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DIREITO TRIBUTÁRIO

Questões sobre Conceitos Iniciais II


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QUESTÕES SOBRE CONCEITOS INICIAIS II

DIRETO DO CONCURSO
5. (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE/2017)
No que se refere à teoria do tributo e das espécies tributárias, julgue o item seguinte.
O imposto é espécie tributária caracterizada por indicar fato ou situação fática relativa
ao próprio contribuinte no aspecto material de sua hipótese de incidência.

COMENTÁRIO
Aspecto material da hipótese de incidência é o fato gerador. Os doutrinadores dizem que
não se pode chamar o que está escrito na lei de fato gerador. O Código Tributário Nacional
(CTN) prevê que fato gerador é a situação prevista em lei, contudo, os doutrinadores res-
saltam que fato é aquilo que acontece no mundo e o que está na lei são apenas as hipóte-
ses (na hipótese de acontecer no mundo determinada coisa, aplica-se a lei).
No Direito Penal, há o tipo penal (aquilo que está escrito na lei) e o fato típico (que ocorre
quando, p. ex., uma pessoa mata outra pessoa e ocorre o fato típico do homicídio).
Dessa forma, quem defende que não se use a expressão fato gerador para o que está na
lei, defende o uso da expressão hipótese de incidência para esse caso.
Assim, quando se ouvir falar em aspecto material da hipótese de incidência ou hipótese de
incidência estar-se-á referindo-se ao fato gerador previsto em lei.
Quanto ao fato gerador dos impostos, é mais comum ser cobrado em provas a literalidade
do art. 16 do CTN, isto é, imposto é um tributo cujo fato gerador é uma situação que in-
depende de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Além disso, res-
salta-se que o fato gerador do imposto é um fato do contribuinte, ou seja, é uma situação
fática relativa a ele (o contribuinte que pratica o fato gerador do tributo). Assim, p. ex., o fato
gerador do imposto de renda é o contribuinte receber rendimentos, o fato gerador do IPVA
é o contribuinte ser proprietário.
Já em relação às taxas e contribuições de melhoria, os fatos geradores são fatos do Es-
tado, ou seja, é o Estado que faz algo (e cobra por esse algo). Assim, p. ex., o Município
coletou lixo na casa de Zé (quem fez algo foi o Estado). Portanto, os tributos contrapresta-
cionais têm por fato gerador uma situação relativa ao Estado.
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6. (CESPE/PROCURADOR/PGE/PI/2017)
As taxas de serviço podem ser exigidas em virtude da mera disponibilidade do serviço
público específico e divisível e, no caso de serviços de natureza compulsória, a sua co-
brança independe da efetiva prestação da atividade pelo Estado ao contribuinte.

COMENTÁRIO
Em primeiro lugar, ressalta-se que a ideia de que taxa pode ser cobrada mesmo que o contri-
buinte não use do serviço não vale para todas as taxas. Por exemplo, em relação às custas
judiciais, o Supremo Tribunal Federal (STF) já disse que elas, há muito tempo, configuram
tributo da espécie taxa (taxa pela prestação de serviço público e indivisível da jurisdição).
5m
O serviço da jurisdição está disponível para todos, inclusive porque a Constituição estabe-
lece que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Pelo fato de estar disponível, todos devem pagar as custas judiciais? Não, essa é uma
espécie de taxa que apenas se deve pagar quando ocorre o uso do serviço.
O problema é que alguns falam da taxa de lixo e dizem que ela é um grande exemplo de
possibilidade de cobrança da taxa mesmo que o contribuinte não use o serviço. Realmente
é um exemplo, pois a lei definiu o serviço de coleta domiciliar de lixo como de “utilização
compulsória”. Vale observar que essa terminologia (utilização compulsória) é adotada pelo
art. 79 do CTN, que fala da possibilidade de cobrança do serviço pela mera disponibiliza-
ção quando o serviço é de natureza compulsória. Na prática, contudo, ninguém é obrigado
a utilizar o serviço de coleta de lixo.
Assim, utilização compulsória ocorre quando a lei dispõe que o contribuinte irá pagar com-
pulsoriamente pela mera disponibilização do serviço, independentemente do uso. O legis-
lador percebe que, p. ex., para a taxa de lixo, se o contribuinte quiser economizar e deixar
o lixo acumular, isso irá prejudicar todo mundo. Por outro lado, em se tratando de custas
judiciais, caso não se ingresse na justiça, não haverá prejuízo a ninguém e, portanto, não
faz sentido dizer que todo mundo irá pagar.
Portanto, lembrar que apenas o serviço de utilização compulsória pode ser cobrado pela
mera disponibilização. Além disso, o que pode ser potencial é a utilização, nunca a disponi-
bilização, isto é, o serviço tem que ser efetivamente prestado pelo Estado. O art. 79, I, b do
CTN dispõe expressamente que deve haver a efetiva disponibilização para que o serviço
seja objeto da cobrança de taxas.
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7. (CESPE/JUIZ/TJ–RR/2019)
A Constituição Federal de 1988 prevê exceções ao princípio tributário da anterioridade,
como ocorre nos casos dos impostos sobre importação e sobre exportação. Nesses
casos, a exceção é justificada pela necessidade de ajuste do tributo aos objetivos da
política cambial e do comércio exterior.
De acordo com a doutrina majoritária, a referida hipótese de exceção ao princípio tribu-
tário da anterioridade é explicada em razão de os tributos citados terem finalidade
a. parafiscal.
b. parafiscal e extrafiscal.
c. extrafiscal.
d. exclusivamente fiscal.

COMENTÁRIO
Pelo princípio da anterioridade, o tributo criado ou aumentado agora apenas é cobrado a
partir do exercício subsequente. Já pela nonagesimal, deve-se esperar o prazo de 90 dias.
Sabe-se que o imposto de importação, imposto de exportação, imposto sobre operações
financeiras, imposto extraordinário guerra e o empréstimo compulsório sobre guerra ou
calamidade pública não obedecem a prazo algum de anterioridade.
10m
Ajustar o tributo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior é claramente a
utilização extrafiscal do tributo.
A questão aborda as finalidades da tributação. A finalidade fiscal é arrecadatória, a extrafis-
cal é de intervir em situações sociais e econômicas, e a parafiscal ocorre quando o Estado
arrecada para uma atividade específica e que muitas vezes fica a cargo de outra entidade
– obs.: para alguns autores a finalidade parafiscal também é arrecadatória.

8. (INÉDITA – ELABORADA PELO PROFESSOR)


Segundo o STF, a edição de ato geral e abstrato reduzindo repentinamente as alíquotas
do imposto de importação sobre determinados itens, de forma a configurar modificação
de política econômica há tempos vigente, pode gerar responsabilidade civil do Estado e
direito a indenização do industrial nacional prejudicado.
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COMENTÁRIO
Isso pode ser cobrado tanto na prova de Direito Tributário, pois fala sobre a alteração de
alíquota de importação e suas repercussões, quanto na prova de Direito Administrativo ou
Direito Civil, em que se estuda a responsabilidade civil do Estado.
Recentemente, o STF decidiu um processo que havia sido ajuizado pela “Estrela” (fábrica
de brinquedos). Havia uma época em que a Estrela dominava o mercado de brinquedos na
indústria nacional. Esse domínio era parcialmente garantido por uma política econômica de
proteção da indústria nacional. Nessa política, havia uma alíquota elevada de imposto de im-
portação de brinquedos de 30%. Quando a alíquota foi reduzida para 20%, começou a ficar
viável a competição internacional. Com a forte competição internacional em decorrência da al-
teração repentina da alíquota, a Estrela foi à justiça alegar que o Estado teria que indenizá-la.
A responsabilidade civil do Estado é objetiva, isto é, não depende de culpa. Mesmo quando
o Estado age licitamente, caso o agir lícito gere um dano específico a um particular, a regra
é indenizar mesmo que o Estado não tenha culpa. P. ex., caso o Estado construa um viadu-
to e isole a entrada para um posto de gasolina, haverá prejuízo para o particular e caberá
o pagamento de indenização.
15m
No tocante à alteração repentina da alíquota do imposto de importação, a Constituição
criou uma sistemática para que o Poder Público possa agir rapidamente.
No caso “Estrela”, verificou-se que não foi algo direcionado a ela, mas que foi algo geral e abs-
trato. No exemplo do posto de gasolina, o dano foi individual e concreto. Já no caso do aumen-
to/diminuição do imposto de importação, ele não foi direcionado à “Estrela”, sendo, na verdade,
um ato geral (aplicável para todo mundo) e abstrato (não se refere a um caso concreto).
O Supremo entendeu que, como a norma foi editada para todos os importadores (geral) e
que não se referiu a nenhum caso concreto (abstrato), não caberia indenização à “Estrela”
e não haveria responsabilidade civil do Estado.
Essa decisão está na seguinte decisão do STF: ARE 759755–AgR/SP.

9. (CESPE/ANALISTA PORTUÁRIO DA EMAP/2018)


No que se refere a tributos, julgue o item a seguir.
Penalidade pecuniária aplicada em razão de descumprimento de obrigação tributária não se
classifica como imposto, mas sim tributo, em sentido amplo, pois tem natureza compulsória.
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COMENTÁRIO
Multa, penalidade pecuniária, não é tributo. Ressalta-se, porém, que a obrigação de pagar
multa tributária será uma obrigação tributária e o crédito decorrente será tributário.

10. (CESPE/JUIZ/TJ–CE/2017)
O município de Curitiba – PR instituiu, por lei ordinária, taxa de coleta e remoção de lixo
para os imóveis urbanos situados em seu território, estabelecendo como base de cálcu-
lo do tributo a área construída do imóvel, que, multiplicada pelo valor de R$ 2, resultaria
no valor do tributo devido pelo contribuinte.
Acerca dessa situação hipotética e dos preceitos constitucionais pertinentes ao poder
de tributar, assinale a opção correta.
a. A utilização da área construída do imóvel como parte da base de cálculo do tributo
em questão, por também compor a base de cálculo do IPTU, torna inconstitucional a
instituição do mencionado tributo.
b. A restrição constitucional para que haja identidade da base de cálculo atinge apenas
as contribuições, e não as taxas, sendo, portanto, constitucional o tributo em questão.
c. O serviço de coleta e remoção de lixo em questão pode adotar um dos elementos de
base de cálculo de impostos, desde que não haja identidade completa e o valor pago
pelo contribuinte seja proporcional ao serviço que lhe é prestado.
d. A coleta e remoção de lixo é serviço público inespecífico e indivisível, por beneficiar
toda a coletividade, sendo, portanto, inconstitucional a instituição da referida taxa.

COMENTÁRIO
Nessa questão há uma clara tentativa de se abordar a mais importante do STF sobre a
base de cálculo de taxas, a qual foi proferida inicialmente para o Município de São Carlos/
SP e mais recentemente para o Município de Campinas/SP. Os dois Municípios criaram
uma sistemática de cálculo da taxa de lixo, em que ela passa a ser proporcional à área do
imóvel, isto é, basicamente a alíquota da taxa é estipulada em reais por metro quadrado e
a base de cálculo é a área.
Alguns contribuintes foram contrários a essa sistemática e chegou um processo no STF di-
zendo que a área do imóvel era também utilizada para calcular a base de cálculo do IPTU.
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Sabe-se que a base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel, o qual se obtém multipli-
cando-se o valor do metro quadrado pela área do imóvel. Assim, a área é um dos elemen-
tos utilizados para se achar a base de cálculo.
O problema é que a CF/88 dispõe no art. 145, § 2º que as taxas não podem ter base de cál-
culo próprio de imposto. Igualmente, o CTN dispõe no art. 77, parágrafo único que a taxa
não pode ter base de cálculo e nem fato gerador idêntico ao que corresponde a imposto e
nem ser calculada em função do capital social das empresas.
Nesse caso, o Supremo entendeu que a base de cálculo dessa taxa não é o valor venal do
imóvel, isto é, a taxa está sendo calculada em função da área e não sobre o valor venal do
imóvel. Assim, pode haver, na fixação de uma taxa, a utilização de um ou mais elementos que
também são utilizados para o cálculo do imposto, desde que não haja integral correspondência
entre uma base de cálculo e outra, ou seja, desde que a base de cálculo da taxa não seja igual
a base de cálculo do imposto. Isso inclusive ocasionou na edição da Súmula Vinculante n. 29.
O Supremo entende que o elemento utilizado para se fixar a base de cálculo de uma taxa
não pode ser um elemento aleatório ou totalmente desvinculado do gasto que o Estado
tem para prestar o serviço (taxa de serviço) ou exercer o poder de polícia (taxa de polícia).
Assim, pode-se utilizar um elemento desde que haja uma correlação.
Nesse processo de Campinas e de São Carlos, o Supremo disse que, em regra, quanto
maior um imóvel maior será a produção de lixo. Para o Município há uma maior facilidade
em se estabelecer a área como base de cálculo da taxa de lixo, pois ele já possui a infor-
mação da área do imóvel para o cálculo do IPTU. A isso se soma um certo grau de justiça,
isto é, quem tem imóvel maior paga uma taxa maior. O Supremo disse que isso, por conse-
quência, acaba graduando a taxa de acordo com a capacidade econômica do contribuinte
(o imóvel maior, em tese, custará mais caro). Segundo o STF, o princípio da capacidade
contributiva foi previsto no art. 145, § 1º da CF/88 apenas para impostos, mas nada impede
que se aplique para outras espécies tributárias.
25m
a. Sobre essa afirmativa dispõe a Súmula Vinculante n. 29:

Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais ele-
mentos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade
entre uma base e outra.

O que não pode acontecer é que a base de cálculo da taxa pela coleta domiciliar de lixo
seja o valor venal do imóvel.
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b. O tributo é constitucional, mas não é pelo fato de que essa identidade da base de cálculo
atinja apenas contribuições. Pelo contrário, essa regra foi criada para as taxas. O art. 145,
§ 2º da CF/88 dispõe que as taxas não podem ter base de cálculo própria de imposto, além
disso, o art. 77, parágrafo único do CTN dispõe que a taxa não pode ter base de cálculo e
nem fato gerador idêntico ao que corresponde a imposto.
c. O índice/elemento que foi utilizado tem uma certa proporcionalidade, em regra, com o
custo do serviço normal – imóvel maior produz mais lixo e dará mais trabalho para o Estado
coletar. Quanto à identidade da base de cálculo, ela está conforme a Súmula Vinculante
29 transcrita acima.
d. O Supremo afirmou que a limpeza de logradouros públicos é um serviço público inespe-
cífico, indivisível e que beneficia toda a coletividade, não podendo, portanto, ser cobrada
taxa desse serviço. Já a taxa domiciliar de lixo não é inespecífica e indivisível, isso porque
é possível identificar como contribuinte da taxa o proprietário do imóvel. Por essa razão, o
Supremo editou a Súmula Vinculante n. 19, a qual dispõe que é constitucional a taxa pela
coleta, remoção, destinação, tratamento de lixo proveniente de imóveis, pois, nesse caso,
é possível identificar o proprietário do imóvel como usuário do serviço. Frise-se que essa
taxa é para apenas lixo proveniente de imóveis e exclusivamente para os serviços referi-
dos, não podendo ser utilizada para a limpeza de logradouros públicos. O exclusivamente
garante que o serviço é específico (só para essas coisas) e quando se diz que é provenien-
te de imóveis garante-se que ele é divisível.
30m

GABARITO
5. V
6. F
7. c
8. F
9. F
10. c
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Ricardo Alexandre.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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