DISTRITO TECH TRENDS

Educação 4.0
Transformação radical das
metodologias de ensino
2 Sumário

3 INTRODUÇÃO

4 EDUCAÇÃO 4.0

7 TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

18 CONCLUSÃO

19 ABOUT US
3 Introdução

N
esse mundo cada vez mais ve-
loz e de mudanças exponen-
ciais, há um setor da sociedade
que não acompanhou tais transformações
com a mesma velocidade: a educação.
Quando analisamos a educação do século
XX e do século XXI percebemos que não
há mudanças curriculares ou da maneira
como é o processo de aprendizagem. O
desenvolvimento do aluno(a) se abstêm
em absorção da informação, doutrinação
de valores éticos e morais e desconexão
com o mundo real.

As mudanças sociais que vieram com a

pandemia, porém, obrigaram o setor a se
reinventar por meio da tecnologia e ace-
leraram as transformações que estavam
em andamento. Somado a este cenário,
as Edtechs, startups voltadas à educação,
se desenvolvem cada vez mais no país
para apoiar esse processo de mudança.

As transformações na educação estão em

andamento, e para dar conta das necessi-
dades atuais alguns conceitos se tornam
cada vez mais populares, dentre eles, a
educação 4.0 e a educação disruptiva.
4 Educação 4.0
Educação 4.0 é uma abordagem edu-
cacional e o conjunto de estratégias
que seriam desejáveis para contemplar
as necessidades da chamada Quarta
Revolução Industrial, um termo cunha-
do por Klaus Schwab para descrever
toda esta nova geração de avanços
tecnológicos que estamos presen-
ciando e que estão se integrando para
constituir a próxima onda de inovação,
incluindo Internet das Coisas (IoT), Big
Data, Robótica, Inteligência Artificial,
impressão 3D, Medicina de Precisão,
dentre outros.
Para se compreender melhor o que se
pretende com Educação 4.0, pode ser
útil ter em conta as oito características
da Indústria 4.0:
1. Sistemas cyber-físicos: Prevê-se
uma interconexão mais profunda e
extensa entre todos os subsistemas e
objetos, tanto externos como internos,
incluindo os seres humanos envolvi-
dos, tais como fornecedores e clientes.
2. Integração vertical e horizontal: Com
dramática redução da hierarquização e
aumento da distribuição de processos,
com todas as partes envolvidas tendo seu
próprio endereço IP e interconectadas.
3. Internet das Coisas: Na sequência
do item anterior, máquinas, sistemas e
seres humanos, conectados pelo pro-
tocolo da Internet poderão trocar infor-
mações digitais. Até mesmo produtos
já em utilização poderão se comunicar
com o fabricante e fornecer feedback.
4. Big Data e analítica (Analytics): Como
consequência de toda essa troca de
informação, ocorre a geração de uma
quantidade gigantesca de dados que
precisam ser analisados, em busca de pa-
drões ocultos, tendências de mercado e
preferências de utilizadores, para que as
empresas possam tomar decisões mais
concretamente embasadas em dados.
5. Computação em nuvem: Essa quan-
tidade enorme de dados implica em
novas formas de armazenamento e
processamento, sendo a nuvem a es-
tratégia mais adotada no momento.
6. Cibersegurança: Com as informa-
ções vitais sobre transações, processos
e pessoas armazenados externamente
e acessados pela Internet e, portanto,
sujeitos a ciberataques cada vez mais
sofisticados, todas as etapas desse
acesso têm de ser repensadas, em
termos de hardware, software e, prin-
cipalmente, de utilizadores humanos.
5 Educação 4.0
7. Robôs autônomos: Os robôs já vêm
gradualmente substituindo mão de
obra humana desde 2004. Agora,
vêm se tornando cada vez mais inte-
ligentes, adaptáveis, comunicativos
e interativos. No entanto, em vez de
causar desemprego, espera-se uma
cooperatividade crescente entre se-
res humanos e entidades com graus
variados de autonomia e inteligência.
8. Realidade aumentada: A superposi-
ção de imagens geradas por compu-
tador à visão do utilizador do mundo
concreto permitirá um acesso mais
eficaz a instruções de operação, rela-
tórios em tempo real, verificações de
qualidade e direções de atuação em
situações de emergência.
Educação disruptiva
A ideia da educação disruptiva é se adap-
tar a um novo modelo de sociedade, mais
horizontal, múltipla, colaborativa e flexível.
Segundo José Cláudio Securato, fundador
da escola de negócios Saint Paul e cria-
dor do conceito de “Educação Disruptiva”,
este modelo é a soma de três conceitos
de educação com aplicação da disrupção:
1. Experiências práticas: As tecnologias
permitem que a aprendizagem se torne
cada vez mais prática. A estratégia de
“aprender fazendo” é uma tendência que
ajuda a desenvolver habilidades essenciais.
2. Inclusão: Com a possibilidade de perso-
nalização do ensino, é possível atender às
necessidades individuais dos estudantes
e proporcionar uma experiência escolar
plena a todos. Dessa forma, ter uma edu-
cação mais inclusiva, que respeite a di-
versidade é uma realidade mais palpável.
3. Otimização da rotina: Sistemas mais
inteligentes e simples de serem usados
facilitam muito as tarefas cotidianas
como lançamento de notas, controle de
presença, planejamento de atividades,
organização dos planos de aula etc.
Futuro do trabalho X educação: ha-
bilidades do futuro segundo a ONU +
World Economic Forum
As transformações tecnológicas dos
últimos anos impactaram diretamente
no mercado de trabalho, o qual passou
a demandar prioridade para novas ha-
bilidades. As EdTechs possuem papel
fundamental em ajudar a preparar o
“profissional do futuro” na medida que
quebram barreiras do ensino tradicio-
nal. Grande parte dos estudantes não
aprendem o necessário para ingressar
no mercado de trabalho nas instituições
6 Educação 4.0
tradicionais, abrindo margem para a
atuação dessas startups. Pensando nisso,
algumas organizações buscaram mapear
as habilidades as quais já são bons indi-
cativos para profissionais do presente,
mas serão ainda mais valorizadas pelos
profissionais que estarão no mercado
de trabalho no futuro. Destacam-se 2
listas de habilidades do futuro: a primei-
ra foi divulgada pela ONU. enquanto a
segunda pelo World Economic Forum.
Em ambas encontram-se habilidades
iguais ou extremamente correlatas.
Habilidades do futuro presente em
ambas as listas:
• Flexibilidade cognitiva
• Inteligência emocional
• Persuasão e negociação
• Orientação para servir (cooperação en-
tre colegas de trabalho e para clientes)
• Julgamento e tomada de decisão (in-
cluindo análise de dados para inovação)
• Gestão de pessoas, liderança e in-
fluência social
• Criatividade e originalidade
• Pensamento crítico e idealização
• Resolução de problemas complexos
Somente destacado na lista da ONU
• Coordenação com outras pessoas
Somente destacado na lista do World
Economic Forum
• Aprender a aprender e aprendizado
ativo
• Saber usar a tecnologia para moni-
toramento, controle, analisar e avaliar
sistemas
• Programação e criação de tecnologias
• Experiência do usuário
Importante destacar que a lista divul-
gada pela ONU buscou focar somente
nas “soft skills”(habilidades comporta-
mentais), enquanto o World Economic
Forum trouxe também algumas “hard
skills”(habilidades técnicas). No restante
do material ficará mais claro o alinha-
mento das transformações tecnológicas
no ensino com o desenvolvimento das
habilidades do futuro. Por fim, as habi-
lidades “hard skills” possuem maior foco
pela sua facilidade de medição, se o alu-
no não sabe a resposta para determinada
pergunta ele não possui a habilidade, mas
para as “soft skills” o processo de ava-
liação não pode ser “certo” e “errado”,
tendo em vista que o conjunto de vários
fatores formam as habilidades. As novas
tecnologias podem auxiliar no aperfei-
çoamento das maneiras de medir as ha-
bilidades “soft”, estimulando o trabalho
de desenvolvimento das mesmas no
ambiente de aprendizado.
7 Tendências da educação
Tempo e local diverso
A pandemia da COVID-19 afetou o ce-
nário mundial em seus mais diversos
campos, trazendo consequências eco-
nômicas, políticas, sociais e, logo, tam-
bém, ao campo educacional. Diante do
isolamento social, a UNESCO noticiou
ter sido alcançado o número de 1,6 bi-
lhão de crianças e jovens afetados pelo
fechamento de escolas, em 191 países,
representando 90,2% da população es-
tudantil mundial, os quais enfrentaram,
como consequência, interrupções no de-
senvolvimento escolar. Esta paralisação
compulsória trouxe, inevitavelmente, ao
centro do debate educacional, o uso das
tecnologias educacionais para realização
de atividades escolares não presenciais.
Este período provocou também mui-
tos aprendizados. O primeiro deles
refere-se ao fato de que quem apenas
seguiu currículos, sem estabelecer re-
lações diretas com seu público e com
a realidade que o cerca, não conseguiu
atender a demanda educacional, pois
foi inviável tratar os assuntos da mes-
ma forma como se estivessem sendo
trabalhados em sala de aula, sem ade-
quações didático-metodológicas.
Coube portanto às instituições de en-
sino, neste momento, provar que suas
estruturas não são tão rígidas, por meio
de projetos adaptados à situação, en-
volvendo a leitura de bons livros, filmes,
situações de aprendizagem vinculadas à
experiência social de isolamento e en-
frentamento de uma pandemia mundial.
Essa experiência diferenciada se co-
necta com a metodologia chamada
ensino não-formal, que prevê formar o
indivíduo muito além das questões cur-
riculares, incluindo em seus objetivos:
ensino dos direitos do indivíduo en-
quanto cidadão; trabalho e a capacita-
ção das pessoas para que elas possam
desenvolver suas habilidades e como
o indivíduo aprende a se organizar de
forma coletiva para o enfrentamento
dos problemas coletivos cotidianos.
A educação não formal desenvolve-se
em diferentes espaços como associação
de bairros, nas organizações que coor-
denam e estruturam os movimentos
sociais, nas igrejas, nos sindicatos, nos
partidos políticos, nas organizações não
governamentais, nos espaços culturais,
nos espaços interativos da escola formal
com a sociedade e até nas empresas.
Nesses espaços, são respeitadas as di-
ferenças no tempo do processo ensino
e aprendizagem por existir certa flexibi-
lidade na proposta dos conteúdos.
8 Tendências da educação

Assim, nas carreiras de amanhã, a aprendi-

Descola: A startup voltada para
zagem ao longo da vida torna-se um meio
power skills
necessário para permanecer relevante.

Como foi exposto, um dos objetivos

De acordo com dados do relatório Tech-
do ensino não formal que
nology Futures: Projecting the Possible,
transcende tempo e espaço, é
Navigating What's Next, existe uma
desenvolver as habilidades
tendência de que com o tempo, um
necessárias para lidar com os
grande número de pessoas podem se
desafios do mundo contemporâneo.
dissociar de programas de graduação e
Uma startup nasceu com o objetivo
diploma. Este desacoplamento poderia
de focar no desenvolvimento dessas
apoiar a expansão de “nanodegrees”
habilidades: a Descola, que cria
(uma credencial educacional baseada
conteúdos para que as pessoas
em projetos e habilidades), permitin-
desenvolvam power skills.
do indivíduos acompanhar mais facil-
mente o ritmo de mudança do cenário
O foco da edtech é criar cursos
de habilidades. Embora o número das
sobre habilidades que não se
instituições de ensino convencionais
aprendem em sala de aula mas que
continue a aumentar, o custo das men-
são necessárias para a carreira
salidades que eles fornecem também
profissional, e tudo isso, de forma
está aumentando para corresponder.
remota. Dentre seu portfólio estão
Esses preços crescentes podem tor-
assuntos como Comunicação
nar a educação institucional inatingí-
Não-Violenta, Tomada de Decisão,
vel para futuras gerações, obrigando
Gestão das Emoções e Autogestão.
os alunos a reavaliar a valor da forma-
ção tradicional e apostarem em cursos
e aprendizagens alternativas.
Aprendizagem personalizada para
o futuro
Em vista deste cenário, a personalização
Segundo dados do World Economic
da aprendizagem adaptada aos ritmos e
Forum, 65% das crianças que entram
necessidades de cada pessoa é cada vez
na escola primária de hoje se dedica-
mais importante e viável. Por meio dela,
rão a tipos de trabalho completamente
cada pessoa buscará formações que se
novos que ainda não existem.
9 Tendências da educação
relacionem com sua visão de futuro e
projeto de vida. E isso exige mediadores
muito experientes e preparados.
Khan Academy
Uma maneira de colocar isso em
prática são as plataformas
adaptativas como a da Khan
Academy, uma organização sem
fins lucrativos com a missão de
oferecer uma educação gratuita de
alta qualidade para qualquer
pessoa, em qualquer lugar. Por
meio da plataforma da organização
os educadores monitoram os
avanços de cada aluno em tempo
real, sugerem alternativas e
permitem que cada um estude sem
professor no seu próprio ritmo, até
um determinado ponto. Cada aluno
conta com um dashboard, um
quadro em que visualiza o
percentual de conclusão de cada
tema ou atividade e mais
estatísticas do seu
desenvolvimento. Ele consegue
perceber que temas domina mais,
onde tem mais dificuldades e
precisa de mais ajuda. Em paralelo,
o professor acompanha o
desenvolvimento do aluno.
Aprendizagem baseada em projetos
Aprendizagem Baseada em Projetos
(ABP), ou Project Based Learning (PBL),
é uma técnica moderna que tem ajuda-
do instituições de ensino e professores a
enfrentar de forma eficiente os desafios
de gestão educacional atuais. Ela foca
nas vivências práticas, levando a uma
maior participação dos alunos durante
o processo de aprendizado.
Nesta metodologia de ensino, os alunos
se envolvem com tarefas e desafios para
desenvolver um projeto ou um produto.
Tal processo integra diferentes conheci-
mentos e estimula o desenvolvimento de
competências, como trabalho em equipe,
protagonismo e pensamento crítico. Tudo
começa com um problema ou questão
que seja desafiadora, que não tenha res-
posta fácil e que estimule a imaginação.
O método faz com que o aluno tenha
um papel ativo para o seu aprendizado.
Por trás da ideia de trabalhar com proje-
tos, está a proposta de integrar diferentes
conhecimentos e estimular o desenvolvi-
mento de habilidades. Tudo começa com
um problema ou questão que seja desa-
fiadora, que não tenha resposta fácil e
que estimule a imaginação.
10 Tendências da educação

Elementos essenciais para aprendizagem

baseada em projetos

Espírito de
exploração

Problema ou
Originalidade
questão desafiadora

Principais
conhecimentos e
habilidades do
século XXI
Apresentação
Reflexão
de um produto

Crítica e revisão Voz do Aluno

Normalmente, o caminho oferecido aos Assim, a ideia é que o aluno seja capaz de
alunos com essa metodologia é o seguinte: interagir com sua realidade, estabelecer
o que há de errado e, de forma objetiva,
1. Os alunos recebem um problema; sugerir soluções e prevenções.

2. O grupo deve investigar quais são Dentre as vantagens de aplicar esta

as possíveis causas desse problema
(elaboração das hipóteses);
3. Após conhecer a questão e suas
origens, os alunos precisam definir
as táticas para a resolução do erro;
4. Com o plano estabelecido, por fim,
eles passam à execução do plano.
metodologia estão suas aplicações no
mercado de trabalho, uma vez que são
capazes de revelar as lideranças e ha-
bilidades de seu grupo. O PBL ajuda o
aluno a valorizar a capacidade de cada
membro do grupo, reforça o conceito
de colaboração entre os profissionais,
e permite um sólido empoderamen-
to criativo, trabalhando pontos como:
11 Tendências da educação
lógica; visão crítica; empatia; sinergia;
liderança e confiança.
Lego Ventures
A LEGO Ventures é o braço de
venture capital da marca LEGO®
que tem foco em investir em
startups que promovem o futuro
da educação por meio de
brincadeiras e jogos. Sua missão
é 'Inspirar e Desenvolver os
Construtores do Amanhã'.
Uma das startups investidas é a
Eedi, uma plataforma de
aprendizagem que simula atividades
e projetos no mundo real,
oferecendo inclusive moedas
virtuais para incentivar os alunos a
completarem as missões do projeto.
Uma outra investida é a OK Play,
uma comunidade que oferece
atividades interativas no aplicativo
e no mundo real que estimulam a
criação, a conversa e a conexão
entre pais e filhos, ajudando a
estabelecer uma prática diária de
vínculo e compartilhamento.
Conteúdo digitalizado e gamificado
A demanda por salas de aula presenciais
e livros físicos está caindo drasticamente.
Por outro lado, o mercado para salas de
aula digitais está crescendo exponencial-
mente. Um exemplo disso foi o aumento
de 68% nas inscrições para cursos EAD
ou semipresenciais após a pandemia,
segundo a Catho.
Tais dados somados à quantidade
imensa de informação disponível com
a internet e a dificuldade de prender
a atenção dos alunos, criam um solo
rico para inovações em uma tecno-
logia: salas de aula e experiências de
aprendizagem AR/VR.
No contexto da educação, a RV é inte-
ressante por proporcionar a oportuni-
dade de aprender ou aplicar conceitos
na prática, experimentando ambientes
e manipulando objetos aos quais talvez
seria difícil ter acesso no mundo real.
Assim, é possível que os alunos desen-
volvam sua habilidade de resolução
de problemas, tenham uma visão mais
aprofundada dos assuntos estudados
e pratiquem a aplicação deles em um
ambiente simulado semelhante ao real.
Por consequência, o engajamento dos
estudantes com o estudo aumenta e
eles fixam melhor os conteúdos.
12 Tendências da educação
Através das maneiras mais comuns de
realidade estendida, as quais são realida-
de virtual (experiência imersiva com tudo
digital) e realidade aumentada (mistura
do mundo físico com objetos virtuais) é
possível trazer mais recursos para apren-
dizagem. Nos estudos sobre anatomia,
por exemplo, pode ser mais interessan-
te para os alunos uma experiência virtual
entrando dentro do corpo humano.
Jovens que cresceram jogando video-
games desenvolvem certas habilidades
como coordenação cognitiva e aspec-
tos de colaboração com os compa-
nheiros de equipe online para atingir
determinado objetivo. Em vista disso,
buscou-se trazer a gamificação para
aprender novas habilidades com o ob-
jetivo de otimizar a aprendizagem e
trazer maior engajamento. Elementos
de jogos como superação de desafios
e metas coletivas e individuais ajudam
no desenvolvimento de “soft skills” que
incluem habilidades do futuro para o
mercado de trabalho.
Google Expeditions
Um exemplo prático de como
colocar a virtualização do conteúdo
em prática é o Google Expeditions.
A plataforma permite que alunos
do mundo inteiro possam viajar a
outros países, e a sua proposta é
selecionar escolas e levar até elas o
kit necessário para a viagem, com
smartphones, um tablet para o
professor e o Google Cardboard,
óculos de realidade virtual.
Outro exemplo é a simulação da
expedição à lua que foi criada pela
startup Immersive VR Education,
especialista em realidade virtual
no ensino. O The Apollo 11 Virtual
Experience Reality possibilita aos
estudantes estarem na pele de
Neil Armstrong.
Bem-estar e Saúde Mental
Problemas de saúde mental têm se torna-
do cada vez mais comuns em todo o mun-
do. A ansiedade, por exemplo, atinge mais
de 260 milhões de pessoas. Aliás, o Brasil
é o país com o maior número de pessoas
ansiosas: 9,3% da população, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS).
13 Tendências da educação
Tal fato tem feito surgir iniciativas de
bem-estar e saúde mental em espaços
de ensino, incluindo tecnologias emer-
gentes, que precisam apoiar o número
crescente de estudantes que relatam
sofrer de ansiedade e depressão.
O corpo docente e os administrado-
res das instituições de ensino precisam
promover iniciativas mais frequentes
em busca de bem-estar e saúde men-
tal, uma vez que os alunos que não têm
serviços de intervenção ou tratamento
disponível para eles provavelmente te-
rão menos sucesso em atividades aca-
dêmicas e sociais.
De acordo com a pesquisa Mental
Health in Schools: Emerging Trends fei-
ta pela Universidade da Califórnia de
Los Angeles, a gama de funções que os
especialistas em saúde mental devem
desempenhar para as escolas são:
• Atividade de serviço direta (por exem-
plo, intervenção em crises em situações
de emergência; avaliação e tratamen-
to de curto prazo; prevenção por meio
de programas de promoção da saúde
mental e aprimoramento de recursos
por meio da supervisão de profissio-
nais de saúde mental em treinamento).
• Coordenação e desenvolvimento
de recursos (por exemplo, organiza-
ção de programas de saúde mental e
interface com espaços comunitários
que possam apoiar essas iniciativas).
• Melhora do acesso a recursos comu-
nitários (por exemplo, identificar re-
cursos comunitários; ajudar famílias a
se conectarem com serviços; trabalhar
com recursos comunitários para res-
ponder melhor às necessidades dos
alunos; formar coalizões comunitárias).
META
O aplicativo META – uma
plataforma online focada em
conectar alunos com terapeutas
para terapia por vídeo ou telefone
– fornece um aconselhamento
simples e rápido para estudantes
universitários. Instituições em Nova
Zelândia e partes da Austrália estão
usando o aplicativo. O app analisa
tanto sentimentos como padrões de
alimentação e sono dos alunos.
14 Tendências da educação
Inteligência Artificial e Machine
Learning na educação
Hoje, a inteligência artificial é mais apli-
cada para a automatização de funções
operacionais e no mercado de educa-
ção não é diferente. As aplicações des-
sa tecnologia beneficiam tanto os alu-
nos quanto os educadores no processo
de aprendizagem e são um dos fatores
importantes para a escalabilidade das
EdTechs. Dentre as principais aplica-
ções encontram-se:
• Correção e feedback: A correção de
trabalhos e provas é uma função ope-
racional que deve ser cada vez mais
automatizada nos próximos anos.
Além da correção já com a nota, é pos-
sível a visualização de dashboards com
os possíveis pontos de melhoria que os
alunos possuem. Isso auxilia tanto o pro-
fessor a entender melhor como ser mais
efetivo ao ensinar os alunos, como os
alunos que recebem feedbacks sobre os
seus pontos de melhoria. Em vista disso,
o aprendizado passa a ser menos massi-
ficado e focado nas individualidades de
cada aluno, aumentando seu engajamen-
to e sucesso na medida que diminui as
disparidades de aprendizagem entre eles.
Muitas plataformas de educação usam
os questionários sobre o conteúdo para
mensurar o entendimento dos alunos
e após receber as respostas, indicam
quais e/ou em que partes devem rever
as aulas que não ficaram claras.
• Diversidade de formatos: A inteli-
gência artificial permite a conversão
ágil de um formato de conteúdo para
o outro, um áudio ou vídeo se trans-
forma em texto, por exemplo, favo-
recendo alunos que aprendem mais
facilmente lendo. O caminho inver-
so de transformar um texto em áudio
também é possível para aqueles que
absorvem melhor os conteúdos escu-
tando. Pela sua característica, também
contribui para melhorar a inclusão de
pessoas que têm algum tipo de defi-
ciência que impossibilita o aprendi-
zado dependendo do formato. Além
disso, a conversão de comunicação é
uma aliada da internacionalização das
EdTechs, as quais necessitam conver-
ter os conteúdos de suas plataformas
para outras línguas para terem adesão
em outros países.
• Detecção de plágio: Com a difusão
das ferramentas digitais ficou mais sim-
ples o acesso a acervos de conteúdos
e textos acadêmicos, no entanto tam-
bém facilitou a cópia de outros traba-
lhos o que é um crime. Nesse sentido,
15 Tendências da educação

surgiram ferramentas para detecção longo prazo com aprendizado e acompa-

de plágio em trabalhos. Isso auxilia os nhamento contínuo dos professores para
alunos a verificar se não cometeram terem estímulos ao uso das ferramentas.
plágio em trechos específicos antes
de enviar o trabalho e ajuda os pro-
fessores a identificar cópias entre os Geekie
trabalhos entregues.
A startup brasileira fundada em
• Procura de conteúdo: Outra função é 2011 possui diversas
a de encontrar mais facilmente o que funcionalidades, incluindo
se busca, na procura por referências oferecimento de conteúdo, gestão
para aprender algum conteúdo. Mesmo escolar e auxílio para professores.
usando palavras-chave, às vezes não A plataforma também realiza
se encontra o que busca de maneira correções de questões e
assertiva. A inteligência artificial pode disponibiliza dashboards com
otimizar isso economizando tempo de dados dos alunos, otimizando e
busca e sobrando mais tempo para o ajudando no acompanhamento do
consumo dos materiais, ajudando alu- andamento do aprendizado pela
nos e pesquisadores de modo geral. coordenação e professores em
tempo real. Ademais, também
Muitas startups precisam educar o mer- realiza um serviço de auxílio para
cado para suas soluções inovadoras e as as escolas implementarem as
EdTechs, que são empresas de educa- ferramentas da empresa.
ção por si só, também precisam prepa-
rar o mercado para suas soluções. Como
abordado, as ferramentas podem sugerir
pontos de melhoria para os educadores
por conta própria, possibilitando o aten-
dimento mais rápido aos alunos em me-
nor tempo, mas eles precisam aderir às
novas tecnologias para que faça sentido
a contratação das EdTechs. Em vista dis-
so, é necessário pensar um projeto de
16 Tendências da educação
Competências X Formação Tradicional
As salas de aula parecem paradas no
tempo. Embora o mundo tenha passa-
do por diversas transformações, o ensino
tradicional ainda insiste nas mesmas me-
todologias, poucas mudanças nas grades
de conteúdo e até mesmo poucas trans-
formações nos elementos dentro de
uma sala de aula, o que pode ser expli-
cado por questões regulatórias e baixo
acesso das novas soluções. Além disso,
muitas vezes os alunos saem da institui-
ção de ensino com muita carga teórica,
que possui sua importância, mas poucas
competências práticas que muitas vezes
são essenciais para ocupar determina-
dos postos de trabalho.
Por outro lado, os profissionais dificil-
mente estarão 100% preparados para
as posições de trabalho. Existem parti-
cularidades entre as empresas e mes-
mo em cargos com nomes idênticos, as
funções e habilidades necessárias po-
dem ser diferentes, necessitando dar
ao novo profissional algum tipo de en-
sinamentos. Porém, a aproximação do
mercado de trabalho com a educação
deve ganhar mais espaço nos próximos
anos, diminuindo essa diferença entre
exigências do mercado frente ao que é
ensinado, seja através de empresas fa-
zendo mais iniciativas em espaços de
aprendizado ou por meio da aderência
por parte dos alunos à plataformas em
que podem aprender habilidades com-
plementares. O Life Long Learning é visto
como uma das principais tendências em
educação e significa o aprendizado con-
tínuo ao longo da vida. Os profissionais
precisam estar atualizados para as novas
demandas das constantes transformações
do mundo. A descentralização do apren-
dizado para fora dos meios acadêmi-
cos tradicionais é um importante motor
dessa tendência que facilita o contínuo
aprendizado mesmo sem estar dentro
dessas instituições de ensino.
BYJU´S
A BYJU´S é uma startup indiana
fundada em 2011 com valuation
por volta de US$ 22 bilhões.
Chegou em 2021 no Brasil e é
uma das patrocinadoras da Copa
do Mundo da Fifa em 2022. O
foco da edtech é desenvolver as
“habilidades do futuro”, ensinando
crianças a programar para
construírem jogos, por exemplo,
aulas de música que estimulam
habilidades criativas, entre outras.
17 Tendências da educação
Diversidade e sustentabilidade
na educação
Diversidade no quadro de funcionários
e C-Levels têm sido almejada por diver-
sas empresas. Pesquisas demonstram
que empresas diversas são mais inova-
doras, o que a longo prazo também a
tornam mais competitivas. A educação
tem papel fundamental para qualificar e
dar espaço a pessoas diferentes ocupa-
rem novas posições. A redução de cus-
tos em plataformas de aprendizado onli-
ne em comparação com as mensalidades
de instituições de ensino tradicional pre-
sencial permitiu acesso de populações
menos favorecidas ao ensino, contri-
buindo para a redução da disparidade
existente. Porém, está distante de uma
igualdade de acesso. Por isso, iniciativas
educacionais por parte das empresas
têm surgido para contratar pessoas que
possuem as “soft skills”, mas não tive-
ram oportunidade de desenvolver “hard
skills”. No mercado de tecnologia em es-
pecial isso é ainda mais importante em
vista da grande necessidade de desen-
volvimento dessas habilidades.
Outro tema cada vez mais relevante é a
sustentabilidade. Além do crescimento
das discussões sobre questões sociais e
ambientais dentro do ambiente escolar,
como consequência da digitalização da
educação, a redução do consumo de pa-
pel pode ser uma grande bandeira para o
impulsionamento da inclusão dessas fer-
ramentas no processo de aprendizagem
que promovem menor impacto ambien-
tal. A pandemia também impulsionou a
adesão por formatos de leitura virtual
e os recentes debates em prol do meio
ambiente parecem estimular um cenário
de substituição da grande quantidade de
livros em papel por livros digitais.
Distrito + Johnson & Johnson
Medical Devices: Programa
1000 DEVs - Talentos para o
bem na saúde
Com o objetivo de qualificar
jovens em vulnerabilidade social
para o mercado de tecnologia, o
Distrito em parceria com a
Johnson & Johnson Medical
Devices criou o programa
1000DEVs. Os alunos
selecionados tiveram aulas
durante 5 meses sobre
desenvolvimento de software
oferecido pela startup mesttra.
Após a conclusão do programa,
parte dos jovens passou a
trabalhar no Distrito.
18 Conclusão
As transformações tecnológicas do sé-
culo XXI fizeram com que o mercado
de trabalho exigisse novas habilidades.
Para dar conta desta demanda, a educa-
ção tradicional precisou passar por uma
transformação, guiada pelo processo
aqui chamado de Educação 4.0.
A educação 4.0 prevê uma série de mudan-
ças estruturais, muitas delas já em anda-
mento pelas tendências aqui apresentadas.
Claramente que muitas destas tendências
envolvem a inserção de tecnologias na
educação, como por exemplo, uso de In-
teligência Artificial para um aprendizado
mais personalizado e uso de Realidade
Aumentada para um processo educacional
mais interativo. Outros pontos relevantes
envolvem uma educação baseada em
projetos para que os alunos aprendam na
prática as habilidades e um ensino híbri-
do e personalizado, que converse mais
com as habilidades do futuro do que com
a tradicional formação.
A inovação na educação também per-
passa pelo ambiente corporativo, já que
faz parte destas novas exigências do
mercado a capacidade de estar sempre
aprendendo, mesmo fora das institui-
ções de ensino. Resta às empresas for-
necer ao colaborador um ambiente em
que seja possível a aprendizagem con-
tínua para o chamado lifelong learning.
19 About Us

AUTORES
Natalia Figueiredo e
Leonardo de Bona

DISTRITO REVISÃO, EDIÇÃO E

O Distrito é uma Plataforma de Inovação Aberta PLANEJAMENTO
com o propósito de transformar empresas, acelerar Amarílis Virgínia Ferreira
startups, potencializar investimentos e impactar e Eduardo Bayer
positivamente a sociedade.
PROJETO GRÁFICO
Kauan Machado
Nos últimos quatro anos, a empresa construiu
o mais avançado sistema de inteligência e banco DIAGRAMAÇÃO
de dados sobre o ecossistema de inovação aberta Fernanda Moraes
do Brasil. Hoje, são mais de 15 mil startups
monitoradas e uma comunidade vibrante de 700 VISUALIZAÇÃO
startups residentes, 65 grandes corporações DE DADOS
e mais de 3 mil profissionais de inovação. Carolina Menezes

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