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CONSIDERAÇÕES SOBRE A INOVAÇÃO EM PMES:

O PAPEL DAS REDES E DO EMPREENDEDOR

Thoughts on Innovation in PM ES:


the role of Networks and entrepreneur
Recebido em 05.08.09 / Aceito em 15.01.10

Cristiane Marques de Mello1 , Hilka Vier Machado2 e Marcos Junio Ferreira de Jesus3

Resumo

No contexto econômico global, a implantação de inovações contribui para a sobrevivência


das empresas. As inovações são decorrentes tanto de mudanças no ambiente interno quanto
externo à organização (BAUMOL, 2002; DRUCKER, 1986, 1998, 2002, 2005; LONGENECKER
et al., 2007; NONAKA; TAKEUCHI, 1997; SCHUMPETER, 1975, 1982; VAN DE VEN, 2000;
ZAWISLAK, 2007). Este ensaio tem o objetivo de discutir as diversas formas de inovação, sua
aplicação na pequena empresa e a importância da formação de redes para essas empresas e
responder como as PMES podem aumentar o nível de inovação. Transformações no contexto
social e econômico servem como ativadores para a criação de processos inovadores, assim
também como as inovações podem servir de desencadeador de transformações sociais e
econômicas (BARON; SHANE, 2007; BRUYAT; JULIEN, 2000; DAVIDSSON, 2005; FILION,
2004; SHANE; VENKATARAMAN, 2000), como um processo recursivo. A formação de redes

1
Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora da graduação em Administração;
da pós-graduação (lato sensu) e atual coordenadora do MBA em Gestão Pública da Faculdade Integrado de
Campo Mourão; lecionando também na Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (UNESPAR/
Fecilcam). E-mail: mellcris@gmail.com
2
Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com doutorado
sandwich na HEC École des Hautes Études Commerciales, em Montreal (2000). Docente do curso de Administração
e do Mestrado em Administração da UEM.
3
Mestre em Administração pela UEM. Professor do curso de Administração da UNESPAR/Fecilcam. E-mail:
marcos_junio@hotmail.com

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pode estimular a inovação em pequenas empresas, possibilitando a disseminação de informações
e geração de conhecimento.
Palavras-chave: Inovação; Redes; Pequenas Empresas.

Abstract

In the global economic context, the implementation of innovations contributes to the


companies’ survival. Innovations are due to changes in both internal and external environments
to the organization (BAUMOL, 2002; DRUCKER, 1986, 1998, 2002, 2005; LONGENECKER et
al, 2007; NONAKA; TAKEUCHI, 1997; SCHUMPETER, 1975, 1982; VAN DE VEN, 2000;
ZAWISLAK, 2007). This essay aims at discussing the diverse ways of innovation, its application
in the small company and the importance of the creation of networks for these companies. It
also aims to answer how can PMES increase the level of innovation. Changes in the economic
and social context serve as activators to the creation of innovative processes, the same way as
innovations may trigger social and economical changes (BARON; SHANE, 2007; BRUYAT; JULIEN,
2000; DAVIDSSON, 2005; FILION, 2004; SHANE; VENKATARAMAN, 2000), as a recursive
process. The formation of networks can stimulate the innovation in small companies, allowing
the dissemination of information as well as knowledge generation.
Keywords: Innovation; Networks; Small Companies.

1. Introdução
Atualmente, o desenvolvimento e a implantação de inovações contribuem, de alguma
maneira, para a sobrevivência das empresas. O processo de inovação pode ser desencadeado
mediante as informações que o inovador possui. Segundo Luz, Oliveira e Ornelas (2004), as
informações são elementos que facilitam o processo de desenvolvimento de novas ideias.
Mudanças nos ambientes sociais e demográficos possibilitam a criação e transmissão de informações
sobre oportunidades (SHANE, 2003). Assim, as transformações no macroambiente (BARON; SHANE,
2007; BRUYAT; JULIEN, 2000; DAVIDSSON, 2005; FILION, 2004; SHANE; VENKATARAMAN,
2000) podem ser um incentivador para a geração de novas ideias, ao mesmo tempo em que tais
inovações podem desencadear modificações ambientais como um processo circular.
Na concepção de Schumpeter (1982), a organização é a responsável por iniciar o processo
de inovação, a fim de oferecer ao cliente produtos e serviços competitivos. O autor enfatiza
que é o produtor que começa, normalmente, a mudança econômica e estimula os consumidores
a buscar novos produtos para atender novas necessidades. Ele também não descarta a possibilidade
de que seja o consumidor a iniciar esse processo, pressionando o produtor a atender seus novos
anseios. Entretanto, para que a geração de um novo produto tenha viabilidade, é necessário
que as necessidades do consumidor sejam vinculadas às capacidades técnicas da organização
(DOUGHERTY, 1996). Ou seja, além do conhecimento necessário sobre o consumidor, bem
como aquilo que o mesmo deseja, é indispensável que a empresa tenha as habilidades técnicas
necessárias para a produção do bem ou serviço que se propõe a oferecer no mercado.
Na implantação de uma empresa ou no desenvolvimento de seus produtos tanto pode
haver sucesso como fracasso. Drucker (1998) alerta que nos dois casos o empresário precisa
considerar o evento como uma chance para a inovação. Ele acrescenta, ainda, que o inesperado
leva o indivíduo a sair de seus pressupostos, das ideias preconcebidas, e é isso que faz o inesperado
ser tão propício à inovação.

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As mudanças tecnológicas também podem ser incentivadoras de inovações, como é o


caso da invenção da Internet, que fez com que as pessoas criassem novas combinações de
recursos (SHANE, 2003). Atualmente é possível a comunicação global de forma rápida, sem uso
de linha telefônica e em tempo real. As informações via online movimentam-se de forma ágil e
contínua, possibilitando seu acesso a um grande número de pessoas simultaneamente. Tanto
indivíduos como as organizações podem usufruir dessa vantagem e utilizá-la em benefício próprio
ou organizacional.
O Brasil é constituído, na sua maioria, por micro e pequenas empresas. Segundo dados
do Sebrae (2006), de 1996 a 2002, essas empresas representavam 57,2% dos empregos formais
no país. É inegável a sua importância para os estudos organizacionais e para o avanço do
conhecimento na área da gestão de empresas. Estatísticas do Sebrae apontam que o número de
pequenas empresas em atividade, entre 1996 e 2002, elevou-se de 181.115 para 274.009,
tendo um crescimento de 51,3%. O número de pessoas que trabalham nas pequenas empresas
passou de 4.054.635 para 5.789.875, resultando num crescimento de 42,8%, evoluindo a
participação percentual no total de empregos de 18,8% para 21,0%. Juntas, as micro e pequenas
empresas, em 2002, eram responsáveis por 99,2% do número total de empresas formais, por
57,2% dos empregos totais.
As pequenas empresas, diferentes das grandes, não dispõem de uma ampla quantidade
de recursos destinados ao processo de inovações, dificilmente possuem um setor de pesquisa e
desenvolvimento e, na maioria das vezes, vivem cercadas de incertezas pelas alterações na
política econômica, pela diminuição do tempo de vida do produto, pelos concorrentes que possuem
maior vantagem competitiva, entre outros fatores. Tais circunstâncias levam a pensar que empresas
desse porte tendem a ser menos inovadoras que as grandes corporações. Entretanto, Nonaka e
Takeuchi (1997) acreditam que viver cercado de situações de incertezas favorece as empresas e as
fazem buscar conhecimento externo à organização, e isso leva à inovação contínua. Desse modo, a
questão que embasa este ensaio é como PMES podem aumentar o nível de inovação.
Mediante a atual importância do tema do artigo, este ensaio tem como objetivo principal
discutir as diversas formas de inovação, bem como sua aplicação na pequena empresa, destacando
a importância do indivíduo e da formação de redes no processo de inovação.
A inovação, no presente trabalho, é também considerada como uma oportunidade
empreendedora. As oportunidades empreendedoras, na concepção de Shane e Venkataraman
(2000), são as situações nas quais novos bens ou serviços, e novos métodos organizacionais
podem ser introduzidos e vendidos por um preço maior que o custo de produção, em que os
indivíduos podem criar uma nova estrutura recombinando recursos (SHANE, 2003).
O escopo do artigo está dividido da seguinte forma: o primeiro assunto a ser abordado,
na seção 2, é inovação e empreendedorismo; seguido da importância da informação e do
conhecimento no processo de inovação; e uma breve discussão sobre algumas formas de
inovação. A seção 3 trata do papel do indivíduo na inovação. Posteriormente, na seção 4, os
assuntos a serem tratados são: inovação na empresa de pequeno porte, importância das redes
para esse tipo de organização e estudos sobre redes desenvolvidos em pequenas empresas. Por
fim, na seção 5, são feitas as considerações finais.

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2 Inovação e empreendedorismo

O estudo sobre inovação tem sido foco de disciplinas, como a economia, sociologia e
gestão (FORT; RASTOIN; TEMRI, 2005), e não se caracteriza como um objeto singular de estudo
da administração ou do empreendedorismo.
A inovação é uma das características que mais aparecem nas definições sobre
empreendedorismo de autores tradicionais. Souza (2005) fez uma análise das características
empreendedoras abordadas por diversos autores, entre eles estão Schumpeter, McClelland,
Weber, Filion e McDonald. Como elemento comum a todos, estava a inovação, apesar desses
autores pertencerem a correntes epistemológicas diferentes (ver seção 4).
Muitas vezes as dificuldades enfrentadas pelas empresas podem pressioná-las e conduzi-
las a mudanças no produto, serviço ou no processo produtivo. De acordo com Nonaka e Takeuchi
(1997), as empresas japonesas são expertises em promover a inovação. Os autores comentam
que o Japão passou por grandes e complexas adversidades, como a Segunda Guerra Mundial,
Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, crise do petróleo, crise do iene, e outras instabilidades
externas que ocorreram nos últimos 50 anos. Além disso, havia transformações no mercado,
avanço tecnológico, aumento da concorrência e obsoletismo dos produtos, e um cenário em
que só havia dúvidas e insegurança. Todos esses fatores, segundo os autores, impulsionaram os
japoneses a inovar, aperfeiçoar-se e a implantar contínuas melhorias. Para eles, realizar a inovação
contínua denota “olhar para fora e para o futuro” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 4). Olhar
para fora e para o futuro pode significar ver mercados ainda inexplorados, pois, como lembra
Kisfalvi (2002), existem diferentes produtos para diferentes mercados, e o empreendedorismo
consiste nos comportamentos competitivos que dirigem o processo de mercado (DAVIDSSON,
2005). A inovação sistemática consiste na busca deliberada e organizada de mudanças e na
constante e ordenada análise das oportunidades que tais mudanças podem oferecer para a
inovação econômica ou social (BARON; SHANE, 2007; DRUCKER, 2002).
As inovações são decorrentes tanto de mudanças no ambiente interno à organização
quanto do ambiente fora da organização (BAUMOL, 2002; DRUCKER, 1986, 1998, 2002, 2005;
LONGENECKER et al., 2007; NONAKA; TAKEUCHI, 1997; SCHUMPETER, 1975, 1982; VAN
DE VEN, 2000; ZAWISLAK, 2007). Fala-se de inovação como um processo de aprendizagem
provindo da inter-relação de diversos agentes, tanto internos como externos (FORT; RASTOIN;
TEMRI, 2005). As transformações dos ambientes impulsionam a criação de novas ideias e
surgimento de novos conhecimentos por meio do aprendizado intencional ou não-intencional,
e a inovação é o resultado da aprendizagem, que, em grande parte, provém da experiência e
do experimento (MAYO, 2003). Lima (2000) menciona que a inovação se origina da busca e/ou
geração de oportunidades ou das mudanças situacionais; além disso, ela representa uma vantagem
competitiva para a empresa.
Assim, Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que, para compreender a inovação, é
necessário entender a teoria do conhecimento. Os autores lembram que as organizações criam
novos processos, novos produtos e novas formas de organizar, mas enfatizam que há a necessidade
de entender de que forma as organizações geram o novo conhecimento que possibilita essas
criações. A importância da informação e da geração do conhecimento no processo de inovação
será abordada na seção subsequente.

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2.1 A importância da informação e do conhecimento no processo de


inovação

A utilização da informação pelas organizações é um elemento indispensável, ela é


subsídio para a tomada de decisões, além de permitir a previsão de tendências referentes aos
objetivos e metas, bem como mercado, P&D e inovações (LUZ; OLIVEIRA; ORNELAS, 2004).
O inter-relacionamento dos membros organizacionais contribui para a aquisição e
disseminação das informações. Conforme Shane (2003), a interação com outras pessoas facilita
o acesso à informação. O poder de inovar está, por um lado, na capacidade de se adquirir
informação por meio de interações com o ambiente, especialmente a inserção em redes e, por
outro lado, na capacidade de integrar e tratar esta informação, através de interações internas
para produzir conhecimento novo (FORT; RASTON; TEMRI, 2005).
As informações podem ser provenientes tanto do ambiente interorganizacional quanto
do ambiente extraorganizacional. De acordo com Luz, Oliveira e Ornelas (2004), há duas fontes
de informação utilizadas por empresas inovadoras: as internas e as externas. Podem ser
consideradas fontes internas: diferentes áreas da empresa e outra empresa pertencente ao
grupo. Têm-se como fontes externas: os concorrentes, clientes, fornecedores, informações
públicas, universidades, institutos de pesquisa e tecnologia. Para Nonaka e Takeuchi (1997), a
organização precisa fazer mais do que apenas processar informações, ela necessita gerar
conhecimento. Além disso, eles enfatizam que os indivíduos organizacionais precisam ser agentes
ativos da inovação. Os autores relacionam o êxito das empresas japonesas com a sua capacidade
de gerar novos conhecimentos, disseminá-los em toda a organização e, ainda, coligá-los aos
bens, serviços e sistemas.
Nos últimos quarenta anos, as indústrias passaram da distribuição de bens para a
distribuição do conhecimento, e as indústrias que conseguiram crescer nesse período obtiveram
crescimento devido a sua adequação em volta do conhecimento e informação (DRUCKER,
2002).
As possibilidades de crescimento das micros, pequenas e médias empresas (MPMEs)
estão relacionadas ao seu sistema de conhecimento (LA ROVERE, 2001). O conhecimento é
considerado um dos fatores primordiais ao processo de inovação. Ter conhecimento sobre o
mercado facilita as descobertas de oportunidades (SHANE, 2003) e, consequentemente, a
possibilidade de inovar.
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), dois tipos de conhecimento são considerados: o
conhecimento tácito, mais enfatizado pelos orientais; e o conhecimento explícito, mencionado
com maior ênfase pelos ocidentais. Os orientais consideram o conhecimento tácito mais do
que números e palavras. Esse tipo de conhecimento é muito pessoal e está arraigado nas ações
e experiências do indivíduo. Envolve a dimensão técnica e cognitiva da pessoa. No caso do
conhecimento explícito, ele pode ser armazenado e transmitido por um computador. Para o
tácito se tornar explícito, é necessário que seja convertido em palavras ou números, de modo
que todos possam entender. Quando ocorre essa transformação e novamente de explícito para
tácito, o conhecimento organizacional é, então, gerado. Esse conhecimento ocorre a partir do
indivíduo e sua interação com outros.
A informação é um fluxo de mensagens que gera o conhecimento, apoiado nas crenças
e compromissos de quem o detém. Quando há a inter-relação dos conhecimentos tácito e
explícito, surge a inovação (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
Mayo (2003) considera que a finalidade da inovação é mais que se ter ideias inovadoras,
é também a geração de lucro futuro. Cada etapa do processo inovativo requer recursos, porque

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envolve custos que poderão vir a não proporcionar o retorno esperado. Para amenizar esse
fator de risco, Mayo sugere que os participantes do projeto de inovação estejam em contato
com os próprios clientes e tenham conhecimento do negócio, a fim de avaliarem custos e
retornos. De acordo com Barbieri (1997), a fase da implementação da inovação exige custos
significativos para a organização, valor que pode ser aumentado quando a empresa se utiliza de
tecnologia desenvolvida por outra empresa. Somente uma teoria econômica que tem o
conhecimento como recurso econômico será capaz de explicar o crescimento econômico e a
inovação, sendo as mais arriscadas as baseadas no conhecimento científico e na tecnologia
(DRUCKER , 1998, 2002, 2005).
É necessário que as organizações desenvolvam capacidades de aprendizagem distintas,
como capacidade de mudança de mercado, por meio do monitoramento de mudanças nas
preferências dos clientes e nas ações dos concorrentes (MORT; WEERAWARDENA; CARNEGIE,
2003), possibilitando, desse modo, o desenvolvimento de processos inovativos.
Não há apenas um tipo de inovação, há aquelas que são inéditas ou exclusivas,
como também as incrementais. Na seção seguinte, serão abordadas formas de inovação,
conceituadas por diferentes autores.

2.2 As múltiplas formas de inovação


Para Nonaka e Takeuchi (1997), o melhor aprendizado vem com a experiência direta.
O conhecimento novo é criado na inter-relação da empresa com o meio externo. O aprendizado
dessa relação precisa ser interiorizado e ajustado à identidade da empresa. Esses novos
conhecimentos proporcionam à empresa contínua renovação de ideias, estimulando as inovações.
Há quatro modos de aprendizagem segundo Mayo (2003): i) educação: que está relacionado
ao conhecimento e percepções que modificam o mapa mental dos indivíduos – é uma forma
de aprendizagem ligada à mente; ii) treinamento; iii) experiência e iv) aprendizagem com
outros, como exemplos, têm-se as experiências compartilhadas e os treinamentos recebidos
por meio de outros.
Os conhecimentos já existentes dão origem a novos conhecimentos. Aplicação da
competência especializada já existente a uma nova forma de aplicação, uma extensão do que
já existe, é considerada uma forma de inovação (DRUCKER, 1998).
Drucker (1998) considera sete fontes para o surgimento de oportunidade inovadora,
que são divididas em dois grupos. Quatro fontes situam-se internas à empresa e três localizam-
se no ambiente externo à empresa. No primeiro grupo estão: o inesperado, a incongruência, a
inovação baseada na necessidade do processo e as mudanças na estrutura do setor industrial ou
do mercado. Pertencentes ao segundo grupo estão as mudanças demográficas: mudanças em
percepção, disposição e significado e conhecimento novo científico e não-científico.
As oportunidades inovadoras não necessariamente estão ligadas somente à criação de
organizações ou abertura de empresas. O foco de estudo de empreendedorismo está além do
estudo de novas organizações, contempla também a investigação de novos mercados por
diferentes modos de exploração, que tanto podem ser inovadores como imitadores (DAVIDSSON,
2005).
Fazer novas combinações quer dizer usar de maneira diferente os meios de produção
que existem no sistema econômico (SCHUMPETER, 1982). As novas combinações, de acordo
com este autor, são:

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desenvolvimento de um novo produto ou serviço;


novo método de produção;
abertura de um novo mercado;
nova fonte de ofertas de bens semimanufaturados ou matéria-prima;
novas formas de organizar.
A criação de um novo produto pode gerar ou estimular a invenção de outros novos
produtos, como, por exemplo, a criação do computador proporcionou a fabricação de microchips
(SHANE, 2003).
Para Mayo (2003), a inovação engloba: mudanças pessoais e organizacionais; contínuo
aperfeiçoamento do processo; exploração de novas formas de trabalho, novos fornecedores e
novas tecnologias; aprendizagem por meio de outros; criação de novos mercados, de novas
relações e de novas alianças; novas estratégias de preços; novas formas de gerenciar e medir
desempenho.
No quadro 1, são apresentadas algumas definições de inovação na visão de diferentes
autores.

Quadro 1 – Definições de inovação

3 O papel do indivíduo na inovação

Nesse tópico, será enfocado o papel exercido pelo empreendedor no processo de


inovação. Os empreendedores são considerados como agentes de mudança e movem a
economia criando novos mercados ou novas maneiras de fazer as coisas (SCHUMPETER, 1982;
MORT; WEERAWARDENA; CARNEGIE, 2003).
O empreendedor é responsável pelo processo de criação de uma inovação e sem o
indivíduo não há criação de processo inovativo (BRUYAT; JULIAN, 2000). Inovação está
diretamente ligada ao empreendedor, pois uma das suas características essenciais é a capacidade
de inovar. As inovações ou combinações novas são chamadas por Schumpeter (1982) de
empreendimento, e aqueles que realizam essas inovações são denominados de empresários.
Segundo o autor, empresários são tanto os homens de negócios independentes, quanto os
empregados de empresas que criam combinações novas.
Nem todos irão explorar a oportunidade da mesma forma, pois as pessoas possuem
diferenças individuais, e a decisão de explorar uma oportunidade empreendedora é influenciada
por essas diferenças (SHANE; VENKATARAMAN, 2000). As diferenças individuais são constituídas

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por características demográficas, educação, características psicológicas, motivações, personalidade


e processo cognitivo (SHANE, 2003).
Novas descobertas partem de conhecimento já existente (SCHUMPETER, 1982), como,
por exemplo, as pessoas que trabalham com pesquisa e desenvolvimento (P&D) têm maior
probabilidade de terem novas ideias sobre tecnologia. A experiência reduz incertezas, facilita a
formulação de estratégias empreendedoras, a aquisição de recursos e o processo de organização
(SHANE, 2003).
A formulação de muitas estratégias empresariais está relacionada com as características
pessoais do empreendedor, com sua vivência passada, com seus erros e seus acertos, seus
êxitos e seus fracassos. A história de vida e as experiências do empreendedor são transferidas
para os negócios (KISFALVI, 2002) e tanto podem ser fator contributivo para o êxito das ações
empreendedoras como podem ser fator limitante das atitudes do empreendedor. O
empreendedor é caracterizado por Souza (2005, p. 137) como:

[...] um líder com competências especiais para tratar: a complexidade das atividades coti-
dianas, advindas da necessidade de atender altos níveis de qualidade e de satisfação da
sociedade; canalizar as atividades cotidianas em direção ao sucesso estratégico da empre-
sa; aceitar e promover, dentro do enfoque de responsabilidade social, a ética e os princí-
pios morais e ecológicos para todos os membros da empresa, como um fator de
competitividade e sucesso.

A liderança não está somente em descobrir ou criar o novo, mas em deixar o grupo
social impressionado a ponto de conduzi-lo em sua direção (SCHUMPETER, 1982). A inovação
contínua está relacionada com o engajamento e comprometimento dos atores organizacionais.
Segundo Dougherty (1996), para haver o desenvolvimento contínuo de novos produtos, os
membros da organização devem estar comprometidos com a inovação. Barbieri (1997) comenta
que a busca por um contínuo aperfeiçoamento precisa da contribuição de todos. Drucker (2002)
sugere que as pessoas façam associações dos conhecimentos existentes para a resolução de
problemas e comenta, ainda, que as pessoas devem utilizar os múltiplos conhecimentos que
possuem, pois, na maioria das vezes, as empresas já têm o conhecimento de que necessitam.
Para Shane (2003) e Shane e Venkataraman (2000), pessoas com propensão a assumir
riscos são mais prováveis de explorar oportunidades empreendedoras. Shane e Venkataraman
(2000) comentam que onde a maioria das pessoas vê riscos, os empreendedores visualizam
oportunidades. E, em um contexto de inovação e acirrada concorrência, é certo que há uma
procura por gestores capazes de se adequarem às mudanças na produção e no mercado (SOUZA,
2005).
Conforme Fort, Rastoin e Temri (2005), nos pequenos negócios, o papel do líder parece
ser principal na construção das capacidades: de obter informações através da inter-relação com
o ambiente e de utilizar essas informações para a geração de novos conhecimentos. As relações
que ele mantém com seus diferentes sócios parecem também determinar sua capacidade para
adquirir conhecimento.

4. A inovação na empresa de pequeno porte

A maioria dos empreendimentos brasileiros é constituída como micro e pequena empresa.


O quadro 2 apresenta a classificação das empresas pelo porte. No Brasil, a classificação das

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micro e pequenas empresa mediante a receita bruta anual está no Estatuto de 1999. Os valores
foram atualizados pelo Decreto nº. 5.028/2004, de 31 de março de 2004. Para a microempresa,
o valor da receita bruta anual é igual ou inferior a R$ 433.755,14 (limite que anteriormente era
de R$ 244.000,00). Para a empresa de pequeno porte, a receita bruta anual é superior a R$
433.755,14 e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00 (limite anterior era de R$ 1.200.000,00).

Quadro 2 – Classificação das empresas pelo porte

As políticas de apoio às MPMEs são horizontais, normalmente centradas em empresas


isoladas, e visam suprir deficiências de informação e de crédito destas empresas (LA ROVERE,
2001). A fonte de informação mais utilizada é a fonte interna. Mediante o estudo realizado por
Luz, Oliveira e Ornelas (2004), foi constatado que as pequenas e médias empresas inovadoras,
tanto europeias como brasileiras, usam fontes iguais de informação, tendo como dominante a
fonte interna, seguida por clientes, fornecedores, feiras, exposições e concorrentes.
Em um estudo realizado por Souza (2005), foram identificadas características vinculadas
às definições do empreendedor e empreendedorismo, focado no desenvolvimento de pequenas
empresas, como mostrado no quadro 3.

Quadro 3 – Matriz de características de empreendedor e empreendedorismo


Fonte: Souza (2005, p. 143).

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Esses resultados apontam que a ‘inovação’ é a característica empreendedora mais citada


pelos mais diversos autores. Isso implica dizer que a inovação está relacionada, essencialmente,
com os conceitos de empreendedorismo. A ‘busca de oportunidades’ aparece citada por 11
dos 16 autores pesquisados e, em terceiro lugar, pode-se visualizar a característica ‘correr riscos’.
Em especial essas três características podem ser vistas como complementares. A busca de
oportunidades pode resultar em inovação inédita ou parcial, pode ser em relação a um produto
ou serviço, uma nova forma de organizar ou uma recombinação de recursos, entretanto, a
inovação implica em correr riscos.
A ‘criatividade e a liderança’ também são aspectos de grande relevância no contexto
das pequenas empresas. Partindo do pressuposto de que as pequenas empresas possuem uma
menor quantidade de recursos que médias e grandes empresas, a criatividade, na maioria das
vezes, poderá ser utilizada para superação da concorrência, para a ampliação dos negócios,
para a economia dos recursos produtivos e sobrevivência no mercado. A criatividade pode ser
incentivada pela liderança ou partir dela própria.
Schumpeter (1982) menciona que o líder empresarial encaminha os meios de produção
para novos canais. Aqueles que têm uma elevada necessidade por realização são mais prováveis
de explorar oportunidades (SHANE; VENKATARAMAN, 2000).
De acordo com Luz, Oliveira e Ornelas (2004), a maioria das micro e pequenas empresas
(MPEs) cria ou adota inovações somente no momento em que percebem as oportunidades de
negócio ligadas à inovação ou, ainda, pelo fato de estarem sendo pressionadas pelos clientes ou
seus fornecedores. Os autores destacam que isso acontece por causa das particularidades do
processo de aprendizado tecnológico das MPEs, que é limitado pelo tempo e pessoal disponível.
Lima (2000) menciona que as pequenas empresas proporcionam aos seus membros
maior responsabilidade e controle, fazendo com que haja empenho, por parte dos mesmos, no
cumprimento da missão organizacional. Entretanto, Kisfalvi (2002) comenta que, especialmente
em pequenas empresas, os empresários se engajam pouco no planejamento, mais em ações e
menos em formalidade. A inovação necessita de empenho sistemático e elevado nível de
organização.
Apesar disso, Drucker (1998) comenta que diversas empresas começaram a ter sucesso
quando não esperavam que isso pudesse acontecer. Algumas dessas empresas souberam
aproveitar a oportunidade, atendendo ao mercado, e outras não. Umas inovaram seu modo de
administrar e se adaptaram às circunstâncias, outras não. Por exemplo, a IBM, que não acreditava
na ideia da proliferação dos computadores de pequeno porte, lançou o seu em 1980, tornando-
se líder mundial três anos depois.
Segundo Lima (2000), a criação de novos empreendimentos de pequeno porte não
necessariamente traz algum tipo de inovação. Contudo, Luz, Oliveira e Ornelas (2004) enfatizam
que, embora as empresas de grande porte tenham maior capacidade de recursos para inovação,
as pequenas empresas possuem maior adaptabilidade às mudanças do mercado.
Uma política de inovação voltada para as MPMEs, como menciona La Rovere (2001),
precisa levar em consideração as especificidades dessas empresas, que exigem a articulação
entre os governos federal, estadual e local, o que é difícil de ser alcançado. Desse modo, pode-
se dizer que o processo de inovação requer colaboração, inter-relação e alianças entre
organizações e governos. As MPMEs irão diferir em relação a sua capacidade inovadora,
dependendo da percepção do risco do negócio, da amplitude de planejamento das organizações
e da sua consciência referente aos benefícios advindos da inovação. Assim, uma política de
inovação voltada para essas empresas requer um frequente controle das iniciativas e resultados
alcançados (LA ROVERE, 2001). Embora essas iniciativas sejam fundamentais para a capacitação

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tecnológica das MPMEs, não são eficazes para maximizar os laços de cooperação entre empresas
e entre instituições e empresas.
As instituições voltadas para a educação aparecem como suporte para as organizações
inovadoras, como lócus de pesquisa e desenvolvimento de novas descobertas. Shane (2003)
enfatiza a importância das instituições educacionais, as quais conduzem pesquisas científicas
que irão resultar na criação de novos conhecimentos, que é a base de muitas oportunidades
empreendedoras. Vale ressaltar, no entanto, que nem sempre essas oportunidades são visualizadas
pelos empresários, e a interação com essas instituições pode ficar cada vez menor e mais distante.
É possível, ainda, tentar minimizar essa carência de interação através da formação de redes
para as pequenas empresas, como comentado a seguir.

4.1 Importância da formação de redes para PMEs


É comumente apontado na literatura que o ambiente empresarial tem se tornado mais
competitivo e complexo, fazendo com que as empresas de menor porte procurem desenvolver
estratégias para se tornarem mais competitivas (FERREIRA; OLIVA; 2006; HOFFMANN;
MORALES, 2006). Para melhor compreensão sobre as escolhas e decisões tomadas pelo
empreendedor, é preciso considerar o ambiente no qual ele está inserido (BRUYAT; JULIAN,
2000). O desenvolvimento econômico de uma nação é influenciado diretamente por diversas
características de suas empresas e pelo ambiente no qual tais empresas estão inseridas (SILVA,
2005).
Estudos recentes têm mostrado a importância da formação de redes, sob diferentes
visões, pertencentes a diferentes vertentes, em especial estudiosos da área de empreendedorismo
têm se dedicado a escrever sobre o assunto. As redes de cooperação tem sido um meio para as
PMEs se ajustarem às exigências do mercado e tornarem-se competitivas.
Souza (2005) comenta que, em diversos estudos, características como autoconfiança,
pró-atividade e uso de estratégias de influência, como redes de contatos, são consideradas com
alto grau de relevância para o empreendedor. A formação de redes pode ser um incentivador
para as pequenas empresas, quando elas têm a possibilidade de obter informações e gerarem
conhecimento, aspecto de extrema importância para a geração de inovações, conforme discutido
anteriormente na seção 2.1. A rede, de acordo com Fort, Rastoin e Temri (2005), é caracterizada
pela interação externa, aprendizagem e processo de inovação.
Rodan e Galunic (2004) afirmam que heterogeneidade de conhecimento é útil para
inovação, até mesmo quando as redes forem densas, pois os resultados de sua pesquisa apontam
em que a variedade de conhecimento na qual os dirigentes estão expostos é um aspecto
importante para o desempenho administrativo global e, especialmente, para o desempenho de
inovação.
Maillat (1994 apud FORT; RASTOIN; TEMRI, 2005, p. 52), caracteriza cinco dimensões
de uma rede inovadora:
– dimensão organizacional: modo específico de organizar;
– dimensão temporal: relações baseadas em confiança mútua;
– dimensão cognitiva: relações permanentes e desenvolvimento do processo de
aprendizagem coletivo;
– dimensão normativa: construção de regras comuns;
– dimensão territorial: proximidade como fator favorável à inovação.

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Em estudo realizado por Balestrin e Vargas (2004) sobre a utilização de redes como
estratégias para o melhoramento do desempenho competitivo das pequenas empresas, ficou
constatado que a aprendizagem coletiva ocorre na rede tanto pela interação das empresas
quanto pela participação em cursos, palestras e serviços de consultorias.
As fontes formais, como revistas, relatórios técnicos, normas técnicas, marcas e patentes,
são pouco utilizadas e menos valorizadas para a busca de informações. Este pode ser o motivo
da pouca importância conferida às instituições de pesquisa e aos serviços de informação para a
indústria, que possuem grande dificuldade em constituir um canal de comunicação com as
empresas que tenham maior fluidez e eficácia (LUZ; OLIVEIRA; ORNELAS, 2004). De acordo
com La Rovere (2001), mesmo no caso de programas em que as empresas interagem com
instituições de ensino e pesquisa, os contatos são esporádicos e ainda focados em problemas
individuais das empresas.
As redes de cooperação têm grande relevância para o desenvolvimento brasileiro
econômico e social, valorizando micro e pequenas empresas como agentes desse
desenvolvimento e fortalecendo estruturas locais e regionais (SILVA, 2005). O estabelecimento
de redes pode melhorar a comunicação entre as pequenas empresas (FORT; RASTOIN; TEMRI,
2005; LA ROVERE, 2001). Como elucida La Rovere (2001), o estabelecimento de redes pode
impulsionar o crescimento das empresas. No momento em que o conhecimento é essencial, no
novo paradigma tecnológico para a competitividade, pequenas empresas podem fomentar sua
competitividade através dos laços de cooperação com outras empresas e instituições. As redes
tanto são responsáveis pela produção de valor estratégico quanto pela produção de legitimidade
(DACIN; OLIVER; ROY, 2007).
É necessário que o apoio às MPMEs seja centrado no estímulo à formação e consolidação
de redes. A fim de que as perspectivas de crescimento das MPMEs sejam concretizadas em
termos de geração de renda e empregos qualificados, as políticas de apoio a essas empresas
necessitam mudar seu foco de empresas isoladas e buscar a formação de redes que encorajem
a atividade inovadora (LA ROVERE, 2001). As atividades relacionadas ao processo de inovação
precisam ser compreendidas e aceitas pelos empregados, a fim de que sejam legitimadas, em
vez de serem impostas, é ainda esperado que haja uma responsabilidade coletiva (DOUGHERTY,
1996).
Por meio de uma rede de relações (Figura 1), o empreendedor consegue recursos e
legitimidade. Desse modo, se o empreendedor não tem recursos (que podem ser humanos,
sociais, financeiros, físicos, tecnológicos e/ou organizacionais) e nem um demonstrativo de
resultados anteriores, uma das alternativas é utilizar-se de uma rede de relacionamentos que
possibilite o acesso aos recursos, e que assegure a legitimidade (ROSSONI; TEIXEIRA, 2006).

Figura 1 – Arcabouço analítico da construção relacional de legitimidade e recursos


Fonte: Rossoni e Teixeira (2006, p. 8).

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Rossoni e Teixeira (2006) enfatizam que tais relações são fortalecidas à medida que o
indivíduo responde conforme as regras estabelecidas, legitimando, assim, suas ações. Os autores
chamam a atenção para o fato de que a relação entre o empreendedor, a rede de relações, a
legitimidade e recursos é circular, de modo que todos esses fatores são retroalimentados. Caso
esse processo recursivo seja de algum modo interrompido, o empreendedor terá dificuldades
em ter acesso aos recursos disponíveis e em conseguir novos contatos.
Legitimidade social aumenta a possibilidade de recursos das empresas ou acesso a esses
recursos (DACIN; OLIVER; ROY, 2007).
Essa tendência associativa (formação de redes) tem repercussão nos setores tradicionais
e no segmento das micro e pequenas empresas, em que a busca da ação cooperada parece ser
fundamental para garantir a sobrevivência em um mundo competitivo, em permanente processo
de transformação (VALE, 2006). Sendo assim, é necessário relatar estudos sobre redes que foram
desenvolvidos em empresas de pequeno porte, visando a identificar as principais características
e vantagens da formação de redes de cooperação, como será discorrido, de modo breve, na
seção subsequente.

4.1.1 Redes nas pequenas empresas: estudos empíricos

A participação das empresas de pequeno porte e porte médio em redes de cooperação


estimula o crescimento e a geração de inovações, possibilitando ganho coletivo (REBELATTO;
WITTMANN, 2005; VALE, 2006). A formação de redes de cooperação e alianças estratégicas
entre as organizações tem se revelado um importante estímulo para o desenvolvimento
tecnológico, para a inovação e para a competitividade de pequenas empresas, produzindo
efeitos positivos na sinergia de esforços conjuntos para a solução de problemas característicos
de um processo de inovação, no qual o compartilhamento e a complementaridade do
conhecimento possibilitam maior grau de sucesso para elas (FERREIRA; OLIVA; 2006).
Na Itália, a reconstrução e desenvolvimento do país no período pós-guerra foi conduzida
com a criação de redes de pequenas e médias empresas. Naquele país, empresas com menos
de 100 empregados representam 99% do total e geram 70% dos empregos, recebendo maior
importância que grandes e médias empresas. Atualmente a Itália é considerada uma potência
industrial no cenário internacional e exemplo da preponderância das redes de cooperação de
empresas de pequeno porte no desenvolvimento do país (SILVA, 2005).
No Brasil, o estudo de Souza e Teixeira (2006) trouxe resultados intrigantes ao tentar
investigar o papel da capacitação e da inovação na consolidação das redes de cooperação
interempresariais. Suas pesquisas demonstraram que a consolidação das redes tem maior relação
com a existência de inovações gerenciais, contribuindo para a evolução do modelo de gestão
das empresas e a presença de práticas de aprendizagem coletiva. O nível de capacitação, tanto
de empregados quanto de empresários, não pareceu estar relacionado com a consolidação das
redes estudadas. O estudo foi realizado com uma amostra de oito redes de cooperação do
estado do Rio Grande do Sul. Essa amostra abrangeu redes dos setores varejista, industrial e
agrícola. A partir desse trabalho de campo, foi possível observar que dois aspectos foram de
grande importância para a consolidação das redes de cooperação: a promoção e adoção de
inovações gerenciais que contribuíram para a evolução do modelo de gestão das empresas
participantes e a presença de práticas de aprendizagem coletiva dentro das redes.
Pesquisas como a de Sonaglio e Marion Filho (2006), realizada no município de Bento
Gonçalves, RS, centro da aglomeração produtiva da Serra Gaúcha, apontaram que a interação
entre as empresas, através de ações colaborativas a fim de minimizar a carência de competências

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A INOVAÇÃO EM PMES: O PAPEL DAS REDES E DO EMPREENDEDOR

e habilidades em algumas tarefas, é evidenciada pelas parcerias no desenvolvimento de inovações


de processos e pela importância atribuída à troca de informações com as demais empresas do
setor, como fonte de informação para a origem das inovações. Essas relações são tidas como
vantajosas no sentido de minimizar custos e riscos associados à geração e incorporação de
inovações.
Outro exemplo sobre a importância de redes no setor agrícola, com pequenos
empreendedores, é o estudo realizado por Fort, Rasoin e Temri (2005), com sessenta empresas
francesas.
A atuação dos empreendedores em redes de cooperação é uma estratégia reconhecida
para a inovação em PMES, seja sensibilizando pessoas e organizações a se integrarem no processo
de construção coletiva; gerando e promovendo os espaços e instâncias para a interação e contato
entre diferentes atores; ajudando na definição e discussão de uma agenda comum;
acompanhando, avaliando, monitorando e cobrando resultados do grupo; apoiando a estruturação
e organização dos novos modelos associativos, seja assumindo o papel de gestor das novas redes
(VALE, 2006; REBELATTO; WITTMANN, 2005).
Assim, ao se reunirem em rede, as empresas tornam-se mais competitivas, reduzem
custos, podem compartilhar seus recursos de produção e atualizar-se mais rapidamente,
conseguindo, dessa forma, concentrar seus esforços em atividades nas quais são mais eficientes
(CASAROTTO FILHO; PIRES, 1999).

5 Considerações finais

Um dos pontos comuns mencionados pelos autores consultados é que a informação é


um elemento fundamental para a criação e desenvolvimento de novas ideias. Também o
conhecimento advindo dos indivíduos, bem como aquele adquirido na organização, são
elementos essenciais na criação dessas ideias. Inovações podem surgir do indivíduo como
também das organizações. O cenário de incertezas do ambiente no qual a organização está
inserida contribui para a busca de soluções alternativas que, na maioria das vezes, tendem a
serem inovadoras.
A inovação pôde ser vista aqui sob diferentes formas, como novo produto, novo serviço,
novo processo, nova forma de organizar, novas formas de combinar recursos, novos mercados
e, ainda, como uma melhoria contínua.
Resgatando a questão que deu origem a este ensaio, de ‘como as PMES podem aumentar
o nível de inovação’, é possível inferir que o surgimento das novas ideias pode ser instigado
pelas informações e pelos conhecimentos, fatores importantes também na interação com o
ambiente externo. A criação e desenvolvimento de produtos podem dar origem a outros novos
produtos, assim como também os conhecimentos novos podem ser resultados de conhecimentos
já existentes e de experiências vivenciadas pelos agentes inovadores.
Transformações no contexto social e econômico servem como ativadores para a criação
de processos inovadores, assim também como as inovações podem servir de desencadeador de
transformações sociais e econômicas, como um processo circular e recursivo.
Empresas de pequeno porte, ainda que de uma forma tímida, também são geradoras de
inovações, porém precisam ser trabalhadas de forma específica, a fim de se otimizar as condições
para produção de novas ideias. O conhecimento nessas empresas é um dos fatores essenciais
para o processo de inovar.

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O que pode se perceber em relação às pequenas empresas no que diz respeito à sua
inter-relação com instituições de apoio, é que essas interações acontecem apenas para resolver
situações de poucas empresas e sem uma troca periódica de informações e conhecimentos.
Essa situação poderia ser resolvida através de uma rede, na qual a troca de informações é
constante, há relacionamentos de colaboração, redução em custos de matérias-primas, entre
outras vantagens, com maior probabilidade para inovar. Desse modo, as PMES também podem
aumentar seu nível de inovação por meio das redes interorganizacionais.
Nas redes, os fatores que causam maior impacto são os econômicos, os de aprendizagem
e os de comportamento individual e/ou organizacional. Na concepção de Rodan e Galunic
(2004), estrutura de rede pode servir de procuração para informação e conhecimento
heterogêneo. Informação e heterogeneidade de conhecimento possibilitam a descoberta de
novas oportunidades e recursos de modo mais rápido.
É possível concluir que as ideias são instigadas por meio das relações e interação entre
os indivíduos, bem como pela troca de conhecimentos, capaz de gerar novos conhecimentos e,
consequentemente, transformarem-se em inovações. Atenta-se aqui para o fato de que a inovação
não se constrói apenas reativamente, mas também de forma pró-ativa. A intersecção dos diversos
conhecimentos resididos na pequena empresa pode proporcionar soluções para diferentes
adversidades enfrentadas por ela. Inovação requer cooperação, o que pode ser construído
entre organizações.
Sugerem-se, para investigações futuras, estudos empíricos, tanto quantitativos quanto
qualitativos que possam corroborar empiricamente a relevância das redes e do empreendedor
para a inovação nas PMEs.

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