Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ORGANIZAÇÕES PARCEIRAS
APOIO FINANCEIRO
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 3
NOVA ECONOMIA
PARA O BRASIL
Este estudo destaca políticas capazes de reduzir a pobreza
e a desigualdade, contribuir para o cumprimento das
metas econômicas e setoriais, estimular o crescimento
econômico sustentável e tornar o Brasil mais resiliente
a futuras pandemias e outros riscos, como as mudanças
climáticas e a destruição de ecossistemas. O documento
é primeiramente uma síntese das mais recentes
evidências econômicas sobre medidas que atendam a
esses objetivos, já que o Brasil, como muitos países,
busca oportunidades para impulsionar o crescimento
econômico. Principalmente após a pandemia da Covid-19.
1 INTRODUÇÃO 14
3 OPORTUNIDADES DE INOVAÇÃO
INDUSTRIAL DE BAIXO CARBONO 28
5 BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS DE
UMA NOVA ECONOMIA PARA O BRASIL 48
6 OPORTUNIDADES COMERCIAIS E
DE ACESSO A FINANCIAMENTO 52
APÊNDICE 76
REFERÊNCIAS 95
SUMÁRIO
EXECUTIVO
O mundo enfrenta atualmente uma convergência Apesar do estudo ter sido iniciado um pouco
de crises sem precedentes. A pandemia antes do advento da pandemia, a necessidade
da Covid-19 e as crises social e econômica de pensar a recuperação econômica em razão da
relacionadas reforçam as vulnerabilidades crise da Covid-19 o torna ainda mais atual. Seu
geradas pelo baixo crescimento econômico, as objetivo é identificar caminhos economicamente
crescentes desigualdades dentro e entre países, viáveis para se construir um Brasil mais
e a crise climática. A Covid-19 evidenciou a moderno, sustentável e inclusivo dentro de
importância de uma gestão de riscos robusta, um contexto fiscal desfavorável. Portanto,
e o quão interligadas estão as pessoas, as foca em identificar vantagens competitivas
comunidades e a economia como um todo. e oportunidades capazes de contribuir para
a construção de uma nova economia para o
O Brasil não é exceção. Os recursos a Brasil adequada aos desafios do século XXI,
serem mobilizados para recuperar as entre eles as mudanças climáticas. Ignorar
economias nacional e subnacionais serão essas oportunidades e suas vantagens pode
uma oportunidade histórica para aumentar limitar o país a tecnologias e modelos que
a capacidade de geração de empregos, a rapidamente se provarão obsoletos.
produtividade e eficiência da economia, dar
um salto em inclusão social, preservar o O estudo se desenvolve em duas partes. A
capital natural e aprimorar a saúde pública. primeira apresenta três caminhos setoriais
para a transição a uma economia de baixo
Este estudo traz alguns elementos que mostram carbono no Brasil. Cada caminho cria
como o Brasil está pronto para adotar este novo oportunidades econômicas, sociais e ambientais
curso econômico sem provocar rupturas em imediatas e duradouras as quais são relevantes
importantes setores, e aplicando tecnologias mesmo em um cenário de recuperação.
existentes e leis vigentes ou em tramitação. As recomendações setoriais incluem:
Esse novo modelo também está alinhado
com uma economia de baixo carbono.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 7
para estabelecer uma nova governança para o envolve reduzir significativamente a
planejamento e implementação de investimentos desigualdade no acesso a serviços básicos e a
em infraestrutura e logística sinalizam que o mercados, o que poderia acontecer por meio
país começa a implementar os alicerces para de tecnologias sustentáveis existentes no
trilhar essa rota de desenvolvimento (CHIAVARI Brasil. Com ajustes na estrutura regulatória
et al., 2019). No entanto, com a escassez e investimentos, essas tecnologias podem
de recursos financeiros para se construir a prosperar e aumentar o acesso da indústria
infraestrutura que o país precisa em um cenário aos mercados nacionais e internacionais.
de recessão, é estratégico não perder de vista
uma vantagem competitiva e um risco. Uma das grandes oportunidades para o Brasil
modernizar regiões subdesenvolvidas, conforme
A vantagem reside na ampla oferta de discutido neste estudo, é por meio de inovação
infraestrutura natural existente (como florestas, do setor industrial a partir de soluções de baixo
mangues e rios), a qual comprovadamente carbono em transporte eficiente e energia
reduz custos gerais para investimento em renovável, as quais poderiam ser desenvolvidas
infraestrutura e logística quando usada através da promoção de tecnologias nacionais
de forma adequada. Este estudo mostra que operam hoje em pequena escala.
que se a implementação da infraestrutura
natural fosse otimizada pelo planejamento Apesar da posição privilegiada do Brasil em
territorial, o resultado seria taxas de retorno termos de disponibilidade de energia renovável,
de investimento entre 13% e 28%, valores a indústria e o setor de transportes ainda
compatíveis com as taxas de investimento da dependem fortemente do uso de combustíveis
infraestrutura tradicional de saneamento. fósseis. Porém, essa dependência, em muitos
casos, é desnecessária e alternativas podem gerar
No entanto, em um país exposto às mudanças impacto positivo sobre a economia e estimular
climáticas, existe o risco de priorizar as o desenvolvimento local. Para energia térmica,
atuais abordagens de infraestrutura sem o aproveitamento de combustíveis oriundos de
levar em conta suas inadequações em relação biomassa e outras fontes de energia renovável
ao aumento de eventos extremos e padrões pode promover vantagens logísticas em relação
tecnológicos emergentes. A consequência de ao uso de combustíveis fósseis, sobretudo em
não levar em consideração o risco climático é localidades afastadas de grandes centros de
que os projetos são percebidos pelos potenciais consumo e que carecem de infraestrutura.
investidores como possíveis ativos ociosos no
futuro, dificultando ainda mais a atração de Por exemplo, o Gold Standard, que certifica
capital e finanças privados. Adicionalmente, projetos ambientais, relatou que um projeto
modelos de infraestrutura antiquados agregado de energia renovável no estado do
podem limitar o país a um desenvolvimento Ceará substituiu em cinco fábricas de cerâmica
socioeconômico lento e ineficiente. o uso de combustível oriundo de lenha ilegal por
resíduos agrícolas e industriais. Essa substituição
gerou US$ 4,5 milhões em receitas para as
Promoção da inovação através de comunidades locais, melhorou as condições de
tecnologias sustentáveis trabalho, aumentou a disponibilidade de água
e evitou o desmatamento de 1.750 hectares
Políticas para promover inovações no Brasil
em dez anos, além de reduzir a emissão de gás
têm maior chance de transformar o plano de
de efeito estufa (GEE) em 36.173 toneladas
recuperação econômica em uma oportunidade
de dióxido de carbono equivalente (CO₂e)
de modernizar e revigorar regiões desfavorecidas
por ano (GOLD STANDARD, 2019).
no curto e médio prazo. Essa transformação
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 9
Este estudo evidencia que em investimento, se aplicado ao longo de dez anos,
com taxa de desconto de 8,5% ao ano, geraria um
nenhum setor as vantagens
valor presente líquido (VPL) positivo de R$ 19
de uma rápida transição
bilhões, com pouco mais de seis anos e meio para
para uma economia de recuperar o retorno no investimento (payback),
baixo carbono são tão fortes e benefícios adicionais de um potencial de
quanto no agropecuário. R$ 742 milhões em receitas tributárias.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 11
Figura ES1
Crescimento do PIB e redução de CO₂e nos cenários NEB e NEB+
1,60 2,00
NEB+ +519 R$bn 1,80
1,40
NEB +14,8% 1,60
1,40
1,00
BAU
1,20
0,00 0,00
2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031
Ano
PIB no cenário business as usual (BAU) Emissões no cenário business as usual (BAU)
PIB no cenário Nova Economia para o Brasil (NEB) Emissões no cenário Nova Economia para o Brasil (NEB)
PIB no cenário Nova Economia para o Brasil plus (NEB+) Emissões no cenário Nova Economia para o Brasil plus (NEB+)
No geral, este estudo constata que os sustentáveis e de alto risco, essa mudança de
setores tradicionais brasileiros estão bem rota permitiria maior acesso a investimentos
posicionados para se tornarem ainda mais privados para projetos estruturantes no Brasil.
competitivos globalmente se aumentarem a Em segundo lugar, o país já possui instituições
produtividade e promoverem atividades livres públicas e privadas sofisticadas, e políticas
de desmatamento e degradação. O capital públicas que podem ajudar a criar um conjunto
natural fornece recursos e condições para de projetos sustentáveis que possam ser
viabilizar um futuro econômico promissor utilizados com lastro para emissão de dívidas
para o Brasil. Logo, proteger esse recurso e bônus verdes, no Brasil e no exterior.
único não só é possível, mas imprescindível
para que o país se recupere e cresça de forma Portanto, a transição para uma nova economia
sustentável e robusta no curto e longo prazo. beneficia setores importantes da economia
brasileira e pode ajudar o país a ganhar mais
O estudo também revela que tornar a participação no mercado internacional e
sustentabilidade um tema transversal na melhorar a infraestrutura em tempos de recessão
estratégia de desenvolvimento criaria uma global. Na medida em que os países direcionam
oportunidade adicional para alavancar recursos para recuperar suas economias e
recursos públicos escassos, atraindo mais construir economias melhores e mais resilientes
capital privado voltado ao financiamento de no futuro, esse caminho de crescimento verde,
investimentos. Essa oportunidade surge por que antes parecia distante ou disruptivo, agora
duas razões. Como os investimentos privados parece prudente e seguro. Este é um momento
nacionais e internacionais estão cada vez para o Brasil seguir um novo caminho para um
mais se afastando de empreendimentos não futuro mais próspero, moderno e equitativo.
A modelagem econômica realizada para este estudo e uma síntese de outros trabalhos demonstram
que, em comparação com a trajetória normal de crescimento, uma rápida mudança para uma
economia de baixo carbono e climaticamente resiliente no Brasil poderia proporcionar:
2
Mais de PIB adicional de Restauração de
milhões
de empregos
em 2030
R$
2,8 trilhões
até 2030 12
de pastagens
milhões
de hectares
degradadas
19 742
Redução de
42%
R$ bilhões R$ milhões nas
em produtividade em receitas fiscais emissões
agrícola adicional adicionais de gases de efeito estufa
até 2030 até 2030 em 2025 em relação
aos níveis de 2005
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 13
1
INTRODUÇÃO
1.1 Contexto atual do Brasil e desafios especialmente os que resultem em maior geração
de desenvolvimento econômico de emprego, combate à desigualdade e uma
economia de baixo carbono. Globalmente, os
A década de 2020 começou turbulenta. países que mais estrategicamente utilizarem
A economia brasileira se esforçava para sair de esse contexto de dívida como “investimento”
uma crise quando foi sugada para o interior de poderão recuperar suas economias mais
uma crise muito mais profunda e de escala global, rapidamente e com mais resiliência.
provocada pela pandemia da Covid-19. Trata-se
de um momento inédito neste século devido à Nesse sentido, a década inicia com uma
magnitude do impacto da pandemia em setores característica que representa uma vantagem
tão diversos quanto economia, sociedade, saúde, econômica única para o Brasil: há claro interesse
ciência, educação e meio ambiente. Importantes e cobrança de investidores internacionais
problemas sociais do país se agravaram, como pela manutenção e melhor gestão do capital
acesso à saúde, transporte e geração de renda, e natural do país, combinado com produção
o custo da recuperação econômica implicará em de alimentos, energia e oportunidades de
aumento substancial da dívida pública. Sendo a investimento em negócios sustentáveis,
capacidade de investimento limitada, ela deve em escala rara em outras nações.
ser muito estratégica para beneficiar os setores,
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 15
públicos e da iniciativa da criação do Programa O documento é primeiramente uma síntese
de Parcerias de Investimentos (PPI), em 2016. das mais recentes evidências econômicas sobre
medidas que atendam a esses objetivos, já que o
Para superar alguns desses grandes desafios, Brasil, como muitos países, busca oportunidades
é fundamental: (i) a implementação de para impulsionar o crescimento econômico.
um planejamento integrado de logística; Principalmente após a pandemia da Covid-19.
(ii) o fortalecimento de governança para
os setores de infraestrutura, agricultura e O estudo mostra de que maneira o desempenho
indústria; (iii) o aprimoramento da segurança econômico medido por indicadores tradicionais,
jurídica e regulatória de tais setores e (iv) como Produto Interno Bruto (PIB), emprego,
a construção de uma carteira integrada produtividade, distribuição de renda, serviços
de projetos – com consistência técnica, fiscais e acessibilidade a financiamentos, pode
econômico-financeira e ambiental – que possa ser incrementado sem perda dos recursos
mobilizar os recursos, em rápida expansão, públicos e capital natural e em benefício da
de fundos e outras oportunidades em busca saúde e do bem-estar da sociedade. O estudo
de ações que valorizem o capital natural. foca em como o embarque nessa trajetória
econômica de baixa emissão de carbono é uma
maneira fundamental para se atingir e ir além
1.2 Objetivos deste estudo
das metas e prioridades setoriais identificadas
O presente estudo objetiva analisar os principais no Plano Plurianual (PPA) 2020-2023 e
desafios econômicos enfrentados pelo país melhorar o posicionamento do Brasil diante
e propor medidas específicas que possam das tendências econômicas deste século.
apoiar a transição para uma economia mais
Nos Planos Plurianuais (PPAs)3, o governo
sustentável e resiliente, tendo como base,
federal propõe uma série de iniciativas que
planos e estratégias econômicas nacionais em
determinam o futuro do crescimento econômico
curso. Portanto, foca em apontar vantagens
do país no curto, médio e longo prazo. No caso
competitivas e oportunidades capazes de
do atual PPA, que se estende de 2020 a 2023,
contribuir para a construção de uma nova
as principais barreiras a serem superadas
economia para o Brasil adequada aos desafios do
incluem: o elevado “custo Brasil”, devido
século XXI, entre eles as mudanças climáticas.
à excessiva burocracia e à carga tributária;
diminuição dos incentivos para o setor privado
produzir e investir; infraestrutura deficitária e
Este estudo destaca políticas
ineficiente, gerando diversos gargalos logísticos;
capazes de reduzir a pobreza e baixas produtividade e competitividade,
e a desigualdade, contribuir em decorrência de uma economia comercial
para o cumprimento das e financeira limitada (BRASIL, 2019b).
metas econômicas e setoriais,
Para identificar soluções modernas que
estimular o crescimento permitam superar essas barreiras, é importante
econômico sustentável e analisar o valor da integração de medidas de
tornar o Brasil mais resiliente proteção ambiental. A Estratégia Nacional
a futuras pandemias e 3 O Plano Plurianual (PPA) é o instrumento constitucional de
outros riscos, como as planejamento do governo, que reflete as diretrizes do governo por
um período de quatro anos, estabelecido na Constituição Federal de
mudanças climáticas e a 1988. Nos termos do § 1º do art. 165, o PPA “estabelece, de maneira
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
destruição do ecossistema. federal para capital e outras despesas decorrentes deles e para
aquelas relacionadas a programas de duração contínua” (BRASIL, 1988).
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 17
2
INVESTIMENTOS EM
INFRAESTRUTURA
DE QUALIDADE:
IMPULSIONANDO GANHOS DE CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 19
Quadro 1
Potencial de infraestrutura natural
Infraestruturas naturais são estruturas físicas provenientes sedimentos nos corpos d’água. Isso aumenta a
da natureza que produzem, armazenam, acondicionam e turbidez e a necessidade do uso de coagulantes e
disponibilizam recursos diretamente para seus usuários, desinfetantes. A vegetação nativa serve como um filtro
configurando uma relação clara de oferta e demanda. Elas natural para impedir o fluxo de superfície e a perda
também promovem a prestação de serviços de benefícios de solo e fornece água menos turva aos reservatórios
difusos, como as florestas que geram conforto térmico, e às estações de tratamento. Se a relação inversa
absorção de carbono, estoque e refúgio para polinizadores for estatisticamente consistente, a vegetação nativa
e proteção do solo e da água. O desempenho da brasileira atualmente fornece serviços de pré-filtragem
infraestrutura natural como uma estratégia complementar de água equivalentes a R$ 220 milhões por ano.
às estruturas construídas pelo homem na provisão
de serviços essenciais para o saneamento urbano A substituição de pastagens por florestas deve se limitar
e a drenagem é, sem dúvida, muito relevante. a casos extremos de degradação, nos quais o efeito
da pastagem na paisagem é duplamente negativo,
Entre mais de 200 estudos científicos que testaram com baixa produtividade pecuária e alta perda de
a influência da vegetação nativa na dinâmica solo e poluição dos cursos d’água. Nesses casos, a
hidrológica no meio rural e urbano, incluindo o infraestrutura natural planejada em escala regional traz
Brasil, 33% atestaram que a infraestrutura natural benefícios muito concretos. Estudos realizados nas
aumenta a capacidade de recarga do aquífero, e bacias hidrográficas dos sistemas Cantareira (principal
83% observaram um aumento da infiltração de fornecimento para a Região Metropolitana de São
água no solo, afetando serviços fundamentais Paulo) e Guandu (principal fornecimento para a Região
para o planejamento do suprimento de água nas Metropolitana do Rio de Janeiro) observaram que
cidades e da produção industrial e agrícola. a economia calculada no uso de produtos químicos
para melhorar a qualidade da água gerada pela
Esses serviços têm impactos positivos que vão além restauração florestal em pastagens degradadas seria
do bem-estar e da saúde. As técnicas de quantificação de R$ 82 a R$ 89 /hectare/ano. Os projetos seriam
e de valoração econômica dos serviços prestados economicamente viáveis mesmo se todos os custos
pela infraestrutura natural já nos permitem sinalizar de instalação de infraestrutura natural, incluindo a
significativos ganhos econômicos, sejam eles entregues própria restauração florestal, fossem absorvidos pelas
por geração de caixa ou por contenção de custos. Por empresas de saneamento usando suas próprias taxas
exemplo, a restauração de 12 Mha de vegetação nativa de desconto. Se a instalação da infraestrutura natural
poderia gerar uma economia anual de R$ 4,7 milhões fosse otimizada pelo planejamento territorial, ocupando
em produtos químicos no tratamento de água. apenas pastagens com níveis máximos de degradação,
as taxas de retorno sobre o investimento ficariam entre
Esse ganho econômico seria gerado pela restauração
13% e 28%, compatível com as taxas encontradas em
florestal de pastagens degradadas, uma vez que essas,
investimentos em infraestrutura básica de saneamento.
quando manejadas inadequadamente, descarregam
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 21
para chegar a um porto para exportação. Além 2.3 Como ampliar o financiamento
de uma dependência excessiva de caminhões de infraestrutura de qualidade
para o transporte de carga, rodovias com
manutenção deficiente e o armazenamento Como a crise fiscal limita os investimentos
inadequado resultam na perda de milhões de dos governos nacional e subnacionais em
toneladas de soja e milho anualmente. Em 2017, infraestrutura, o investimento e a mobilização
essas perdas atingiram 2,4 milhões de toneladas de investimento e financiamento privados
e implicaram um prejuízo de pouco mais de R$ serão essenciais para alcançar até mesmo
2 bilhões (PÉRA, 2017)6. Um estudo do Climate o investimento de infraestrutura previsto
Policy Initiative (CPI), em cooperação com o pelo governo federal (PPA 2020-2023)
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BRASIL, 2019a; 2019b). Adicionalmente,
(BID), estima que os investimentos novas iniciativas serão necessárias para acelerar
necessários à melhoria da infraestrutura para um processo que, em muitas economias,
o transporte de carga representariam cerca levou décadas para ser construído.
de 2% do PIB e teriam retorno em apenas
três anos (ANTONACCIO et al., 2018).
Por exemplo, políticas e
Por fim, outro desafio se relaciona à capacitação diretrizes de infraestrutura
dos agentes públicos em planejar, originar e
de qualidade que incorporem
implementar projetos mais complexos – um
impacto perverso da queda no investimento
totalmente os custos sociais
público nas últimas duas décadas no setor e ambientais para a seleção e
(CASTELAR PINHEIRO e FRISCHTAK, 2014). preparação dos projetos podem
Essa perda parcial explica a capacidade criar condições facilitadoras
limitada dos governos, especialmente entidades
para investimentos adicionais.
subnacionais, de avaliar as complexas
questões técnicas apresentadas por aqueles
investidores privados que concorrem por Essa abordagem “inteligente desde o
projetos maiores. A perda de capacidade pública início” estimula confiança do investidor
na concepção de projetos viáveis e o número por meio de padrões claros e pode levar
limitado de participantes com entendimento ao aumento do acesso ao financiamento
de estruturação e de desenvolvimento de privado (STUDART e RAMOS, 2019).
projetos podem ter impedido um aumento
persistente da participação privada em projetos Entre os meses de agosto e outubro de 2019, o
de infraestrutura de transporte e logística. Ministério da Economia conduziu uma consulta
pública sobre o cálculo da Taxa Social de
Desconto (TSD) relacionada à adoção de análise
custo-benefício para avaliação e priorização de
projetos de infraestrutura, visando maximizar
a competitividade do país (Quadro 2).
Quadro 2
Definindo a Taxa Social de Desconto (TSD) para Investimentos de Infraestrutura
A taxa de retorno do capital privado (principal Dadas as diferenças de riscos (de execução,
componente TSD) incorpora um prêmio de risco operacionais e ambientais) de projetos em diferentes
médio do mercado. Mas esse prêmio de risco pode regiões e/ou setores, essa é uma importante avenida
ser bastante diferente do prêmio de risco de projetos para melhoria das estimativas da TSD e sua adequação
em setores como infraestrutura de transportes, para as realidades específicas do país. Essa diferenciação
saneamento, construção de estabelecimentos de entre taxas sociais de retorno de regiões e/ou
ensino etc., que o setor público tipicamente investe. setores é contemplada na definição da taxa social
Isso pode ocorrer porque, de um lado, a sociedade de desconto em outros países (a exemplo de EUA ou
como um todo pode ter tolerância a risco diferente Chile) e sua incorporação seria um importante ganho
do setor privado (especialmente em questões para a metodologia discutida. Projetos na Amazônia,
relativas ao meio ambiente) e, de outro lado, porque ou projetos com alto risco climático associado,
projetos em regiões e/ou setores específicos teriam tratamento diferenciado se essas variáveis
podem ter riscos diferentes. O próprio documento fossem incorporadas a TSD (BRASIL, 2019a).
aborda esse ponto na sua conclusão, mas esse
tratamento não é incorporado no cálculo da taxa.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 23
"Existe uma oportunidade de um diálogo De fato, é importante repensar
integrado para garantir um futuro de
uma nova governança para o
melhor infraestrutura para o país com
investimento em infraestrutura
conservação ambiental e inclusão social,
tomando como ponto de partida esses no Brasil que signifique
projetos de lei". Um dos principais mudança na prática para
ganhos de uma visão sistêmica entre uma estrutura reguladora
os três projetos de lei é a capacidade de
mais eficiente, voltada para
se visualizar, de forma mais precisa, os
reduzir a interferência política
desafios enfrentados ao longo do ciclo de
vida de um projeto de infraestrutura. e aumentar a transparência
na definição de acordos
Em especial, existe a possibilidade
contratuais e estruturas de
de se fortalecer a fase dos estudos
de viabilidade técnica, econômica e
orçamento e de receita.
ambiental, antecipando a discussão de
questões que hoje são tratadas apenas Isso ampliaria a segurança jurídica para
durante o licenciamento ambiental. Isso potenciais financiadores privados de longo prazo.
proporcionaria a licitação de projetos
mais robustos e de maior qualidade, Um exemplo é o Programa de Parcerias
promovendo a segurança dos investimentos de Investimentos (PPI), criado pela Lei
e garantindo a proteção socioambiental. nº 13.334/2016, com o objetivo de ampliar
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 25
A segunda iniciativa diz respeito à antecipação Outra vantagem da promoção
de discussões das questões ambientais para o
de infraestrutura de
início das estruturações dos projetos, ajustando
qualidade é que ela pode
os cronogramas e evitando retrabalhos e atrasos
por conta do licenciamento ambiental. Nesse ajudar a preencher as
sentido, foi criada no âmbito da Secretaria do lacunas de financiamento
Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI) de longo prazo em relação à
uma unidade específica para administrar e
infraestrutura e logística.
fomentar as questões ambientais: a Secretaria
de Apoio ao Licenciamento Ambiental e
Desapropriação. Dessa forma, criou-se condições Para mitigar os problemas e aproveitar
para fortalecer o tratamento das questões todas as oportunidades, como acesso a
ambientais desde o início dos Estudos de financiamento e inovação, seria ideal que
Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental o Brasil tivesse um plano nacional que
(EVTEA) de cada empreendimento, aumentando integrasse aspectos de sustentabilidade em
a previsibilidade e ofertando ao mercado toda a sua linha de projetos de infraestrutura,
projetos mais robustos e de maior qualidade. principalmente na Amazônia (VASCONCELOS,
FORTUNATO, 2019). Em junho de 2020,
Ações assim são relevantes principalmente o governo federal publicou decreto com o
para regiões como a Amazônia. Estimativas objetivo de incentivar projetos com benefícios
indicam investimentos de R$ 367 bilhões em sociais e ambientais, por intermédio de
infraestrutura na região nos próximos anos. medidas que simplificam a elegibilidade de
Todavia, acredita-se que a infraestrutura empreendimentos para emissão de “debêntures
em larga escala seja um dos principais incentivadas de infraestrutura” (BRASIL,
impulsionadores do desmatamento ilegal 2020a). A medida foca projetos nos setores
– seja diretamente, devido à redução da de energia, mobilidade urbana e saneamento
vegetação, ou indiretamente, pelos incentivos básico e pode ser um marco relevante para
criados para a ocupação desordenada de atrair investimentos privados (nacionais
territórios adjacentes e o fluxo de pessoas para e internacionais) em empreendimentos
a construção. O desmatamento deixou de ser de infraestrutura de qualidade.
uma externalidade a ser mitigada, e passou a
ser uma condicionante para o acesso ao crédito
(VASCONCELOS, 2019). Os compromissos de
mercado contra o desmatamento da Amazônia
incluem, como apoiadores, empresas do
agronegócio, investidores em projetos e fundos
de pensão e investidores em fundos soberanos.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 29
Outra opção de inovação industrial no setor Outra inovação importante é a transformação
de fontes renováveis são as centrais de de resíduos em energia, caso do biogás,
microgeradores renováveis, que já estão em produzido pela fermentação anaeróbica de
uso e são sistemas nos quais a eletricidade é matéria orgânica, é composto principalmente
produzida nas próprias unidades consumidoras por metano, o qual também é o principal
com recursos renováveis (ANEEL, 2012). componente do gás natural. É possível
Tal caminho possibilita a redução de perdas nos gerar eletricidade em máquinas térmicas,
sistemas de transmissão e distribuição (IRENA, como as microturbinas a gás que podem
2017; LIMA, 2012) e gera empregos, desde a ser instaladas em pequenas empresas
fabricação de equipamentos até a instalação e (20 a 250 kW) (PECORA, 2006).
manutenção dos sistemas (FICHTER et al., 2017;
SORIA et al., 2015). Dadas as más condições No Brasil existe uma subutilização do biogás
das estradas em locais com alto potencial do produzido em aterros sanitários. Estima-se que
uso de energia solar térmica (CSP, do inglês apenas entre 7% e 20% de biogás são usados
Concentrated Solar Power), a produção de seus para fins energéticos (NASCIMENTO et al.,
equipamentos no próprio local é mais apropriada 2019). Institucionalmente, o uso do biogás na
do que o transporte de combustível proveniente produção de eletricidade é uma das diretrizes
de outras regiões (SORIA et al., 2015). da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(BRASIL, 2010), mas as iniciativas ainda são
Assim, a instalação de fábricas de equipamentos modestas e não incluem a produção nacional de
de CSP nessas regiões também pode impactar equipamentos. Portanto, é necessário importar
positivamente a criação de empregos e microturbinas, deixando de gerar emprego e
renda locais. A vantagem do CSP sobre renda local (CAPSTONE, 2019; CGEE, 2009).
outras tecnologias renováveis, como solar Em algumas regiões, o impacto social
fotovoltaica e eólica, é que ela permite maior esperado também poderia ser significativo.
despachabilidade, evitando os custos de
integração inerentes a fontes intermitentes. Na mesma linha da transformação de resíduos
No entanto, é importante que seja precedida em energia, vale destacar também – para a
pela expansão da infraestrutura – especialmente indústria – as oportunidades associadas à
linhas de transmissão –, treinamento e mão de economia circular, na qual os resíduos da
obra. O Gold Standard, que certifica projetos produção e o uso de bens industrializados
ambientais, relatou que um projeto agregado retornam como insumos ao processo produtivo,
de energia renovável no Ceará substituiu o provendo maior eficiência no uso de recursos
uso de combustível oriundo de lenha ilegal e, potencialmente, maior competitividade ao
para resíduos agrícolas e industriais, em setor industrial (DI MAIO; REM, 2015). Para
cinco fábricas de cerâmica. Essa substituição tal, as ferramentas modernas de tecnologia
gerou US$ 4,5 milhões em receitas para as da informação são vistas como grandes
comunidades locais, melhorou as condições de aliadas, sobretudo no âmbito da Indústria 4.0,
trabalho, aumentou a disponibilidade de água seja para orientar os processos de logística
e evitou o desmatamento de 1.750 hectares reversa ou racionalizar a produção às reais
em dez anos, além de reduzir a emissão de gás demandas da sociedade (CNI, 2017b).
de efeito estufa (GEE) em 36.173 toneladas
de dióxido de carbono equivalente (CO₂e)
por ano (GOLD STANDARD, 2019).
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 31
O Brasil possui um diferencial expressivo bioeletricidade do bagaço da cana-de-açúcar.
no uso de ônibus elétricos, uma vez que Em 2018, as produções brasileiras de etanol
sua matriz elétrica é de baixo carbono e biodiesel atingiram, respectivamente, 32,3
(SLOWIK et al., 2018) e algumas cidades bilhões e 5,4 bilhões de litros, batendo recordes.
como Campinas, Curitiba e São Paulo já A Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
planejam a implementação de ônibus com atribui esse crescimento da produção de etanol
tecnologias limpas (WRI BRASIL, 2017). a pelo menos três fatores correlacionados: (i)
preços internacionais do açúcar mais baixos,
A geração de novos postos de trabalho diretos levando a uma mudança no percentual de
e indiretos na cadeia de eletrificação de mistura açúcar/álcool favorável ao etanol,
ônibus é crescente, mesmo que os empregos (ii) preços relativamente altos do petróleo,
diretos tendam a diminuir, uma vez que o especialmente em função da desvalorização
processo de produção de veículos elétricos cambial, mantendo satisfatória a relação custo-
é mais simples do que os de combustão benefício do etanol e (iii) licenciamento de 2,5
(IEA, 2020). Além disso, o investimento em milhões de novos veículos flex. A produção de
transporte público tem um retorno econômico biodiesel foi especialmente alavancada pelo
significativo em termos de empregos gerados, atendimento à mistura obrigatória de B10
desenvolvimento local, oportunidades de (10% de biodiesel no diesel) (EPE, 2019).
acesso e apoio a comunidades mais pobres.
No entanto, é preciso prestar atenção às
principais mudanças no cenário mundial e às
3.3 Inovações industriais na
restrições de exportação que as mesmas podem
produção de biocombustíveis
representar. O etanol de milho produzido nos
Globalmente, existe um debate importante EUA apresentou grande crescimento na última
sobre a mudança do uso da terra associada década, atingindo 61 bilhões de litros em 2017
à produção de biocombustíveis e as relações (o dobro do Brasil), dos quais 54 bilhões de litros
com produção de alimento, geração de energia são destinados ao mercado interno. Ao mesmo
e sustentabilidade ambiental. Este debate tempo, a União Europeia dificulta a entrada sem
acontece paralelamente ao da necessidade de rastreabilidade ambiental de biocombustíveis
eliminar a dependência de combustíveis fósseis de baixa geração e intensivos no uso da terra.
do setor de transportes. No caso do Brasil, a Portanto, medidas como a revogação do decreto
produção de etanol a partir de cana-de-açúcar que estabelece o zoneamento da cana-de-açúcar
e sua expansão na última década ocorreram fora da Amazônia acrescenta um risco às
principalmente pela substituição de pastagens exportações de etanol do Brasil (99,8% do
e de outras culturas agrícolas, que provocaram biocombustível de cana-de-açúcar produzido
impactos residuais no desmatamento (PACCA no Brasil é etanol de primeira geração).
e MOREIRA, 2009; WALTER et al., 2011;
Por outro lado, há oportunidades de novos
SOUZA et al., 2015). O país também teve a
mercados, como a produção de etanol de
transição mais bem-sucedida para o uso de
segunda geração (E2G) sendo que o setor de
combustíveis não fósseis em veículos de passeio,
aviação pode se beneficiar com uma tendência
possuindo atualmente cerca de 24 milhões
de regularizações a favor da transição para
de automóveis leves com motor flex (etanol
combustíveis mais limpos. Estima-se que as
ou gasolina), ou 66% da frota circulante.
empresas brasileiras gastem, anualmente, de
Entre 17% e 20% de toda a energia R$ 16 a R$ 20 bilhões em combustível para
consumida no Brasil são provenientes de aeronaves de transporte de passageiros e de
biomassa, principalmente biocombustíveis e carga, sendo que o preço médio do querosene
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 33
3.4 Inovações industriais Também existem oportunidades quando se trata
no setor de construção de eficiência energética em edifícios. Os ganhos
podem ser obtidos por vários meios, alguns
O cimento, atualmente uma das indústrias mais dos quais são soluções mais simples e que já
intensivas em carbono e responsável por cerca de estão amplamente disponíveis no mercado,
7% das emissões globais de gás de efeito estufa, como o uso de telhados verdes, gesso verde,
é o principal material usado na construção em telhados refletivos e sistemas de isolamento
todo o mundo. A grande escala da produção (JAIN, 2019; SHARMA, 2013). Outras ainda
tradicional de cimento (Portland) causa grandes estão na fase de pesquisa e desenvolvimento,
impactos no ambiente local, especialmente como materiais de mudança de fase (PCMs),
no processo de mineração para extração de fachadas cinéticas, materiais termoelétricos
seus componentes. Há tecnologias capazes de com condutividade variada e novas gerações de
produzir cimentos de qualidade semelhante, vidro (ASCIONE, 2017; BUONOMANO et al.,
ou até mais alta, usando matérias-primas 2015; GHAFFARIANHOSEINI et al., 2013).
residuais, tais como escória de alto-forno da
produção de aço, cinzas de usinas termelétricas O financiamento da eficiência energética é um
e rejeitos de processos de mineração. desafio constante. Embora existam iniciativas
como o Programa de Apoio a Projetos de
Há vários materiais aglomerantes sendo Eficiência Energética (PROESCO), do BNDES,
estudados e produzidos, em diferentes níveis e também o Programa de Eficiência Energética
de prontidão tecnológica, que substituem da ANEEL, especialistas identificam o
o cimento tradicional. No caso brasileiro, o financiamento como principal desafio estrutural
cimento geopolimérico é um bom exemplo do setor de construção, que é muito diversificado
(GEO-POL, 2019), já que seu processo apresenta e amplamente distribuído, aumentando a
um consumo de energia 59% menor do que complexidade da implementação de medidas
o do cimento Portland (BRASIL, 2017). de eficiência energética. Tais medidas são
geralmente tomadas por grandes indústrias.
Um desafio central é que todas as especificações
A falta de capacidade técnica e financeira limita
e padrões existentes para concreto, bem como
contratos de desempenho no que diz respeito à
as cadeias de suprimentos para produtos de
eficiência energética em edifícios (CBCS, 2014).
cimento são adaptados à produção tradicional
de cimento. Assim, são impostas barreiras de
natureza regulatória, logística e técnica que
precisam ser superadas para uma adoção mais
ampla de produtos alternativos ao cimento
(VAN DEVENTER, PROVIS e DUXSON, 2012).
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 37
No entanto, embora esse tipo de melhoria dificuldades. A transformação tecnológica deve
tecnológica já exista no Brasil por meio de ser cuidadosamente planejada para que não haja
incentivos do Plano Setorial de Mitigação e expansão das fronteiras agrícolas em regiões
de Adaptação às Mudanças Climáticas para a mais distantes dos centros consumidores e de
Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão áreas portuárias utilizadas para exportação de
de Carbono na Agricultura (Plano ABC) (MAPA, commodities, assim como em áreas relevantes
2016), são necessários aumentos significativos nos para a conservação e preservação ambiental.
investimentos financeiros para a disseminação Estudos têm demonstrado que medidas
e adoção de tecnologias de baixo carbono em que reduzem os impactos da mudança do
larga escala. Isso inclui um aumento do Crédito clima na agropecuária minimizam perdas de
Rural a fim de que o produtor possa ter acesso a produtividade (KOOHAFKAN et al., 2011,
máquinas e insumos e, também, criar incentivos ao ASSAD et al., 2019). Por exemplo, a produção de
desenvolvimento e aprimoramento de profissionais soja em determinadas áreas pode cair até 60%,
qualificados para assessorar os produtores na e o Brasil pode perder de 30% a 34% de sua área
implementação de novas tecnologias. É sabido dedicada ao cultivo de soja devido a mudanças
que a maior disponibilidade de recursos não de temperatura e no clima causadas pela perda
garante sua boa aplicação, sendo necessária maior florestal (OLIVEIRA et al., 2013).
capacidade técnica e gerencial do produtor para
otimizar os benefícios resultantes da adoção de Outra relação “ganha-ganha” surge da
tecnologias mais sustentáveis. necessidade de melhorar a eficiência da
irrigação, diminuir perdas na distribuição da
O país também possui excelentes condições de água, além de conservar e restaurar os recursos
solo e clima, além de conhecimento técnico, hídricos. Hoje, existe grande desperdício
para o aumento da produção e produtividade de água, principalmente, devido à falta de
das pastagens. Esse avanço produtivo melhora incentivos para a adoção de sistemas de
a nutrição animal, reduz o tempo de engorda do irrigação mais eficientes, como gotejamento e
gado e aumenta a eficiência produtiva. A menor microaspersão. Além disso, reduzir o uso de
necessidade de deslocamento dos animais e insumos químicos pode evitar a contaminação de
melhores condições de alimentação apurariam reservas de água estratégicas para o país (ANA,
a qualidade da carne e diminuiriam o tempo 2017; INSTITUTO ESCOLHAS, 2019) e diminuir
de produção, agregando valor e contribuindo perdas na distribuição de água para a população.
para uma balança comercial mais favorável
(ANGELKORTE, 2019). Tais tecnologias Por fim, é importante considerar que o aumento
permitem, por um lado, aprimorar a qualidade da produção e da produtividade agropecuária
da mão de obra empregada devido à maior provocará um incremento na demanda por
complexidade de algumas atividades que envolvem energia, seja pelo maior nível de mecanização,
esse tipo de produção agropecuária e, por outro, seja pelos sistemas de irrigação (ANGELKORTE,
aumentar a renda do produtor rural, uma vez que 2019). O aumento da produtividade agrícola
seria possível triplicar a produção em um mesmo também requererá mão de obra mais qualificada
hectare (PEDREIRA et al., 2017). No entanto, o para operar máquinas e equipamentos, bem
país ainda não produz máquinas agrícolas de ponta como possibilitará diagnósticos rápidos para
(ANGELKORTE, 2019; NOBRE e OLIVEIRA, intervenções expeditas em todas as fases da
2018; PEDREIRA et al., 2017) e precisaria produção. Embora o primeiro desafio possa
investir em assistência técnica e extensão rural. ser superado apenas pela produção de energia
renovável descentralizada, o segundo pode abrir
Promover avanços no setor agropecuário é uma oportunidade para melhorar os recursos
desafiador, mas os benefícios superam as educacionais técnicos.
Um dos grandes desafios no combate ao desmatamento ineficiência do uso da terra, dificultando ainda mais
e degradação florestal no Brasil consiste em uma os esforços pela intensificação da produção.
mudança cultural a favor da intensificação das
A comparação dos dados dos três últimos Censos
atividades agrícolas. Pela hipótese de Borlaug,
Agropecuários permite observar que, após uma
uma maior produtividade por hectare reduziria
melhora na taxa de lotação entre 1996 e 2006, o
a necessidade da incorporação de novas áreas
indicador ficou estagnado entre 2006 e 2017. Além
agrícolas para o aumento de produção, diminuindo
da estagnação em nível nacional, a situação torna-se
a pressão sobre o desmatamento e a degradação.
ainda mais preocupante pela queda na taxa de lotação
No entanto, as tendências observadas na taxa
nas regiões Centro-Oeste e Norte, eixos atuais de
de lotação das pastagens (cabeças de bovino por
expansão do rebanho bovino brasileiro (Tabela 1).
hectare de pastagem) e na concentração de terras
podem estar associadas a um aumento na já elevada
Tabela 1
Efetivo bovino e taxa de lotação de pastagens, Brasil e grandes regiões
1996 2006 2017
Um segundo aspecto a ser ressaltado é a forte total dos estabelecimentos agropecuários no período,
expansão das áreas dos grandes estabelecimentos e a participação desse grupo de estabelecimentos
agrícolas no país. A comparação entre os dois últimos elevou-se de 45% para 47,6% em relação à área total.
Censos Agropecuários mostra um aumento de 17,08 O índice de Gini fundiário médio dos municípios da
milhões de hectares nos estabelecimentos com mais Amazônia Legal manteve-se basicamente constante,
de 1.000 hectares, entre 2006 e 2017 (Tabela 2). Esse sendo 0,69 e 0,68, respectivamente em 2006 e 2017.
acréscimo corresponde a 97% da variação da área
Tabela 2
Área dos estabelecimentos agropecuários, segundo grupos de área Brasil 2006/2017
Área Censo 2006 Área Censo 2016
Grupos de área Variação (milhões de ha)
(milhões de ha) (milhões de ha)
Total 333,7 351,3 + 17,6
Menos de 10 ha 7,8 8,0 + 0,2
De 10 a menos de 100 ha 62,9 63,8 + 0,9
De 100 a menos de 1000 ha 112,8 112,3 - 0,5
Mais de 1000 ha 150,1 167,2 + 17,1
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2017.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 39
Além dos impactos socioeconômicos, a tendência à Figura 1
concentração de terras também gera preocupações Relação entre tamanho da propriedade e
em relação aos efeitos sobre o desmatamento eficiência do uso da terra
e a degradação. A literatura econômica fornece
ampla evidência de uma relação negativa entre Intervalo de Confiança de 95%
produtividade da terra e tamanho da propriedade
-2
agrícola. Maiores propriedades estariam associadas
a menores índices de produtividade e necessitariam
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 41
para ser considerada produtiva, é de apenas pelos próprios pecuaristas, já que vários não
0,5 cabeça/hectare (IMAZON, 2015). têm a percepção de que suas áreas possuem
algum grau de degradação, ou seja, um grande
A reformulação do ITR, de modo a compatibilizá-lo desafio deste setor não está necessariamente
com os objetivos ambientais, passa pela vinculado à falta de disponibilidade de tecnologia,
recuperação da sua finalidade extrafiscal. O mas na falta de acesso à assistência técnica.
imposto deve resgatar sua vocação de instrumento
de indução aos ganhos de produtividade Já segundo o Censo Agropecuário de 2017,
e, consequentemente, à intensificação da apenas 12 milhões de hectares de pastagens
agropecuária. Diversas ações podem ser foram declarados como áreas degradadas pelos
realizadas nesse sentido. As bases de dados pecuaristas (IBGE, 2019). Essa discrepância
georreferenciados disponíveis no Brasil – tais entre a constatação dos especialistas da Embrapa
como mapa do polígono dos imóveis do Cadastro e a informação declarada pelos pecuaristas
Ambiental Rural (CAR) (BRASIL, 2012a) ou sobre o grau de degradação das pastagens
a cobertura do solo do TerraClass (BRASIL, reforça a deficiência de Assistência Técnica e
2010a) – poderiam ser utilizadas para checar a Extensão Rural (ATER). De cada 4 hectares
declaração dos proprietários. Seria importante destinados à pecuária no Brasil, em 3 deles
também atualizar os índices de produtividade não há qualquer tipo de ATER (IBGE, 2019).
mínima, aproximando-os de números mais
compatíveis com as tecnologias disponíveis. Isso traz consequências negativas à produção
O aumento de custo das terras requalificadas e produtividade, já que manter o gado em
como improdutivas traria incentivos à áreas pobres agrava ainda mais a degradação.
transferência de tais terras para os produtores De fato, segundo o IBGE, nos últimos dez
mais eficientes, via arrendamento ou venda. anos, a área de pastagens plantadas no Brasil
cresceu 8%, enquanto as pastagens degradadas
Em resumo, há um amplo espaço para a aumentaram 20%, sinalizando uma expansão
utilização de instrumentos de política de crédito das áreas associadas à perda de produtividade.
e de política tributária como mecanismos
de incentivo econômico à intensificação da Um estudo recente estima que o país possa dobrar
agropecuária brasileira. O caminho passa sua produção agrícola explorando as tecnologias
pela reformulação de mecanismos, a fim de existentes para aumentar a produtividade
compatibilizá-los com os objetivos ambientais (ASSUNÇÃO et al., 2018), e com isso seguir
e com uma nova cultura de produção que a tendência de muitos países desenvolvidos.
valorize maior eficiência no uso de recursos. Comparada aos países da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), no Brasil, a participação no total
4.4 Recuperação de Pastagens de gastos agrícolas destinados à inovação e
aumento da produtividade ainda é baixa.
A pecuária é um exemplo de que uma maior
eficiência elevaria as oportunidades de mercado Por fim, é importante ressaltar que será
e produtividade para o setor no curto prazo, além necessário aumentar a disseminação de
de ampliar ofertas de trabalho e renda no campo. conhecimento e o financiamento ao produtor
A Embrapa estima que o Brasil tenha cerca de para ampliar significativamente a produção
200 milhões de hectares de pastagens, dos quais agropecuária por meio de ganhos de
75% têm algum grau de degradação e, pelo menos, produtividade e recuperação de pastagens. Se
50 milhões de hectares produzem metade de sua por um lado, o investimento necessário para
capacidade (EMBRAPA, 2019). Todavia, esse reverter a situação de degradação é alto, o
diagnóstico não é necessariamente reconhecido retorno do investimento é certo (Quadro 4).
Dados do Banco Central indicam que, na última década, de 6,58 anos e um adicional de R$ 742 milhões
créditos rurais financiaram apenas R$ 12,29/ha de em impostos. Esse é um sinal claro aos produtores,
pasto por ano, em média. Mesmo considerando um investidores e governo de que investir na recuperação
ciclo de renovação de pastagens (rotação) de cinco de pastagens degradadas é um bom negócio.
anos, o valor médio do crédito para investimento em
correção e adubação, assim como formação, reforma O Brasil já possui programas inovadores, como o
e recuperação de pastagens não chega a R$ 61,50/ha. Plano ABC, que oferece crédito de baixo custo a
Esse valor é 30 vezes menor do que a recomendação agricultores com interesse na implementação de
de investimento da Embrapa. O resultado dessa falta práticas agrícolas sustentáveis. Uma das linhas do
de investimentos, de acordo com as estimativas, ABC é investir na melhoria das pastagens como uma
sugere que os produtores perdem entre R$ 7,3 maneira de aumentar a renda do produtor e eliminar
bilhões e R$ 12,4 bilhões por ano em receitas, o que a degradação. Porém, enquanto o financiamento do
representa de 9% a 15% do valor bruto da produção Plano ABC no Plano Agrícola e Pecuário 2018/2019
nacional da pecuária de corte (BACEN, 2019). foi de aproximadamente R$ 1 bilhão, o Plano Safra
2019/2020 alocou R$ 225,59 bilhões para o plano
Apesar do elevado investimento necessário para agrícola e pecuário (MAPA, 2019a). O Plano Safra,
reverter a degradação, o retorno compensaria. Sua que também fornece crédito aos agricultores e é
estimativa seria de, aproximadamente, R$ 2.100/ha, ou lançado anualmente, pode e deve desempenhar um
cerca de R$ 25 bilhões, para recuperar os 12 milhões papel muito mais amplo como o principal agente de
de hectares declarados pelos pecuaristas no censo transformação para uma agropecuária mais sustentável.
de 2017. Dados inéditos, estimados no âmbito Cabe destacar, por exemplo, que entre 2013 e
deste documento, mostram que a aplicação desse 2018, outros programas financiaram R$ 8,8 bilhões
recurso, no prazo de dez anos, com uma taxa de adicionais para pastagens. Não foi possível especificar
desconto de 8,5% a.a., geraria um valor presente se esses programas foram aplicados para recuperar
líquido (VPL) de R$ 19 bilhões, com prazo de retorno pastagens degradadas e aumentar a produtividade.
Com base nas evidências, o estudo propõe servir de base para todo o Plano Safra.
os seguintes incentivos para o aumento
da produtividade da pecuária: f. Redução proporcional do fator de
risco: aplicar um seguro subsidiado
d. Aumento do limite de crédito para pecuária em áreas de pastagem
para recuperação de pastagens: degradadas a serem recuperadas, com base
destinado para agricultores que cumprem na receita adicional esperada em cima do
a legislação ambiental, pois oferecem limite inferior da capacidade suporte.
menor risco de descapitalização, uma
vez que a necessidade de investimentos g. Redirecionamento do crédito rural de
em recuperação de vegetação nativa está custeio para investimento: esse aumento
ausente do horizonte de planejamento. promoveria mudanças no processo produtivo
e não na manutenção das operações atuais.
e. Aumento do limite de despesas ATER:
atualmente, dependendo da linha crédito, a O papel ambíguo do crédito rural, entre
rubrica de limites para Assistência Técnica promover incremento de área ou aumentar
varia de 1% a 6%. Um aumento no limite a produtividade, pode ser eficientemente
de ATER poderia se aplicar a recursos minimizado por condicionantes legais de
provenientes do crédito rural destinado comando e controle que orientem a aplicação
à recuperação de pastagens degradadas. do recurso para otimizar a produção e
Outras linhas, como o programa ABC, que coibir a expansão horizontal ilegal.
não identificam percentuais, poderiam
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 43
Um exemplo é o efeito positivo da Resolução país, atrair investimentos públicos e privados
3545, emitida pelo Banco Central em 2008 e gerar negócios com países desenvolvidos,
(BACEN, 2008), que condiciona o crédito por meio de mercados de créditos de carbono.
subsidiado na Amazônia à conformidade com Não só o reflorestamento remove o carbono
a regularização fundiária e o cumprimento mediante o incremento de biomassa das
do Código Florestal. Modelos estatísticos florestas, como reduz as emissões provenientes
demonstram que, nos locais em que vigora tal de desmatamento e degradação das florestas
decreto do Bacen, há menos desmatamento sem e os solos degradados. Com isso, haveria uma
prejuízo à produção (ASSUNÇÃO et al., 2020). melhoria da economia do setor rural por
intermédio da criação de empregos e renda e
do desenvolvimento da bioeconomia local.
4.5 Recuperação de áreas
e florestas degradadas Para orientar as políticas de tomada de decisão
destinadas a essa recuperação de áreas degradadas,
Investir na recuperação de florestas e áreas
o WRI Brasil desenvolveu o projeto Valorização
degradadas pode gerar ganhos econômicos
Econômica do Reflorestamento com Espécies
relevantes, além de gerar muitos benefícios
Nativas – VERENA (Quadro 5). Inicialmente,
ambientais e sociais. O desenvolvimento
o projeto mapeou mais de 35 estudos de caso
de uma nova economia florestal com o
de reflorestamento com espécies arbóreas
reflorestamento de espécies nativas para fins
nativas e sistemas agroflorestais (SAFs), em
econômicos tem o potencial de consolidar os
diferentes regiões brasileiras e fez a modelagem
compromissos nacionais e internacionais do
financeira em 12 casos (WRI BRASIL, 2017).
Quadro 5
O projeto VERENA
As espécies de árvores nativas brasileiras existem várias classes de ativos se correlacionam (a economia e
há milhares de anos e já propiciaram experiências a inflação). Em seguida, aplicou a mesma metodologia
comerciais bem-sucedidas, mas não havia um histórico para a análise de espécies arbóreas brasileiras nativas
desse ativo do ponto de vista do mercado de capitais. como ativos negociados internacionalmente.
O projeto VERENA analisou o histórico do mercado
A Figura 2 apresenta os resultados da análise para a
global de capitais, em mais de cem anos de risco e
Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor Presente Líquido
de retorno de várias classes de ativos e empresas de
(VPL) médio dos 12 casos de estudo do VERENA em
capital aberto. Reuniu informações sobre como essas
comparação com os setores agrícola e florestal.
Figura 2
Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Presente Líquido (VPL) do VERENA
TIR Valor do Ativo [BRL/ha]
Figura 3
Impacto do capital natural na taxa interna de retorno (TIR) dos estudos de caso do VERENA
CENÁRIO IMPACTO DO CENÁRIO
BUSINESS AS CAPITAL ECONOMIA
USUAL NATURAL DE BAIXO CARBONO
2,1% 19,7%
0,6%
16,8% 0,1% 0,1%
+ =
TIR (Taxa Interna Cotas de Reserva Água Carbono Reserva Legal Taxa de
de Retorno) Ambiental (CRA) (RL) Retorno
O projeto VERENA também mostrou que os ter um ganho de 25% em produtividade na primeira
investimentos em ativos florestais têm baixa correlação geração, o que seria suficiente para aumentar ainda mais
com o desenvolvimento macroeconômico e alta a atratividade do reflorestamento com espécies nativas
correlação com a inflação (BATISTA, 2018). Ambos os e seu impacto na mitigação das mudanças climáticas.
fatores oferecem diversificação de risco ao incluir o Isso significa que é preciso investir em P&D para
reflorestamento com espécies nativas em portfólios de aumentar a atratividade e diminuir a percepção de risco
investimentos. Outra constatação do projeto VERENA dos empreendimentos com espécies nativas e SAFs.
é que, por meio do melhoramento genético, é possível
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 45
4.6 Avaliação dos Alguns cobenefícios são característicos desses
Sistemas de Integração sistemas, como a diminuição da contaminação dos
Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) rios por insumos químicos em comparação com os
modelos de produção convencionais, o aumento
A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) da infiltração de água no solo e o aumento da
é uma estratégia de produção que integra biodiversidade local (FRANCHINI et al., 2018). Além
os sistemas agrícola, pecuário e florestal disso, há um alto potencial de captura de carbono
em uma mesma área, ou promove rotações por via do armazenamento direto no solo, acumulado
planejadas para otimizar o uso da terra. pelo crescimento de florestas plantadas e/ou nativas
Isso pode ser feito usando cultivo em consórcio, (NOBRE, OLIVEIRA, 2018; SANTOS, 2016).
em sucessão ou em rotação, e com benefício
mútuo para todas as atividades por aumentar Os sistemas integrados já são uma realidade no
a produtividade, diversificar a produção, Brasil. Ocupam uma área com mais de 15 milhões de
diluir risco e gerar produtos de qualidade. hectares e têm obtido altos índices de produtividade
e lucratividade para os produtores (ASSAD et al.,
Entre as vantagens competitivas e a 2019). No entanto, a falta de mão de obra qualificada
compatibilidade institucional, a ILPF é e a necessidade de assistência técnica para a fase
uma tecnologia brasileira com diferentes de elaboração do projeto e sua implementação
modalidades adotadas em diversos ainda representam gargalos a serem superados
níveis de intensidade (EMBRAPA, 2015). (FRANCHNI et al., 2018). A implementação em
Esse sistema é uma das tecnologias agrícolas larga escala dessas técnicas agrícolas exige altos
incentivadas pelo Plano ABC e estimula a investimentos, os quais geralmente são recuperados
sustentabilidade e a lucratividade rural. a médio e longo prazo (ASSAD et al., 2019).
A transição para uma nova economia no Brasil passa A economia gerada pela extração não exaustiva
pela produção e uso de materiais inovadores que movimenta uma economia muito mais vultosa. Esse tipo
garantam melhor desempenho, utilizem recursos de extração se sustenta na coleta de sementes, flores,
naturais renováveis e mão de obra nacional e, frutos ou folhas. Esse método aumentou a produção
ainda, que minimizem os impactos ambientais. O de açaí em 45% nos últimos 10 anos, enquanto o
momento atual é marcado pelo desenvolvimento valor da produção aumentou, em termos reais, 68%,
acelerado de tecnologias de informação e outras ou R$ 1,6 bilhões, em 2018 (elaboração própria a
inovações que alteram profundamente os modelos partir dos dados de IBGE, 2019a, 2019b, 2019c).
de negócios e os fluxos comerciais (CNI, 2017a).
Embora todas as regiões brasileiras, e seus biomas,
O conceito de Indústria 4.0 e a economia do século XXI tenham plena capacidade de desenvolver uma economia
reforçam a importância do desenvolvimento de uma baseada na biodiversidade – a chamada bioeconomia –, é a
bioeconomia no Brasil baseada em ativos biológicos região da Amazônia que oferece as condições apropriadas
e biomiméticos para desenvolver o país (NOBRE e para investimentos imediatos, já que possui bioeconomia
NOBRE, 2018). Detentor da maior biodiversidade de ponta e responde por nada menos que 74% da
vegetal do mundo, o Brasil possui cerca de 50 mil atividade extrativista não exaustiva (elaboração própria
espécies de plantas, das quais, pelo menos, 20 mil a partir dos dados de IBGE, 2019a, 2019b, 2019c). A
endêmicas. A maioria delas está nos biomas Amazônia, fim de demonstrar essa biocapacidade, este documento
Cerrado e Mata Atlântica (FLORA DO BRASIL, 2019). apresenta um breve estudo descritivo, utilizando os
dados mais recentes do Censo Agropecuário 2017
O uso econômico e sustentável, bem como a valorização
(Figura 6). Para as 68 Regiões Geográficas Imediatas
dessa biodiversidade, têm se expandido devido ao
inseridas no bioma Amazônia (antigas microrregiões),
mercado internacional. Um caso emblemático é o do
foram estimadas receitas geradas pelas principais
açaí, cuja produção cresceu 92% na última década.
atividades realizadas nos estabelecimentos rurais.
Figura 4
Potencial receita gerada
Lenha (m3)
0 500 1000 1500 2000 2500
R$
Receita Média (limite superior 95% n=68) Receita Média (limite inferior 95% n=68)
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 47
5
BENEFÍCIOS
SOCIOECONÔMICOS DE
UMA NOVA ECONOMIA
PARA O BRASIL
As medidas e ações discutidas nas seções O modelo BLUES foi rodado para quantificar os
anteriores deste estudo visam impulsionar a efeitos em termos de uso de energia, emissões
economia brasileira de modo a aproveitar suas de GEE e uso do solo. Esses resultados, por
vantagens potenciais e competitivas e, ao mesmo sua vez, alimentam o MEV que, a partir dessas
tempo, buscar benefícios socioambientais. informações, estima os cobenefícios em termos
Esta seção apresenta os resultados de de ganho de produtividade, crescimento
modelagem voltados à quantificação dos econômico, empregos, emissões de GEE e outras
benefícios socioeconômicos de algumas medidas externalidades ambientais. O Quadro 7 apresenta
para uma nova economia para o Brasil. Esse uma breve explicação sobre os modelos, e o
procedimento se baseia na interação entre o procedimento metodológico está detalhado
Brazilian Land-Use and Energy Systems Model no Apêndice A deste documento.
(BLUES) e o Modelo de Economia Verde (MEV).
Quadro 7
Nota metodológica – descrição dos modelos utilizados
Brazilian Land-Use and Energy Systems model (BLUES) Modelo de Economia Verde (MEV)
O BLUES é um modelo de otimização para o Brasil, O MEV (detalhado no Apêndice A deste documento)
construído na plataforma de geração do Modelo para foi elaborado para avaliar resultados de políticas
Alternativas de Estratégia de Fornecimento de Energia entre setores, atores econômicos e dimensões de
e seus Impactos Ambientais Gerais (MESSAGE). desenvolvimento ao longo do tempo. O modelo vai
Essa plataforma foi projetada para desenvolver e além de análise política realizada com ferramentas
avaliar estratégias alternativas de fornecimento setoriais, considerando a interação dinâmica entre
de energia alinhadas a restrições, como limites de setores econômicos, bem como as dimensões sociais,
investimentos, disponibilidade e preços de combustíveis, econômicas e ambientais do desenvolvimento (BASSI,
regulamentações ambientais, taxas de penetração 2015). O MEV foi construído usando a metodologia
de mercado para novas tecnologias, entre outras. “sistemas dinâmicos” (System dynamics - SD) e serve
principalmente como um integrador de conhecimento.
O BLUES é uma expansão do modelo MESSAGE-Brasil, A SD é uma forma de modelagem de simulação em
que foi substancialmente atualizado e detalhado para computador desenhada para facilitar uma abordagem
avaliar questões relevantes para a realidade nacional, abrangente do planejamento de desenvolvimento a
tendo seu escopo ampliado para considerar o setor médio e longo prazo (MEADOWS, 1980; RANDERS,
de uso da terra (KOBERLE et al., 2015). O sistema de 1980; RICHARDSON; PUGH; 1981; FORRESTER,
energia é representado em detalhe nos setores de 2002). A metodologia apresenta equações diferenciais
transformação, transporte e consumo de energia, com com cenários “e se” representando explicitamente
mais de 1500 tecnologias personalizadas para cada uma estoques e fluxos e pode integrar otimização com
das seis regiões nativas do modelo. A representação econometria. O objetivo da SD não é fazer previsões
do sistema de uso da terra inclui florestas, savanas, precisas do futuro ou otimizar o desempenho. Ao invés,
pastagens de baixa e alta capacidade, sistemas esses modelos são usados para fornecer informações
integrados de agricultura-lavoura-floresta, terras à formulação de políticas, prevendo os possíveis
cultiváveis, safrinhas, florestas plantadas e áreas resultados (desejáveis e indesejáveis), além de apoiar
protegidas. O modelo minimiza os custos de todo o a criação de estratégias resilientes e equilibradas
sistema de energia – incluindo os setores de geração (ROBERTS et al., 1983; PROBST; BASSI, 2014).
de eletricidade, agricultura, indústria, transporte e
construção – que representam restrições do mundo
real para toda a gama de variáveis em questão.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 49
O MEV considera diferentes tipos de capital, construídos Como resultado, o modelo considera a infraestrutura
ou físicos, por exemplo, capitais sociais, humanos ou para serviços públicos como um dos fatores que
naturais. A infraestrutura faz parte do capital construído afetam a produtividade total dos fatores (PTF).
e a infraestrutura natural está incluída no capital natural. Juntamente com capital e trabalho, a PTF determina
Alguns tipos de infraestrutura são analisados mais o PIB. O Modelo de Economia Verde amplia os limites
detalhadamente quando, por exemplo, fazem parte dos modelos econômicos convencionais, permitindo
de um setor focal, enquanto outros são agrupados em determinar até que ponto o capital natural e as outras
investimentos públicos e privados. O modelo utiliza formas de capital construído não considerados nesses
estoques e fluxos em que a capacidade da infraestrutura modelos impactam e são impactados pela atividade
é representada por um estoque. O investimento socioeconômica sob quadros políticos alternativos.
aumenta o estoque e a retirada de investimento o reduz.
Cada macro setor (agricultura, indústria e serviços) Além disso, o MEV permite incorporar impactos de
possui um estoque de capital representando todos os externalidades associadas a políticas mais sustentáveis
tipos de infraestrutura relevante necessários para a (ou sua ausência). Considerando os desafios envolvidos
geração de valor agregado (por exemplo, máquinas e na precificação de externalidades, como a poluição do
edifícios). O modelo também inclui infraestrutura para ar e a disponibilidade de bens e serviços ambientais,
serviços públicos, como estradas, geração de energia, o MEV incorpora métricas de custo a elas associadas,
educação, assistência médica e tratamento de águas além de seus impactos na produtividade dos fatores
residuais. Esses são tipos de infraestrutura que não produtivos e dos efeitos de feedback no sistema.
afetam diretamente a produção, mas indiretamente.
Uma série de ações sustentáveis identificadas produtividade e baixo custo ou (ii) necessidade
neste estudo foi simulada no modelo BLUES, de expandir a terra produtiva convertendo a
incluindo veículos híbridos a etanol, veículos cobertura natural da terra (floresta ou savana)
elétricos, ônibus elétricos, caminhões a célula de para atender às demandas alimentares e
combustível, biocombustível, eficiência energética, energéticas. Os resultados encontrados sobre
maior uso de carvão vegetal na produção de ferro desmatamento foram impulsionados pelo
e aço, energia solar, geração de energia e sistemas primeiro efeito. Assim, o modelo mostra que o
agrícolas e de pastagens de alta produtividade. crescimento da demanda pode ser atendido sem
a necessidade de desmatamento, enquanto ainda
Os resultados da simulação apontam para um minimiza os custos. O modelo BLUES não inclui
menor uso de energia primária, principalmente outros fatores que causam o desmatamento (por
combustíveis fósseis, nos cenários NEB. exemplo, ilegalidade, capacidade de aplicação/
A matriz de geração de eletricidade também fiscalização da lei, apropriação de terras etc.),
se torna mais renovável, sem impactos o que indica que esses fatores impulsionam o
significativos nos preços da eletricidade. desmatamento real e não necessariamente a
Os biocombustíveis avançados são uma demanda do mercado por alimentos e energia.
oportunidade para conquistar participação em
mercados inelásticos à demanda e para escapar
à concorrência com veículos elétricos leves. Os resultados da modelagem
O modelo BLUES projeta baixas taxas de
(Figura 5) constatam que o
desmatamento nos cenários BAU e NEB. No Brasil pode obter benefícios
cenário BAU, o desmatamento médio anual no econômicos cumulativos
Brasil é de 3.500 Km² (contra 3.300 Km² no de R$ 2,8 trilhões em valor
cenário NEB), bem abaixo da menor taxa anual
do PIB até 2030 – o dobro
histórica registrada apenas na Amazônia (4.500
Km², em 2012). Como modo de otimização
da poupança obtida pela
de custos, o desmatamento no BLUES é reforma da Previdência.
impulsionado pela (i) busca por terras de alta
1,40
1,00
BAU
1,20
0,00 0,00
2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031
Ano
PIB no cenário business as usual (BAU) Emissões no cenário business as usual (BAU)
PIB no cenário Nova Economia para o Brasil (NEB) Emissões no cenário Nova Economia para o Brasil (NEB)
PIB no cenário Nova Economia para o Brasil plus (NEB+) Emissões no cenário Nova Economia para o Brasil plus (NEB+)
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 51
6
OPORTUNIDADES
COMERCIAIS E
DE ACESSO A
FINANCIAMENTO
Uma pesquisa sobre contabilidade do capital uma ação imperativa do Banco Central, de
natural e emissão de dívida soberana do agências emissoras de crédito, investidores
Brasil (PINZÓN et al., 2020) destaca que institucionais e da sociedade civil para que o
o Banco Central, como emissor de títulos Brasil se torne mais resiliente e sustentável.
soberanos, enfrentará enormes desafios
devido aos impactos sociais, econômicos A contabilidade do capital natural e a criação
e ambientais das mudanças climáticas. de metas para a natureza baseadas na ciência
(Science Based Targets – SBTs) estão surgindo
Por um lado, o país gerencia ativamente como importantes ferramentas para avançar
seu capital natural e reforça o componente na transição para um crescimento verde. Com
ambiental de seus títulos soberanos. Por outro, uma contabilidade efetiva do capital natural, o
não se tomam as medidas necessárias e a Brasil poderia se beneficiar de oportunidades
vulnerabilidade a desastres naturais aumenta, significativas decorrentes da tendência global
o que por sua vez, intensifica os riscos de para uma economia mais sustentável por
mercado. O estudo reforça a relevância de intermédio, por exemplo, de pagamentos
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 53
mais o caso da China. Maior parceiro comercial Igualmente, o Fundo Soberano Norueguês de
do Brasil desde 2009, o comércio do Brasil com Riqueza, o maior do mundo, com cerca de R$
a China atingiu mais de R$ 524 bilhões, em 5,24 trilhões de ativos, e que foi construído a
2018. A maior parte desse comércio é composta partir de receitas geradas pela exploração de
de exportações brasileiras, representando petróleo e gás, está deixando os investimentos
quase US$ 67 bilhões (BRASIL, 2019). nesse tipo de exploração por razões financeiras.
Ao mesmo tempo, o mercado nacional de títulos
Além disso, pode capitalizar mais as tendências verdes da China expandiu-se rapidamente,
financeiras internacionais que fornecem com emissão total de R$ 318,95 bilhões, em
capital de menor custo para empreendimentos outubro de 2018. A tendência é clara. O leilão
sustentáveis. Há muitas oportunidades mal subscrito dos campos de petróleo offshore
emergindo das tendências atuais em comércio do pré-sal brasileiro, próximos da reserva
e finanças, conforme detalhado a seguir. ambiental de Abrolhos, na Bahia, foi um sinal
da crescente relutância em investir em ativos
6.2 Potencial de acesso a fontes de combustíveis fósseis no longo prazo.
alternativas de financiamento
A integração dos critérios de sustentabilidade
Mobilizar recursos para promover projetos de em sua carteira de projetos poderia permitir
longo prazo ainda é visto como um desafio, ao Brasil atrair as finanças necessárias para
mas esse cenário está mudando rapidamente. fechar sua lacuna de financiamento de longo
Globalmente, os ativos de investimento prazo. Essa oportunidade se tornará ainda mais
sustentáveis chegaram a R$ 161 trilhões, proeminente nos próximos anos. Organizações
um aumento de 34% em dois anos. E já – como o Institutional Investors Group on
representam mais de 50% do total de ativos Climate Change (IIGCC), que inclui mais de
gerenciados no Canadá, Austrália e Nova 200 investidores em 14 países, com mais de
Zelândia; quase metade na Europa; 26% nos US$ 32,6 trilhões em ativos – estão mobilizando
Estados Unidos e 18% no Japão (GSI, 2018). capital para a transição de baixo carbono e
A América Latina, incluindo o Brasil, fica para garantir resiliência aos impactos das
atrás no crescimento de ativos sustentáveis. mudanças do clima (IEA, 2020). Nessa mesma
linha, o fundo de investimento BlackRock
emitiu comunicado a investidores declarando
Há também forte sinal de a importância dos critérios de Environmental,
Social and Governance (ESG) para compreensão
oportunidades crescentes para
dos riscos e mensuração do retorno associado
financiamento de investimentos a investimento em renda fixa, multiativos,
que promovam a redução equity e outros ativos (BLACKROCK, 2019).
de emissão de carbono. Por
exemplo, está em curso um 6.3 Tendências no mercado
movimento de desinvestimento financeiro nacional
em combustíveis fósseis.
No Brasil, também está emergindo uma
tendência de ampliar o financiamento de
Recentemente, o Banco Europeu de Investimento projetos sustentáveis. O crédito dos bancos
(BEI), que anualmente, fornece R$ 89 bilhões privados brasileiros para esses projetos
em financiamento de energia, comprometeu-se não está apenas aumentando rapidamente,
a interromper os investimentos em combustíveis como ainda possui um enorme potencial de
fósseis a partir do final de 2021. crescimento, conforme indicado por uma
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 55
6.4 Mercados de títulos verdes Figura 6
Títulos verdes: Evolução global e uso de
Os governos que se anteciparem e se prepararem recursos por setor
para esse novo paradigma financeiro colherão
mais benefícios. O Brasil pode conquistar Evolução do Mercado Global de Títulos Verdes
160
proveitos necessários e substanciais ao
fazê-lo. No entanto, isso exigirá a integração 120
U$ Bilhões
da sustentabilidade em seus planos de
80
infraestrutura e alinhamento de suas instituições
políticas, por exemplo, as instituições de finanças 40
estruturar carteiras de projetos de investimento Entidade Apoiada pelo Governo Corporativos Financeiros
Governo Local Títulos Lastreados (ABS)
sustentáveis, que podem ser usados para apoiar Bancos de Desenvolvimento Crédito
o crédito ou a emissão de títulos verdes. Corporativos Não-Financeiros Soberanos
Além desses canais, existem oportunidades Títulos verdes: A diversificação de uso de recursos
de financiamento no mercado de capitais, por 100%
Quadro 8
O papel da precificação de carbono na transição para uma nova economia
A transição para uma economia de crescimento verde neutralidade de emissões na Europa sem prejuízo
abre portas para a inovação do país em diferentes à competitividade de seus setores nacionais. Tais
setores, tanto pela criação de novos mercados quanto iniciativas podem impactar a balança comercial brasileira,
pela demanda por novas tecnologias para as quais o prejudicando ou favorecendo a competitividade de
país tem vocação. Essas tecnologias também geram insumos e produtos manufaturados destinados à
oportunidades para empregos mais inovadores. Um exportação. Implementar a precificação de carbono
mecanismo que pode impulsionar a eficiência, a inovação envolve, portanto, uma difícil decisão política.
e gerar receitas é a precificação de carbono. Dentre
as oportunidades de financiamento, a precificação No contexto nacional, o Brasil poderia se beneficiar
de carbono é considerada um dos instrumentos de muito com a precificação de carbono apoiada pelo setor
maior custo-efetividade no que se refere à redução de privado brasileiro. A iniciativa Partnership for Market
emissões de GEE. Ao precificar o carbono, agentes são Readiness (PMR) Brasil propõe diferentes desenhos
levados a comparar seu custo marginal de mitigação ao de política de precificação de carbono adequadas à
preço, optando pela forma mais barata de mitigação. realidade nacional, destacando os potenciais impactos
econômicos, a motivação teórica para a adoção de
A experiência internacional demonstra um aumento do mecanismos de precificação de carbono e o panorama
número de iniciativas de precificação de carbono com internacional sobre o tema (PMR BRASIL, 2017).
consequente aumento da arrecadação por parte dos Adicionalmente, mais de 400 empresas (representando
governos nacionais. Em 2018, o montante arrecadado 90% da capitalização de mercado do Brasil) assinaram
por meio de iniciativas de precificação de carbono uma carta aberta, em 2017, por intermédio do Conselho
foi de US$ 44 bilhões, com preços de carbono que Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
variavam entre US$ 1 e US$ 127 por tCO2. Até agora, Sustentável (CEBDS), corroborando apoio ao
77 países, estados ou municípios ao redor do mundo estabelecimento de um mecanismo de precificação
adotaram ou estão prestes a adotá-lo, representando de carbono. Sob a ótica do setor produtivo, há uma
20,1% do total das emissões globais de GEE (WORLD crescente oportunidade da precificação de carbono do
BANK, 2019a). Nas Américas, Canadá, Colômbia, ponto de vista de adequação a padrões internacionais
Argentina, México e Chile já adotam a precificação de e também sob o prisma da competitividade ao invés
carbono em suas economias e, nos Estados Unidos, da arrecadação (CEBDS, 2017). É importante analisar
dez estados também aderiram, sendo que vários outros quais as implicações sobre as empresas brasileiras,
consideram a possibilidade (WORLD BANK, 2019b). não somente em termos de custo, mas, sobretudo,
Precificar o carbono constitui uma oportunidade de em termos de competitividade. Uma discussão
inserção para diferentes setores da economia brasileira pertinente ao tema é sobre a estruturação do mercado
em um mundo de baixo carbono. Há, em curso, por de carbono, para o qual um sistema robusto de
exemplo, a estruturação de planos de investimento Mensuração, Relato e Verificação (MRV) é fundamental
e desenvolvimento como o European Green Deal para viabilizar e criar uma base de dados confiável.
(EUROPEAN COMISSION, 2020), que fomenta a
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 57
7
PONTOS DE ENTRADA
POLÍTICA PARA AS
RECOMENDAÇÕES
DO ESTUDO
O objetivo desta seção é apresentar para à realidade política das instituições federais
os tomadores de decisão do governo brasileiras, utilizou-se uma lente de análise
federal a viabilidade, a atratividade e os definida como Ponto de Entrada de Políticas
múltiplos benefícios que o país pode ter Públicas (PEP). Neste estudo, o PEP é
ao avançar em direção à nova economia. conceituado como “qualquer política pública
Apesar de extensa, a lista de recomendações (incluindo programas, projetos e comitês
e pontos de entrada política fornecidos governamentais) que sirva para canalizar a
não é exaustiva. Pelo contrário, pode ser discussão e implementar a recomendação
considerada como ponto de partida para que está sendo proposta”. A fase de
orientar novas discussões acerca do tema. desenvolvimento (ou nível de prontidão) de
um canal para receber e executar com sucesso
Para reforçar como as diferentes recomendações a recomendação também foi considerada.
deste estudo seriam mais bem incorporadas
I. pronta implementação
7.1 Infraestrutura
II. necessário desenvolvimento adicional
A infraestrutura é fator fundamental para se
O nível de “pronta implementação” contemplaria alcançar uma economia próspera e dinâmica.
as medidas ou ações mais facilmente alcançadas, No século XXI, os investimentos nesse setor têm
em que os esforços de advocacy deveriam o desafio de contemplar aspectos econômicos,
ser inicialmente concentrados. O nível de sociais e ambientais. Para isso, os países devem
“necessário desenvolvimento adicional” estimular o investimento em infraestrutura de
também é um componente importante qualidade. No caso do Brasil, tais investimentos
para qualquer tentativa transformadora, devem considerar as seguintes preocupações:
como a Nova Economia, e por isso exige i) melhorar a logística e a mobilidade urbana,
uma análise mais detalhada dentro do ii) preservar o capital natural e iii) aumentar o
espectro de políticas governamentais. financiamento em projetos de infraestrutura.
Para aplicar a lente PEP, foi realizada uma A tabela a seguir apresenta uma lista de
pesquisa exploratória, que consultou sites recomendações e seus respectivos pontos
ministeriais, documentos governamentais e de entrada política para fomentar a
legislação para listar e analisar como as políticas, infraestrutura de qualidade no Brasil.
os programas e os projetos federais vigentes
poderiam oferecer sinergias para estabelecer
a Nova Economia para o Brasil, nos três
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 59
Ponto de entrada
Principais Nível de
política Comentários
recomendações prontidão
Ministério-chave
Programa de
Parcerias de
Investimentos (PPI)
Aprimoramento
da estruturação Ministério da O governo federal, por meio do PPI, dos
de projetos de Economia (ME) ministérios e das agências reguladoras Pronta
infraestrutura Ministério da setoriais, vem buscando aperfeiçoar a implementação
para concessões Infraestrutura estruturação de projetos de infraestrutura.
e PPP (MINFRA)
Ministério de Minas
e Energia (MME)
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 61
Ponto de entrada
Principais Nível de
política Comentários
recomendações prontidão
Ministério-chave
Partnership for
Market Readiness A PMR pode contribuir como uma plataforma
(PMR) governamental para avaliar alternativas de precificação Pronta
de carbono para o setor de transportes, visto que já implementação
Ministério da está sendo realizada uma avaliação do setor energético.
Melhoria da
Economia (ME)
eficiência
energética no As CIDE poderiam ser reformuladas para se tornarem
sistema de Contribuições tributos verdes, distinguindo os combustíveis de
transporte de Intervenção acordo com o respectivo fator de emissão. Com a atual
no Domínio situação econômica desencadeada pela pandemia da Pronta
Econômico (CIDE) Covid-19 e a turbulência no mercado do petróleo, esse implementação
Ministério da ponto de entrada ganhou relevância e poderia ser visto
Economia (ME) como alternativa para mitigar os impactos econômicos
da crise no agronegócio sucroenergético brasileiro.
Programa Pró-
Transporte O Pró-Transporte é um programa federal de
financiamento para sistemas de transporte público.
Ministério do Necessário
Os recursos são provenientes do FGTS, e poderia
Desenvolvimento desenvolvimento
haver a possibilidade do Comitê Gestor do FGTS
Regional (MDR) e adicional
estabelecer princípios de sustentabilidade para
Caixa Econômica as decisões de financiamento (CAIXA, 2020).
Federal (CEF)
Concessões de
Redução dos serviços de frete
e transporte Além da oferta de infraestrutura sustentável, a
impactos
regulação setorial e a operação de planejamento Necessário
ambientais Ministério da para um melhor desempenho ambiental do setor desenvolvimento
do transporte Infraestrutura de transportes também ajudariam o Brasil a adicional
de carga e (MINFRA) e alcançar a transição para uma nova economia.
interestadual agências reguladoras
relacionadas
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 63
Ponto de entrada
Principais Nível de
política Comentários
recomendações prontidão
Ministério-chave
Desenvolvimento
Taxa Social de O estabelecimento bem-sucedido de uma Taxa
de ferramentas
Desconto Social de Desconto seria um fator importante
financeiras para Pronta
para impulsionar a infraestrutura de qualidade.
alavancar a Ministério da implementação
Portanto, serviria como ponto de entrada
infraestrutura Economia (ME) para as recomendações a esse respeito.
de qualidade
Ponto de entrada
Principais política Nível de
Comentários
recomendações prontidão
Ministério-chave
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 65
Ponto de entrada
Principais política Nível de
Comentários
recomendações prontidão
Ministério-chave
7.3 Agricultura
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 67
Ponto de entrada
Principais política Comentários Nível de prontidão
recomendações
Ministério-chave
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 69
Ponto de entrada
Principais política Comentários Nível de prontidão
recomendações
Ministério-chave
Plataforma ABC
Ministério da
Agricultura,
Pecuária e Duas iniciativas da Embrapa serviriam como ponto de entrada
Abastecimento para o desenvolvimento de uma estratégia de conhecimento
Desenvolvimento (MAPA) para o setor agrícola: a Plataforma ABC (EMBRAPA, 2018) e
Pronta
do conhecimento Zarc Plantio o recém-lançado Zarc Plantio Certo App (EMBRAPA, 2019a),
implementação
técnico Certo App que visa ajudar os agricultores a escolher o melhor período
para iniciar suas culturas e plantações a partir das condições
Ministério da
de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).
Agricultura,
Pecuária e
Abastecimento
(MAPA)
Política Nacional
de Assistência
Técnica e Extensão
Rural (PNATER) O PNATER (BRASIL, 2019), focado no fortalecimento da
Aprimoramento Necessário
agricultura familiar, seria um ponto de entrada para melhorar
da assistência Ministério da desenvolvimento
a assistência técnica e a extensão rural em direção a uma
técnica Agricultura, adicional
agricultura sustentável dentro da perspectiva da Nova Economia.
Pecuária e
Abastecimento
(MAPA)
Ponto de
Principais entrada política Nível de
Comentários
recomendações prontidão
Ministério-chave
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 71
Ponto de
Principais entrada política Nível de
Comentários
recomendações prontidão
Ministério-chave
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 75
APÊNDICES limites de investimentos, disponibilidade e
preços de combustíveis, regulamentações
ambientais, taxas de penetração de mercado
Apêndice A - Quantificando os para novas tecnologias, entre outras.
benefícios da Nova Economia para o
Brasil O BLUES é uma extensão do modelo MESSAGE-
Brasil, que foi substancialmente atualizado e
A.1 Procedimento de modelagem detalhado para avaliar questões relacionadas à
realidade nacional, com seu escopo ampliado
Os métodos da modelagem usados para
para incluir o setor de uso da terra (KOBERLE
quantificar os benefícios socioeconômicos
et al., 2015; ROCHEDO et al., 2018; SZKLO et
de uma Nova Economia para o Brasil foram
al., 2018). O sistema de energia é representado
construídos a partir de estudos brasileiros
em detalhe nos setores de transformação,
existentes de setores específicos, e buscam
transporte e consumo de energia, com
complementar os mesmos. Um conjunto
mais de 1.500 tecnologias personalizadas
de cenários foi construído por meio de um
para cada uma das seis regiões nativas.
arcabouço interativo de modelagem que
integra dois modelos: Brazilian Land-Use
A representação do sistema de uso da terra
and Energy Systems (BLUES) e o Modelo de
inclui florestas, savanas, pastagens de baixa
Economia Verde (MEV), descritos a seguir.
e alta capacidade, sistemas integrados de
agricultura-lavoura-floresta, terras cultiváveis,
A.1.1 Brazilian Land-Use and safrinhas, florestas plantadas e áreas protegidas.
Energy Systems model (BLUES) O modelo minimiza os custos de todo o sistema
de energia – incluindo os setores de geração de
O Brazilian Land-Use and Energy model
eletricidade, agricultura, indústria, transporte e
(BLUES) é um modelo de otimização para o
construção – que representam restrições do mundo
Brasil, construído na plataforma de geração
real para toda a gama de variáveis em questão.
do Modelo para Alternativas de Estratégia
de Fornecimento de Energia e seus Impactos O cenário NEB busca avaliar a penetração
Ambientais Gerais (MESSAGE). Essa plataforma de tecnologias de baixo carbono que podem
foi projetada para desenvolver e avaliar impactar o consumo energético e reduzir
estratégias alternativas de fornecimento as emissões de carbono no longo prazo.
de energia alinhadas a restrições, como Para este estudo, foram selecionadas as
tecnologias apresentadas na tabela abaixo:
Tabela A1
Tecnologias de baixo carbono avaliadas
Setores Tecnologias
Veículos híbridos
Veículos elétricos
Transportes
Veículos movidos a célula a combustível (caminhões leves, médios e pesados)
Bioquerosene de aviação
Tabela A2
Geração de eletricidade a partir de CSP e Reservatórios fotovoltaicos (FV)
Por fim, no setor de uso do solo, foram Além disso, buscando melhorar a
consideradas duas modificações. A primeira produtividade da pecuária, penalizou-se
é uma penetração de 30% de áreas de alta com um custo extra as tecnologias de baixa
produtividade para os cultivos agrícolas, produtividade de pasto. Essas medidas
substituindo as áreas mais ineficientes. estão sintetizadas na tabela a seguir:
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 77
Tabela A3
Penetração das novas tecnologias no cenário Nova Economia para o Brasil (NEB)
2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
Transportes (parcela de veículos novos)
Veículos híbridos a combustível flex 0% 17% 33% 50% 50% 50% 50%
Ônibus elétricos 0% 17% 33% 50% 50% 50% 50%
Célula a combustível:
Caminhões leves 0% 7% 13% 20% 20% 20% 20%
Caminhões médios 0% 3% 7% 10% 10% 10% 10%
Caminhões pesados 0% 7% 13% 20% 20% 20% 20%
Biojet (parcela do querosene total) 0% 5% 20% 50% 50% 50% 50%
Edificações (redução da demanda)
Eficiência energética 0% 3% 7% 10% 10% 10% 10%
Setor elétrico (parcela da eletricidade total)
CSP + Reservatório FV 0% 2% 4% 6% 6% 6% 6%
Novos materiais (parcela de expansão)
Carvão vegetal (ferro e aço) 0% 17% 33% 50% 50% 50% 50%
Agricultura
Aumento da produtividade 0% 10% 20% 30% 30% 30% 30%
Pastagem Custo extra para tecnologias com baixa produtividade
Figura A1
Transições de uso da terra modeladas no BLUES
Pasto Pastagem
Floresta Degradado Recuperada
Sistema
Savana
Integrado
Fonte: Angelkorte, 2019.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 79
A.1. 2 O Modelo de Economia ampla gama de possíveis intervenções
Verde para o Brasil de economia verde – por exemplo, sobre
eficiência energética, energia renovável,
O Modelo de Economia Verde (MEV) é um reflorestamento, melhoria da eficiência hídrica,
modelo de dinâmica de sistemas que integra reutilização de resíduos e desenvolvimento
indicadores socioeconômicos ao capital sustentável da agricultura –, ilustrando os
natural que os sustenta (PROBST e BASSI, efeitos de cada intervenção em importantes
2014). Ele foi desenvolvido para ajudar indicadores econômicos, ambientais e sociais.
os formuladores de políticas a identificar
caminhos sustentáveis que sejam consistentes Dependendo do escopo do trabalho, da
com as metas de desenvolvimento a médio e disponibilidade de dados e de questões políticas
longo prazo, possibilitando a transição para associadas, o modelo pode ser construído em
uma economia mais inclusiva, eficiente e nível nacional ou enfatizando determinados
verde. O MEV permite melhor compreensão setores e regiões. Como modelo que se esforça
dos cobenefícios associados às políticas para representar a estrutura de um sistema
sustentáveis. O modelo incorpora as principais e reproduzir seu comportamento, o MEV
representações biofísicas do capital natural, uma incorpora características específicas de cada
estrutura econômica que cumpre os princípios país ou região, relevantes tanto para a política
econômicos essenciais e respeita as definições quanto para o desenvolvimento, incluindo
e os princípios estabelecidos pelo System percepções sobre possíveis consequências não
of Environmental and Economic Accounts intencionais das intervenções. A modelagem
(Sistema de Contas Econômicas e Ambientais participativa garante o entendimento de ambas
em tradução livre) e outras estruturas para as partes interessadas em relação à estrutura e
representar mecanismos políticos e elementos função do modelo, aumentando a probabilidade
potenciais de resistência a políticas. O MEV de engajamento e adoção como ferramenta
prevê resultados de políticas e investimentos para análise de políticas e capacitação e para a
entre setores, atores econômicos, dimensões do representação adequada do problema em questão.
desenvolvimento, ao longo do tempo e no espaço
O modelo MEV-Brasil14 foi projetado para
(quando combinados com modelos espaciais).
incluir todos os principais setores relevantes
A abordagem integrada do MEV reconhece ao desenvolvimento futuro do país. Entre
o meio ambiente como base para recursos eles estão população, oferta e demanda de
ecológicos que fornecem materiais e serviços alimentos, uso da terra, atividade econômica
à economia e à sociedade. O setor econômico setorial e agregada, emprego, acesso a serviços
transforma esses insumos em bens desejados, e de saúde, educação, oferta e demanda de
os processos econômicos e sociais de criação e energia (vinculados ao modelo BLUES),
uso desses bens produzem resíduos, poluição, emissões atmosféricas, poluição da água e
entre outros fatores que podem retornar ao tendências climáticas. O modelo também
meio ambiente, potencialmente comprometendo fornece uma avaliação econômica das seguintes
sua capacidade de fornecer insumos futuros. externalidades: emissões atmosféricas
Ao aplicar essa estrutura, o MEV permite (custo social do carbono), poluição do ar,
que as partes interessadas e os formuladores águas residuais, resíduos sólidos, impactos
de políticas pensem criativamente sobre a relacionados ao tráfego (por exemplo, acidentes
melhor maneira de lidar com problemas e ruído), custo de oportunidade da água (com
ambientais e maximizar a sustentabilidade economia no setor agrícola) e biodiversidade.
no país ou na região analisada. Em particular,
o modelo visa facilitar a discussão de uma 14 O acesso às principais variáveis do modelo e seu detalhamento
estão disponibilizados pelos autores.
Figura A2
Principais recursos do Modelo de Economia Verde (MEV)
Capital R População
humano saúde empregada
crescimento do + + + criação de empregos aposentadoria
capital humano
remuneração educação +
+ Despesa R
+ pública
R treinamento +
+ Lucros + Capital
privados
+ + físico depreciação
+ + investimento
produtividade
- R
+ +
PIB +
B
+
consumo +
escassez serviços B
ecológica ecossistêmicos
- + + R
demanda por
recursos naturais
Capital
natural +
crescimento do utilização do
capital natural capital natural
depleção do
capital natural
A figura busca destacar alguns dos maior produção leva a mais gastos) ou no
principais recursos do MEV, incluindo: sentido oposto (setas com sinais negativos
significam, por exemplo, mais emissões
● Relações de feedback: feedback é um de GEE que levam a menor acumulação
processo pelo qual uma causa inicial se de capital humano). Muitos loops causais
espalha por uma cadeia de efeitos, afetando (feedbacks envolvendo duas ou mais
a si mesma. As setas no modelo indicam variáveis) estão incluídos. Por exemplo,
causalidade e relações de dependência. maior produção econômica (pelo PIB)
As variáveis se movem no mesmo sentido aumenta a demanda de gastos, abrangendo
(setas com sinais positivos; por exemplo, o uso e possível esgotamento dos recursos
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 81
naturais, levando a maiores emissões de ● Uma abordagem estrutural à
GEE e a uma redução na disponibilidade modelagem: alguns dos elementos
de bens e serviços ambientais. Isso, por sua incluídos na Figura A2 são representativos
vez, afeta negativamente o capital humano e de estruturas totalmente desenvolvidas para
a produtividade dos fatores, influenciando, os sistemas de economia, clima e capital
assim, a produção econômica futura. natural. O MEV apresenta representações
socioeconômicas para o setor real,
● Relações entre as variáveis de incluindo agregação de valor e emprego
fluxos e de estoque: caracterizam as entre setores, categorias de despesas,
variáveis e o comportamento entre os preços reais, saldos fiscais e dívida pública,
sistemas social, econômico, climático e setor externo, demografia e oferta de mão
de capital natural. Por exemplo, estoques de obra. Também são consideradas as
de capital são construídos a partir de emissões de GEE de setores-chave (uso
investimentos líquidos; as concentrações da terra, energia, resíduos domésticos e
de GEE resultam de suas emissões; o industriais, processos industriais e uso
capital natural se concentra a partir do de produtos). O MEV também fornece
acúmulo biofísico de florestas, terras, representações completas do setor de
pesca etc. e diminui com a extração e energia (por exemplo, suprimento de fontes
degradação produtivas. As relações de primárias e como elas se transformam para
fluxo de estoque, um recurso essencial atender à demanda, por tipo de energia,
do MEV, replicam o comportamento do tanto em setores renováveis quanto não
sistema e representam sua estrutura. renováveis), de florestas e uso da terra
(por exemplo, setor agrícola classificado
● Efeitos assimétricos: as alterações
pelas principais culturas), de recursos
em uma entrada ou variável específica
hídricos (por exemplo, oceanos e pesca) e
produzem efeitos marginais desiguais
de serviços ecossistêmicos (construídos com
nas variáveis associadas,
dependendo
base em suas características biofísicas).
do nível e da intensidade da variável de
entrada inicial. Por exemplo, aumentos ● Calibração e uso para o
na concentração de poluição do ar, desenvolvimento de insights sobre
indicados por partículas (como PM2,5) políticas: a fim de verificar até que
em partes por milhão, na atmosfera ponto as estruturas MEV representam
exacerbam os danos à saúde. Atrasos adequadamente os sistemas mencionados
referem-se ao tempo para uma política acima, o modelo é calibrado para
específica ser implementada, aumentando um determinado período histórico
assim a variabilidade de seu impacto nos (normalmente, 2000-2018). O modelo
alvos selecionados, o que influencia os calibrado é usado para desenvolver cenários
resultados do sistema. Por exemplo, proibir de linha de base e alternativos, apoiados
a construção de novas fábricas de carvão em políticas e entradas acordadas no
pode reduzir futuras emissões de GEE, processo de modelagem participativa.
mas somente quando as fábricas existentes O MEV é resolvido recursivamente, gerando
forem desativadas, se não houver outras resultados endógenos por um período
políticas relacionadas em vigor. Todos que pode se estender até 2050 e além.
esses recursos são incorporados no MEV.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 83
Esse exercício de modelagem ajuda a preencher Três cenários foram criados mostrando uma
uma lacuna no trabalho empírico, destacando e ambição crescente na transformação da
ajudando a construir evidências sobre os benefícios economia brasileira a partir do modelo MEV:
socioeconômicos por algumas medidas de baixo
carbono, incluindo compensações espaciais e ● BAU (Business as Usual): continuação
temporais na transição para uma nova economia. das tendências atuais de negócios como
as de status quo, o que reflete em uma
A lista dos setores incluídos na modelagem taxa de crescimento do PIB em declínio
integrada “BLUES-MEV” é apresentada a seguir: lento, aumento das emissões de GEE e leve
aumento do desemprego. Nesse cenário,
● População e demanda de alimentos; a redução das emissões de GEE seria de
19%, em 2025, em relação aos níveis de
● Cuidados com saúde, principalmente
2005, em comparação com a meta da
custos de saúde (emissões, incêndios);
Contribuição Nacionalmente Determinada
● Infraestrutura: estradas, geração de energia; (NDC) brasileira de se alcançar uma redução
de 37% das emissões de 2005 em 2025.
● Valor econômico agregado (PIB):
agricultura, indústria e serviços; ● NEB (Nova Economia no Brasil):
reflete uma série de ações de baixo carbono
o Produtividade baseada em: conta identificadas por análises do Instituto
de energia, quedas de energia, Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
estradas (conectividade), emissões Pesquisa de Engenharia, da Universidade
(qualidade do ar), produtividade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ),
da terra (para agricultura); por meio do modelo BLUES. Isso inclui,
por exemplo, avanços na implementação
● Contas do governo; de veículos elétricos ou híbridos, maior
eficiência do setor de construção, mais
● Contas familiares;
energias renováveis e uso de materiais
● Emprego; de baixo carbono e agricultura de maior
produtividade. Além disso, o cenário NEB
● Cobertura do solo: agricultura
inclui intervenções gerais que podem
(para culturas selecionadas),
proporcionar melhor crescimento e
assentamento, florestas, pousios;
reduzir as emissões, como maior eficiência
● Produção agrícola (para culturas energética em toda a economia (melhoria
selecionadas), e perdas (também baseadas adicional de 2% ao ano), redução de
em infraestrutura) e pecuária; perdas de alimentos antes e depois da
colheita e aumento do tratamento de
● Procura e abastecimento de água: águas residuais. Esse cenário mostra um
tratamento de águas residuais; forte crescimento econômico, devido a:
● Procura e fornecimento de
energia (a partir do BLUES);
● Fornecimento de eletricidade
(a partir do BLUES);
● Emissões atmosféricas e
sequestro de carbono.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 85
Figura A4
Energia primária nos cenários BAU e NEB – BLUES
500
450
400
Energia Primária (Mtep)
350
300
250
200
150
100
50
0
BAU NEB BAU NEB BAU NEB BAU NEB
2020 2030 2040 2050
Figura A5
Geração de eletricidade por fonte nos Cenários BAU e NEB – BLUES
1.000
900
800
700
Generation (TWh)
600
500
400
300
200
100
0
Ref NEB Ref NEB Ref NEB Ref NEB
2020 2030 2040 2050
Figura A6
Produção de biocombustíveis nos cenários BAU e NEB – BLUES
Uso de biocombustíveis
2500
2000
1500
PJ
1000
500
0
BAU NEB BAU NEB BAU NEB BAU NEB
2020 2030 2040 2050
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 87
Figura A7
Emissões de energia e processos industriais nos cenários BAU e NEB – BLUES
Emissões de energia processos industriais (MtCO₂)
1000
800
600
MtCO2
400
200
0
BAU NEB BAU NEB BAU NEB BAU NEB
2020 2030 2040 2050
Processo Energia
Finalmente, as medidas de uso do solo mostra a Figura A8, diminuindo a pressão sobre
propostas no cenário NEB levam a uma o desmatamento e reduzindo as emissões por
conversão relevante de pastagem degradada meio do armazenamento de carbono no solo.
para pastagens de alta produtividade, como
Figura A8
Uso da terra em cenários BAU e NEB - BLUES
250
Uso da terra (kha)
200
150
100
50
0
BAU NEB BAU NEB BAU NEB BAU NEB
2020 2030 2040 2050
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 89
do uso do solo e floresta, agricultura, energia, setores também há tendência de erosão
indústria e resíduos. Uma fração significativa do progresso, embora menos acentuada,
da redução das emissões de carbono – ao devido ao efeito de recuperação. Isso
longo da década de 2020 e em parte da década acontece quando os investimentos levam a
de 2030 – ocorre a partir da terra que está um PIB maior, o que, por sua vez, estimula
ligada à redução da expansão da agricultura o consumo de energia e leva às emissões.
e esforços de reflorestamento. Ao longo do
tempo, os ganhos em termos de redução das ● Finalmente, as emissões da indústria e do
emissões de carbono tendem a estar cada vez desperdício aumentam ao longo do tempo,
mais associados ao setor energético, tanto a seguindo a tendência da população e do PIB,
partir de uma mudança significativa para fontes pois nenhuma intervenção foi direcionada
de energia renovável quanto aos ganhos em aos processos industriais e aos resíduos.
eficiência energética. Há uma queda acentuada
Vale ressaltar ainda que os ganhos de valor e
das emissões totais nos cenários NEB e NEB+
renda derivados dos cenários NEB e NEB+,
em relação ao BAU no médio prazo (-28,2%,
promoveram uma compensação parcial na
em 2030), seguida por uma aproximação entre
redução das emissões alcançadas em primeiro
os cenários (-0,8%, em 2040). Esta última está
lugar, da maior demanda energética associada à
associada, em parte, à redução do esforço de
maior atividade econômica e produtividade dos
conversão e esforços de restauração da terra no
fatores. Nos cenários NEB e NEB+, os ganhos
final do período de simulação; e, também está
na redução de emissões associados à política
relacionada aos ganhos em eficiência energética
excedem o efeito de recuperação da demanda
e à transição para o uso de energia renovável em
energética ligada à maior atividade econômica.
comparação com o aumento das emissões da
maior atividade econômica nos NEB e NEB+, em A Tabela A7 apresenta o valor total das
relação ao cenário BAU. Vale ressaltar que essa externalidades estimadas no modelo e a
é a diferença estimada para um determinado divisão por categoria. Mostra também que os
ano e não a redução acumulada ao longo do ganhos mais importantes são obtidos no custo
tempo. Essa última continua a crescer ao longo da poluição do ar e da água, seguidos pela
da simulação, indicando 20 anos de redução economia dos gastos com desperdício. Vale
nas emissões líquidas emergindo dos cenários ressaltar a geração de renda a partir da criação
NEB e NEB+ quando comparados ao cenário de empregos, uma externalidade positiva.
BAU. As principais razões para as tendências
mostradas na Tabela A6 são as seguintes:
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 91
Tabela A5
Valor previsto para o emprego, total e por setor, com variação percentual em relação ao
cenário BAU
Emprego
NEB+ vs
% 0.0% 0.6% 2.0% 3.9% 6.0%
BAU
NEB+ vs
% 0.0% -0.4% -0.9% -1.1% -1.4%
BAU
NEB+ vs
% 0.1% 2.6% 7.5% 12.7% 18.0%
BAU
NEB+ vs
% 0.1% 2.8% 8.4% 14.5% 20.5%
BAU
Emissões
NEB+ vs
% -6,5% -28,0% -28,2% -21,8% -0,8%
BAU
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 93
Tabela A7
Valor previsto de externalidades, totais e desagregadas, com variação percentual em
relação ao cenário BAU
Externalidades
bn R$
374.618,1 390.036,6 405.679,6 421.565,8 437.756,4
BAU / ano
bn R$
374.590,7 389.862,6 405.215,7 420.634,5 436.118,5
NEB / ano
bn R$
374.599,9 389.840,4 405.008,6 420.075,6 435.134,3
NEB+ / ano
NEB+ vs
% 0,0% -0,1% -0,2% -0,4% -0,6%
BAU
ADB (Asian Development Bank). Building the ASSUNÇÃO, J. et al. Infraestrutura sustentável na
future of quality infrastructure. ISBN 978-4- Amazônia: Fortalecendo critérios socioambientais para
89974-222-7. 2020. Disponível em: https://www. a viabilidade de projetos no Brasil. 2019. Disponível
adb.org/publications/building-future-quality- em: https://climatepolicyinitiative.org/wp-content/
infrastructure. Acessado em maio, 2020. uploads/2019/10/Infraestrutura-Sustentavel-na-
Amazonia.pdf . Acessado em fevereiro, 2020.
ALMEIDA, E. et al. Gás do Pré-sal: Oportunidades,
Desafios e Perspectivas. Ciclo de Debates ASSUNÇÃO, J., GANDOUR, C., ROCHA, H.
sobre Petróleo e Economia. IBP: 2017 M., ROCHA, R. The effect of rural credit on
deforestation: evidence from the Brazilian Amazon.
ANA (Agência Nacional de Águas). Atlas irrigação: The Economic Journal 130, 290–330. 2020.
uso da água na agricultura irrigada. Agência
Nacional de Águas. Brasília: ANA, 2017. BACEN (Banco Central do Brasil) Matriz de Dados do
Crédito Rural. Rio de Janeiro BCB, 2019 Disponível
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). em: https://dadosabertos.bcb.gov.br/dataset/
Resolução Normativa n°482, de 17 de abril matrizdadoscreditorural. Acessado em maio, 2020.
de 2012. Estabelece as condições gerais para
o acesso de microgeração e minigeração BACEN (Banco Central do Brasil). Resolução
distribuída aos sistemas de distribuição de nº 3545, de 28 de fevereiro de 2008. 2008.
energia elétrica, e dá outras providências. 2012. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/
Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ normativos/res/2008/pdf/res_3545_v1_O.
ren2012482.pdf. Acessado em maio, 2020. pdf. Acessado em novembro, 2019.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 95
BASSI, A. Moving Towards Integrated Policy outras providências. 2010. Disponível em: http://
Formulation and Evaluation: The Green Economy www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/
Model. 2015. Disponível em: https://www. lei/l12305.htm. Acessado em abril, 2020.
researchgate.net/publication/295181846_
BRASIL. Projeto TerraClass. 2010a.
Moving_Towards_Integrated_Policy_Formulation_
Disponível em: https://www.terraclass.
and_Evaluation_The_Green_Economy_Model.
gov.br/. Acessado em maio, 2020.
Acessado em novembro, 2019.
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.
BATISTA, A. F. Silvicultura com Espécies Nativas
Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e dá
e SAF – mercados, viabilidade e competitividade.
outras providências. 2012a. Disponível em: Brasil
VI Prêmio Serviço Florestal Brasileiro em Estudos
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
de Economia e Mercado Florestal. 2018.
2014/2012/lei/l12651.htm. Acessado em abril, 2020.
BCB (Banco Central do Brasil). Agenda BC#, lançada
BRASIL. Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012.
pelo Banco Central, alia inovação tecnológica
Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade
à agenda microeconômica da instituição.
Urbana e dá outras providências. 2012b. Disponível
2019. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
detalhenoticia/349/noticia Acessado em abril, 2020.
2014/2012/lei/l12587.htm. Acessado em abril, 2020.
BIVENS, J. The potential macroeconomic benefits
BRASIL. Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui
from increasing infrastructure investment. 2017.
a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil –
Disponível em: https://www.epi.org/publication/the-
PNPDEC e dá outras providências. 2012c. Disponível
potential-macroeconomic-benefits-from-increasing-
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
infrastructure-investment/. Acessado em abril, 2020.
2014/2012/Lei/L12608.htm. Acessado em abril, 2020.
BLACKROCK. BlackRock ESG Investment
BRASIL. Lei nº 12.787, de 11 de janeiro de 2013.
Statement on 29 August 2019. 2019. Disponível
Dispõe sobre a Política Nacional de Irrigação e dá
em: https://www.blackrock.com/corporate/
outras providências. 2013. Disponível em: http://www.
literature/publication/blk-esg-investment-
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/
statement-web.pdf. Acessado em março, 2020.
Lei/L12787.htm. Acessado em abril, 2020.
BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento).
BRASIL. Lei nº 13.334, de 13 de setembro de 2016.
Planejamento Estratégico – Plano Trienal
Programa de Parcerias de Investimentos - PPI.
2020-2022. 2019. Disponível em: https://
2016. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/
www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/
legin/fed/lei/2016/lei-13334-13-setembro-2016-
quem-somos/planejamento-estrategico/plano-
783604-norma-pl.html. Acessado em junho, 2020.
trienal-2020-2022. Acessado em março, 2020.
BRASIL. Modelagem Setorial de Opções de Baixo
BRAGANÇA, A. Formulário para o envio
Carbono para o Setor de Papel e Celulose. In:
de contribuições para a Consulta Pública
OLIVEIRA, C. C. N. DE; RATHMANN, R. (Eds.).
ME-SDI nº 01/2019, Colaborador.
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações
Documento não publicado. 2019.
e Comunicações. Opções de mitigação de
BRASIL. Constituição da República Federativa emissões de gases de efeito estufa em setores-
do Brasil. 1988. Disponível em: http://www. chave do Brasil. 1. ed. Brasília: Ministério de
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações,
constituicao.htm. Acessado em janeiro, 2020 ONU Meio Ambiente, 2017. p. 107.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. BRASIL. Projeto de Lei do Senado n° 454, de 2017.
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos Altera a Lei de Redução da Emissão de Poluentes
e dá outras providências. 1997. Disponível para vedar a comercialização de veículos movidos a
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ combustão no País a partir de 2060. 2017. Disponível
LEIS/L9433.htm. Acessado em abril, 2020. em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/
materias/-/materia/131656. Acesso em junho, 2020.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e dá
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 97
CNI (Confederação Nacional da Indústria). Frischtak, noticia/48049589/nova-versao-do-aplicativo-zarc-
C.; Noronha J. Financiamento do Investimento plantio-certo-traz-lista-de-cultivares-adaptadas-
em Infraestrutura no Brasil: Uma Agenda para sua para-cada-regiao. Acessado em abril, 2020.
Expansão Sustentada. Brasília, 2016. Disponível
EMBRAPA. Plataforma ABC. 2018. Disponível
em: http://arquivos.portaldaindustria.com.br/
em: https://www.embrapa.br/meio-ambiente/
app/conteudo_18/2016/07/18/11404/1807-Es
plataforma-abc. Acessado em abril, 2020.
tudoFinanciamentodoInvestimentoemInfraest
rutura.pdf. Acessado em novembro, 2019. EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Balanço Energético Nacional (BEN) 2018:
CNI, 2017a. Tendências Mundiais e Nacionais
Ano base 2017. Rio de Janeiro: EPE. 2018.
com Impacto na Indústria Brasileira: Insumos
para a Elaboração do Mapa Estratégico EPE. Balanço Energético Nacional (BEN) Ano
da Indústria 2018-2022. Confederação base 2018. Rio de Janeiro: EPE. 2019.
Nacional da Indústria. Brasília. 81 p.: il.
EPL (Empresa de Planejamento e Logística). Plano
CNI. Economia Circular: Uma Abordagem Geral no Nacional de Logística – PNL. 2018. Disponível
Contexto da Indústria 4.0. Confederação Nacional em: https://www.epl.gov.br/plano-nacional-
da Indústria. Brasília: CNI, 2017d. 75 p.: il. de-logistica-pnl. Acessado em junho, 2020.
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 99
IRENA. (International Renewable Energy Agency). MAPA. Agropecuária Brasileira em Números. Brasília,
Rethinking Energy 2017: Accelerating the Global Brasil. 2019. Disponível em: http://www.agricultura.
Energy Transformation. 2017. Vol. 55. 2017. 130 p. gov.br/assuntos/politica-agricola/agropecuaria-
brasileira-em-numeros. Acessado em novembro, 2019.
IRENA. Renewable Energy and Jobs: Annual
Review 2019. Abu Dhabi: [s.n.]. MAPA. Plano Safra 2019/2020. 2019a.
Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/
JAIN, V. What is Zero Energy Building? Difference
pt-br/plano-safra. Acessado em abril, 2020.
between Green Building and Zero Energy
Buildings. the Constructor. 2019. Disponível em:
MAPBIOMAS. Cobertura e Uso do Solo,
https://theconstructor.org/building/zero-energy-
Mudança de Cobertura e Uso. 2019. Disponível
buildings/13588/. Acessado em maio, 2020.
em: https://mapbiomas.org/?cama_set_
KOBERLE, A., ROCHEDO, P., PORTUGAL-PEREIRA, language=pt-BR. Acessado em maio, 2020.
J., SZKLO, A. S., DE LUCENA, A. F. P., & SCHAEFFER, MARCHEZINI, V. The Power of Localism During
R. Brazil Chapter. In: T. Spencer & R. Pierfedericci the Long-Term Disaster Recovery Process.
(Eds.): Beyond the Numbers: Understanding the Disaster Prevention and Management: An
Transformation Induced by INDCs. A Report of International Journal, 28(1), 143-152. 2019
the MILES Project Consortium (p. 80). IDDRI -
MILES Project Consortium, Paris, France. 2015. MATION, L. F. Comparações Internacionais
de Produtividade e Impactos do Ambiente de
KOBERLE, A. Implementation of Land Use in an Negócios. In: DE NEGRI, F.; CAVALCANTE, L.R..
Energy System Model to Study the Long-Term (Org.). Produtividade no Brasil - Desempenho e
Impacts of Bioenergy in Brazil and its Sensitivity to Determinantes. 2014. Brasília: ABDI/IPEA, 2014.
the Choice of Agricultural Greenhouse Gas Emission
Factors. Tese DSc. PPE/COPPE/UFRJ. 2018. MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações). Política Nacional de
KOOHAFKAN, P.; ALTIERI, M. A.; GIMENEZ, Inovação. 2020. Disponível em: https://ibrasil.
E. H. Green Agriculture: Foundations for mctic.gov.br/. Acessado em abril, 2020.
Biodiverse, Resilient and Productive Agricultural
Systems. International Journal of Agricultural ME (Ministério da Economia). Rota 2030 – Mobilidade
Sustainability, v. 10, n. 1, p. 61-75, 2011. e Logística. 2020. Disponível em: http://www.mdic.
gov.br/index.php/competitividade-industrial/setor-
LAB (Laboratório de Inovações Financeiras). Principais automotivo/rota2030. Acessado em abril, 2020.
Desafios. 2020. Disponível em: http://www.
labinovacaofinanceira.com. Acessado em abril, 2020. ME. PROMOB-e – Mobilidade Elétrica e
Propulsão Eficiente. 2020a. Disponível em:
LIMA, B. W. F. Geração Distribuída Aplicada http://www.promobe.com.br/institucional/
à Edificações: Edifícios de Energia Zero e quem-somos/ Acessado em abril, 2020.
o caso do Laboratório de Ensino da FEC-
Unicamp. [s.l.] Unicamp, 2012. MINFRA (Ministério da Infraestrutura). Diretrizes
de Sustentabilidade. 2020. Disponível em:
LISBOA, M., MENEZES, F., NAERCIO, S., A. The Effects https://www.infraestrutura.gov.br/diretrizes-de-
of Trade Liberalization on Productivity Growth in sustentabilidade.html. Acessado em abril, 2020.
Brazil: Competition or Technology? Revista Brasileira
de Economia, v. 64, n. 3, p. 277-289, 2010. MIRAGLIA, K., e GOUVEIA, N. Custos da Poluição
Atmosférica nas Regiões Metropolitanas Brasileiras.
LOVEJOY, T.E., NOBRE, C. Amazon Tipping Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 4141-4147, 2014.
Point. Science Advances, 2018. Vol. 4, no. 2,
MIRANDA, R., SORIA, R., SCHAEFFER, R., SZKLO,
eaat2340 DOI: 10.1126/sciadv.aat2340
A., & SAPORTA, L. Contributions to the analysis
MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e of “Integrating Large Scale Wind Power Into the
Abastecimento). Plano ABC. 2016. Disponível Electricity Grid in the Northeast of Brazil” [Energy
em: https://www.gov.br/agricultura/ 100 (2016) 401–415]. Energy, 118, 1198–1209.
pt-br/assuntos/sustentabilidade/plano- 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/J.
abc. Acessado em novembro, 2019. ENERGY.2016.10.138. Acessado em novembro, 2019.
NOBRE, I., NOBRE, C. A. The Amazonia Third Way PMR BRASIL (Partnership for Market Readiness –
Initiative: The Role of Technology to Unveil the Brasil). Texto para discussão - II Workshop – Projeto
Potential of a Novel Tropical Biodiversity-based PMR Brasil - Diálogos Setoriais. Brasília, 30 e 31 de
Economy. In: LOURES, L. (ed). Land Use – Assessing maio de 2017. 2017. Disponível em: http://www.
the Past, Envisioning the Future. IntechOpen, pp. 183– fazenda.gov.br/orgaos/spe/pmr-brasil/documentos-
213. 2018. Disponível em: https://www.intechopen. e-arquivos-pmr/ii-workshop-pmr-brasil-texto-
com/onlinefirst/the-amazonia-third-way-initiative- para-discussao.pdf. Acessado em abril, 2020.
the-role-of-technology-to-unveil-the-potential-
PPI (Programa de Parcerias e Investimentos). As 10
of-anovel-tropical. Acessado em março, 2020.
diretrizes. 2020. Disponível em: https://www.ppi.
OLIVIERA, et al. Large-Scale Expansion of gov.br/10-diretrizes. Acessado em abril, 2020.
Agriculture in Amazonia May Be a No-Win
PROBST G., BASSI A. M. Tackling Complexity:
Scenario, Federal Universidade de Vicosa, Avenida
A Systemic Approach for Decision Makers.
P H Rolfs s/n, Viçosa, MG, 36570-000, Brasil.
Greenleaf Publishing, Sheffield, UK, 2014.
Disponível em: http://whrc.org/wp-content/
uploads/2015/09/OliveiraetalEnvResLtr.13. RIBEIRO, E.; NUCIFORA, A. The Impact of Subsidized
pdf. Acessado em dezembro, 2019. Credit on Firms’ Investment and Productivity in Brazil:
An Evaluation of the BNDES FINAME-PSI Program.
OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE).
World Bank Working Paper, Washington DC, 2017.
WHO Global Ambient Air Quality Database. 2018.
Disponível em: https://www.who.int/airpollution/ ROBERTS, N. ANDERSEN, D. F., DEAL, R., GARET, M.,
data/en/. Acessado em novembro, 2019. SCHAEFFER, W. Introduction to Computer Simulation:
A System Dynamics Modeling Approach. 1983.
PACCA, S.; MOREIRA J. R. Historical Carbon
Budget of the Brazilian Ethanol Program. Energy ROCHEDO, PEDRO R. R., SOARES-FILHO, B.,
Policy, 37(11), 4863-4873. 2009. Disponível em: SCHAEFFER, R., VIOLA, E., SZKLO, A., LUCENA,
https://doi.org/10.1016/j.enpol.2009.06.072. A. F. P., RATHMANN, R. The Threat of Political
Acessado em novembro, 2019. Bargaining to Climate Mitigation in Brazil.
Nature Climate Change, 8(8), 695–698. 2018.
PECORA, V. Implantação de uma Unidade
Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41558-
Demonstrativa de Geração de Energia
018-0213-y. Acessado em novembro, 2019.
Elétrica a Partir do Biogás de Tratamento do
Esgoto Residencial da USP – Estudo de Caso. S2ID. Sistema Integrado de Informação de
[s.l.] Universidade de São Paulo, 2006. Desastres. Secretaria Nacional de Proteção
e Defesa Civil. Disponível em: https://s2id.
PEDREIRA, B. C., et al. Novos sistemas de
mi.gov.br/. Acessado em novembro, 2019.
produção/ editores: Flávio Henrique Vasconcelos
Medeiros et al.; organizado pelo Núcleo de
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 101
SANTOS, K. A. Curvas de Custos Marginais VAN DEVENTER, J. S. J., PROVIS, J. L., DUXSON,
de Abatimento de Gases de Efeito Estufa: P. Technical and Commercial Progress in the
Oportunidades de Mitigação para Pecuária de Corte. Adoption of Geopolymer Cement. Minerals
Dissertação de mestrado, Universidade Federal Engineering, v. 29, p. 89–104, 2012.
da Grande Dourados, Dourados, MS. 2016.
VASCONCELOS, A. Programa de Parcerias de
SHARMA, S. K. Zero Energy Building Envelope Investimentos - PPI. Secretaria de Governo.
Components: A Review. International Documento interno. Maio, 2019.
Journal of Engineering Research and
VASCONCELOS, A., FORTUNATO, R. PPI Decola
Applications, v. 3, n. 2, p. 662–675, 2013.
com Privatizações e Concessões de Infraestrutura.
SLOWIK, P. ARAUJO, C. DALLMANN, T. FAÇANHA, Correio Braziliense: Brasília. 06 de maio, 2019.
C. Avaliação Internacional de Políticas Públicas
VIANNA, G. S. B., YOUNG C. E. F. Em Busca
para Eletromobilidade em Frotas Urbanas – Projeto
do Tempo Perdido: Uma Estimativa do Produto
Sistemas de Propulsão Eficiente – PROMOB-e. Projeto
Perdido em Trânsito no Brasil. Revista de
de Cooperação Técnica bilateral entre a Secretaria
Economia Contemporânea, 19(3). 2015
de Desenvolvimento e Competitividade Industrial
– SDCI/MD. 2018. ICCT/International Council on VISEDO, G., PECCHIO, M. ROADMAP Tecnológico
Clean Transportation. USA, Washington.: [s.n.]. do Cimento: Potencial das Emissões de Carbono
da Indústria do Cimento Brasileira até 2050.
SORIA, R. et al. Hybrid Concentrated Solar Power
Rio de Janeiro: SNIC. 2019. Disponível em:
(CSP) - Biomass Plants in a Semiarid Region: A
https://coprocessamento.org.br/wp-content/
Strategy for CSP Deployment in Brazil. Energy
uploads/2019/11/Roadmap_Tecnologico_Cimento_
Policy, v. 86, n. March 2014, p. 57–72, 2015.
Brasil_Book-1.pdf. Acessado em abril, 2020.
SOUSA, F., OTTAVIANO. Relaxing Credit
WALTER et al. Sustainability Assessment of Bio-
Constraints in Emerging Economies: The Impact
Ethanol Production in Brazil Considering Land
of Public Loans on the Productivity of Brazilian
Use Change, GHG Emissions and Socio-Economic
Manufacturers. International Economics, 2017.
Aspects. Energy Policy, 39(10), 5703-5716.
STUDART, Rogério; RAMOS, Luma. The Future of 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.
Development Banks: The Case of Brazil's BNDES. enpol.2010.07.043. Acessado em abril, 2020.
In the Future of National Development Bank,
WORLD BANK. Carbon Pricing Dashboard 2019.
Oxford University Press, New York, 63-85, 2019.
2019a. Disponível em: https://carbonpricingdashboard.
SZKLO, A., LUCENA, A., SCHAEFFER, R., SOARES worldbank.org/. Acessado em fevereiro, 2020.
FILHO, B. S., DAVIS, J. L., RAJÃO, R., COSTA, W. L.
WORLD BANK. State and Trends of Carbon
S. Modelagem Integrada e Impactos Econômicos
Pricing 2019. 2019b. Disponível em: https://
de Opções Setoriais de Baixo Carbono. 2018.
openknowledge.worldbank.org/handle/10986/31755/
Brasília, Brasil: Ministério da Ciência, Tecnologia,
Acessado em fevereiro, 2020.
Inovações e Comunicações, ONU Meio Ambiente.
WRI BRASIL (WORLD RESOURCES INSTITUTE BRASIL).
UNEP (United Nations Environment Programme).
Cidades Brasileiras Buscam Modelo de Negócios para
UNEP Finance Initiative. Rio Declaration on Climate
Viabilizar a Implementação de Ônibus Limpos. 2017.
Risk Transparency by the Brazilian Insurance Industry.
2018. Disponível em: https://www.unepfi.org/psi/wp- WRI BRASIL. Ferramenta de Investimento VERENA:
content/uploads/2018/05/Rio-declaration-on-climate- O Valor do Reflorestamento com Espécies Nativas
risk-transparency-English.pdf. Acessado em abril, 2020. e Sistemas Agroflorestais. 2017. Disponível em:
https://wribrasil.org.br/pt/publicacoes/ferramenta-
VALEC. VALEC Engenharia, Construções
investimento-verena. Acessado em novembro, 2019.
e Ferrovias S.A. Ferrovia Norte-Sul. 2020.
Disponível em: https://www.valec.gov.br/ WRI (WORLD RESOURCES INSTITUTE). World
ferrovias/ferrovia-norte-sul/trechos/barcarena- Resources Report: Creating a sustainable food
pa-acailandia-ma. Acessado em abril, 2020. future. A Menu of Solutions to Feed Nearly 10
Billion People by 2050. Washington D.C., 2019.
AGOSTO DE 2020
UMA NOVA ECONOMIA PARA UMA NOVA ERA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ECONOMIA MAIS EFICIENTE E RESILIENTE PARA O BRASIL 103
WRI Brasil
wribrasil.org.br
Copyrights 2020 World Resources Institute. Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0
Internacional. Para ver uma cópia da licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/