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Resumos- teste de geografia

-Os antecedentes -O milagre económico japonês;


geopolíticos e
-A terceira economia do mundo;
geoestratégicos
-A internacionalização da produção e a presença do Japão no mundo;
-Um modelo económico dualista
-A crise do modelo nipónico: o fim do “milagre económico”
- As reformas necessárias;
- As ambições e as limitações político-militares do Japão;

-O Terceiro Mundo e a -Os principais obstáculos ao desenvolvimento do Terceiro Mundo;


emergência das
-Os reflexos da colonização
semiperiferias
-A participação dos PED no comércio internacional
- Deterioração dos termos de troca
-O endividamento do Terceiro Mundo
-A ajuda internacional aos países do Terceiro Mundo
-As economias emergentes do Terceiro Mundo
-Os NPI da Ásia Oriental e do SE Asiático
-A emergência da China
O milagre económico japonês;
Em quatro décadas (1950-1990), o Japão conheceu um processo de desenvolvimento económico e
social consistente, ocupando a posição de segunda maior potência económica do mundo, no final do
século XX.

Muito dependente do exterior para as importações de matérias-primas e produtos energéticos, o


Japão baseou a sua política económica no desenvolvimento das exportações e do comércio com o
exterior, apesar de possuir um vasto mercado interno, com cerca de 127 milhões de consumidores,
em 2014.

Este forte crescimento económico, sem inflação, e a afirmação do poderio comercial e financeiro
do Japão só foram possíveis devido à conjugação de fatores externos e internos, que atuaram
simultaneamente.

Entre os fatores externos, são relevantes:

1. A ajuda económica dos EUA, através do Plano Dodge;


2. A participação do Japão na guerra da Coreia, como grande fornecedor de bens, o que estimulou
a atividade industrial;
3. As limitações orçamentais para a defesa impostas pelos norte-americanos, que ajudou a
canalizar os fundos existentes para áreas que contribuíram para a prosperidade económica e
social;
4. O ciclo duradouro de expansão da economia mundial.

Entre os fatores internos, são de destacar:

1. O papel do Estado;
2. As caraterísticas dos recursos humanos.
3. Uma base industrial sólida e variada, orientada para os setores de ponta;

O papel do Estado:

• Canalizou recursos financeiros para as empresas.

• Fomentou uma política de obras públicas que criou emprego e estimulou a procura interna.

• Desenvolveu uma planificação indicativa: incentivou a inovação, limitou os fatores de risco de


certas atividades consideradas importantes, protegendo as empresas nipónicas da concorrência.

Os recursos humanos:

• Sistema escolar muito competitivo, que garante um elevado grau de qualificação.

• Nível de formação elevado, que permite que todos os trabalhadores estejam permanentemente
capacitados para exercer a sua atividade.
Base industrial:

• Base industrial sólida e variada orientada para os setores de ponta.

• Processo de industrialização faseada.

-Numa primeira fase, a atividade industrial estava concentrada na indústria têxtil (sobretudo do
algodão), dominando uma política orientada para a importação de produtos manufaturados;

-Numa segunda fase, o Japão apostou nas indústrias pesadas, orientadas para a utilização pacífica
do aço - indústrias siderúrgicas, de bens de consumo duradouros e as indústrias de bens de
equipamento, como a construção naval. Através da exportação de aço, navios e máquinas, em
substituição dos tecidos de algodão e de outros bens de qualidade inferior, o Japão poderia pagar as
crescentes importações de bens energéticos, de produtos alimentares e de matérias-primas;

-Numa terceira fase, o Japão diversificou o seu processo de industrialização, apostando na


conquista dos mercados internacionais em expansão através da indústria mecânica e eletrónica,
produzindo automóveis, computadores, eletrodomésticos, motociclos e televisores;

-Nas últimas décadas, o Japão apostou em indústrias de alta tecnologia, nomeadamente nas
biotecnologias, nos semicondutores, na informática, nas telecomunicações e na robótica.
Simultaneamente, promoveu um processo de «deslocalização» industrial para os países vizinhos,
dos setores mais antigos.
A terceira economia do mundo;
A partir de 1985, o Japão passou a ter uma balança comercial excedentária com os EUA, a UE e os
seus vizinhos asiáticos. O comércio externo japonês passou a ser um importante impulsionador do
crescimento económico.

A acumulação de excedentes comerciais associada às elevadas taxas de poupança interna e à


valorização do iene permitiram ao Japão transformar-se, também, numa potência financeira. Em
2014, o Japão era o 8. ° maior investidor mundial, com um stock de IDE de 815 mil milhões de euros.

Segundo o Banco Mundial, em 2011, o PIB por habitante do Japão era dez vezes superior ao da
China, atual segunda potência económica mundial.

A supremacia do Japão não é só financeira, mas também tecnológica. O Japão transformou-se


numa economia do conhecimento baseada na pesquisa e na inovação permanentes.

Face à abolição das tarifas aduaneiras, à concorrência e à necessidade de afirmação na região, o


Japão reorientou a sua política económica para os países vizinhos. Rapidamente, a China
transformou-se no principal parceiro comercial e no maior recetor de investimento japonês,
ultrapassando os EUA.

Fatores potenciadores da afirmação como potência financeira e tecnológica:

-Assimilação tecnológica.

-Acumulação de excedentes comerciais.

-Elevadas taxas de poupança internas.

-Valorização do iene.
A internacionalização da produção e a presença do Japão no mundo;
O Japão desenvolveu indústrias de maior valor acrescentado, mais lucrativas, associadas à
eletrónica e à automação, abandonando setores onde a procura mundial era reduzida e o consumo
de energia elevado.

A forte dependência energética levou o Japão a diversificar as fontes de energia e a investir no


nuclear.

Os setores mais poluentes ou com maior utilização de mão de obra, como a construção naval, a
siderurgia e os têxteis, foram «deslocalizados» para os NPI asiáticos, onde o custo da mão de obra
era menor. A partir dos anos 80 do século XX, o Japão alargou progressivamente o espaço de
produção à escala mundial, através da aquisição de empresas e da produção de automóveis e
equipamento eletrónico.

À medida que o processo de industrialização se intensificou e que se desenvolveram alguns países


ou territórios como Taiwan, Singapura, Hong Kong e Coreia do Sul, o investimento japonês
diversificou-se, dirigindo-se também para a Malásia, a Tailândia, o Vietname, a Indonésia e as
províncias do litoral chinês. À escala regional, o Japão consolidou-se como potência industrial
dominante.

Os fluxos de capitais provenientes do Japão assumiram várias formas:

-Investimento direto no exterior;

-Empréstimos obrigacionistas a curto prazo;

-Construção de infraestruturas e participação no consórcio que construiu o túnel sob o Canal da


Mancha;

-Outros investimentos sob a forma de títulos.


-Um modelo económico dualista
No seu modelo económico, o Japão associa, com eficácia assinalável, grandes empresas e
pequenas e médias empresas (PME).

Os grandes grupos económicos, com representação no poder político, reforçaram o seu domínio
sobre a economia. Estes conglomerados herdeiros dos antigos zaiubatsu, atualmente chamados
keiretsu ou «<linhagens», são definidos pela associação que promovem entre a finança, a indústria e
o comércio. Os keiretsu integram empresas industriais e comerciais independentes umas das outras
que desenvolvem entre si uma densa rede de relações.

Em 2014, três das sociedades bancárias japonesas que suportam alguns dos keiretsu mais
poderosos estão entre as vinte maiores instituições financeiras mundiais: o Mitsubishi UGJ Financial
Group (MUFJG), o Mizuho Financial Group e o Sumitomo Mitsui Financial Group. Estes grandes
grupos financeiros mobilizam capital, permitindo que as empresas do grupo realizem investimentos
ou procedam a transferências estratégicas rápidas e eficazes entre os vários setores que compõem
a sua atividade. O poderio financeiro dos keiretsu permite assegurar o investimento em I&D,
promover a internacionalização e dominar novos mercados. As empresas japonesas que integram
estes conglomerados estão entre as 500 maiores ETN mundiais: a Toyota, a Nippon Telegraph &
Telephone, a Honda, a Sony, a Mitsubishi, a Nissan, a Canon, a Bridgestone ou a Panasonic, entre
outras.

Estes conglomerados não realizam todas as etapas do processo produtivo, a contrário do que
acontece nas concentrações horizontais e verticais. Estes grandes grupos económicos preferem
subcontratar pequenas empresas que garantem no fornecimento de matérias-primas e produtos
intermédios ou concluem o processo de fabrico.

As grandes empresas são detentoras de elevadas produtividades e pagam salários mais elevados aos
seus operários, em regra muito qualificados e disciplinados, que asseguram a qualidade do produto
final. A par dos grandes grupos económicos, subsiste um conjunto de PME responsáveis pelo
emprego de cerca de três quartos da mão de obra do arquipélago. Estas empresas estão fortemente
dependentes do volume de encomendas efetuadas pelos grandes grupos, em regime de
subcontratação, pagam salários inferiores e são mais vulneráveis às alterações da conjuntura.

Em termos sociais, apesar da taxa de desemprego ser mais baixa do que nos EUA e em muitos países
da UE, a permanência de um modelo de desenvolvimento dominado pelo dualismo económico
contribuiu para o aumento das desigualdades sociais.
-A crise do modelo nipónico: o fim do “milagre económico”
A década de 1990 marcou uma grave recessão económica e a crise do modelo japonês baseado na
garantia de emprego para toda a vida e de compromissos sociais inalienáveis, sobretudo dos
trabalhadores das grandes empresas. A precariedade e o desemprego aumentaram
significativamente num contexto de crise de demográfica, caraterizada por um acentuado
envelhecimento da população. A pobreza aumentou, sendo cada vez mais frequentes fenómenos
sociais violentos, como: a delinquência juvenil, o suicídio, a xenofobia e o ultranacionalismo.

Além disso, a nível económico, o Japão está muito dependente da conjuntura mundial. Para produzir
e consumir, recorre à importação massiva de matérias-primas e produtos energéticos e agrícolas.
Contudo, para pagar esta dependência energética e alimentar, precisa de exportar em grande
quantidade, o que se traduz num fator de fragilidade nos períodos de recessão da economia e de
diminuição da procura mundial, como nas crises financeiras asiática, de 1997, e mundial, de 2008.

Muitas empresas abriram falência, incapazes de se adaptar as novas regras liberais ditadas pela
globalização, alterando as suas estratégias perante a crescente competitividade de outros países,
como a China. As relocalizações de certas atividades industriais nos países asiáticos com mão de
obra mais barata, as participações cruzadas entre empresas japonesas e estrangeiras, as
reestruturações nos grandes grupos económicos e a estagnação do crescimento contribuíram para o
aparecimento de um desemprego estrutural, que afeta cerca de 4 milhões de japoneses.
- As reformas necessárias;
O Japão tem procurado responder ao longo período de recessão, iniciado nos anos de 1990, e
adaptar-se ao processo de globalização e à concorrência dos seus vizinhos asiáticos, nomeadamente
da China, levando a cabo algumas reformas necessárias à retoma económica:

 Revitalização da indústria e regresso à produção de energia nuclear.


 Reajustamentos do modelo toyotista.
 Aumento das despesas com a I&D.
 Abertura à concorrência e aos capitais estrangeiros.
 Retoma do investimento público.
 Política soft power, o Japão, com a promoção da imagem e da língua e cultura.
- As ambições e as limitações político-militares do Japão;
A posição de potência económica entra, frequentemente, em contradição com o estatuto político e
militar do país na cena internacional. A diplomacia nipónica foi substituída pela diplomacia
económica.

No plano militar, o Estado japonês mantém a sua política antibelicista baseada numa forte
consciência pacífica. As terríveis bombas atómicas lançadas, em agosto de 1945, sobre Hiroxima e
Nagasáqui não saíram da memória coletiva do povo japonês e continuam a dominar politicamente
este país.

A hostilidade da população a qualquer excesso nesse domínio é permanente, pois temem o


renascimento do espírito imperialista.

No entanto, o Japão trocou a sua frágil influência política e militar por uma importante ajuda
pública ao desenvolvimento (APD) na Ásia, em África e no Médio Oriente, onde tem um papel
relevante na manutenção da paz e no apoio ao desenvolvimento. Do mesmo modo, é o segundo
contribuinte para o orçamento das Nações Unidas (12,5%) e o quinto na ajuda pública ao desenvolvi-
mento (7,9%), mas continua a não pertencer ao Conselho de Segurança das Nações Unidas como
membro permanente.
Através da chamada política soft power, o Japão tem investido na promoção da sua imagem e da
sua língua e cultura, tirando partido do entusiasmo mundial pela cultura japonesa de massas
(videojogos, manga, etc.).
-Os principais obstáculos ao desenvolvimento do Terceiro Mundo;
O subdesenvolvimento em que se encontram os PED é consequência de um conjunto de
fatores muito diversos:

 Os naturais- o meio natural constitui um obstáculo ao desenvolvimento, pois a maioria dos PED
localiza-se na zona intertropical, onde os longos períodos de seca são frequentes e a fragilidade
dos solos contribui para o seu rápido esgotamento. As catástrofes naturais associadas ao clima
(tufões, inundações, secas) são frequentes, provocando prejuízos incalculáveis e agravando
ainda mais as condições de sobrevivência;

 Os históricos - a colonização é particularmente responsável pelo subdesenvolvimento, na


medida em que organizou as estruturas económicas de acordo com as necessidades das
nações colonizadoras, dinamizando as atividades orientadas para o comércio externo e levando
à falência as atividades locais (agricultura e empresas);

 Os demográficos - o crescimento demográfico explosivo que resultou da descida da taxa de


mortalidade e da manutenção de elevadas taxas de natalidade tem contribuído para aumentar
o número de pessoas subalimentadas. As carências alimentares resultam da substituição de
grande parte da produção destinada ao mercado interno por culturas de exportação (café,
cacau, soja) e da degradação dos solos provocada pela sobre-exploração agrícola:

 Os económicos - a dependência económica é outro dos obstáculos ao desenvolvimento, pois


tem provocado o endividamento externo dos PED, que são totalmente dominados do exterior
em múltiplas áreas:

-Comercial - grande dependência da variação da procura de produtos primários e dos preços


nos mercados externos, devido à especialização na exportação de um reduzido número de
produtos agrícolas e de matérias-primas;

-Financeiro - grande dependência do investimento estrangeiro e de empréstimos para


reequilibrar a economia, que só têm contribuído para aumentar ainda mais a dívida externa;

-Tecnológico - necessidade de importação de patentes e de contratação de técnicos


estrangeiros.
-Os reflexos da colonização

As consequências da colonização no desenvolvimento dos PED


-A participação dos PED no comércio internacional
O comércio internacional é o resultado de uma divisão do trabalho que se realiza à escala mundial.

A troca internacional é necessária porque os países não podem produzir o conjunto de bens e de
serviços de que têm necessidade.

Os países europeus têm necessidade de matérias-primas que eles não possuem, enquanto outros
países desejam obter produtos de alta tecnologia. Cada país pode, portanto, especializar-se na
produção de um certo bem e realizar trocas com os países que disponham de uma outra
especialização.

Após a Revolução Industrial vai desenvolver-se uma Divisão Internacional do Trabalho (DIT) em que
o Terceiro Mundo vai exportar em geral produtos de fraco valor acrescentado, enquanto os países
industrializados se especializam na produção de bens de elevado valor acrescentado.

Em conclusão:

• Em oposição aos países industrializados os países do Terceiro Mundo detêm globalmente uma
proporção muito fraca das trocas mundiais, sobretudo se atendermos à proporção territorial e
demográfica.

• Destaca-se a Ásia em que alguns estados alcançaram já um lugar de relevo no comércio


internacional – Quatro Dragões Asiáticos – Hong Kong, Singapura, Taiwan e Coreia do Sul, que
representam dois terços das exportações de produtos manufaturados de todo o Terceiro Mundo.

• Na América Latina destacam-se os países com maior dinamismo económico: o México e o Brasil
que detêm mais de metade das trocas latino – americanas.

• Á África cabem-lhe apenas 2,5 % do comércio mundial. Mesmo assim cerca de 60% do comércio
externo africano concentra-se em apenas 4 países: África do Sul, Nigéria, Argélia e Líbia. À exceção
da África do Sul o comércio daqueles países concentra-se na exportação de petróleo e também
(embora menos) de gás natural.
- Deterioração dos termos de troca
A relação entre o valor dos bens exportados e o valor dos bens importados corresponde aos:
Termos de troca

Quando o valor das exportações é superior ao das importações verifica-se uma: Valorização dos
termos de troca

Quando se verifica a situação inversa fala-se numa deterioração ou: Degradação dos termos de
troca

Para os países em desenvolvimento (PED), os preços dos produtos importados são cada vez mais
elevados, enquanto os produtos exportados são cada vez mais baratos, contribuindo para a
degradação dos termos de troca.

Pode dizer-se que, para determinado país, os termos de troca são favoráveis quando evoluem de tal
modo que, para um volume constante de exportação, é possível importar uma maior quantidade de
bens do estrangeiro. São desfavoráveis no caso contrário, isto é, quando é preciso exportar mais
para adquirir no estrangeiro a mesma quantidade de bens.

Fatores que explicam a degradação dos termos de troca nos PED:


 A estrutura das exportações – vendem barato e compram caro
 Aumento de oferta de produtos brutos – implica uma baixa dos preços nos mercados
internacionais
 Diminuição da procura de matérias-primas – redução das quantidades de matéria-prima devido
ao desenvolvimento da tecnologia.
 Substituição de matérias-primas por produtos sintéticos.
 Medidas restritivas dos PD aos produtos vindos dos PED.
-O endividamento do Terceiro Mundo
O endividamento não é em si uma operação económica condenável quando as riquezas produzidas
graças aos recursos emprestados são suficientes para assegurar o respetivo reembolso (quando a
taxa de crescimento da economia é superior à taxa de juro dos empréstimos).

Foi esta situação que os PED conheceram nos anos 70 (forte taxa de crescimento e fraca taxa de juro
real devido à intensa inflação).

A partir do segundo choque petrolífero (1979) uma vez que o comércio internacional se começou a
retrair, enquanto os países ocidentais adotavam políticas económicas restritivas verificam-se duas
consequências negativas para os PED:

-A diminuição do seu crescimento, uma vez que as exportações baixavam.

-Certos PED que tinham obtido muito crédito (especialmente da América Latina) encontram-se
depressa perante a impossibilidade de fazer face aos seus compromissos.

Fatores que concorreram para o endividamento do Terceiro Mundo:


 Subida das taxas de juro;
 Valorização do Dólar;
 Baixa dos preços dos produtos primários.
-A ajuda internacional aos países do Terceiro Mundo
A Ajuda internacional assenta em parte na ideia de que o desenvolvimento é uma questão técnica e
financeira. Assim, a ajuda resume-se a um simples fluxo que completa os magros recursos dos países
pobres e lhes permite aceder a um nível de capital necessário ao investimento e ao crescimento.

De acordo com o Banco Mundial a ajuda deve entre outros aspetos permitir:
 melhorar o nível de vida das populações, aumentando o acesso à educação, à saúde e a uma
melhor alimentação;
 apoiar as populações afetadas por catástrofes naturais ou desastres causados pela ação do ser
humano, como a desertificação;
 reduzir a pobreza, aumentando o rendimento das populações mais pobres;
 compensar as elevadas dívidas externas.

Ajuda Bilateral:
Quando é concedida por um Estado diretamente a outro Estado sob a forma de empréstimo ou
doação.

Quando a Ajuda é BILATERAL ela serve muitas vezes de instrumento estratégico nas mãos das
grandes potências. Deste modo a Ajuda dos EUA vai principalmente para a América central e para
Israel; a do Japão para os seus parceiros comerciais na Ásia; a da França e do Reino Unido para as
suas ex-colónias.

Ajuda Multilateral:
Quando é concedida a um Estado através de organismos internacionais como a ONU, U.E, OCDE ou
grupos de países.

Quando a Ajuda é MULTILATERAL é mais isenta pois não se aplica a projetos concretos ou a
preferências de qualquer país industrializado. É menos importante apesar do trabalho das
organizações ser muitas vezes exemplar.
Tipos de ajuda:

 Ajuda Privada ao Desenvolvimento


É constituída por:

-Investimentos diretos– realizados principalmente por empresas transnacionais (ETN) que atuam
segundo os seus interesses e não os dos países recetores. Os seus lucros chegam a ser superiores ao
PIB dos países onde se instalam e por isso dominam politica e economicamente.

-Empréstimos bancários– concedidos a taxas de juro pouco favoráveis aos PED o que leva a um
agravamento da sua situação financeira e ao endividamento.
Doações das Organizações Não Governamentais (ONG)- estas organizações independentes dos
Estados e sem fins lucrativos constituem uma das melhores formas da ajuda, pois normalmente têm
uma grande proximidade com as populações.

Nos últimos anos a ajuda privada aumentou muito sobretudo em IDE que se dirige essencialmente
para as economias emergentes da Ásia. Apenas 1,5% vai para os países mais pobres.

 A Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD)


Obedece aos seguintes critérios:

-É fornecida aos países em desenvolvimento de forma bilateral ou multilateral

-Atribuída por organismos públicos

-Destinada a promover o desenvolvimento

Assente em condições financeiras favoráveis (25% a fundo perdido)

Humanitária– Destina-se a Em qualquer uma das situações De emergência– Destina-se ao


populações estrutural e o auxílio pode ser constituído auxílio de vítimas dos desastres
permanentemente pobres. por ajuda alimentar, médica, causados por fatores naturais
etc. ou humanos.
Ao longo dos últimos anos a Ajuda tem tido alguns sucessos, mas também se têm verificado uma
série de insucessos cujas responsabilidades são atribuídas quer aos doadores quer aos recetores:

Doadores Recetores

A ajuda tem sido insuficiente: -Tem sido mal canalizada – Não é aplicada na
-A APD tem vindo a ser ultrapassada pela ajuda melhoria da qualidade de vida das populações,
privada pois a maioria dos países não cumpre com o mas em armamento ou despesas supérfluas.
estipulado pelas Nações Unidas não transferindo
cerca de 1% do seu PIB anual. -Apropriação pelas elites do poder – Apenas
enriquece alguns.
-A Ajuda nem sempre é desinteressada– Os países
doadores orientam a ajuda para as regiões onde -Desincentivo à produção interna.
têm interesses e fazem-na segundo os seus
interesses. -Agravamento das desigualdades económico-
sociais– A ajuda não é repartida de forma
-Imposição de modelos desadequados à realidade equilibrada por toda a população ou regiões o
dos países recetores. que conduz a um acentuar das assimetrias.

-A ajuda não tem sido isenta – Não tem sido


orientada para os que mais precisam, mas sim para
os que oferecem mais garantias.
-As economias emergentes do Terceiro Mundo
A partir dos anos de 1970 do século XX, iniciou-se um verdadeiro processo de descolagem de alguns
países do Terceiro Mundo. Esta descolagem caraterizou-se pela ocorrência de elevadas taxas de
crescimento do PIB de alguns PED e respetiva afirmação nos mercados internacionais, exportando
produtos manufaturados de elevado valor acrescentado e concorrendo diretamente com os países
industrializados do Norte.

Os primeiros a iniciarem a «descolagem» foram os chamados Novos Países Industrializados (NPI) da


Ásia Oriental e do Sudeste Asiático, de economias muito dinâmicas e competitivas, caraterizados
por um forte crescimento industrial e por uma grande abertura ao exterior.

São vários os fatores que explicam o «sucesso» destas economias e a sua afirmação na cena
internacional, dos quais podemos referir:

-A estratégia de industrialização adotada;

-A posição geoeconómica.

Apesar do «sucesso» económico alcançado por estes países, algumas economias emergentes têm de
percorrer um longo caminho em termos de desenvolvimento para integrarem o conjunto dos países
desenvolvidos.
-Os NPI da Ásia Oriental e do SE Asiático
É geralmente designado por Novos Países Industrializados (NPI) um pequeno grupo de países da Ásia
Oriental e do Sudeste Asiático que conheceram nas décadas uma industrialização surpreendente: a
Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e Hong Kong (Região Administrativa Especial da China).

Por referência à China, qualificada como o «grande dragão», estes países são muitas vezes
designados por os «quatro pequenos dragões» asiáticos, em virtude do grande crescimento
económico das últimas décadas, consequência do processo de industrialização, das vantagens
comparativas adquiridas e da sua capacidade competitiva em relação à Europa e à América do
Norte.

Os «quatro pequenos dragões» da primeira geração impulsionaram, por sua vez, a industrialização
e o crescimento económico dos países vizinhos. Nesta segunda vaga estão incluídos a Malásia, a
Tailândia, a Indonésia e as Filipinas, habitualmente identificados como os «tigres do Oriente».

Devido a limitações internas, os NPI especializaram-se na produção de bens manufaturados,


inicialmente baseada na imitação de modelos estrangeiros e mais tarde numa grande capacidade
inovadora. Na atualidade, representam um grande centro do comércio mundial, com grande
capacidade competitiva, mesmo no setor das indústrias de ponta.

Os NPI asiáticos prestam um conjunto de serviços comerciais avançados, parte deles associados ao
comércio externo, que é vital para estas economias. Os serviços de telecomunicações e financeiros
são muito competitivos, transformando estes países em importantes mercados. Também atraem
muitos turistas e acolhem várias reuniões internacionais.
Fatores que explicam a prosperidade que atingiram:
A posição geopolítica já que, devido à sua posição geográfica, entre a China e a ex-URSS, era necessário, num
contexto de Guerra Fria, a conquista de posições estratégicas nesta zona do Pacífico.
Estes países receberam nos anos 50 e 60 uma significativa ajuda financeira dos EUA e do
Japão, representando entre 7 e 10% dos respetivos PNB;

As condições posição marítima (penínsulas e ilhas), que facilita o comércio com o exterior, e o clima,
geográficas favoráveis que permitiu praticarem uma agricultura intensiva para alimentarem uma elevada
densidade populacional.

O papel do Estado, lançando infraestruturas, necessárias à industrialização; assegurando uma taxa de


fortemente investimento elevado, quer através da poupança interna quer atraindo capitais
intervencionista e estrangeiros, através da concessão de garantias estatais e da criação de zonas francas
protecionista portuárias; concedendo empréstimos bonificados e/ou isenções fiscais aos agentes
económicos nacionais; criando mecanismos protetores do mercado interno; investindo
na formação da mão de obra;

A estratégia de que lhes permitiu alcançar elevados níveis de crescimento económico e uma rápida
industrialização integração no comércio internacional, apostando na promoção de exportações e
adotada produzindo bens manufaturados de grande consumo no mundo ocidental; aproveitando
o regime de subcontratação de empresas realizada entre transnacionais japonesas ou
norte-americanas e firmas dos NPI, permitiu que estes beneficiassem da transferência
de tecnologias e indiretamente da importação de bens de equipamento;

A proximidade de um onde as estratégias de desenvolvimento adotadas foram bem-sucedidas- o crescimento


país modelo, o Japão económico japonês tem estimulado os mercados regionais; o processo de
«deslocalização» de muitas das indústrias japonesas tem beneficiado os países vizinhos;
e têm sido promovidas complementaridades e sinergias inter-regionais;

As caraterísticas da numerosa (devido à natalidade, aos progressos na saúde e ao fluxo de imigrantes),


mão de obra qualificada, relativamente barata (em consequência da abundante oferta de
trabalhadores e da elevada percentagem de jovens e mulheres, recebendo salários
inferiores à média), disciplinada e com sentido coletivo.

Desafios que se colocam aos NPI–

– A emergência da China como grande potência comercial e de novos mercados mais atrativos
noutras regiões do globo;

– A elevada dependência dos mercados externos;

– A instabilidade financeira provocada pelos ataques dos especuladores e a excessiva capitalização


bolsista;

– A dependência das flutuações do dólar norte-americano;

– As ameaças ambientais crescentes.


Agravamento das desigualdades sociais e de fenómenos de exclusão social:
 Altos níveis de poluição devido à elevada taxa de urbanização e à Industrialização.
 Aumento do desemprego devido à automação, à deslocalização de muitas empresas.
 Aumento das desigualdades de rendimento.
 Duras condições de trabalho de muitos operários.
 Regimes políticos autoritários que violam os direitos humanos.
 Aumento da dívida externa devido à dependência comercial, financeira e tecnológica.
 Em muitos países asiáticos continua a explorar-se a mão de obra infantil.
-A emergência da China
A ascensão económica da China, desde o final dos anos de 1980, deve-se à adoção de uma política
de abertura ao exterior baseada numa estratégia de promoção das exportações, de atração do IDE
e numa integração crescente no processo de globalização.

A adesão à OMC, em 2001, constitui um acontecimento decisivo para apoiar a estratégia de


industrialização definida. Desde 2011, a China passou a ser a primeira potência industrial e o maior
exportador do mundo.

A sua integração na economia mundial é evidente. De acordo com a CNUCED, em 2013, o comércio
externo chinês representava 14,6% das exportações mundiais (incluindo as RAE de Hong Kong e
Macau) e 13,7% das importações. O IDE na China aumentou de forma exponencial, passando de 67
milhões de dólares em 1980 para 123,9 mil milhões de dólares em 2013. Quanto ao IDE chinês no
mundo, no período compreendido entre 2003 e 2013, passou de 3 para 101 mil milhões de dólares.

O crescimento económico contínuo da China ao longo das últimas três décadas baseia-se numa
produção de baixo custo, sustentada na presença de uma mão de obra numerosa e barata, nas
dinâmicas de desenvolvimento dos seus vizinhos asiáticos, os NPI e o Japão, grande rival em
termos geopolíticos e económicos, e num Estado regulador e intervencionista que estabeleceu um
regime de isenções fiscais sobre a produção, criou zonas económicas especiais e fomentou os
triângulos de crescimento.

Desde 1990, a China assumiu-se como uma plataforma de fabrico de produtos manufaturados
(«país ateliê»), fornecendo uma boa parte do consumo global.

Nos últimos anos, a China diversificou a sua produção industrial e está a investir em setores
inovadores e a aumentar o IDE no estrangeiro, não só na região da Ásia, mas também no Ocidente,
onde tem adquirido empresas nos setores da energia e das comunicações.

Internamente, a China aspira vir a ser o país «laboratório do mundo». Para tal, está a redefinir o
modelo de desenvolvimento que deverá passar pelo estímulo da procura interna e pelo aumento da
produção, apoiada por mais investimento em I&D.
A China enfrenta outros desafios, para além da afirmação comercial e económica global:

- o abrandamento do crescimento populacional e o rápido envelhecimento demográfico do país


mais populoso do mundo, em consequência da diminuição da fecundidade e do aumento da
esperança média de vida;

- as grandes desigualdades socioeconómicas em termos espaciais geradas por um modelo de


desenvolvimento que privilegiou o litoral, nomeadamente as zonas económicas especiais, os
triângulos de crescimento e as áreas de cooperação transfronteiriça;

- a degradação ambiental, em particular a poluição atmosférica e das águas interiores, que afeta
milhões de pessoas que vivem ao longo do extenso litoral chinês, em consequência do rápido
crescimento económico e das caraterísticas do modelo adotado, baseado na utilização dos recursos
internos (floresta, subsolo) e na produção de energia fóssil.

Em termos políticos e diplomáticos, a China tem aspirações a impor-se como única potência da
região. A sua política económica na Ásia tem procurado neutralizar os receios dos seus vizinhos em
relação ao seu poder demográfico e militar, através do estabelecimento de acordos comerciais
bilaterais, e da dinâmica e implantação geográfica da diáspora chinesa.

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