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Economia em rede:

Empreendedorismo
na economia em rede construindo um novo paradigma
A disseminação das novas Tecnologias de Informação e Co- poderia contribuir para seu fomento. Neste sentido, diversos
1.Introdução municação (TIC) transformaram o cenário econômico, polí- estudos têm sido realizados para propor estruturas e mode-
tico e cultural em âmbito mundial. O crescente fluxo comu- los que alcancem ambientes inovadores, a maioria deles ex-
2.Metodologia nicacional permitido pela Internet intensificou a interação e plorando o potencial de novos setores e modos de produção,
troca de informação entre pessoas, empresas e instituições a onde o empreendedorismo representaria papel crucial.
nível global. Esta revolução tecnológica traz, assim, uma mu-
3. Destaques dança substancial na forma de organização e produção eco- A OCDE também sugere cinco prioridades a partir das quais
nômica, “na qual a geração, o processamento e a transmis- a inovação pode prosperar, que vão desde investimentos para
4.Economia em rede são de informação se convertem nas fontes fundamentais dinamizar o ambiente empresarial e a disseminação de co-
da produtividade e do poder” (CASTELLS, 1999). A chamada nhecimento até a melhoria de iniciativas de políticas públi-
4.1. O surgimento de uma nova economia Sociedade da Informação consagra o advento de um novo pa- cas. Para esta organização, conhecimento, investimento e
4.2. A economia digital em favor do radigma econômico pautado na flexibilização e interdepen- tecnologia são bases para a construção e expansão de ecos-
desenvolvimento social e econômico dência do capital, com inovações tecnológicas que desestru- sistemas capazes de beneficiar o desenvolvimento econômi-
4.3. Inovação em uma economia em rede turam e reorganizam o modelo econômico vigente. co e social. Estes fatores foram estabelecidos tendo em mente
4.4. Os ecossistemas empreendedores o contexto atual da inovação. Isso significa entendê-la como
Esta nova era se distancia do paradigma industrial ao quebrar um processo dinâmico, que vai além de novos produtos no
5. Ambiente de Inovação as fronteiras entre consumidor e produtor, horizontalizando mercado. Baseando-se nessa ideia, aqui se entende a inova-
processos de produção e criação de valor econômico. Em uma ção como qualquer processo que vise desenvolver e imple-
no Brasil
economia em rede, o acesso e a transmissão da informação mentar melhores resultados, seja por meio de novos produ-
são tão importantes quanto a posse do capital na economia tos, modelos de negócio, estratégias ou métodos de trabalho,
5.1. Os empreendedores industrial, e as tecnologias se tornam o cerne de um sistema em âmbito local, nacional ou global (OECD, 1997). Inclui, por-
5.2. Pilares do empreendedorismo no Brasil econômico pautado na oferta de serviços e na contínua bus- tanto, explorar e apoiar as mudanças trazidas pelas TIC, os
5.3. Em que estágio estamos ca por inovação. O digital é o novo espaço econômico, e nele novos mercados e indústrias nascentes, e inclusive formas
5.4. Construindo comunidades de inovação todas as pessoas conectadas são atores produtivos em poten- de pensar o desenvolvimento.
cial. A partir dele, diferentes ambientes vão se estruturando
6. Ambiente internacional em rede e, ao interagir entre si, trazem crescimento econô- Diante desta abrangência, é importante buscar referências e
mico dinâmico e sustentável. se basear no que já está sendo estudado e aplicado, mas é fun-
damental adaptar o conhecimento a cada realidade. Como
6.1. Estados Unidos
Com as transformações em curso, e em um momento marca- coloca uma das entrevistadas, representante do setor priva-
6.2. Canadá
do por fortes turbulências econômicas e políticas a nível glo- do, “o problema é você pegar uma metodologia estrangeira e
6.3. Israel
6.4. Chile
bal, a inovação se torna um elemento central para o desen- tentar aplicar no mercado brasileiro. Hoje, o positivo é mui-
6.5. Índia
volvimento econômico tanto de países em desenvolvimento to mais ter a informação”. Por isso, o debate a seguir usa as
como os desenvolvidos (OCDE, 2015; GEDI, 2017). De acordo prioridades destacadas pela OCDE apenas como impulso ini-
com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Eco- cial, reconhecendo a preponderância do conhecimento como
7.Conclusão nômico (OCDE), “a inovação é importante não só para o cres- principal capital da nova economia e das tecnologias digitais
cimento, mas também para a saúde, o meio ambiente e uma como ferramentas e recursos disponíveis para o crescimento
8. Anexos e bibliografia série de outros objetivos políticos relacionados com o bem-es- de empresas, sobretudo as pequenas e médias. E entenden-
tar” (2015, p.17). Apesar disso, seus impactos ainda são pouco do, além disso, iniciativas de fomento à cultura da inovação
reconhecidos, principalmente pelo poder público, que tanto como principal caminho para o desenvolvimento. A nova

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economia será abordada a partir da perspectiva do empreen- produção não mais baseado de maneira exclusiva à lógica do
dedorismo e sua importância para a promoção da inovação e mercado. No cerne da economia emergente encontra-se uma
construção de ecossistemas sólidos. nova forma de pensar a própria economia. A lógica do mer-
Empreendedorismo cado está gradativamente sendo impugnada pelo ideário do

4.1. O surgimento de uma nova economia


compartilhamento e da colaboração, possibilitada pelo avan-
na economia em rede ço da conectividade e de tecnologias baseadas em sistemas
distribuídos. A cultura econômica está mudando. E ela não
Uma das maiores transformações trazidas pela Internet foi a muda apenas por pressões do mercado, mas principalmente
possibilidade de conectar as mais distantes regiões do mun- por manifestações sociais, que trazem a lógica da rede como
seu principal aliado.
1.Introdução do, organizando-as sob uma infraestrutura em rede e re-
unindo atores sociais, econômicos e políticos em um único
ambiente, o digital. Neste movimento, não apenas as pessoas Em contrapartida, a economia em rede significa a possibili-
2.Metodologia conseguem interagir virtualmente entre si, mas governos e dade de conectar, em tempo real, as áreas mais remotas, seja
mercados passam também a se comunicar e transacionar on- de uma empresa ou de um país, permitindo a integração en-
3. Destaques line, construindo uma nova arena econômica. tre todos os atores que fazem parte de determinado processo,
seja de criação de um produto, de um projeto, ou mesmo de
uma lei, de modo que todos possam interagir, trocar dados e
4.Economia em rede A Internet consiste assim em uma plataforma de comunica-
informação de forma mais rápida e eficiente, e consequen-
ção com poder de disseminação infinitamente maior do que
qualquer outro meio que já existiu. Dessa forma, permite a temente gerando maior valor para uma empresa ou socieda-
4.1. O surgimento de uma nova economia produção e comercialização de bens em larga escala, sem a de. Os impactos são muitos e afetam todos os setores, indús-
4.2. A economia digital em favor do trias e mercados, em menor ou maior grau. E ainda que em
desenvolvimento social e econômico necessidade de atores intermediários, e coloca a informação
e o conhecimento como peça central da cadeia produtiva. Yo- primeira instância possam ser entendidos como negativos,
4.3. Inovação em uma economia em rede
chai Benkler, professor de estudos jurídicos e empreendedo- como por exemplo a eliminação de postos de trabalho, deve-
4.4. Os ecossistemas empreendedores
rismo e codiretor no Berkman Klein Center sobre Internet e -se atentar também aos seus efeitos positivos e duradouros.
Sociedade de Harvard, assume que “essas mudanças aumen-
5. Ambiente de Inovação taram o papel da produção não proprietária e fora do sistema A lógica da economia digital em rede não compete com a do
no Brasil de mercado, conduzida por indivíduos tanto de forma isola- capitalismo, mas coexiste. Ela surge oferecendo novas alter-
da, quanto por esforços cooperativos” (BENKLER, 2006, p.2). nativas econômicas para um mundo já defasado de recursos,
e por isso mesmo com capacidade de gerar renda e trabalho,
5.1. Os empreendedores
Assim surge a nova economia em rede, definida por mudan- além de ser uma expoente da inovação sustentada a longo
5.2. Pilares do empreendedorismo no Brasil
ças tecnológicas que passaram a permitir um sistema de pro- prazo. A economia em rede pode, com isso, trazer impactos
5.3. Em que estágio estamos
dução mais distribuído e descentralizado, pela formação de positivos e promover o desenvolvimento econômico, desde
5.4. Construindo comunidades de inovação
um “vasto tecido de colaborações” (ibidem), tendo a informa- que se criem as condições necessárias para que ambas se de-
ção e o conhecimento como seus principais recursos. Nela, os senvolvam neste sentido.
6. Ambiente internacional meios de produção deixam de ser propriedade de uma par-
cela específica da população, e novos atores econômicos en- 4.2. A economia digital em favor do
6.1. Estados Unidos
desenvolvimento social e econômico
tram em cena.
6.2. Canadá
6.3. Israel O acesso a esta infraestrutura global se torna muito mais
6.4. Chile importante do que a posse de qualquer bem de capital. No- Uma nova lógica econômica não apenas traz novos modelos
6.5. Índia vas empresas de software começam a surgir transforman- de produção como requer, necessariamente, novos players
do uma economia industrial em uma de serviços. E a partir no sistema econômico. Assim, a economia digital traz uma
gama de dispositivos que podem simplificar e baratear o pro-
7.Conclusão do momento em que a informação passa a ser amplamente
compartilhada como um bem de capital distribuído e aces- cesso produtivo. Conectada em rede, ela abre espaço para
sível, as mudanças deixam de ser somente econômicas. Pro- novos participantes e transforma o próprio processo. O em-
8. Anexos e bibliografia preendedorismo pode se beneficiar deste movimento na me-
duzir e socializar não são mais atividades excludentes. As
fronteiras do público e do privado, do social e econômico, dida em que este sistema se difunde ao mesmo tempo em que
também começam a se diluir, fazendo emergir um modo de contribui para o seu crescimento e disseminação de valores.

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Para se entender melhor esta relação, o Instituto Global de vidades destrutivas e improdutivas diminuem e mais ativi-
Empreendedorismo e Desenvolvimento (GEDI) construiu a dade empreendedora é deslocada para o empreendedorismo
curva-S do empreendedorismo (Fig. 1), se utilizando dos con- produtivo, fortalecendo assim o desenvolvimento econômi-
Empreendedorismo ceitos difundidos pelo Fórum Econômico Mundial sobre os
estágios de desenvolvimento das economias1. A curva-S suge-
co” (GEDI, 2016). No momento em que uma economia deixa
de ser impulsionada pela eficiência e passa a ser impulsiona-
na economia em rede rida pelo GEDI aponta a relação positiva entre o empreende- da pela inovação, o empreendedorismo por oportunidade de
fato prospera.

Empreendedorismo
Sobre esta relação, eles explicam que o impacto do empreen-
dedorismo sobre economias emergentes é alto, mas não cres-
1.Introdução ce em ritmo gradativo conforme aquela economia se desen-
volve. Isso ocorre porque nas economias em seu primeiro
2.Metodologia estágio de desenvolvimento existe um número maior de em-
Fase impulsionada Fase impulsionada Fase impulsionada
pelo fator pela eficiência pela inovação
presas pequenas de profissionais autônomos. Ou seja, há cer-
3. Destaques ta abertura e condições mínimas para se empreender. Mas
se não houver investimento também na cultura empreende-
dora, tornando-o parte estratégica daquela economia, o im-
4.Economia em rede pacto ainda não será sustentável. À medida que a economia
passa da fase de eficiência para inovação, ou seja, passa de
4.1. O surgimento de uma nova economia uma economia baseada na indústria para uma baseada no
4.2. A economia digital em favor do conhecimento, o empreendedorismo volta a desempenhar
desenvolvimento social e econômico sua importância, agora de forma sustentável, estabelecen-
4.3. Inovação em uma economia em rede
do uma relação positiva com o desenvolvimento econômico.
4.4. Os ecossistemas empreendedores
Novamente aqui, os reflexos da tecnologia em rede em uma
Desenvolvimento econômico economia hiperconectada podem ser percebidos.
5. Ambiente de Inovação
no Brasil Figura 1. Curva S do empreendedorismo/GEDI Seja qual for o estágio de desenvolvimento de uma economia,
em menor ou maior grau ela será impactada pela revolução
dorismo e desenvolvimento econômico, mas também revela digital. Este processo é inevitável pela própria estrutura da
5.1. Os empreendedores
o seu crescimento a uma taxa decrescente em países que es- rede, que permite a participação de profissionais autôno-
5.2. Pilares do empreendedorismo no Brasil
tão na fase da eficiência. A lógica é que o empreendedorismo mos e atores sociais na articulação e mobilização de novas
5.3. Em que estágio estamos
pode ser positivo nos países com maior dificuldade econômi- iniciativas, refletindo diretamente nas atividades econômi-
5.4. Construindo comunidades de inovação
ca, mas dificilmente consegue evoluir e de fato impactar po- cas tradicionais. Os reflexos podem representar maiores ou
sitivamente se não estiver acompanhado de um planejamen- menores obstáculos a depender da disposição de um país em
6. Ambiente internacional to. Isso é exatamente o que diferencia o empreendedorismo construir o ambiente adequado para esta transição, mas difi-
por necessidade daquele por oportunidade, e demonstra o cilmente será possível se esquivar deles. Neste sentido, a con-
6.1. Estados Unidos quanto o setor deve estar dentro da agenda política nacional. vivência entre a indústria tradicional e a disruptiva pautará
6.2. Canadá Nos países em desenvolvimento e aqueles de renda mais bai- a nova era econômica.
6.3. Israel xa, o empreendedorismo por necessidade impera, mas não
6.4. Chile necessariamente traz consigo a inovação, nem muito menos Por isso é importante que projetos para incentivar o setor em-
6.5. Índia representa melhor qualidade de vida. De acordo com o GEDI, preendedor, tão ligado à exploração e implementação da ino-
“à medida que as instituições se tornam mais fortes, as ati- vação, sejam cuidadosamente executados, e que não estejam
descolados do contexto econômico nacional, pois só assim
7.Conclusão
1 Desde 2004 o Fórum Econômico Mundial produz o Índice de Competitividade será possível garantir que ele seja eficaz e robusto, capaz de
Global que distingue os países entre três diferentes estágios de desenvolvimento das trazer inovações importantes para o benefício da sociedade.
8. Anexos e bibliografia suas economias: as orientadas pelo fator de produção (factor-driven), as orientadas pela
eficiência (efficiency-driven), e as orientadas pela inovação (innovation-driven). O índice
integra diferentes metodologias que já eram utilizadas nos relatórios anuais produzidos
pelo Fórum, os quais se baseavam nas ideias de Michael Porter sobre competitividade
nos negócios, e de Jeffrey Sachs sobre desenvolvimento.

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4.3. Inovação em uma economia em rede tos. O empreendedorismo, neste contexto, é um dos principais
vetores para o crescimento econômico e social de um país.
A partir do momento em que o próprio modelo econômico
Empreendedorismo está sendo reestruturado por tecnologias emergentes e dis-
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (2010), o em-
preendedorismo não é importante apenas por gerar emprego
na economia em rede ruptivas, abre-se espaço para novos modos de organização e
produção baseados especialmente na inovação como meio de
e renda, mas também por melhorar as condições do mercado,
introduzir novidades, disseminar tecnologia e estimular a con-
impulsionar o desenvolvimento econômico e social. Parale- corrência saudável que por sua vez realimenta toda essa cadeia.
lo a uma recente transformação no próprio mercado de tra- As economias orientadas para a inovação, as quais se apropriam
balho, onde se vê o crescimento do número de profissionais do que há de mais avançado em tecnologia como recurso para
1.Introdução autônomos, a economia em rede traz o empreendedor como incrementar sua competitividade (Schwab e Porter, 2008), são
agente fundamental para a ativação dos novos modelos e am- aquelas onde se encontram as melhores condições para o desen-
2.Metodologia biente econômico. Tornando-se, portanto, um ator influente volvimento do empreendedorismo. Primeiro, porque ela promo-
no crescimento econômico a partir da inovação1. ve o empreendedorismo pela oportunidade e não pela necessi-
3. Destaques A ideia de relacionar o empreendedor como elemento fun-
dade (ACS, 2006). Depois porque, se na economia industrial a
inovação já era um valor buscado para se alcançar o crescimen-
damental ao ambiente de inovação não é nova. As teorias to, mas desenvolvida apenas por meio de grandes empresários,
4.Economia em rede schumpeterianas2 sobre destruição criativa lançaram o em- na economia em rede conectada, as novas ideias fluem de forma
preendedor como o principal sujeito de inovações que trans- mais livre, menos proprietária e mais compartilhada, com mais
4.1. O surgimento de uma nova economia
formam a economia, responsáveis por criar ainda mais valor pessoas envolvidas e oportunidades, gerando ainda mais condi-
4.2. A economia digital em favor do
ao mercado. Na visão deste economista, precursor da tese de ções para que a inovação ocorra.
desenvolvimento social e econômico que inovação tecnológica gera desenvolvimento capitalista,
4.3. Inovação em uma economia em rede inovação pode ser entendida como a criação de um novo pro-
4.4. Os ecossistemas empreendedores duto, a descoberta de uma forma inédita de produzir, a or- 4.4. Os ecossistemas empreendedores
ganização do mercado de forma original e como o resultado
5. Ambiente de Inovação da ação de um empreendedor que toma para si a execução da Como se viu, uma nova era econômica está começando a to-
nova tarefa. A invenção, portanto, converte-se em inovação
no Brasil na medida em que altera o modo de operação da economia.
mar forma e o empreendedorismo pode ser uma peça funda-
mental para sua prosperidade. Mas o estabelecimento e for-
talecimento deste setor exigem esforços para de fato gerar
5.1. Os empreendedores O que acontece na economia em rede, onde a informação e o co- benefícios a longo prazo. Dentro de um contexto econômico
5.2. Pilares do empreendedorismo no Brasil nhecimento são os principais bens de capital, é que “os usuários mais cooperativo e aberto, proposto por recursos disponíveis
5.3. Em que estágio estamos da informação de hoje não são somente os leitores e os consu- em uma plataforma em rede, o empreendedor pode encon-
5.4. Construindo comunidades de inovação midores de hoje. Eles também são produtores hoje, e os inova- trar pela primeira vez a possibilidade de ter acesso a todos
dores de amanhã” (BENKLER, 2006, p.38). Assim, as fronteiras os fatores produtivos necessários para o desenvolvimento da
6. Ambiente internacional entre consumidor e empreendedor também são mitigadas, e o sua atividade. Entretanto, a atividade empreendedora tam-
empreendedorismo torna-se mais acessível na medida em que bém depende da construção de ambientes cada vez mais in-
as ferramentas para o seu fomento se tornam mais acessíveis. terdependentes, dinâmicos, que sustentem valores próprios
6.1. Estados Unidos
Neste sentido, trazendo para os dias atuais o conceito difundido e, principalmente, que exijam atenção à disseminação dos
6.2. Canadá
por Schumpeter, a inovação não apenas promove produtivida- recursos necessários e disponíveis no mercado para seu de-
6.3. Israel
de como dá condições para se criar novas e melhores formas de senvolvimento. Desse modo todos os participantes podem ser
6.4. Chile
produzir, gerando com isso novas oportunidades e investimen- igualmente envolvidos, sentindo-se aptos a participar.
6.5. Índia

1 https://publications.iadb.org/bitstream/handle/11319/6744/CTI_TN_Enterpre-
Diante do reconhecimento de sua importância, a promoção do
7.Conclusão neurship_Data_for_Latin_America_and_the_Caribbean.pdf?sequence=1
2 O economista austríaco Joseph Schumpeter teve grande influência para o pens- empreendedorismo foi eleita como uma das principais estra-
amento econômico do mundo moderno e das ideias propostas pelo sistema capitalista. tégias para o desenvolvimento de países e cidades, colocando
8. Anexos e bibliografia No seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, publicado em 1942, ele populariza o
conceito da destruição criativa (ou destruição criadora) como o processo por meio do qual instituições e pesquisadores comprometidos na proposição de
antigos produtos são substituídos por novos, atuando como o grande motor do desen- modelos que apoiem a construção de políticas públicas inclusi-
volvimento econômico. Hoje se assume a sua teoria como a primeira que introduz a ideia vas (LUNDSTROM E STEVENSON, 2005; OECD, 2007; UNCTAD,
da inovação.

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2012; Acs et al, 2017). Apesar da diversidade de propostas, todas
assumem a necessidade de um ambiente mais aberto às novas
Determinantes
tecnologias e com condições, legais e financeiras, de estabelecer
Empreendedorismo uma cultura voltada para a busca dessas inovações. Estrutura regulatória | Carga administrativa para entrada,
carga administrativa para crescimento, regulamentos para
na economia em rede Em suma, admite-se a necessidade de um ecossistema em- falência, segurança, saúde e regulações ambientais, regula-
preendedor sustentável, o único meio a partir do qual seria mentos de produto, regulamentos do mercado de trabalho, es-
possível formar ambientes produtivos e criativos, capazes trutura legal e jurídica, segurança social e de saúde, imposto de
de se propagar por meio da interação entre múltiplos atores, renda e sobre patrimônio, imposto sobre capital e negócios.
facilitando não apenas o empreendedorismo, mas a promo-
1.Introdução ção da inovação. Para isso, é preciso também fazer uma clara Tecnologia e P&D | Investimento em P&D, Interface indústria-u-
distinção entre empreendedorismo e inovação no que tange niversidade, cooperação tecnológica entre firmas, difusão tec-
2.Metodologia à construção de políticas públicas, já que cada uma delas tem nológica, acesso a banda larga, padrão do sistema de patentes.
seus nichos e objetivos distintos, apesar de serem áreas que
Capacidades empreendedoras | Treinamento e experiência dos
3. Destaques se convergem (DAHLSTRAND E STEVENSON, 2010). A elabo-
empreendedores, educação para negócios e empreendedoris-
ração de políticas públicas voltadas para o empreendedo-
rismo deve, de acordo com Dahlstrand e Stevenson (2010), mo, infraestrutura empreendedora, imigração.
4.Economia em rede se preocupar com a construção destes ambientes buscando
em última instância fomentar uma verdadeira cultura em- Cultura | Atitude de risco na sociedade, atitude em relação a
4.1. O surgimento de uma nova economia preendedora no país, levando sempre em consideração, por- empreendedores, desejo por próprio negócio, educação ao
4.2. A economia digital em favor do tanto, as condições específicas de cada país, inclusive do seu empreendedorismo (mentalidade).
desenvolvimento social e econômico sistema de inovações. Assim, enquanto o empreendedorismo
4.3. Inovação em uma economia em rede Acesso a finança | Acesso a financiamento de dívida, negó-
não for entendido como um setor econômico em particular,
4.4. Os ecossistemas empreendedores cios anjos, acesso a Venture Capital, acesso a outros tipos de
ainda que integrado a outros, será difícil fazer com que as
iniciativas de incentivo ao seu desenvolvimento em seus va- equity, mercado de ações.
5. Ambiente de Inovação riados âmbitos sejam efetivas e acessíveis a todos.
Condições de mercado | Lei anti-trust, competitividade, acesso a
no Brasil mercado nacional, acesso a mercado internacional, grau de envol-
Neste sentido, a Organização para o Desenvolvimento e Coo-
vimento público, contratos públicos.
peração Econômico (OCDE) elegeu seis determinantes fun-
5.1. Os empreendedores
damentais para o estabelecimento destes ambientes, sem os Quadro 1. Modelo OCDE/Eurostat para Indicadores de empreendedorismo
5.2. Pilares do empreendedorismo no Brasil
quais a atividade empreendedora não pode ser desenvolvida
5.3. Em que estágio estamos
satisfatoriamente, ou seja, trazendo impactos macroeconô-
5.4. Construindo comunidades de inovação
micos. De acordo com a Organização, o empreendedorismo em torno de uma rede que possibilita a atuação e desenvolvi-
é um campo tão multifacetado e dinâmico que não apenas mento dos seus participantes, geralmente de um determina-
6. Ambiente internacional os determinantes podem variar, como a própria literatura do setor. Ainda que os determinantes ao empreendedorismo
encontra cientistas que apostam em outras variantes (WEN- variem dependendo da região ou país em que se pretende dis-
6.1. Estados Unidos NEKERS AND THURIK, 1999; LUNDSTROM E STEVENSON, seminá-lo, é necessário encontrar dentro deste ecossistema
6.2. Canadá 2005; ISENBERG, 2011; UNCTAD, 2012). Apesar disso, eles as condições propícias para formação de um sistema dinâ-
6.3. Israel acreditam que “as diferenças entre esses vários estudos são, mico, apoiando seus integrantes no início de seus negócios,
6.4. Chile em geral, semânticas, e a maioria concorda [...] por uma com- a ganhar escala e crescer de forma orgânica e sustentável,
6.5. Índia binação de três fatores: oportunidades, pessoas qualificadas e assim retroalimentar este ambiente. Além disso, é impres-
e recursos”. O Quadro 1 apresenta as condições eleitas pela cindível a presença de múltiplos atores, com os quais os de-
OCDE necessárias ao empreendedorismo e que, separadas terminantes estarão contribuindo para o fortalecimento e
7.Conclusão expansão do ecossistema. No caso do empreendedorismo são
entre os seis determinantes fundamentais, influenciam o
surgimento de um ambiente empreendedor favorável à ino- de primordial importância os investidores, as aceleradoras e
8. Anexos e bibliografia vação e, portanto, devem ser levadas em consideração para a incubadoras, os governos na esfera federal, estadual e mu-
formação das políticas públicas. nicipal, as universidades públicas e privadas, e claro, os em-
Os ecossistemas devem assim garantir a união de elementos preendedores.

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Dentre os atores que compõem um investimentos chamados de é crucial que se tenha em-

ecossistema de inovação, além dos


Corporate Ventures, em que preendedores para que o pro-
se utilizam do grande poder cesso comece, também é cru-

Empreendedorismo empreendedores que serão abordados a de compra para adquirir ino- cial a presença do capital de

seguir, destacam-se os seguintes


vação que surge fora delas, a risco, e é neste momento ini-
na economia em rede partir do ecossistema. cial, antes da maturidade dos
ecossistemas, que o Estado
Fundamentais no desenvol- entra como fomentador em
Investidores | Os investido- dimentos inovadores em es- vimento do ecossistema, as parceria com o setor privado,
res são, em sua grande maio- tágios iniciais, oferecendo grandes empresas tiveram por meio de investimento di-
1.Introdução ria, investidores de risco, que infraestrutura, capacitação um papel crítico na criação reto e indireto.
entendem os mecanismos do e suporte gerencial, orien- e no desenvolvimento do fa-
tando os empreendedores
2.Metodologia funcionamento de um ecos- moso ecossistema do Vale do Para além do fomento, o Esta-
sistema em busca de inova- sobre aspectos administrati- Silício. Ao perceberem que do entra também como gran-
ção e familiarizados com os vos, comerciais, financeiros inovar “dentro de casa” era de articulador do processo,
3. Destaques altos riscos inerentes de seus e jurídicos. As incubadoras, um processo extremamente utilizando principalmente
investimentos, porém com normalmente, têm foco de caro e lento, as grandes em- seu imenso poder de compra
4.Economia em rede possibilidade de ganhos mui- apoio a empresas nascentes presas começaram a procu- para fomentar o surgimento
to altos nos casos de sucesso. em alguma temática espe- rar e investir em empresas de novas empresas, produtos
Dentre as formas de investi- cífica como por exemplo a nascentes que traziam inova- e serviços. Nos EUA, o poder
4.1. O surgimento de uma nova economia indústria do petróleo. É co-
mento, tem-se o investimen- ções para seus negócios. de compra do setor militar,
4.2. A economia digital em favor do mum existirem incubadoras
desenvolvimento social e econômico to anjo, efetuado por pessoas por conta da Segunda Guer-
4.3. Inovação em uma economia em rede físicas com seu capital pró- ligadas a empresas para de- Universidades | Em ecossiste- ra e da Guerra Fria, injetou
4.4. Os ecossistemas empreendedores prio em empresas nascentes senvolvimento de pequenas mas de inovação de sucesso bilhões de dólares no setor de
com alto potencial de cres- empresas inovadoras que pelo mundo, universidades, tecnologia e inovação, prin-
cimento (as startups); e o atendam a demandas de sua tanto privadas quanto públi- cipalmente na região da Ca-
5. Ambiente de Inovação semente (seed), que é muito cadeia produtiva. Universi- cas, trabalham em conjun- lifórnia.
no Brasil similar ao investimento anjo, dades também oferecem in- to com governos e empresas
porém realizado por pessoas cubadoras para que possam para formar jovens prepara- Por fim, como regulador, o
jurídicas e normalmente por desenvolver ideias e projetos dos para inovar, empreender Estado entra com regras e
5.1. Os empreendedores
meio de fundos de investi- de seus alunos, dando opor- e trabalhar nas profissões do leis que facilitem o processo
5.2. Pilares do empreendedorismo no Brasil
mento. Destacam-se também tunidade aos jovens alunos futuro. de desenvolvimento tecnoló-
5.3. Em que estágio estamos
o capital de risco (venture ca- e pesquisadores de trabalha- gico e de inovação, como por
5.4. Construindo comunidades de inovação
pital), que acontece normal- rem juntos em projetos que Governos | Por fim, mas não exemplo, desburocratizando
mente em pequenas e médias possam gerar soluções para menos importante, os gover- o processo de abertura e fe-
6. Ambiente internacional empresas que já atingiram o mercado. Já as aceleradoras nos têm papel fundamental chamento de empresas, dan-
certo estágio maturidade vi- tem foco amplo e procuram na estruturação e fomento à do segurança jurídica para
6.1. Estados Unidos sando investimento de longo empresas que possam trazer criação de um ecossistema de investidores para que não
6.2. Canadá prazo para alavancar e dar altos retornos e um cresci- inovação de ponta. A partici- sejam penalizados para além
6.3. Israel tração aos negócios da em- mento rápido, preferencial- pação do Estado se dá de al- do capital investido e até ofe-
6.4. Chile presa investida; e o capital mente com ideias inovadoras gumas formas importantes. recendo incentivos para o
6.5. Índia corporativo (corporate ven- e disruptivas. risco, facilitando o processo
ture). E por fim, há o investi- Primeiro como desenvolve- de concessão e transferência
mento governamental direto Empresas | As empresas no dor de políticas públicas e de patentes e de imigração
7.Conclusão ou indireto. ecossistema de inovação fomentador de recursos para para que talentos do mundo
significam a presença de in- ajudar no processo de risco todo possam aportar conhe-
8. Anexos e bibliografia Aceleradoras/ incubadoras | As vestidores de peso, já que as inicial inerente à criação de cimento e mão de obra espe-
aceleradoras e incubadoras grandes corporações inves- um ecossistema como este. cializada global, entre outros.
procuram apoiar empreen- tem nas startups através de Ao mesmo tempo em que

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