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TRANSFERÊNCIA DE CALOR

(TCAL)

Licenciatura em Engenharia Química (Bolonha)

(2º ano/2º Semestre)

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro

2008/2009
Transferência de Calor

Departamento de Engenharia Química

Índice

1. Introdução ................................................................................................................. 1
1.1. Condução .................................................................................................................. 3
1.2. Condutividade térmica .............................................................................................. 5
1.3. Convecção ................................................................................................................. 10
1.4. Radiação .................................................................................................................... 12
2. Condução Unidimensional em Estado Estacionário ................................................. 14
2.1. Condução através de uma placa plana ...................................................................... 14
2.1.1 Condução através de uma placa plana com condutividade térmica variável............. 17
2.2. Condução através de um cilindro oco ....................................................................... 18
2.3. Condução através de sólidos em série ..................................................................... 21
2.4 Condução através de sólidos em paralelo.................................................................. 24
2.5 Condução e Convecção Combinadas e o Coeficiente Global de Transferência de
Calor .......................................................................................................................... 26
2.6 Transferência de calor em alhetas.............................................................................. 30
3. Transferência de calor por radiação........................................................................... 37
3.1 Introdução..................................................................................................................... 37
3.2 Radiação térmica e propriedades de radiação. Noção de um corpo negro .................. 41
3.3 Troca de calor por radiação entre duas superfícies...................................................... 52
3.4 Transferência e calor por radiação e convecção........................................................... 55
4. Transferência de calor por convecção forçada............................................................. 57
4.1 Introdução – Análise dimensional................................................................................ 57
4.2 Relações empíricas para escoamento no interior de tubos ......................................... 59
4.3 No exterior de várias geometrias.................................................................................. 62
4.4 No escoamento cruzado sobre feixes de tubos ............................................................ 63
5. Transferência de calor por convecção natural.............................................................. 66
6. Condensação e Ebulição.............................................................................................. 70
6.1 Condensação................................................................................................................. 70
6.1.1 Placa ou tubo vertical .................................................................................................. 70
6.1.2 Tubo horizontal ……………………………………………………………………... 71
6.2 Ebulição em vaso aberto.............................................................................................. 72
7. Permutadores de Calor .............................................................................................. 77

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7.1. Classificação dos permutadores de calor .................................................................. 77


7.2. Distribuição de temperaturas nos permutadores de calor ......................................... 84
7.3. Equação de projecto para permutadores de calor - o coeficiente global de
87
transferência de calor ..................................................................................................
7.4. Análise de permutadores: o uso da média logarítmica da diferença de temperaturas.. 90
7.5 Permutadores de tubos concêntricos........................................................................... 100
7.6 Permutadores de fluxo cruzado................................................................................... 102
7.7 Permutadores de carcaça e tubos................................................................................. 103
7.7.1 Pormenores de construção........................................................................................... 103
7.7.2 Cálculo de perdas de carga para o fluido que circula no interior dos tubos ............... 105
7.7.3 Queda de pressão nas embocaduras de entrada e saída do fluido que circula nos
106
tubos ............................................................................................................................
7.7.4 Cálculo de perdas de carga e do coeficiente de transferência de calor para o fluido
107
que circula na carcaça..................................................................................................
7.7.5 Queda de pressão nas embocaduras do invólucro........................................................ 110
7.8 Permutadores de placas ............................................................................................... 110
7.8.1 Vantagens e Limitações …………………………………………………………….. 112
7.8.2 Placas de Transferência de Calor................................................................................. 113
7.8.3 Configurações do Escoamento ……………………………………………………… 115
7.8.4 Projecto Térmico.......................................................................................................... 116
Referências bibliográficas............................................................................................ 119

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1. Introdução

O calor é energia em transferência que ocorre quando existe uma diferença de temperatura,
dirigindo-se sempre da zona que está à temperatura mais alta para a zona à temperatura mais
baixa. O calor está associado a muitas situações da vida quotidiana, bem como a muitos
processos industriais.

Da experiência diária verifica-se que, se uma caneca com café quente ficar exposta ao ar
ambiente, vai arrefecer. Isto acontece porque há transferência de energia do meio a
temperatura mais elevada para o meio a temperatura mais baixa. O processo de transferência
de calor pára quando se atinge um equilíbrio térmico.

T∝ = 20ºC

Calor
Café
quente

Figura 1.1 – O calor transfere-se do meio a temperatura mais alta para o ar ambiente, que está
a uma temperatura mais baixa (Çengel, 2003).

A nível industrial, a transferência de calor está presente em muitos processos, nomeadamente:


• nos sistemas de ar condicionado;
• nos frigoríficos e congeladores;
• nos colectores solares;
• no isolamento térmico de edifícios;
• nos permutadores de calor;
• nas operações unitárias de secagem, destilação e evaporação.

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O calor que se transfere por unidade de tempo denomina-se taxa de transferência de calor ou
potência térmica e representa-se por q. O fluxo de calor, q& , é a quantidade de calor transferida
por unidade de tempo e por unidade de área (A) perpendicular à direcção em que o calor se
transfere. Assim:

q
q& = (1.1)
A

No Sistema Internacional as unidades da potência térmica e do fluxo de calor são,


respectivamente, W e W/m2.

Em geral, num processo de transferência de calor a temperatura de um corpo varia com o


tempo e com a posição. Se, por exemplo, se adoptar um sistema de coordenadas
rectangulares, a variação da temperatura pode ser expressa em termos de T ( x, y, z, t ) , em que
(x, y, z ) indicam a variação segundo as direcções x, y e z, respectivamente, e t indica a
variação com o tempo.

Se a temperatura num determinado ponto do corpo se mantiver constante no tempo, está-se


perante uma situação de estado estacionário. Caso contrário, a transmissão de calor processa-
se em estado não estacionário ou em regime transitório.

Existem três mecanismos para a transferência de calor: a condução, a convecção e a radiação.


A condução ocorre quando o meio de transferência, sólido ou fluido, se encontra parado. A
convecção refere-se, por exemplo, ao mecanismo de transferência de calor entre uma
superfície e um fluido em movimento. A transferência de calor por radiação é devida a ondas
electromagnéticas que se propagam entre dois objectos que estão a temperaturas diferentes. A
seguir apresentam-se as principais características de cada um destes mecanismos.

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1.1. Condução

 da diferença de temperatura através do mei


A condução é vista como um fenómeno em que a transferência de energia se dá à escala
molecular, das partículas com energia interna mais elevada para as de energia interna mais
baixa, num meio parado. O calor é conduzido por transferência de energia entre moléculas
adjacentes, que ao chocarem umas com as outras, levam à propagação de energia por
condução.

Quando o meio de transferência é um gás, e como este é formado por moléculas que estão em
constante movimento aleatório, sempre que há colisão de umas moléculas com as outras,
existe troca de energia e de quantidade de movimento. A energia cinética de uma molécula é
devida à sua vibração e aos movimentos de translação e de rotação e está relacionada com a
sua temperatura. Assim, se uma molécula se movimenta de uma região a temperatura elevada
para uma região a temperatura mais baixa, ela transporta consigo energia que vai perder ao
colidir com as moléculas na região com temperatura mais baixa.

Nos líquidos o mecanismo de condução do calor é qualitativamente o mesmo que nos gases.
No entanto, há que considerar que o espaçamento entre as moléculas é inferior ao dos gases e
que as forças intermoleculares são maiores.

Nos sólidos não condutores a condução é atribuída à actividade atómica, na forma de


vibrações da rede cristalina. Nos sólidos condutores, para além das vibrações da rede, a
energia térmica também é transmitida por acção da corrente de electrões livres.

Considere a transferência de calor por condução, em estado estacionário, através de uma placa
plana de espessura ∆x e área A, como se mostra na Figura 1.2. A diferença de temperatura
através da parede é ∆T = T1 − T2 , com T1 > T2. Experimentalmente, verificou-se que nestas
circunstâncias, a taxa de transferência de calor é directamente proporcional à diferença de
temperatura, ∆T , e à área da superfície de transferência de calor, A, e inversamente
proporcional à espessura da parede, ∆x. Assim:

T −T ∆T
q =kA 1 2 =kA (1.2)
cond ∆x ∆x

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em que a constante de proporcionalidade k se denomina por condutividade térmica do


material.

T1 •

• T2

A A

∆x

Figura 1.2 - Condução numa placa plana (estado estacionário).

No limite, quando ∆ x → 0 , a equação (1.2) toma a forma diferencial:

dT
qcond = − k A (1.3)
dx

que traduz a lei de Fourier da condução. Na equação (1.3) ( dT dx ) representa o gradiente

de temperatura (variação da temperatura por unidade de comprimento) e o sinal negativo é


introduzido na equação devido ao facto de o calor se transferir no sentido em que há
diminuição da temperatura.

A área da superfície de transferência de calor é sempre perpendicular à direcção em que o


calor se transfere, conforme representado na Figura 1.3 para uma placa plana.

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Figura 1.3 – Área da superfície de transferência de calor para uma placa plana (Çengel, 2003).

1.2. Condutividade Térmica

A condutividade térmica é uma propriedade específica de cada material que indica a rapidez
com que a energia térmica é transferida. A partir da lei de Fourier, pode definir-se a
condutividade térmica associada à direcção x, como:

qcond
k =− (1.4)
A ( dT dx )

No SI, as unidades da condutividade térmica são W/(m K). A partir da equação (1.4) verifica-
se, que para um dado gradiente de temperatura, o fluxo de calor, q& = qcond A , aumenta com a
condutividade térmica.

A condutividade térmica tem uma gama de variação muito grande, conforme se pode verificar
a partir da Figura 1.4. Devido aos mecanismos associados à transferência de calor por
condução, em geral, a condutividade térmica dos sólidos é superior à dos líquidos, que por sua
vez, é superior à dos gases.

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Figura 1.4 – Gama de variação da condutividade térmica de diversos materiais à temperatura


ambiente (Çengel, 2003).

Na Tabela 1.1 apresentam-se valores das condutividades térmicas de alguns materiais. Assim,
metais como o cobre e o alumínio têm condutividades térmicas altas e materiais isolantes
como a lã de rocha e a cortiça, apresentam valores baixos. Nos metais a existência de uma
corrente de electrões que se move através da rede cristalina é responsável pelas elevadas
condutividades térmicas destes materiais. Por seu lado, as baixas condutividades apresentadas
por materiais isolantes são devidas ao ar que se encontra aprisionado na estrutura porosa
destes materiais.

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Tabela 1.1- Condutividades térmicas de alguns materiais à pressão de 1 atm (Geankoplis,


1993).
Material Temperatura (K) k (W/(m K))
Sólidos
Gelo 273 2,25
Papel - 0,130
Borracha dura 273 0,151
Placa de cortiça 303 0,043
Asbestos 311 0,168
Lã de rocha 266 0,029
Aço 291 45,3
373 45
Cobre 273 388
373 377
Alumínio 273 202
Líquidos
Água 273 0,569
366 0,680
Benzeno 303 0,159
333 0,151
Gases
Ar 273 0,0242
373 0,0316
H2 273 0,167
n-Butano 273 0,0135

No estado fluido a distância entre as moléculas é maior e o movimento das partículas é mais
aleatório do que no estado sólido, pelo que o transporte de energia térmica é menos efectivo.
Assim, a condutividade térmica dos líquidos e dos gases é menor do que a dos sólidos, sendo
a dos líquidos, em geral, superior à dos gases. A título de exemplo e para a temperatura de
273 K, a água líquida e o ar apresentam condutividades térmicas de 0,569 W/(m K) e de

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0,0242 W/(m K), respectivamente (Tabela 1.1). Isto deve-se ao facto de, apesar de nos
líquidos existirem forças entre moléculas superiores às dos gases, a probabilidade de
ocorrerem choques entre moléculas é maior devido à sua maior proximidade.

Na Figura 1.5 apresenta-se a variação da condutividade térmica de alguns líquidos com a


temperatura. Segundo Geankoplis (1993), a condutividade térmica dos líquidos varia
moderadamente com a temperatura e, muitas vezes, essa dependência pode ser expressa por
uma relação linear do tipo:

k = a + bT (1.5)

em que a e b são constantes empíricas. A condutividade térmica dos líquidos é essencialmente


independente da pressão.

0.800
Condutividade térmica (W/(m K))

0.700

0.600

0.500

0.400 Óleo de motor


Glicerina
0.300
Água
0.200

0.100

0.000
200 250 300 350 400 450 500 550
Temperatura (K)

Figura 1.5 – Variação da condutividade térmica de líquidos com a temperatura (dados obtidos
em Incropera e de Witt (2002)).

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Conforme citado por Incropera e DeWitt (2002), o efeito da temperatura, da pressão e da


natureza química na condutividade térmica dos gases pode ser explicado com base na teoria
cinética dos gases. A condutividade térmica de um gás é directamente proporcional ao
número de partículas por unidade de volume, n, à velocidade média das moléculas, c , e ao
percurso livre médio, λ, que é a distância média que uma molécula percorre antes de colidir
com outra. Assim:

k ∝ nc λ (1.6)

Uma vez que c aumenta com a temperatura e diminui com a massa molecular, então a
condutividade térmica de um gás aumenta com a temperatura e diminui com a massa
molecular. A condutividade térmica dos gases pode ser considerada independente da pressão
uma vez que n e λ são, respectivamente, directamente e indirectamente proporcionais à
pressão. Na Figura 1.6 mostra-se a variação da condutividade térmica de alguns gases com a
temperatura e à pressão atmosférica.

0.350

0.300
Condutividade Térmica (W/(m K))

0.250

0.200

0.150 Hidrogénio
Ar
0.100

0.050

0.000
0 100 200 300 400 500 600 700
Temperatura (K)

Figura 1.6 - Variação da condutividade térmica de gases com a temperatura (dados obtidos em
Incropera e de Witt (2002)).

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1.3. Convecção

A transferência de calor por convecção é devida ao movimento aleatório das moléculas


conjugado com o movimento macroscópico do fluido, em que elementos de volume do fluido
a temperatura mais alta trocam calor com outros elementos a temperatura mais baixa. Este
mecanismo tem lugar na transferência de calor entre uma superficíe sólida e um fluido que
estão a temperaturas diferentes.

Considere-se como exemplo o caso em que uma superfície aquecida a uma temperatura Ts
troca calor com um fluido em movimento a uma temperatura T∝, tal que Ts > T∞ (Figura 1.7).

Nesta situação o calor transmite-se-se por condução da superfície para a camada de fluido que
lhe está imediatamente adjacente. Depois, esta energia é transferida a partir da superfície por
convecção, isto é, por efeito combinado da condução no ar, que é devida ao movimento
microscópico das moléculas deste fluido, e do movimento macroscópico do ar que remove o
ar quente junto à superfície e o substitui por ar frio.

Figura 1.7 – Transferência de calor de uma superfície aquecida a Ts para uma corrente de ar
frio a T∞ (Çengel, 2003).

A transferência de calor por convecção pode ser classificada de acordo com a natureza do
escoamento. Na convecção forçada, o escoamento do fluido é induzido por um agente externo
como, por exemplo, uma bomba, um ventilador, um agitador ou uma diferença de cotas. Na
convecção natural, o movimento macroscópico do fluido resulta de diferenças de massa

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volúmica originadas por variações da temperatura no fluido. O arrefecimento de um corpo por


convecção forçada e por convecção natural encontra-se exemplificado na Figura 1.8.

(a) (b)

Figura 1.8 – Arrefecimento de um corpo: (a) por convecção forçada; (b) por convecção
natural (Çengel, 2003).

Nos exemplos apresentados, a convecção aparece como um mecanismo de transferência de


calor em que os efeitos da condução e do movimento macroscópico do fluido estão
envolvidos. Tipicamente, a energia transferida é calor sensível. No entanto, existem casos de
transferência de calor por convecção em que também há calor latente trocado. O calor latente
está geralmente associado a mudanças de fase, como é o caso da ebulição e da condensação.

Apesar da natureza complexa da transferência de calor por convecção, a equação básica que
contabiliza o calor transferido por unidade de tempo, q, é a lei de Newton do arrefecimento,
dada por:

q = h A (Ts − T∞ ) (1.7)

em que Ts e T∝ são, respectivamente, as temperaturas da parede e do fluido (conforme


definido anteriormente), A é a área da superfície de transferência de calor e h é o coeficiente
pelicular de transferência de calor por convecção (W/(m2 K)). O valor deste coeficiente é

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influenciado pela geometria do sistema, pelo tipo de escoamento do fluido (laminar ou


turbulento) e também pela velocidade e pelas propriedades físicas do fluido. Na Tabela 1.2
apresentam-se valores aproximados de coeficientes de transferência de calor por convecção.

Tabela 1.2 - Valores aproximados de coeficientes peliculares de transferência de calor por


convecção (Holman, 1983).
h (W/(m2 K))
Convecção natural, ∆T = 30ºC
Placa vertical em ar com 0,3 m de altura 4,5
Cilindro horizontal em ar com 5 cm de diâmetro 6,5
Cilindro horizontal em água com 2 cm de diâmetro 890
Convecção forçada
Ar a 2 m/s sobre uma placa quadrada com 0,2 m de lado 12
Ar a 35 m/s sobre uma placa quadrada com 0,75 m de lado 75
Ar a 2 atm escoando com a velocidade de 10 m/s num tubo 65
com um diâmetro de 2,5 cm
Água escoando ao caudal de 0,5 kg/s num tubo com um 3500
diâmetro de 2,5 cm
Escoamento cruzado de ar com uma velocidade de 50 m/s 180
sobre um cilindro com 5 cm de diâmetro
Água em ebulição
Em vaso aberto 2500-35000
Escoando no interior de um tubo 5000-100000
Condensação de vapor de água, 1 atm
Superfícies verticais 4000-11300
No exterior de tubos horizontais 9500-25000

1.4. Radiação

A radiação define-se como a energia emitida pela matéria na forma de ondas


electromagnéticas (ou fotões) e é o resultado de modificações que ocorrem nas configurações

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electrónicas dos atómos e das moléculas. A transferência de energia por radiação não precisa
de um meio físico para se transmitir, sendo esta a grande diferença relativamente aos
mecanismos de transferência de calor por condução e por convecção. As ondas
electromagnéticas propagam-se à velocidade da luz e não sofrem nenhuma atenuação no
vácuo. É assim que a energia solar atinge a terra.

Em transferência de calor interessa apenas o estudo das ondas electromagnéticas com


comprimento de onda na gama correspondente à radiação térmica. Todos os corpos à
superfície da Terra, com temperaturas acima do zero absoluto, emitem radiação térmica. As
ondas electromagnéticas com interesse do ponto de vista energético (radiação térmica) têm
comprimentos de onda entre 0,1-100 µm, conforme ilustrado na Figura 1.9.

Figura 1.9 – Espectro electromagnético (Incropera e de Witt, 2002).

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2. Condução Unidimensional em Estado Estacionário

Na transferência de calor unidimensional os gradientes de temperatura formam-se


exclusivamente ao longo de uma só coordenada espacial e o calor transfere-se somente nessa
direcção. Se o sistema estiver em estado estacionário e se não houver geração de calor, a
potência térmica transferida mantém-se constante. Nesta secção, a equação de Fourier vai ser
usada para obter equações para transferência de calor unidimensional em várias geometrias
simples.

2.1. Condução através de uma placa plana

Para o sistema representado na Figura 2.1, em que há transferência de calor por condução na
direcção x, um balanço de energia ao elemento de volume de controlo com espessura ∆x e
com uma área A, que é perpendicular à direcção da transmissão de calor, permite escrever:

 energia que entra   energia que sai 


   calor gerado no   variação de   
 pela face esquerda por  +  interior do elemento  =  energia interna  +  pela face direita por 
 unidade de tempo       unidade de tempo 
   

Para o caso de estado estacionário, i.e., quando não existe variação de energia interna e se não
houver calor gerado pelo corpo, a equação anterior simplifica-se para:

 energia que entra pela face   energia que sai pela face 
 = 
 esquerda por unidade de tempo   direita por unidade de tempo 

ou então:

qcond , x = qcond , x +∆x (2.1)

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qcond , x qcond , x + ∆ x

x ∆x

Figura 2.1 – Volume de controlo numa placa plana.

Assim, nestas circunstâncias, a taxa de transferência de calor por condução, qcond , também
denominada por potência térmica, mantém-se constante.

A lei de Fourier (na forma diferencial) para condução unidimensional na placa plana,
conforme já foi visto no capítulo 1, é expressa por:

dT
qcond = − k A (1.3)
dx

Para uma placa plana com uma área da superfície de transferência de calor, A, e com
condutividade térmica k constante (Figura 2.2), a integração da equação de Fourier (equação
(1.3)) conduz a:

x2 T2

∫ dx = −∫ dT
qcond
kA
x1 T1

qcond
( x2 − x1 ) = − (T2 − T1 )
kA

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T1 − T2
qcond = k A (2.2)
x2 − x1

Temperatura
T1
T1
A
qcond
T2
T2

∆x
∆x Distância

Figura 2.2 – Condução através de uma parede plana: (a) geometria da parede; (b) perfil de
temperaturas ao longo da placa (assumindo k constante).

A equação (2.2) pode ser escrita na forma:

T1 − T2 T1 − T2
qcond = = (2.3)
x2 − x1 R
kA

em que R é a resistência térmica (unidades no SI: K/W), por analogia com os sistemas
eléctricos. Assim como a resistência eléctrica está associada com a condução de electricidade,
a resistência térmica está ligada à condução de calor. Uma resistência pode ser vista como o
quociente entre uma força impulsionadora e a taxa de transferência de uma propriedade. Para
transferência de calor em placas planas a resistência térmica é dada pela equação:

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∆x
R= (2.4)
kA

2.1.1 Condução através da placa plana com condutividade térmica variável

Se a condutividade térmica variar com a temperatura segundo uma relação do tipo k = a + bT


(equação (1.5)), então a integração da equação de Fourier (equação (1.3)) fica:

x2 T2

q ∫ dx = − A ∫ ( a + bT ) dT
x1 T1

T2 T2

q ( x2 − x1 ) = − A ∫ a dT − A ∫ bT dT
T1 T1

T2 T2 
q ( x2 − x1 ) = − A a (T2 − T1 ) − A b  2 − 1 
 2 2 

 b 
q ( x2 − x1 ) = − A  a + (T2 + T1 )  (T2 − T1 )
 2 

 b  T −T T −T
q = A  a + (T2 + T1 )  1 2 = A km 1 2 (2.5)
 2  x2 − x1 x2 − x1

Se se definir:

b
km = a + (T2 + T1 ) (2.6)
2

a equação (2.5) pode ser escrita na forma:

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T1 − T2 T1 − T2
q= = (2.7)
x2 − x1 R
km A

em que R é a resistência térmica (por analogia com os sistemas eléctricos) e é dada por
R = ∆x ( km A ) .

2.2. Condução através de um cilindro oco

Considere um cilindro oco e longo (tubo) com raio externo r2, raio interno r1 e comprimento
L. As superfícies interior e exterior do tubo são submetidas a uma diferença de temperatura

(T1 − T2 ) , em que T1 > T2 (Figura 2.3). Nestas circunstâncias o calor transfere-se radialmente

e a coordenada espacial a ser considerada é r. A lei de Fourier é, então, escrita sob a forma:

dT
qcond = − k A (2.8)
dr

r2 dr

qcond
r

r1

Figura 2.3 – Transferência de calor num cilindro oco.

Neste caso a área da superfície de transferência de calor é variável e igual a A = 2 π r L .


Assim:

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dT
qcond = −2 π k L r (2.9)
dr

A integração da equação (2.8) em condições de estado estacionário, sem geração de calor e se


k for constante, conduz a:

r2 T2

∫ ∫
dr
qcond = −2 π k L dT
r
r1 T1

2π k L
qcond = (T1 − T2 ) (2.10)
ln ( r2 r1 )

A equação (2.10) pode ser re-escrita introduzindo o conceito de resistência térmica, obtendo-
se:

T1 − T2 T −T
qcond = = 1 2 (2.11)
ln ( r2 r1 ) R
2π k L

Em alternativa, se se multiplicar o numerador e o denominador da equação (2.10) por ( r2 − r1 )

fica:

2 π k L ( r2 − r1 ) T1 − T2
qcond = (T1 − T2 ) = k Alm (2.12)
( r2 − r1 ) ∗ ln ( r2 r1 ) r2 − r1

em que Alm é a área logarítmica média definida por:

2 π L ( r2 − r1 ) 2 π L ( r2 − r1 ) A2 − A1
Alm = = = (2.13)
ln ( r2 r1 ) ln ( 2π Lr2 2π Lr1 ) ln ( A2 A1 )

Assim:

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Transferência de Calor

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T −T T −T T −T
qcond = k Alm 1 2 = 1 2 = 1 2 (2.14)
r2 − r1 r2 − r1 R
k Alm

A resistência térmica para sistemas cilindricos é dada por:

ln ( r2 r1 ) r2 − r1
R= = (2.15)
2π k L k Alm

A partir da integração da equação (2.9) também é possível obter o perfil de temperaturas ao


longo da parede do cilindro. Para as condições fronteira da Figura 2.3, a forma do perfil de
temperaturas está representado na Figura 2.4.

T1

T2

r1 r2

Figura 2.4 – Perfil de temperaturas na parede do cilindro da Figura 2.3.

Nota: Também se pode considerar a condução através da parede de uma esfera oca. Assim,
integrando a lei de Fourier, pode determinar-se uma equação equivalente à equação (2.14) em
que a resistência térmica, R, é dada por

r2 − r1
R= (2.16)
k Amg

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 20


Transferência de Calor

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com Amg = 4 π r1 r2 .

2.3. Condução através de sólidos em série

Considere o caso da condução através de uma parede plana constituída pelos materiais A, B e
C dispostos em série, cujo contacto é perfeito entre si e cujas condutividades térmicas são
consideradas constantes (perfis lineares de temperatura), conforme representado na Figura
2.5. Se a transferência de calor se der em estado estacionário e sem geração de calor, a
potência térmica que atravessa cada um dos materiais é constante.

Assim, pode escrever-se que:

kA A k A k A
qcond = (T1 − T2 ) = B (T2 − T3 ) = C (T3 − T4 ) (2.17)
∆xA ∆xB ∆xC

A B C
T1

qcond
T
• 2

T 3•
• T4

∆ xA ∆ xB ∆ xC

Figura 2.5 - Transferência de calor através de uma parede plana composta por três materiais
em série.

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Transferência de Calor

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Se se resolver a equação (2.17) relativamente às diferenças de temperatura, fica:

∆x A
T1 − T2 = qcond (2.18)
kA A

∆x B
T2 − T3 = qcond (2.19)
kB A

∆xC
T3 − T4 = qcond (2.20)
kC A

Adicionando agora as equações (2.18), (2.19) e (2.20), obtém-se:

T1 − T4 T1 − T4
qcond = = (2.21)
∆x A ∆xB ∆xC RA + RB + RC
+ +
k A A k B A kC A

em que RA, RB e RC são as resistências térmicas dos materiais A, B e C. Esta equação permite
calcular a potência térmica em função da diferença global de temperatura (T1 − T4 ) e da soma

das resistências térmicas das várias camadas. A equação (2.21) pode então ser escrita na
forma:

T1 − T4 T −T
qcond = = 1 4 (2.22)
R A + RB + RC Rt

onde Rt é a resistência térmica total e, para associação de resistências em série, é igual ao


somatório das resistências individuais, tal como acontece com os sistemas eléctricos.

A transferência de calor também se pode dar através de cilindros associados em série,


conforme representado na Figura 2.6. A título de exemplo pode citar-se o caso da
transferência de calor num tubo revestido com uma camada de isolante térmico, em que r1 e r2
correspondem, respectivamente, aos raios interior e exterior do tubo e r3 é o raio exterior da
camada de isolante.

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Transferência de Calor

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r2

r1

• T3 • T2 • T1
r3

q cond
A

Figura 2.6 – Transferência de calor através de dois cilindros em série.

Se a transferência de calor se der em estado estacionário com T1 > T2 > T3 , sem geração de

calor e se as condutividades térmicas dos materiais A e B forem constantes, pode escrever-se:

k A Alm,A k A
qcond = (T1 − T2 ) = B lm,B (T2 − T3 ) (2.23)
r2 − r1 r3 − r2

em que as áreas logarítmicas médias Alm,A e A lm;B são dadas por:

A2 − A1
Alm, A = (2.24)
ln ( A2 A1 )

A3 − A2
Alm, B = (2.25)
ln ( A3 A2 )

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Transferência de Calor

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Resolvendo a equação (2.23) relativamente às diferenças de temperatura obtém-se:

r2 − r1
T1 − T2 = qcond (2.26)
k A Alm,A

r3 − r2
T2 − T3 = qcond (2.27)
k B Alm,B

Se se somarem as equações (2.26) e (2.27) e seguidamente, se resolver a equação obtida em


relação a qcond , tem-se:

T1 − T3 T −T T −T
qcond = = 1 3 = 1 3 (2.28)
r2 − r1 r −r RA + RB Rt
+ 3 2
k A Alm ,A k B Alm,B

Assim, a resistência térmica total é igual ao somatório das resistências térmicas individuais,
tal como se verificou para os sistemas planos.

2.4. Condução através de sólidos em paralelo

Considere agora o caso da condução através de uma parede plana constituída pelos materiais
A e B dispostos em paralelo cujo contacto é perfeito entre si e cujas condutividades térmicas
são consideradas constantes (perfis lineares de temperatura), conforme representado na Figura
2.7. Se a transferência de calor se der em estado estacionário e sem geração e calor, a potência
térmica que atravessa a parede, qT, é a soma da potência que atravessa o material A mais a
que atravessa o material B. Além disso, considera-se que toda a face esquerda da placa está à
temperatutra T1 e toda a face direita está à temperatura T2 (só deste modo é que se pode
garantir que há condução unidimensional).

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Transferência de Calor

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qcond

Figura 2.7 - Transferência de calor através de uma parede plana composta por dois materiais
dispostos em paralelo.

Recorrendo à equação de Fourier já integrada (equação (2.1)) para cada um dos materiais, e se
T1 > T2 pode escrever-se:

k A AA k A
qT = q A + qB = (T1 − T2 ) + B B (T1 − T2 ) (2.29)
∆x A ∆x B

A equação (2.29) pode ser re-escrita da seguinte forma:

(T1 − T2 ) + (T1 − T2 ) =  1 + 1  T − T
qT =  ( 1 2 ) (2.30)
∆x A ( k A AA ) ∆xB ( k B AB )  RA RB 

em que RA e RB são as resistências térmicas dos materiais A e B, respectivamente. A equação


(2.29) pode ainda ser escrita em termos de uma resistência térmica total equivalente à
associação de resistências em paralelo, Rt:

T1 − T2
qT = (2.31)
Rt

em que:

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Transferência de Calor

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1 1 1
= + (2.32)
Rt RA RB

2.5. Condução e Convecção Combinadas e o Coeficiente Global de Transferência de


Calor

Em muitas situações reais as superfícies sólidas trocam calor com fluidos em movimento e,
sendo assim, o processo de transferência de calor envolve condução e convecção combinadas.
Nesta secção estudam-se sistemas em que há transferência de calor por condução e por
convecção combinadas e introduz-se o conceito de coeficiente global de transferência de
calor.

A título de exemplo, considere-se a Figura 2.8 que mostra uma placa plana em contacto com
um fluido quente à temperatura T∝1 de um lado e com um fluido frio a T∝2 do outro. A
condutividade térmica da parede é constante e não há geração de calor. Relativamente à
potência térmica transferida, q, pode escrever-se:

T ∝1

T s1

q
T s2

T ∝2

Fluido quente x Fluido frio

Figura 2.8 – Transferência de calor numa placa plana.

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Transferência de Calor

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kA
q = h1 A (T∞1 − Ts1 ) = (Ts1 − Ts 2 ) = h2 A (Ts 2 − T∞ 2 ) (2.33)
∆x

Nesta equação h1 e h2 representam, respectivamente, os coeficientes peliculares de


transferência de calor para o fluido quente e para o frio, Ts1 e Ts2 são as temperaturas
superficiais dos dois lados da placa, k é a sua condutividade térmica, ∆x é a sua espessura e A
é a área da superfície de transferência de calor.

Se se resolver a equação (2.32) relativamente às várias diferenças de temperatura fica:

1
T∞1 − Ts1 = q (2.34)
h1 A

∆x
Ts1 − Ts 2 = q (2.35)
k A

1
Ts 2 − T∞ 2 = q (2.36)
h2 A

Somando as equações (2.34) , (2.35) e (2.36) obtém-se:

T1∞ − T2 ∞ T −T
q= = 1∞ 2 ∞ (2.37)
1 ∆x 1 Rt
+ +
h1 A k A h2 A

As expressões (1 h1 A ) e (1 h2 A) representam as resistências térmicas de convecção relativas

aos fluidos quente e frio, respectivamente, e Rt é a resistência térmica total.

A potência térmica transferida pelos mecanismos combinados de condução e convecção é,


muitas vezes, expressa em termos do coeficiente global de transferência de calor, U, definido
pela relação:

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Transferência de Calor

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∆Tglobal
q = U A ∆Tglobal = (2.38)
Rt

em que ∆Tglobal é a diferença global de temperatura. Para o sistema da Figura 2.8


∆Tglobal = T∞1 − T∞ 2 e a resistência térmica total é:

1 1 ∆x 1
Rt = = + + (2.39)
U A h1 A k A h2 A

Para uma placa plana, como a área da superfície de transferência de calor, A, é constante o
coeficiente de transferência de calor pode ser escrito na forma:

1 1 ∆x 1
= + + (2.40)
U h1 k h2

Um caso importante de aplicação industrial em que pode ocorrer condução e convecção


combinadas é na transferência de calor num tubo, no interior do qual escoa um fluido quente e
no exterior um fluido frio (Figura 2.9). Este tipo de situação ocorre, por exemplo, nos
permutadores de calor tubulares. A potência térmica transferida pode ser expressa pela
equação:

k Alm
q = h1 A1 (T∞1 − Ts1 ) = (Ts1 − Ts 2 ) = h2 A2 (Ts 2 − T∞ 2 ) (2.41)
r2 − r1

em que A2 e A1 são, respectivamente, a área exterior e interior da superfície de transferência


de calor, Alm é a área logarítmica média definida pela equação (2.13), h1 e h2 representam,
respectivamente, os coeficientes peliculares de transferência de calor para o fluido quente e
para o frio, e r2 e r1 são, respectivamente, os raios interno e externo do tubo.

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Transferência de Calor

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r1

•T s2
• Ts1

r2

Fluido quente
Fluido frio T ∝1
T ∝2

Figura 2.9 - Transferência de calor num tubo com circulação de um fluido quente no interior e
de um fluido frio no exterior.

A potência térmica pode ser relacionada com a diferença global de temperatura (T∞1 − T∞ 2 ) a

partir da equação:

T∞1 − T∞ 2 T −T
q= = ∞1 ∞ 2 (2.42)
1 ∆x 1 Rt
+ +
h1 A1 k Alm h2 A2

Para o caso de transferência de calor radial, a área da superficie de transferência de calor varia
com r e o coeficiente global de transferência de calor tanto pode ser baseado na área interna
A1 como na área externa A2. Assim:

∆Tglobal
q = U1 A1 (T∞1 − T∞ 2 ) = U 2 A2 (T∞1 − T∞ 2 ) = (2.43)
Rt

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Transferência de Calor

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1 1 1 r −r 1
Rt = = = + 2 1+ (2.44)
U1 A1 U 2 A2 h1 A1 k Alm h2 A2

em que U1 e U2 representam os coeficientes globais de transferência de calor baseados nas


áreas A1 e A2, respectivamente. A partir da equação (2.44) pode escrever-se que:

1 1 ( r2 − r1 ) A1 A
= + + 1 (2.45)
U1 h1 k Alm h2 A2

1 A (r − r ) A 1
= 2 + 2 1 2+ (2.46)
U 2 h1 A1 k Alm h2

As equações (2.45) e (2.46) também podem ser apresentadas na forma:

1 1 r ln ( r2 r1 ) r
= + 1 + 1 (2.47)
U1 h1 k h2 r2

1 r r ln ( r2 r1 ) 1
= 2 + 2 + (2.48)
U 2 h1 r1 k h2

2.6. Transferência de calor em alhetas

Um método de aumentar a área da superfície de transferência de calor é através da utilização


de extensões de superfície, designadas por alhetas, e que são colocadas na superfície de
transferência de calor, conforme está representado na Figura 2.10.

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Transferência de Calor

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Figura 2.10 – Diferentes tipos de superfícies alhetadas (Holman, 1983).

A Figura 2.11 mostra uma alheta rectangular exposta a um fluido cuja temperatura é T∞, e
cuja temperatura da base é To. O balanço de energia sobre um elemento da alheta de espessura
dx permite escrever:

 Potência térmica que   Potência térmica que   Potência térmica perdida 


 = +  (2.49)
 entra pela face esquerda   sai pela face di
direita   por convecção 

As potências térmicas envolvidas são:

dT
• Potência térmica que entra pela face esquerda : qx = − k A
dx x

dT
• Potência térmica que sai pela face direita: qx + dx = −k A
dx x + dx

• Potência térmica perdida por convecção: dqconv = h P dx (T − T∞ )

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Transferência de Calor

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Figura 2.11 – Alheta rectangular (Holman, 1983).

Substituindo estas
tas quantidades na equação (2.49)
(2.49 obtém-se
se a seguinte equação diferencial
para o balanço de energia:

d 2T hP
− (T − T∞ ) = 0 (2.50)
dx 2 kA

em que:
A área transversal da alheta (m2)
h coeficiente de transferência de calor por convecção (W/(m2 ºC))
k condutividade térmica da alheta (W/(m ºC))
P perímetro da alheta (m)
T temperatura da alheta (ºC)
T∞ temperatura do fluido envolvente
en (ºC)
x distância a partir da base da alheta (m)

Se se fizer a substituição de variável:


variável θ = T − T∞ , a equação (2.50) pode ser escrita na forma:
forma

d 2θ hP
− θ =0 (2.51)
dx 2 kA

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Transferência de Calor

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Designando m 2 = hP kA , a equação (2.51) pode ser integrada e a solução geral obtida em


termos das constantes de integração c1 e c2 é:

θ ( x ) = c1emx + c2e− mx (2.52)

O valor das constantes de integração depende da situação física envolvida. Uma das
condições fronteira que deve ser sempre assumida é a seguinte:

Para x = 0 : T ( 0 ) = To e θ = To − T∞ = θo (2.53)

A segunda condição fronteira pode ser uma das seguintes condições:

1) Caso de uma alheta muito longa, em que a temperatura da extremidade da alheta é igual à
do fluido envolvente. Assim:

Para x = ∞ : θ = 0 (2.54)

2) Caso de uma alheta termicamente isolada na extremidade:


Para x = L : =0
dx (2.55)

3) Caso de uma alheta que perde calor por convecção pela extremidade livre:


Para x = L : − k A = h Aθ L , em que θ L = TL − T∞ (2.56)
dx

O caso que aqui vai ser abordado é o da alheta muito longa. Usando então as condições
fronteira (2.53) e (2.54), a solução da equação (2.52) é dada por:

θ T − T∞
= = e − mx (2.57)
θ o T0 − T∞

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Transferência de Calor

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O calor dissipado pela alheta pode ser calculado através da equação:

L
dT 
dx  x=0 ∫
q = −k A  = h P (T − T∞ ) dx
0
(2.58)

e tendo em consideração a distribuição do perfil de temperatura (equação (2.57)). Assim, o


calor perdido pela alheta é:

( )
q = − k A − m θo e− m( 0 ) = h P k A θo (2.59)

Eficiência das alhetas

Define-se eficiência das alhetas como a razão entre a potência térmica que efectivamente
atravessa a alheta, qreal, e a potência térmica que atravessaria a alheta se toda ela se
encontrasse à temperatura To, qideal:

qreal qreal
η= = (2.60)
qideal h As (T0 − T∞ )

em que AS representa a área total da superfície da alheta.

Para o caso da alheta longa de secção recta rectangular (caso referido acima), a potência
térmica real é calculada pela equação (2.59), e então a equação (2.60) pode ser re-escita
como:

1
η=
mL
(2.61)

Como forma alternativa pode-se calcular a eficiência das alhetas recorrendo a gráficos
adequados, como os que são apresentados nas Figuras 2.12. e 2.13. Estes gráficos podem ser

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Transferência de Calor

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usados para vários tipos de alhetas. A partir do valor da eficiência pode ser determinado o qreal
usando a equação (2.60).

Figura 2.12 – Eficiência de alhetas com secções rectas constantes rectangular e circular e com
perfil triangular (Çengel, 2003).

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Transferência de Calor

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Figura 2.13 – Eficiência de alhetas anulares com perfil rectangular (Çengel, 2003).

Calor dissipado por uma superfície alhetada

A potência térmica total dissipada através de uma superfície alhetada, qTs.a., é calculada tendo
em conta o calor dissipado pela parede “nua”, qp, nua, e por todas as alhetas que constituem a
respectiva superfície, qalhetas. Deste modo, pode-se usar a seguinte expressão:

qTs . a = q p , nua + qalhetas

q p , nua = h Ap , nua (T0 − T∞ ) (2.62)

qalhetas = η h n a As (T0 − T∞ )

em que Ap.nua é a área da superfície “nua” exposta ao fluido, As é a área total da superfície de
uma alheta e na é o número de alhetas na superfície alhetada.

Assim, tendo em atenção as equações (2.62) obtém-se:

qTs .a = h (T0 − T∞ )  Ap.nua + η na As 

qTs .a = h (T0 − T∞ ) As.a (2.63)

qTs .a =
(T0 − T∞ )
Rs.a

em que:

1
Rs.a = (2.64)
hAs.a

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Transferência de Calor

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3. Transferência de calor por Radiação

3.1. Introdução

Nos mecanismos de transferência de calor já estudados, a condução e a convecção, é


necessário que haja um meio físico para que ocorra transferência de calor e esse meio é
aquecido ou arrefecido. Na transferência de calor por radiação não é necessário a presença de
um meio físico e além disso, mesmo quando ele está presente, pode até estar mais frio do que
os dois corpos entre os quais há troca de calor por radiação. Um exemplo disto é considerar
um pequeno corpo quente dentro de uma câmara de vácuo

Figura 3.1- Objecto quente dentro de uma câmara de vácuo. As perdas de calor são
apenas por radiação (Çengel, 2003).

Neste caso o objecto vai arrefecer até atingir o equilibrio térmico com a vizinhança. A
transferência de calor não pode ocorrer por convecção nem condução porque estes dois
mecanismos não podem ocorrer no vácuo. Neste exemplo, um outro mecanismo tem de estar
presente que explique o fenómeno de arrefecimento: é o mecanismo da radiação. É
interessante observar que na radiação a transferência de calor ocorre entre dois corpos que
podem até estar separados por um meio que se mantém frio. Por exemplo, é isto que explica:
• o aquecimento da terra pela nossa principal fonte de luz que é o sol - a radiação solar
atravessa camadas de ar extremamente frias, antes de atingir a superfície terrestre;

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 37


Transferência de Calor

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• o aquecimento que ocorre dentro de uma estufa - a radiação absorvida pelos corpos aí
dentro permite que eles atinjam altas temperaturas enquanto o vidro ou o plástico que
cobre a estufa se mantém frio.

A transferência de calor por radiação ocorre nos sólidos, líquidos e gases devido à propagação
de ondas electromagnéticas como resultado da alteração das configurações electrónicas dos
átomos ou moléculas. A maior ou menor capacidade para que este fenómeno ocorra num
corpo está relacionada com a sua temperatura. Todos os corpos à superfície da terra, acima do
zero absoluto, emitem ondas electromagnéticas com comprimentos de onda que se situam na
gama da radiação térmica (0,1 < λ (µm) < 100). A radiação térmica inclui a totalidade da
radiação visível e infravermelha, e ainda, uma parte da radiação ultravioleta (ver Figura 3.2).

Figura 3.2 – Espectro electromagnético (Çengel, 2003).

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Transferência de Calor

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Os corpos à temperatura ambiente emitem radiação que cai na gama dos infravermelhos (0,76
< λ (µm) < 100) e, portanto, essa radiação vai-se traduzir em calor, já que a gama da radiação
térmica inclui a totalidade da radiação infravermelha. A radiação térmica é, no entanto,
especialmente importante quando os corpos estão a temperaturas muito elevadas.

A radiação térmica é uma forma de radiação electromagnética do mesmo tipo das radiações
correspondentes aos raios X, às ondas de luz, aos raios gama, etc. Diferem apenas umas das
outras no seu comprimento de onda.

Por exemplo, a luz não é mais do que a capacidade que um corpo tem de emitir ondas
electromagnéticas com comprimento de onda entre 0,4 < λ (µm) < 0,76; esse corpo é então
chamado uma fonte de luz. O olho humano é sensível a esta gama de comprimentos de onda.
(Nota: é preciso que um corpo esteja acima de 800 K para emitir alguma radiação visível). A
principal fonte de luz é o sol. A radiação electromagnética emitida pelo sol é chamada
radiação solar e quase toda ela se situa na gama de 0,3 < λ (µm) < 3. Quase metade da
radiação solar se traduz em luz (gama do visível), sendo o restante radiação ultravioleta e
infravermelhos .

A luz, ou de outra forma a parte visível do espectro de ondas electromagnéticas, é constítuida


por um conjunto de bandas de comprimento de onda que vão desde a cor violeta - 0,40 < λ
(µm) < 0,44 - até à cor vermelha - 0,63 < λ (µm) < 0,76 (ver Tabela 3.1).

Tabela 3.1 – Gama de comprimentos de onda para as diferentes cores (Çengel, 2003).

Cor Gama de comprimento de onda (µm)


Violeta 0,40 – 0,44
Azul 0,44 – 0,49
Verde 0,49 – 0,54
Amarelo 0,54 – 0,60
Laranja 0,60 – 0,63
Vermelho 0,63 – 0,76

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A cor de uma superfície depende da sua capacidade de reflectir determinados comprimentos


de onda. Por exemplo, uma superfície que reflecte na gama de 0, 63 < λ ( µm ) < 0, 70 e

absorve todo o resto da radiação visível, apresenta cor vermelha. Uma superfície que reflecte
toda a radiação visível aparece branca, enquanto outra que absorve toda a radiação vísivel
incidente, não reflectindo nada nessa gama, tem cor preta. Este fenómeno da cor, juntamente
com o conhecimento de que quase metade da radiação solar cai na gama do visível, explica o
facto de na neve haver muita reflexão (o corpo é branco e, portanto, reflecte toda a radiação
que lhe chega na gama do visível).

Características das ondas electromagnéticas

As ondas electromagnéticas transportam consigo energia e propagam-se em linha recta à


velocidade da luz. São caracterizadas pela sua frequência, ν, e pelo seu comprimento de onda,
λ. Estas duas propriedades, num determinado meio, estão relacionadas pela equação:

c
λ= (3.1)
ν

em que:
c velocidade da luz no meio
c = co n , sendo n o índice de refracção do meio (considera-se para o ar e para a maior parte
dos gases: n = 1; para água e vidro: n = 1,5)
c0 velocidade da luz no vazio (c0 = 2,998 x 108 m/s)

A frequência das ondas electromagnéticas depende unicamente da fonte que as produz e é


independente do meio através do qual a onda se propaga. Frequência e comprimento de onda
são grandezas inversamente proporcionais.

No estudo da radiação pode-se considerar que as radiações electromagnéticas não são mais do
que “pacotes discretos de energia” a que Max Planck, na sua teoria Quântica, chamou fotões.

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Transferência de Calor

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Deste ponto de vista, cada fotão de frequência ν, transporta consigo a seguinte quantidade de
energia:

hc
e = hν = (3.2)
λ

em que h é a constante de Plank e h = 6,625 x 10-34 J s.

A partir da equação (3.2) verifica-se que h e c são constantes, pelo que a energia de um fotão
é inversamente proporcional ao seu comprimento de onda. Deste modo as radiações de menor
comprimento de onda são as mais energéticas. A partir da Figura 3.2, correspondente ao
espectro das ondas electromagnéticas, verifica-se que as radiações como os raios X e raios γ
são das mais destructivas.

3.2. Radiação térmica e propriedades da radiação. Noção de corpo negro

O tipo de radiação electromagnética pertinente no estudo da transferência de calor é a


radiação térmica emitida por um corpo, que como já se referiu, resulta dos movimentos de
rotação e vibração dos átomos, moléculas e electrões dessa substância. Esta actividade está
relacionada com a temperatura a que a substância se encontra e aumenta com o aumento da
temperatura.

A transferência de calor por radiação pode ser vista, de acordo com a Figura 3.4, como um
mecanismo que se processa em três etapas:
1. A energia térmica da fonte quente (por exemplo, as paredes de uma fornalha a T1) é
convertida em ondas electromagnéticas;
2. Estas ondas propagam-se através do espaço em linha recta e chocam com um objecto
frio a T2 (por exemplo, os tubos que estão dentro da fornalha e que contêm água fria
para ser aquecida) ;

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Transferência de Calor

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3. As ondas electromagnéticas que chocam com o corpo frio podem ser absorvidas
transmitidas ou reflectidas por esse mesmo corpo. No entanto, só as que são
absorvidas é que serão reconvertidas em energia térmica.

T1 T2

Figura 3.4 – Processo de transferência de calor por radiação.

As propriedades da radiação: absortividade, reflectividade e transmissividade.

Todas as superfícies emitem radiação de um modo contínuo, e isto significa que tudo é
constantemente atingido por radiação, proveniente de todas as direcções e numa gama
alargada de comprimentos de onda. A irradiação, G, é definida como a energia de radiação
que incide uma dada superfície por unidade de área dessa superfície e por unidade de tempo
(em todas as direcções e em todos os comprimentos de onda).

Quando a radiação térmica atinge um corpo, parte dela é absorvida sob a forma de calor, parte
é reflectida e parte pode ser transmitida através desse corpo (Figura 3.5). Assim pode
escrever-se:

Gi = Gρ + Gα + Gτ (3.3)

em que Gi, Gρ, Gα e Gτ correspondem, respectivamente, ao fluxo de radiação incidente


(irradiação), ao fluxo de radiação reflectido, ao fluxo de radiação absorvido e ao fluxo de
radiação transmitido.

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 42


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Figura 3.5. – Absorção, reflexão e transmissão da energia de radiação incidente num material
semitransparente (Çengel, 2003).

Se se dividir ambos os membros da equação (3.3) pela energia total incidente, Gi, obtem-se:

1 = ρ + α +τ (3.4)

em que:
ρ reflectividade ou fracção reflectida ( ρ = Gr Gi )

α absortividade ou fracção absorvida (α = Ga Gi )

τ transmissividade ou fracção transmitida (τ = Gτ Gi )

Em muitos casos de engenharia os corpos são opacos à transmissão e, portanto, a equação


(3.4) pode ser escrita como:

1 = ρ +α (3.5)

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 43


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Corpo negro

Um corpo negro é um corpo ideal que serve de referência para o estudo da radiação e que tem
as seguintes características:
• absorve toda a energia radiante que sobre ele incide e, portanto, não reflecte nenhuma:
ρ = 0 e α =1;
• emite a máxima quantidade de energia relativamente a qualquer outro corpo que se
encontre à mesma temperatura do corpo negro;
• a radiação emitida por um corpo negro é igual em todas as direcções.

Um corpo negro pode ser simulado por uma cavidade isotérmica onde existe um pequeno
orifício (Figura 3.6). A radiação que entra pelo orifício, atinge a parede interior sendo uma
parte absorvida e a outra reflectida em todas as direcções. A parte reflectida atinge outra vez a
parede e, novamente, uma parte será absorvida e a outra reflectida, continuando o processo.
Então, pode dizer-se que toda a energia que entrou nessa cavidade é absorvida e o pequeno
orifício comporta-se como um corpo negro ideal. Na realidade não existem corpos negros,
mas corpos que se podem aproximar a corpos negros.

Qual será a diferença entre um corpo negro e um corpo pintado de preto?

Figura 3.6. – Realização prática do conceito de um corpo negro (Genkoplis, 1993).

Depois de se introduzir o conceito de corpo negro - corpo de referência para o estudo da


radiação – pode-se então passar a uma outra propriedade da radiação, que é a emissividade
(ε).

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Emissividade

A emissividade de uma superfície, ε, é a razão entre a radiação emitida por uma superfície a
uma determinada temperatura, Esup, e a emitida por um corpo negro à mesma temperatura:

Esup (T )
ε= (3.6)
Eb (T )

em que Eb(T) [W/m2]1 é a potência emissiva de um corpo negro à temperatura T.


Naturalmente, para um corpo negro, ε b = 1 .

Potência emissiva e a lei de Stefan-Boltzmann

O poder emissivo espectral2 de um corpo negro, Ebλ,, é a energia de radiação emitida por um
corpo negro a uma dada temperatura absoluta T, por unidade de tempo, por unidade de área e
por unidade de comprimento de onda à volta do comprimento de onda λ. A Figura 3.7 mostra
a variação do poder emissivo de um corpo negro com o comprimento de onda para várias
temperaturas.

1
Índice b refere-se sempre a corpo negro (black)
2
termo “espectral” traduz a variação de uma grandeza, neste caso o poder emissivo, com o comprimento de
onda

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 45


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Figura 3.7. – Variação do poder emissivo de um corpo negro com o comprimento de onda,
para valores de temperatura constante (Çengel, 2003).

Relativamente à Figura 3.7, podem fazer-se algumas considerações:


1. A radiação emitida é uma função contínua do comprimento de onda. Para qualquer
temperatura, Ebλ aumenta com λ, atinge um valor máximo e depois diminui;
2. Para qualquer λ, a radiação emitida é tanto maior quanto maior for a temperatura;
3. À medida que a temperatura aumenta o máximo das curvas desloca-se para a
esquerda;
4. A radiação emitida pelo sol, que pode ser considerado como um corpo negro a 5800
K, atinge o seu valor máximo na região visível do espectro que corresponde à gama de
comprimentos de onda para a qual o olho humano é sensível. Por outro lado, qualquer
superfície a T < 800 K emite praticamente toda a radiação na gama dos infravermelhos

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 46


Transferência de Calor

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e, portanto, não é visível ao olho humano, apesar de reflectir a luz que lhe chega de
outras fontes.

À medida que a temperatura aumenta, o pico das curvas apresentadas na Figura 3.7 é atingido
para comprimentos de onda sucessivamente mais pequenos. O comprimento de onda para o
qual ocorre esse pico a uma dada temperatura T pode ser previsto pela lei do deslocamento
de Wien :

λmax T = 2897,8 µm K (3.7)

em que λmax é o comprimento de onda em µm, para o qual a potência emissiva é máxima.

A equação matemática que descreve as curvas apresentadas na Figura 3.7 foi desenvolvido
por Max Planck e é denominada como lei da distribuição de Planck:

C1
E bλ (T ) = (W/m2.µm) (3.8)
λ 5 exp  C2 λT  − 1
   

em que:
C1 = 2 π h co2 = 3, 742 x108 W µ m 4 / m 2

C2 = h co k = 1,439 x 104 µ m K

k = 1,3805 x 10-23 J/K (constante de Boltzmann)

h = 6,6256 x 10-34 J s (constante de Planck)

A potência emissiva total de um corpo negro a uma dada temperatura T corresponde à área
situada por baixo da curva espectral à temperatura considerada (Figura 3.7):


E b (T ) = ∫ E bλ (T ) d λ (3.9)
0

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O resultado da integração da equação (3.9), tendo em atenção a lei de distribuição de Planck,


é dado por:


Eb (T ) = ∫ Ebλ (T ) d λ = σ T 4 (W/m2) (3.10)
0

Este resultado constitui a lei de Stefan-Boltzmann, em que σ é a constante de Stefan-


Boltzmann, σ = 5,67x10-8 W/m2K4, e T é a temperatura absoluta da superfície considerada
como corpo negro.

A emissividade média de uma superfície foi definida pela equação (3.6). A emissividade de
uma superfície a um determinado comprimento de onda denomina-se por emissividade
espectral, é dada pela equação:


ελ = (3.11)
Ebλ

em Eλ é o poder emissivo espectral da superfície. A potência emissiva total da superfície, Esup,


pode ser calculada à custa de ελ, de acordo com:


Esup = ∫ ε λ E bλ d λ (3.12)
0

A emissividade de uma superfície real (assim como qualquer outra propriedade da radiação),
varia com o comprimento de onda, λ, com a temperatura, T, e com a direcção da radiação
emitida, θ, ou seja: εθ ≠ constante e ελ ≠ constante.

No estudo da radiação consideram-se os seguintes tipos de superfícies:

• superfície difusa: aquela cujas propriedades da radiação são independentes da direcção;


• superfície cinzenta: aquela cujas propriedades da radiação são independentes do
comprimento de onda;

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 48


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• superfície difusa e cinzenta: aquela cujas propriedades da radiação são independentes da


direcção e do comprimento de onda.

Se a propriedade em causa for a emissividade, pode-se dizer que uma superfície difusa e
cinzenta é aquela para a qual se verifica: ε = εθ = ελ = constante.

Nesta secção e para efeitos de cálculo, vão-se considerar sempre as superfícies como difusas e
cinzentas. Assim sendo, a emissividade do corpo é constante e pode passar para fora do
integral na equação (3.12) . O resultado obtido é então:


Esup = ε ∫ Ebλ d λ = ε Eb = ε σ T 4 (3.13)
0

Na Tabela 3.2 apresenta-se o valor da emissividade de alguns materiais. A partir dos valores
desta tabela verifica-se que:
• superfícies polidas têm emissividades baixas;
• superfícies não polidas têm emissividades altas;
• substâncias não metálicas têm, em geral, emissividades altas.

Tabela 3.2 - Emissividade total de vários materiais (Geankoplis, 1993).

Lei de Kirchoff

Quando um corpo qualquer é colocado no interior de uma cavidade, mantida a uma


temperatura constante e uniforme, T, está em equilibrio térmico com essa cavidade. Em

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 49


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qualquer ponto da sua superfície a potência emissiva, Eλ, e a absortividade, αλ , para o mesmo
comprimento de onda, apresenta uma relação constante, independente da forma e da natureza
do corpo, e que é função apenas da temperatura do recinto e do comprimento de onda
considerado. Então:

Eλ (T )
=k (3.13)
α λ (T )

Figura 3.8 - Pequeno objecto colocado no interior de uma cavidade, usado no


desenvolvimento da Lei de Kirchoff (Çengel, 2003).

Se o corpo colocado na cavidade se comportar como um corpo negro então: α bλ = 1 e Ebλ = k


, o que fixa o valor de k. Assim a equação 3.13 pode escrever-se como:

Eλ (T ) = α λ (T ) Ebλ (T ) (3.14)

A lei de Kirchoff pode estender-se a toda a gama de comprimentos de onda, o que dá:

E = α Ebλ (3.15)

Assim, quando um corpo está em equilibrio térmico com os corpos que o rodeiam, a sua
potência emissiva total é igual ao produto da sua absortividade, para a temperatura
considerada, pela potência emissiva total do corpo negro à mesma temperatura.

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 50


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Comparando a equação (3.12) com a equação (3.15), conclui-se que:

ε =α (3.16)

e também:

ε λ = αλ (3.17)

Pode dar-se um novo enunciado à Lei de Kirchoff: quando um corpo está em equilibrio
térmico com os corpos que o rodeiam a sua emissividade é igual à sua absortividade (Nota: a
noção de equilibrio térmico é aqui muito importante porque, enquanto a absortividade é
fortemente dependente da temperatura da fonte, a emissividade é função da temperatura do
corpo; no entanto, para qualquer corpo à superfície da terra, a diferença de temperatura que
possa existir entre esse corpo e a vizinhança permite aplicar na mesma a lei de Kirchoff). Já
será diferente se a radiação que atinge o corpo for proveniente do sol, porque este está a uma
temperatura de cerca de 5800 K. Assim, para vários materiais há valores tabelados da sua
absortividade solar, αs, e da sua emissividade, ε, e esses valores são necessariamente
diferentes.

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Tabela 3.3 - Comparação da absortividade solar de algumas superfícies com a sua


emissividade à temperatura ambiente (Çengel, 2003).

3.3 Troca de calor por radiação entre duas superfícies

No ponto anterior referiu-se a Lei de Stefan - Boltzmann como sendo a equação básica para
o cálculo da potência emissiva de um corpo negro a uma determinada temperatura.
Relembrando a equação (3.10):

Eb (T ) = σ T 4 (W m ) 2
(3.10)

Então a potência térmica transferida por radiação é:

qb = A σ T 4 (W) (3.18)

em que:
qb potência térmica transferida pelo corpo negro por radiação(W)
A área da superfície do corpo(m2)
σ constante de Stefan-Boltzmann = 5,675x10-8 (W/m2K4)

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T temperatura absoluta a que se encontra o corpo negro (K)

Para um corpo não negro com ε < 1, a potência térmica transferida é:

q = Aε σ T 4 (W) (3.19)

Considere-se agora a troca de calor por radiação entre superfícies, mais especificamente, o
caso de um pequeno objecto cinzento de área A1 (m2) e à temperatura T1 colocado no interior
de uma grande cavidade à temperatura T2.

A energia emitida por radiação pelo pequeno objecto para a cavidade envolvente é:

q1 = A1 ε1 σ T14 (3.20)

A energia absorvida pelo pequeno objecto, vinda da superfície envolvente é:

q2 = A1 α1−2 σ T24 (3.21)

em que α1-2 é a absortividade do pequeno objecto para a radiação proveniente da superfície


envolvente que está a T2.

Destas duas quantidades de energia de radiação, q1 e q2, resulta um ganho ou uma perda
líquida de calor:

• Se q1 > q2, então o corpo está a emitir mais do que aquilo que absorve. O corpo está a
arrefecer e, para se manter à temperatura T1 , é preciso fornecer-lhe energia;
• Se q1 < q2, o corpo está a emitir menos do que aquilo que absorve. O corpo está a aquecer
e, para se manter à temperatura T1 é preciso retirar-lhe energia.

A taxa líquida de calor do pequeno corpo será então:

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 53


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(
qrad = A1 ε1 σ T14 − A1 α1− 2 σ T24 = A1 σ ε1 T14 − α1−2 T24 ) (3.22)

Para cálculos de engenharia e tendo em conta a lei de Kirchoff (α1−2 = ε1 = ε ) , em geral usa-

se a seguinte expressão simplificada:

(
qrad = A1 σ ε T14 − T24 ) (3.23)

em que ε é a emissividade do pequeno objecto a T1.

Exemplo 1
Um pequeno tubo de metal oxidado com diâmetro exterior de 0,0254 m e comprimento 0,61
m é colocado dentro de uma grande fornalha de paredes de tijolo refractário. A superfície
exterior do tubo é mantida a 588 K e o recinto da fornalha está a 1088 K. A emissividade do
tubo é 0,46 a 588 K. Calcule o calor transferido por radiação para o tubo.

Resolução: Como se trata de um pequeno corpo num grande espaço pode-se aplicar a
equação (3.23)

A1 =π D L = π*0,0254*0,61 = 0,0487 m2

qrad = 0,0487*0,46*5,676 x 10-8* (5884-10884) = -1628 W

Este valor negativo significa que o tubo absorve mais energia de radiação do que aquela que
emite, resultando isto num ganho efectivo de calor. Se se quiser manter o tubo em condições
isotérmicas, tem que se lhe retirar exactamente 1628 W. Isto pode ser conseguido fazendo
circular água fria dentro do tubo, que irá aquecer à custa do calor ganho pela parede do tubo.

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3.4 Transferência de calor por radiação e convecção

Em geral a transferência de calor por radiação é acompanhada por transferência de calor por
convecção, a não ser que a superfície de onde provém a radiação esteja no vazio. Deste modo
a potência térmica total transferida será:

q = qrad + qconv (3.24)

com:

qconv = hc A1 (T1 − T2 ) (3.25)

e, em que:

qconv potência térmica transferida por convecção [W]


hc coeficiente de transferência de calor por convecção [W/(m2.K)]
T1 temperatura da superfície [K]
T2 temperatura do fluido envolvente e da cavidade [K]

A potência térmica transferida por radiação é dada por:

qrad = hr A1 (T1 − T2 ) (3.26)

Assim, para calcular a potência térmica total obtem-se:

q = qrad + qconv = ( hr + hc ) A1 (T1 − T2 ) (3.27)

A equação (3.27) só é válida se a temperatura da cavidade que envolve a superfície


considerada, for a mesma do fluido envolvente. Como já foi referenciado na secção anterior, a
transferência de calor por radiação estudada ocorre entre um pequeno objecto e a cavidade
que o envolve.

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 55


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Na equação (3.26), o valor de hr ou é um dado do problema ou é obtido a partir da igualdade


entre as equação (3.23) e (3.26). O resultado obtido é:

T14 − T24
hr = ε σ (3.28)
T1 − T2

Exemplo 2
Recalcule a potência térmica transferida para o tubo apresentado no Exemplo 1, mas
considere agora que também existe convecção natural dentro da fornalha sendo

hc = 15,64 W/m 2 K .

Resolução: Pela equação (3.25) calcula-se a potência térmica transferida por convecção:

qconv = 15,64*0,0487*(588-1088) = -380,8 W

A potência térmica total é:

q = qconv+qrad = -1628 + (-380,8) = -2009 W

Como se pode observar, quando a convecção natural é considerada, a transferência de calor


para o tubo passa de 1628 W para 2009 W. No entanto, devido à grande diferença de
temperaturas que existe o fenómeno principal de transferência de calor é a radiação.

Nota: podia-se também ter calculado hrad recorrendo à equação (3.28). O resultado era o
mesmo:

hr = 0, 46 × 5, 676 × 10−8
( 588 4
− 10884 )
= 66.9 W/m2.K
588 − 1088

( )
q = hc + hr A1 (T1 − T2 ) = (15,64 + 66.9)*0,0487*(588-1088) = -2010 W

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 56


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4. Transferência de calor por convecção forçada

4.1. Introdução – Análise dimensional

A quantidade de calor transferida por unidade de tempo e por unidade de área é afectada pelas
variáveis:

q Q n
= v n1 Ln2 µ n3 ρ n4 k n5 c p n6 ∆T n7 ( β g ) 8 (4.1)
A tA

em que:
Q quantidade de energia
v velocidade média do fluido
L dimensão característica do espaço onde circula o fluido
µ viscosidade do fluido
ρ massa volúmica do fluido
k condutividade térmica do fluido
cp calor específico do fluido
∆T diferença de temperaturas no interior do fluido
1 dV
β coeficiente de dilatação térmica: β = (K-1 ou ºC-1)
V dT
V volume por unidade de massa do fluido: V = 1/ρ (m3/kg)
g aceleração da gravidade

Utilizando as seguintes grandezas base para a análise dimensional:

Q – energia; t - tempo; L – comprimento; M – massa; T - temperatura

a equação (4.1) pode escrever-se do seguinte modo:

−1 n1 n3 −3 n4 n5 n6 n8
QL−2t −1 ( Lt ) Ln2 ( Mt −1 L−1 ) ( ML ) ( Qt L T −1 )
−1 −1
( QM T −1 ) T n7 ( Lt −2T −1 )
−1
(4.2)

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A coerência dimensional entre ambos os membros da equação (4.2) implica a escrita das
seguintes igualdades para cada uma das grandezas base escolhidas:

Q: 1 = n 5 + n 6
L: -2 = n1 + n2 – n3 – 3 n4 – n5 + n8
t: -1 = -n1 – n3 - n5 – 2 n8
M: 0 = n3 + n4 - n6
T: 0 = -n5 - n6 + n7 - n8

Pela equação (4.1) verifica-se que existem 8 variáveis e apenas há 5 equações, então é
necessário escolher 5 das variáveis (n2, n3, n4, n5, e n7, por exemplo) que serão expressas em
função das outras três (neste caso n1, n6 e n8). Obtém-se o seguinte sistema de equações:

n5 = 1 − n 6
n2 = −1 + n1 + 3n8
n3 = n6 − n 1 −2n8
n4 = n 1 +2n8
n7 = 1 + n8

Substituindo o resultado anterior na equação (4.1), pode-se escrever:

q
v n1 L(
−1+ n1 + 3 n8 )
µ ( n − n − 2 n ) ρ ( n + 2 n ) k (1− n ) c p n ∆T (1+ n ) ( β g )
n8
6 1 8 1 8 6 6 8
(4.3)
A

q
Como = h , sendo h o coeficiente de transferência de calor por convecção, a expressão
A∆T
(4.3) pode ser escrita na forma:

n n n
 vL ρ   c p µ   ∆T β gL3 ρ 2 
1 6 8
hL
      (4.4)
k  µ   k   µ2 

ou

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Nu = Re n1 Pr n6 Gr n8 (4.5)

• para convecção forçada: n8 = 0


• para convecção natural: n1 = 0

Os números adimensionais mais utilizados em transferência de calor são:

hd hL
• Nº de Nusselt: Nu = ou Nu =
k k
ρ vd ρvL
• Nº de Reynolds: Re = ou Re =
µ µ
cp µ
• Nº de Prandtl: Pr =
k
v d ρ cp v L ρ cp
• Nº de Peclet: Pe = Re Pr = ou Pe =
k k
β g ∆T d 3 ρ 2 β g ∆T L3 ρ 2
• Nº de Grashof: Gr = ou Gr =
µ µ

k
=α → difusividade térmica ( m2 / s )
ρ cp

4.2 Relações empíricas para escoamento no interior de tubos

Para regime laminar (Re < 2100) e para tubos horizontais, usa-se a equação de Seader e Tate
(Geankoplis, 1993):

1 0,14
h Di  D  3  µ 
Nu = = 1.86  Re Pr i    (4.6)
k  L  µw 

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válida para (Re Pr (Di L )) > 100 , e em que h representa o coeficiente médio de transferência

de calor. Todas as propriedades físicas são avaliadas à temperatura média do fluido,


(Tbi + Tbo ) 2 , à excepção de µw, que é a viscosidade do fluido à temperatura da parede.

Em regime turbulento, pode aplicar-se a equação (Geankoplis, 1993):

0 ,14
h Di 1  µ 
Nu = = 0,027 Re 0,8 Pr 3   (4.7)
k  µw 

válida para Re > 6000, 0,7 < Pr < 16000 e (L Di ) > 60 .

Existem também equações simplificadas válidas para determinar coeficientes de transferência


de calor. Assim, para ar a 1 atm e regime turbulento pode usar-se (Geankoplis, 1993):

3,52 v 0,8 0,5 v 0,8


h= h=
Di0, 2 Di0, 2
h (W/(m2 ºC)) h (Btu/(h ft2 ºF))
v (m/s) v (ft/s)
Di (m) Di (in)

e para água, na gama de temperatura de 4-105 ºC e regime turbulento:

v 0,8 v 0 ,8
h = 1429 (1 + 0,0146 T ) h = 150 (1 + 0,011 T )
Di0, 2 Di0, 2
h (W/(m2 ºC)) h (Btu/(h ft2 ºF))
v (m/s) v (ft/s)
Di (m) Di (in)
T (ºC) T (ºF)

Para líquidos orgânicos e regime turbulento, são válidas as equações (Geankoplis, 1993):

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423 v 0,8 60 v 0,8


h= h=
Di0, 2 Di0, 2
h (W/(m2 ºC)) hL (Btu/(h ft2 ºF))
v (m/s) v (ft/s)
Di (m) Di (in)

Quando 2100 < Re < 6000 , para o cálculo do h recorre-se à Figura 4.1, que representa
  cpµ  3  µw  
2 0 ,14
 h      em função do número de Reynolds, Re, e onde G representa o
 c p G   k   µ  
 
fluxo mássico do líquido no tubo.

Figura 4.1 – Correlação para calcular o coeficiente de transferência de calor para


2100 < Re < 6000 (Geankoplis, 1993).

Para escoamento no interior de tubagens de secção recta não circular usa-se como dimensão
característica nas equações anteriores o diâmetro equivalente, Deq, definido por:

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área da secção recta


Deq = 4 (4.8)
perímetro molhado

4.3. Relações empíricas para escoamento no exterior de várias geometrias

Para a transferência de calor por convecção entre a uma placa plana de comprimento L e um
fluido com escoamento paralelo à placa, tem-se (Geankoplis, 1993):

hL 1
Nu = = 0,664 Re 0L,5 Pr 3 (4.9)
k

válida para Re L < 3 x10 5 e Pr > 0,7 (regime laminar). Para regime turbulento, isto é,

Re L > 3 x10 5 e Pr > 0,7 , deve usar-se a correlação:

hL 1
Nu = = 0,0366 Re 0L,8 Pr 3 (4.10)
k

sendo Re L = (L v ρ ) µ .

Para o caso de escoamento em torno de um cilindro com o eixo perpendicular à direcção de


escoamento, o coeficiente de transferência de calor entre o fluido e o cilindro é calculado por
(Geankoplis, 1993):

h Do 1
Nu = = C Re m Pr 3 (4.11)
k

em que Re = (Do v ρ ) µ , sendo Do o diâmetro externo do tubo e as propriedades físicas são


avaliadas à temperatura média do filme. Os valores das constantes C e m são dados na Tabela
4.1 e são válidos para Pr > 0,6.

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 62


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Tabela 4.1 – Constantes para cálculo do coeficiente de transferência de calor entre um fluido e
um cilindro com o eixo perpendicular à direcção de escoamento (equação (4.11))
(Geankoplis, 1993).
Re m C
1-4 0,330 0,989
4 - 40 0,385 0,911
3
40 – 4 x 10 0,466 0,683
4 x 103 - 4 x 104 0,618 0,193
4 x 104 – 2,5 x 105 0,805 0,0266

Para escoamento em torno de uma esfera, o coeficiente médio de transferência de calor entre
o fluido e a superfície da esfera é dado por (Geankoplis, 1993):

h Do 1
Nu = = 2 + 0,60 Re 0,5 Pr 3 (4.12)
k

e que é válida para 1 < Re < 70000 e para 0,6 < Pr < 400 . As propriedades do fluido são
avaliadas à temperatura média do filme.

4.4. Relações empíricas para escoamento cruzado sobre feixes de tubos

Quando um fluido escoa perpendicularmente a um feixe de tubos (Figura 4.2), o coeficiente


médio de transferência de calor pode ser calculado por (Geankoplis, 1993):

m
h Do v D ρ 1
Nu = = C  max o  Pr 3 (4.13)
k  µ 

em que as constantes C e m são dadas na Tabela 4.2 para feixes de tubos com mais de 10 filas
verticais na direcção do escoamento e para 2000 < Re max < 40000 . As propriedades do fluido

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 63


Transferência de Calor

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são usadas à temperatura média do filme. Remax é determinado com a velocidade máxima do
fluido, vmax.

Figura 4.2 – Nomenclatura usada para feixes de tubos: (a) feixe alinhado; (b) feixe escalonado
(Geankoplis, 1993).

Tabela 4.2 – Valores de C e m para calcular o coeficiente de transferência de calor para um


fluido a escoar perpendicularmente a um feixe de tubos com mais de 10 filas verticais na
direcção do escoamento (equação (4.13)) (Geankoplis, 1993).

Sn Sp Sn Sp Sn Sp
= = 1,25 = = 1,50 = = 2,0
Do Do Do Do Do Do

Arranjo C m C m C m
Feixe 0,386 0,592 0,278 0,620 0,254 0,632
alinhado
Feixe 0,575 0,556 0,511 0,562 0,535 0,556
escalonado

Para feixes com menos de 10 filas verticais na direcção do escoamento usam-se os factores de
correcção indicados na Tabela 4.3.

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Tabela 4.3 – Razão entre o coeficiente de transferência de calor para feixes de tubos com N
filas verticais na direcção do escoamento (hN) e o coeficiente de transferência de calor para
feixes com 10 ou mais filas verticais de (h10) (Geankoplis, 1993).

N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
hN h10 para 0,68 0,75 0,83 0,89 0,92 0,95 0,97 0,98 0,99 1,00

feixes
escalonados
hN h10 para 0,64 0,80 0,87 0,90 0,92 0,94 0,96 0,98 0,99 1,00

feixes
alinhados

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5. Transferência de calor por convecção natural

Em condições de convecção natural, o coeficiente médio de transferência de calor pode ser


calculado pela expressão (Geankoplis, 1993):

m
hL  L3 ρ 2 g β ∆T  c p µ 
Nu = =a  2
  = a (Gr Pr )m (5.1)
k  µ  k 

em que a e m são constantes cujo valor se encontra na Tabela 5.1, β é o coeficiente de


expansão volumétrica do fluido, ∆T é a diferença positiva de temperaturas entre o fluido e a
parede e Gr é o número de Grashof. As propriedades físicas são avaliadas à temperatura
média do filme. Nesta equação L representa uma dimensão característica, que varia de
significado conforme a geometria do sistema:
• para placas ou tubos verticais, L é comprimento do tubo ou altura da placa;
• para tubos horizontais a dimensão a usar é o diâmetro externo do tubo;
• para placas horizontais, L é o lado de um quadrado se se tratar de uma placa quadrada,
no caso de placas rectangulares L é a média aritmética das dimensões do rectângulo e
L = 0,9 D se for uma placa circular.

Nas Tabelas 5.2 e 5.3 apresentam-se correlações simplificadas para determinação do h em


convecção natural para ar e água e líquidos orgânicos, respectivamente.

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Tabela 5.1 – Valores das constantes a e m a usar no cálculo do coeficiente médio de


transferência de calor em convecção natural (Geankoplis, 1993):

Geometria Gr Pr a m
Placas ou cilindros verticais < 104 1,36 1/5
(L < 1 m) 104 – 109 0,59 1/4
> 109 0,13 1/3
Cilindros horizontais < 10-5 0,49 0
(Do < 0,20 m) 10-5 – 10-3 0,71 1/25
10-3 - 1 1,09 1/10
1 - 104 1,09 1/5
104 – 109 0,53 1/4
> 109 0,13 1/3
Placas horizontais: com a superfície 10 – 2 x 107
5
0,54 1/4
superior aquecida ou a superfície inferior 2 x 107 – 3 x 1010 0,14 1/3
arrefecida
Placas horizontais: com a superfície 105 – 1011 0,58 1/5
inferior aquecida ou a superfície superior
arrefecida

Tabela 5.2 – Correlações empíricas para cálculo de h em convecção natural para ar a 1 atm
(Geankoplis, 1993).

Equações
2
Geometria Gr Pr h (Btu/(h ft ºF)) h (W/(m2 K))
L ou D (ft) L ou D (m)
∆T (ºF) ∆T (K)
Placas e tubos 104 - 109 1 1
h = 0,28 (∆T L ) 4 h = 1,37 (∆T L ) 4
verticais
> 109 1 1
h = 0,18 (∆T ) 3 h = 1,24 (∆T ) 3
3 9
10 - 10 1 1
h = 0,27 (∆T D ) 4 h = 1,32 (∆T D ) 4
9
> 10 1 1
h = 0,18 (∆T ) 3 h = 1,24 (∆T ) 3
5 7
Placas horizontais: 10 - 2 x 10 1 1
h = 0,27 (∆T L ) 4 h = 1,32 (∆T L ) 4
com a superfície 7 10
2 x 10 - 3 x 10 1 1
superior aquecida ou a h = 0,22 (∆T ) 3 h = 1,52 (∆T ) 3

superfície inferior
arrefecida
Placas horizontais: 3 x 104 – 3 x1010 1 1
h = 0,12 (∆T L ) 4 h = 0,59 (∆T L ) 4
com a superfície
superior aquecida ou a
superfície inferior
arrefecida

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Tabela 5.3 - Correlações empíricas para cálculo de h em convecção natural para água e
líquidos orgânicos aplicadas a placas e tubos verticais (Geankoplis, 1993).

Equações
2
Fluido Gr Pr h (Btu/(h ft ºF)) h (W/(m2 K))
L ou D (ft) L ou D (m)
∆T (ºF) ∆T (K)
Água a 70ºF (294 K) 104 - 109 1 1
h = 26 (∆T L ) 4 h = 127 (∆T L ) 4

Liquidos orgânicos a 104 - 109 1 1


h = 12 (∆T L ) 4 h = 59 (∆T L ) 4
70ºF (294 K)

A convecção natural também pode ocorrer em espaços fechados como, por exemplo, entre
duas placas verticais de altura L e separadas entre si por uma distância δ, ou em espaços
anulares de espessura δ. Neste caso, o número de Grashof é definido por:

δ 3 ρ 2 g β (T1 − T2 )
Gr = (5.2)
µ2

em que T1 e T2 são as temperaturas das duas superfícies e o número de Nusselt por:


Nu = (5.3)
k

As propriedades físicas são avaliadas à temperatura média entre T1 e T2. Na Tabela 5.4 são
apresentadas várias correlações para o cálculo do coeficiente de transferência de calor.

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Tabela 5.4 - Correlações empíricas para cálculo de h em convecção natural em espaços


fechados (Geankoplis, 1993)

Fluido Geometria Gr Pr Equações


Gases Placas verticais Gr Pr < 2 x 10 3 Nuδ = 1
(L/δ > 3) e
espaços anulares 2 x 103 < Gr Pr < 2 x 105 (Gr Pr ) 4
1

Nuδ = 0,20
( L δ ) 19
2 x 10 5 < Gr Pr < 2 x 10 7 ( Gr Pr ) 3
1

Nuδ = 0,073
( L δ ) 19
Líquidos Placas verticais Gr Pr < 1 x 10 3 Nu δ = 1
(L/δ < 3) e
1 x 10 3 < Gr Pr < 1 x 10 7 (Gr Pr ) 4
1
espaços anulares Nuδ = 0,28
(L δ ) 1 4
Gases Placas horizontais 7 x 10 3 < Gr Pr < 3 x 10 5 1
Nu δ = 0,21 (Gr Pr ) 4
com a superfície
inferior mais Gr Pr > 3 x 10 5 Nu δ = 0,061 (Gr Pr ) 3
1

quente do que a
superior
Líquidos Placas horizontais 1,5 x 10 5 < Gr Pr < 1 x 10 9 1
Nu δ = 0,069 (Gr Pr ) 3 Pr 0 , 074
com a superfície
inferior mais
quente do que a
superior

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6. Condensação e Ebulição

6.1 Condensação

A condensação envolve mudança de fase de vapor para líquido e ocorre sempre que um vapor
saturado entra em contacto com uma superfície cuja temperatura está abaixo da temperatura
de saturação. Deste modo, ocorre transferência de calor do vapor saturado para a superfície
fria, sendo os coeficientes de transferência de calor muito elevados, uma vez que a mudança
de fase envolve sempre grandes taxas de transferência de energia.

O vapor condensa junto à superfície com a qual contacta, seja ela horizontal ou vertical,
formando-se um filme de condensado que escoa através da superfície por acção da gravidade.
Quando isto acontece diz-se que ocorre condensação em filme.

Pode ocorrer também, embora seja menos comum, condensação em gotas quando se formam
gotas de líquido saturado junto à superfície fria. Essas gotas crescem, juntam-se e também
começam a escorrer através da superfície sendo, por isso, complicado manter condições de
condensação em gotas. Este tipo de condensação ocorre quando a superfície fria é muito
polida ou é revestida por um metal nobre como, por exemplo, o ouro. Também se consegue
promover este tipo de condensação quando no vapor que condensa existem vários tipos de
promotores como, por exemplo, ácidos gordos. Na condensação em gotas há uma grande área
da superfície que está directamente exposta ao vapor e, por isso, não havendo resistência do
filme, há grandes taxas de transferência de calor envolvidas. Este facto conduz a coeficientes
de transferência de calor muito elevados e cerca de 5 a 10 vezes maiores do que os que
ocorrem na condensação em filme.

Apenas se apresentam as correlações usadas para o caso da condensação em filme, visto ser
este tipo o mais comum.

6.1.1 Placa ou tubo vertical

O número de Reynolds do condensado é definido do seguinte modo:

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4m
Re = (tubo vertical de diâmetro D)
π D µL

4m
Re = (placa vertical de largura w)
w µL

em que m representa o caudal de condensado na parte mais baixa da superfície condensadora.

Se Re < 1800, usa-se a seguinte equação para calcular o coeficiente de transferência de calor
(Geankoplis, 1993):

1
hL  ρ ( ρ − ρ ) g λ L3  4
Nu = = 1,13  l l v  (6.1)
kl
 (
 µl kl Tsat − Tp 
 )

em que ρl e ρv são, respectivamente, as massas volúmicas do líquido condensado e do vapor,


µl é a viscosidade do condensado, kl é a condutividade térmica do líquido condensado, λ é o
calor latente de vaporização, Tp é a temperatura da parede e Tsat é a temperatura de saturação.
As propriedades físicas são avaliadas à temperatura média do filme (média aritmética entre Tp
e Tsat), à excepção de λ e ρv.

Para regime turbulento (Re > 1800), usa-se a equação (Geankoplis, 1993):

1
hL  g ρl2 L3  3
= 0 , 0077  Re0 ,4 (6.2)
 µ 2 
Nu =
kl  l 

6.1.2. Tubo horizontal

Para condensação no exterior de um tubo horizontal, o cálculo do coeficiente de transferência


de calor em regime laminar é feito pela expressão (Özişik, 1990):

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1
h Do  ρ ( ρ − ρ ) g λ D3  4
Nu = = 0 , 725  l l v o  (6.3)
kl
 (
 µl kl Tsat − Tp  )

Se a condensação ocorrer no exterior de uma fila vertical com N tubos horizontais, o


coeficiente médio de transferência de calor em regime laminar é dado por (Geankoplis, 1993):

1
h Do  ρ ( ρ − ρ ) g λ D3  4
Nu = = 0 , 725  l l v o  (6.4)
kl
 (
 N µl kl Tsat − Tp 
 )

6.2. Ebulição em vaso aberto

A transferência de calor que envolve a mudança de fase de um líquido saturado para vapor é
um mecanismo que ocorre com muita frequência em vários processos de Engenharia Química,
nomeadamente na evaporação, na destilação e em muitos outros.

Na ebulição, a temperatura a que se dá a mudança de fase corresponde à temperatura de


saturação do líquido à pressão do sistema. As superfícies de aquecimento podem ser várias:
- resistências eléctricas,
- superfícies aquecidas por fluidos que condensam do lado interior.

O processo de ebulição é um fenómeno complexo e aqui apenas se vai estudar aquele que
ocorre dentro de um vaso cheio com um determinado fluido onde é colocado um meio de
aquecimento que pode ser, por exemplo, uma resistência eléctrica ou um tubo aquecido.

Foram feitos ensaios experimentais, usando água a 100ºC num vaso aberto (P = 1 atm) onde
se colocou uma resistência eléctrica. Para várias temperaturas da resistência, Tp, mediu-se o
fluxo de calor q A , a diferença de temperatura ∆T = T p − 100 e o valor do coeficiente de

transferência de calor, h. Os resultados obtidos vêm apresentados na Figura 6.1, que


representa a variação de q A com ∆T. Nesta figura podem-se distinguir várias fases no
processo de ebulição.

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Figura 6.1 - Fluxo de calor versus ∆T = T p − 100 para a água à pressão de 1 atm (Geankoplis,

1993).

Poder-se-ia também apresentar a curva de h versus ∆T que teria aproximadamente a mesma


forma da Figura 6.1. Nesse caso, os valores de h no início da região B (região nucleada)
variam entre 5700 - 11400 W/m2 K, e no fim desta região forma-se um pico que corresponde
a um valor de h de cerca de 57000 W/m2 K. Estes valores são de tal maneira elevados que
representam, em geral, uma pequena resistência à transferência de calor.

Relativamente á Figura 6.1, verificam-se as seguintes fases no processo de ebulição:

Fase A - ∆T < 5ºC (região de convecção natural): nesta fase formam-se quantidades muito
pequenas de bolhas de vapor que se libertam da superfície quente, mas que não afectam a
convecção natural. Deste modo as correlações a usar para determinação de h são as
apresentadas para convecção natural (equação (5.1) ou as equações simplificadas apresentadas
na tabela 5.3).

Fase B - 5 ºC < ∆T < 25ºC (região de ebulição nucleada): a taxa de formação de bolhas
aumenta muito e, portanto, a velocidade de agitação do líquido também. O coeficiente de
transferência de calor , h, aumenta muito rapidamente e, nesta região, é proporcional a ∆T 2 e

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a ∆T 3. Existem equações simplificadas que permitem calcular h para a água à pressão de 1


atm, no caso de ebulição nucleada sobre superfícies submersas, que no Sistema Internacional
de Unidades são as seguintes (Geankoplis, 1993):

• Para superfícies horizontais:

1
h = 1043 ∆T 3 para q A ( kW m 2 ) < 16 (6.5)

h = 5,56∆T 3 para 16 < q A ( kW m 2 ) < 240 (6.6)

• Para superfícies verticais:

1
h = 537 ∆T 7 para q A ( kW m 2 ) < 3 (6.7)

h = 7 ,95∆T 3 para 3 < q A ( kW m 2 ) < 63 (6.8)

onde ∆T = Tp - Tsat. Se a pressão p for diferente de 1atm, deve-se multiplicar os valores de h


obtidos pelas equações (6.5) a (6.8) por (p/1)0.4.

Fase C – (região de transição): as bolhas de vapor formam-se tão rapidamente que tendem a
juntar-se formando assim um filme de vapor sobre a superfície de aquecimento. Aumentando
o valor de ∆T, aumenta a espessura desse filme de vapor o que provoca uma diminuição do
fluxo de calor, q A e de h.

Fase D – (ebulição em filme ou pelicular): caracteriza-se por uma zona em que q A se


mantém praticamente constante com o aumento de ∆T e próximo do valor mínimo atingido
na fase C. Isto acontece porque o filme de vapor formado continua a recobrir a superfície de
aquecimento. Esta fase é a região de ebulição em filme ou pelicular estável. Para valores de
∆T mais elevados, verifica-se uma aumento de q A devido ao facto da temperatura da

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superfície ser de tal maneira elevada, que o efeito de radiação passa a ter influência no fluxo
de calor transferido para a água através do filme de vapor.

Para a região de ebulição em filme estável, Bromley propôs a seguinte equação para calcular
o coeficiente médio de transferêcia de calor, h0, em torno de um cilindro horizontal e na
ausência de radiação (Özişik, 1990):

1
 k 3 ρ ( ρ − ρ ) g λ  0 , 4 c pv (Tp − Tsat )   4

h0 = 0 , 62  v v l v
1 +  (6.9)
 µv Do (Tp − Tsat )  λ 


Nesta equação as propriedades físicas do vapor são estimadas à temperatura média

( (T p )
+ Tsat ) 2 . Os valores de λ e das propriedades físicas do líquido são determinadas à

temperatura de saturação, Tsat.

Quando os efeitos da radiação se tornam importantes, então o coeficiente médio de


transferência, hm, pode ser calculado pela expressão (Özişik, 1990):

1
h  3
hm = ho  o  + hr (6.10)
 hm 

Na equação anterior hr é o coeficiente de transferência de calor por radiação, que é dado por:

hr =
1 σ Tp4 − Tsat
4
( ) (6.11)
1 ε + 1 α − 1 Tp − Tsat

em que:
α absortividade do líquido
ε emissividade do tubo quente
σ constante de Stefan-Boltzmann ( σ = 5,676 x 10-8 W /m2 K4)

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Se hr < h0 a equação (6.11) pode ser substituída por (Özişik, 1990):

3
hm = h 0 + hr (6.12)
4

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7. Permutadores de Calor

Um permutador de calor é um equipamento que permite realizar a transferência de calor entre


dois ou mais fluidos que se encontram a temperaturas diferentes. A maioria dos permutadores
são projectados e construídos por empresas especializadas, que desenvolveram a tecnologia
para os seus próprios produtos, baseados em testes experimentais. No projecto de um
permutador há que ter em conta os efeitos da transferência de calor entre os fluidos e das
perdas de carga que estes sofrem ao atravessar o permutador.

Os permutadores de calor aparecem em muitos processos industriais, como por exemplo:


• na geração de energia;
• em sistemas de ar condicionado;
• em sistemas de recuperação de calor;
• associados a colunas de destilação.

Nesta secção vão ser apresentados os principais tipos de permutadores de calor e a seguir
discute-se a distribuição de temperaturas nos permutadores. Depois trata-se do coeficiente
global de transferência de calor e apresenta-se o uso da média logarítmica da diferença de
temperatura na análise de permutadores de calor. Finalmente, estudam-se com mais pormenor
os seguintes tipos de permutadores: de tubos concêntricos, de fluxo cruzado, de carcaça e
tubos e de placas.

7.1. Classificação dos permutadores de calor

Os permutadores de calor podem ser construídos em várias configurações, tipos e tamanhos.


Existe uma enorme variedade destes equipamentos, pelo que se torna importante a sua
classificação. De acordo com Özişik (1990), os permutadores podem ser classificados
dependendo do processo de transferência de calor, de acordo com a sua compacticidade, pelo
tipo de construção, pela disposição das correntes e de acordo com os mecanismos de
transferência de calor envolvidos.

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Transferência de Calor

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Assim, considerando o processo de transferência de calor, podem encontrar-se:


• permutadores de contacto directo, como o representado na Figura 7.1. Nesta coluna o
vapor é introduzido na parte inferior, em contracorrente com o líquido frio, que entra no topo
da coluna. O produto condensado mais o líquido são recolhidos na base da coluna.

• permutadores de contacto indirecto, nos quais os fluidos quente e frio estão separados por
uma superfície sólida como, por exemplo, nos permutadores de tubos concêntricos (Figura
7.2). Estes são formados por dois tubos de diâmetros diferentes, sendo o mais pequeno
inserido coaxialmente no interior do maior. Um dos fluidos vai circular no tubo interior e
outro no espaço anular, não havendo qualquer mistura entre eles.

Purga

Líquido Pratos
frio

Vapor

Produto

Figura 7.1 – Permutador de calor de contacto directo (Hewitt et al, 1994).

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Transferência de Calor

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Fluido frio

Fluido quente Fluido quente

Fluido frio

Figura 7.2 – Permutador de tubos concêntricos com correntes paralelas.

Considera-se que um permutador é compacto quando a razão entre a área da superfície de


transferência de calor e o seu volume é superior a 700 m2/m3. A este tipo de permutadores
estão sempre associadas superfícies alhetadas (extenções de superfície que têm por objectivo
aumentar a área da superfície de transferência de calor), como se pode ver nos exemplos da
Figura 7.3.

(a) (c)
(b)

Figura 7.3 – Permutadores compactos (Özişik, 1990).

Relativamente ao tipo de construção podem encontrar-se:


• permutadores tubulares, de que são exemplos o permutador de tubos concêntricos (Figura
7.2) e o permutador de carcaça e tubos (Figura 7.4). Este último tipo de permutador consiste
num feixe de tubos de secção circular, que está inserido no interior de uma carcaça (ou
invólucro). As extremidades dos tubos são ajustadas nas chamadas placas de tubos ou

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 79


Transferência de Calor

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espelhos, que também estabelecem a separação entre o fluido que circula na carcaça e o que
percorre os tubos. Usam-se chicanas no lado do invólucro, para dirigir o fluido em
escoamento cruzado relativamente aos tubos e para apoio destes.

• permutadores de placas, como o representado na Figura 7.5. Consiste num empilhamento


de placas de metal finas com junta de vedação e com aberturas para entrada/saída dos fluidos,
apertadas conjuntamente num quadro. Cada par de placas adjacentes no permutador forma um
canal através do qual escoa um dos fluidos. Uma junta fina veda as placas a toda a volta das
suas bordas, evitando assim a mistura dos fluidos e possíveis fugas. Os fluidos quente e frio
escoam em passagens alternadas, e o calor é transferido do fluido quente para o frio através da
placa metálica que os separa.

Saída do fluido Saída do fluido


que circula nos tubos que circula na carcaça

Chicana Cabeça

Tubos Carcaça
Cabeça
Placa de tubos Entrada do fluido Entrada do fluido
que circula na carcaça que circula nos tubos

Figura 7.4 – Permutador de carcaça e tubos com uma passagem na carcaça e uma passagem
nos tubos (Özişik, 1990).

• permutadores de placas alhetadas, de que é um exemplo o permutador representado na


Figura 7.3(b). O elemento básico deste equipamento é formado por duas placas planas no
interior das quais existe uma chapa ondulada sendo, em geral, o conjunto soldado. São usados
em transferência de calor entre duas correntes gasosas, desde que a pressão de operação não
seja superior a 10 atm e a temperatura não ultrapasse os 800ºC.

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 80


Transferência de Calor

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• permutadores de tubos alhetados, como os apresentados nas Figuras 7.3(a) e 7.3(c). O


permutador da Figura 7.3(a) é constituído por um feixe de tubos de secção transversal circular
com alhetas anulares e o da Figura 7.3(c) é formado por um conjunto de tubos achatados com
alhetas rectangulares.

• regeneradores, que funcionam de um modo diferente dos permutadores até aqui


apresentados. Basicamente, neste tipo de equipamento o calor é transferido do fluido quente
para uma matriz sólida. Seguidamente, o fluido quente é retirado e substituído pelo fluido frio,
que é aquecido quando em contacto com a matriz sólida.

Cobertura
fixa

Placas alternadas
(alguns detalhes)

Uma passagem para


cada um dos fluidos

Duas passagens Três passagens

Figura 7.5 – Permutador de placas (Hewitt et al,1994).

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Transferência de Calor

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Quanto à disposição das correntes, podem encontrar-se permutadores:


• de correntes paralelas (ou em co-corrente) em que, de acordo com o esquema apresentado
na Figura 7.2, ambos os fluidos entram pelo mesmo lado no permutador. No permutador de
carcaça e tubos da Figura 7.4, as correntes circulam em co-corrente.

• em contracorrente, em que de acordo com o esquema representado na Figura 7.6, os


fluidos entram por lados opostos no permutador;

• correntes cruzadas, em que os fluidos escoam perpendicularmente um em relação ao outro


(esquema apresentado na Figura 7.7). Nos permutadores da Figura 7.3, as correntes circulam
em escoamento cruzado;

• com várias passagens, como acontece, por exemplo, nos permutadores de carcaça e tubos
com várias passagens nos tubos. No esquema apresentado na Figura 7.8, o fluido quente entra
para os tubos da parte superior do feixe, percorre o seu comprimento, inverte a sua direcção
de escoamento e depois passa nos tubos da parte inferior do feixe. Trata-se de um permutador
do tipo 1-2, com uma passagem na carcaça e duas passagens nos tubos.

Fluido frio

Fluido quente Fluido quente

Fluido frio

Figura 7.6 – Esquema de um permutador com escoamento em contracorrente.

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Transferência de Calor

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Fluido quente

Fluido frio Fluido frio

Fluido quente

Figura 7.7 – Esquema de um permutador de correntes cruzadas.

Fluido frio

Fluido quente

Fluido quente

Fluido frio

Figura 7.8 – Esquema de um permutador com uma passagem na carcaça e duas passagens nos
tubos.

Relativamente à transferência de calor que pode ocorrer em permutadores de calor,


encontram-se as seguintes possibilidades:
• convecção forçada ou convecção natural (transferência de calor sensível);
• ebulição e condensação (transferência de calor latente);
• radiação ou convecção e radiação combinadas.

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 83


Transferência de Calor

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De notar que nos permutadores de contacto indirecto existe transferência de calor por
condução através das paredes que separam os fluidos.

7.2. Distribuição de temperaturas nos permutadores de calor

Nos permutadores de calor, o fluido frio recebe calor que é cedido pelo fluido quente. Assim,
ao longo do permutador a temperatura dos fluidos vai variando, excepto no caso em que
existe mudança de fase. A Figura 7.9 mostra possíveis perfis de temperatura dos fluidos
quente e frio em permutadores com uma só passagem, em que Tqe e Tqs são, respectivamente,
as temperaturas do fluido quente à entrada e à saída do permutador, e Tfe e Tfs são as
temperaturas referentes ao fluido frio.

Nas Figuras 7.9(a) e 7.9(b) o fluido quente cede calor ao fluido frio, não havendo mudança de
fase. Assim, a temperatura do fluido quente diminui à medida que avança no permutador,
enquanto que a do fluido frio aumenta. Relativamente à Figura 7.9(c), verifica-se que a
temperatura do fluido quente se mantém inalterada ao longo do permutador, pois este entra
como vapor saturado e sai do permutador como líquido saturado (sofre condensação). O
fluido frio recebe o calor fornecido pelo fluido quente, verificando-se que a sua temperatura
aumenta desde o ponto de entrada até à saída do permutador. Na Figura 7.9(d) o fluido quente
cede calor ao fluido frio e a sua temperatura diminui desde a entrada até à saída. Por seu lado,
o fluido frio mantém a sua temperatura constante, porque é alimentado ao permutador como
líquido saturado e sai como vapor saturado (sofre ebulição).

A Figura 7.10 mostra um exemplo dos perfis de temperatura dos fluidos que circulam num
permutador de carcaça e tubos, com uma passagem na carcaça e duas passagens nos tubos. A
Figura 7.11 representa a distribuição de temperaturas num permutador de escoamento cruzado
como, por exemplo, o apresentado na Figura 7.3(c). Tanto o fluido quente como o fluido frio
entram no permutador a temperaturas uniformes, mas à saída verifica-se uma variação na
temperatura de saída com a posição no permutador. Isto deve-se ao facto de ambos os fluidos
circularem em secções separadas, o que não permite a sua mistura.

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 84


Transferência de Calor

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Tqe Tqe
Tfs
Tqs
Tqs
Tfs

Tfe Tfe

Distância à entrada Distância à entrada

(a) Escoamento em paralelo (b) Escoamento em contracorrente

Tqe Tqe
Tqs

Tfs

Tqs

Tfe Tfe Tfs

Distância à entrada Distância à entrada

(c) Condensação (d) Ebulição

Figura 7.9 – Perfis de temperaturas em permutadores com uma só passagem.

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Transferência de Calor

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Tqe
ç a
Carca Tfs
Tqs
s
T u bo

Tfe

Distância à entrada

Uma passagem na carcaça e duas passagens nos tubos

Figura 7.10 – Perfis de temperatura num permutador de carcaça e tubos com uma passagem
na carcaça e duas passagens nos tubos.

Fluido quente
Fluido frio

Correntes cruzadas

Figura 7.11 – Distribuição das temperaturas dos fluidos quente e frio num permutador de
correntes cruzadas.
7.3. Equação de projecto para permutadores de calor - o coeficiente global de
transferência de calor

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A equação geral de projecto para transferência de calor aplicada a um permutador de calor é:

q = U A ∆Tmédia (7.1)

em que q é a potência térmica, U é o coeficiente global de transferência de calor do


permutador, A é a área da superfície de transferência de calor e ∆Tmédia é a média da diferença

de temperatura entre os fluidos, uma vez que a diferença de temperatura entre eles, Tq − T f , ( )
varia com a posição no permutador de calor, conforme já foi apresentado na secção 7.2.

Para um permutador tubular com tubos lisos, o coeficiente global de transferência de calor
pode ser baseado na área externa da superfície de transferência de calor, Ae, ou na área
interna, Ai, e está relacionado com a resistência total à transferência de calor, Rt, pela
equação:

1 1 1 ∆x 1
Rt = = = + + + R fi + R fe (7.2)
U e Ae U i Ai hi Ai k p Alm he Ae

em que:
Alm área média logarítmica ( Alm = ( Ae − Ai ) ln ( Ae Ai ) ) ;

hi, he coeficientes peliculares de transferência de calor para os fluidos no interior e no


exterior do tubo, respectivamente;
kp condutividade térmica da parede do tubo;
Rfi, Rfe resistências térmicas de sujamento associadas à parede interior e à parede exterior do
tubo, respectivamente;
Ui , Ue coeficientes globais de transferência de calor baseados nas áreas das superfícies de
transferência de calor interna e externa, respectivamente;
∆x espessura da parede do tubo.

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Quando o coeficiente global de transferência de calor do permutador é baseado na área


externa da superfície de transferênca de calor e se Rfi e Rfe forem consideradas nulas, Ue é
dado por:

1 1
Ue = = (7.3)
( )
Ae Rt ( Ae / Ai )(1/ hi ) + ( Ae / Alm ) ∆x / k p + (1/ he )

De forma idêntica, Ui é calculado pela equação:

1 1
Ui = = (7.4)
( )
Ai Rt ( Ai / Ae )(1/ he ) + ( Ai / Alm ) ∆x / k p + (1/ hi )

Na Tabela 7.1 apresentam-se valores típicos do coeficiente global de transferência de calor


para vários tipos de permutadores, que podem ser usados no dimensionamento preliminar
destes equipamentos.

Tabela 7.1 – Valores do coeficiente global de trasferência de calor para vários tipos de
permutadores (Walas, 1988).

Equipamento Processo U (Btu/(h ft2 ºF))

Permutador de carcaça e tubos gás (1 atm) – gás (1 atm) 1-6


gás (250 atm) – gás (250 atm) 25-50
líquido – gás (1 atm) 2-12
líquido – gás (250 atm) 35-70
líquido – líquido 25-200
Permutador de duplo tubo gás (1 atm) – gás (1 atm) 2-6
gás (250 atm) – gás (250 atm) 25-90
líquido – gás (250 atm) 35-100
líquido – líquido 50-250
Permutador de placas água – gás (1 atm) 3-10
água – líquido 60-200
Permutador de placas em espiral líquido – líquido 120-440
líquido – vapor condensante 160-600
Permutador compacto gás (1 atm) – gás (1 atm) 2-6
gás (1 atm) – líquido 3-10

Na equação (7.2) tomou-se em consideração as resistências térmicas do sujamento. O


sujamento define-se como a acumulação de depósitos na superfície de transferência de calor

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 88


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devido ao seu contacto com fluidos em movimento. Hewitt et al (1994) identificaram seis
tipos de sujamento :
• sujamento por cristalização;
• sujamento particulado;
• sujamento biológico;
• sujamento por reacção química;
• sujamemto por corrosão;
• sujamento por congelação.

No caso do projecto de permutadores de calor, pretende-se, em geral, a determinação da área


da superfície de transferência de calor, a partir do conhecimento da potência térmica
envolvida, dos fluidos em causa e das suas temperaturas (de acordo com a especificação do
problema), dos coeficientes individuais de transferência de calor e das resistências térmicas de
sujamento. Para estimar o valor da resistência de sujamento a informação acessível é bastante
reduzida. Como exemplo, podem usar-se os dados fornecidos pela TEMA (“Tubular
Exchanger Manufacturers Association”), que são tabelas onde se pode encontrar uma gama de
valores de resistências de sujamento para diversos fluidos (Tabela 7.2).

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Tabela 7.2 – Resistências do sujamento em sistemas aquosos (Bott, 1995).

Tipo de água Resistência do


sujamento
(104 m2 K/W)
Água do mar (temperatura máxima de saída a 43ºC) 1,75-3,5
Água salobra (temperatura máxima de saída a 43ºC) 3,5-5,3
Água tratada de uma torre de arrefecimento (temperatura máx. de saída a 1,75-3,5
49ºC)
Água tratada em circuito fechado 1,75
Água do rio 3,5-5,3
Água da camisa de arrefecimento de um motor 1,75
Água condensada em circuito fechado ou água destilada 0,9-1,75
Água tratada para alimentação de caldeiras 0,9

7.4. Análise de permutadores: o uso da média logarítmica da diferença de temperaturas

Para projectar um permutador de calor ou para analisar o comportamento de um pemutador já


existente, é necessário relacionar a potência térmica em jogo com outras grandezas como as
temperaturas de entrada e saída dos fluidos, o coeficiente global de transferência de calor e a
área da superfície de transferência de calor. A aplicação de balanços de energia aos fluidos
quente e frio, permite obter duas equações que relacionam as variáveis acima referidas. Para o
caso particular de um sistema termicamente isolado (troca de calor com o exterior
desprezável), se forem desprezáveis as variações de energia cinética e potencial, se os fluidos
não experimentarem mudança de fase e se os calores específicos dos fluidos frio e quente, cpf
e cpq, respectivamente, se poderem considerar constantes, então o balanço térmico aos fluido
quente e frio, em estado estacionário, permite escrever as equações (7.5) e (7.6)

Para o fluido quente tem-se:

q = m& q c pq (Tqe − Tqs ) (7.5)

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Transferência de Calor

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Para o fluido frio tem-se:

q = m& f c pf (T fs − T fe ) (7.6)

em que:
q potência térmica;
Tqe temperatura do fluido quente à entrada;
Tqs temperatura do fluido quente à saída.
Tfe temperatura do fluido frio à entrada;
Tfs temperatura do fluido frio à saída;
m& q caudal mássico do fluido quente.

m& f caudal mássico do fluido frio;

Uma outra equação importante, é a equação (7.1) já apresentada na secção 7.3. A equação
(7.1) relaciona a potência térmica com a área da superfície de transferência de calor, A, com o
coeficiente global de transferência de calor, U, e com ∆Tmédia, que é a média da diferença de
temperatura entre os fluidos mais adequada para o permutador em questão. Este problema vai
ser abordado seguidamente.

Considere um permutador com uma passagem para ambos os fluidos, a escoarem em co-
corrente e termicamente isolado (Figura 7.12). Se dA for um elemento infinitesimal da área da
superfície de transferência de calor, então a potência térmica, dq, cedida pelo fluido quente no
elemento de área dA pode ser obtido a partir da forma diferencial das equações (7.5) e (7.6) O
resultado será dado por:

dq = − m& q c pq dTq (7.7)

A correspondente potência térmica recebida pelo fluido frio no mesmo elemento de área dA é:

dq = m& f c pf dT f (7.8)

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m& q , Tqe m& q , Tqs

m& f , Tfe m& f , Tfe


dA

Figura 7.12 – Esquema de um permutador com correntes paralelas.

em que dTq e dTf são, respectivamente, a variação infinitesimal de temperatura sofrida pelo
fluido quente e pelo fluido frio.

Por outro lado, a potência térmica transferida através do elemento de área dA é calculada por:

dq = U dA ∆T (7.9)

com ∆T = Tq − T f . A partir das equações (7.7) e (7.8) pode escrever-se:

dq
dTq = − (7.10)
m& q c pq

dq
dT f = (7.11)
m& f c pf

Assim:

 1 1 
dTq − dT f = d (∆T ) = − dq  +  (7.12)
 m& c 
 q pq m& f c pf 

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 92


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Substituindo a equação (7.9) na equação (7.12) fica:

 1 1 
d ( ∆T ) = −U dA ∆T  +  (7.13)
 m& q c pq m& f c pf 
 

Rearranjando a equação (7.13):

d (∆T )  1 1 
− =U  +  dA (7.14)
∆T  m& c 
 q pq m& f c pf 

Se se considerarem valores constantes para U, cpq e cpf no intervalo de trabalho, a equação


(7.14) pode ser integrada:

∆TII
d (∆T )  1 1 A
  dA
− ∫ ∆T
=U
 m& c
+
∫
∆TI  q pq m& f c pf 0

∆TI  1 1 
ln =U  + A (7.15)
∆TII  m& q c pq m& f c pf 
 

em que ∆TI = Tqe − T fe e ∆TII = Tqs − T fs . Agora, integrando as equações (7.7) e (7.8) obtém-

se, respectivamente:

1 Tqs − Tqe Tqe − Tqs


=− = (7.16)
m& q c pq q q

1 T fs − T fe
= (7.17)
m& f c pf q

Substituindo as equações (7.16) e (7.17) na equação (7.15) fica:

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∆TI U A U 
ln
∆TII
=
q
( Tqe − Tqs + T fs − T fe ) =
q 
(Tqe − T fe ) − (Tqs − T fs ) A (7.18)

ou:

∆TI U
ln = [∆TI − ∆TII ] A (7.19)
∆TII q

Assim:

∆TI − ∆TII
q =U A = U A ∆Tmédia (7.20)
∆TI
ln
∆TII

Então, para permutadores em co-corrente com uma passagem para cada um dos fluidos pode
escrever-se que:

∆TI − ∆TII
∆Tmédia = ∆Tlm = (7.21)
∆T I
ln
∆TII

em que ∆Tlm é, como já foi referido, a média logarítmica da diferença de temperatura.

Para permutadores com circulação em contra-corrente a equação (7.21) também é válida, mas
neste caso: ∆TI = Tqe − T fs e ∆TII = Tqs − T fe .

A média da diferença de temperatura num permutador de calor em que o escoamento se afasta


das condições de contra-corrente ou co-corrente puras, isto é, nos permutadores de carcaça e
tubos com passagens múltiplas ou em permutadores com escoamento cruzado, é calculada a
partir da equação:

∆Tmédia = ∆Tlm F (7.22)

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 94


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em que ∆Tlm é a média logarítmica da diferença de temperatura obtida em condições de


contra-corrente e F é o factor de correcção da temperatura. Demonstra-se que o factor F
depende das temperaturas dos fluidos e do tipo de permutador e é, geralmente, correlacionado
em função de dois parâmetros adimensionais, R e S, definidos por:

T1 − T2
R= (7.23)
t 2 − t1

t 2 − t1
S= (7.24)
T1 − t1

em que t se refere à temperatura do fluido que circula no interior dos tubos e os índices 1 e 2
referem-se, respectivamente, à entrada e à saída dos fluidos no permutador.

Foram desenvolvidas equações que permitem o cálculo de F, em função de R e S, para várias


configurações de permutadores de carcaça e tubos e de permutadores com escoamento
cruzado. Para o caso de um permutador de carcaça e tubos com um passagem na carcaça e
duas passagens nos tubos, o factor F pode ser calculado pela expressão (Coulson e
Richardson, 1989):

R 2 + 1 ln [(1 − S ) (1 − R S )]
F= (7.25)
 ( 2
(R − 1) ln  2 − S R + 1 − R 2 + 1 )
(
 2 − S R + 1 + R + 1 )
Para permutadores com duas passagens na carcaça e um número par de passagens nos tubos, o
factor F é dado por:

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R2 +1  1− S 
ln 
2 ( R − 1) 1 − RS 
F= (7.26)
2 2 1− S 
 −1 − R + + R2 + 1 
ln  S S 1 − RS 
2 2 1− S 2 
 S − 1 − R + S 1 − RS − R + 1 

Nas Figuras 7.13 a 7.18 apresentam-se as correlações gráficas que permitem calcular F para
permutadores de carcaça e tubos e para permutadores com escoamento cruzado.

Figura 7.13 – Factor de correcção para permutador de carcaça e tubos com uma passagem na
carcaça e duas ou mais passagens em número par nos tubos (Coulson e Richardson, 1989).

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Transferência de Calor

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Figura 7.14- Factor de correcção para permutador de carcaça e tubos com duas passagens na
carcaça e quatro ou um número múltiplo de quatro de passagens nos tubos (Coulson e
Richardson, 1989).

Figura 7.15- Factor de correcção para permutador de carcaça e tubos com fluxo dividido na
carcaça e duas ou mais passagens em número par nos tubos (Coulson e Richardson, 1989).

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Figura 7.16- Factor de correcção para permutador de carcaça e tubos com fluxo seccionado na
carcaça e duas passagens nos tubos (Coulson e Richardson, 1989).

Figura 7.17 – Factor de correcção para um permutador de fluxo cruzado, com uma passagem,
um dos fluidos misturado e o outro não misturado (Incropera e de Witt, 1992).

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 98


Transferência de Calor

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Figura 7.18 – Factor de correcção para um permutador de fluxo cruzado, com uma passagem
e ambos os fluidos não misturados (Incropera e de Witt, 1992).

Tendo em consideração tudo o que foi tratado, agora é importante aprender a fazer o projecto
de vários tipos de permutadores de calor. Este projecto, envolve o cálculo da área de
transferência de calor necessária para o aquecimento ou o arrefecimento pretendido, bem
como, o cálculo da queda de pressão para cada fluido em circulação.

Para determinar a área da superfície de transferência de calor é necessário recorrer à equação


de projecto, equação (7.1), que envolve o conhecimento prévio do coeficiente global de
transferência de calor. Este coeficiente pode ser estimado à custa de correlações empíricas
adequadas que permitam determinar os coeficientes peliculares de transferência de calor para
cada um dos fluidos.

Para a determinação da queda de pressão, parâmetro importante no projecto em causa já que


envolve custos de bombagem, recorre-se também a equações empíricas adequadas a cada caso
concreto. A seguir vai fazer-se um estudo pormenorizado de alguns dos permutadores já

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 99


Transferência de Calor

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referidos, nomeadamente, os de tubos concêntricos, os de fluxo cruzado, os de tubos carcaça e


tubos e os de placas.

7.5 Permutadores de tubos concêntricos

Para calcular o coeficiente individual de transferência de calor para os fluidos que circulam
num permutador de tubos concêntricos usam-se as correlações para convecção forçada no
interior de tubos apresentadas no Capítulo 4 desta publicação.

As perdas por atrito nos tubos do permutador, ∆p, podem ser estimadas pela equação:

−m
L v2  µ 
∆p = 4 f ρ   (7.27)
Di 2  µw 

em que:
f factor de atrito de Fanning (Figura 7.19)
v velocidade do fluido no tubo
m factor de correcção que tem em conta a variação da viscosidade com a temperatura, e que
segundo (Geankoplis, 1993) é dado por:

m = 0,17 (para aquecimento e Re > 2100)


m = 0,11 (para arrefecimento e Re > 2100)
m = 0,38 (para aquecimento e Re < 2100)
m = 0,23 (para arrefecimento e Re < 2100)

Na equação (7.27) as propriedades físicas são avaliadas à temperatura média do fluido, à


excepção de µW, que é determinada à temperatura da parede.

Para o caso do fluido no espaço anular, a dimensão característica a usar nas equações é o
diâmetro equivalente dado por:

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 100


Transferência de Calor

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Deq = 4
área da secção recta
=4
(
(π 4 ) Di2 − de2 )
= Di − de (7.28)
perímetro molhado (
π Di + d e )

em que Di é o diâmetro interno do tubo exterior e de é o diâmetro externo do tubo interior do


permutador.

Figura 7.19 - Diagrama de Moody (Genkoplis, 1993).

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 101


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7.6. Permutadores de fluxo cruzado

O coeficiente individual de transferência de calor para o fluido que circula


perpendicularmente a um feixe de tubos pode ser calculado pela equação (4.13) apresentada
no capítulo 4. A queda de pressão que o fluido sofre ao atravessar esse feixe de tubos pode ser
determinada, de acordo com Coulson e Richardson (1980), por:

1 2
(7.29)
∆p = C f N ρ vmax
6

em que:
Cf factor de atrito determinado a partir da Tabela 7.3
N número de filas verticais atravessadas pelo fluido
vmax velocidade máxima do fluido no feixe

Tabela 7.3 – Valores do factor de atrito Cf (equação (7.29) (Coulson e Richardson, 1980).

Arranjo S p = 1,25 Do S p = 1,5 Do

Cf Cf
S n = 1,25 Do Feixe alinhado 1,44 1,56

S n = 1,5 Do 0,84 0,96

S n = 1,25 Do Feixe escalonado 1,56 1,74

S n = 1,5 Do 1,10 1,16

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 102


Transferência de Calor

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7.7 Permutadores de carcaça e tubos

7.7.1 Pormenores de construção

A Tabela 7.4 mostra as dimensões de tubos BWG usados em permutadores de calor de


carcaça e tubos. Nas Tabelas 7.5 e 7.6 apresenta-se o número de tubos num permutador de
carcaça e tubos para arranjo triangular e quadrado, respectivamente.

Tabela 7.4 - Dimensões de tubos BWG usados em permutadores de calor (Kern, 1950).

Diâmetro externo (in) BWG Espessura da parede (in) Diâmetro interno (in)
½ 12 0,109 0,282
14 0,083 0,334
16 0,065 0,370
18 0,049 0,402
20 0,035 0,430
¾ 10 0,134 0,482
11 0,120 0,510
12 0,109 0,532
13 0,095 0,560
14 0,083 0,584
15 0,072 0,606
16 0,065 0,620
17 0,058 0,634
18 0,049 0,652
1 8 0,165 0,670
9 0,148 0,704
10 0,134 0,732
11 0,120 0,760
12 0,109 0,782
13 0,095 0,810
14 0,083 0,834
15 0,072 0,856
16 0,065 0,870
17 0,058 0,884
18 0,049 0,902
1¼ 8 0,165 0,920
9 0,148 0,954
10 0,134 0,982
11 0,120 1,01
12 0,109 1,03
13 0,095 1,06
14 0,083 1,08
15 0,072 1,11
16 0,065 1,12
17 0,058 1,13
18 0,049 1,15
1½ 8 0,165 1,17
9 0,148 1,20
10 0,134 1,23
11 0,120 1,26
12 0,109 1,28
13 0,095 1,31
14 0,083 1,33
15 0,072 1,36
16 0,065 1,37
17 0,058 1,38
18 0,049 1,40

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 103


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Tabela 7.5 - Número de tubos num permutador de carcaça e tubos com arranjo triangular dos
tubos (Kern, 1950).

Diâmetro 1-P 2-P 4-P 6-P 8-P Diâmetro 1-P 2-P 4-P 6-P 8-P
da da carcaça
carcaça (in)
(in)
Tubos com Do = 3/4 in e passo = 15/16 in Tubos com Do = 3/4 in e passo = 1 in
8 36 32 26 24 18 8 37 30 24 24
10 62 56 47 42 36 10 61 52 40 36
12 109 98 86 82 78 12 92 82 76 74 70
13 ¼ 127 114 96 90 86 13 ¼ 109 106 86 82 74
15 ¼ 170 160 140 136 128 15 ¼ 151 138 122 118 110
17 ¼ 239 224 194 188 178 17 ¼ 203 196 178 172 166
19 ¼ 301 282 252 244 234 19 ¼ 262 250 226 216 210
21 ¼ 361 342 314 306 290 21 ¼ 316 302 278 272 260
23 ¼ 442 420 386 378 364 23 ¼ 384 376 352 342 328
25 532 506 468 446 434 25 470 452 422 394 382
27 637 602 550 536 524 27 559 534 488 474 464
29 721 692 640 620 594 29 630 604 556 538 508
31 847 822 766 722 720 31 745 728 678 666 640
33 974 938 878 852 826 33 856 830 774 760 732
35 1102 1068 1004 988 958 35 970 938 882 864 848
37 1240 1200 1144 1104 1072 37 1074 1044 1012 986 870
39 1377 1330 1258 1248 1212 39 1206 1176 1128 1100 1078
Tubos com Do = 1 in e passo = 1 (1/4) in Tubos com Do = 1 (1/4) in e passo = 1(9/16) in
8 21 16 16 14
10 32 32 26 24 10 20 18 14
12 55 52 48 46 44 12 32 30 26 22 20
13 ¼ 68 66 58 54 50 13 ¼ 38 36 32 28 26
15 ¼ 91 86 80 74 72 15 ¼ 54 51 45 42 38
17 ¼ 131 118 106 104 94 17 ¼ 69 66 62 58 54
19 ¼ 163 152 140 136 128 19 ¼ 95 91 86 78 69
21 ¼ 199 188 170 164 160 21 ¼ 117 112 105 101 95
23 ¼ 241 232 212 212 202 23 ¼ 140 136 130 123 117
25 294 282 256 252 242 25 170 164 155 150 140
27 349 334 302 296 286 27 202 196 185 179 170
29 397 376 338 334 316 29 235 228 217 212 202
31 472 454 430 424 400 31 275 270 255 245 235
33 538 522 486 470 454 33 315 305 297 288 275
35 608 592 562 546 532 35 357 348 335 327 315
37 674 664 632 614 598 37 407 390 380 374 357
39 766 736 700 688 672 39 449 436 425 419 407
Tubos com Do = 1 (1/2) in e passo = 1 (7/8) in
12 18 14 14 12 12
13 ¼ 27 22 18 16 14
15 ¼ 36 34 32 30 27
17 ¼ 48 44 42 38 36
19 ¼ 61 58 55 51 48
21 ¼ 76 72 70 66 61
23 ¼ 95 91 86 80 76
25 115 110 105 98 95
27 136 131 125 118 115
29 160 154 147 141 136
31 184 177 172 165 160
33 215 206 200 190 184
35 246 238 230 220 215
37 275 268 260 252 246
39 307 299 290 284 275

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Tabela 7.6 - Número de tubos num permutador de carcaça e tubos com arranjo quadrado dos
tubos (Kern, 1950).

Diâmetro 1-P 2-P 4-P 6-P 8-P Diâmetro 1-P 2-P 4-P 6-P 8-P
da da carcaça
carcaça (in)
(in)
Tubos com Do = ¾ in e passo = 1 in Tubos com Do = 1 in e passo = 1 ¼ in
8 32 26 20 20 8 21 16 14
10 52 52 40 36 10 32 32 26 24
12 81 76 68 68 60 12 48 45 40 38 36
13 ¼ 97 90 82 76 70 13 ¼ 61 56 52 48 44
15 ¼ 137 124 116 108 108 15 ¼ 81 76 68 68 64
17 ¼ 177 166 158 150 142 17 ¼ 112 112 96 90 82
19 ¼ 224 220 204 192 188 19 ¼ 138 132 128 122 116
21 ¼ 277 270 246 240 234 21 ¼ 177 166 158 152 148
23 ¼ 341 324 308 302 292 23 ¼ 213 208 192 184 184
25 413 394 370 356 346 25 260 252 238 226 222
27 481 460 432 420 408 27 300 288 278 268 260
29 553 526 480 468 456 29 341 326 300 294 286
31 657 640 600 580 560 31 406 398 380 368 358
33 749 718 688 676 648 33 465 460 432 420 414
35 845 824 780 766 748 35 522 518 488 484 472
37 934 914 886 866 838 37 596 574 562 544 532
39 1049 1024 982 968 948 39 665 644 624 612 600
Tubos com Do = 1 ¼ in e passo = 1 (9/16) in Tubos com Do = 1 ½ in e passo = 1(7/8) in
10 16 12 10
12 30 24 22 16 16 12 16 16 12 12
13 ¼ 32 30 30 22 22 13 ¼ 22 22 16 16
15 ¼ 44 40 37 35 31 15 ¼ 29 29 25 24 22
17 ¼ 56 53 51 48 44 17 ¼ 39 39 34 32 29
19 ¼ 78 73 71 64 56 19 ¼ 50 48 45 43 39
21 ¼ 96 90 86 82 78 21 ¼ 62 60 57 54 50
23 ¼ 127 112 106 102 96 23 ¼ 78 74 70 66 62
25 140 135 127 123 115 25 94 90 86 84 78
27 166 160 151 146 140 27 112 108 102 98 94
29 193 188 178 174 166 29 131 127 120 116 112
31 226 220 209 202 193 31 151 146 141 138 131
33 258 252 244 238 226 33 176 170 164 160 151
35 293 287 275 268 258 35 202 196 188 182 176
37 334 322 311 304 293 37 224 220 217 210 202
39 370 362 348 342 336 39 252 246 237 230 224

7.7.2. Cálculo de perdas de carga para o fluido que circula no interior dos tubos

O fluido que circula no interior dos tubos vai sofrer uma perda de carga devido ao atrito nos
tubos, a contracções nas entradas dos tubos e expansões nas saídas, bem como nas mudanças
de direcção do escoamento. Segundo Frank, esta perda de carga, ∆pt pode ser estimada pela
equação (Coulson e Richardson, 1989):

 L µ 
−m
 ρ v2
∆pt = N p  4 f   + 2 , 5  t (7.30)
 Di  µ w   2

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em que:
f factorde atrito de Fanning (Figura 7.19)
Np número de passagens do lado dos tubos
vt velocidade do lado dos tubos
m factor de correcção que tem em conta a variação da viscosidade com a temperatura, e
que segundo Geankoplis (1993) é dado por:

m = 0,17 (para aquecimento e Re > 2100)


m = 0,11 (para arrefecimento e Re > 2100)
m = 0,38 (para aquecimento e Re < 2100)
m = 0,23 (para arrefecimento e Re < 2100)

7.7.3 Queda de pressão nas embocaduras de entrada e saída do fluido que circula nos
tubos

A queda de pressão nas embocaduras de entrada e saída do fluido que circula nos tubos do
invólucro, ∆pemb, é estimada pela equação (Coulson e Richardson, 1989):

2
vemb
∆pemb = K ρ (7.31)
2

em que:
K número de cargas cinéticas, que toma o valor de K = 1 para a entrada e K = 0,5 para a
saída.
vemb velocidade baseada na área da secção transversal da embocadura.

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7.7.4. Cálculo de perdas de carga e do coeficiente de transferência de calor para o fluido


que circula na carcaça

O cálculo do coeficiente de transferência de calor e das perdas de carga para o fluido que
circula na carcaça pelo método de Kern (Coulson e Richardson, 1989) envolve os seguintes
passos:

1. Determinar a área máxima para fluxo cruzado, As:

( pt − Do ) Ds l B (7.32)
As =
pt

em que pt é o passo dos tubos, Ds é o diâmetro interior do invólucro, Do é o diâmetro externo


dos tubos e lB é o espaçamento entre as chicanas.

2. Calcular o diâmetro equivalente do lado do invólucro, Deq, que para o caso de arranjo
quadrangular é:

Deq =
(
4 pt2 − π Do2 4 ) (7.33)
π Do

e para arranjo triangular é::

p 1 D2 
4  t * 0,87 pt − π o 
2 2 4 
Deq =  (7.34)
(π Do ) 2

3. Calcular a velocidade do fluido no invólucro, vs:

m& s
vs = (7.35)
ρ As

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4. Calcular o número de Reynolds do lado do invólucro, Res:


vs ρ Deq
Res = (7.36)
µ

5. A partir da Figura 7.20, e para o Re determinado no ponto anterior, ler o valor de jh


conforme o arranjo e o corte de chicanas a ser utilizado.

6. Determinar o coeficiente de transferência de calor, hs, a partir da equação:

0 ,14
hs Deq 1  µ 
Nu = = jh Res Pr 3   (7.37)
k  µw 

7. Para o Re calculado, ler o valor do factor de atrito jf na Figura 7.21, e depois determinar a
queda de pressão pela equação:

−0 ,14
D L ρ vs2  µ 
∆ps = 8 j f s   (7.38)
Deq lB 2  µ w 

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Figura 7.20 – Factor de transferência de calor do lado do invólucro (equação (7.39)), (Coulson
e Richardson, 1989).

Figura 7.21 – Factor de atrito do lado do invólucro (equação (7.40)), (Coulson e Richardson,
1989).

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7.7.5. Queda de pressão nas embocaduras do invólucro

A queda de pressão nas embocaduras do invólucro, ∆pemb, é estimada pela equação (7.31) em
o número de cargas cinéticas, K, toma o valor de K = 1,5 para a entrada e K = 0,5 para a saída.

7.8. Permutadores de placas

Um permutador de placas com junta de vedação consiste num empilhamento de placas de


metal finas com aberturas para entrada/saída dos fluidos, apertadas conjuntamente num
quadro (Figura 7.22). Cada par de placas adjacentes no permutador forma um canal através do
qual escoa um dos fluidos. Uma junta fina veda as placas a toda a volta das suas bordas,
evitando assim a mistura dos fluidos e possíveis fugas. Os fluidos quente e frio escoam em
passagens alternadas, e o calor é transferido do fluido quente para o frio através da placa
metálica que os separa.

Figura 7.22 - Permutadores de placas (Hewitt et al, 1994).

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Figura 7.23 – Placa de transferência de calor (Hewitt et al, 1994).

Figura 7.24 – Configuração de um permutador com uma só passagem em contra-corrente


(Hewitt et al, 1994).

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A seguir apresentam-se algumas dimensões típicas destes permutadores:


• área de transferência de calor: até 2500 m2;
• número de placas: até 700;
• área de uma placa: 0,01 – 3,5 m2;
• espaçamento entre placas: 1,5 – 5 mm;
• espessura das placas: 0,5 – 1,5 mm.

7.8.1. Vantagens e Limitações

Desde 1930 que os permutadores de placas são aplicados nas indústrias química e alimentar.
São sistemas de transferência de calor muito flexíveis, pois podem ser adaptados a uma vasta
gama de fluidos e condições de operação, desde que não se excedam temperaturas superiores
a 250 ºC e pressões superiores a 25 atm. Podem ser usados para sistemas líquido-líquido, gás-
líquido ou líquido-vapor condensante e são apropriados para trabalhar com líquidos viscosos e
não-Newtonianos. A sua utilização exclui o processamento de líquidos tóxicos ou altamente
inflamáveis, devido à possibilidade de fugas pelas juntas de vedação.

As vantagens e limitações destes permutadores podem ser resumidas no seguinte:

• são permutadores relativamente compactos, que ocupam áreas de chão pouco


significativas;
• podem ser facilmente desmontados, pelo que são aconselháveis para fluidos que
provocam sujamento;
• apresentam coeficientes de transferência de calor relativamente elevados (duas a três
vezes maiores do que os associados aos permutadores de carcaça e tubos), pelo que
podem operar com diferenças de temperatura relativamente baixas;
• são permutadores relativamente baratos;
• permitem a adição e a remoção de placas térmicas no caso de se pretender alterar os
parâmetros do projecto;
• apresentam as desvantagens de haver limites na temperatura e na pressão de operação,
bem como a possibilidade de fugas através das vedações.

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7.8.2. Placas de Transferência de Calor

Os fabricantes de permutadores de placas oferecem uma variada gama de placas que


apresentam diferentes tipos de ondulações. A rugosidade conferida às placas permite
aumentar a sua resistência mecânica, bem como a turbulência do escoamento nos canais. Este
aumento da turbulência é responsável pela maior eficiência térmica que os permutadores de
placas apresentam relativamente aos permutadores de carcaça e tubos.

Figura 7.25 – Placas de transferência de calor: (a) ondulações do tipo “intermatting”; (b)
ondulações em “chevron” (Hewitt et al, 1994).

Na Figura 7.25 (a) e (b) apresentam-se dois tipos de placas onduladas: “intermatting” e
“chevron”, respectivamente. Nas placas “intermatting” as ondulações têm uma disposição
perpendicular à direcção de escoamento do fluido. Quando o permutador é montado, as
ondulações de placas adjacentes fazem contacto nos pontos D, que são pequenas esferas
salientes e formam uma série de passagens com múltiplas constrições, conforme se mostra na
Figura 7.26. O contacto entre as ondulações de placas adjacentes é feito em pontos discretos,

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de modo a proporcionar rigidez ao sistema, mas sem restringir o escoamento. A transferência


de calor é melhorada devido à turbulência provocada por mudanças na área da secção
transversal ao escoamento.

Figura 7.26 – Ondulações do tipo “intermatting” (Hewitt et al, 1994)).

Por outro lado, as ondulações em “chevron” encontram-se inclinadas de um ângulo β


relativamente à direcção de escoamento. Placas adjacentes são montadas com os ângulos de
inclinação invertidos, de modo que se estabeleçam múltiplos pontos de contacto, conforme
ilustrado na Figura 7.27 (a). O fluido ao passar entre placas vai encontrar um percurso que
envolve várias mudanças de direcção e também variação na área da secção transversal ao
escoamento. A Figura 7.27 (b) e 7.27 (c) mostram, respectivamente, a secção de uma linha de
pontos de contacto e a secção entre pontos de contacto.

Figura 7.27 – Ondulações do tipo “chevron”: (a) pontos de contacto; (b) secção transversal
nos contactos; (c) secção transversal entre contactos (Hewitt et al, 1994).

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7.8.3 Configurações do Escoamento

No arranjo do escoamento mostrado na Figura 7.24, cada um dos fluidos passa uma só vez no
permutador de calor, em contra-corrente. Trata-se de um arranjo com escoamento em paralelo
e que apresenta uma passagem para cada um dos fluidos. O esquema da passagem das duas
correntes está representado na Figura 7.28. No entanto, se se bloquearem pontos de acesso
intermédios, podem criar-se configurações de escoamento alternativas. A Figura 7.29
representa o esquema para escoamento em série.

Figura 7.28 - Escoamento em paralelo (uma passagem/ uma passagem).

Figura 7.29 – Escoamento em série.

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7.8.4. Projecto Térmico

Para os casos em que os permutadores apresentam arranjo das correntes em série ou em


paralelo com uma passagem para cada um dos fluidos e com um número de placas de
transferência de calor superior a 50, pode considerar-se que: ∆Tmédia = ∆Tlm . Nestes casos, o
factor de correcção da temperatura, F, é igual a 1.

A área da superfície de transferência de calor refere-se à área projectada, A:

A= N a = N Lw
(7.39)
em que:
N número de placas de transferência de calor;
a área projectada de uma placa;
w largura da placa;
L altura da placa;
b espaçamento entre placas.

Figura 7.30 – Dimensões de uma placa.

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Para escoamento turbulento, o coeficiente pelicular de transferência de calor para o fluido que
circula num permutador de placas, hp, pode ser calculado pela correlação (Coulson e
Richardson, 1989):

0 ,14
h p Deq  µ 
Nu p = = 0,26 Re 0 , 65
Pr 0, 4
  (7.40)
k  µw 

em que:
Deq diâmetro equivalente

Re número de Reynolds  Re = ( ρ v p Deq ) µ 

vp velocidade do fluido entre duas placas

Neste caso Deq é dado pela expressão:

wb 2b
Deq = 4 = (7.41)
2 ( w + b ) 1 + ( b w)

Como b << w, (1 + ( b w ) ≈ 1) e então:

Deq = 2b (duas vezes a folga entre placas)

Para obter uma estimativa da perda de carga que o fluido sofre ao percorrer a placa, usa-se a
seguinte equação (Coulson e Richardson, 1989):

L p ρ v 2p
∆p p = 8 j f (7.42)
Deq 2

onde Lp é o comprimento da placa e o factor de atrito, jf, pode, para cálculos preliminares em
regime turbulento, ser estimado pela equação:

j f = 1,25 Re −0,3 (7.43)

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Nos permutadores de placas a transição de regime laminar para turbulento ocorre, geralmente
para 100 < Re < 400 (Coulson e Richardson,1989).

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Referências

Bott, T.R., “Fouling of Heat Exchangers”, Elsevier Science B.V., The Netherlands, 1995.

Çengel, Y. A., “Heat Transfer: A Practical Approach”, McGraw-Hill, 2nd edition, 2003

Coulson, J.M. e Richardson, J.F., Tecnologia Química, Vol. I, Fundação Calouste


Gulbenkian, Lisboa, 3ª ed., 1980.

Coulson, J.M. e Richardson, J.F., Tecnologia Química, Uma Introdução ao Projecto em


Tecnologia Química, Vol. VI, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1989.

Geankoplis, C.J.; Transport Processes and Unit Operations, 3rd ed., Prentice Hall Inc, 1993.

Holman, J.P. ; “Transferência de Calor”, McGraw-Hill do Brasil, 1983.

Incropera, F.P., De Witt, D.P.; “Fundamentals of Heat and Mass Transfer”, John Wiley &
Sons, 5th edition, 2002.

Kern, D.Q., Process Heat Transfer, McGraw-Hill, 1950.

Özişik, M. N., “Transferência de Calor – Um Texto Básico”, Editora Guanabara Koogan S.A.,
1990.

Walas, S.M., “Chemical Process Equipment”, Butterworths Series in Chemical Engineering,


1988.

Maria Paula Neto e Albina Ribeiro 119

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