Você está na página 1de 4

Industrialização

,. .
e comercIo extenor
Qual a relação entre industrialização, comércio exterior e desempenho econômico?

Sarath Rajapatirana

N as primeiras décadas após a 11 Guerra Mun-


dial os economistas consideravam a industrial iza-
três questôes fundamentais da relação entre indus-
trialização e' comércio exterior:
de área e população pode começar a se industriali-
zar mais cedo que ou tro com um mercado interno
ção um estágio essencial para um rápido desenvol- Osfatores que determinam o ritmo e a eficiên- menor. Mas o tamanho não é o único fator neces-
vimento econômico, Mas a questão fundamental cia da industrialização, em especial o papel do sário à industrialização. como mostram os casos
não é quão depressa uma economia pode se indus- governo nesse processo, do Japão e do Reino Unido. Ser rico em rec ursos
trializar e sim como estruturar seu setor industrial O impa('to de diferent e,l' estratégia,l' comer- naturais pode proporcionar a um país os meios fi-
para manter um crescimento contínuo, Em outros ciai,l' sobre a indllstriali:a çâo e o desempenho nanceiros para importar tecnologia estra ngeira . e
termos, o objetivo é buscar meios para atingir uma econÍJ mico nos paÍ.l'es ('m de.l·enl'o /l'illlelllo . um níve l alto de renda pode manter um amplo
industrialização eficiente; e essa busca está direta- As lições das reformlls de políticas cOlller- mercado interno para produtos industrializados.
mente relacionada com o comércio exterior. Este ciais . Políticas de comércio interno e exterior. Pas-
permite que os países aufiram ganhos ao submeter sar de uma economia basicamente agrícola e co-
a produção interna à competição estrangeira e ao
Industrialização: fatores determinantes
merciai para uma economia industrial exige. pelo
possibi litar acesso a um mercado mais amplo a fim Não há uma via única para a industrialização . menos nos estágios iniciais. mão-de-obra mais
de obter economias de escala, No nível nacional , o Ela envolve a interação de tecnologia , especializa- qualifi cada. É preciso mais que um a educação
comércio permitiu que os países se especializas- ção e comércio, gerando mudanças estruturais nas apenas geral. mas essa passagem não exige gran-
~ern na indústria ou em outros setores. em diferen- econo mias e induzindo altos níveis de investi- des conqu istas nas fronteiras da ciência.
tes ramos da indústria e. mais ainda. em diferentes mento e emprego. No âmago do processo está o O apoio do Estado ao ensino téc ni co contri-
estágios de produção, Possibilitou acesso a insu- governo, na sua função de influenciar tanto o buiu significativamente para a industrialização da
mos industriai s de base , inclusive tecnologia. a ritmo quanto a eficiência da industrialização. Uma França e da Alemanha . Os EUA seguiram de perto
paí"s incapazes de produzi-los, Por sua vez, o ad- visão ampla da história da industrialização revela o exemplo do sistema alemão. com o apoio finan -
vento de novas tecnologias indicou a forma de es- cinco fatores decisivos nesse processo. ceiro do governo à pesquisa nas universidades. A
pecialização e. portanto, a estrutura do comércio, Condições iniciais. Um país com amplo mer- indústria privada também manteve laboratórios de
O comércio também sig ni fica expansão da de· cado interno está mais bem situado para instalar pesquisa. recebendo às vezes ajuda do governo.
manda de exportaçôes, que pode estimular o de· unidades fabris que se beneficiem de economias No Japão de hoje a maioria das pesquisas industri-
senvolvimento tecnológico e, assim , facilitar a in, de escala. Como a distância entre os países em ai é efetuada nas empresas privadas . mas na fase
dilstrialização, muitos casos é uma proteção natural para as firmas inicial de industrialização o governo ajudou a pro-
Este artigo, baseado no Relatório sobre o de- nacionais, tudo o mais se eqoi valendo, um país mover a mudança tecnológica. in stalando , por
senvolvimento mundial 1987 (ver box). analisa com um mercado interno mais amplo em termos exe mplo. fábricas de demonstração que mais tarde
eram vendidas ao setor privado .
Transporte e comunicações. As redes de
transporte e comunicaçôes integraram os merca-
o Relatório sobre o desenvolvimento mundial 1987 foi elaboraoo por dos interno e externo à economia global. facili-
uma equipe chefiada por Sarath Rajapatirana e composta de Yaw Ansu. Thorkild Junckcr. Alasdair Mal'Bcan. tando a competição para os exportadores. Mas es-
Chong-Hyun Nam, Vikram Nehru e Geoffrey Shepherd . O Depanamentode Análise Econômica e Projeções.
sas redes exigem muito capital e, portanto. são
do Banco. encarregou-se das principais projeções e dados estatísticos. Anne O. Kruegcr teve papel de dcsla-
que na fase inicial de preparação do ReJal6rio . O trabalho foi executado sob a direção gerai de Benjamin B. dispendiosas nos primeiros estágios da industriali-
King e Constantine Michalopoulos. zação. Requerem apoio direto ou indireto por
parte do governo.
fnrd i"formlJrô~S Jobre petlicJu.J· d~ e.lemplares. n'r wuílldo 'UI Ii/tima n/lxl. Um quadro macroeconômico e institucional
estável. As leis e instituições que permitem o fun -
. cionamen to eficiente' dos mercados - direitos de
2 Finanças & D t'SfIlvo/lJimellto / Setembro 1987
propri edade . pç,o, e medidas padronizados. leis gem quando os benefícios de um investimento não de substitl,ltivos de importações. O protecionismo
de p~tcnte ctc. - aj udaram a promove r uma in- podem ser recuperados pelo próprio investidor. global é menor num a estratégia voltada para fora
du:,triali zaçiio mai ' rápida e efi cient.e . Tais kis e Ambos os concei tos foram usados. por exemplo, do que numa vol tada para dentro ; e não menos im-
institui ç{es contribuíram para in ves timentos e ri s- na defesa de políticas voltadas para indústrias no- portante. a diferença entre as taxas mais altas e
co, dc·longo prazo . Mas de ve m ser também fl exí- vas ou " incipientes". mais ba ixas de protecionismo diminui.
ci, o ba,lantc para qu e haja ino vaçõe in stitucio- Formas difere ntes de intervenção produzem Que po líti ca propiciou me lhores resultados')
nui, .
/\ in d u s tri a li zaç~o. so bretudo nos es tág ios ini-
efei tos diferentes na economi a. Na verdade, na Anal isando 4 1 economias noperíodo 1963-85 , a
maioria das vezcs o importan te quase sempre não equipe do Banco deteve-se na relação entre estra-
c iai,. req uer pe ~ ados in ve timelll o, em máquinas é se deve intervir, mas como intervir. Podem ser tégias co merciais e dese mpe nho econômico. As
e infra-estrutura. 111 do mcios mais import antes usadas. por exe mpl o. restri ções quantitativas às co nc lu sões indi cam que as eco nomias vo ltadas
de incorporill' inovações tecno lógicas 11 produção importações para proteger as indústri as internas para fora saíram-se me lhor que as voltadas para
tem :,ido o inves timento cm no va maquinaria. As incipientes. Essas restrições. porém , eleva m mai s dentro (ver gráfico).
políti a, macroeconômi ca, do, países que se es ta- os custos soc iais do que uma tarifa, porque ince n- Algumas econom ias que não se encai xam cla-
vam industrializando no século XIX ince nti vavam ti vam ativ idades improduti vas e podem levar os ramente e m qualquer das duas categorias apresen-
a poupança in terna e o financiame nt o externo ne- produtores a burl ar os controles. Já as tarifas e le- taram um misto de resultados. Não se pôde perce-
ce' ário ao in ve. (imento . vam os preços ao consumidor. Os subs ídios à in- ber clarame nte uma re lação entre orientação co-
Papel do gOl/erno. Mercados e govc rn o co m- dú stri a inc ipie nte podem prestar a mesma ass is- merc iaI e desempenho industri al e econômi co.
plementam -se na bu,ca da industria lização . Os tência sem elevar os preços - mas au mentam o Isto não surpreende. pois outros fatores além da
men:adm. embora eficiente, em ava li ar e , clecio- gas to público e ap rofunda m o déficit orçamen- estratég ia comercial influe nciam o desempenho
nar inves timen tos. raramente ão perfe itos. O go- tári o. eco nômico.
verno prec isa às veze:, intervir para obter um res ul-
tado eficaz. Prime iro . os govc rn os têm de esta-
Comércio, indústria e crescimento Lições das reformas de polítiças
belecer a, " reg ras do jogo" para definir o uso. a Os econom istas e planejadores dos países em Se as estratégias vo ltadas para fora estão asso-
propri ed ad c c a, co ndiçüe, de. tran. I"crê ncia dos dese nvo lvimento há muito co nco rd aram com o c iadas a me lhores dese mpen hos econômicos do
bc n, co rpóreos. fina nceiros c in te lec tuai s. Inde - pape l do gove rno de prover infra-estrutu ra. pro- que as voltadas pa ra dentro . por que os pl aneja-
pendente do tipo de economia - favo ráve l ao em- mover a eficiência de mercado e assegurar po líti- dores dos países em desenvolvimento em ge ral he-
preendimento privado ou urna eco nomia co nt ro la- cas macroeconômi cas estáveis. Mas di scordaram sitam em empree nder reformas de política comer-
da - essas reo ras' influ enciam a at ividade eco nô- ace rca das es tratégias co merc iais que possi bili- cia i para adotá- Ias') Uma razão é que há muitos
mica . Quanto mai s di gnas de co nfiança. bem defi- taram aos países atingi r alt os níve is de cresci- probl emas sem so lução neste cam po e a pesqui sa
nidas e bem compree ndid as . mai s azei tada funcio- mento e desenvolver suas potenciali dades indus- econômica só agora começa a re olvê- Ios. Outra é
nará a economia. Quando são obsc uras . passíveis triais. que muitas refonnas comercia is tiveram de se r re-
de múlt ipla interpretaçõe e ge ridas por uma Políticas voltadas parafora e para dentro. As vertidas. o que levou à noção de que envolvem al-
burocracia emperrada. e levam os custos dos negó- políticas comerciais pode m ser caracterizadas tos custos e produzem poucos benefícios.
cios e. portanto , desince ntivam o aumento do nú - como voltadas para fora ou para dentro. Uma es- A mudança para uma estratégia voltada para
mero de transaçôes. e senci ais à espec ialização tratégia voltada para fora propicia incenti vos que fora envolve necessariamente custos de tran sição.
industrial. são neutro s no toca nte à produção tant o para o Grandes mudanças no tocante a recursos acompa-
Como mostra a experiência. os governos pre- mercado interno como para exportação. Como o nham as reformas que visam a liberalizar o regime
cisam continuar se ndo os principais provedores de comérc io internac ional não é explicitamente de- comerc ial. pois algumas ati vid ades se contraem e
algu ns erviços para fac ilitar a industrialização: sencorajado. costuma- se chamar essa abo~dage m outras se expandem devido às variações nos pre-
Todos os gO I'NIIOS l êlll pape/ prepolldem 'lI e - embora podendo induzir a erro - de promoção ços. Se a economia já apresenta muitas distorções.
lia l'dIlCllçâo . SObr l'llIdo li a Im 'a llle à alfábeli:a - das ex portações . Na verdade , sua essência não é as mudan ças por acaso necessári as serão muito
çâo e ti IIUIIl'I,uílica ele/l/entar. que sôo I'iwis para nem uma discriminação pró-exportações , nem ampl as. Um custo visíve l é o aumento do desem-
IIlIIa /o r ça de ImhalllO illllllSfrial /l/ oderna . uma tendência anti -substituição de importaçôes . prego . e mbora pesqu isas recentes mos trem que
A lIIaior ia dos gOl'erl/os /o rl/C'ce os obms de Já uma estr~tégia voltada para dentro é aquela em este se deve mais a políticas macroeconômicas fa-
iI!fi·I.I,C'slrLlfllra da indlÍ.Hri// : Immpor/e. cOlI/uni· que os ince nti vos à indústri a e ao comércio pri vile- lhas do que às próprias reformas comerciais.'
ca~·õe.l· e Si.I·Il'lI/a.l· energél icos. giam a produção interna em detrimento do co mér- Na maioria das vezes, a liberalização do co-
A /l/aioria dos gOI 'en/(/sforl/ ece i,!r,ml/açôes c io ex teri or. Essa abordage m costuma ser cha- mérc io decorre de cri ses eco nômicas. geralmente
econôlI/icas I! r egll lumellla cer/as padroni: açôes mada de estratég ia de substituição de importa- associadas a défi cils orçamentári os e de balanço
CO/IIO pesos. medidas e seg lll"Wlça no Imba/lIo . ções. de pagamentos. e à inflação . Tais crises podem
Os gO I'erl/ os lia s economias induslriai.\· pro· A estratég ia voltada para dentro normalmente dar ensejo à deliberação política de mudar - um
11101'1'111 a pC'sljllisa cielll(fica C' lecno/óg ica. implica um a proteção evidente e em nívei s eleva- e lemento importante para a exec ução de reformas
As empresas e.l·falais quase selllpre sôo cria- dos, o que tira a co mpetiti vidade das exportações comercia is - , mas reform as empreendidas em
das para exeCllfllr algllll/(/s dessa.\' Iare.f{ls. porque aumenta os custos dos insumos estrangei- clima de cri se podem não ser duradouras. Assim ,
Os govern os também intervêm de fo rma um ros usados em sua produção. Pode também ocor- um comprometimento de longo prazo do governo
pou co menos direta no funcio name nto de suas rer aumento nos custos relativos dos insu mos in- com reformas' precisa ser. real e digno de crédito
eco nomias , cri and o o co ntexto de políticas. Os ternos devido à Intlação - ou a uma valorização da para que os agentes econôm icos reajam positiva-
principai inst rumentos de que os governos dis- taxa cambial - à med ida que são introduzidas res- mente aos incenti vos cri ados pela reforma . Uma
põem são a política comercia l. os incenti vos fis- tri ções quantitati vas às importações . Os incenti - forte mudança ini cial de política pode elevar rapi -
cais, os controles de preços . as nonnas de investi - vos à indústria são administrados por uma buro- damente as ex port.a ções , o que é suficiente para
mento e as políticas finan ceira e macroeconômica. cracia compl exa e de proporções avantajadas. cri ar interesse por maior liberalização. Políticas
Defi ciências do mercado de capitais e fatores ex- As políticas voltadas para fo ra, ao invés de res- macroeconômicas estáve is - para reduzir a infla-
ternos são as justificativas mais freq üentemerite trições quantitativas, optam por tarifas , que costu- ção e impedir a valorização da moeda - são tam-
citadas para uma interve nção di reta . As deficiên- mam ser contrabalançadas por outras medidas , in- bém vitais para o êxito das reform a~ comerciais. o.
cia do mercado de capi tais ocorrem quando os c luindo subsídios à produção e oferta de insumos a destino das refonnas, depois de encetadas , quase.
empresários não conseguem créditos nas propor- preços de livre comércio . Os governos procuram sempre depende basica mente do coinportamento
çõc adequadas, ou a custos de oportunidade , que man ter a tax a ca mbi al num níve l qu e propicie do balanço de pagamentos - e este é determinado
lhes permitam inve tir. O s fatores externos sur- iguais incentivos para a produção de exportáveis e pela política macroec.onômica .

Finanças & Desenvolvimento / Setembro 1987 3


PIB real PNB real per caplta Voltadas para fora Voltadas para- dentro
(Crescimento ~erce ntual anual médio) (Crescimento percentu al médio)
7 Muito Modera· Modera- Muito
damente
6
êP 1973-85 damênte

1963·73
Gingapura Brasil Bollvia Argentina -
5 Coréia, Camarões EI Salvador Bangladesh
Rep. da CoIOmbia Filipinas Burundi .
Hong Kong Cosia do Hondu/as Chile
4 Marfim Iugoslávia Etiópia
CoSia Rica Madagascar Gana
3 Guatemala México índia
Indonésia NicarMua Paquis1ào
2 Israel Nigéria Peru
Malaísia Quênia Rep. Dominí·
Tailândia Sanegal . cana
Tunísia Sri Lanka
Sudao
o Tanzãnia
Turquia
Uruguai
o Zambia
1973-85
Cingapura Brasíl Camarões Argentina
Poupança interna bruta Relação diferenciai capital/produto Coréia. Chile Colômbia Bangladesh
(Percentual do PIB) (Coeficiente médio anual) Rep_da Israel Cosia do Bollvia
32 9 . Hong Kong Malaisla Marlim Burundi
.1963 ~1985 8 .1963-73 ~1973-85 Ta ilândia CosIa Rica Eliópia
28 Tunísia EI Salvador Gana
Turquia Filipinas , índia
7 Uruguai Guatemala Madagascar
24 r40nduras Nigéria
6 --------.c~--1 Indonésia Peru
20 Iugoslávia Rep. Domíni-
5 -------:_--1 México cana
16 Nicarágua Sudão
4 Paquistão Tanzãnia
Ouênia lâmbiâ
12 Senegal
3
Sri Lanka
8 2
internas subiram drasticamente , provocando pe-
4
sado endi vidamento externo . Assim , a cri se que se
o o seg uiu deveu-se muito mai s à política macroeco-
nômica fa lha do que às reformas co mercia is. Es-
Exportaçào de manufaturados tas. no entanto , caíram no descrédito , pois , por as-
Inflação' (Cresc imento percenlual anual médio)
(Taxa média anual)
sociação , acabaram leva ndo a culpa que cabia às
50---------==---
.1963-73
políticas macroeco nõmi cas incorretas.
O planejamento de reformas de política co-
J3'1973-85 merciai . Uma análise da hi stória rece nte dessas
40---~
re formas indi ca qu e três fatores parecem pesar
mais num tal planejamento. O primeiro é a passa-
3:1-- --1 ge m de restrições q uantitativas para tarifas , o que
vincula os preços intern os aos externos e permite
ace sso maior a insum os es trange iros , enquanto
20----1 aument a a co mpeti ção. O segundo é o estreita -
me nt o da variação das ta xas de protecioni smo.
mes mo quando se u nível global é redu zido. O ter-
ceiro é a promoção direta das ex port ações para
anular os efe it os das tarifas sobre importações .
Mas as medidas específicas para promover as ex -
portações correm o ri sco de se tornar permanentes
e levam iJO ad iamento de mudanças mais funda-
mentais relacionadas com a ta xa cambi al. Tam -
bé m infrin ge m norm as do Aco rdo Geral so bre
Obs : Médias ponderad as pela partic ipação de cada pa is no total do grupo para cada Ind icador.
11 Taxas de Inllação medidas pelo dellator do PIB implíc ito. Os valores são med ianas de grupo.
Tarifa e Co mércio (Gall ). criam lobbies internos
que se oporão a sua remoçâo e arri scam-se a tarifas
compensa tória s por parte dos parceiros come r-
ciais .
A experi éncia mos tra que o dese mpenho das flu xos de capi tal provocaram a va lorização das ta- As reformas comerciais só condu zem à indus-
export ações está intimame nt e li gado ao níve l e à xas ca mbiais . que anul aram os ince nti vos para au- tri ali zação ,e fi c iente e ao melhor desempenho eco-
estab ili dade da taxa de câmbio . Já o emprego da mentar a produção de export áve is e de substituti - nô mi co q uand o lev am em co nsi deração ce rt as
ta xa cambia l para estabili zar os preços internos di - vos de importações. Em alguns casos. os volumo- áreas que inibem a oferta interna. Entre estas , qu a-
fi culta reforma s comerc iais . Nos países do Cone sos influxos de capital foram causados por uma tto são particularmente importantes.
Sul da América Lat ina - Arge ntina. Chi le e Uru- libera lizaç ão in opo rtun a o u desorganizada dos • Redução dos cont roles de preços , Esses con-
gua i - que tent aram reformas comerciais. os in- mercados fin ance iros. nos quai s as taxas de juros troles são multo usados nos países em desenvolvi-

., Fil/fll/ ( (II & /)est'l/i'oh'illll'lllu / Sflelllbro ! ')1I7


As lições das re form~ s de política comercial indicam que o proce sso é excqü'Ível Custos para os 'p aíses em desenvolvimento
sob certaS condições. mas os beneficios da liberali zação do comércio podem SCr Os países em desenvolvimento arca~l com pesados custoSdecorrentes de 'cus
maiores se o contexto comercial do mundo for li vre. Um tal cOntexto também Cl)lltextoS de política altamente protecionista. Mas também se vêem a braços com
tornaria politicamente vi ~ve l para os países em desenvolvimento empreender rc- os custos decorrentes do protecionismo dos paíse. industrial ilados .
formas comerciais. Mas nos últimos anos houve uma retomada do protecionismo Há poucos estudos sobre estes últimos. Os exi stentes tentam medir apcn:!, o
sob a forma de barreiras nãv-tarifárins. A proporção de importações dvs EUA e da aumento das receitas de exportação dos países em desenvol vimento provcniente
Comunidade Européia ,Itc tada por várias restri ções não-tarifárias subiu mais de de reduções nas barreiras tarifárias c nãO-tarifárias que Ih~s siio impostas. E, tuuos
20'K de 198 1 a 19X6 . Essas restrições atinge m grande volume de importações c do Banco Mundial. do Fundo e do Secretariado da Comunidade Britãnica mos-
afetam particularmente as exportações dos países em desenvolvimento . As bar- tram que os ganbos advindos das exportações seriam substanciais - cbegando a
reiras não-tarifárias impostas II vestuário e calçados têm-se mostrado permcáve is . vários bilhões de dólares aO ano. Foram realizados estudos mai s profundos sobre '
por isso alguns países em desenvolvimento conseguiram aumentar suas exporta- certos países. como a República da Coréia. As restriçôes impostas às cxportaçúcs
ções para as economias industriali zadas. embora as brechas nessas barreiras ve- coreanas de aço-carbono fizeram as vendas para os EUA cairem em 3.1 <k . ou
nham sendo fechadas . USS211 milhões: mas a Coréia equilibrou seus ganhos elevando oS rreços e au-
Custos do protecionismo para os países industrializados mentando as vendas para outros mercados.
Há muitas maneiras de medir o~ custos do protel"Íonis mo . Os métod", geral - Os custos do protecionismo são altos tanto para OS países industrializauos
mente subestimam o~ cus tos decorrentes dos cfeitos negativos de restringir a cnmo para os em desenvolvimento . mas afetam mais estes últimos, A, estruturas
competição no tocante a cli .iéncia administrativa . aquisição de novas tél·niéas. protecioni stas dos países indu ..trializado~ voltam-se mais contra os países em de·
economias de escala. poupança e jnvestimento . senvolvimento do q~e contra outros países industriali zados .
• Custos para os consumidores. Calcula -se que o protecionismo à inôústria O contexto internacional
da confecção nos EUA tenhà custado às empresas norte-americanas em 19X4 en - Dado o fat() de os países industrializados estarem enrrcntanuo altas taxas ue
tre USSR .5 bilhões c USS IR bilhões: a,) aço. entre USS7 ..1 bilh(Jes e USS20 bi - desemprcgq. crescimento desacelerado e maior competição por parte tlns manu-
lhões: e aos autom\Íveis. cerca de USS 1. 1 bilhüo. faturados dos paíSes em desenvolvimento. L"orre-sc ,l riscO de eics aumelllarcm
• Custos do bem-estar. Es te conceito abran ge o ("u sto extra para a economia suas barreiras aos manufaturados destes últimos. Isso significaria mais barreira,
como um todo de produ /.i r mai s bens no pa Í> do que importá- los. Em 'geral. o não-tarifárias discriminatórias. impostas de mouo mai s efetivo . Tais mediua,
custo do bem-estar é muit o menor tio ljuc n custo para o l'on!\umillor - particular- acabariam por prcjudic-ar a integridaue do sistema do Gatt ~ rc, trin giriam o cre>(j-
mente no hx'ante a larifa:-- C co tas. Mesmo a~:-. im. a:-. c!\limati va:-. para têxteis c mento das cXpllrtaçúes dos países em desen volvimento. COI!H ' muitos de"cs pai-
vestuário variam de USS 1.'1 bilhão e USSó.6 bilhúes no caSo dos EUA C da Co- . es já se encontram bastante endividados . uma queda em ,ua, re,'cilas de exporta-
munidade Européia. e cbet!a m a quasc SS~ bilh()cs para o aço nos EUA. ç<1(} agravaria os prohlemas da dívic.h.l mundial . A~ a<.; ôc .., rnH~L'i(lni ~ t ~l~ tcrã(l ~ra·
• O cus/o de preservar o emprego . Cada emprego protegido aL"aha custando \'CS rcpcrcussücs no aumento Ul)S recurso.., e nu manuh:nç;'-Io de I1lCn.: aJI1~ di"'l'ipli -
aos ctm:-.umiuofc:-. Iltai :-. do que o salúri(\ tlc lfo, cmprl!gatlo . ('akula- ~c. p~)r c.! xcm · n au()~ de capit"i~ c de divisas no mumJ~l. E!'Isa~ rcpt.'rl· lI !\SÚC ~ poderào provOI..'ar
pio . que cada empregad" preser vado na indú stria aUlOm"o ilística da Grã- um uescm:antn gcneralizauo pelas eSlrUlé!!ül!'\ cOl11cn:ia i ... vnlt;'lua:-. pilra fora. 411~
Bretanba tenha L"U, WUO aos L"onsumiu,)res uc US~ 19 mil a USS4X mil ao ano . Nos !' c !1l0Slrar,am tão prom is soras nos l'dtilllOo, ano ... pa r ~1 os paí"i t: ... rCI.:élll-
EUA. o cu sto situou ·se entre S540 mil c USS IOX .5()() anuai, . Visto por outro industriali zados ,
ângulo. (} t.:U!'Ito plJfa () . . L'onsurnidon: s uc prc -;crvar um operário na pnuJw..;ão auto· Se os paísC'!-i int.lu~ trjalizados s(' tornarem m~li!'o proh..'c ioni...... " .... l ):-' rai~l!" em
mobilistÍl":! nn Reino Uni do equi valeu a 4uatro trahalhador," p~r<"~b~ndn o ",I;i- . uescnvolvirncnto se verão for~' auos a explorar outra..; ()rçú~: . . . não l:.in noa". EnlH..'
. rio inuu..~ trial l1léLJin de Illltra!'l in<..hhtria ~. Na indlt~tr i a alltolllohilístil.:a ~ n(lrt\> da~ a h.!nlativa tlc expandir () comércio com a~ c (..'tlm)lllía ~ de rlanL'.i~lIl1l.·nt4l cen -
i.lmCril'ana. l! .... -;c C U~1(l equi va leria ao\\: ~ alüri u .., dL' "êi... Irahalhadorcs illl.lll !"tríai~ Iralil.auo c cum outros paí~l! ~ em desenvolvimento numa h<l~c di ~ crill1ina(lria .
não - L'"pel· ialil. ~HJ(l~ . As l'o nt c n çú~!'- volunti.Íria ... da, c x porta",óc~ por parll' d~h rrn~ Mas as perspeCtivas tlc ullla grantJc m~lhoria Il{l l'tlmér~:i l) cx tl!rior nüu ,,:.in hoa~
uuton: ... Je l.iÇO c:-.tr:.Jngciro " l.' u :-. tarulll ao:.. l'IH1:-, ullúuon: \ n(lrh>uJlll...'ri,.:~II1(1 , em qualquer dcssa~ opçôcs. Nem uma Il~m outra pnueria ,ub,tituir o "')fu':rcio
U55114 mil ao ano rI' r ~mpre g() rrnt c)!ido . com as cCl)nomias indus tria~s de mercado .

Im:nto . em ~cral objcti vando proteger m con sumi- outra cm sintonia com o s inccntivos criados pela s medidas relativas a preços do 'luc em restriçõcs
dores da ação dos nmnopli li o , c ajudar a indústria reformas co mcrciai s . quantitativas . •
mcdianf<.: a L'ontcn ção dos aumCnl Os dos prc<,; o, • Reformas no mercado de trabalho . Algumas
dos insumos . Mas inibcm a oferta c di storccm o s dessas regulamentaçücs também distorcem os pre -
prcços rclativos. provocando incfiL·i':nc ia c retar- ços dos fatorcs. a seleção dc tccnologias . e fa zcm
dando o crc scimcnto indu strial. c air o níve l do emprcgo . A tle xibilidadc do mcr-
Sarath Rajapatirana
• Normas de licenciamenlO de investimenlOs . c ado de trabalho é também um clcmento impor-
d" Sri Lanka . chefioa a
São impostas para inlluelKiar a es trutura do inves- tante n~ reforma comercial. Unidade de Aná/ise P,,/i,ica
timcnt" pri vado . s intoni l.ant!,, -a L"llm as priorida - A combinaljão de rcform~ s no comércio c no da Vice-Presidência de
des do ~o verno , Sc mal elaborada s. no cntanto . merc~do interno pode levar os países a p~s s ar de Economia e Pesquisa . Ames
distorccm as e,truturas de pn.:ços e incenti vos. de - cstratégias comerciais voltadas para dentro a es - lil~ ill8fl',Har 11() Banco

sestimulam o in vestimento e xtern" privado e in - tratégias voltadas par~ fora . Isso. é claro. se os ou- 'mIJal/lOu no Banco Cenrra/
do Cei/áo .
centivam investimcnt"s e xtcrnos - 'luando o fa - tros elementos da indu~triali z ação e do crcsci-
zem - em atividades de bai xo retorno social. mento - infr~ - estrutura fbi.:a. educação e fatore s
• Reformas do mercado financeiro . ;\ ta x a de Ic~ais e institu.:ionais - forem adc'luados ao em -
juros c os cOnlroks das carteiras de titul"s p"dem pn:cndimento . M~s os bencfkios da, reformas co-
de s inccnti var a poupanç a e di storn: r a cstrutura merciais sti serão maiores se o contexto comcrcial
dos investiment"s . As rcf"rmas sã" ne.:es-á rias internaL'ional for mais liberal do 'luc hoje (ver box I
para 'lue os recurso s Iluam de uma at i"idade rara e o pnlteL' ionismo for menor e mai s centrado em

Você também pode gostar