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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE MOÇAMBIQUE

Economia Política do Proteccionismo

Proteccionismo é uma doutrina que defende a aplicação de


um conjunto de medidas a serem tomadas no sentido de
favorecer as actividades económicas internas, reduzindo e
dificultando ao máximo, a importação de produtos e a
concorrência estrangeira.

1. Quotas de importação
Barreira comercial não tarifária mais importante)
Restrição quantitativa directa à quantidade de um bem que se permite que seja
importado ou exportado. As cotas de importação podem ser utilizadas para
proteger uma indústria ou agricultura doméstica, e ou por questões relativas à
balança de pagamentos.

2. Restrições voluntárias às exportações


Um país importador induz uma outra nação a reduzir as suas exportações de um
bem voluntariamente sob ameaça de restrição comercial abrangente mais elevada,
quando tais exportações ameaçam toda uma indústria doméstica.
Quando as restrições voluntárias às exportações são bem-sucedidas, elas produzem
todos os efeitos económicos das quotas de importação equivalentes (e podem

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portanto, ser analisadas exactamente como aquelas) excepto pelo facto de que são
administradas pelo país exportador e, desta maneira o efeito receita ou lucros de
monopólio são captados pelos exportadores estrangeiros.

3. Regulamentações técnicas, administrativas e outras


Estas regulamentações dificultam o comércio internacional. Estas incluem normas
de segurança para equipamento automobilístico e eléctrico, normas de Saúde
relativas à produção e embalagem higiénica de produtos alimentícios importados e
exigência de rotulagem indicando origem e conteúdo.

Muitas destas normas atendem a objectivos legítimos, mas há outras que


constituem disfarces velados a restrições de importação.

Impostos de fronteira: impostos indirectos internos concedidos às exportações de


um bem e aplicados (além da tarifa) aos importadores.

4. Cartéis Internacionais
Organização de fornecedores de commodity localizados em diferentes nações (ou
um grupo de Governos) que concorda em reduzir a produção e as exportações de
um determinado bem com o propósito de maximizar ou aumentar os lucros totais
da organização.

Exemplos:
A OPEP restringiu a produção e as exportações com o objectivo de quadruplicar o
preço do petróleo entre 1973-1974.
Associação Internacional dos Transportadores Aéreos: estabelece preços das
passagens e as políticas internacionais do sector.

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5. Dumping
Exportação de uma commodity a um preço abaixo do custo.

6. Subsídios à exportação
São pagamentos directos ou a concessão de isenção fiscal e empréstimos
subsidiados aos exportadores da nação. Ou ainda empréstimos a juros baixos
concedidos a compradores estrangeiros como forma de estimular as exportações.
Estas podem ser vistas como dumping daí que sejam consideradas ilegais à luz dos
Acordos Internacionais.

Argumentos favoráveis
Argumentos falaciosos

As restrições comerciais são necessárias para proteger a mão-de-obra doméstica


contra a mão-de-obra estrangeira. Mesmo se os salários domésticos forem
superiores aos salários no exterior, os custos de mão-de-obra doméstica podem
ainda assim ser inferiores se a produtividade da mão-de-obra doméstica for
suficientemente mais elevada do que a externa. Mesmo assim, poderíamos buscar a
lei das vantagens comparativas, com a nação da mão-de-obra barata se
especializando na produção e exportação das commodities intensivas em mão-de-
obra e a nação de mão-de-obra cara se especializando na produção e exportação
das commodities intensivas em capital.

O preço das importações deveria se igualar aos preços domésticos, o que permitiria
aos produtos domésticos fazer face à concorrência estrangeira.

A protecção é necessária para:

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 Reduzir o desemprego doméstico
 Sanar o deficit da balança de pagamentos da nação
Substituição de importações pela produção interna o que prejudica o exterior
porque na nação exportadora aumenta o desemprego e o deficit da balança de
pagamentos, o que levará à retaliação por parte de outras nações, e todos saem a
perder.
Neste sentido, o desemprego doméstico e o deficit na balança de pagamentos das
nações têm de ser corrigidos adequadamente por meio de políticas monetárias,
fiscais e comerciais e, não por meio de restrições comerciais.

Argumentos válidos (do ponto de vista económico)

Argumento da indústria nascente


Uma nação pode possuir uma vantagem comparativa potencial em relação a uma
commodity, mas por falta de tecnologia e devido à escala inicial de produção
reduzida, a respectiva indústria pode não chegar a se concretizar ou, se já em
andamento, talvez não possa concorrer de forma bem-sucedida com empresas
estrangeiras firmemente estabelecidas no mercado. O que justifica uma protecção
comercial temporária para proteger ou antes, estabelecimento da indústria
doméstica durante a sua infância até que ela possa vir a enfrentar a concorrência
estrangeira, atingir economia de escala e reflectir a vantagem da nação a longo
prazo, sendo que a partir desse ponto, a protecção deve ser eliminada.

Entretanto, apara que este argumento se torne válido, o retorno da indústria adulta
deverá ser suficientemente elevado para compensar os preços mais elevados pagos
pelos consumidores internos da commodity durante o período da infância.

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Este argumento se justifica em relação às nações em desenvolvimento. Contudo é
difícil identificar qual indústria ou potencial indústria que se enquadra neste
tratamento.
Uma vez concedida a protecção dificilmente ela é eliminada.
Talvez seria melhor um subsídio à produção.
Quem deve obter protecção?
Ao aumentar o preço da commodity, a protecção comercial beneficia os produtores
e prejudica os consumidores (e geralmente a nação como um todo). Os produtores
envidam esforços junto dos governos para que este adopte medidas proteccionistas.
Como as perdas são grandes, são distribuídas entre um grande número de
consumidores.

Questão:
Explique porque as nações impõem restrições comerciais se o livre comércio é a
melhor política?

Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio (1947)

O Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio (GATT,


1947) constitui a primeira tentativa de parcialmente
disciplinar as relações comerciais internacionais do período
pós-guerra, de 1939-1945.

Princípios:
 Diminuição gradual dos direitos e a eliminação de
preferências pautais de carácter bilateral;
 Reconhecimento do princípio da vantagem comparativa;
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 Acesso de novos países aos mercados externos
(segurança nas relações económicas);
 Condenação das medidas públicas não aduaneiras que
tem por efeito criar distorção/obstáculos nas trocas
comerciais;

No geral o GATT almeja:


 Não discriminação;
 Eliminar barreiras comerciais não tarifárias
 Consulta entre nações para resolução de disputas
comerciais,

Pontos fracos do GATT


 Luta contra as recessões e as tentativas proteccionistas;
 Ausência de uma política comercial global;
 A combinação da cláusula incondicional da nação mais
favorecida com o princípio da reciprocidade global
apresenta uma incompatibilidade, na medida que o
último compromete o primeiro;
 As relações comerciais entre países desenvolvidos e os
pobres nunca foram plenamente equacionadas;
 As cláusulas de salvaguarda, implantadas
unilateralmente, transtornaram o funcionamento do
sistema, retornando-se ao Proteccionismo.

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À medida que se negociava a redução de tarifas em sede do GATT, crescia a
importância das barreiras comerciais não tarifárias.

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