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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO
ENSINO Á DISTÂNCIA

CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

TRABALHO DE GESTÃO INTERNACIONAL DE RECURSOS HUMANOS

GLOBALIZAÇÃO DOS MERCADOS E OS DESAFIOS DO RH DIANTE DA


GLOBALIZAÇÃO DOS NEGÓCIOS.

DISCENTES:
António Narciso
Anastácia Madricha
Albertina José
Carlitos Matias
Camile Alice da Conceição
Linda Bernardino
Pandanai Ferro

Chimoio

Março

2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
DELEGAÇÃO DE CHIMOIO
ENSINO Á DISTÂNCIA

CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

TRABALHO DA CADEIRA DE GESTÃO INTERNACIONAL DE RECURSOS HUMANOS

GLOBALIZAÇÃO DOS MERCADOS E OS DESAFIOS DO RH DIANTE DA


GLOBALIZAÇÃO DOS NEGÓCIOS.

O presente trabalho da cadeira de Gestão


Internacional de Recursos Humanos, será entregue
no Instituto Superior Mutasa, sob orientação do
Docente. dr. Nilza Mabumda, para fins avaliativos.

Chimoio

Março

2023
Índice

1. Introdução.....................................................................................................................................1

1.2. Objectivos..................................................................................................................................1

1.2.1. Geral.......................................................................................................................................1

1.2.2. Específicos..............................................................................................................................1

1.3. Metodologia da pesquisa...........................................................................................................1

2. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................................2

2.1. A origem da globalização..........................................................................................................2

2.1.2. Fases da globalização.............................................................................................................2

2.1.3. Tipos de globalização.............................................................................................................3

2.2. Vantagens e desvantagens da globalização...............................................................................4

2.3. Características da Globalização.................................................................................................5

2.3.1. As principais características da Globalização........................................................................6

2.4. Globalização dos mercados.......................................................................................................6

2.4.1. Mercado social........................................................................................................................8

2.4.2. O mercado enquanto modelo interpretativo...........................................................................8

2.5. Os efeitos do mercado globalizado para a gestão dos negócios................................................9

2.6. Aspectos gerais do mercado globalizado................................................................................10

2.7. Desafios do RH diante da globalização dos negócios.............................................................11

3. Conclusão...................................................................................................................................14

4. Referencias bibliográficas..........................................................................................................15
1. Introdução

O termo Globalização começou a ser divulgado no inicio da década de 80 nos EUA. Podemos
afirmar que é uma interdependência económica entre países e que foi propagado com a finalidade
de caracterizar mudanças na economia internacional. Nesse período houve uma rápida expansão
no sector de produção, de consumo, de tecnologia, bens e serviços.

Falar de Globalização remete para um conjunto de transformações económicas, políticas, sociais


e culturais que se fazem sentir a nível mundial. Nas suas formas mais visíveis, estas
transformações estão frequentemente associadas a inovações tecnológicas. As novidades
tecnológicas, e a velocidade a que estas ocorrem no mundo contemporâneo, contribuem para crer
que a globalização constitui um fenómeno completamente novo.

A globalização proporciona uma nova realidade em todos os segmentos empresarias, onde seus
profissionais não serão mais qualificados por um excelente currículo, domínio de língua
estrangeira ou da expressão: “ele é competente”, estes, serão apenas os pré-requisitos de
mercado. Não será suficiente saber muita coisa, mas utilizá-lo produtivamente.

1.2. Objectivos

1.2.1. Geral

 Analisar a globalização dos mercados e os desafios do RH diante da globalização dos


negócios.

1.2.2. Específicos

 Descrever sobre Globalização dos Mercados;


 Explicar o processo de Globalização dos Mercados;
 Mencionar os desafios do RH diante da globalização dos negócios.

1.3. Metodologia da pesquisa

O desenvolvimento do presente trabalho se baseia na consulta e interpretação de obras literárias e


artigos diversos relativos ao tema proposto, visando sua análise mais profunda.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. A origem da globalização

Para Castells (1999), o início da globalização foi marcado pelo período das Grandes Navegações,
entre os séculos XV e XVII, em que houve a exploração de rotas marítimas e comerciais pelas
principais potências mundiais da época. As Grandes Navegações significaram o início do
estabelecimento de relações produtivas em larga escala no mundo, por meio da comercialização
de diversos produtos, além de trocas diversas entre os diferentes países.

Tal processo desenvolveu-se ao longo do tempo, especialmente por causa da hegemonia do


sistema capitalista de produção. O Colonialismo e o Imperialismo são marcos históricos que
contribuíram para a introdução das relações de produção capitalista no globo. Por sua vez, a
ocorrência das sucessivas revoluções industriais, com o desenvolvimento de tecnologias diversas,
culminou na integração produtiva do planeta em larga escala, consolidando o processo de
globalização (CASTELLS, 1999).

2.1.2. Fases da globalização

Segundo Castells (1999), a globalização é um processo que se deu ao longo da história por meio
de quatro fases bastante específicas. São elas:

 Primeira fase: corresponde ao período das Grandes Navegações. Ela marcou o início das
relações comerciais mundiais em larga escala, com a comercialização de diversos bens
pelas potências dominantes da época. O acúmulo de capital gerado nesse período foi um
dos precursores da Primeira Revolução Industrial.

 Segunda fase: essa fase da globalização teve início na Segunda Revolução Industrial, por
meio do desenvolvimento de novas tecnologias produtivas, especialmente em áreas de
transportes, comunicações e fontes de energia. As tecnologias advindas desse período
propiciaram a maior dinamização do comércio. Nesse momento houve o crescimento
da industrialização e da urbanização mundial.

 Terceira fase: iniciada após a segunda metade do século XX, essa fase ocorreu com o
advento da Terceira Revolução Industrial. Esse período da globalização foi marcado pelo

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desenvolvimento de altas tecnologias, em campos como a informática e a robótica, que
contribuíram de maneira decisiva para a industrialização mundial.

 Quarta fase: a actual fase da globalização, marcada pela Quarta Revolução Industrial,
corresponde ao período actual da humanidade. Ela é caracterizada pelo desenvolvimento
tecnológico e científico em diversos campos da sociedade. Essa fase é marcada pela
hegemonia do sistema capitalista de produção em quase todo o globo e pela forte
integração cultural entre os países.

2.1.3. Tipos de globalização

Para Castells (1999), a globalização é compreendida por uma junção de factores (sociais,
culturais, de informação e políticos) responsáveis pela união de diferentes civilizações. No
entanto, ela possui uma divisão baseada em três factores principais.

2.1.3.1. Globalização económica

A globalização económica é uma expressão que caracteriza a integração das cadeias produtivas
globais, desde a fabricação até a comercialização, que é uma característica importante do
processo de globalização. São exemplos desse processo a ascensão das chamadas empresas
transnacionais, que possuem unidades em diversos países, e dos blocos económicos, uniões entre
países com objectivos comuns. Por meio da globalização económica, há o aumento das disputas
comerciais, além da acentuação dos diversos fluxos e do papel dos organismos financeiros
internacionais (CASTELLS, 1999).

Como resultado da globalização económica, as nações puderam fomentar as suas relações


comercias através da formação de blocos económicos, a exemplo do Mercosul e União Europeia.

Em meados do século XX foi o período em que a globalização económica deu início à Terceira
Revolução Industrial, também considerada como "Revolução Técnico-Científica" (CASTELLS,
1999).

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2.1.3.2. Globalização cultural

A globalização cultural é caracterizada pela mistura de diferentes elementos culturais, ou seja


quando os costumes e tradições típicas de uma determinada região passam a influenciar outros
países.

Um exemplo disso é o Halloween, famosa festa da América do Norte que actualmente


comemora-se em diferentes locais do mundo. Outro passo importante para o desenvolvimento
desse tipo de globalização são as novas tecnologias de informação e a troca constante de bens de
consumo com outros países, como produtos, filmes, séries, músicas, entre outros.

2.1.3.3. Globalização de informação

O avanço de tecnologias de informação, com destaque para as inovações propostas pela internet,
foi o principal responsável pelo surgimento do conceito deste tipo de globalização. A chegada das
redes sociais, como o "Facebook", por exemplo, permite que as pessoas possam receber e
compartilhar mensagens de qualquer lugar do mundo.

2.2. Vantagens e desvantagens da globalização

A globalização é um processo que envolve variáveis económicas, políticas e sociais. Logo,


produz no espaço geográfico diversas consequências, pontos positivos e negativos, dentro da
actual lógica de integração mundial.

Sendo assim, considerando as diversas facetas da globalização, pode-se afirmar que


são vantagens desse processo:

 a acentuada integração dos mercados globais, facilitando as trocas comerciais entre os


países;

 o desenvolvimento de diversas tecnologias, especialmente nas áreas dos transportes e das


comunicações;

 a elevada difusão de conhecimento, tecnologias e serviços que permitiram a melhoria da


qualidade de vida da população;

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 a divulgação de hábitos culturais de diversas sociedades, por meio da difusão tecnológica,
especialmente a partir do advento da internet;

 o aumento da produção de riqueza em nível mundial, com o desenvolvimento económico


dos mercados globais.

Contudo, a globalização não é um processo homogéneo, tampouco apresenta somente pontos


positivos. A integração global resultou em profundas disparidades económicas, políticas e
sociais, uma vez que não aconteceu de forma igualitária no globo.

São desvantagens do processo de globalização:

 a elevada pressão sobre os recursos naturais, amplamente utilizados para a produção de


bens manufacturados;

 o aumento do impacto nos ambientes naturais do globo, como a poluição da água, do ar e


do solo, além dos desmatamentos e das queimadas;

 a precarização das legislações trabalhistas e ambientais, com o intuito de diminuir os


custos de produção industrial;

 a acentuação da desigualdade social, especialmente em países emergentes e menos


desenvolvidos.

2.3. Características da Globalização

Segundo Dias (2004), a maior característica da Globalização é o surgimento das empresas


transnacionais. São empresas que possuem matriz em um país desenvolvido e actuam com filiais
em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos.

Dessa forma, as empresas transnacionais expandem seu mercado consumidor. Também se


beneficiam da mão de obra barata, isenção de impostos, doações de terrenos e outros incentivos
oferecidos pelos governos dos países.

Outra característica marcante da Globalização é a interferência nos aspectos culturais de uma


sociedade. Certos hábitos incomuns para um determinado país passam a ser normais, pois são
aprendidos pela TV e internet.
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Estes hábitos podem ser alimentares, o que é evidenciado pelas redes de fast food globais, por
exemplo. Podem ser também de consumo de moda, com a actualização das vitrines das grandes
lojas de departamento com as mesmas roupas no mundo inteiro.

2.3.1. As principais características da Globalização

 Aumento das relações económicas entre os países;

 Maior produção e consumo de bens e serviços globais;

 Informações disseminadas instantaneamente;

 Surgimento de empresas multinacionais e transnacionais;

 Surgimento de blocos económicos e diminuição de barreiras comerciais;

 Avanços tecnológicos e meios de comunicação;

 Economia informal.

2.4. Globalização dos mercados

Conforme Dias (2004), a globalização dos mercados financeiros resulta de um vaivém do


progresso técnico na transmissão e no processamento de dados, da inflação elevada em
consequência da primeira crise do petróleo, das inovações financeiras, das desregulamentações e
das liberalizações dos mercados financeiros nacionais.

Decerto, podemos dizer mais alguma coisa sobre a relação entre esses factores e a sua
participação no aumento global da mobilidade do capital. Nas explanações subsequentes, a ênfase
recairá menos sobre as causas, mas muito mais sobre os efeitos do processo de globalização.

Conforme Dias (2004), podemos explicar a palavra “globalização” como sendo a integração cada
vez maior das empresas transnacionais, num contexto mundial de livre comércio e de diminuição
da presença do Estado, em que empresas podem operar simultaneamente em muitos países
diferentes. É um fenómeno actual que consiste numa maior integração entre os mercados
produtores e consumidores, abrindo a sua economia para o mundo.

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O processo de globalização não é recente e vem se desenvolvendo desde 1492, abarcando um
número cada vez maior de países, com os seus ciclos de expansão e retracção (SINGER, 1998;
IANNI, 2002). Este processo intensificou-se com a crise do Bloco soviético, as transformações
revolucionárias do Leste europeu e a queda do Muro de Berlim, provando a força do capitalismo,
força tamanha que a maioria dos reformadores que implantaram a globalização provinha da
esquerda, derrotando política e ideologicamente o socialismo em quase todo o mundo (IANNI,
2002; CASTELLS, 1999).

A globalização designa o fim das economias nacionais, fazendo com que as realidades e
problemas nacionais se mesclem com as realidades e problemas mundiais (SANDRONI, 2002;
IANNI, 2002). Nesse contexto, tudo o que se passa no mundo é vivido e presenciado por todos
os lugares, formando uma sociedade verdadeiramente global.

Todos os níveis da vida social passam a ser alcançados por este processo e observa-se que as
coisas, gentes e ideias ficam desenraizadas. Assim, a globalização abarca todas as esferas da vida
social, colectiva e individual dos indivíduos em todo o mundo, articulando as sociedades
contemporâneas numa única sociedade global, levando consigo implicações sociais, políticas e
culturais (IANNI, 2002). Mas, apesar desta crescente ligação entre as sociedades e economias
mundiais, as disparidades em termos de desenvolvimento e condições socio-económicas não
deixaram de existir, muito pelo contrário. De acordo com Castells (1999), a nova economia é
informacional porque a produtividade e competitividade dependem basicamente de sua
capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em
conhecimentos; é global porque as principais actividades produtivas, o consumo e circulação,
assim como seus componentes estão organizados em escala global, directamente ou mediante
uma rede de conexões entre agentes económicos; e é rede porque, nas novas condições históricas,
a produtividade é gerada e a concorrência é feita em uma rede global de interacção entre redes
empresariais (CASTELLS, 1999).

A globalização é um fenómeno caracterizado pelo desenvolvimento dos transportes e das


comunicações em escala mundial. Esse desenvolvimento possibilitou o aumento dos diversos
fluxos no planeta, resultando assim em um processo de integração mundial, tendo como base o

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sistema capitalista de produção. Portanto, a globalização remete ao aprofundamento das relações
económicas, políticas e sociais entre os países do globo (CASTELLS, 1999).

Analisar a globalização é analisar os “mercados”. Estamos numa economia de mercado (o que


significará verdadeiramente) isto, em que este não é apenas um “espaço social” de conciliação de
vontades diferentes, mas uma “entidade reguladora”, um “ser omnipresente e omnisciente”.
“Mercado” é uma palavra que é aplicável a todas as situações, mesmo quando não faz sentido
utilizá-la. Por isso considera- mos importante distinguir quatro significados diferentes: mercado
enquanto realidade social; mercado enquanto modelo interpretativo, mercado enquanto símbolo,
mercado enquanto argumento (CASTELLS, 1999).

2.4.1. Mercado social

É o como espaço perfeitamente localizado onde um conjunto de (potenciais) vendedores e


(potenciais) compradores estabelecem um conjunto de relações entre si e por seu intermédio se
relacionam muitos outros intervenientes nos processos de produção, distribuição, circulação e
consumo. É-o, a um maior nível de abstracção, enquanto totalidade dessas relações num espaço
geograficamente impreciso que engloba ao mesmo tempo a totalidade dos espaços concretos
anteriormente referidos (CASTELLS, 1999).

O mercado tem uma estrutura que é historicamente determinada pela divisão social do trabalho e,
conjunturalmente, pela forma que esta assume, pela correlação de forças económica e política,
pelo enquadramento jurídico, pela informação. É um espaço de cidadãos e instituições,
etiquetados de “agentes”, com usos e costumes, inseridos num contexto mais vasto. O mercado é
uma realidade complexa, muito provavelmente sensível a variações infinitesimais de alguns dos
factores intervenientes e com interacções múltiplas. A sua existência é anterior ao capitalismo e
muito provavelmente também sobreviverá ao fim deste, sendo essencialmente uma relação entre
os homens através de instituições. O próprio mercado é uma instituição (CASTELLS, 1999).

2.4.2. O mercado enquanto modelo interpretativo

É sempre uma simplificação daquele. E ainda bem que o é porque as limitações das nossas capa-
cidades cognitivas, a forma de fazermos ciência, a possibilidade de interpretar a realidade e fazer
previsões o exigem. Contudo, temos de ter consciência que estamos perante uma simplificação,
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pelo que não podemos transpor para a realidade concreta as dinâmicas do modelo, pelo que a
transposição deste para aquela exige sempre uma localização no tempo e no espaço. É positivo
termos modelos, de preferência suficientemente gerais e abrangentes, mas desde que não sejam
excessivamente redutores. O que é profundamente negativo, e ideológico, é apresentarmos a
realidade como uma imagem do modelo (por exemplo, fazer uma política económica admitindo
que há simetria de informação ou que esta é reversível, que os homens “desapareceram” por
detrás da oferta, da procura e do equilíbrio), a tal ponto que as diferenças entre a realidade e o
modelo resultam de “erros da realidade”: por isso há que impor politicamente as transformações
na realidade de forma a esta funcionar de acordo com o modelo (CASTELLS, 1999).

2.4.3. O mercado enquanto símbolo

É frequentemente, um prolongamento destas últimas leituras distorcidas. Distorcidas ora por uma
vontade expressa de alguns “servirem o dono” ora porque um ensino universitário em “torre de
marfim”, o silêncio dos gabinetes e o afastamento da realidade, uma fraca reflexão crítica e muito
pouca imaginação, uma “vacinação contra os valores” e uma insensibilidade ao social fazem com
que desconheçam tudo para além dos modelos. O próprio modelo é construído sob o mito da
racionalidade olímpica, sob o comportamento maximizador. Por tudo isto se torna num símbolo:
«o mercado tem sempre razão». Por isso mesmo é que quem assim argumenta não a tem
(CASTELLS, 1999).

2.5. Os efeitos do mercado globalizado para a gestão dos negócios

O fato de, em 2009, o volume de exportações já ser considerado 100 vezes superior ao volume de
1950 (Vartanian, Cassano e Caro, 2013) valida a afirmação de De Cieri et al (2005) sobre o
processo de internacionalização das empresas ser uma resposta progressiva e irreversível às
pressões oriundas do mercado global.

Na década de 1980, empresas da Coreia do Sul, Malásia e Cingapura representavam fortes


partícipes de internacionalizações, nos últimos anos, foi a vez das multinacionais do cone Sul,
tais como as empresas chilenas e brasileiras (UNCTAD, 2004). Além desta expansão territorial,
observa-se, também, mudanças no escopo do processo de internacionalização. Isso porque,
atividades tradicionalmente retidas nas sedes corporativas das multinacionais, estão sendo

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paulatinamente internacionalizadas. O exemplo que melhor ilustra a situação refere-se as
actividades de pesquisa e desenvolvimento (World Investment Prospects Survey 2013–2015,
UNCTAD, 2013).

Ao se tratar da realidade brasileira, observou-se, em 2015, um crescimento de 7% na


internacionalização das empresas (Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras, FDC, 2015).
Consequentemente, aumentou do fluxo de movimentações de profissionais entre as fronteiras. As
multinacionais brasileiras realizaram, em 2013, 10% a mais de transferências de profissionais
para fora do Brasil comparativamente ao ano de 2012 (Global Line, 2013). Da mesma forma, o
Brasil recebeu mais de 70 mil profissionais estrangeiros, em 2012, ou seja, um acréscimo de 26%
em relação à 2010 (MTE, 2012).

2.6. Aspectos gerais do mercado globalizado

Entre muitos aspectos da Globalização, vamos destacar os aspectos económico se sociais. A


Globalização da economia significa integrar o mercado mundial, no sentido de que um produto,
independentemente de sua origem ou procedência, possa ser oferecido em qualquer parte do
planeta.

Para Dias (2004), entre muitos aspectos importantes da globalização, podemos destacar dois:

i) O primeiro aspecto é a necessidade da existência de uma base material, ou seja, uma


infra-estrutura que permita e facilite o desenvolvimento de uma economia globalizada,
o que envolve a infra-estrutura e a tecnologia moderna;
ii) O segundo aspecto é a existência de um agente activo no processo de globalização
económica, que são as corporações transnacionais. Elas se constituem no agente
fundamental do processo de globalização.

A crise capitalista e o aumento da concorrência entre as economias desencadearam um profundo


processo de reestruturação produtiva em todo o mundo, fazendo com que estas economias se
tornassem interdependentes globalmente.

O processo de reestruturação produtiva é caracterizado por uma maior flexibilidade de


gerenciamento; descentralização das empresas e sua organização em rede; fortalecimento do
capital em relação ao trabalho; incorporação maciça das mulheres na força de trabalho
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remunerada, geralmente em condições discriminatórias; individualização e diversificação cada
vez maior das relações de trabalho; intervenção estatal para desregular os mercados; aumento da
concorrência global (CASTELLS, 1999).

O desenvolvimento das novas tecnologias foi condição permissiva e factor de intensificação da


globalização e, consequentemente, do processo de reestruturação produtiva (CHESNAIS, 1996).
Mas, de acordo com Alves, não foi apenas o desenvolvimento dessas novas tecnologias que
contribuiu para impulsionar a ofensiva do capital na produção, mas principalmente as
determinações políticas ocorridas nos anos 70 e 80, com a ascensão de políticas neoliberais que
promoveram a desregulamentação da concorrência e liberalização comercial, além de permitirem
a adopção de políticas antisindicais (ALVES, 2000). Observa-se assim, que os governos e
instituições financeiras internacionais é que abriram os novos espaços para a implantação das
políticas neoliberais, com as respectivas consequências sobre o mercado de trabalho.

A reestruturação produtiva e a ascensão destas políticas trouxeram mais benefícios para o capital
do que para os trabalhadores em geral. O capital ganhou uma maior mobilidade pelo mundo, fez
com que os trabalhadores e governos se tornassem seus dependentes e ganhou maior
lucratividade e maior nível de exploração em relação aos trabalhadores e novos territórios.

Surgiram profundas transformações no mundo do trabalho, sendo a deterioração das condições de


trabalho a mais importante delas, com o aumento da precarização do trabalho e a insegurança dos
trabalhadores (ALVES, 2000; SINGER, 1998). Assim, quanto mais acirrada se torna a
competição intercapitalista em todo o mundo, mais a força de trabalho humana fica precarizada.

2.7. Desafios do RH diante da globalização dos negócios

Pode-se afirmar que os desafios pertinentes à GIRH relacionados aos itens que compõe a
discussão acerca dos efeitos da globalização baseiam-se, consideravelmente, na demanda por
articulação entre as instâncias local e global. Essa relação local-global vem sendo discutida tanto
na literatura internacional quanto na nacional, da mesma forma, abrange diversos campos de
estudo, entre eles a da gestão de pessoas.

Isso porque a responsabilidade da GIRH passa a ser direccionada para a alocação dos
profissionais ao longo da rede de negócio (Lengnick-Hall; Lengnick-Hall, 2006) e, portanto,
11
interagem com o nível de internacionalização das empresas, o deslocamento de profissionais e a
gestão de talentos. Seus esforços são, a partir de então, na implementação de políticas e práticas
em diferentes países, intermediando as demandas locais com as globais (Schuler, Budhwar, &
Florkowiski, 2002; Björkmane e Stahl, 2012).

Em termos estratégicos significa que a GIRH deve deslocar os modelos de gestão para onde as
actividades são operacionalizadas globalmente; promover a transferência do conhecimento em
nível mundial e equilibrar custo-eficácia tendo como foco a racionalização dos sistemas e
processos (Brewster, Sparrow, 2007). Na prática , esses desafios são concretizados por meio:

i) do compartilhamento de estruturas de serviços internacionais na medida em que isso


facilita soluções globais;
ii) da integração de operações a nível internacional com modelos de redes interpessoais;
iii) da actuação da área de recursos humanos como parceiro de negócios no contexto
internacional, considerando os diferentes níveis de envolvimento do gerente de linha entre
os países; e
iv) da articulação do nível de especialização das actividades associadas a processos de
outsourcing, insourcing e offshoring.

Não se trata, simplesmente, de replicar o que já vem sendo praticado para os elos da cadeia do
negócio surgidos dos processos de internacionalização, mobilidade profissional e gestão de
talentos. Deve-se considerar uma nova forma de gerir pessoas, envolvendo desde a organização
do trabalho, dos papeis e responsabilidades até uma redistribuição de poder na arena política.
Portanto, concebendo transformações na organização como um todo e não apenas na área de
GIRH, em suma, esta deve reflectir a estratégia e a estrutura da organização empresarial (Ulrich,
Yonger, Brockbank, 2008).

As dificuldades que envolvem tal transformação, em geral, são oriundas dos diferentes ambientes
institucionais onde operam as multinacionais. Isso porque, as características locais impactam no
desenho dos modelos de gestão (Kostova, Roth, Dacin, 2008), tanto quanto as da própria
organização (Schuler et al., 1993). Assim, espera-se que aspectos como a influência do país de
origem, a estratégia e estrutura corporativa, a percepção do CEO, além do tamanho e qualificação

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da força de trabalho global (Thite, Budhwar, Wilkinson, 2014) sejam considerados na
modelagem da GIRH.

Além disso, há de se somar a essas circunstâncias algumas observações críticas, tais como a de
Legge (2005). Para a autora, a divisão global de trabalho baseia-se na responsáveis por prover as
actividades baratas e a produção de commodities por parte dos países em desenvolvimento, bem
como na produção dos bens e serviços qualificados de alto valor agregado por parte dos países
desenvolvidos. Esta divisão, conjuntamente à pressão por organizações mais flexíveis, resultam
na padronização dos modelos de gestão e na intensificação de subcontratações como forma de se
obter vantagem competitiva. Dessa forma, a gestão das empresas seria padronizada,
independentemente, das características dos diferentes ambiente institucionais. Como nem sempre
é possível esse tipo de padronização, aumentaria o que a autora denomina de “retórica”, ou seja,
um discurso desconexo da real prática organizacional e de seu contexto. Nesse sentido, no Brasil,
Caldas, Tonelli e Braga (2009, p.10) defendem que os estudos sobre a GIRH deixam de perceber
o potencial que existe em entender os processos de internacionalização oriundos de países em
desenvolvimento. Assim, estudos como os apresentados nesta Edição Especial, podem além de
contribuir para o entendimento de operações dessa natureza em contextos diferentes dos
tradicionalmente abordados, como é o caso das nações desenvolvidas, também auxiliam em
reflexões sobre a questão da retórica versus realidade discutida por Legge (2005).

Portanto, sem desconsiderar a multiplicidade de temas que envolvem a GIRH (Sparrow, 2010;
Björkmane, Stahl, 2006), nem tão pouco as críticas à constituição de seu domínio de
conhecimento, mas na expectativa de que a GIRH cada vez mais torne-se uma fonte de vantagem
competitiva nos mercados globais, buscou-se ampliar o debate em âmbito nacional com esta
Edição Especial.

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3. Conclusão

Feito o presente trabalho concluímos que após este estudo, as relações se modificam de todo
tipo, os valores se moldam e não há uma clareza de como vivenciar novas práticas sociais. A
única certeza sobre o processo da Globalização é que a informação passou a ser acessada por
um contingente de pessoas. Novos desafios se criam.

Observei que o mercado competitivo é auxiliado por diversos ramos da tecnologia em todas as
áreas, impulsionando o aumento das rendas, criando oportunidades de igualdade para a
sociedade, uma troca de ideias entre pessoas e empresas, exigência de capacitação profissional
para a competitividade do mercado. A humanização das relações do trabalho é uma tendência. É
preciso ressaltar que o mercado mundial deverá estar integrado para que os avanços da
globalização sejam repassados a todos, pois a cada instante surgem novas ideias, novas
tecnologias, que vão sendo inseridas automaticamente nesse processo sem fim. 

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4. Referencias bibliográficas

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2004.
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