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As “novas” economias e “novos” modelos de organizações no contexto dos Arranjos

Produtivos Locais (APL)

1. INTRODUÇÃO

O termo “novas economias” começou a ser difundidas na década de 90 para caracterizar


empresas com base tecnológica que tinham grandes taxas de expansão, pioneiras em processos de
maior produtividade e importantes para o desenvolvimento econômico. Essas novas economias
surgiram principalmente com o avanço da tecnologia como o surgimento da internet, e tinha como
característica a economia baseada em commodities e manufatura, com a implementação da tecnologia,
isso permitia a produção e ganhos em grande escala (BLB BRASIL, 2020).

Dentre essas novas formas de economia destaca-se a economia criativa, que vem sendo vista
com grande potencial para o desenvolvimento em muitos países, pelo incentivo à busca por inovações
tanto na área científica como tecnológica quanto nas áreas de entretenimento e culturais. O seu
desenvolvimento já está bem amadurecido nos países desenvolvidos como nos Estados Unidos e
países da União Europeia, porém seu processo de estudo e aplicação já ocorre em mais de sessenta
países emergentes, principalmente no Brasil (MELEIRO; FONSECA, 2013).

Destacam-se também as empresas constituídas por cooperativas que têm como característica a
colaboração entre pessoas ou até mesmo empresas de pequeno e médio porte com interesses em
comum. Esse tipo de economia tem como principal vantagem o acesso mais fácil a suporte e recursos
que dificilmente teriam o acesso se permanecessem sozinhas, isso garante a sobrevivência deste tipo
de negócio e ao acesso ao mercado competitivo (CRESOL, 2022). Já os chamados APLs (Arranjos
Produtivos Locais), são caracterizados por aglomerações de empresas em um determinado local ou
região que apresentam uma determinada especialização produtiva, mantendo vínculos de apoio,
articulação e cooperação entre si, dentre essas empresas deste formato destacam-se principalmente o
governo, associações, cooperativas, instituições de crédito, bancos públicos e privados além das
faculdades e instituições de ensino (CARDOSO; CARNEIRO; RODRIGUES, 2014). Esta forma de
aglomeração de empresas vem se destacando como grande e importante instrumento de política
econômica, devido às interações entre empresas de pequeno, médio e grande porte de modo a
contribuírem para o desenvolvimento em conjunto (COSTA, 2010).

O recente trabalho visa o estudo e análise de conceitos da economia criativa e as APLs, como
o SUPERA Parque e a APL da Saúde, presentes em Ribeirão Preto — SP, observando principalmente
suas vantagens e desvantagens na aplicação nos modelos de gestão e o seu impacto no cenário
econômico atual. A metodologia empregada para o desenvolvimento do trabalho foi a pesquisa
bibliográfica, baseando-se em consulta a artigos científicos e livros, vídeos, matérias de revistas e
sites confiáveis.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. A economia criativa

A UNCAT (2010) conceitua a economia criativa como forma de impulsionar o crescimento


econômico e representar uma alternativa para o desenvolvimento, especialmente por ter como
matéria-prima base a criatividade, e pode utilizar atributos culturais e sociais de cada país ou região
como vantagens no desenvolvimento, e produção de bens e serviços únicos. Compreensivamente, a
economia criativa surge indicando o conjunto de empresas que têm na arte, na cultura, na criatividade,
no saber vivo e diário e na cotidianidade o seu processo produtivo e seu produto acabado,
simultaneamente. Esta economia desenvolve-se no contexto imaterial do trabalho, onde a sociedade se
adapta a uma economia da informação, do conhecimento e do aprendizado, onde as habilidades
cognitivas e comunicacionais, ou seja, recursos imateriais surgem como novos fatores de produção e
atribuem a revisão de estratégias empresariais, dinâmicas organizacionais e modelos de negócios até
então vigentes (PIRES; ALBAGLI, 2012).

Segundo Madeira (2014) o conceito de economia criativa ainda é recente, mas já é


amplamente discutido, surgindo como um novo modelo de organização econômica, que tem como
foco a atividade criativa, aquela que dá forma às ideias, às experiências, às escolhas, às maneiras de
pensar e agir, às percepções e às representações do mundo, às quais todos, sem exceção, estão
submetidos, enquanto atuam em comunidades. A criatividade também está presente nas formas de
organização do trabalho, pois surge sempre que há a necessidade de enfrentar uma nova situação, de
melhorar o desempenho de um produto ou de aperfeiçoar o atendimento a uma demanda. Tudo isso é
relevante tanto para o setor público quanto para o privado.

2.2. Arranjos Produtivos Locais no Brasil

Segundo o Ministério da Economia, o conceito de APL (Arranjos Produtivos Locais) também


conhecidos como SPL (Sistema Produtivo Local), ou simplesmente de Cluster, trata-se de
aglomerações de empresas ou indústrias de grande, médio e pequeno porte que estão localizadas em
uma mesma região apresentando uma determinada especialização produtiva, mantendo relações de
articulação, interação, cooperação e aprendizagem com auxílio de governo, associações empresariais,
instituições de créditos, bancos, universidades e instituições de pesquisa e desenvolvimento (BRASIL,
2021). Estes Arranjos Produtivos Locais trazem diversos benefícios às empresas e a região como o
desenvolvimento da economia local, a geração de empregos e renda, o acesso facilitado ao mercado
competitivo, desenvolvendo as articulações para o crescimento estrutural, promovendo o crescimento
destes polos produtivos e facilitando o acesso de recursos financeiros e a tecnologia, além de
contribuir para que os funcionários se tornem mais dinâmicos, trabalhando cooperativamente com
acesso facilitado e simplificado da informação com a geração de novas ideias por meio da economia
criativa (SEDEC, 2012).

Porém, a grande concentração destes APLs em uma determinada região pode trazer
desvantagens no âmbito da competitividade, causando impactos nos preços dos produtos e na
demanda de mercado, sendo necessário o desenvolvimento de estratégias e ações em conjunto para
manter a competitividade ao setor (CHAGAS et. al., 2011). Segundo o Ministério da Economia,
atualmente se encontram 839 APLs em mais de 2500 municípios em todo o território brasileiro,
atuando em cerca de 40 setores produtivos diferentes dos mais variados, entre eles os setores de
agronegócios, apiculturas, tecnológicos e das áreas têxteis. Estas APLs geram mais de 3 milhões de
empregos (BRASIL, 2021).

2.3. SUPERA Parque e o APL da Saúde

O SUPERA Parque surgiu por meio de uma parceria entre a USP (Universidade de São
Paulo), a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado e a prefeitura, localizado em Ribeirão
Preto, interior de São Paulo, é uma entidade de inovação e governança dos APLs (Arranjos Produtivos
Locais) de Saúde, de Software e de cervejas presentes na região. Visando participar das decisões
vistas ao desenvolvimento destes setores, além de criar uma relação de integração entre universidade,
o Parque tecnológico, institutos de pesquisa e estes APLs com o intuito de oferecer a estas empresas
programas e espaços de inovação, tecnologia e ecossistemas para o fortalecimento e oportunidades de
networking entre startups (SUPERA PARQUE, 2022). No ano de 2021 o SUPERA Parque teve um
crescimento de 23% em relação ao ano anterior com 90 empresas vinculadas, superando o
faturamento que foi 29% maior, atingindo a R$ 46,7 milhões. Estas empresas geraram 12,5 milhões
de impostos e 512 novos postos de trabalho (SUPERA PARQUE, 2021).

As inovações no ramo da biotecnologia desenvolvidas no SUPERA Parque em conjunto com


a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado tem gerado grandes frutos como a instalação
do Parque tecnológico e um laboratório de genoma, e por meio da tecnologia de microarrays este
laboratório irá contribuir para o desenvolvimento de inovações nos estudos oncológicos,
farmacológicos e estudos de doenças raras e aplicações no ramo de células tronco. O APL de Saúde
foi fundado em 2014, composto por 298 estabelecimentos, gerando mais de 6 mil postos de trabalho
para toda região. Sendo considerado um dos principais centros de testes em equipamentos eletro
médicos e de raios-X no Brasil, em 2021 houve um aumento de 27% no número de clientes atendidos
em comparação com o ano anterior. O APL da Saúde vem inovando em soluções tecnológicas
aplicadas para o atendimento e a aplicação nos sistemas de saúde e foi importante para o
desenvolvimento de soluções e inovações durante a pandemia (SUPERA PARQUE, 2021).

2.4. Impactos da implementação das novas economias

A chamada “velha economia” era composta por empresas tradicionais, com forma
mecanicista e pouco flexível, com o foco principal na produção em grande escala, valorizando o lucro
e eram resistentes a mudanças, buscando o crescimento linear e mantendo distancias dos problemas
sociais e do ambiente externo. Com o surgimento da Nova Economia, as empresas passaram a buscar
mais a inovação e a aplicação da tecnologia, onde o foco principal se tornou o consumidor, este
modelo de economia visa à busca constante de soluções para os problemas do consumidor por meio
da criatividade e inovação (AEVO, 2021).

Segundo Madeira (2014) a economia criativa é importante para o Brasil porque impacta
diretamente na geração de empregos e renda. Além disso, a criatividade pode ser um fator decisivo
para o sucesso de uma empresa, pois é ela que pode ajudar a criar produtos e serviços inovadores. A
economia criativa também é relevante porque estimula a inovação e a criatividade, fundamentais para
o desenvolvimento de um país. Vale ressaltar que a economia criativa é considerada a economia do
futuro, uma vez que estimula a inovação e a criatividade. Madeira (2014) ainda afirma que as Novas
Economias estão transformando a sociedade e como as pessoas vivem e trabalham. Além de
contribuir para alterar o modo como às empresas produzem e distribuem seus produtos e serviços,
bem como a como as pessoas consomem. Algumas das principais características da Nova Economia
são as globalizações, a tecnologia da informação, a inovação, a colaboração e a criatividade.

3. CONCLUSÃO

É notável que as empresas tenham buscado cada vez parcerias e a aplicação destes modelos
de economia e o desenvolvimento destes Arranjos Produtivos Locais, que acabam tendo como
vantagens o acesso facilitado a uma linha produtiva em cadeia e ao acesso a recursos tecnológicos e
financeiros, porém possui como desvantagens a dificuldade e de manter certo grau de competitividade
entre as empresas que é extremamente importante para o desenvolvimento de produtos inovadores
com preços acessíveis para o mercado. Esta busca se dá por meio da adequação aos avanços não só do
fator tecnológico, mas também as mudanças no mundo, onde tem se valorizado cada vez mais a
criatividade, o meio ambiente, a economia sustentável e social.

Momentos de crises, incertezas econômicas e o avanço da tecnologia estimulam o


desenvolvimento de novas formas de negócio e o surgimento de novas formas de economia, sempre
buscando a inovação e a ampla concorrência em um mercado competitivo. A Economia Criativa se
destaca pelo motivo de incentivo à inovação e a busca constante do novo, com o auxílio e a
implementação de novas tecnologias, visando à criatividade em conjunto com a pesquisa em centros
acadêmicos e universidades, como o APL localizado em Ribeirão Preto no interior de São Paulo, que
por meio de parcerias e investimentos em pesquisas tem se destacado no meio de avanços
tecnológicos, contribuindo não apenas para o aumento da produtividade e o crescimento econômico,
mas também para o desenvolvimento na economia regional, melhoria no bem-estar para população,
gerando empregos e renda, principalmente nos avanços tecnológicos importantes na área da saúde,
tornando-se referência no país.

REFERÊNCIAS

AEVO. O que é Nova Economia e qual o seu impacto para a inovação. 2021. Disponível em:
<https://blog.aevo.com.br/nova-economia/>. Acesso em: 22 de nov. 2021.

BLB BRASIL. Nova economia: o que é e quais são os tipos de negócios? 2020. Disponível
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BRASIL. APL — Conceitos de Arranjo Produtivo Local. Ministério da Economia. Governo


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CARDOSO, U. C.; CARNEIRO, V. L. N.; RODRIGUES, É. R. Q. APL: arranjo produtivo local.


Sebrae, p. 48, 2014.

CHAGAS, T. D. et al. Arranjos Produtivos Locais: Da Conceituação à Apresentação das


Características e das Vantagens. CARPE DIEN: Revista Cultural e Científica da FACEX, v.9, n.
9, 2011.

COSTA, E. J. M. Arranjos produtivos locais, políticas públicas e desenvolvimento regional. Brasília,


DF: Ministério da Integração Nacional, 2010.

CRESOL. O que é cooperativismo: entenda esse modelo de negócio. 2022. Disponível


em:<https://blog.cresol.com.br/o-que-e-
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UNCTAD; Creative Economy Report 2010. Creative Economy: A Feasible Development


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PIRES, V. S.; ALBAGLI, S. Estratégias empresariais, dinâmicas informacionais e


identidade de marca na economia criativa. Perspectivas em Ciência da Informação. v.17,
n.2, p.109-122, abr./jun. 2012.

MADEIRA, M. G. Economia Criativa: implicações e desafios para a política externa


brasileira. Brasília: Fundação Alexandre Gusmão, 2014.
MELEIRO, A.; FONSECA, F. Economia criativa: uma visão global. Latitude, v. 06, n. 02, p. 241–
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SEDEC. Empresários apontam benefícios dos Arranjos Produtivos Locais. Secretaria de


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