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DIREIT O

ECONÔMICO – ANA LUCIA PET RI

AULA20

1. INFRAÇÕES AO COMÉRCIO EXT ERIOR

Na aula passada foi estudada a O rganização Mundial do C om ércio e, em

continuação, serão tratadas as infrações ao com ércio exterior.

Que m s ão o s s uje it o s e nvo lvido s ne s s as inf r aç õ e s ?

R: São tanto os agentes privados quanto os Estados soberanos.

Essas práticas nocivas podem corresponder a:

a ) Prá tica s a ntico m petitiva s po tencia lm ente da no sa s à pro duçã o e à indústria


do m éstica s
b) Pro tecio nism o e privilégio s injustificá veis

Tratam -se dos dois lados de um a m esm a m oeda, tanto o privilégio injustificado,

quanto a prática danosa à indústria nacional.

1.1. DUMPING

Trata-se de prática prevista tando pelo acordo da O MC (art. VI do GATT 94),

quanto pela Lei 9.019/95 e pelo Decreto 8.058 de 26/07/2013.

Exe mplo : um a em presa chinesa que vende caneta na C hina por US$5, pretende

ingressar no m ercado brasileiro e, para tanto, vende a caneta no Brasil por US$1.

Desse m odo, essa em presa está praticando dumping, pois está discrim inando

preços em m ercados distintos e exportando produto por preço inferior ao preço norm al

(aquele efetivam ente praticado de m aneira efetiva/real para o produto sim ilar no

m ercado interno do país exportador).

O Decreto 8058/2013 traz o conceito de dumping, prevendo que:

Art. 7º Para os efeitos deste Decreto, considera-se prática de dumping a


introdução de um produto no mercado doméstico brasileiro, inclusive sob
as modalidades de drawback, a um preço de exportação inferior ao seu
valor normal. (grifou-se)

CUIDADO! Não é im portação abaixo do preço de custo! No exem plo, a caneta

pode ter preço de custo de US$0,10 e ser vendida a US$1 no Brasil. Isso, por si só, não

será dumping, é preciso averiguar qual o preço no m ercado interno do país exportador.

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O preço de exportação, nesse sentido, será aquele efetivam ente pago ou a

pagar pelo produto exportado ao Brasil, livre de im postos e descontos concedidos.

Para ser considerada desleal, haverá a necessidade de se apurar um dano

m aterial à indústria nacional do produto sim ilar ao im portado. Existe, portanto, a

necessidade de nexo entre as im portações a preço de dumping (preço inferior ao valor

norm al) e o prejuízo à indústria nacional.

Um a vez constatada a ocorrência de dumping, a solução será a adoção de

m edida antidumping, a qual corresponderá a um m ontante em dinheiro, igual ou

inferior à m argem de dumping apurada (no exem plo dado, seriam US$4), a fim de

neutralizar os efeitos danosos. A m argem de dumping é diferença entre valor norm al e

preço de exportação.

Houve m uito debate sobre a natureza jurídica da m edida antidumping, alguns

autores entendiam tratar-se de um adicional ao Im posto de Im portação, porém ,

atualm ente, o entendim ento m ais seguro é o de que se trata de sanção de ato ilícito.

O procedim ento para apurar a ocorrência do dumping correrá dentro da

Secretaria de C om ércio Exterior (SEC EX) e terá início por solicitação da indústria

afetada, que deverá apresentar os elem entos de prova do dumping, inclusive do dano e

da relação causal entre o prejuízo à indústria nacional e o preço de dumping. O

procedim ento terá 2 fases: o juízo de adm issibilidade e a instrução (efetiva

investigação).

Existe a possibilidade de aplicação de direitos antidum ping provisórios, se

presentes os requisitos previstos pela lei, quais sejam , a plausibilidade das alegações e

a necessidade de se evitar um dano grave à indústria nacional (art. 34 do Decreto 1602

e art 2º Lei 9.019/95). Esses direitos serão aplicados pela Secretaria Executiva de

C om ércio Exterior - C AMEX (art. 6º Lei 9.019/95). Tratam -se de direitos provisórios, não

são os definitivos, atribuídos ao final da investigação.

Art. 2º, Lei 9.019/95. Poderão ser aplicados direitos provisórios durante a
investigação, quando da análise preliminar verificar-se a existência de indícios da
prática de dumping ou de concessão de subsídios, e que tais práticas causam
dano, ou ameaça de dano, à indústria doméstica, e se julgue necessário impedi-las
no curso da investigação.

As obrigações decorrentes da aplicação dos direitos antidumping serão um a

condição para a introdução do produto no país, quer sejam definitivas ou provisórias:

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Art. 7º O cumprimento das obrigações resultantes da aplicação dos direitos


antidumping e dos direitos compensatórios, sejam definitivos ou provisórios, será
condição para a introdução no comércio do País de produtos objeto de dumping ou
subsídio.

A cobrança desses direitos antidum ping (§ 1º) será feita por interm édio da

Secretaria da Receita Federal "do Ministério da Fazenda”, hoje incorporado ao

Ministério da Econom ia. Adem ais, existe a possibilidade de inscrição desses valores em

Dívida Ativa da União (§2º), o que não quer dizer que a cobrança tenha natureza

tributária, visto não se tratar de um adicional ao Im posto de Im portação, m as um a

sanção de ato ilícito.

Art. 8 § 2o Os direitos antidumping e os direitos compensatórios são devidos na


data do registro da declaração de importação. (Redação dada pela Lei nº 10.833,
de 29.12.2003)

IMPORT ANT E! Essa previsão do art. 8º, §2º sem pre cai! O s direitos são devidos da

data do registro da declaração de im portação. NÃO é da data da celebração do

contrato ou da data em que o bem entrar no país.

1.2. SUBSÍDIO

C onstituem toda contribuição financeira concedida pelo governo que beneficie

um a indústria específica. É ajuda que o Estado dá para alguns setores ou algum a

indústria. Essa concessão gera m uito debate, principalm ente no com ércio

internacional, pois se, por exem plo, a C hina dá subsídio a um produto que o país

produz, o Brasil estará em clara desvantagem com ercial no contexto internacional.

Proibidos os subsídios à im portação e subsídios para substituição das

im portações

A solução encontrada é a aplicação de m edidas com pensatórias, que são

m edidas de defesa com ercial estabelecidas por um país, após determ inado PA, que

visam com pensar a entrada de produtos im portados que sejam favorecidos por

subsídios proibidos ou recorríveis no país de origem . Isso porque o produto que recebe

subsídio proibido ou recorrível no país de origem não pode com petir em situação de

igualdade no país que recebe sua im portação, pois a indústria nacional sofrerá um a

concorrência desleal.

1.3. MEDIDAS DE SALVAGUARDA

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Tam bém previstas no Acordo constitutivo da O MC (Artigo XIX do GATT), são

objeto de acordo m ultilateral (obriga a todos os m em bros) específico (Acordo de

Salvaguardas da O MC ) e do Decreto nº 1.488, de 11 de m aio de 1995.

Tratam -se de “restrições t e mpo r ár ias à liberalização do com ércio internacional

de m ercadorias, praticadas dentro de um quadro de concorrência le al, e que visam

proteger um setor da indústria nacional”.

Não se confunde, pois nem com as m edidas antidumping e nem com as m edidas

com pensatórias. Nas m edidas de salvaguarda, não há necessidade de um a

concorrência desleal, m as visam apenas proteger um setor da indústria nacional.

Notem -se as diferenças:

a ) Prá tica s co m ercia is le ais (a um ento im previsível de im po rta çõ es de


determ ina do pro duto , gera ndo prejuízo gra ve à indústria de um pa ís);
b) Aplicá veis a t o do s o s m em bro s indistinta m ente (clá usula da Na çã o Ma is
Fa vo recida ) – efeito “erga omnes” a rt. 5º do D. 1488/95: to do s o s expo rta do res do
pro duto que se busca pro teger na indústria na cio na l serã o subm etido s a essa m edida
de sa lva gua rda , sem distinçã o
c) Pra zo m á xim o de vigência (a rt. 9º do D. 1488/95)

No direito brasileiro, havia previsão de que essas m edidas se dariam por ato

conjunto do “Ministro da Indústria, C om ércio e Turism o” e do “Ministro da Fazenda” (art.

2º), que, hoje, correspondem à estrutura do Ministério da Econom ia. A investigação

ocorre por m eio da Secretaria de C om ércio Exterior (SEC EX) e do Ministro da Indústria,

C om ércio e Turism o. O processo inicia com um aviso público aos exportadores e existe

a possibilidade de um a com pensação com ercial aos países afetados (art. 11 do D.

1488/95).

É tam bém possível a adição de m edidas de salvaguarda provisórias:

Art. 4º Medida de salvaguarda provisória poderá ser aplicada em circunstâncias


críticas, nos casos em que qualquer demora possa causar prejuízo grave de difícil
reparação, após uma determinação preliminar da existência de elementos de
prova claros de que o aumento das importações(*) causou ou esteja ameaçando
causar prejuízo grave à indústria doméstica, devendo ser as consultas com
qualquer Governo envolvido iniciadas imediatamente após a sua aplicação.

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Isto é, m esm o antes de term inado o processo adm inistrativo, se houver

elem entos de prova suficientes e um prejuízo claro, poderá ser aplicada um a m edida

provisória.

(*) É nesse contexto de aum entos das im portações que surge a m edida de

salvaguarda. Por fatores naturais, decorrentes de prática com ercial leal, aum enta a

im portação de um determ inado produto no país e, em razão da necessidade de se

proteger a indústria nacional desse produto, é estabelecida, então, um a m edida de

salvaguarda.

O § 1º desse dispositivo estabelece que a duração m áxim a dessa m edida

provisória será de 200 dias (suspensão possível).

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