diagrama PV da figura a seguir mostra uma série de processos termodinâmicos.

No processo ab, 150 J de calor são fornecidos ao sistema e, no processo bd, 600 J de calor são fornecidos
ao sistema. Calcule: (a) a variação da energia interna no processo ab; (b) a variação da energia interna
no processo abd; (c) a variação da energia interna no processo acd.

3. Dois moles de um gás ideal são comprimidos em um cilindro a uma temperatura constante de 65,0 °C até
que a pressão original tenha triplicado. Desenhe um diagrama PV para esse processo.

4. (a) Na Figura 3.7a, considere a malha 1 ⟶ 3 ⟶ 2 ⟶ 4 ⟶ 1. Esse processo é cíclico porque o estado
final coincide com o inicial. Calcule o trabalho total realizado pelo sistema nesse processo cíclico e mostre
que ele é igual a área no interior da malha fechada. (b) Como o trabalho realizado no item (a) se relaciona
com o trabalho realizado quando o ciclo for percorrido em sentido inverso, 1 ⟶ 4 ⟶ 2 ⟶ 3 ⟶ 1? Explique.

5. A figura abaixo mostra um diagrama PV para um gás ideal no qual sua temperatura absoluta em b é um
quarto de sua temperatura absoluta em a.

(a) Que volume esse gás ocupa no ponto b? (b) Nesse processo, quantos joules de trabalho foram
realizados pelo gás ou sobre ele? (c) A energia interna do gás aumentou ou diminuiu de a para b? Como
você pode saber? (d) O calor entra ou sai do gás de a para b? Como você pode saber?

6. O processo abc mostrado no diagrama PV da figura a seguir envolve 0,0175 mol de um gás ideal. (a)
Qual foi a temperatura mais baixa que o gás alcançou nesse processo? Onde ele ocorreu? (b) Quanto
trabalho foi realizado pelo gás ou sobre o gás de a para b? E de b para c? (c) Se 215 J de calor fossem
colocados no gás durante abc, quantos desses joules entraram na energia interna?

7. Quando a água entra em ebulição sob pressão de 2,00 atm, o calor de vaporização é 2,20 × 10 6 J/kg, e
o ponto de ebulição é 120 °C. A essa pressão, 1,00 kg de água possui volume igual a 1,00 × 10 –3 m3, e
115
1,00 kg de vapor d’água possui volume igual a 0,824 m 3. (a) Calcule o trabalho realizado quando se forma
1,00 kg de vapor d’agua nessa temperatura. (b) Calcule a variação da energia interna da água.

8. Uma quantidade de ar vai do estado a até o estado b ao longo de uma linha reta no diagrama PV (figura
abaixo).

(a) Nesse processo, a temperatura do gás aumenta, diminui ou permanece constante? Explique. (b) Se
Va = 0,0700 m3, Vb = 0,1100 m3, Pa = 1,0 × 105 Pa e Pb = 1,40 × 105 Pa, qual é o trabalho W realizado
pelo gás nesse processo? Suponha que o gás possa ser tratado como um gás ideal.

9. Você registrou medições de transferência de calor Q para 0,300 mol de um gás, começando em T1 = 20,0
°C e terminando em uma temperatura T2. Você mediu Q para três processos: um isobárico, um isocórico
e um adiabático. Em cada caso, T2 foi o mesmo. A figura a seguir resume seus resultados.

Mas você perdeu uma página de seu caderno de notas do laboratório e não tem um registro do valor de
T2; você também não sabe qual processo foi isobárico, isocórico ou adiabático. Cada processo foi
realizado a uma pressão suficientemente baixa para o gás ser tratado como ideal. (a) Identifique cada
processo a, b ou c como isobárico, isocórico ou adiabático. (b) Qual é o valor de T2? (c) Quanto trabalho
foi feito pelo gás em cada processo? (d) Para qual processo o módulo do volume varia mais? (e) Para
cada processo, o volume do gás aumenta, diminui ou permanece igual?

10. Na figura abaixo, uma amostra de gás se expande de V0 para 4,0V0 enquanto a pressão diminui de p0
para p0/4,0.

116
Se V0 = 1,0 m3 e p0 = 40 Pa, qual é o trabalho realizado pelo gás se a pressão varia com o volume de
acordo (a) com a trajetória A, (b) com a trajetória B e (c) com a trajetória C?

11. Um sistema termodinâmico passa do estado A para o estado B, do estado B para o estado C e de volta
para o estado A, como mostra o diagrama p–V da figura a seguir (a). A escala do eixo vertical é definida
por ps = 40 Pa e a escala do eixo horizontal é definida por Vs = 4,0 m3. (a)–(g) Complete a tabela da figura
(b) introduzindo um sinal positivo, um sinal negativo ou um zero na célula indicada. (h) Qual é o trabalho
realizado pelo sistema no ciclo ABCA?

12. Um gás em uma câmara fechada passa pelo ciclo mostrado no diagrama p–V da figura abaixo. A escala
do eixo horizontal é definida por Vs = 4,0 m3.

Calcule a energia adicionada ao sistema na forma de calor durante um ciclo completo.

13. Um trabalho de 200 J é realizado sobre um sistema, e uma quantidade de calor de 70,0 cal é removida
do sistema. Qual é o valor (incluindo o sinal) (a) de W, (b) de Q e (c) de ΔEint?

14. A figura a seguir mostra um ciclo fechado de um gás (a figura não foi desenhada em escala).

117
A variação da energia interna do gás ao passar de a para c ao longo da trajetória abc é –200 J. Quando
passa de c para d, o gás recebe 180 J na forma de calor. Mais 80 J são recebidos quando o gás passa
de d para a. Qual é o trabalho realizado sobre o gás quando passa de c para d?

15. A figura abaixo mostra um ciclo fechado a que um gás é submetido.

De c até b, 40 J deixam o gás na forma de calor. De b até a, 130 J deixam o gás na forma de calor e o
valor absoluto do trabalho realizado pelo gás é 80 J. De a até c, 400 J são recebidos pelo gás na forma
de calor. Qual é o trabalho realizado pelo gás de a até c? (Sugestão: Não se esqueça de levar em conta
o sinal algébrico dos dados.)

16. Uma amostra de gás se expande de uma pressão inicial de 10 Pa e um volume inicial de 1,0 m3 para um
volume final de 2,0 m3. Durante a expansão, a pressão e o volume estão relacionados pela equação p =
aV2, em que a = 10 N/m8. Determine o trabalho realizado pelo gás durante a expansão.

17. Uma amostra de gás sofre uma transição de um estado inicial a para um estado final b por três diferentes
trajetórias (processos), como mostra o diagrama p–V da figura a seguir, em que Vb = 5,00Vi.

A energia transferida para o gás em forma de calor no processo 1 é 10piVi. Em termos de piVi, qual é (a)
a energia transferida para o gás em forma de calor no processo 2 e (b) qual é a variação da energia
interna do gás no processo 3?

18. Uma amostra de gás se expande de V1 = 1,0 m3 e p1 = 40 Pa para V2 = 4,0 m3 e p2 = 10 Pa seguindo a


trajetória B do diagrama p–V da figura abaixo.

118
Em seguida, o gás é comprimido de volta para V1 seguindo a trajetória A ou a trajetória C. Calcule o
trabalho realizado pelo gás em um ciclo completo ao longo (a) da trajetória BA e (b) da trajetória BC.

19. Um gás ideal com volume V = 1000 cm3 está contido em um recipiente cilíndrico de área A = 100 cm2.
Uma das extremidades de uma mola está presa na extremidade do cilindro e a outra em um êmbolo,
conforme mostra a figura. Uma quantidade de calor Q = 5 J é fornecida ao gás por uma resistência
aquecedora e este se expande isotermicamente, ocupando um volume igual a 5V/4. Admita que as
paredes do cilindro e o êmbolo são isolantes térmicos. Calcule, em função dos dados, a constante elástica
k da mola.

20. A primeira lei da termodinâmica é:


a) O único modo de exprimir a conservação da energia
b) Verdadeira, quando existe atrito
c) Um enunciado geral da conservação da energia
d) Verdadeira só para máquinas a vapor
e) Verdadeira somente para máquinas a vapor e combustão a gasolina ou óleo

21. Uma certa quantidade de gás ideal está dentro de um recipiente que contém um pistão móvel, conforme
a figura a seguir. As paredes, inclusive a do pistão, são adiabáticas, com exceção de uma delas, que
permite a troca de calor com uma fonte.

Fornecendo calor ao recipiente, podemos afirmar que:


a) A temperatura do gás irá sempre aumentar
b) A temperatura do gás irá sempre diminuir
c) A temperatura do gás manter-se-á constante se o trabalho realizado for nulo
d) A temperatura do gás diminuirá se o trabalho realizado pelo gás for maior que o calor fornecido

119
e) A temperatura do gás diminuirá se o pistão se deslocar para a esquerda

22. N moles de um gás ideal realiza um processo cíclico (1 ⟶ 2 ⟶ 3 ⟶ 1) mostrado no diagrama Volume
(V) contra Temperatura (T) da figura abaixo.

a) Esboce o desenho de um diagrama equivalente da Pressão (P) contra Volume (V).


b) Descreva e explique as situações em que o sistema absorve calor ou perde calor.

23. Certa quantidade de gás Hélio, inicialmente no estado A, em que a pressão e o volume valem PA = 32
×105 N/m2 e VA = 1 m3, sofre o processo A → B → C. O processo A →B é isobárico e B → C é adiabático.
Considere o gás ideal e que para o Hélio, cv = 3R / 2 e cp = 5R / 2, são os calores específicos molares a
volume e a pressão constante, respectivamente.
a) Construa o diagrama PV, sabendo que o volume do gás no estado B é VB = 2 m3 e a pressão no estado
C é PC = 1×105 N/m2.
b) Quanto trabalho foi realizado pelo gás na expansão A→C?
c) Qual a variação na energia interna do gás de A→C?
Observação: Num processo adiabático, o trabalho realizado (ou recebido) pelo gás entre os estados 1→2 é
1 𝑐
dado por: Δ𝜏 = (𝑃2 𝑉2 − 𝑃1 𝑉1 ), onde 𝛾 = 𝑝 é o fator de Poisson.
1−𝛾 𝑐𝑣

24. No gráfico p = f (V), em que p representa a pressão sobre um gás ideal e V o


volume desta massa gasosa, está representada uma transformação gasosa,
desde o estado A até o estado B. Sobre a transformação representada é correto
afirmar que:

a) o sistema recebe calor do exterior.


b) a energia interna do sistema aumenta.
c) a transformação de A para B é necessariamente adiabática.
d) a expressão algébrica que relaciona p e V é dada por p.V=constante.
e) o trabalho realizado pelo gás é nulo.

25. Um recipiente cilíndrico, de área de secção reta de 300 cm2 contém 3 moles de gás ideal diatômico (CV =
5R / 2) que está à mesma pressão externa. Este recipiente contém um pistão que pode se mover sem
atrito e todas as paredes são adiabáticas, exceto uma que pode ser retirada para que o gás fique em
contato com uma fonte que fornece calor a uma taxa constante (veja figura abaixo).

Num determinado instante o gás sofre um processo termodinâmico ilustrado no diagrama PV abaixo e o
pistão se move com velocidade constante de 16,6 mm/s.
a) Qual foi a variação de temperatura do gás depois de decorridos 50 s?
b) Obtenha a quantidade de calor transferida ao gás durante esse intervalo de tempo.

120
4. A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA
Muitos processos termodinâmicos ocorrem naturalmente em um dado sentido, mas não em sentido
oposto. Por exemplo, o calor sempre flui de um corpo quente para um corpo frio, nunca em sentido contrário.
o fluxo de calor de um corpo frio para um corpo quente não violaria a primeira lei da termodinâmica; a energia
seria conservada. Porém, isso não ocorre na natureza. Por que não? Como outro exemplo, note que é fácil
converter completamente energia mecânica em calor; isso ocorre sempre que usamos o freio para parar um
carro. indo no sentido inverso, existem muitos dispositivos que convertem parcialmente o calor em energia
mecânica. (o motor de um automóvel é um exemplo.) Porém, nem o mais inteligente inventor conseguiu
construir uma máquina capaz de converter completamente uma quantidade de calor em energia mecânica.
Novamente, por que não?
A resposta para essas duas perguntas diz respeito aos sentidos dos processos termodinâmicos, e é
dada pela segunda lei da termodinâmica. Essa lei determina limites fundamentais para a eficiência de uma
máquina ou de uma usina elétrica. Ela também estipula limites para a energia mínima que deve ser fornecida
a um refrigerador. Logo, a segunda lei é diretamente relevante para muitos problemas práticos importantes.
Podemos também enunciar a segunda lei em termos do conceito de entropia, uma grandeza que
mede o grau de aleatoriedade de um sistema. a ideia de entropia ajuda a entender por que a tinta que se
mistura com água não pode jamais ser separada espontaneamente, e qual é a razão pela qual uma grande
quantidade de processos aparentemente possíveis nunca ocorre na natureza.

4.1 SENTIDO DE UM PROCESSO TERMODINÂMICO

Os processos termodinâmicos que ocorrem na natureza são todos processos irreversíveis. Esses
processos são aqueles que ocorrem em um determinado sentido, porém não no sentido contrário (Figura
4.1a). O fluxo de calor de um corpo quente para um corpo mais frio ocorre irreversivelmente, como no caso
da expansão livre de um gás. Quando um livro desliza sobre uma mesa, sua energia mecânica é convertida
em calor pelo atrito; esse processo é irreversível, pois ninguém jamais observou o processo inverso (no qual
um livro em repouso sobre a mesa começasse a se mover espontaneamente e a temperatura do livro e da
mesa começasse a diminuir). O principal tópico deste capítulo é a segunda lei da termodinâmica, que
determina qual é o sentido preferencial desses processos.
Apesar desse sentido preferencial de todo processo natural, podemos imaginar uma classe de
processos idealizados que poderiam ser reversíveis. Um sistema que realiza esse processo reversível ideal
está sempre próximo do equilíbrio termodinâmico com as vizinhanças e no interior do próprio sistema.
Qualquer mudança de estado que ocorra pode ser invertida (forçada a realizar-se no sentido contrário),
produzindo-se variações infinitesimais nas condições do sistema. Por exemplo, o fluxo de calor entre dois
corpos com uma diferença de temperatura infinitesimal entre si pode ser invertido variando apenas levemente
uma ou outra temperatura (Figura 4.1b).

Figura 4.1 Processos reversíveis e irreversíveis

Processos reversíveis são, portanto, processos de equilíbrio, nos quais o sistema está sempre em
equilíbrio termodinâmico. Obviamente, se um sistema está realmente em equilíbrio termodinâmico, não pode
ocorrer nenhuma mudança no estado do sistema. O calor não poderia fluir nem para dentro nem para fora de
um sistema que tivesse uma temperatura rigorosamente constante em todos os seus pontos, e um sistema
que estivesse realmente em equilíbrio mecânico não poderia realizar nenhum trabalho sobre suas
vizinhanças. Um processo reversível é uma idealização que não pode ser realizada com precisão no mundo
real. Entretanto, fazendo o gradiente de pressão e o gradiente de temperatura muito pequenos, podemos
manter o sistema muito próximo de seu estado de equilíbrio, e o processo pode se tornar aproximadamente
reversível.
Em contraste, o fluxo de calor com diferença de temperatura finita, a expansão livre de um gás e a
conversão de trabalho em calor pelo atrito são todos processos irreversíveis; nenhuma pequena variação
121
seria capaz de fazer esses sistemas sofrerem um processo inverso. Todos eles também são processos de
não equilíbrio, nos quais o sistema não está em equilíbrio termodinâmico em nenhuma etapa do processo, e
somente atinge o equilíbrio no final do processo.

DESORDEM E PROCESSOS TERMODINÂMICOS

O estado aleatório ou o grau de desordem do estado final de um sistema pode ser relacionado ao
sentido da realização de um processo. Por exemplo, imagine uma tarefa de organização monótona, como
colocar em ordem alfabética milhares de nomes impressos em cartões de arquivos. Jogue para o ar o conjunto
todo dos cartões que estavam em ordem alfabética, e eles provavelmente chegarão ao solo em um estado
aleatório ou desordenado. Na expansão livre de um gás, o ar está mais desordenado depois que se expande
para o recipiente inteiro do que quando estava contido somente em um dos lados do recipiente; do mesmo
modo, suas roupas ficam mais desordenadas quando estão espalhadas no chão de seu quarto do que quando
estavam arrumadas no interior do armário.
Analogamente, a energia cinética macroscópica é a energia associada ao movimento organizado e
coordenado de muitas moléculas, porém, a transferência de calor envolve variações de energia do estado
aleatório, ou movimento molecular desordenado. Logo, a conversão de energia mecânica em calor envolve
aumento de desordem ou aleatoriedade do sistema.
Nas seções seguintes, apresentaremos a segunda lei da termodinâmica considerando duas grandes
classes de dispositivo: as máquinas térmicas, que convertem trabalho em calor com êxito parcial, e os
refrigeradores, que transportam o calor de um corpo frio para um corpo mais quente com êxito parcial.

4.2 MÁQUINAS TÉRMICAS

A essência de nossa sociedade tecnológica é a capacidade de utilizar fontes de energia além da mera
força muscular. Algumas vezes, a energia mecânica está disponível diretamente; a força da água e do vento
são exemplos disso. Mas a maior parte de nossa energia vem da queima de combustíveis fósseis (carvão,
petróleo e gás) e de reações nucleares. Elas fornecem a energia que é transferida como calor, usado
diretamente no aquecimento de edifícios, para cozinhar, e em processos químicos; contudo, para impulsionar
um veículo ou para fazer qualquer máquina funcionar, necessitamos de energia mecânica.
Assim, é importante saber como obter calor de uma fonte e converter a maior parcela possível desse
calor em energia mecânica ou trabalho. Isso é o que ocorre nos motores a gasolina de automóveis, em um
motor a jato de um avião, na turbina a vapor de uma usina termelétrica e em muitos outros sistemas.
Processos relacionados a esses ocorrem no reino animal: a energia do alimento é “queimada” (ou seja, os
carboidratos se combinam com o oxigênio e a reação produz água, dióxido de carbono e energia) e
parcialmente convertida em energia mecânica quando o músculo de um animal realiza trabalho sobre o
ambiente.
Qualquer dispositivo que transforma calor parcialmente em trabalho ou em energia mecânica
denomina-se máquina térmica (Figura 4.2). Geralmente, uma quantidade de matéria no interior da máquina
recebe ou rejeita calor, se expande e se comprime, e algumas vezes sofre transições de fase. Essa matéria
é chamada de substância de trabalho da máquina. Em máquinas de combustão interna, como as usadas em
automóveis, a substância de trabalho é a mistura de combustível com ar; na turbina a vapor, a substância de
trabalho é a água.
O tipo mais simples de máquina que vamos analisar é aquela cuja substância de trabalho sofre um
processo cíclico, uma sequência de processos que, ao final, reconduzem a substância a seu estado inicial.
Em uma turbina a vapor, a água é reciclada e usada indefinidamente. A máquina de combustão interna não
usa sempre o mesmo ar; ainda assim, podemos analisar esse tipo de máquina em termos do processo cíclico
aproximadamente igual à operação real.

Figura 4.2 Todos os veículos motorizados que não sejam puramente elétricos utilizam máquinas térmicas
para a propulsão.

122
RESERVATÓRIO QUENTE E RESERVATÓRIO FRIO

Todas as máquinas térmicas absorvem calor de uma fonte a temperaturas relativamente altas,
realizam algum trabalho mecânico e descartam ou rejeitam algum calor a uma temperatura mais baixa. Do
ponto de vista da máquina, o calor rejeitado é desperdiçado. No motor de combustão interna, o calor
desperdiçado é o liberado nos gases quentes de exaustão e no sistema de resfriamento; em uma turbina a
vapor, é o calor que precisa ser transferido a partir do vapor usado para condensar e reciclar a água.
Quando um sistema executa um processo cíclico, sua energia interna inicial é igual à energia interna
final, de modo que a primeira lei da termodinâmica exige que

𝑈2 − 𝑈1 = 0 = 𝑄 − 𝑊 𝑙𝑜𝑔𝑜, 𝑄 = 𝑊

Ou seja, o calor total que flui para o interior da máquina durante o ciclo é igual ao trabalho líquido
realizado pela máquina.
Quando analisamos máquinas térmicas, é útil pensar em dois corpos que podem interagir com a
substância de trabalho. Um deles, denominado reservatório quente, representa a fonte de calor; ele pode
fornecer à substância de trabalho grandes quantidades de calor a uma temperatura constante TH sem alterar
significativamente sua própria temperatura. O outro corpo, chamado de reservatório frio, pode absorver
grandes quantidades do calor rejeitado pela máquina a uma temperatura constante T C. Em uma turbina a
vapor, as chamas e os gases quentes na caldeira constituem o reservatório quente, e a água fria e o ar
empregados para condensar e resfriar o vapor usado constituem o reservatório frio.
Vamos designar por QH o calor transferido para o reservatório quente e por QC o calor transferido para
o reservatório frio. O calor Q é positivo quando transferido para o interior da substância de trabalho, e negativo
quando deixa a substância de trabalho. Logo, em uma máquina térmica, Q H é positivo, mas QC é negativo
porque representa um calor que sai da substância de trabalho. Geralmente, as relações tornam-se mais claras
quando as escrevemos em termos dos valores absolutos de Q e W, pois valores absolutos são sempre
positivos.

DIAGRAMAS DO FLUXO DE ENERGIA E DA EFICIÊNCIA

Podemos representar as transformações de energia em uma máquina térmica usando um diagrama


do fluxo de energia, como mostra a Figura 4.3. A máquina é indicada pelo círculo. A quantidade de calor Q H
fornecida para a máquina pela fonte quente é proporcional à largura do “tubo” que entra na máquina na parte
superior do diagrama. A largura do tubo na saída da máquina na parte inferior é proporcional ao módulo |Q C|
do calor rejeitado na etapa de exaustão. O ramo que sai da máquina pelo lado direito representa a parcela do
calor fornecido que a máquina converte em trabalho mecânico, W.

Figura 4.3 Diagrama esquemático do fluxo de energia de uma máquina térmica.

Quando uma máquina térmica repete indefinidamente o mesmo ciclo, Q H e QC representam,


respectivamente, o calor absorvido e o calor rejeitado pela máquina durante um ciclo; Q H é positivo e QC é
negativo. O calor total Q absorvido por ciclo é

𝑄 = 𝑄𝐻 + 𝑄𝐶 = |𝑄𝐻 | − |𝑄𝐶 | (4.1)

A saída útil da máquina é o trabalho líquido W realizado pela substância de trabalho. De acordo com
a primeira lei,
𝑊 = 𝑄 = 𝑄𝐻 + 𝑄𝐶 = |𝑄𝐻 | − |𝑄𝐶 | (4.2)

123
Idealmente, gostaríamos que todo o calor QH fosse convertido em trabalho; nesse caso, teríamos QH
= W e QC = 0. A experiência mostra que isso é impossível; sempre existe um calor desperdiçado, e Q C nunca
é igual a zero. A definição de eficiência térmica de uma máquina, designada pela letra e, é dada pela razão
𝑊
𝑒= (4.3)
𝑄𝐻

A eficiência térmica e representa a fração do calor Q H que é convertida em trabalho. Em outras


palavras, e é o que você recebe dividido pelo que você pagou.
Esse valor é sempre menor que um, como costuma acontecer! Em termos do diagrama de fluxo
apresentado na Figura 4.3, a máquina mais eficiente é aquela na qual o tubo que representa o trabalho
realizado é o mais largo possível, e o tubo da exaustão, que representa o calor rejeitado, é o mais estreito
possível.
Quando substituímos as duas expressões de W fornecidas pela Equação 4.2 na Equação 4.3,
obtemos as seguintes expressões equivalentes para a eficiência e:

𝑊 𝑄𝐶 𝑄𝐶
𝑒= =1+ =1−| | (4.4)
𝑄𝐻 𝑄𝐻 𝑄𝐻

Note que 𝑒 é o quociente entre duas energias e, portanto, é um número puro sem unidades.
Naturalmente, sempre é necessário usar as mesmas unidades para W, Q H e QC.

EXEMPLO 4.1
O motor a gasolina de um caminhão grande consome 10.000 J de calor e realiza 2.000 J de trabalho mecânico
em cada ciclo. O calor é obtido pela queima de gasolina com calor de combustão L C = 5,0 . 104 J/g.
a) Qual é a eficiência térmica dessa máquina?
b) Qual é a quantidade de calor rejeitada em cada ciclo?
c) Se o motor completa 25 ciclos por segundo, qual é a potência fornecida em watts? E em hp?
d) Qual a quantidade de gasolina queimada em cada ciclo?
e) Qual a quantidade de gasolina queimada por segundo? E por hora?

IDENTIFICAR e PREPARAR: este é um problema sobre uma máquina térmica, então podemos usar as ideias
discutidas nesta seção. A Figura 4.4 é nosso esboço do diagrama de fluxo de energia em um ciclo da máquina.
O problema informa a quantidade de trabalho realizada pela máquina por ciclo (W = 2.000 J) e a quantidade
de calor recebida pela máquina por ciclo (Q H = 10.000 J). Usamos, então, a Equação 4.4, na forma e = W/QH,
para encontrar a eficiência térmica. Usamos a Equação 4.2 para descobrir a quantidade de calor QC rejeitada
por ciclo. O calor de combustão nos diz quanta gasolina é preciso queimar por ciclo e, portanto, por unidade
de tempo. A potência de saída é a taxa do tempo em que o trabalho W é realizado.

EXECUTAR: (a) pela primeira expressão na Equação 4.4, a eficiência térmica é

𝑊 2.000 𝐽
𝑒= = = 0,20 = 20%
𝑄𝐻 10.000 𝐽

(b) Pela Equação 4.2, W = QH + QC, portanto

𝑄𝐶 = 𝑊 − 𝑄𝐻 = 2.000 𝐽 − 10.000 𝐽 = −8.000 𝐽

Ou seja, 8.000 J de calor deixam a máquina durante cada ciclo.

(c) A potência P é igual ao trabalho por ciclo multiplicado pelo número de ciclos por segundo:

𝐽 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
𝑃 = (2.000 ) (25 ) = 50.000 𝑊 = 50 𝑘𝑊
𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑠
1 ℎ𝑝
= (50.000 𝑊) ( ) = 67 ℎ𝑝
746 𝑊

(d) Seja m a massa da gasolina queimada durante cada ciclo. Então, QH = mLc e

𝑄𝐻 10.000 𝐽
𝑚 = = = 0,20 𝑔
𝐿𝑐 5,0 ∗ 104 𝐽/𝑔

124
(e) A massa de gasolina queimada por segundo é a massa por ciclo multiplicada pelo número de ciclos por
segundo:

(0,20 𝑔/𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜)(25 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠/𝑠) = 5,0 𝑔/𝑠

A massa queimada por hora é

(5,0 𝑔/𝑠)(3.600 𝑠/ℎ) = 18.000 𝑔/ℎ = 18 𝑘𝑔/ℎ

4.3 MÁQUINAS DE COMBUSTÃO INTERNA

O motor a gasolina, usado em automóveis e em muitas outras máquinas, é um exemplo familiar de


máquina térmica. Vamos analisar sua eficiência térmica. A Figura 4.5 mostra a operação de um tipo de motor
a gasolina. Inicialmente, uma mistura de ar e vapor de gasolina flui para o interior de um cilindro através da
abertura de uma válvula de admissão enquanto o pistão desce, fazendo o volume do cilindro aumentar de um
valor mínimo V (quando o pistão está em seu curso superior) até um volume máximo rV (quando o pistão está
em seu curso inferior). A quantidade r denomina-se razão de compressão; nos automóveis modernos, essa
razão apresenta valores da ordem de 8 a 10. No final desse tempo de admissão, a válvula de admissão se
fecha e a mistura passa a ser comprimida de modo aproximadamente adiabático, até atingir o volume V
durante o tempo de compressão. A seguir, a mistura sofre ignição causada por uma centelha e o gás se
expande, de modo aproximadamente adiabático, voltando ao volume rV, empurrando o pistão e realizando
trabalho; essa etapa é o tempo motor ou tempo de potência. Finalmente, a válvula de exaustão se abre e os
produtos da combustão são empurrados para fora (durante o tempo de exaustão), deixando o cilindro livre
para o próximo tempo de admissão.

Figura 4.5 Ciclo de um motor de combustão interna com quatro tempos.

CICLO DE OTTO

A Figura 4.6 é um diagrama PV de um modelo idealizado dos processos termodinâmicos que ocorrem
em um motor a gasolina. Esse modelo é chamado de ciclo de Otto. A mistura de ar e gasolina entra no ciclo
no ponto a. A mistura é comprimida adiabaticamente até o ponto b e, a seguir, sofre ignição. O calor Q H é
fornecido ao sistema pela queima de gasolina ao longo da linha bc, e o tempo no qual o trabalho é realizado
é a expansão adiabática até o ponto d. O gás é resfriado até a temperatura do ar externo ao longo da linha
da; durante esse processo, o calor |QC| é rejeitado. Esse gás deixa a máquina como gás de exaustão e não
retorna para o sistema. Porém, como uma quantidade equivalente de ar e gasolina entra no sistema, podemos
considerar o processo cíclico.

125
Figura 4.6 Diagrama PV de um ciclo de Otto, modelo do ciclo idealizado dos processos
termodinâmicos em um motor a gasolina.

Podemos calcular a eficiência desse ciclo ideal. Os processos bc e da ocorrem a volume constante,
de modo que os calores Q H e QC relacionam-se de modo simples com as temperaturas nos pontos a, b, c e
d:

𝑄𝐻 = 𝑛𝐶𝑉 (𝑇𝑐 − 𝑇𝑏 ) > 0


𝑄𝐶 = 𝑛𝐶𝑉 (𝑇𝑎 − 𝑇𝑑 ) < 0

A eficiência térmica é dada pela Equação 4.4. Substituindo a expressão anterior e cancelando o fator
comum nCV, obtemos
𝑄𝐻 +𝑄𝐶 𝑇𝑐 −𝑇𝑏 +𝑇𝑎 −𝑇𝑑
𝑒= = (4.5)
𝑄𝐻 𝑇𝑐 −𝑇𝑏

Para simplificar ainda mais essa expressão, podemos usar a relação entre a temperatura e o volume
𝛾−1 𝛾−1
para um processo adiabático de um gás ideal, Equação 3.22 (𝑇1 𝑉1 = 𝑇2 𝑉2 ). Para os dois processos
adiabáticos ab e cd, achamos

𝑇𝑎 (𝑟𝑉)𝛾−1 = 𝑇𝑏 𝑉 𝛾−1
𝑇𝑑 (𝑟𝑉)𝛾−1 = 𝑇𝑐 𝑉 𝛾−1

onde g é a razão dos calores específicos para o gás no motor. Dividimos cada uma das expressões
anteriores pelo fator comum 𝑉 𝛾−1 e substituímos as relações obtidas para Tb e Tc na Equação 4.4. O resultado
é

𝑇𝑑 (𝑟𝑉)𝛾−1 − 𝑇𝑎 (𝑟𝑉)𝛾−1 + 𝑇𝑎 − 𝑇𝑑 (𝑇𝑎 − 𝑇𝑑 )(𝑟 𝛾−1 − 1)


𝑒= =
𝑇𝑑 (𝑟𝑉)𝛾−1 − 𝑇𝑎 (𝑟𝑉)𝛾−1 (𝑇𝑑 − 𝑇𝑎 )𝑟 𝛾−1

Eliminando o fator comum (𝑇𝑑 − 𝑇𝑎 ), encontramos


1
𝑒 = 1− (4.6)
𝑟 𝛾−1

A eficiência térmica dada pela Equação 4.6 é sempre menor que a unidade, mesmo no caso de um
modelo idealizado. Considerando r = 8 e γ = 1,4 (o valor para o ar), a eficiência teórica é e = 0,56 ou 56%. A
eficiência pode aumentar elevando-se o valor de r. Contudo, isso também faz aumentar a temperatura no final
do processo adiabático da compressão da mistura ar-combustível. Quando a temperatura é muito elevada, a
mistura pode explodir espontaneamente durante a compressão, em vez de quando a centelha da vela produz
a ignição. Esse fenômeno, que se chama pré-ignição ou detonação, produz um forte som de pancada e pode
danificar o motor. A taxa de octanagem da gasolina mede suas qualidades antidetonantes. A razão de
compressão prática máxima da gasolina de octanagem elevada, ou premium, é de aproximadamente 10 a
13.
O ciclo de Otto, que acabamos de descrever, é um modelo altamente idealizado. Ele supõe que a
mistura se comporte como um gás ideal; despreza o atrito, a turbulência, a perda de calor para as paredes
do cilindro e muitos outros efeitos que se combinam para reduzir a eficiência da máquina real. As eficiências
dos motores de gasolina reais são tipicamente da ordem de 35%.

126
CICLO DIESEL

O ciclo do motor a diesel é semelhante ao do motor a gasolina. A diferença mais importante é que
não existe combustível no cilindro no início do tempo de compressão. Um pouco antes do início do tempo de
potência, os injetores começam a injetar o combustível diretamente no cilindro, com velocidade suficiente
para manter a pressão constante durante a primeira parte do tempo de potência. Em virtude da elevada
temperatura resultante da compressão adiabática, o combustível explode espontaneamente ao ser injetado;
não é necessário usar nenhuma vela de ignição.
O ciclo diesel idealizado é representado na Figura 4.7. Começando no ponto a, o ar é comprimido
adiabaticamente até o ponto b, aquecido à pressão constante até o ponto c, expandido adiabaticamente até
o ponto d e resfriado a volume constante até o ponto a. Como não existe nenhum combustível no cilindro
durante a maior parte do tempo de compressão, não pode ocorrer pré-ignição; logo, a razão de compressão
r pode ser muito maior que a de um motor a gasolina. Isso faz a eficiência aumentar e garante uma ignição
confiável quando o combustível é injetado (por causa da temperatura elevada atingida durante a compressão
adiabática). Valores de r em torno de 15 a 20 são normais; com esses valores e com γ = 1,4, a eficiência
teórica de um ciclo diesel idealizado é cerca de 0,65 até 0,70. Do mesmo modo que no ciclo de Otto, a
eficiência real é bem menor que essa. Embora os motores a diesel sejam bastante eficientes, eles precisam
ser construídos com uma precisão muito maior que os motores a gasolina, e seu sistema de injeção de
combustível exige manutenção rigorosa.

Figura 4.7 Diagrama PV de um ciclo diesel ideal

4.4 REFRIGERADORES

Podemos dizer que um refrigerador é uma máquina térmica funcionando com um ciclo invertido. Uma
máquina térmica recebe calor de uma fonte quente e o rejeita para um local mais frio. Um refrigerador faz
exatamente o contrário: recebe calor de uma fonte fria (a parte interna do refrigerador) e o transfere para uma
fonte quente (geralmente o ar externo no local onde o refrigerador se encontra).
A máquina térmica fornece um trabalho mecânico líquido; o refrigerador precisa receber um trabalho
mecânico líquido. Usando as convenções de sinais da Seção 4.2, Q C é positivo para um refrigerador, porém
W e QH são negativos; logo, |W| = −W e |QH| = −QH.
A Figura 4.8 mostra um diagrama do fluxo de energia de um refrigerador. De acordo com a primeira
lei da termodinâmica, em um processo cíclico,

𝑄𝐻 + 𝑄𝐶 − 𝑊 = 0

porém, como QH e W são negativos,

|𝑄𝐻 | = 𝑄𝐶 + |𝑊| (4.7)

Logo, como o diagrama mostra, o calor |QH| que deixa a substância de trabalho e se transfere para o
reservatório quente é sempre maior que o calor Q C retirado do reservatório frio. Observe que a seguinte
relação envolvendo os valores absolutos

127
|𝑄𝐻 | = |𝑄𝐶 | + |𝑊| (4.7)

é válida tanto no caso da máquina térmica quanto no do refrigerador.


De um ponto de vista econômico, o melhor ciclo de refrigeração é aquele que remove a maior
quantidade de calor |QC| do interior do refrigerador para o menor trabalho realizado, |W|. A razão relevante é,
portanto, |QC|/|W|; quanto maior for essa razão, melhor será o refrigerador. Essa razão é chamada de
coeficiente de desempenho, designado por K. De acordo com a Equação 4.8, |𝑊| = |𝑄𝐻 | − |𝑄𝐶 |, obtemos

𝑄 |𝑄𝐶 |
𝐾 = | 𝐶 | = |𝑄 (4.9)
𝑊 𝐻 |−|𝑄𝐶 |

Como sempre, medimos QH, QC e W com as mesmas unidades de energia; logo, K é um número puro
sem dimensões.

REFRIGERADORES COMUNS

Os princípios envolvidos em um ciclo de refrigeração típico são indicados esquematicamente na


Figura 4.9a. O “circuito” do fluido contém um fluido refrigerante (a substância de trabalho). O lado esquerdo
do circuito (inclusive as serpentinas de resfriamento no interior do refrigerador) está a uma baixa temperatura
e a uma baixa pressão; o lado direito (inclusive as serpentinas do condensador fora do refrigerador) está a
temperatura e pressão elevadas. Geralmente, os dois lados contêm líquido e vapor em equilíbrio térmico. Em
cada ciclo, o fluido absorve calor |QC| do interior do refrigerador no lado esquerdo e libera calor |QH| para o ar
nas vizinhanças do lado direito. O compressor, geralmente acionado por um

Figura 4.9 (a) Diagrama do princípio de funcionamento do ciclo de um refrigerador. (b) como os elementos-
chave são dispostos em um refrigerador comum.

motor elétrico (Figura 4.9b), realiza um trabalho |W| sobre o fluido em cada ciclo. Assim, o compressor requer
entrada de energia, motivo pelo qual os refrigeradores precisam estar ligados na tomada.
Um aparelho de ar-condicionado opera exatamente com base no mesmo princípio. Nesse caso, a
caixa do refrigerador é uma sala ou um edifício inteiro. As serpentinas do evaporador estão no interior da sala,
o condensador está fora da casa e os ventiladores fazem o ar circular (Figura 4.10). Em instalações grandes,
as serpentinas do condensador geralmente são resfriadas com água. As grandezas de maior importância
prática em um aparelho de ar-condicionado são a taxa de remoção do calor (a taxa de transferência de calor
H da região que está sendo resfriada) e a potência de entrada P = W/t fornecida ao compressor. Se uma
quantidade de calor |QC| for removida no tempo t, então H = |QC|/t. Podemos, então, expressar o coeficiente
de desempenho do seguinte modo:

128
Figura 4.10 Um aparelho de ar-condicionado funciona conforme os mesmos princípios de um refrigerador.

Aparelhos de ar-condicionado normais costumam ter taxas de remoção de calor H da ordem de 1.500
até 3.000 W, e requerem potência elétrica fornecida na entrada entre cerca de 600 até 1.200 W. Um
coeficiente de desempenho médio é da ordem de 3; os valores reais dependem dos valores das temperaturas
interna e externa.
Uma variação do tema anterior é a chamada bomba de calor, usada para aquecer um edifício
resfriando o ar de seu exterior. Ela funciona como se fosse um aparelho de ar-condicionado montado de fora
para dentro. As serpentinas do evaporador estão do lado de fora do edifício, de onde retiram calor do ar frio,
e as serpentinas do condensador estão no interior do edifício, onde fornecem calor para aquecer o ar. Com o
projeto apropriado, o calor |QH| fornecido ao interior por ciclo pode ser consideravelmente maior que o trabalho
|W| necessário para fazê-lo fluir ao interior.
Sempre é preciso realizar um trabalho para transferir calor de um corpo frio para um corpo quente. O
calor flui espontaneamente de um corpo quente para um corpo mais frio, e o fluxo inverso necessita de um
trabalho externo. A experiência mostra que é impossível fazer um refrigerador que transporte calor de um
corpo frio para um corpo quente sem realização de trabalho. Caso nenhum trabalho fosse necessário, o
coeficiente de desempenho seria infinito. Tal dispositivo poderia ser chamado de refrigerador sem trabalho;
trata-se de um mito, como o unicórnio ou a máquina de movimento perpétuo (moto-contínuo).

4.5 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA

Evidências experimentais sugerem fortemente que é impossível construir uma máquina térmica que
converta completamente calor em trabalho, ou seja, uma máquina que possua eficiência térmica de 100%.
Essa impossibilidade é a base para a seguinte formulação da segunda lei da termodinâmica:

É impossível para qualquer sistema passar por um processo no qual absorve calor de um
reservatório a uma dada temperatura e o converte completamente em trabalho mecânico de modo que
o sistema termine em um estado idêntico ao inicial.

Trata-se do chamado enunciado da “máquina térmica” da segunda lei, também conhecido pelos
físicos como o enunciado de Kelvin-Planck para essa lei.
A base da segunda lei da termodinâmica repousa na diferença entre a natureza da energia interna e
a energia mecânica macroscópica. Em um corpo que se move, as moléculas apresentam movimentos
aleatórios, porém, superposto ao movimento aleatório, existe um movimento coordenado de cada molécula
no sentido da velocidade do corpo. A energia cinética associada ao movimento macroscópico coordenado é
o que chamamos de energia cinética do corpo que se move. As energias cinéticas e potenciais associadas
ao movimento aleatório das moléculas são responsáveis pela energia interna.
Quando um corpo deslizando sobre uma superfície atinge o repouso em decorrência do atrito, o
movimento organizado do corpo é convertido em movimento aleatório das moléculas do corpo e da superfície.
Como não podemos controlar o movimento individual de cada molécula, é impossível converter
completamente esse movimento aleatório outra vez em movimento organizado. Podemos apenas converter
uma parte do movimento aleatório, e isso é justamente o que a máquina térmica faz.
Se a segunda lei da termodinâmica não fosse verdadeira, poderíamos fazer um automóvel se deslocar
ou colocar uma usina termoelétrica em funcionamento apenas resfriando o ar ambiente. Nenhuma dessas
duas possibilidades viola a primeira lei da termodinâmica. A segunda lei, portanto, não é deduzida a partir da
primeira; sustenta-se por si própria como uma lei independente na natureza. A primeira lei nega a
129
possibilidade de criação ou destruição da energia; a segunda limita a disponibilidade da energia e seus modos
de uso e conversão.

UM NOVO ENUNCIADO PARA A SEGUNDA LEI

Nossa análise dos refrigeradores na Seção 4.4 constitui a base para uma formulação alternativa da
segunda lei da termodinâmica. O calor flui espontaneamente de um corpo quente para corpos mais frios, mas
o inverso jamais ocorre. Um refrigerador retira calor de um corpo mais frio para um corpo mais quente, porém,
sua operação necessita do fornecimento de trabalho ou de energia mecânica. Generalizando essas
observações, dizemos que:

É impossível a realização de qualquer processo que tenha como única etapa a transferência
de calor de um corpo mais frio para um corpo mais quente.

Trata-se do chamado enunciado do “refrigerador” da segunda lei da termodinâmica (também


conhecido como enunciado de Clausius). Pode parecer que esse enunciado não tem muita relação com o
enunciado da “máquina térmica”. Contudo, os dois enunciados são completamente equivalentes. Por
exemplo, se pudéssemos construir um refrigerador sem usar trabalho, violando o enunciado do “refrigerador”
da segunda lei, poderíamos usá-lo em conjunto com uma máquina térmica, bombeando o calor rejeitado pela
máquina e fazendo-o retornar ao reservatório quente para ser reutilizado. Essa máquina composta (Figura
4.11a) violaria o enunciado da “máquina térmica” da segunda lei, porque seu efeito resultante seria retirar
uma quantidade líquida de calor QH - |QC| do reservatório quente e convertê-la completamente em trabalho
W.
Alternativamente, se pudéssemos fazer uma máquina com uma eficiência térmica de 100%, violando
o primeiro enunciado, poderíamos operar a máquina usando calor de um reservatório quente e aproveitar o
trabalho obtido na saída da máquina para fazer funcionar um refrigerador que bombeasse calor de um
reservatório frio para um reservatório quente (Figura 4.11b). Esse dispositivo composto violaria o enunciado
do “refrigerador”, porque seu efeito resultante seria retirar calor QC de um reservatório frio e transferi-lo para
um reservatório quente sem que fosse necessário algum consumo de trabalho. Portanto, qualquer dispositivo
que viole um enunciado da segunda lei pode ser usado para construir um dispositivo que viola o outro. Se a
violação do primeiro enunciado for impossível, também será impossível a violação do segundo!
A conversão de trabalho em calor e o fluxo de calor de um corpo quente para um corpo frio por meio
um gradiente de temperatura finito são processos irreversíveis.
Os enunciados da “máquina” e do “refrigerador” da segunda lei da termodinâmica afirmam que esses
processos só podem ser parcialmente reversíveis. Podemos citar outros exemplos. Os gases fluem
naturalmente de uma região com alta pressão até outra com baixa pressão; os gases e os líquidos miscíveis
sempre se misturam espontaneamente, e nunca se separam. A segunda lei da termodinâmica é uma
expressão da existência de um sentido único intrínseco para esses e muitos outros processos irreversíveis.
A conversão da energia é um aspecto essencial de toda a vida animal e vegetal e da tecnologia humana;
logo, a segunda lei da termodinâmica é de importância fundamental no mundo em que vivemos.

Figura 4.11 Diagrama esquemático do fluxo de energia para enunciados equivalentes da segunda lei da
termodinâmica.

4.6 O CICLO DE CARNOT

De acordo com a segunda lei, nenhuma máquina térmica pode ter 100% de eficiência. Qual é a
eficiência máxima que uma dada máquina pode ter, a partir de dois reservatórios de calor a temperaturas TH
e TC? Essa pergunta foi respondida em 1824 pelo engenheiro francês Sadi Carnot (1796-1832), que
130
desenvolveu uma máquina hipotética ideal que fornece a eficiência máxima permitida pela segunda lei. O
ciclo dessa máquina é conhecido como ciclo de Carnot.
Para compreender o ciclo de Carnot, voltemos ao tema básico deste capítulo: a irreversibilidade e sua
relação com o sentido de um processo termodinâmico. A conversão de trabalho em calor é um processo
irreversível; o objetivo da máquina térmica é obter uma reversão parcial desse processo, ou seja, a conversão
de calor em trabalho com a maior eficiência possível. Para a eficiência máxima de uma máquina térmica,
portanto, devemos evitar todo processo irreversível (Figura 4.12).
O fluxo de calor em uma queda de temperatura finita é um processo irreversível. Portanto, durante a
transferência de calor no ciclo de Carnot, não deve existir nenhuma diferença de temperatura finita. Quando
a máquina retira calor da fonte quente a uma temperatura TH, a substância de trabalho da máquina também
deve estar a uma temperatura TH; caso contrário, ocorreria fluxo de calor irreversível.

Figura 4.12 A temperatura da fornalha de uma máquina a vapor é muito mais alta que a da água na
caldeira, por isso, o calor flui irreversivelmente da fornalha para a água. O esforço de Carnot para entender
a eficiência das máquinas a vapor conduziu-o à ideia de que uma máquina ideal envolveria apenas
processos reversíveis.

De modo semelhante, quando a máquina descarta calor para o reservatório frio a uma temperatura
TC, a máquina também deve estar a uma temperatura TC. Ou seja, todo processo envolvendo troca de calor,
a uma temperatura TH ou TC, deve ser isotérmico.
Reciprocamente, em qualquer processo no qual a temperatura da substância de trabalho da máquina
está entre TH e TC, não pode ocorrer nenhuma transferência de calor entre a máquina e qualquer reservatório,
porque essa transferência de calor não poderia ser reversível. Portanto, qualquer processo no qual a
temperatura T da substância de trabalho varia deve ser adiabático.
A conclusão é que todo processo em nosso ciclo idealizado deve ser isotérmico ou adiabático. Além
disso, o equilíbrio térmico e mecânico deve ser sempre mantido, para que cada processo seja completamente
reversível.

PASSOS DO CICLO DE CARNOT

O ciclo de Carnot é constituído por dois processos isotérmicos reversíveis e dois processos
adiabáticos reversíveis. A Figura 4.13 mostra um ciclo de Carnot usando como substância de trabalho um
gás ideal dentro de um cilindro com um pistão. O ciclo consiste nas seguintes etapas:

Figura 4.13 Ciclo de Carnot para um gás ideal.

131
1. O gás se expande isotermicamente na temperatura TH, absorvendo um calor QH (ab).
2. O gás se expande adiabaticamente até que sua temperatura cai para TC (bc).
3. Ele é comprimido isotermicamente na temperatura TC, rejeitando o calor |QC| (cd).
4. Ele é comprimido adiabaticamente, retornando a seu estado inicial na temperatura T H (da).
Podemos calcular a eficiência térmica e da máquina de Carnot no caso especial mostrado na Figura
4.13, em que a substância de trabalho é um gás ideal. Para efetuar esse cálculo, inicialmente encontraremos
a razão QC/QH entre as quantidades de calor transferidas durante os dois processos isotérmicos, e a seguir
usaremos a Equação 4.4 para achar e.
Em um gás ideal, a energia interna U depende somente da temperatura e, portanto, permanece
constante em um processo isotérmico. Na expansão isotérmica ab, ΔU ab = 0 e QH é igual ao trabalho Wab
realizado pelo gás durante sua expansão isotérmica a uma temperatura T H.

𝑉𝑏
𝑄𝐻 = 𝑊𝑎𝑏 = 𝑛𝑅𝑇 ln (4.10)
𝑉𝑎

Analogamente,
𝑉𝑑 𝑉𝑐
𝑄𝐶 = 𝑊𝑐𝑑 = 𝑛𝑅𝑇 ln = −𝑛𝑅𝑇 ln (4.11)
𝑉𝑐 𝑉𝑑

Como Vd é menor que Vc, QC é negativo (QC = −|QC|); há transferência de calor para fora do gás
durante a compressão isotérmica à temperatura TC.
A razão entre as duas quantidades de calor é, portanto,

𝑄𝐶 𝑇 ln(𝑉𝑐 ⁄𝑉𝑑 )
= − ( 𝐶) (4.12)
𝑄𝐻 𝑇𝐻 ln(𝑉𝑏 ⁄𝑉𝑎 )

Podemos simplificar o resultado anterior usando a relação entre o volume e a temperatura em um


processo adiabático, Equação 3.22. Para os dois processos adiabáticos, encontramos:
𝛾−1 𝛾−1
𝑇𝐻 𝑉𝑏 = 𝑇𝐶 𝑉𝑐
𝛾−1 𝛾−1
𝑇𝐻 𝑉𝑎 = 𝑇𝐶 𝑉𝑑

Dividindo membro a membro as duas equações anteriores, achamos


𝛾−1 𝛾−1
𝑉𝑏 𝑉𝑐
𝛾−1 = 𝛾−1
𝑉𝑎 𝑉𝑑
𝑉𝑏 𝑉𝑐
=
𝑉𝑎 𝑉𝑑

Assim, os dois logaritmos na Equação 4.12 são iguais, e essa equação se reduz a

𝑄𝐶 𝑇
= − ( 𝐶) (4.13)
𝑄𝐻 𝑇𝐻
(transferência de calor na máquina de Carnot)

A razão entre o calor rejeitado a uma temperatura T C e o calor absorvido a uma temperatura TH é
precisamente igual a TC/TH. Logo, pela Equação 4.4, a eficiência térmica da máquina de Carnot é

𝑇𝐶
𝑒𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 = 1 − (4.14)
𝑇𝐻

Esse resultado simples afirma que a eficiência de uma máquina de Carnot depende apenas das
temperaturas dos dois reservatórios. A eficiência é grande quando a diferença de temperatura é grande,
tornando-se muito pequena quando as duas temperaturas forem aproximadamente iguais. A eficiência nunca
pode ser exatamente igual a um, a menos que TC = 0; adiante, mostraremos que isso também é impossível.

132
O REFRIGERADOR DE CARNOT

Como cada etapa do ciclo de Carnot é reversível, o ciclo inteiro pode ser invertido, convertendo a
máquina térmica em um refrigerador. O coeficiente de desempenho do refrigerador de Carnot pode ser obtido
combinando-se a definição geral de K, Equação 4.9, com a Equação 4.13 do ciclo de Carnot. Inicialmente
reescrevemos a Equação 4.9 na forma

|𝑄𝐶 | |𝑄𝐶 |/|𝑄𝐻 |


𝐾= =
|𝑄𝐻 | − |𝑄𝐶 | 1 − |𝑄𝐶 |/|𝑄𝐻 |

A seguir, substituímos a Equação 4.13, |𝑄𝐶 |/|𝑄𝐻 | = 𝑇𝐶 /𝑄𝐻 na expressão anterior:


𝑇𝐶
𝐾𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 = (4.15)
𝑇𝐻 −𝑇𝐶

Quando a diferença de temperatura TH − TC é pequena, K é muito maior que a unidade; nesse caso,
um calor muito grande pode ser “bombeado” da temperatura mais baixa para a mais elevada com apenas um
pequeno gasto de trabalho. Porém, quanto maior for a diferença de temperatura, menor será o valor de K, e
uma quantidade maior de trabalho deve ser realizada para uma dada quantidade de calor.

O CICLO DE CARNOT E A SEGUNDA LEI

É possível demonstrar que nenhuma máquina térmica pode ter eficiência maior que a da máquina de
Carnot operando entre as mesmas temperaturas extremas. A chave dessa demonstração é dada pela
observação anterior, segundo a qual, como cada etapa do ciclo de Carnot é reversível, o ciclo inteiro é
reversível.
Percorrida em sentido inverso, a máquina se transforma em um refrigerador. Imagine uma máquina
que possua uma eficiência maior que a de Carnot (Figura 4.15). Suponha que o ciclo de Carnot seja invertido,
funcionando como um refrigerador que, mediante um trabalho negativo −|𝑊|, receba calor QC do reservatório
frio e rejeite calor |QH| do reservatório quente. A máquina supereficiente rejeita um calor |Q C|, mas, para fazer
isso, recebe uma grande quantidade de calor 𝑄𝐻 + 𝛥.

Figura 4.15 Provando que a máquina de Carnot possui a maior eficiência possível. Uma máquina
“supereficiente”.

O trabalho realizado seria 𝑊 + 𝛥, e o efeito resultante das duas máquinas juntas seria receber uma
quantidade de calor Δ e convertê-la completamente em trabalho.
Isso viola o enunciado da segunda lei da termodinâmica pautado na máquina térmica. Poderíamos
fazer um raciocínio semelhante para mostrar que a máquina supereficiente também viola o enunciado da
segunda lei da termodinâmica baseada no “refrigerador”. Observe que não precisamos supor que a máquina
supereficiente seja reversível. De modo análogo, podemos mostrar que nenhum refrigerador pode ter um
coeficiente de desempenho maior que o refrigerador de Carnot operando entre as mesmas temperaturas
extremas.

133
Logo, o enunciado afirmando que nenhuma máquina térmica pode ter uma eficiência maior que a
máquina de Carnot é outro enunciado equivalente à segunda lei da termodinâmica. Conclui-se também que
todas as máquinas de Carnot funcionando entre as mesmas temperaturas possuem a mesma eficiência,
independentemente da substância de trabalho. Embora tenhamos deduzido a Equação 4.14 para a máquina
de Carnot usando um gás ideal como substância de trabalho, ela vale de fato para qualquer máquina de
Carnot, qualquer que seja a substância de trabalho.
A Equação 4.14, que fornece a eficiência de uma máquina de Carnot, impõe um limite para a eficiência
de qualquer máquina real, como uma turbina a vapor.
Para maximizar esse limite superior e a eficiência da máquina real, o projetista deve fazer a
temperatura TH da etapa de fornecimento de calor ser a mais elevada possível, e a temperatura TC da
exaustão, a mais baixa possível (Figura 4.16).

Figura 4.16 Para maximizar a eficiência, a temperatura do interior de um motor a jato deve ser maior
possível.

A temperatura de exaustão não pode ser menor que a menor temperatura disponível para esfriar a
exaustão. Para a turbina a vapor de uma usina termelétrica, TC pode ser a temperatura da água de um rio ou
um lago; logo, é necessário que a temperatura TH da caldeira seja a mais elevada possível. A pressão de
vapor de qualquer líquido aumenta rapidamente com a temperatura, de modo que a resistência mecânica da
caldeira impõe limites a esse aumento de temperatura. A 500 °C, a pressão de vapor da água é
aproximadamente igual a 240 . 105 Pa (235 atm); esse valor constitui um limite prático aproximado para a
pressão interna nas caldeiras de vapor modernas.

ESCALA KELVIN DE TEMPERATURA

No Capítulo 1, comentamos sobre a necessidade de se definir uma escala de temperatura que não
dependa de nenhum material particular. Podemos agora usar o ciclo de Carnot para definir essa escala. A
eficiência térmica de uma máquina de Carnot operando entre as temperaturas T H e TC de dois reservatórios
quentes é independente da substância de trabalho, e depende somente dessas temperaturas.
Pela Equação 4.4, essa eficiência térmica é

𝑄𝐻 + 𝑄𝐶 𝑄𝐶
𝑒= = 1+
𝑄𝐻 𝑄𝐻

Portanto, a razão QC/QH é a mesma para todas as máquinas de Carnot operando entre as
temperaturas TH e TC.
Kelvin propôs que podemos definir a razão entre as temperaturas T C/TH como igual ao módulo da
razão QC/QH, entre a quantidade de calor absorvido e a quantidade de calor rejeitado:

𝑇𝐶 𝑄𝐶 𝑄𝐶
=| |=− (4.16)
𝑇𝐻 𝑄𝐻 𝑄𝐻
(definição da temperatura Kelvin)

A Equação 4.16 é muito parecida com a Equação 4.13, porém existe uma diferença sutil e crucial. As
temperaturas na Equação 4.13 são baseadas em um termômetro de gás ideal, conforme definido
anteriormente, enquanto a Equação 4.16 define uma escala de temperatura pautada no ciclo de Carnot e na
segunda lei da termodinâmica, e não depende do comportamento de nenhuma substância particular. Portanto,
a escala Kelvin de temperatura é verdadeiramente absoluta.

134
Para completar a definição da escala Kelvin, atribuímos, como fizemos no início do programa, o valor
arbitrário 273,16 K para a temperatura do ponto triplo da água. Quando uma substância é usada em um ciclo
de Carnot, a razão entre o calor absorvido e o calor rejeitado, |Q H|/|QC|, é igual à razão entre as temperaturas
dos respectivos reservatórios como expressas pela escala de um termômetro de gás definido na Seção 1.3.
Visto que o ponto triplo da água foi escolhido com o valor 273,16 K em ambas as escalas, concluímos que a
escala Kelvin de temperatura e a escala
do termômetro de gás ideal são idênticas.
O ponto zero da escala Kelvin denomina-se zero absoluto. No zero absoluto, um sistema possui uma
energia interna total (cinética mais potencial) mínima. Contudo, em razão dos efeitos quânticos, não é correto
dizer que, em T = 0, todo movimento molecular cessa. Existem razões teóricas para acreditar que o zero
absoluto não pode ser atingido experimentalmente, embora temperaturas abaixo de 10−7 K já tenham sido
atingidas. Quanto mais próxima for a temperatura do zero absoluto, mais difícil se torna baixar essa
temperatura. Um dos enunciados da terceira lei da termodinâmica é que é impossível atingir o zero absoluto
em um número finito de processos termodinâmicos.

EXEMPLO 4.2
Uma certa máquina de Carnot absorve 2.000 J de calor de um reservatório a 500 K, realiza trabalho e descarta
calor para um reservatório a 350 K. Qual foi o trabalho realizado, qual a quantidade de calor rejeitada e qual
a eficiência dessa máquina?

Solução:
Pela equação 4.13
𝑇𝐶 350 𝐾
𝑄𝐶 = −𝑄𝐻 = −(2.000 𝐽) = −1400 𝐽
𝑇𝐻 500 𝐾

Então pela equação 20.2, o trabalho realizado é

𝑊 = 𝑄𝐻 + 𝑄𝐶 = 2.000 𝐽 + (−1400 𝐽) = 600 𝐽

Pela Equação 4.14, a eficiência térmica é

𝑇𝐶 350 𝐾
𝑒 =1− = 1− = 0,30 = 30%
𝑇𝐻 500 𝐾

EXEMPLO 4.3
Suponha que 0,200 mol de um gás ideal diatômico (γ = 1,40) passe por um ciclo de Carnot com temperaturas
entre 227 °C e 27 °C, começando na pressão inicial Pa = 10,0 . 105 Pa no ponto a no diagrama PV da Figura
4.13. O volume dobra durante a etapa de expansão isotérmica 𝑎 → 𝑏. (a) Ache a pressão e o volume em
cada um dos pontos a, b, c e d. (b) Calcule Q, W e ΔU para cada etapa e para o ciclo inteiro. (c) Determine a
eficiência diretamente a partir dos resultados da parte (b) e compare-a com o resultado obtido a partir da
Equação 20.14.

Solução:
(a) com TH = (227 + 273,15) K = 500 K e TC = (27 + 273,15) K = 300 K, 𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 resulta em

𝑛𝑅𝑇𝐻 (0,200 𝑚𝑜𝑙)(8,314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(500 𝐾)


𝑉𝑎 = =
𝑃𝑎 10,0 . 105 𝑃𝑎

𝑉𝑎 = 8,31 . 10−4 𝑚3

O volume dobra durante a expansão isotérmica 𝑎 → 𝑏:

𝑉𝑏 = 2 𝑉𝑎 = 2(8,31 . 10−4 𝑚3 ) = 16,6 . 10−4 𝑚3

Além disso, durante a expansão isotérmica 𝑎 → 𝑏, 𝑃𝑎 𝑉𝑎 = 𝑃𝑏 𝑉𝑏 , portanto

𝑃𝑎 𝑉𝑎
𝑃𝑏 = = 5,00 . 105 𝑃𝑎
𝑉𝑏
𝛾−1 𝛾−1
Na expansão adiabática 𝑏 → 𝑐, usamos a equação 𝑇𝐻 𝑉𝑏 = 𝑇𝐶 𝑉𝑐 , que segue a Equação 4.12, bem como
a equação do gás ideal:
135
𝑇𝐻 1⁄(𝛾−1) 500 𝐾 2,5
𝑉𝑐 = 𝑉𝑏 ( ) = (16,6 . 10−4 𝑚3 ) ( ) = 59,6 . 10−4 𝑚3
𝑇𝐶 350 𝐾

𝑛𝑅𝑇𝑐 (0,200 𝑚𝑜𝑙)(8,314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(300 𝐾)


𝑃𝑐 = = = 0,837 . 105 𝑃𝑎
𝑉𝑐 59,6 . 10−4 𝑚3
𝛾−1 𝛾−1
Na compressão adiabática 𝑑 → 𝑎, 𝑇𝑐 𝑉𝑑 = 𝑇𝐻 𝑉𝑎 , e

𝑇𝐻 1⁄(𝛾−1) 500 𝐾 2,5


𝑉𝑑 = 𝑉𝑎 ( ) = (8,31 . 10−4 𝑚3 ) ( ) = 29,8 . 10−4 𝑚3
𝑇𝐶 350 𝐾

𝑛𝑅𝑇𝑐 (0,200 𝑚𝑜𝑙)(8,314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(300 𝐾)


𝑃𝑐 = = = 1,67 . 105 𝑃𝑎
𝑉𝑐 29,8 . 10−4 𝑚3

(b) Na expansão isotérmica 𝑎 → 𝑏, 𝛥𝑈𝑎𝑏 = 0. Pela Equação 4.10.

𝑉𝑏
𝑊𝑎𝑏 = 𝑄𝐻 = 𝑛𝑅𝑇 ln ( ) = (0,200 𝑚𝑜𝑙)(8,314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(500 𝐾)(ln 2) = 576 𝐽
𝑉𝑎

Na expansão adiabática 𝑏 → 𝑐, Qbc = 0. Pela primeira lei da termodinâmica, ΔUbc = Qbc = Wbc = Wbc; logo, o
trabalho Wbc realizado pelo gás nesse processo é igual à variação de energia interna com o sinal contrário.
Usando a Equação 3.13, temos ΔU = nCVΔT, onde ΔT = TC − TH. Usando CV = 20,8 J/mol · K para um gás
ideal diatômico, achamos

𝑊𝑏𝑐 = −𝛥𝑈𝑏𝑐 = −𝑛𝐶𝑣 (𝑇𝐶 − 𝑇𝐻 ) = 𝑛𝐶𝑉 (𝑇𝐻 − 𝑇𝐶 )


= (0,200 𝑚𝑜𝑙)(20,8 𝑗/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(500 𝐾 − 300 𝐾) = 832 𝐽

Na compressão isotérmica 𝑐 → 𝑑, 𝛥𝑈 = 0; a equação 4.11 fornece

𝑉𝑑 29,8 . 10−4 𝑚3
𝑊𝑐𝑑 = 𝑄𝐶 = 𝑛𝑅𝑇𝐶 ln = (0,200 𝑚𝑜𝑙)(8,314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(300 𝐾) (ln )
𝑉𝑐 59,6 . 10−4 𝑚3
𝑊𝑐𝑑 = −346 𝐽

Na compressão adiabática 𝑑 → 𝑎, 𝑄𝑑𝑎 = 0, e

𝑊𝑑𝑎 = 𝛥𝑈𝑑𝑎 = −𝑛𝐶𝑉 (𝑇𝐻 − 𝑇𝐶 )


= (0,200 𝑚𝑜𝑙)(20,8 𝑗/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(300 𝐾 − 500 𝐾) = −832 𝐽

Podemos organizar os resultados na seguinte tabela:

Processo Q W ΔU
𝒂→𝒃 576 J 576 J 0
𝒃→𝒄 0 832 J -832 J
𝒄→𝒅 -346 J -346 J 0
𝒅→𝒂 0 -832 J 832 J
total 230 J 230 J 0

(c) Pela tabela acima, 𝑄𝐻 = 576 𝐽, e o trabalho total é igual a 230 J. logo,

𝑊 230 𝐽
𝑒= = = 0,40 = 40%
𝑄𝐻 576 𝐽

Podemos comparar este resultado com o resultado obtido com a Equação 4.14:

𝑇𝐻 − 𝑇𝐶 500 𝐾 − 300 𝐾
𝑒= = = 0,40 = 40%
𝑇𝐻 500 𝐾

136
4.7 ENTROPIA

A segunda lei da termodinâmica, conforme enunciada, não foi formulada em termos de uma equação
ou relação quantitativa, mas sim em termos da afirmação de uma impossibilidade. Contudo, essa lei pode ser
formulada mediante uma afirmação quantitativa usando-se o conceito de entropia, o assunto desta seção.
Mencionamos diversos processos que ocorrem naturalmente no sentido do aumento da desordem. O
fluxo de calor irreversível faz a desordem aumentar porque inicialmente as moléculas estavam arrumadas em
regiões mais quentes e mais frias; essa arrumação desaparece quando o sistema atinge o equilíbrio térmico.
O calor fornecido a um corpo faz sua desordem aumentar porque ocorre um aumento de velocidade média
de cada molécula e, portanto, o estado caótico aumenta. A expansão livre de um gás faz aumentar sua
desordem porque as posições das moléculas tornam-se mais aleatórias do que antes da expansão. A Figura
4.17 mostra outro processo no qual a desordem aumenta.

Figura 4.17 Quando fogos de artifício explodem, a desordem aumenta: os produtos químicos
cuidadosamente embalados dentro de cada cartucho são espalhados em todas as direções.

ENTROPIA E DESORDEM

A entropia fornece uma medida quantitativa da desordem. Para explicar esse conceito, vamos
considerar a expansão isotérmica de um gás ideal. Adicionamos uma quantidade de calor 𝑑𝑄 e deixamos o
gás expandir-se apenas enquanto sua temperatura permanecer constante. Como a energia interna de um
gás ideal depende somente de sua temperatura, a energia interna também é constante; logo, pela primeira
lei, o trabalho 𝑑𝑊 realizado pelo gás é igual ao calor 𝑑𝑄 fornecido ao gás. Ou seja,

𝑛𝑅𝑇
𝑑𝑄 = 𝑑𝑊 = 𝑃𝑑𝑉 = 𝑑𝑉
𝑉

𝑑𝑉 𝑑𝑄
=
𝑉 𝑛𝑅𝑇

O gás passa a um estado mais desordenado depois da expansão porque as moléculas se movem em
um volume maior e suas posições tornam-se mais aleatórias. Logo, a variação relativa de volume 𝑑𝑉/𝑉
constitui-se em uma estimativa do aumento de desordem, e a equação anterior mostra que essa razão é
proporcional à grandeza 𝑑𝑄/𝑇. Introduzimos o símbolo S para a entropia do sistema, e definimos a variação
infinitesimal de entropia dS durante um processo reversível infinitesimal em uma temperatura absoluta T pela
relação
𝑑𝑄
𝑑𝑆 = (4.17)
𝑇
(processo reversível infinitesimal)

Se uma quantidade total de calor Q é fornecida durante um processo isotérmico reversível a uma
temperatura absoluta T, a variação total de entropia 𝛥𝑆 = 𝑆2 − 𝑆1 é dada por
𝑄
𝛥𝑆 = 𝑆2 − 𝑆1 = (4.18)
𝑇
(processo isotérmico reversível)

A unidade da entropia é uma unidade de energia dividida por uma unidade de temperatura; no SI, a
unidade da entropia é 1 J/K.

137
Agora, podemos ver como a razão 𝑄/𝑇 se relaciona ao aumento da desordem. Uma temperatura
maior implica um movimento mais aleatório. Se a substância está inicialmente fria, com movimento molecular
pequeno, o fornecimento de calor Q produz um aumento fracionário substancial no movimento e no estado
aleatório das moléculas. Se, no entanto, a substância já está quente, a mesma quantidade de calor fornecido
produz um aumento relativamente menor no já elevado movimento molecular existente. Portanto, o quociente
𝑄/𝑇 caracteriza o crescimento da desordem de modo apropriado quando o calor flui para o interior de um
sistema.

ENTROPIA EM PROCESSOS REVERSÍVEIS

Podemos generalizar a definição de variação de entropia de modo a incluir qualquer processo


reversível que conduza o sistema de um estado a outro, independentemente de ser isotérmico ou não.
Podemos imaginar o processo como uma série de etapas infinitesimais reversíveis. Durante uma etapa típica,
uma quantidade de calor infinitesimal 𝑑𝑄 é fornecida ao sistema a uma temperatura absoluta T. A seguir,
somamos (integramos) todas as razões 𝑑𝑄/𝑇 para o processo inteiro; ou seja,

(4.19)

Como a entropia mede a desordem de um dado sistema, ela depende apenas do estado presente do
sistema, e não do que ocorreu no passado. (Mais adiante mostraremos que isso é verdade.) Quando um
sistema evolui de um estado inicial com entropia S1 até um estado final com entropia S2, a variação de entropia
𝛥𝑆 = 𝑆2 − 𝑆1 , definida pela Equação 4.19, não depende do percurso que leva o sistema do estado inicial ao
final, mas é sempre a mesma em todos os processos possíveis entre o estado 1 e o estado 2. Portanto, a
entropia de um sistema também deve possuir um valor definido para qualquer dado estado do sistema. A
energia interna, apresentada no Capítulo 19, também possui essa propriedade, embora a entropia e a energia
interna sejam grandezas completamente diferentes.
Uma vez que a entropia é uma função apenas do estado do sistema, também podemos calcular
variações de entropia em processos irreversíveis (não equilíbrio) aos quais as equações 4.17 e 4.19 não
poderiam ser aplicadas. Simplesmente inventamos um caminho ligando o estado final ao inicial que seja
constituído totalmente por processos reversíveis, e calculamos a variação total de entropia nesse caminho
hipotético. Não é o caminho real, mas a variação de entropia deve ser a mesma que seria obtida no caminho
real.
Como no caso da energia interna, a discussão anterior não nos informa como calcular a entropia
absoluta, apenas as variações de entropia em um dado processo. Assim como acontece com a energia
interna, podemos atribuir arbitrariamente um valor para a entropia de um sistema em um estado de referência
e depois calcular a entropia de qualquer outro estado em referência a esse estado arbitrário.

ENTROPIA EM PROCESSOS CÍCLICOS

O Exemplo 4.9 mostrou que a variação total de entropia em um ciclo de uma máquina de Carnot
específica, que usa um gás ideal como substância de trabalho, é zero. Esse resultado decorre diretamente
da Equação 4.13, que pode ser reescrita na forma
𝑄𝐻 𝑄𝐶
+ =0 (4.20)
𝑇𝐻 𝑇𝐶

A razão QH/TH é igual a 𝛥𝑆𝐻 , a variação de entropia que ocorre em T = TH. Analogamente, QC/TC é
igual a 𝛥𝑆𝐶 , a variação de entropia (negativa) da máquina que ocorre em T = T C. Portanto, a Equação 4.20
afirma que 𝛥𝑆𝐻 + 𝛥𝑆𝐶 = 0; ou seja, a variação total de entropia é nula em um ciclo completo.
E quanto às máquinas de Carnot que usam outras substâncias de trabalho? De acordo com a segunda
lei, qualquer máquina de Carnot operando entre duas dadas temperaturas T H e TC apresenta a mesma
eficiência 𝑒 = 1 − 𝑇𝐶 /𝑇𝐻 (Equação 4.14). Combinando essa expressão de e com a Equação 4.4, 𝑒 = 1 −
Q 𝐶 /𝑄𝐻 , reproduzimos exatamente a Equação 4.4. Logo, a Equação 4.20 vale para qualquer máquina de
Carnot operando entre essas temperaturas, independentemente de a sua substância de trabalho ser ou não
um gás ideal. Concluímos que a variação total de entropia em um ciclo de qualquer máquina de Carnot é igual
a zero.
Esse resultado pode ser generalizado para mostrar que a variação total de entropia em qualquer
processo cíclico reversível é zero. Um processo cíclico reversível aparece em um diagrama PV como um
caminho fechado (Figura 4.19a).
Podemos aproximar esse caminho por meio de uma série de processos isotérmicos e adiabáticos,
formando partes de muitos ciclos de Carnot longos e finos (Figura 4.19b). A variação total de entropia no ciclo
completo é a soma das variações de entropia em cada pequeno ciclo de Carnot, cada um dos quais com uma
138
variação de entropia igual a zero. Logo, a variação total de entropia durante qualquer ciclo reversível é igual
a zero:

Figura 4.19 (a) Processo cíclico reversível de um gás ideal, indicado por uma curva fechada em um
diagrama PV. São mostradas várias isotérmicas passando pela curva. (b) O caminho em (a) pode ser
aproximado por uma série se ciclos de Carnot longos e finos; um desses ciclos está sombreado na figura. A
variação de entropia total é zero em cada ciclo de Carnot e no processo cíclico real. (c) A variação de
entropia entre os pontos a e b independe do caminho.

(4.21)
(processo cíclico reversível)

Conclui-se que, quando um sistema sofre um processo reversível que o conduz de qualquer estado
a até qualquer estado b, a variação de entropia é independente do caminho seguido (Figura 4.19c). Se a
variação de entropia no caminho 1 fosse diferente da variação no caminho 2, o sistema poderia seguir o
caminho 1 e, em seguida, voltar ao ponto inicial pelo caminho 2, com uma variação total de entropia diferente
de zero. Isso violaria a conclusão de que a variação de entropia em qualquer ciclo sempre deve ser igual a
zero. Como a variação de entropia em tais processos não depende do caminho, concluímos que, em qualquer
estado determinado, o sistema possui um valor da entropia que depende somente do estado em que ele se
encontra, e não dos processos que o conduziram ao referido estado.

ENTROPIA EM PROCESSOS IRREVERSÍVEIS

Em um processo ideal, reversível, envolvendo apenas estados de equilíbrio, a variação total da


entropia e do ambiente é igual a zero. Entretanto, todos os processos irreversíveis envolvem um aumento de
entropia. Diferentemente da energia, a entropia é uma grandeza que não se conserva. A entropia de um
sistema isolado pode variar, mas, como veremos, ela pode nunca diminuir. A expansão livre de um gás,
descrita no Exemplo 4.8, é um exemplo de processo irreversível de um sistema isolado no qual existe aumento
de entropia.

ENTROPIA E A SEGUNDA LEI

Os resultados do Exemplo 4.10 sobre o fluxo de calor de uma temperatura mais elevada para uma
mais baixa são característicos de todos os processos naturais (isto é, irreversíveis). Quando incluímos todas
as variações de entropia no interior de um sistema, as variações positivas são sempre maiores que as
negativas. No caso especial de um processo reversível, os aumentos e diminuições de entropia são
exatamente iguais. Portanto, podemos enunciar o princípio geral: quando todos os sistemas que ocorrem em
um processo são incluídos, a entropia aumenta ou permanece constante. Em outras palavras, não existe
nenhum processo com diminuição de entropia quando todas as possíveis variações de entropia são incluídas.
Essa afirmação constitui um enunciado alternativo para a segunda lei da termodinâmica em termos de
entropia. Logo, ele é equivalente aos enunciados da “máquina” e do “refrigerador” discutidos anteriormente.
A Figura 4.20 mostra um exemplo específico desse princípio geral.
O aumento de entropia em todo processo irreversível natural mede o aumento da desordem e do caos
no universo associado a esse processo. Considere novamente a mistura de água quente com água fria
(Exemplo 4.10). Poderíamos usar a água quente e a água fria como reservatórios quente e frio de uma
máquina térmica.
Enquanto retiramos calor da água quente e o fornecemos para a água fria, podemos obter certa
quantidade de trabalho mecânico. Porém, depois que a água se mistura e atinge o equilíbrio térmico, a
oportunidade de obter trabalho é irremediavelmente perdida. Depois do equilíbrio, a água quente não pode
139
ser mais separada da água fria. Não existe nenhuma diminuição de energia quando a água quente se mistura
com a água fria. O que foi perdido foi a disponibilidade, ou seja, a oportunidade de converter parte do calor
da água quente em trabalho mecânico. Portanto, quando a entropia cresce, a energia para produção de
trabalho se torna menos disponível e o universo se torna mais caótico ou aleatório.

Figura 4.20 A mistura de tinta colorida com água começa a partir de um estado de baixa entropia, no qual
os fluidos inicialmente estão separados e podem ser distinguidos. No estado final, as moléculas da tinta e
da água são espalhadas aleatoriamente pelo volume do liquido, de modo que a entropia é maior.

4.8 INTERPRETAÇÃO MICROSCÓPICA DA ENTROPIA

Descrevemos anteriormente como a energia interna de um sistema pode ser calculada, pelo menos
em teoria, somando-se todas as energias cinéticas de suas partículas constituintes e todas as energias
potenciais da interação entre as partículas.
Isso é chamado de cálculo microscópico da energia interna. Também podemos fazer um cálculo
microscópico da entropia S de um sistema. Contudo, diferentemente da energia, a entropia não é algo que
pertence a cada partícula individual ou a pares de partículas do sistema. Em vez disso, a entropia é uma
medida da desordem do sistema como um todo. Para ver como podemos calcular a entropia
microscopicamente, primeiro devemos introduzir os conceitos de estado microscópico e de estado
macroscópico.

Figura 4.21 Todos os estados microscópicos possíveis para quatro moedas.

Suponha que você jogue N moedas idênticas ao chão e metade delas dê cara e a outra metade,
coroa. Trata-se de uma descrição do estado macroscópico do sistema de N moedas. Uma descrição do
estado microscópico do sistema inclui informação sobre cada moeda individual: a moeda um deu cara, a
moeda dois deu coroa, a moeda três deu coroa, e assim por diante. Podem existir muitos estados
microscópicos que correspondem ao mesmo estado macroscópico. Por exemplo, com N = 4 moedas, existem
seis possibilidades em que uma metade dê cara e a outra metade, coroa (Figura 4.21). O número de estados
microscópicos cresce rapidamente com o aumento de N; para N = 100 existem 2 100 = 1,27 . 1030 estados
microscópicos, dos quais 1,01 . 1029 dão metade cara e metade coroa.
A ocorrência menos provável da distribuição das moedas é que todas elas deem cara ou todas elas
deem coroa. É certamente possível que você consiga lançar cem moedas e todas deem cara, mas não aposte
nisso: a probabilidade de isso acontecer é de apenas 1 em 1,27 . 10 30. No lançamento de N moedas, a
probabilidade maior é que a metade dê cara e a outra metade dê coroa. A razão é que esse estado
140
macroscópico possui o maior número possível de estados microscópicos correspondentes, conforme indicado
na Figura 4.21.
Para fazer a ligação com o conceito de entropia, note que a descrição macroscópica “todas caras”
especifica completamente o estado de cada uma das N moedas.
O mesmo é verdade quando todas as moedas dão coroa. Porém, a descrição macroscópica de
“metade cara, metade coroa” por si só informa muito pouco sobre o estado (cara ou coroa) de cada moeda
individual. Comparando com o estado “todas caras” ou “todas coroas”, o estado “metade cara, metade coroa”
apresenta uma grande quantidade de estados microscópicos possíveis, desordem muito maior e, portanto,
entropia muito maior (que é uma medida quantitativa da desordem).
Agora, em vez de N moedas, considere um mol de um gás ideal contendo o número de Avogadro de
moléculas. O estado macroscópico desse sistema é dado pela pressão P, volume V e temperatura T; uma
descrição do estado microscópico envolve o conhecimento da posição e da velocidade de cada molécula do
gás. Em uma dada pressão, volume e temperatura, o número de estados microscópicos é astronomicamente
grande e depende das posições e das velocidades de suas 6,02 . 10 23 moléculas. Se o gás se expande e
ocupa um volume maior, o intervalo de posições possíveis aumenta, assim como o número dos possíveis
estados microscópicos. O sistema torna-se mais desordenado e a entropia aumenta, como calculamos no
Exemplo 4.8 (Seção 4.7).
Podemos chegar à seguinte conclusão geral: em qualquer sistema termodinâmico, o estado
macroscópico mais provável é aquele com o maior número de estados microscópicos correspondentes, que
é também o estado macroscópico com a maior desordem e a maior entropia.

CALCULANDO A ENTROPIA: ESTADOS MICROSCÓPICOS

Seja w o número de estados microscópicos possíveis para um dado estado macroscópico. (Para as
quatro moedas mostradas na Figura 4.21, o estado referente a quatro caras seria w = 1, o estado com três
caras e uma coroa, w = 4, e assim por diante.) Dessa forma, podemos mostrar que a entropia S de um estado
macroscópico é dada por

𝑆 = 𝐾 ln 𝑤 (4.22)

(Apresentamos a constante de Boltzmann na Seção 2.3.) Como a Equação 4.22 mostra, o aumento do
número de possíveis estados microscópicos w aumenta a entropia S.
O que importa em um processo termodinâmico não é a entropia absoluta, mas sim a diferença de
entropia entre os estados final e inicial. Portanto, uma definição igualmente válida e útil poderia ser 𝑆 =
𝑘 𝑙𝑛 𝑤 + 𝐶, onde C é uma constante, uma vez que C é cancelada em qualquer cálculo de diferença de
entropia entre dois estados. No entanto, é conveniente fazer essa constante igual a zero e usar a Equação
4.22. Com essa escolha, como o menor valor possível de w é igual a um, o menor valor possível de entropia
S de qualquer sistema é 𝑘 𝑙𝑛 1 = 0. A entropia nunca pode ser negativa.
Na prática, o cálculo de w é uma tarefa muito difícil, de modo que a Equação 4.22 costuma ser usada
apenas quando calculamos a entropia absoluta S de um sistema específico. Porém, podemos usar essa
relação para calcular diferenças de entropia entre um estado e outro. Considere um sistema que sofre uma
transformação termodinâmica que o leva de um estado macroscópico 1, para o qual existem w1 estados
microscópicos, até um estado macroscópico 2, associado a w2 estados microscópicos. A variação de entropia
desse processo é dada por
𝑤2
𝛥𝑆 = 𝑆2 − 𝑆1 = 𝐾 ln 𝑤2 − 𝐾 ln 𝑤1 = 𝐾 ln (4.23)
𝑤1

A diferença de entropia entre os dois estados macroscópicos depende da razão entre os números
dos estados microscópicos possíveis.
Como o exemplo a seguir mostrará, aplicar a Equação 4.23 para calcular uma variação de entropia
entre um estado macroscópico e outro fornece os mesmos resultados que considerar um processo reversível
conectando esses dois estados e usando a Equação 4.19.

ESTADOS MICROSCÓPICOS E A SEGUNDA LEI

A relação entre a entropia e o número de estados microscópicos nos proporciona uma nova visão do
enunciado da segunda lei da termodinâmica, segundo o qual a entropia de um sistema isolado nunca pode
diminuir. Pela Equação 4.22, concluímos que um sistema isolado nunca pode sofrer espontaneamente uma
transformação que faça diminuir o número de estados microscópicos possíveis.
Um exemplo de tal processo proibido ocorreria se todo o ar na sala onde você está se contraísse
espontaneamente e ocupasse metade do volume disponível, deixando um vácuo na outra metade. Essa
141
“compressão livre” seria o inverso da expansão livre dos exemplos 4.8 e 4.11. O número de estados
microscópicos possíveis se reduziria por um fator 2 N. Em sentido estrito, esse processo não é impossível! A
probabilidade de encontrar uma molécula na metade da sala é de 1/2, de modo que a probabilidade de
encontrar todas as moléculas na metade da sala é de (1/2) N. (Essa probabilidade é exatamente a mesma de
se obter cara N vezes seguidas quando você lança uma moeda N vezes.) Essa probabilidade não é zero.
Mas não se preocupe com a possibilidade de vir a ficar sem ar para respirar na sua sala; considere que uma
sala típica pode conter 1.000 mols de ar; logo, N = 1.000N A = 6,02 . 1026 moléculas. A probabilidade de que
26
todas essas moléculas fiquem na mesma metade da sala é, portanto, de (1/2)6,02 . 10 . Expresso sob a forma
de um número decimal, isso equivale a um número com mais de 10 26 zeros depois da vírgula! Como a
probabilidade da ocorrência de uma “compressão livre” é muito pequena, ela certamente nunca ocorreu em
nenhuma parte e em nenhum momento no universo, desde o seu início. Concluímos que, do ponto de vista
prático, a segunda lei da termodinâmica nunca é violada.

EXERCÍCIOS

01. Um mol de um gás ideal monoatômico sofre o ciclo reversível ilustrado abaixo. O gás está inicialmente a
P0, V0, T0 em um ponto a. O volume do gás em b é V = 32 V0.

a → b processo a T constante
b → c processo a P constante
c → a → compressão adiabática
Complete a tabela seguinte em função de P0, V0, R e T0.

02. Na figura a seguir, são representados dois ciclos. O primeiro é representado por 1 - 2 - 3 - 1 e o segundo
por 1 - 3 - 4 - 1. Ambos os ciclos são realizados por um gás monoatômico. Calcule o valor da razão entre os
rendimentos dos ciclos.

03. (ITA) Na parte esquerda do êmbolo, fixado no início, encontra-se um gás perfeito (monoatômico) e na
parte direita cria-se vácuo. O cilindro está termicamente isolado do meio externo. Existe uma mola conectando

142
o êmbolo e a parede do cilindro. No início a mola não está deformada. O êmbolo se libera e, depois de
estabelecer o equilíbrio, o volume final é o dobro do inicial. Como varia a pressão e a temperatura?

04. Um gás ideal passa através de um ciclo seguido de isotérmicas e adiabáticas alternadamente. As
temperaturas das isotérmicas estão representadas na figura abaixo. Encontre o rendimento do ciclo, se o
aumento de volume das duas expansões isotérmicas é proporcional e possui a mesma proporção.

05. (OBF) O sistema a seguir consiste em um recipiente totalmente adiabático que encerra em seu interior um
gás perfeito de 10 moles, cujo calor específico a volume constante é C v = 3 cal/oC · mol. Num fio de massa
desprezível e de comprimento l = 0,6 m é amarrado um corpo de massa M = 4,2 kg, o qual é deixado cair da
posição A, atingindo um corpo em repouso (m kg) na posição B. Após o choque, m movimenta-se sem atrito
com velocidade V m/s, percorrendo a distância d, chocando-se contra a parede do recipiente e parando.
Supondo que, após 5 segundos, o pêndulo para de oscilar, então a variação de temperatura registrada pelo
termômetro, após o sistema atingir o equilíbrio, é de:
(Admita g = 10 m/s2 e J = 4,2 J/cal)

A) 0,4 ºC B) 0,2 ºC
C) 0,6 ºC D) 600 ºC
E) n.d.a.
143
06. (ITA) Três processos compõem o ciclo termodinâmico ABCA mostrado
no diagrama PxV da figura. O processo AB ocorre à temperatura
constante. O processo BC ocorre a volume sobre o sistema. Sabendo-se
também que em um ciclo completo o trabalho total realizado pelo sistema
é de 30 J, calcule a quantidade de calor trocado durante o processo AB.

07. Um gás ideal, em equilíbrio termodinâmico no estado A, sofre uma


expansão adiabática reversível, atingindo o estado de equilíbrio B e, em
seguida, passa por uma compressão irreversível, voltando ao estado inicial A. Analise as afirmativas
seguintes:
I.A entropia do sistema (gás mais vizinhança) aumentou após a compressão B → A;
II.A entropia do gás aumentou após o ciclo A → B → A;
III.A energia interna do gás aumentou após a expansão A → B;
IV.A energia interna do gás é a mesma antes e após o ciclo A → B → A.

São verdadeiras:
A) I e II B) III e IV
C) I e IV D) II e III
E) II e IV

08. Em um cilindro vertical termicamente isolado desloca-se um êmbolo de massa M. No instante inicial o
êmbolo é solto. O cilindro está cheio de gás ideal. Uma vez estabelecido o equilíbrio, o volume ocupado pelo
gás resulta ser 2 vezes menor que o inicial. Determine o valor da razão T/T0, onde T é a temperatura final e
T0, a inicial do gás.
5
Dado: Cv = R
2
Despreze a capacidade calorífica do cilindro.

09. O gráfico abaixo representa a variação de temperatura em função da quantidade de calor recebido por
gases ideais monoatômicos e diatômicos (5 graus de liberdade) para diferentes processos termodinâmicos.
Os estados iniciais (temperatura, volume e pressão) dos dois gases são os mesmos. Analise as sentenças
abaixo.
I.O eixo vertical representa um processo adiabático;
II.O eixo horizontal representa um processo isotérmico;
III.A reta 1 corresponde ao processo isocórico do gás monoatômico;
IV.A reta 2 pode representar um processo isobárico do gás monoatômico, bem como um processo isocórico do
gás diatômico;
V.A reta 3 corresponde ao processo isobárico envolvendo o gás diatômico.

144
Quantas sentenças estão corretas?
A) Apenas uma. B) Duas.
B) Três. D) Quatro.
E) Todas são corretas.

10. A figura representa um ciclo idealizado, com um gás ideal com


coeficiente de Poisson γ = 2. O segmento 1 – 2 corresponde a uma
compressão adiabática; segmento 2 – 3, a uma isocórica que recebe
uma quantidade de calor Q = 200 J; segmento 3 – 4 corresponde a
uma expansão adiabática e o segmento 4 – 1, a uma isocórica. O
rendimento do ciclo vale:

1
A)
8
1
B)
2
1
C)
16
1
D)
4
3
E)
4

11. O recipiente da figura é separado em duas partes, de mesmo volume, por um pistão isolante térmico que
pode mover-se sem atrito. A parte superior é preenchida com mercúrio (coeficiente de dilatação volumétrica
𝛾) enquanto a de baixo contém n mols de gás diatômico à temperatura T0. Sendo R a constante universal dos
gases ideais, caso o mercúrio seja aquecido de ∆THG , determine a quantidade de calor rejeitada pelo gás para
o ambiente. Despreze as possíveis tensões térmicas geradas no mercúrio bem como a dilatação do recipiente.

12. (IME) Atendendo a um edital do governo, um fabricante deseja certificar junto aos órgãos competentes
uma geladeira de baixos custo e consumo. Esta geladeira apresenta um coeficiente de desempenho igual a
2 e rejeita 9/8 W para o ambiente externo. De acordo com o fabricante, estes dados foram medidos em uma
situação típica de operação, na qual o compressor da geladeira se manteve funcionando durante 1/8 do tempo
a temperatura que o custo mensal de operação da geladeira seja, no máximo igual a R$ 5,00 e que a
temperatura interna do aparelho seja inferior a 8 °C. O fabricante afirma que os dois critérios são atendidos,
pois o desempenho da geladeira é 1/7 do máximo possível. Verifique, baseando-se nos princípios da
termodinâmica, se esta assertiva do fabricante está tecnicamente correta. Considere que a tarifa ao consumo
de 1 kWh é R$ 0,20.

13. Um estudo mostra porque algumas pessoas são mais sujeitas a picadas de mosquitos do que outras. Na
verdade, os mosquitos são atraídos primeiramente pelo dióxido de carbono no ar expirado. Eis porque os
adultos - e dentre eles os mais corpulentos - costumam ser mais picados do que as crianças. Quanto maiores
os pulmões, mais dióxido de carbono eles exalam. Só depois de se aproximarem da pessoa, atraídos pelo
dióxido, é que os mosquitos são capazes de avaliar quem, entre os integrantes do grupo, lhes garantirá a
refeição mais apetitosa.

O Banquete... 2004, p. 144.

Analise as sentenças abaixo.


145
I.A massa de dióxido de carbono expirada pelo ser humano a 27 °C e 1 atm de pressão ocupa, nessas
condições, maior volume do que o ocupado pela mesma massa gasosa, nas condições normais de
temperatura e pressão;
II.Os mosquitos são rapidamente atraídos pelo dióxido de carbono contido no ar que sai dos pulmões, porque
esse gás se difunde na atmosfera com velocidade maior que a do gás oxigênio;
III.O resfriamento de repelentes embalados para uso sob a forma de aerossol decorre de uma expansão
adiabática dos gases da mistura.

É(São) verdadeira(s):
A) Somente I.
B) Somente II.
C) I e III.
D) II e III.
E) todas.

14. Um sistema termodinâmico efetua o ciclo representado pelo gráfico abaixo:

Sabendo que o sistema absorve 300 J de calor durante o trecho ABC, determine:
A) o trabalho realizado nos trechos ABC e CA.
B) o trabalho total realizado pelo sistema.
C) a variação de energia interna no ciclo.
D) o calor liberado pelo sistema no trecho CA.

15. A figura abaixo mostra cinco processos, a - b, b - c, c - d, d - a, a - c, em um gráfico no plano PV, para um
gás ideal, em um sistema fechado. Mostre os mesmos processos no plano PT e no plano TV.

16. Pretende-se colocar o ar sob pressão em um reservatório de volume V. A operação se faz


isotermicamente. Utiliza-se uma bomba mostrada na figura onde as válvulas A e B impedem o fluxo do ar em
sentido inverso ao indicado pelas setas. O volume da bomba descomprimida é V0 (à pressão atmosférica).

A) Estando inicialmente o reservatório na pressão atmosférica, determine a expressão da pressão no


reservatório após N compressões da bomba.

146
B) Voltando à condição inicial, considere agora a operação como adiabática e determine a expressão da
pressão no reservatório após N + 1 compressões da bomba.

Obs.: Dê respostas em função das variáveis, Patm, V, V0, N e 𝛾. Considere o ar como gás perfeito.

17. A finalidade da Termodinâmica não é somente calcular variações de energia interna. O objetivo principal
da Termodinâmica é determinar certas propriedades dos sistemas dificilmente mensuráveis, a partir de outras
propriedades mais facilmente acessíveis. Por exemplo, enchermos um cilindro metálico de nitrogênio.
Colocamos o cilindro em um banho à temperatura constante, facilmente realizável; medimos o volume do
nitrogênio, comprimimos lentamente aumentando a pressão de dp e consequentemente diminuindo o volume
inicial V de dV. Determinamos assim: experimentalmente, o coeficiente de compressibilidade do gás β =
1 dV
− . Qual gráfico representa corretamente log β versus log p para as transformações isotérmicas e
V dp
adiabáticas?

Obs.: Considere condições iniciais idênticas (P0, V0, T0).

A) B)

C D)

E)

147
18. Oscilações de um pistão. Um cilindro vertical de raio r contém uma quantidade de gás ideal e possui um
pistão ajustado de massa m que pode se mover livremente. 0 pistão e as paredes do cilindro não possuem
atrito e são feitos com um material isolante perfeito. A pressão do ar externo é p0. No equilíbrio, o pistão está
a uma altura h acima da base do cilindro.

A) Calcule a pressão absoluta do gás preso abaixo do pistão na posição de equilíbrio.


B) O pistão é puxado para cima até uma distância pequena e a seguir é liberado. Calcule a força resultante
que atua sobre o pistão quando ele está a uma distância igual a h + y acima da base do cilindro, onde y é
muito menor do que h.
C) Depois que o pistão é puxado para cima e libertado, ele oscila para cima e para baixo. Ache a frequência
dessas pequenas oscilações.

19. (ITA) Um sistema termodinâmico realiza o processo cíclico indicado na figura. O ciclo é constituído por
duas curvas fechadas, a malha I e a malha II.

A) Durante um ciclo completo, o sistema realiza trabalho negativo ou positivo?


B) O sistema realiza trabalho negativo ou positivo para cada malha separada I e II?
C) Durante um ciclo completo, o sistema absorve ou libera calor?
D) Para cada malha separada I e II, o sistema absorve ou libera calor?

20. A figura representa duas máquinas térmicas operando através de


ciclos de Carnot. Ocorre que o calor perdido para a fonte fria da primeira
máquina é aproveitado como entrada na fonte quente na segunda
máquina. Considerando T como sendo a temperatura da fonte fria a 1a
máquina e a quente para a segunda máquina, podemos afirmar que:

A) se as duas máquinas tiverem o mesmo rendimento, a temperatura T


será a mesma, caso as duas máquinas tenham realizado o mesmo
trabalho.
B) a temperatura T será maior se as duas máquinas tiverem o mesmo
rendimento.
148
C) a temperatura T será maior se as duas máquinas realizarem o mesmo trabalho.
D) com os dados fornecidos é impossível fazer qualquer previsão.

21. Uma lâmpada é embalada numa caixa fechada e isolada termicamente. Considere que no interior da
lâmpada há vácuo e que o ar dentro da caixa seja um gás ideal, em um certo instante a lâmpada se quebra.
Se desprezarmos o volume e a massa dos componentes da lâmpada (vidro, suporte, filamento...) e a variação
de energia associada à sua quebra, é incorreto afirmar que:
A) a energia interna do gás permanecerá a mesma após a quebra da lâmpada.
B) a entropia do gás aumentará após a quebra da lâmpada.
C) a temperatura do gás permanecerá a mesma após a quebra da lâmpada.
D) a pressão do gás diminuirá após a quebra da lâmpada.
E) após a quebra da lâmpada, o gás realizará um trabalho positivo para se expandir e ocupar o volume onde
anteriormente havia vácuo.

22. Ciclo Stirling. O ciclo Stirling é semelhante ao ciclo de Otto, exceto quando a compressão e a expansão
do gás ocorrem isotermicamente e não adiabaticamente como no caso do ciclo de Otto. O ciclo Stirling é
usado em uma máquina de combustão externa, ou seja, a máquina na qual o gás no interior do cilindro não
é usado no processo de combustão. O calor é fornecido continuamente pelo fluido combustível no exterior do
cilindro, em vez de ser oriundo de uma explosão no interior do cilindro como no ciclo de Otto. Por esta razão,
as máquinas que funcionam com o ciclo Stirling são mais silenciosas do que as máquinas que funcionam com
o ciclo de Otto, uma vez que não existe válvula de admissão nem válvula de exaustão (a principal fonte de
ruído do motor). Embora pequenas máquinas de Stirling possam ser usadas em diversas aplicações, o uso
do ciclo Stirling em um automóvel não teve êxito porque o motor é maior, mais pesado e mais caro do que o
motor convencional do automóvel. No ciclo, o fluido de trabalho realiza os seguintes processos:
I. Compressão isotérmica à temperatura T1 do estado inicial a até o estado b, com uma razão de compressão
r;
II. Aquecimento a volume constante até o estado c com temperatura T2;
III. Expansão isotérmica à temperatura T2 até o estado d;
IV. Esfriamento a volume constante retornando para o estado inicial a.

Suponha que o fluido de trabalho seja n moles de um gás ideal (para o qual Cv não depende da temperatura).

A) Calcule Q, W e ΔU para os processos a→b, b→c, c→d e d → a.


B) No ciclo Stirling, os calores transferidos nos processos b → c e d → a não envolvem fontes de calor
externas, porém usam a regeneração: a mesma substância que transfere calor ao gás dentro do cilindro no
processo b → c também absorve calor de volta do gás no processo d → a. Portanto, os calores transferidos
Qb→ c, e Qd → a não desempenham papel na determinação da eficiência da máquina. Explique essa última
afirmação comparando as expressões de Qb→c e Qc→a obtidas na parte (a).
C) Calcule a eficiência de um ciclo Stirling em termos das temperaturas T1 e T2. Como ele se compara com a
eficiência de um ciclo de Carnot operando entre estas mesmas temperaturas? (Historicamente o ciclo Stirling
foi deduzido antes do ciclo de Carnot). Este resultado viola a Segunda Lei da Termodinâmica? Explique.
Infelizmente a máquina que funciona com o ciclo Stirling não pode atingir esta eficiência, devido a problemas
oriundos de transferência de calor e perdas de pressão na máquina.

149
23. Sobre um mol de gás ideal se realiza um ciclo fechado composto de duas isocóricas e duas isobáricas. As
temperaturas nos pontos (1) e (3) são iguais a T1 e T3. Determine o trabalho que realiza o gás durante o ciclo,
sabendo-se que os pontos 2 e 4 se encontraram numa isoterma.

24. Uma certa massa de gás ideal realiza o ciclo ABCD de transformações, como mostrado no diagrama
pressão-volume da figura. As curvas AB e CD são isotermas. Pode-se afirmar que:

A) o ciclo ABCD corresponde a um ciclo de Carnot.


B) o gás converte trabalho em calor ao realizar o ciclo.
C) nas transformações AB e CD o gás recebe calor.
D) nas transformações AB e BC a variação da energia interna do gás é negativa.
E) na transformação DA o gás recebe calor, cujo valor é igual à variação da energia interna.

25. Duas salas idênticas estão separadas por uma divisória de espessura L = 5,0 cm, área A = 100 m 2 e
condutividade térmica k = 2,0 W/mK. O ar contido em cada sala encontra-se, inicialmente, à temperatura T 1
= 47 °C e T2 = 27 °C, respectivamente. Considerando o ar como um gás ideal e o conjunto das duas salas
um sistema isolado, calcule:
A) o fluxo de calor através da divisória relativo às temperaturas iniciais T 1 e T2.
B) a taxa de variação de entropia ΔS / ΔT no sistema no início da troca de calor, explicando o que ocorre com
a desordem do sistema.
3
26. Um gás ideal sofre uma transformação isobárica. Para os gases ideais sabe-se que Cv ≥ R, onde R é a
2
constante universal dos gases. Qual das alternativas a seguir representa uma condição necessária e
suficiente para a relação entre o calor trocado e o trabalho realizado pelo gás, a fim de que a transformação
seja fisicamente possível?
A) Q ≥ τ
B) Q ≤ τ
C) Q ≥ 2,5τ
D) Q ≥ 1,5 τ
E) C ≥ 2,3 τ

27. Um recipiente cilíndrico fechado de volume V possui paredes adiabáticas e é dividido em dois
compartimentos iguais por uma parede fixa, também adiabática. Em cada um dos compartimentos,
encontram-se n mols de um gás ideal monoatômico. Suas respectivas temperaturas iniciais são T e 2T. A
parede adiabática fixa é, então, liberada e pode se deslocar livremente. Com base nessas informações,
analise as afirmativas seguintes.
150
I.Na situação final de equilíbrio, as temperaturas nos dois recipientes são iguais;
II.A parede isolante se move em direção ao compartimento que se encontrava inicialmente a uma temperatura
T;
III.Se, na situação final de equilíbrio, o volume de um compartimento é o triplo do volume do outro, as
temperaturas dos respectivos gases ideais monoatômicos são 9T/2 e 3T/2.

A partir das três assertivas, assinale a alternativa correta.


A) Somente I é verdadeira.
B) Somente II é verdadeira.
C) Somente III é verdadeira.
D) I e II são verdadeiras.
E) II e III são verdadeiras.

28. Um recipiente cilíndrico fechado de volume V possui paredes adiabáticas e é dividido em dois
compartimentos iguais por uma parede fixa, também adiabática. Em cada um dos compartimentos encontram-
se N mols de um gás ideal monoatômico. Suas respectivas temperaturas iniciais são T e 2T.
A) A parede adiabática fixa é liberada e pode deslocar-se livremente até atingir nova situação de equilíbrio,
na qual o volume de um compartimento é o triplo do volume do outro. Calcule o módulo do trabalho realizado
por um gás sobre o outro.
B) A parede adiabática é novamente presa quando a situação de equilíbrio do item anterior é atingida e perde
suas propriedades isolantes, permitindo que haja troca de calor entre os dois recipientes, até atingir novo
equilíbrio. Determine o módulo do calor trocado entre os recipientes.

29. Em um recipiente cilíndrico tem um pistão abaixo do qual se encontra 1 mol de um gás ideal monoatômico.
A massa do pistão é M e sua superfície é S. Determine a quantidade de calor necessária para se fornecer ao
gás na unidade de tempo para que o pistão se mova uniformemente para cima com velocidade v. A pressão
atmosférica é Pθ e desprezam-se os atritos entre o pistão e as paredes do recipiente.
5 3
A) (P0 S + Mg)v B) (P0 S + Mg)v
2 2
1
C) (P0 S + Mg)v D) (P0 S + Mg)v
2
E) n.d.a.

30. Suponha que a entropia cresce linearmente com a temperatura em um determinado processo. Com
relação à variação do calor específico em relação à temperatura, podemos afirmar que:

A) aumenta hiperbolicamente.
B) aumenta parabolicamente.
C) aumenta exponencialmente.
D) aumenta linearmente.
E) o calor específico permanece constante com a temperatura.

31. Uma massa de gás hélio (massa = 1,7 g) é expandida, adiabaticamente, até que seu volume final seja três
vezes o inicial e em seguida comprimida isobaricamente até o volume inicial. Encontre o incremento da
entropia do gás neste processo. Dados:
YHe= 1,67
Massa molarHe = 4 g/mol
R = 8,3 J/mol.K.

A) 9,7 J/K B) -9,7 J/K


C) 0 J/K D) 3,4 J/K
151
E) -3,4 J/K

32. Um gás ideal é submetido a um ciclo circular como o mostrado no diagrama PV. Qual a eficiência de um
ciclo de Carnot operando nas mesmas temperaturas máxima e mínima que as do gás neste ciclo circular?

33. Para o caso de um gás ideal que experimenta um processo adiabático quase-estático, a pressão varia
com o volume de tal forma que PV γ = constante. Sejam P0 e V0 a pressão e o volume inicial bem como P e V,
a pressão e o volume final. Demonstre que o trabalho realizado pelo gás ideal no processo citado é dado por:

P0 V0 V0 γ−1
w= [1 − ( ) ]
γ−1 V

onde γ é o coeficiente de Poisson.

34. A figura representa um diagrama p - v, dois processos, através dos quais é possível fazer um gás perfeito
evoluir entre dois estados de equilíbrio (i) e (f).

Em qual deles foi maior a quantidade de calor envolvido?

35. Encontre o trabalho feito pelo gás do estado inicial ao estado final ao longo da trajetória tracejada que
corta a isoterma, conforme a figura abaixo.

A) −(1/2)Pi Vi + (1/2)Pi Vf − (1/2)Pf Vi + (1/2)Pf Vf


B) (1/2)Pi Vi − (1/2)Pi Vf − (3/2)Pf Vi + (3/2)Pf Vf
C) NkTln(Vf/Vi)
D) n.d.a.

36. Gases usados em laboratórios de engenharia são armazenados em cilindros a alta pressão. Esses
cilindros devem ser fixados em locais seguros, a fim de que não tenham suas válvulas quebradas, pois isso
ocorrendo, essas sairão como projéteis com grande aceleração. Considere a seguinte situação: um cilindro
contendo nitrogênio (v volume do cilindro) tem massa m com n mols de N2 a uma temperatura T kelvins. A

152
válvula do cilindro é expelida. Sabendo que o diâmetro da válvula é D, determine a aceleração inicial do
cilindro + gás.
Dados: I. g → aceleração da gravidade;
II. M → massa molar do N2;
III. R → constante universal dos gases.

37. Um mol de gás perfeito a uma temperatura absoluta T tem uma transformação isocórica passando da
p
pressão p para .
k
Sucessivamente, com uma transformação isobárica, o gás retorna à temperatura inicial T. Determine a
quantidade de calor trocado pelo gás nesse processo onde k>1 e R → constante universal dos gases.
A) kRT
RT
B)
k
1
C) (1 − ) RT
k
D) (K − 1)RT
K
E) ( ) RT
k−1

38. Calcule a variação de entropia quando, num processo à pressão constante de 1,0 atm, se transforma
integralmente em vapor 3,0 kg de água que se encontra inicialmente no estado liquido, à temperatura de 100
°C.
Dado: Calor de vaporização da água: Lv = 5,4 ∙ 105 cal/kg.

39. n rnols de um gás diatômico realizam um processo cíclico, da forma mostrada na figura a seguir. O trecho
A → B é isobárico, o trecho B → C é isocórico e o C → A é adiabático. Mostre que 2T B + 5TC > 7TA, onde: TA
→ temperatura absoluta no estado A. TB → temperatura absoluta no estado B. TC → temperatura absoluta no
estado C.

40. Um ciclo de Carnot atuando como refrigerador tem um processo isotérmico em que calor Q joules é retirado
da comida devido ao trabalho do fluido (compressor) do refrigerador.
A variação da entropia do fluido, ΔS (fluido), está relacionada com a mudança na entropia da comida, ΔS
comida, por:
A) I ΔS fluido I > I ΔS comida I
B) I ΔS fluido I < I ΔS comida I
C) ΔS fluido = ∆S comida ≠ 0
D) ΔS fluido = -ΔS comida
E) ΔS fluido = ΔS comida = 0

41. Entropia e a Segunda Lei da Termodinâmica aplicada às máquinas térmicas e refrigeradoras. Um corpo
de massa finita está originalmente à temperatura T2, superior à de um reservatório térmico cuja temperatura
é T1. Uma máquina opera em ciclos infinitesimais entre o corpo e o reservatório, até que baixa a temperatura
do corpo de T2 para T1.
A) Prove que o trabalho máximo que pode ser obtido da máquina é: Wmáx = Q - T1 ∙ (S2 - S1), sendo S1 - S2 a
variação de entropia do corpo e Q a quantidade de calor retirada dele pela máquina. Um corpo de massa
finita está inicialmente à mesma temperatura T, que o reservatório térmico. Um refrigerador opera em ciclos
infinitesimais entre o corpo e o reservatório, até conseguir baixar a temperatura do corpo de T1 para T0.

153
B) Prove que a quantidade mínima de trabalho que deve ser fornecida ao refrigerador é: W min = T1(S1 - S0) -
Q, onde S0 — S1 é a variação de entropia do corpo e Q o calor retirado dele pelo refrigerador.

42. Seja e a eficiência de uma máquina térmica reversível de Carnot e k o coeficiente de performance do
1
refrigerador reversível de Carnot. Mostre que e = .
1+k

43. Fábrica de gelo - Uma máquina frigorífica (ideal) para a produção de gelo opera reversivelmente entre as
temperaturas θ1 = 37 °C (radiador) e θ2 = -23 °C (congelador). A máquina recebe água a 20 °C e fornece o
gelo a -10 °C. Para a água o calor de fusão é L = 3,34 ∙ 105 JKg, o calor específico é c = 4,19 ∙ 103 JKg °C no
estado líquido, c' = 2,10 ∙ 103 JKg °C no estado sólido. Calcule o trabalho consumido na operação da máquina
ao produzir 1,00 kg de gelo.

44. Termobomba - Na região ártica monta-se um laboratório. A temperatura é - 33 °C no exterior, e deve ser
mantida a +27 °C no interior; nessas condições, o laboratório ganha calor do ambiente com potência de 18,0
kW. Esse calor deve ser exposto por uma termobomba acionada por motor Diesel. Para ela, determine o
menor consumo teórico de energia.

45. Uma caixa contendo seis compartimentos possui cinco partículas distintas separadas por uma partição
vertical, conforme figura abaixo. As partículas não podem atravessar a partição. Cada caixa pode comportar
qualquer quantidade de partículas. Com a partição fixa, determine a entropia do sistema.
K: 1,38 ∙ 10-23 J/K (constante de Boltzmann)
In2 = 0,7

A) 4,12 ∙ 10-23J/K
B) 5,06 ∙ 10-23J/K
C) 5,69 ∙ 10-23J/K
D) 6,64∙ 10-23J/K
E) 7,65 ∙ 10-23 J/K

46. Um cilindro isolado termicamente, como uma garrafa térmica, contém gás ideal
em dois compartimentos, divididos por uma parede isolante. A pressão, volume e
temperatura do gás em cada parte são P1, V1, T1 e P2, V2 e T2. Determine a pressão
final do sistema P, o volume final V e a temperatura final T após a parede que
separa os dois compartimentos ser removida.

47. Misturam-se dois mois de um gás ideal monoatômico com um mol de um gás ideal diatômico. Determine
o parâmetro γ na equação PVγ = constante para um processo adiabático da mistura.
5 7
A) B)
3 5
9 19
C) D)
7 17
17
E)
11

48. Um mol de um gás ideal se aquece de tal forma que a pressão do gás é proporcional ao seu volume: P =
aV, onde a é uma constante. Determine a capacidade térmica molar do gás nesse processo.
Use: γ → coeficiente de Poisson
R → constante universal dos gases
Rγ 2Rγ
A) B)
γ−1 γ−2
154
2Rγ R(γ+1)
C) D)
3(γ−1) 2(γ−1)

E)
γ−2

49. (OBF) O embolo de massa M, que fecha o volume V0 de um recipiente com um gás monoatômico à pressão
P0 e à temperatura T0, se move com velocidade ⃗U. Determine o volume do gás durante a compressão máxima.
O sistema se encontra isolado termicamente. Despreze as capacidades térmicas do êmbolo e do recipiente.

50. O círculo na figura abaixo representa uma máquina reversível. Durante um número inteiro de ciclos, a
máquina absorve 1200 J de um reservatório a 400 K e realiza um trabalho mecânico de 200 J.

A) Encontre as quantidades de calor trocado com outros reservatórios e diga se o reservatório fornece ou
absorve calor.
B) Ache a variação na entropia de cada reservatório.
C) Qual é a variação na entropia do universo?

51. Uma máquina de Carnot trabalha entre as temperaturas T1 e T2. Ela opera um refrigerador de Carnot que
trabalha entre duas temperaturas diferentes T3 e T4, como ilustra a figura abaixo.

52. Em 1816, o escocês Robert Stirling criou uma máquina térmica a ar quente que podia converter em
trabalho boa parte da energia liberada pela combustão externa de matéria-prima. Numa situação idealizada,
5
o ar é tratado como um gás ideal com calor específico molar Cv = R , onde R é a constante universal dos
2
gases. A máquina idealizada por Stirling é representada pelo diagrama P versus V da figura a seguir. Na
etapa C → D (isotérmica), a máquina interage com o reservatório quente, e na etapa A → B (também
isotérmica), com o reservatório frio. O calor liberado na etapa isovolumétrica D → A é recuperado
integralmente na etapa B → C, também isovolumétrica. São conhecidas as temperaturas das isotermas T 1 e
T2, os volumes VA e VB e o número de moles n de ar contido na máquina.
155
Qual o rendimento do ciclo e sua variação total de entropia?

T2 V V
A) 1 − In ( A ) e nR In ( A )
T1 VB VB
T2 VA
B) 1 − e nR In ( )
T1 VB
T2 V
C) 1 − In ( A ) e 0
T1 VB
T2
D) 1 − e0
T1
VB T2
E) 1 − In ( ) e0
VA T1

53. O ciclo A→B→C→D→e→F→G→H→A, mostrado no diagrama PV abaixo, de um gás ideal é composto


de dois ciclos de Carnot que funcionam entre as temperaturas indicadas. C → B e G → F pertencem à mesma
curva adiabática. Sabendo-se que VB = 2VA e VD = 2VC, determine o rendimento do ciclo.

54. O embolo de massa M contém um gás ideal monoatômico a volume V0, pressão P0 e temperatura T0. O
embolo se move inicialmente com velocidade ∞. Determine a temperatura e o volume do gás durante a
compressão máxima. O sistema é isolado termicamente. Despreze os atritos, capacidade calorífica do êmbolo
e do recipiente.

55. Em um motor de combustão interna, a gasolina pode ser aproximadamente representada, quando em
operação, pelo ciclo mostrado pela figura abaixo. As transformações 1 → 2 e 3 → 4 são isocóricas e as outras
duas são adiabáticas. A mistura de ar e gasolina pode ser considerada como sendo um gás diatômico (γ
=1,4). Para R = 8,13 J/mol ∙ K e 40,4 ≅ 1,74, podemos afirmar para esse motor, corretamente, que o rendimento
do ciclo vale:

156
A) 58%
B) 68%
C) 43%
D) 74%
E) 28%

56. Dois compressores elevam a pressão adiabaticamente de um gás diatômico. Primeiro funciona um
compressor que reduz o volume do gás de V0 até V1. Logo em seguida, o gás comprimido é resfriado até a
temperatura inicial, após a qual começa a trabalhar o segundo compressor que reduz o volume de gás até
V2. Determine o volume V1 para que o trabalho total das duas compressões seja mínimo.

V0 +V2
A)
2
B) √V0 + V2
C) √V02 + V22
3
D) √V03 + V23
7/5
E) √V05/7 + V25/7

57. Um mol de gás monoatômico descreve o ciclo termodinâmico descrito pelo gráfico de pressão por volume
dado a seguir. As curvas α e β são isotermas. Podemos afirmar que o rendimento da máquina de Carnot
reversível que funciona entre α e β é N vezes maior que o rendimento do ciclo ABCA. O volume correto de N
é:
Dado: se precisar use o In 3 ≅ 1,1.

A) 4,14
B) 3,19
C) 3,23
D) 2,14
E) 3,02

58. No compartimento esquerdo de um recipiente cilíndrico de comprimento L se encontram n mols de um gás


ideal. No outro compartimento, tem uma mola de compartimento natural L e constante elástica k. O gás
absorve energia na forma de calor e, por conseguinte, o embolo móvel se desloca para a direita de uma

157
distância x, conforme indicado nas figuras. Determine o calor absorvido se inicialmente o embolo se encontra
em equilíbrio na metade do recipiente.

59. Um cilindro fechado por cima e aberto, por baixo está fixado à parede da piscina que está cheia de água
de densidade ρ. Na parte superior do cilindro se encontram n mols de um gás monoatômico separado da
água mediante um êmbolo que se encontra a uma profundidade 2 h. O gás se aquece através de uma
resistência R, fazendo o êmbolo descer até a profundidade 3 h. Determine o tempo necessário para ocorrer
a situação acima mencionada. A resistência R está conectada a uma bateria de f.e.m. ε e resistência interna
desprezível. Despreze a massa do êmbolo, os atritos e a capacidade térmica do recipiente. A pressão
atmosférica é P0 e a secção transversal do recipiente é S.

Obs.: A pressão atmosférica é equivalente a uma coluna de água de comprimento 10 h.

60. Considerando as três afirmações a seguir, assinale a alternativa correta.


I. A entropia de um sistema isolado pode aumentar mesmo que sua temperatura permaneça constante;
II. A entropia de um sistema isolado pode permanecer constante mesmo que ele sofra variações de
temperatura;
III. Um gás ideal pode sofrer uma transformação que seja isotérmica e adiabática simultaneamente.

São corretas:
A) apenas I. B) apenas II e III.
B) apenas I e III. D) apenas II.
E) todas.
5
61. Um gás monoatômico possui coeficiente adiabático igual a γ = . O gás passa pelo ciclo termodinâmico
3
observado na figura abaixo em uma máquina experimental. Podemos afirmar corretamente que a eficiência
da máquina térmica vale:

158
1 2
A) B)
4 15
1 4
C) D)
5 15
6
E)
17

62. Um sistema isolado é constituído por dois recipientes indeformáveis, A e B, preenchidos com gases
diferentes e que não reagem quimicamente. O recipiente A está contido no recipiente B e os gases estão sob
uma mesma temperatura T = 500 K.

Sabe-se que VB = (k + 1) • VA, onde k é um número real que obedece à equação:


(k+1)2
k = In e que pAVA = pB (VB - VA) = 1000 J. O recipiente A se rompe e os gases se misturam. Qual foi a
2
variação de entropia nesse sistema, em J/K?
A) 0
B) 2 k
C) 2 · Ink
1
D) 2 · In
k
E) 2

63. A figura abaixo representa um ciclo retangular. Determine o valor numérico do máximo rendimento de um
ciclo retangular.

64. Há um copo de água em contato com o ambiente, e ambos se encontram a uma temperatura T 0.
A) Mostre, usando o conceito de entropia (e a Segunda Lei da Termodinâmica), que não é natural ver a água
do copo variar sua temperatura e resolver se manter em equilíbrio a uma temperatura diferente de T0.

159
Dicas: A variação de entropia associada à variação de temperatura de uma massa m de um corpo com calor
específico c, que vai de uma temperatura T0 até T
T
∆S = mcln ( )
T0
Onde In é o logaritmo natural. Você pode usar também a desigualdade In (1 + x) < x para todo x < 1 e diferente
de 0.
B) Dois corpos em contato térmico se encontram isolados do resto do universo. Eles possuem massas e
calores específicos m1, c1 e m2, c2, com os índices (1, 2) se referindo a cada corpo. Se ambos estão na mesma
temperatura T0, mostre que não é esperado que eles troquem calor e se equilibrem (termicamente) em
temperaturas diferentes.
Dica: use que (1 + x)n ≈ 1 + nx se x<<1

65. O ciclo de Joule, representado na figura abaixo, onde AB e CD são adiabáticas, é uma idealização do que
ocorre numa turbina a gás: BC e DA representam, respectivamente, aquecimento e resfriamento à pressão
P
constante; r = 𝐵 é a taxa de compressão.
PA

Mostre que o rendimento do ciclo de Joule é dado por:


γ−1
1 γ
η= 1−( )
r

66. O ciclo térmico reversível A→B→C→D→A representado a seguir no diagrama Entropia-Pressão (S-P) é
denominado de máquina térmica de Brayton. Entre D → A o gás ideal é aquecido à pressão constante
absorvendo uma quantidade de calor QDA. Entre B → C o gás ideal é resfriado à pressão constante liberando
uma quantidade de calor QBC. O trabalho realizado no ciclo completo é denominado por W ABCD. A eficiência
da máquina térmica é definida pela razão WABCD∕ QDA. Assuma que CP e CV são as capacidades térmicas
(independentes) do gás ideal à pressão e volume constante.

A) Faça o diagrama do ciclo no diagrama PV (pressão volume);


B) Calcule a eficiência da máquina térmica em função de C P e CV e da razão PC/PD.

67. Um cilindro de paredes condutoras térmicas possui um êmbolo de massa m bem ajustada (mas sem
atritos), cuja secção de área transversal é S. O cilindro contém água e vapor à temperatura T = 100 °C, ou
seja, estão na temperatura de condensação.

160
Observa-se que o embolo cai vagarosamente à velocidade constante v, porque alguma quantidade de calor
flui através das paredes do cilindro e fazendo que um pouco de vapor se condense continuamente. A
densidade de vapor no interior do recipiente é ρ.
A) Calcule a taxa de condensação do vapor, variação de massa de vapor por unidade de tempo, em termos
dos parâmetros dados no problema.
B) A que taxa o calor flui para fora do cilindro? Dê o resultado em função do calor de condensação L da água
e dos outros dados do problema.
C) Qual a taxa de variação da energia interna do vapor? O calor específico molar a volume constante da água
é Cv e sua massa molar é M.
D) E qual a taxa de variação da energia interna da água líquida?

68. Uma máquina térmica opera com um mol de um gás monoatômico ideal. O gás realiza o ciclo ABCA,
representado no plano PV, conforme mostra a figura. Considerando que a transformação BC é adiabática,
calcule:

A) A eficiência da máquina.
B) A variação da entropia na transformação BC.

69. A figura ao lado representa um sistema, inicialmente me equilíbrio mecânico e termodinâmico, constituído
por um recipiente cilíndrico com um gás ideal, um êmbolo e uma mola. O êmbolo confina o gás dentro do
recipiente, Na condição inicial, a mola, conectada ao êmbolo e ao ponto fixo A, não exerce força sobre o
êmbolo. Após 3520 J de calor serem fornecidos ao gás, o sostema atinge um novo estado de equilíbrio
mecânico e termodinâmico, ficando o êmbolo a uma altura de 1,2 m em relação à base do cilindro. Determine
a pressão e a temperatura do gás ideal:
A) na condição inicial;
B) no novo estado de equilíbrio.
Obs: Considere que não existe atrito entre o cilindro e o êmbolo.

Dados:
• Massa do gás ideal: 0,01 kg
• Calor específico a volume constante do gás ideal: 1.000 J/kg · K
• Altura inicial do êmbolo em relação à base do cilindro: X1 = 1 m
• Área da base do êmbolo: 0,01 m2
• Constante elástica da mola: 4.000 N/m
• Massa do êmbolo: 20 kg
• Aceleração da gravidade: 10 m/s2
• Pressão atmosférica: 100.000 Pa
161
70.

No interior de um ambiente submetido à pressão atmosférica, encontra-se um cilindro que contém 10 mL de


um determinado gás ideal. Esse gás é mantido no interior do cilindro por um embolo móvel de área igual a 30
cm2, conforme apresentado na figura acima. Inicialmente, a mola não exerce força sobre o embolo. Em
seguida, o gás recebe uma quantidade de calor igual a 50% daquele rejeitado por uma máquina térmica,
operando em um ciclo termodinâmico, cujas características técnicas se encontram listadas a seguir. Como
consequência do processo de expansão, observa-se que a mola foi comprimida em 2 cm. O rótulo de
identificação do gás está ilegível, mas sabe-se que existem apenas duas opções - o gás hélio ou oxigênio.
Baseado em uma análise termodinâmica da situação descrita, identifique o gás.
Dados:
• temperatura da fonte quente e da fonte fria da máquina térmica: 600 K e 450 K
• razão entre o rendimento da máquina térmica e o do ciclo de Carnot associado: 0,8
• quantidade de calor recebido pela máquina térmica: 105 J
N
• constante da mola: 3 × 104
m
kgf
• pressão atmosférica: 1
cm2
• 1 kgf = 10 N
• peso do êmbolo: desprezível

71. Um industrial deseja lançar no mercado uma máquina térmica que opere entre dois reservatórios térmicos
cujas temperaturas são 900 K e 300 K com rendimento térmico de 40% do máximo teoricamente admissível.
Ele adquire os direitos de um engenheiro que depositou uma patente de uma máquina térmica operando em
um ciclo termodinâmico composto por quatro processos descritos a seguir:

Processo 1 - 2: processo isovolumétrico com aumento de pressão: (Vi,pf) → (Vi, pf).


Processo 2 - 3: processo isobárico com aumento de volume: (Vi, pf) → (Vf, pf).
Processo 3 - 4: processo isovolumétrico com redução de pressão: (Vf, pf) → (Vf, pi).
Processos 4 - 1: processo isobárico com redução de volume: (Vf, pi) → (Vi, pi).
Pf
O engenheiro afirma que o rendimento desejado é obtido para qualquer valor de > 1 desde que a razão
Pi
Vf
entre os volumes seja igual a 2. Porém, testes exaustivos do protótipo da máquina indicam que o rendimento
Vi
é inferior ao desejado. Ao ser questionado sobre o assunto, o engenheiro argumenta que os testes não foram
conduzidos de forma correta e mantém sua afirmação original. Supondo que a substância de trabalho que
percorre o ciclo 1-2-3-4-1 seja um gás ideal monoatômico e baseado em uma análise termodinâmica do
problema, verifique se o rendimento desejado pode ser atingido.

72. Diferentemente da dinâmica newtoniana, que não distingue passado e futuro, a direção temporal tem papel
marcante no nosso dia a dia. Assim, por exemplo, ao aquecer uma parte de um corpo macroscópico e o
isolarmos termicamente a temperatura deste se torna gradualmente uniforme, jamais se observando o
contrário, o que indica a direcionalidade do tempo. Diz-se então que os processos macroscópicos são

162
irreversíveis, evoluem do passado para o futuro e exibem o que o famoso cosmólogo Sir Arthur Eddington
denominou de seta do tempo. A lei física que melhor traduz o tema do texto é:
A) a Segunda Lei de Newton.
B) a Lei de Conservação da Energia.
C) Segunda Lei da Termodinâmica.
D) a Lei zero da Termodinâmica.
E) a Lei de Conservação da Quantidade de Movimento.

73. A equação de estado de um gás é dada por: PV = nRT + αV, onde n é o número de mols e a é uma
constante positiva. A temperatura e pressão iniciais são T 0 e P0, respectivamente. O trabalho realizado pelo
gás quando a temperatura é dobrada numa isobárica é dado por:
P0 T 0 R
A)
P0 −α
P0 T 0 R
B)
P0 +α
C) P0 T0 RIn2
D) P0 T0 R
E) n.d.a.

74. Em processo politrópico de expansão, um gás diatômico recebe 10 quilocalorias; o volume aumenta 10
vezes e a pressão diminui 8 vezes. Sabendo-se que o coeficiente de Poisson de um gás diatômico vale 1,4,
qual das alternativas a seguir apresenta o valor aproximado do expoente n do processo, sabendo-se que
durante todo o processo tem-se PVn = constante, em que P é a pressão do gás e V o volume. Qual o valor
aproximado da variação da energia interna ΔU do gás em quilocalorias?
Dados: ℓn2 = 0,693 e ℓn5 = 0,610
A) n = 1,4 e ΔU = 2,0 Kcal
B) n = 0,9 e Δ∪ = 2,0 Kcal
C) n = -0,5 e ΔU = 2,5 Kcal
D) n = 0,5 e ΔU = 2,0 Kcal
E) n = 0,9 e ΔU = 2,5 Kcal

75. Um cilindro dentro do qual um pistão se move contém 2,8 g de nitrogênio a uma pressão de 1 atm e 27 °
C. Se o gás for aquecido isobaricamente a 327 ° C, calcule a variação da energia interna que o gás
experimenta. Considere: Calor específico a pressão constante Cp = 7cal / mol.K
Calor específico em volume constante Cv = 5cal / mol.K
A) 210 cal
B) 150 cal
C) 60 cal
D) 270 cal
E) 300 cal

76. Um ventilador fornece 1,5 kW a um sistema por um minuto, aumentando seu volume de 0,03 m 3 para 0,09
m3, enquanto a pressão do sistema permanece constante em 5 atm. Calcule a variação de energia interna do
sistema, se dissipou 12 kJ de calor durante o processo mencionado.
A) 72 kJ
B) 60 kJ
C) 48 kJ
D) 36 kJ
E) 30 kJ

77. Durante um processo de expansão com um fornecimento de 240 kJ de calor, 1 kg de ar realiza trabalho
de 180 kJ. Quanto aumentará a temperatura do ar neste processo? O calor específico do ar em volume
constante é de 0,722 kJ / kg.K.
A) 90 ° C
B) 83 ° C
C) 75 ° C
D) 60 ° C
E) 50 ° C

163
78. Como a energia interna de um gás monatômico ideal varia se sua pressão aumenta 3 vezes e seu volume
diminui 2 vezes?
a) aumenta 1.5 vezes
b) Diminui 1,5 vezes
c) Aumentar 2 vezes
d) Diminuir 2 vezes
e) Aumentar 3 vezes

79. Um recipiente cuja o volume é V contém um gás ocupando um volume V/2 e este tem uma capacidade
térmica desprezível. O recipiente é abastecido com calor cuidadosamente, de forma a manter uma
temperatura constante. Qual é a quantidade de calor que deve ser dada até que a tampa consiga ascender
para que o gás ocupe todo o volume? (V = l L)
A) 60,5 J
B) 66,4 J
C) 69,3 J
D) 76,4 J
E) 98,2 J

80. Determine que porcentagem do calor recebido é gasto para executar o trabalho durante a expansão
isobárica de um gás monoatômico.
A) 10%
B) 20%
C) 30%
D) 40%
E) 50%

81. Um cilindro contém um gás ideal é confinado por um pistão de 1 kg e 10 cm 2 de seção que está em
equilíbrio unido a uma mola de constante de rigidez K = 400 N / m sem deformar. Se transferirmos para o gás
185 J de calor e o gás aumentar sua energia interna em 80 J, quanto é a mola comprimida? Considere que a
pressão atmosférica é de 1 atm.
a) 20 cm
b) 30 cm
c) 50 cm
d) 60 cm
e) 80 cm

82. Um cilindro com uma seção de 2 cm2 é posto verticalmente. O cilindro contém 40 cm3 de ar a 1 atm, que
é fechado por um pistão leve. Em seguida, no topo do êmbolo, é colocado um bloco de 52 kg, que desce
lentamente até ficar equilibrado. Se o sistema é impermeável ao calor, quanto o êmbolo percorre ? e quanto
trabalho o ar desenvolveu durante o processo? (Cp = 0,24, Cu = 0,16) KJ / kg K (g = 10 m / s2)
A) 17,78 cm; -16 J
B) 17,78 cm; 12 J
c) 14,22 cm; -12 J
d) 14,22 cm; 16 J
E) 10,24 cm: -9 J

83. Um gás ideal com pressão 1 atm e ocupa um volume de 2 litros. Se se expande isotermicamente para
atingir 6 litros; quanto calor foi fornecido?
A) 300.4 J
B) 219,7 J
C) 206,3 J
D) 178,8 J
E) 102,2 J

164
84. 588. Um gás ideal realiza o processo mostrado. Se P1 = P0 e a variação na energia interna é ∆𝑈 = 3J;
Encontre a quantidade de calor transferida.
a) 2 (P0-1)
b) 2 (P0 + 1)
c) 3 (P0 + 1)
d) 3 (P0-1)
e) 5 (P0 + 1)

85. 590. O ciclo mostrado é constituído por 1-2 processo adiabático, 2-3 processo isotérmico, 3-1 processo
adiabático; então podemos dizer que

a) o ciclo termodinâmico pode ser realizado por um motor térmico que funciona com gás ideal.
b) Estado 1 não é possível
c) a eficiência deste ciclo é menor que a eficiência do ciclo de Carnot.
d) a mudança de energia interna de 2 para 3 é maior que zero.
e) nenhuma proposição está correta

86. 591. Um gás ideal experimenta uma expansão como mostrado. Se o gás receber a mesma quantidade de
calor que precisa de 10 g de água a 80 ° C para vaporizar completamente, quanto varia a energia interna do
gás? (1 cal = 4,2 J)

a) 3,52 kJ
b) 4,51 kJ
c) 5,1 kJ
d) 6,2 kJ
e) 7,25 kJ

87. 592. Um gás ideal sofre um ciclo termodinâmico, que é representado no gráfico anexado. Determine o
trabalho realizado pelo gás ideal em um ciclo, sabendo que no processo isotérmico absorveu 80 J de calor.

165
a) 36J
b) 64J
c) 24J
d) 80J
e) 16J

88. 593. Um gás ideal efetua o ciclo indicado no gráfico pressão-temperatura. Determine o trabalho líquido no
ciclo. P1 = 200 Pa, P2 = 700 Pa, V1 = 0,5 m3, V3 = 3,5 m3.

A) 500 J
B) 1000 J
C) 1500 J
D) 1800 J
E) 2500J

89. 594. Quando um sistema passa do estado A para B, seguindo o processo ACB. recebe 20 Kcal e realiza
7,5 Kcal de trabalho. Quanto calor (em Kcal) o sistema recebe em todo o processo do ADB, se o trabalho for
de 2,5 Kcal?

a) 8,5
b) 10,5
c) 12
d) 15
e) 16

90. 595. O gráfico mostra o ciclo termodinâmico desenvolvido por um gás ideal. Determine a eficiência do ciclo
𝑔𝑎𝑠
sabendo que 𝑄1→2 = 100 kj . P1 -100 kPa ,𝑊3→1 = −80 kJ , 𝑄1→2 = 60kJ

166
A) 12,5%
B) 20%
C) 30%
D) 40%
E) 50%

91. Um gás ideal pode executar os processos indicados. Calcule a variação da energia interna do gás do
estado 1 para o estado 2. O calor fornecido ao gás durante o processo 1B2 é de 75% do calor fornecido
durante o processo 1A2.

a) 1 MJ
b) 1,5 MJ
c) 2 MJ
d) 2,5 MJ
e) 3 MJ

92. Determine a eficiência do ciclo mostrado.


{∆UBC = 15 J , 𝑄𝐴→𝐵 = 50 J)

a) 10%
b) 20%
c) 25%
d) 30%
e) 35%

93. Quanto às máquinas térmicas, é verdade o que


I. eles trabalham sob o segundo princípio da termodinâmica.
II. teoricamente, eles têm eficiência máxima se trabalharem sob o ciclo de Camot.
III. Eles podem ter uma eficiência de 100%.
𝑇 𝑄
IV. Em qualquer máquina térmica é cumprida ( 𝐴 ) ( 𝐴 )
𝑇𝐵 𝑄𝐵
a) apenas I
b) I e II
c) somente III
167
d) apenas IV
e) IV e I

94. A substância de trabalho de uma máquina térmica ao receber 100 cal em um ciclo desenvolveu um
trabalho de 105 J, então no fim do ciclo é certo que
I. a substância aumenta sua temperatura.
II. a substância perde 315 J de energia interna.
III a substância aumenta sua energia interna em 20 J.
IV. a substância desenvolveu o ciclo entre 2 focos de temperatura onde
4
𝑇𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 ≥ 𝑇𝑓𝑟𝑖𝑜
3
a) apenas I
b) I e IV
c) III e IV
d) apenas II
e) apenas IV

95. Em relação à máquina térmica que é esquematizada:

É correto afirmar que


a) dito motor é reversível e pode dissipar ainda menos calor.
b) o ciclo com o qual o motor opera é irreversível.
c) a máquina esquematizada é impossível. então você não pode desenvolver o trabalho mencionado.
d) a máquina realiza o ciclo de Carnot.
e) a máquina opera ciclicamente, mas com um gás ideal.

96. Um motor térmico executa o ciclo mostrado no gráfico, com uma substância de trabalho que é um gás
ideal, cujo calor específico em volume constante é Cv = 8 / 5R. Qual a eficiência térmica que o motor tem?

a) 38,1 %
b) 31,3 %
c) 26,5 %
d) 19,8 %
e) 14,7 %

97. O ciclo termodinâmico mostrado corresponde ao ciclo de Carnot desenvolvido por um gás ideal, então
não é verdade que

168
a) ∆𝑈13 = ∆𝑈24
b) 𝑄23 = 𝑄41
c)𝑊12 = 𝑊34
d) U2=U1,
e) a área da região que envolve o ciclo é a rede de trabalho por ciclo.

98. Existe uma máquina térmica que trabalha desenvolvendo o ciclo Carnot com uma eficiência de 20%. Se
a compressão isotérmica se desenvolve a 127 ° C e neste processo dissipa 400 Kcal. é certo que
I. A temperatura da lâmpada quente é de 500 ° C.
II. Em compressão adiabática, o gás dissipa energia.
III o sistema absorve 1 500 Kcal por ciclo.
IV. Para cada ciclo, 1,25 g de gelo podem ser derretidos a 0 ° C.
A) só I
B) apenas II
C) apenas III
D) apenas IV
E) I e II

99. Calcule a eficiência térmica de um motor térmico que opera de acordo com o ciclo de Camot entre 27 ° C
e 127 ° C; Se você quiser dobrar a eficiência aumentando a temperatura do ponto quente mantendo a
temperatura do poço constante, que valor terá essa nova temperatura?
a) 30% , 500K
b) 35% . 600K
c) 30% . 300K
d) 25% , 600K
e) 40% , 400K

100. Um reservatório térmico de 1 435 ° K, transfere 35 KJ de calor para uma máquina térmica de Carnot,
durante um ciclo termodinâmico. Se o trabalho líquido da máquina é de 2,5 x 104J. a temperatura do
reservatório térmico de baixa temperatura em K é:
A) 840K
B) 750K
C) 630K
D) 520K
E) 410K

101. Uma máquina térmica que funciona com o ciclo Carnot funciona entre uma lâmpada de 527 ° C e uma
pia de 27 ° C. Se o calor recebido na primeira vez (processo isotérmico) é de 16 Kcal. Qual é o calor que a
pia perde na terceira vez (processo isotérmico)?
A) 8 Kcal
B) 6 Kcal
C) 10 Kcal
D) 5 Kcal
E) 9 Kcal

102. Um motor térmico A que funcione de acordo com o ciclo de Carnot opera entre uma fonte que está a 1
200 K e o ambiente a 27 ° C. Outro motor térmico B que também executa o mesmo ciclo opera entre uma
fonte que é de 600 K e o mesmo ambiente dissipando a mesma quantidade de calor que o motor A. Como as
potências mecânicas dos motores A e B estão relacionadas? (Ambos os motores desenvolvem um ciclo ao
mesmo tempo).
A) 1:1
B) 2:1
C) 3:1
D) 1:2
E) 1:4

169
103. Uma máquina térmica opera entre 500K e 300K e é determinada a dissipar pelo coletor de 12 Kcal em
2 ciclos. Se a máquina receber 80% da quantidade máxima de calor que pode receber, determine sua
eficiência.:
A) 10%
B) 15%
C) 25%
D) 40%
E) 50%

104. Um freezer preserva a comida a -12 ° C. Se a temperatura do ambiente for de 20 ° C, determine o


trabalho mínimo que deve ser feito para extrair 50 cal do freezer.

A) 80,3 J
B) 24,8 J
C)25.6J
D) 28,4 J
E) 30,1 J

105. A figura mostra duas máquinas térmicas que desenvolvem o ciclo Carnot. Se a eficiência do primeiro é
o dobro do segundo, encontre a temperatura do foco T.

A) 600K
B) 500K
C) 450K
D) 400K
E) 350K

106. Existem dois motores Carnot acoplados Motor 1 opera entre as fontes de 1200K e 900 ° K. O motor 2
opera entre as fontes de 900K e 600K Sabendo que 1 é fornecido com 1600 J de calor, determine o trabalho
realizado por cada motor.
a) W1=200 J . W2=600 J
b) W1=400 J . W2-400 J
c) W1=600 J , W2=200 J
d) W1=300 J . W2=500 J
e) W1=500 J . W2=200 J

107. Indique verdadeiro (V) ou falso (F), conforme apropriado.


I. Processos quase-estáticos são reversíveis.
II. Se um processo é reversível, ∆𝑠𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0 (S: entropia).
III. Se ∆𝑠𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 >0, o processo é irreversível e se ∆𝑠𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 <0 for impossível.
IV. Um processo adiabático reversível é isentrópico.
A) VFVF
B) VFFF
C) VVVF
D) FFVV
E) VVVV
170
108. Determine a variação de entropia (em Kcal / ° K) quando 10 kg de água são vaporizados a 100 ° C e
quando aquecidos de 98 ° C a 100 ° C.

a) 14,5 ; 0,054
b) 14.5 : 14.5
c) 0.054 : 14.5
d) 0,054 : 0,054
e) 0 : 0.054

109. O gráfico mostra o ciclo termodinâmico desenvolvido pelos motores a gasolina (ciclo Otto). Determinar
𝐶
a eficiência do dito ciclo(𝛾 = 𝑝 )
𝐶𝑣

𝑉 𝛾
a)( 2)
𝑉1
𝑉2 𝛾−1
b) ( )
𝑉1
𝑉 𝛾
c) 1 − ( 2)
𝑉1
𝑉2 𝛾−1
d) 1-( )
𝑉1
𝑉2 𝛾+1
e) ( )
𝑉1

110. Indique a veracidade (V) ou falsidade (F) das seguintes afirmações.


• Os refrigeradores visam extrair energia na forma de calor de uma zona fria e levá-la para uma zona quente.
• Uma bomba de calor destina-se a levar calor a uma área quente, prolongando-a a partir de uma zona fria.
• Em refrigeradores e bombas de calor, é necessário trabalhar externamente sobre eles.
• O coeficiente máximo de desempenho (Cop) de uma máquina de refrigeração e uma bomba de calor é dado
quando eles desenvolvem o ciclo de Carnot invertido.

A) VVFF
B) VVVF
C) VVVV
D) FVFF
E) FVVV

171
GABARITO CAP.1
Termologia
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
* * D B E D B A D D
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
* * B * * * * D A D
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
B * B D * D * B C A
31 32 33 34 35
B * C C *

1) 15°C
2) 25°C
11) a= 273,16, escala kelvin
2 1
12) 𝜃𝑐 = 𝑥 + 𝑥 2
3 60
14) Por conta da área do cilindro ser maior que a área da esfera
15) Pelo fato de a mão e o corpo estão na mesma temperatura
16) 77,1k
17) 𝜃𝑐 = 50∆𝑅°𝐶 𝑒 𝜃𝑓 = (32 + 90∆𝑅)°𝐹
18) 98,6 °F
4
25) a) 1,366 . b) Quando Pg tende a zero temos um gás ideal . c) 𝑇𝑣 = 218,6 𝑒 𝑇𝑔 = 298,6 d) 𝜃𝑐 + 218,6
5
27) a) Indeterminadas b) 6°F
32) Transformação incompleta
35) Demonstração

Dilatação
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E E C A D * * E * E
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
* A A E * * B E * B
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
C A C A D * * B D D
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
B B C E B B C A * *
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
A C A A * C * * B B
51 52 53
E E D

6) 2,5*10-5°C
7) 9*10-5°C
1
9) °𝐶
800
11) a) 1000,9cm³; b)100,06 cm²; c) 4,5*10-5°C
4𝛼 +𝛼
15) 𝑎 𝑏
5
16) 0,03%
19) é impossível construir esse instrumento
𝑉 (𝛾−3𝛼)𝑇
26) 0
𝐴0
𝛼∆𝑇
27) 𝐿0 √
2
39) 6250m
40) 10m; 1,125mm
45) Demonstração
47) Demonstração
48) 60%

Calor
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E B A D * * * E B *
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
172
A C * B C * E * * A
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
* * * D * * * A C B
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
B C * A C * E * A *
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
D * B A D * B * A *
51 52 53 54
D * A C

5) 5g
6) 5,5cal
7) 17,5 °C
10) a) 6,0 N b) 1,5* 105 cal/h
13) 250°C
16) 0,67kg

𝛼𝑚2 𝑐2 (𝑇2 −𝑇1 )


18) 𝑟0 (1 + )
𝑚1 𝑐1 +𝑚2 𝑐2
19) 125g
21) a) 2110J/°C b) 39,7s
22) a) 5 b) 600cal

23) 3,36J/kg°C


𝐻𝑡(1− )−2𝐻′𝑡
√ℎ2 −𝑅²
25)
2𝑚(𝑇2 −𝑇1 )
26) 3000rpm
27) a) 44°C; b) 40°C
33) a) 0,41 cal/g°C b) 2,8* 10-3m/s
𝑟 𝑟
36) 4𝜋𝑘 1 2 (𝑇2 − 𝑇1 )
𝑟2 −𝑟2
38) V-F-V-F-F
40) F-V-F-F-V-V
42) 40°C
2𝐿𝛼𝑇0
46)
𝜋
48) Demonstração
4 17
50) √ 𝑇
2
52) Demonstração

GABARITO CAP.2
Exercícios
1. (a) 0,122 mol (b) 14.700 Pa, 0,145 atm
2. 0,100 atm
3. (a) 0,0136 kg/m3, 67,6 kg/m3, 5,39 kg/m3 (b) 0,011𝜌𝐸 , 56𝜌𝐸 , 4,5𝜌𝐸
4. 503 °C
5. 19,7 kPa
6. 0,159 L
7. 0,0508V
8. (a) 70,2 °C (b) sim
9. 850 m
10. (a) 6,95 . 10-16 kg (b) 2,32 . 10-13 kg/m3
11. 55,6 mol, 3,35 . 1025 moléculas
173
12. (a) 2,20 . 106 moléculas; (b) 2,44 . 1019 moléculas
13. 6,4 . 10-6 m
14. 272 °C
15. 0,195 kg
16. (a) -179 °C (b) 1,2 . 1026 moléculas/m3 (c) ρT = 4,8re
17. 1,92 atm
18. (a) 30,7 cilindros (b) 8.420 N (c) 7.800 N
19. n = 1,3 . 10-5 mol
20.a) m = 2,62 g; b) P = 1,12 . 105 Pa = 1,11 atm; c) Δm = -0,15 g.
21. a) ρ = 0,174 kg/m3; b) V2 = 3,51 l.

Exercícios propostos

01 02 03 04 05 06 07 08
D A C * * * * *
09 10 11 12 13 14 15 16
* B C *∙ A - * *
17 18 19 20 21 22 23 24
* A B A * B C D
25 26 27 28 29 30 31 32
B * A A D * - *
33 34 35 36 37 38 39 40
C * D E D B C C
41 42 43 44 45 46 47 48
* * E B E * D B
49 50 51 52 53 54
* C E B C B

T H μkH(H−h)
* 04: 1 +
h mR
05: 4·105 Pa
06: 12,3 dm3
H+L 1
07: h = – √H 2 + L2
2 2
𝐦𝐋
08:
𝟏𝟐(𝐦+𝐌)
09: 350 k
V(P1 −P)
12:
P(V2 −V)
14: 10
1
15: −
2
P0 S
16: M = 3 (m + )
g
mR(T2 −T1 )
17: Δh =
μ(Po S+Mg )
21: 𝑃0 (1 + 𝑛)
1 4PA
26: f = √
2π mL
30:
V n
A) An = ( ) P0
V+c
V n
B) Bn = P0 {2 − ( ) }
V+C
31: Demonstração
𝑇
32: 𝑉𝑀 = 2 𝑉1
𝑇1
34: A) 5,17 ⋅ 10−5
C) 81,2mg

174
P0 +ρ9 (H−h0 )
41: (H0 − H) { }
P0 +ρgH
ℓ1 ℓ2
42:
ℓ2 −(ℓ2 −ℓ1 ) cos α
46:
A) 5,12atm
B) -260,15 °C
49:
A) 4,5 · 1011m
B) 703 m/s, 6,4 · 108 s (≈20y)
C) 1,4 · 10-14 Pa
D) 650 m/s, evaporate

GABARITO CAP.3
Exercícios de fixação
𝑃
1. 𝑊 = 𝑛𝑅𝑇 ln 1
𝑃2
2. (a) 150 J. (b) 510 J. (c) 510 J.
3.

4. (a) 𝑊13 = 𝑝1 (𝑉2 − 𝑉1 ), 𝑊32 = 0, 𝑊23 = 𝑝2 (𝑉1 − 𝑉2 ) e 𝑊41 = 0. O trabalho total realizado pelo sistema é
𝑊13 + 𝑊32 + 𝑊24 + 𝑊41 = (𝑝1 − 𝑝2 )(𝑉2 − 𝑉1 ), que é a área no interior da malha fechada; (b) Para o sentido
inverso, as pressões são as mesmas, mas as variações de volume são todas negativas às encontradas
no item (a), então o trabalho realizado é o oposto do encontrado no item (a).
5. (a) 0,125 L; (b) –57,0 J (realizado sobre o gás); (c) Diminuiu porque a temperatura diminuiu; (d) Saiu.
Numa isobárica, Q = nCP ΔT. Se T diminui, ΔT é negativa e Q é negativo. Se uma quantidade de calor é
negativa, o calor sai do gás.
6. (a) 278 K no ponto a; (b) De a para b: 0. De b para c: 162 J realizado pelo gás; (c) 53 J.
7. (a) 1,67 × 105 J; (b) 2,03 × 106 J.
8. (a) Aumenta; o produto pV aumenta; (b) 4 800 J.
9. (a) a é adiabático, b é isocórico e c, isobárico; (b) 28,0 °C; (c) – 30 J.
10. (a) 1,2 × 102 J; (b) 75 J; (c) 30 J
11. (a) Q > 0; (b) W > 0; (c) W = 0; (d) ΔEint > 0; (e) Q < 0; (f) W < 0; (g) ΔEint < 0; (h) – 20 J.
12. 230 J.
13. (a) W = – 200 J; (b) Q = – 293 J; (c) ΔEint = – 93 J.
14. 60 J.
15. 3,1 × 102 J.
16. 23 J.
17. (a) 11p1V1; (b) 6p1V1.
18. (a) – 45 J; (b) + 45 J.
19. 1,6 × 104 N/m.
20. C
21. D
22.

a) b) 1 ⟶ 2 recebe calor; 2 ⟶ 3 libera; 3 ⟶ 1 cede.


23.

175
a) b) 104 × 105 J; c) – 24 × 105 J.
24. E
25. a) 100 K; b) 8715 J.

GABARITO CAP.4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
* * * * B * C * E B
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
* * C * * * A * * C
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
* * * E * C B * A D
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
B * * * A * C * * D
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
* * * * E * E D * *
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
* D * * C B C * * E
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
B B * * * * * * * *
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
* C A B E C B D C D
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
C A B C E A B C D A
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
A B B E C E C A B E
101 102 103 104 105 106 107 108 109 110
B C C C D B E A D C

*02: 23/21
03: T2T1 = 6/7, p2/p1 = 3/7
2T
04: 1 − (T 3 )
1 +T2
06: 70 J
08: 5/3
7
11: Q = nRT0 γΔTHg
2
14:
A) 240 J, 160 J
B) 80 J
C) zero
D) 50 J
16:
V
A) Patm N 0 + Patm
V
V y
B) (N + 1)Patm ( 0 )
V
18:
mg
A) P0 + 2
ns
B) −(P0 πr 2 + mg)y ∕ (h + y)
g πr2 P0
C) w = √ (1 + )
h mg

176
23: T = √T1 T3
2
T3
W = RT1 (√ − 1)
T1
25:
A) 8 ∙ 104J/s
B) 17 W/K
28:
A) 3/8 NRT
B) 15/8 NRT
32: 77,19%
33: Demonstração.
34: Processo 2
nRπTD2
36:
ΔV(nM+m)
38: 4,3 · 103
39: Demonstração.
41: Demonstração.
42: Demonstração.
43: 1,05 ∙ 105J
44: 3,6 kW
P V +P V
46: P = 1 1 2 2
V1 +V2
𝑃1 𝑉1 + 𝑃2 𝑉2
𝑇=
𝑃1 𝑉1 𝑃2 𝑉2
+
𝑇1 𝑇2
V0
49: V = 2 3/21+MU
( )
3P0 V0
𝑇
1− 2
𝑇1
51: 𝑇
1− 4
𝑇1
𝟒
53:
𝟕
V0
54: V = 3
1+MU2 2
( )
3P0 V0
58: 2Kx(L + x)
35ρgh2 SR
59:
ε2
63: 40%
64: Demonstração.
65: Solução com o professor.
66: Solução com o professor.
67:
Am
A) = −ρ ⋅ A ⋅ v
Δt
ΔQ
B) = −ρ ⋅ A ⋅ v ⋅ Lv
Δt
ΔEv −ρ⋅A⋅v⋅Cv ⋅T
C) =
Δt M
ΔEa ρ⋅Cv⋅T mg
D) = A⋅ v[ − ρ ⋅ Lv + Patm + ]
Δt M A

68:
A) 0,7
B) 0
69:
P0 = 1,2 atm
A) Condição inicial: {
T0 = 320 K
Pf = 2 atm
B) Condição final: {
Tf = 640 K
70: Monoatômico (Hélio)
71: Podemos concluir que o engenheiro estava errado.

177

Você também pode gostar