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ngarcia@ga-p.com
1.Espécies de Tributos
Farto dos garridos reclamos e anúncios luminosos na cobertura de prédios
lisboetas, que segundo o presidente da CML desarmonizavam a estética da cidade e
afastavam os turistas, o executivo camarário de Lisboa apresentou à respetiva
Assembleia Municipal uma proposta de criação de uma Taxa Especial a incidir sobre
todo e qualquer objeto e estrutura publicitária colocado na cobertura ou telhado dos
imóveis sitos nos bairros históricos do Castelo, Mouraria, Príncipe Real e Chiado. Ainda
de acordo com a proposta, o tributo deveria assentar sobre (i) o valor tributário dos
prédios e, sempre que este valor se revele manifestamente desatualizado, (ii) sobre
uma ponderação da média dos rendimentos sujeitos a IRS declarados pelos
proprietários desses imóveis. A referida proposta propunha também a criação de
isenções específicas para (i) os imóveis cujo valor patrimonial não excedesse os € 2.500
e para (ii) as sedes dos partidos políticos.
Quid iuris?
Estamos no âmbito dos tributos, os quais são definidos como as receitas criadas pelo
estado ou outras entidades públicas para a satisfação de necessidades públicas e sem
função sancionatória. Existem 3 categorias de tributos reconhecidos no nosso
ordenamento jurídico (artigos 3 nº2 da LGT e 165/1/i da CRP), pelo que é importante
saber qual deles tratamos no caso. Importa referir ainda que se trata este de um
tributo fiscal, no qual o sujeito ativo é uma entidade pública de base territorial.
i)
Uma vez que o tributo recai sobre o valor tributário dos prédios, ou seja, é
quantificado sobre o valor dos mesmos de forma percentual, variando conforme varie
o valor destes (é ad valorum), será um imposto.
Não será uma taxa na medida em que não assenta num sinalagma jurídico no qual há
uma prestação pecuniária direta e uma imediata contraprestação pública, mas sim
numa prestação unilateral que servirá necessidades financeiras gerais (princípio da não
consignação orçamental).
O acórdão 313/92 do Tribunal Constitucional define que << Quando a atividade das
particulares sofre uma limitação, o tributo pago para retirar tal limitação só́ é
considerado «taxa» quando se traduza na dação de possibilidade de utilização de um
bem publico ou semipúblico>> pelo que, sendo estes imoveis bens privados, não
estaríamos perante taxas.
Não será uma contribuição especial na medida em que não estamos perante um
sinalagma difuso.
O tribunal Constitucional não considera os tributos extrafiscais impostos, pelo que não
estariam sujeitos à reserva de lei do art.º 165/1/i da CRP. De acordo com a regente,
isto, associado ao facto de o Tribunal Constitucional não usar o princípio da cobertura
dos custos resulta na não proteção do contribuinte (esta posição está no ac. 70/92 e
7/84.
Objeto: património
Proporcional
ii)
Relativamente à ponderação da média dos rendimentos declarados em IRS temos de
considerar que não existe aqui nenhuma contraprestação específica. É um imposto,
pois há́ uma tributação ad valorem.
2.
ii)
No que diz respeito às isenções, estas tratam-se de benefícios fiscais, que consistem
em desagravamentos fiscais que introduzem exceções à incidência tributária e que
prosseguem finalidades extrafiscais
O art. 2o/1 do Estatuto dos Benefícios Fiscais define os benefícios fiscais como “as
medidas de caráter excecional instituídas pela tutela dos interesses públicos
extrafiscais relevantes que sejam superiores aos da tributação que impendem.” Temos
de concretizar o significado de “interesses públicos extrafiscais relevantes superiores
aos da tributação”. Para tal podemos recorrer aos princípios materiais legitimadores
dos benefícios fiscais. Esses princípios são o principio do bem estar social como
princípio geral, que deve estar sempre presente como forma de controlar o arbítrio, o
princípio da proporcionalidade em sentido amplo (abrangendo os princípios da
necessidade, adequação e proporcionalidade) e o princípio do ganho ou do mérito.
Por serem exceções às normas de incidência, os benefícios fiscais violam o princípio
da igualdade. Assim, eles têm de ser justificados por princípios que se sobreponham à
igualdade e, em regra, devem ter uma duração limitada.
Portanto, tem de haver uma relação entre princípios fiscais legitimadores dos
benefícios fiscais e os princípios fiscais materiais. Deve ser avaliado se os princípios
fiscais devem prevalecer sobre a igualdade na vertente da capacidade contributiva,
progressividade e quaisquer outros limites fiscais materiais que sejam restringidos
pelos benefícios fiscais.
Por estarmos a falar de benefícios fiscais importa referir o art. 14oLGT, que considera
que a sua atribuição é concedida em função dos rendimentos do beneficiário ou do
seu agregado familiar e que depende do conhecimento da situação tributária global do
interessado.
Como podemos verificar, não é possível considerar, no caso concreto, que existe algum
princípio que se sobreponha ao princípio da igualdade.
Para além disso, a Câmara Municipal não podia criar este beneficio fiscal: nos termos
do art. 103o/2CRP, “os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a
taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes”. Ou seja, quem pode criar
este benefício fiscal é a Assembleia da República ou o Governo com a sua autorização.
Também neste caso estamos perante um beneficio fiscal e aqui estamos no âmbito da
extrafiscalidade, porque os tributos têm como finalidade principal ou secundaria
arrecadar receita. Os objetivos extrafiscais são uma exceção à capacidade contributiva
e, portanto, são uma exceção ao principio da igualdade, o que significa que têm de ser
justificados. O princípio da igualdade é um principio constitucional, o que significa que
deve existir um controlo cuidadoso por parte do Tribunal Constitucional relativamente
a este princípio.
Este beneficio fiscal, como é relativamente às sedes dos partidos políticos, tem caráter
objetivo. Seria subjetivo se apenas quisesse atribuir a isenção à sede dos partidos A, B
ou C.
Na prática, acha-se que é justificável porque sem partidos políticos não há Democracia.
Na anterior redação do art. 44o/1/d) estatutos fiscais previa-se a isenção de IMI para a
sede dos partidos políticos. Revogou-se esta alínea mas há outra que diz que tudo o
que tenha caráter público está isento, ou seja, os partidos políticos também estão.
Temos é de averiguar onde está o contributo para o bem-estar social.
Aula 13/10/23
Os advogados são categoria B retenção na fonte de 25% (código do IRS 101º 1 b))
Aula 17/10/23
Caso 2:
Ver o rendimento para saber se há retenção na fonte
Direito Fiscal sobrepõem-se aos outros direitos, aplica por cima a camada da
tributação. Vai buscar os conceitos aos outros ramos do direito, não precisa de criar
conceitos próprios.
Subcapitalização
Filial Têm personalidade e número fiscal próprio. Não são a mesma entidade.
Aula 31/10/23
No que diz respeito ao Princípio da Tipicidade Fiscal, disposto no art.º 103 nº2 CRP.
Este princípio diz respeito à tipicidade dos elementos essenciais do imposto conforme
dados pelo parlamento, de forma a que a carga fiscal seja previsível e quase calculável,
dizendo então respeito ao an e ao quantum da obrigação tributária.
O an consiste, fazendo uma interpretação em sentido amplo como defende a
professora APD, em todos os elementos que contribuem para a qualificação do
imposto (tapestandi sistemático, incluindo tudo menos a taxa), de modo a operar a
função garantísta deste princípio, e a previsão normativa do montante a pagar uma
vez que o imposto é uma limitação ao direito de propriedade individual.
O quantum é a taxa.
Tapestandi:
Sujeito Ativo AT
Sujeito Passivo Restaurantes e consumidores
Objeto Consumo
Classificação:
Este imposto foi criado por decreto-lei simples, ou seja, não autorizado (a lei exige que
seja feito por DL autorizado artº165 nº1 i) e nº2).
No entanto, neste caso nada disto é cumprido, nem a autorização da AR, nem a tripla
função desta autorização, porque é apenas um decreto-lei simples, o que constitui
uma inconstitucionalidade orgânica, isto porque estamos perante um imposto.
Se estivéssemos perante uma taxa o Governo poderia legislar, porque não existe
reserva de lei, sendo a defesa dos particulares feita por intermédio do princípio do
custo-benefício.
Portaria
a) O princípio da tipicidade fiscal não é violado com a vaguidade da lei, desde que a
orientação política quanto aos elementos essenciais seja dada pelo Parlamento e o
Governo-legislador concretize as autorizações parlamentares quanto a esses
elementos essenciais, de forma a que a carga fiscal seja previsível e quase
calculável, pelo que aspetos técnicos podem ser concretizados por regulamento.
Deste modo, devemos averiguar se existem elementos que contribuem para a
quantificação do imposto, condição na qual já estaríamos perante violação da
reserva de lei. Parece-me que a densificação do conceito de “luxo” através de
portaria não contribui para a quantificação do imposto, e por isso não viola o
princípio da legalidade.
Quando pode haver determinação técnica a regulamentação é sempre
aceite/desejada.
104º nº4
O conteúdo mínimo é material (tem de haver norma) e não formal (taxa, incidência,
etc.).
O direito fiscal tem Tipos mais adaptáveis/abertos que o direito penal, o qual não
acompanha a evolução do comércio e da política.
b) Os benefícios fiscais são normas extrafiscais que prosseguem finalidades que são
diferentes da finalidade pública de obtenção de receitas (art.º 2 nº1 EBF), estes
constituem desagravamentos fiscais que introduzem exceições à incidência
tributária. Neste caso estamos perante uma isenção (art.º 2 nº2), tutelando o
interesse público de preservação do património gastronómico português, que é
superior ao interesse adstrito ao novo tributo criado pelo Governo. Estes
encontram-se submetidos a reserva de lei (103º/2).
Se tivesse sido criado por lei, ainda assim este benefício constitui uma violação do
princípio da igualdade, pelo que têm de ser justificados/legitimados por outros
princípios:
Alguém que tenha um restaurante de luxo e não seja abrangido pela isenção
estaria a ser discriminado quanto a outras pessoas. Existe na prática uma
harmonização fiscal indireta por via o TJUE que define que haverá discriminação de
um estrangeiro em relação a um nacional quando a criação de um tributo coloque
em causa uma das 4 liberdades fundamentais: livre circulação de pessoas, serviços,
moeda, etc.
4.Princípio da legalidade