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Introducao

Discute-se intensamente o termo globalização. Este fenômeno pode ser definido como
uma integração global, seja em aspectos culturais, sociais, políticos ou econômicos. A
importação é o processo de entrada temporária ou definitiva em território nacional de
bens ou serviços procedentes de outros países, que pode gerar grandes vantagens para os
empresários, em que os produtos podem ser fabricados com maior qualidade e
adquiridos com menor custo. Porém, para alguns setores da economia a importação
pode deixar de ser vantajosa e trazer alguns custos para as empresas, comprometendo a
sua posição estratégica no mercado competitivo. O crescimento da interdependência
entre povos e países é responsável por alavancar as relações comerciais, que, por sua
vez, permitem o avanço das economias das nações. O comércio exterior é de muita
importância, já que possibilita que países não auto-suficientes obtenham os recursos
escassos dos quais necessitam para sobreviver. Da mesma forma, possibilita que aqueles
que obtêm esses recursos em abundância importem e consigam assim novos mercados
para obter desenvolvimento e gerar lucros.
Importação e Exportação em Moçambique

A importação e a exportação em Moçambique, de produtos comerciais, bens e serviços


é uma actividade essencial com vista ao crescimento da economia nacional, bem como
da expansão do mercado global. Cada país é dotado de certas vantagens em recursos e
habilidades, comparativamente aos outros. Alguns países, tal como é o caso de
Moçambique, são ricos em recursos naturais, como os combustíveis fósseis, a madeira,
solos férteis, metais preciosos e minerais, enquanto outros países têm escassez de
muitos desses recursos. Além disso, alguns países têm infraestruturas, sistemas
educacionais e mercados de capitais altamente desenvolvidos que lhes permitem
envolver-se em manufacturas complexas e inovações tecnológicas, enquanto muitos
países não possuem tais vantagens. Muitas vezes, os produtos importados oferecem um
preço melhor ou mais opções aos consumidores, não podendo estar disponíveis de outra
forma ou a um custo mais barato. Por outro lado, quanto mais um país exporta, mais
actividade económica doméstica está a promover. Mais exportações significa mais
produção, mais empregos e maiores receitas. O que significa que as exportações
possibilitam o aumento da riqueza de um país e o seu crescimento económico.

Segundo Campos (1990), a importação tem grande importância para a vida de países em
desenvolvimento e desenvolvidos, devido ao fato que ela os ajuda a suprir necessidades.
Assim, aqueles que têm determinado recurso em abundância podem ajudar aos que têm
escassez desta mesma riqueza.

O comércio exterior possibilita que países pobres e ricos obtenham recursos que
favoreçam suas importações de bens de capital, produtos intermediários e bens de
consumo, essenciais para a sobrevivência de suas populações. Assim como as pessoas
necessitam umas das outras para sobreviver, nenhuma nação é autosuficiente.
Isoladamente, os países teriam grandes dificuldades de desenvolvimento e de
crescimento.
Se o país tem recursos abundantes poderá exportá-los para países com
poucos ou nenhum destes recursos, bem como poderá precisar de fatores
tecnológicos para sua obtenção e utilização, o que pode significar a
importação de bens de produção para isso, e que não são produzidos por
esse país. [...] Como se vê, tanto a abundância quanto a sua falta são
motivos para a realização do comércio exterior. (KEEDI, 2007, p. 17 e
18)

Guidolin (1991, p. 42) afirma que “Os países dependem, sem dúvida, do comércio
internacional, do que ganham através dele, do movimento de capitais e de mão-de-obra,
com as modificações no status econômico, social e político [...]”. Atualmente nos
deparamos com um mercado globalizado, blocos econômicos fortes, diferenciações de
produção regionais e quedas de barreiras econômicas. Estes fatores tornam viável que se
adquira qualquer tipo de produto, antes inacessível, em qualquer parte do globo.

A questão é que os blocos econômicos permitem que os países tenham mais força, já
que se unem com objetivos e interesses semelhantes. Com as barreiras comerciais
diminuídas, ou mesmo extintas, estes países podem comercializar muito mais entre si.

Dados do Observatório de Complexidade Económica referentes ao ano 2019 colocam


Moçambique como a 121ª economia mundial em termos de PIB, a 111ª em exportações
totais, e na posição 92 em termos de importações totais, sendo a 131ª economia mais
complexa. As exportações mais recentes são lideradas por briquetes de carvão, alumínio
bruto, gás de petróleo, tabaco bruto e electricidade. Por outro lado, as importações são
lideradas por petróleo refinado, minério de cromo, minério de ferro, óxido de alumínio,
sem contar com os produtos agrícolas e medicinais.

Requisitos e documentação para o licenciamento da atividade

Várias medidas foram tomadas para simplificar a importação e exportação em


Moçambique. O mais significativo no caso das importações foi a abolição da
obrigatoriedade de licenciamento de cada importação individual. A partir de dezembro
de 1998, o Documento Único Simplificado ou DU foi introduzido como o principal
documento de controle de entrada e saída de mercadorias do país. Alguns produtos
importados estão sujeitos à inspeção pré-embarque, procedimento realizado por
empresas contratadas pelo governo. As inspeções incluem a verificação da qualidade,
quantidade, preço, tarifa para posterior indicação dos direitos a pagar. Os produtos que
exigem inspeção pré-embarque estão designados numa lista que inclui itens como grãos,
farinha, açúcar, óleo de cozinha, produtos químicos, farmacêuticos, pneus, roupas
usadas e veículos.

Os direitos sobre mercadorias importadas de países fora da região da SADC são


calculados de acordo com o valor aduaneiro das mercadorias, com base em impostos ao
valor da compra, e variam entre 2,5% (matérias-primas) e 25% (bens não essenciais).
As mercadorias importadas da região da SADC, sujeitas ao cumprimento das regras de
origem da SADC, estão sujeitas a tarifas zero ou reduzidas..

Qualquer pessoa que pretenda importar mercadorias para Moçambique é fortemente


aconselhada a verificar os requisitos aduaneiros e documentais antes de enviar as
mercadorias. As isenções de impostos não são automáticas para remessas de itens
relacionados com ajuda e doações. Nem sempre são automáticas para empresas com
isenções de duty-free no âmbito do seu acordo de investimento com o governo
moçambicano. Da mesma forma para as exportações, os exportadores devem ter clareza
sobre quais documentos são necessários antes de proceder com o envio.

Licenças de importação e exportação em Moçambique

Para Werneck (2011, p. 22), sob o aspecto comercial, no entendimento de transferência


de propriedade, a importação se realiza com o recebimento da mercadoria pelo
comprador no local designado no exterior, de acordo com as cláusulas do contrato de
compra e venda. Para fins cambiais, a importação representa uma saída de divisas.

Souza (2010, p. 6) comenta que o Comércio Exterior é uma estrada de duas mãos –
exportação e importação. Em países em desenvolvimento, embora as exportações
reflitam um bom indicador do desempenho dos fatores produtivos, cabe às importações
o ônus de contribuir para aquele desempenho. Não é por acaso que os Estados Unidos é
o maior importador do mundo. Agora que já sabemos quando um país vende para outro,
está exportando e quando compra está importando, estudaremos sobre essas transações
que incluem, além das trocas comerciais, as movimentações de capitais entre as nações
e seus residentes.
A importação e exportanção em Moçambique está sujeita a licenciamento. As licenças
assumem a forma de cartão e são emitidas pelo Ministério da Indústria e Comércio,
sendo que a operacionalização da suaemissão cabe ao Governador Provincial e aos
Directores Provinciais da Indústria e Comércio. As licenças são emitidas para a
importação ou exportação de categorias específicas de itens com base na licença de
operação (alvará) da entidade requerente. Para solicitar uma licença, o direito da
empresa de importar ou exportar deve ser indicado nos estatutos. Sendo assim,
recomenda-se que as empresas solicitem as suas próprias licenças de importação ou
exportação.

A emissão de licenças de importação e exportação em Moçambique é regulamentada


pelo Decreto 34/2013 de 2 de Agosto. A candidatura é feita por meio de formulário,
cujos modelos constam do Decreto, além disso os requerentes devem apresentar uma
carta acompanhada de:

 Uma cópia autenticada dos estatutos da organização (escritura), ou do Boletim


da República, em que os estatutos foram publicados. Os estatutos devem indicar
especificamente que a empresa pretende exercer a actividade de importação e/ou
exportação;
 Cópia autenticada da certidão de registo comercial emitida pela Conservatória de
registos;
 Comprovativo de obtenção da licença de operação na forma de cópia autenticada
desta licença (alvará);
 Comprovativo de inscrição no Ministério das Finanças sob a forma de cópia
autenticada do Modelo 01 (Formulário do Ministério das Finanças atribuindo o
número de contribuinte individual ou NUIT);
 Cópia autenticada do documento de identidade do representante da organização.

As licenças de importação e exportação devem ser emitidas no prazo de 7 dias após o


recebimento do pedido. No entanto, caso isso não tenha acontecido e não haja motivo
técnico para indeferir o pedido, o órgão emissor emite uma declaração com validade não
superior a 60 dias para permitir que o requerente exerça as suas actividades durante o
processamento do pedido. As licenças de importação são renováveis anualmente, com a
renovação seguindo o mesmo processo do pedido inicial, enquanto que as licenças de
exportação são renovadas a cada cinco anos. As taxas a pagar pela renovação são as
mesmas do pedido inicial.
Modalidades de exportação

Quando a empresa desejar ingressar em algum mercado, tem que se preocupar como irá
entrar nele. Às vezes por desconhecimento, inicia de uma forma errada e depois fica
muito difícil de reverter a situação. Em mercados grandes, como Estados Unidos e
Canadá, faz-se necessário fazer uma pesquisa de mercado e buscar a melhor forma de
ingresso, pois países como esses permitem ter mais de uma forma de exportar. As
exportações podem ser realizadas de forma direta ou indireta. Vejamos cada uma delas:

Exportação direta

São consideradas exportações diretas aquelas realizadas diretamente entre o exportador


e o importador no exterior, nas quais os documentos da operação são emitidos pelo
exportador em nome do importador. A característica das exportações diretas é que o
exportador é o fabricante.

Existem várias vantagens de exportar diretamente, tais como:

 não há intermediário; a empresa começa a ter mais conhecimento e domínio do


mercado;
 a empresa tem maior controle sobre as operações internacionais,
 existe melhor proteção de marcas registradas, patentes e outras propriedades
intangíveis.

Pode-se considerar como desvantagem:

 é que a empresa aprenderá com os erros e isso poderá gerar custos financeiros;
 dificuldade na identificação das potenciais empresas importadoras dos produtos
fabricados ou produzidos;
 as demandas de recursos humanos e financeiros são intensas;
 a empresa tem que cuidar das funções de logísticas, como: documentação,
seguro, embarque e embalagem.

Exportação indireta

São operações de comércio exterior, realizadas por meio de intervenientes, que


discutem as negociações comerciais entre o produtor e importador. No caso da trading
company, elas podem comprar do fabricante e vender para o importador.

Das exportações indiretas, são intervenientes ou intermediários exportadores:


 Empresas Comerciais Exportadoras, ou seja, empresas jurídicas de
responsabilidade limitada, habilitadas a comprar e revender produtos fabricados
por terceiros e que podem ter por destino tanto o mercado interno quanto o
externo. Geralmente são especializadas em determinados produtos e/ou regiões.
 Agente. Alguns autores consideram que a figura do “agente de
exportação/importação” faz parte da exportação/importação direta.
Consideremos o “agente de exportação/importação” como forma indireta, pois
ele atua como intermediário, ou seja, sem vínculo empregatício, apenas
comissionado.

Despachantes ou intermediários

Em Moçambique, para além do processo de ponto de vista legal que se deve tramitar
pessoalmente, é recomendado a contratação de agentes que facilitam os processos de
importação e exportação, os chamados “despachantes” que se relacionam com as
autoridades aduaneiras em nome dos seus clientes. Os despachantes são pessoas físicas
ou jurídicas autorizadas pelo governo, licenciadas para interagir com a autoridade
aduaneira. Eles são as únicas pessoas assim licenciadas, o que significa que indivíduos e
agentes que desejam movimentar mercadorias para dentro, fora ou através de
Moçambique são obrigados a contratar os serviços de um despachante.

Documentos

Uma série de documentos-chave são necessários para fins de importação e exportação


em Moçambique. É necessário verificar com as autoridades alfandegárias, agentes ou
transportadores antes do envio para garantir que tenha todos os documentos correctos
necessários para que suas mercadorias cheguem ao destino. Os documentos poderão
incluir: prova da autorização de importador do MIC; Documento de trânsito ( se
necessário ); Facturas originais; DU certificado nos casos em que for feita a inspecção
pré-embarque; Título de propriedade, conhecimento de embarque, carta de porte aéreo
ou aviso de chegada; Certificado de origem (se foraplicável); Outros documentos tais
como, autorização de isenções, certificado fitossanitário, licença dos serviços de
veterinária; Guia de emolumentos, nos casos de ser requerida a verificação fora das
horas normais de expediente.
Outros procedimentos relacionados com os processos de importação e exportação
em Moçambique

Outros procedimentos complementares podem ser requeridos no âmbito do processo de


importação ou exportação, mas em geral, os requisitos anunciados acima cobrem todo o
aspecto legal da importação e exportação em Moçambique. Os serviços como os de
inspecção pré-embarque são fornecidos ao governo moçambicano por uma empresa
privada. As inspecções pré-embarque para mercadorias que entram e saem de
Moçambique são realizadas de acordo com as directrizes da IFIA e da OMC. Para
importar o importador deve ter uma licença de importação e verificar se as mercadorias
que pretendem importar estão incluídas na “Lista Positiva”, que lista todas as
classificações de mercadorias sujeitas à inspeção pré-embarque. Apenas os itens da lista
estão sujeitos à inspeção pré-embarque. Os importadores ou exportadores podem
igualmente solicitar o Tratamento Preferencial, que é o benefício que se dá a uma
determinada mercadoria que, quando acompanhada de um Certificado de Origem, goza
de redução ou eliminação de direitos aduaneiros.
Conclusao

O comércio internacional cresce a cada dia e as relações comerciais entre países ficam
cada vez mais freqüentes. Comerciantes buscam em outros países produtos que não
existem em seu país, ou que existem, mas possuem um diferencial em relação ao
produto nacional. A operação de importação envolve várias etapas, que vão desde a
identificação da necessidade até o contato com o fornecedor e todo o processo de
emissão de documentos e pagamentos de tributos. Uma grande quantidade de
documentos é necessária para que a importação seja realizada. Cada documento tem
uma finalidade e uma maneira correta de ser emitido. Os documentos podem servir,
entre outras funções, para a identificação do proprietário da mercadoria, para a
descrição do conteúdo do container e até para a liberação por parte aduana
Mocambicana.
Referencia bibliografica

 OLIVEIRA, J. L. R. de.; SOUZA, A. A. de.; MORAIS, K. A. Estimação de


custos para a importação. Rev. Contabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte,
v.15, n. 3, p. 62-88, dez 2006.
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 DIAS, Reinaldo. RODRIGUES, Waldemar. (orgs). Comércio exterior: teoria e
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