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ECONOMIA C

1.1 CRESCIMENTO ECONÓMICO E DESENVOLVIMENTO


O crescimento económico e o desenvolvimento são conceitos relacionados, mas distintos, que descrevem diferentes
aspetos do progresso de uma sociedade

Crescimento económico: Refere-se ao aumento da produção econômica, medido pelo PIB, sem necessariamente
considerar a qualidade de vida, igualdade social ou sustentabilidade ambiental – é uma visão quantitativa.
(rendimento, investimento e emprego)

. aumento da dimensão dos mercados internos e externos

. investimento em capital físico e humano

. progresso técnico

Desenvolvimento: Quando o crescimento económico produz efeitos positivos sobre outras esferas da vida social – é
uma visão qualitativa. (melhor saúde, habitação, educação)

O crescimento económico é um meio necessário, mas não suficiente para se alcançar o desenvolvimento.

Países em desenvolvimento: países com um produto ou rendimento per capita baixo ou muito baixo, cujas
populações vivem em condições consideradas inaceitáveis.

Países emergentes: países ainda não desenvolvidos cujas economias têm vindo a apresentar, nas últimas
décadas, taxas de crescimento económico muito elevado e cujas atividades económicas assentam,
fundamentalmente na indústria e nos serviços.

. “SEM CRESCIMENTO ECONÓMICO NÃO HÁ DESENVOLVIMENTO”

É o crescimento que origina as receitas necessárias para melhorar as condições de saúde, educação, segurança de
um país. Nesse sentido, o crescimento deve estar associado a um planeamento da atividade económico e social que
esteja ao serviço das populações.

INDICADORES SIMPLES
Só informam sobre uma dimensão. (indicadores gerais).
Todavia, cada um destes indicadores, sozinho, não é suficiente para podermos aferir o grau de desenvolvimento de
um país ou região.

INDICADORES COMPOSTOS
Os indicadores compostos são mais completos porque resultam de informações de diferente natureza e não apenas
económica, tentando-se combater visões reducionistas do fenómeno do desenvolvimento.

. IDH
Combina informações económicas, sociais e culturais. Varia entre 0 e 1. – dá-nos uma visão mais correta da realidade

INCLUI:

. RNB per capita

. esperança média de vida à nascença

. número médio de anos de escolarização efetivos e esperados

É importante:

. ter uma vida longa e saudável

. ser instruído

. ter acesso aos recursos necessários a um nível de vida digno

. e ser capaz de participar da vida em comunidade

LIMITAÇÕES

As médias podem ocultar as grandes disparidades existentes no interior dos países.

O setor informal escapa à contabilidade nacional

As externalidades não são contabilizadas

O desenvolvimento humano ultrapassa a dimensão económica.

Índice de desenvolvimento humano – IDH Índice de desenvolvimento humano ajustado às


Índice de desenvolvimento humano ajustado à pressões sobre o planeta – IDHP
desigualdade – IDHAD Índice de pobreza multidimensional – IPM
Índice de desenvolvimento humano por género – IDHG Índice de realização tecnológica - IRT
Índice de desigualdades de género – IDG

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO AJUSTADO ÀS PRESSÕES SOBRE O PLANETA (IDHP)


Ainda a ser utilizado de forma experimental. Criado pela PNUD em 2019, em consequência da mudança da realidade
natural e social das últimas décadas, nomeadamente no que respeita à globalização, à sustentabilidade e ao
aquecimento global, pretende equacionar o nosso papel na nova era do planeta, o Antropoceno – um período em
que todos os problemas, bem como as respetivas soluções, resultam da nossa atuação.

Informa acerca do desempenho de cada país em termos ambientais.

Na atualidade, IDHP dos países desenvolvidos é tendencialmente menor do que o dos países emergentes e em
desenvolvimento, em virtude da pressão que os primeiros, para manterem a sua atividade económica, exercem
sobre o planeta ao nível da emissão de CO2 e do consumo dos recursos naturais. Em consequência, torna-se
necessário repensar a atividade produtiva, particularmente nos países mais desenvolvidos, no sentido de a tornar
menos poluente e mais eficiente e, assim, contribuirmos para a sustentabilidade do planeta.
1.2 CRESCIMENTO ECONÓMICO
FONTES DE CRESCIMENTO ECONÓMICO
Fatores que permitiram a revolução industrial:
-Aumento do mercado através do comércio externo → com o aumento da capacidade de carga dos transportes,
aumentaram as trocas. Deste modo, as empresas começaram a fabricar não só para o mercado interno como
também para o mercado externo, aumentando a produção.

- Aumento dos transportes → a introdução da máquina a vapor levou ao aumento do uso dos transportes e da
produção (exportações).

- Inovações aplicadas à indústria → O melhoramento das máquinas fez com que houvesse um desenvolvimento na
indústria que, por sua vez, influenciou os mercados.

- Aumento da atividade bancária → a atividade bancária, antigamente, não podia ser praticada cobrando juros,
devido à imposição por parte da igreja católica, então, quem exercia esta prática eram os judeus. Esta atividade
bancária, mais tarde, alastrou-se para os protestantes e, finalmente, para os católicos. Quando começaram a exercer
a atividade bancária, começou-se a investir, promovendo o investimento na indústria.

-Novos valores, liberdade de iniciativa e juros → apareceram novos valores, novas formas de ver a vida: desenvolveu-
se o espírito capitalista. Os grandes industriais surgiram nesta altura, pois a modo era muito barata, o que permitia
muito lucro. Não havia muita concorrência e eram eles que controlavam preços e qualidade, fazendo surgir grandes
monopólios e poderosas organizações financeiras. Apareceu, também, a liberdade de iniciativa: nos países
capitalistas, qualquer pessoa podia montar qualquer negócio, não havia quase restrições nenhumas.

Fontes de crescimento económico moderno


- aumento dos mercados interno e externo

- investimento em capital físico e humano

- progresso técnico

→ A integração económica

Integração económica: união dos mercados de vários países com a livre circulação de bens, serviços e capitais

Processo que leva à aproximação económica entre países, em que se vão eliminando as barreiras à livre circulação e
se vão estabelecendo relações de cooperação entre os países que constam nesse processo

Os novos países industrializados (NPI) ou economias emergentes


NPI – estratégia de crescimento económico baseada na industrialização para exportação

EX.: Coreia do Sul, Hong Kong, Taiwan, Singapura, Malásia, Tailândia, Filipinas, China e índia (Ásia); Brasil, Argentina,
México e Chile (América)

São os países que se industrializaram recentemente, tendo-se industrializado com tecnologia moderna e eficaz, ao
passo que os outros países tendem a manter as máquinas velhas.

Economias emergentes: apresentam indicadores de desenvolvimento e qualidade de vida medianos, com um


acelerado crescimento económico recente que integrou estes países na economia global. Grupos como BRICS e
MIST são formados por países emergentes.

BRICS e os MIST
BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
Países em grande ascensão, devido ao grande crescimento económico e à grande dimensão populacional (estes 4
países concentram 40% da população). Estes aumentam o seu PIB, mais ou menos, 8% por ano, vendo, passados 10
anos, a sua produção aumenta.

MIST- México, Indonésia, Coreia do Sul, Turquia → as economias apresentam altas taxas de crescimento, disciplina
fiscal e monetária e constante promoção do ambiente de negócios

Característica para o crescimento -> mão de obra barata → reflete pouca qualidade de vida

Globalização

Globalização: refere-se ao processo de integração e interconexão das economias em todo o mundo. Ela envolve a
livre circulação de bens, serviços, capitais, tecnologia e informações através das fronteiras nacionais

Tem-se intensificado através da crescente abertura dos mercados ao exterior (como estratégia do desenvolvimento
económico), estabelecendo-se ligações entre empresas e mercados. Estas empresas contribuem para a globalização
(as transnacionais) fomentam a deslocalização de muitas das suas indústrias para outros países onde a modo é mais
barata, criando desemprego no país de origem.

GLOBALIZAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

Na UE, o emprego tem vindo a aumentar nas atividades que produzem bens destinados à exportação e,
naturalmente, também nas suas atividades subsidiárias e/ou complementares. Todavia, a concorrência internacional
inerente à globalização põe em risco empregos de mão-de-obra menos qualificada e os impactos da Covid-19 na
economia mostrem a necessidade de reindustrialização da Europa, particularmente em produtos chave, como
medicamentos e produtos tecnológicos de ponta, cuja produção se tinha deslocalizado para zonas de mão-de-obra
qualificada e mais barata.

Investimento em capital
Investimento: é uma das aplicações da poupança. Consiste na aquisição ou melhoramento dos bens físicos ou
humanos, para aumento da produção e da produtividade.

Assim, falar hoje de investimento é não só falar da componente física da produção, mas, igualmente, de mulheres e
homens mais preparados e produtivos, ou seja, é ter em conta a vertente humana da produção.

CAPITAL FÍSICO
Feito através da aquisição ou melhoramento de bens de equipamento e matérias-primas. Este investimento vai
permitir manter ou melhorar a eficácia e a produtividade, pelo que é preciso ir-se sempre investindo, caso contrário
os produtos deixam de ser competitivos e a produção diminui. Deste modo, o investimento promove o crescimento
económico e, consequentemente, o desenvolvimento.

Podemos avaliar a importância de um certo investimento através do multiplicador de investimento, que nos permite
verificar se vamos ter um aumento dos lucros derivado das vendas/produção.

CAPITAL HUMANO
Porém, não interessa apenas haver boas máquinas, é também necessário haver pessoas competentes a trabalhar
com elas, pois, por exemplo, um médico incompetente só vai prejudicar as pessoas. Deste modo, é também
fundamental um investimento em capital humano: as empresas precisam de pessoas cultas, capazes de se adaptar,
competentes e com bom nível de conhecimento, para exercerem bem a sua profissão, e adaptarem a diferentes
empregos, aumentarem a produtividade e para poderem aplicar o seu conhecimento na inovação empresarial.
INOVAÇÃO NA GESTÃO
Um bom investimento em capital humano poderá traduzir-
se num investimento físico derivado da
pesquisa/investigação e consequentes inovações da
produção e consequente crescimento económico.

Tudo isto, por sua vez, tem origem na inovação na gestão/


capacidade empresarial.

Quando um investimento em capital humano é feito através


da educação/ formação do mesmo, esse investimento,
poderá traduzir-se no aparecimento de novas formas de
gestão e em investigação e desenvolvimento (I&D, que por
sua vez, poderá ser teórico ou seguido por uma aplicação
prática), promovendo, deste modo, mais uma vez, o
crescimento económico.

CARACTERÍSTICAS DO CRESCIMENTO ECONÓMICO MODERNO


Inovação tecnológica
CARACTERÍSTICAS:

. dominam o conhecimento

. existe nas economias mais avançadas

. cria novos bens através de novos processos de fábrica

. novos empregos

. aumento dos rendimentos

. aumento do bem- estar da população

A riqueza de uma economia moderna assenta na sua capacidade de inovar; estar por sua vez, é alicerçada em
descobertas científicas e tecnológicas. Uma forte aposta em formação e educação e em I&D (investimento em
investigação e desenvolvimento) são condições para uma Economia Baseada no Conhecimento, proporcionadora de
inovação e riqueza- e novas tecnologias e novos métodos de produção de novos bens e serviços são características
das novas economias.

Tem-se verificado em Portugal, em particular nos últimos anos, um forte crescimento de recursos humanos em I&D.
Se a este facto acrescentarmos que o número de publicações internacionais é bastante elevado, além das
publicações a nível nacional, e que a despesa em I&D, em percentagem do PIB, tem evoluído significativamente,
podemos concluir que existe uma forte aposta na área do conhecimento.

Economias avançadas Economias Intermédias


Populações com níveis elevados de escolaridade e Recorrem a tecnologia moderna importada
competência científica e técnica Estão mais ligados à produção
Dão grande importância à investigação Estão menos ao domínio imaterial
Ou seja, dominam o conhecimento Conceção de estratégias de distribuição e investigação
Ou seja, não tem conhecimento
Processo das inovações: pesquisa geral (científica e tecnológica); descoberta; pesquisa aplicada; invento;
inovação (protótipo); produção; comercialização.

Aumento da produção e da produtividade


É objetivo de qualquer economia (produção e produtividade). Procuram-se novas formas de conseguir mais bens
com menos dispêndio (os engenheiros e economistas concebem novas técnicas de produção, novos materiais e
novas forma de organizar o trabalho. Sendo o principal objetivo das organizações o aumento da produtividade.

Produtividade: Relação entre o valor do produto realizado e o valor dos fatores produtivos utilizados nessa
produção

TEORIAS
Recursos humanos

. mais qualificação do trabalho

Equipamento

. mais tecnologia moderna

Sobre a organização do trabalho

. condições físicas /psicológicas de trabalho

. trabalho em equipa

. motivação

. envolvimento na tomada de decisões

Outras articulando todas as anteriores

A inovação empresarial e o aumento da produtividade


ADAM SMITH (1723-1790)
. divisão técnica do trabalho

FREDERICK TAYLOR (1856-1915)


. produção assente na redução do tempo de trabalho e na especialização

. com base nas novas máquinas e da nova organização do trabalho

HENRY FORD (1864-1947)


. faz a aplicação do taylorismo à indústria americana de automóveis introduzindo as linhas de montagem

. permitiu lucros elevados e aumentos salariais

. produziu limitações dadas às frustrações nos trabalhadores pela rotina das tarefas e cristalização profissional

ELTON MAYO (1880- 1949)


. a produtividade poderá aumentar com base nas boas relações humanas que se criam no ato social de produzir

O SÉCULO XX – estudos e propostas de gestão empresarial


. modelo burocrata – que assenta na estandardização das funções e preparação dos trabalhadores para as mesmas
. teorias sobre modos de liderança – com defesa do estilo democrático e gestão

ATUALMENTE
. aumento da escolaridade e preparação académica e profissional dos trabalhadores

. motivação e empenho dos trabalhadores

. fusão e concentração empresariais

. internacionalização e as novas formas de relacionamento global

Diversificação da produção
NOVOS BENS
Características dos produtos de “ontem” Características dos produtos de “hoje”
- Longa duração, servindo geralmente várias gerações - Duração cada vez mais curta (inferior a 10 anos) e
dificuldade de reparação
- Pouco numerosas - Numerosos e variados quanto à marca e qualidade
- Técnicas de fabrico simples e evoluindo pouco - Técnicas de fabrico cada vez mais sofisticadas e
evoluindo rapidamente
- Proximidade entre o artesão e o consumidor - O fabricante cada vez mais afastado do consumidor,
devido aos numerosos intermediários
- Decisão de compra sempre racional - Decisão de compra cada vez mais irracional, motivada
sobretudo, pelo matraquear publicitário

A diversidade física dos bens é reforçada com as marcas

- novos serviços

- a diversificação da produção e a sociedade de consumo

Melhoria do nível de vida da população


Os países desenvolvidos continuam a apresentar os melhores índices de bem-estar.

CICLOS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO

Ciclos económico: composto por um conjunto de flutuações do produto, rendimento e emprego com reflexos na
expansão e contração da atividade económica. Um ciclo completo tem uma fase ascendente e outra descendente
ou sucessão de momentos ou fases de crescimento e de contração da atividade económica.

Um ciclo económico será, então uma secessão de momentos ou fases de crescimento e de contração da atividade
económica.

Fases dos ciclos económicos

Expansão: os valores das principais variáveis económicas acompanham essa evolução positiva. Produto,
rendimento, emprego, investimento, comercio, consumo refletem favoravelmente o clima de confiança que a
economia vive, atingindo um ponto máximo de confiança que a economia vive, atingindo um ponto máximo a
que se dá o nome de pico ou teto de expansão.

Quando uma economia se encontra em expansão, verificam.se as seguintes características:

- o consumo aumenta

- a produção aumenta
- o investimento aumenta

- o emprego aumenta

- a inflação pode aumentar

- as ações sobem

Quando o ciclo se encontra na fase de expansão, os valores das principais variáveis económicas acompanham essa
evolução positiva. Produto, rendimento, emprego, investimento, comércio e consumo refletem favoravelmente o
clima de confiança que a economia vive, atingindo um ponto máximo a que se dá o nome de pico, ou teto da
expansão. Uma vez alcançado o pico a economia pode retrair-se, iniciando uma fase de contração ou recessão, até ao
ponto mais baixo a que dá o nome de baixa, ou piso. A partir daí, novo ciclo terá início

Crise económica: período específico de um ciclo económico em que há uma inversão de conjuntura económica
geralmente grave e brutal, correspondendo à fase de descendente do ciclo

Depressão: é uma recessão prolongada e grave. Corresponde a um prolongamento de um período de crise.

Recessão: verifica-se quando o PIB real se traduz, em menos, dois trimestres ou período de declínio da taxa de
crescimento do produto (abrandamento do crescimento), do rendimento e do emprego de um país, que dura, em
média, entre seis meses e um ano, atualmente, e caracteriza-se pela contração da atividade económica de grande
parte dos setores da economia.

Quando uma economia se encontra em recessão, verificam-se as seguintes características típicas:

- o consumo diminui

- a produção cai

- o investimento cai

- o emprego diminui Deflação: caracteriza-se por uma queda


- a inflação diminui – com a redução do consumo e o geral dos preços dos bens e serviços,
abrandamento da atividade económica, a inflação apresenta associada a uma retração da procura, da
valores mais baixos, podendo transformar-se em deflação produção e do emprego

- as ações caem

Recessão técnica: quando uma economia se encontra em recessão por dois trimestres consecutivos

O início da fase descente de um ciclo económico corresponde ao início de um período de crise económica. Na
dinâmica do sistema capitalista interagem vários sistemas:

- um conjunto de inovações com a estandardização dos novos produtos e aumentos de produtividade

- uma “nova” população ativa com mais qualificações

- uma forma especifica de intervenção de estado estimulando a procura, através de políticas conjunturais e
estruturais

Quando é interrompida esta dinâmica/ equilíbrio, por esgotamento do modelo que originou o novo ciclo de
crescimento, a economia entra em crise

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