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CASO ESPECIAL

O INVERNO DO NOSSO VERÃO

Escrito por
Likem Queiroz

Direção
Marco Rodrigo e Alexandre Boury

Núcleo
Roberto Talma
Personagens deste episódio

LISA
BEL
DANIEL
CADÚ

Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA e por conter informações confidenciais,
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previstas em lei e/ou contrato.”
CENA 01. CLIPE.

SONOPLASTIA – HUSH HUSH – PUSSYCAT DOLLS

AO SOM DA MÚSICA AINDA SÃO PASSADAS AS SEGUINTES CENAS:

1) CADÚ E LISA NO MAR, ELE A PEGA NO COLO E A BEIJA.

CADÚ – Eu te amo.

LISA – Eu também.

2) CADÚ E LISA DISCUTEM FORA DE ÁUDIO, NO QUARTO DELA, ELA

CHORA, ELE SE MOSTRA ARREPENDIDO E A TOMA EM SEUS BRAÇOS,

ELA INICIALMENTE REJEITA, MAS DEPOIS O BEIJA.

3) CADÚ E LISA ESTÃO SENTADOS DE FRENTE UM PRO OUTRO, DE MÃOS

DADAS, A CENA É TENSA.

CADÚ – Eu vou ter que ir embora.

LISA – Eu não acredito...

LISA E CADÚ SE ABRAÇAM.

CADÚ – Nem eu...

4) CADÚ E LISA NO AEROPORTO, UM CASAL ATRÁS (OS PAIS DELE). ELES

SE ABRAÇAM E SE BEIJAM.

CADÚ – Promete que nunca vai me esquecer?


LISA NÃO RESPONDE.

CORTA PARA:

CENA 02. QUARTO – INT. – NOITE.

SONOPLASTIA – RIGHT TO BE WRONG – JOSS STONE.

LISA ESTÁ NO COMPUTADOR, SOZINHA NO QUARTO. A MÚSICA VAI

BAIXANDO, OUVE-SE TOCAR O TELEFONE.

LISA (GRITA) – Bel, se for pra mim já sabe... Eu não estou.

BEL ENTRA NO QUARTO COM O TELEFONE.

BEL (AO TELEFONE) – Não, ela não está. (pausa) Não, eu não sei em que planeta

ela anda, talvez em um bem longe do seu.

BEL DESLIGA O TELEFONE.

BEL – Eu quero saber até quando você vai recusar esses telefonemas.

LISA – Até quando ele parar de ligar.


BEL – Ele não vai parar de ligar. Eu já estou cansada de ter que atender a esse bendito

telefone e dizer que você saiu, que já foi dormir, que está no banho... Você precisa

resolver o seu problema com o Cadú. E se você não fizer isso logo, eu que vou me

meter nessa história e dizer umas verdades pra esse cara.

LISA – Eu sei que já to enchendo o seu saco... Mas é que eu não quero mais ouvir a

voz dele, não quero mais ouvir o que ele tem a dizer, até mesmo por que eu não tenho

mais nada a falar.

BEL – Então de uma vez por todas, diga isso a ele.

LISA – E você acha que eu já não fiz isso?

BEL – Lisa, vocês não namoram mais, o Cadú foi embora para o Paraná... Por que

motivo ele insiste tanto nesse relacionamento?

LISA – Eu também não sei. Você acha que eu já não expliquei pra ele que manter um

namoro à distância é muito complicado? Se pelo menos a gente estivesse morando no

mesmo estado, mas ele está no Paraná e eu estou no Espírito Santo. É desconfortável, é

inviável.

BEL – Você ainda gosta dele, não é?


LISA – Eu não sei... Ele tem me deixado confusa.

BEL – Deixado confusa por quê?

LISA – Você sabe que o nosso namoro era cheio de problemas, embora a gente se

gostasse muito... Ele não era romântico, não me tratava bem na frente dos amigos dele,

tinha também um lado machista. Eu não sei como agüentamos ficar tanto tempo... E

quando ele foi embora, eu achei que ele logo ia me esquecer, o Cadú sempre foi

aparentemente mais forte.

BEL – Mas aí entra em cena aquela frase, que todo mundo conhece: A gente só dá

valor as coisas quando perde.

LISA – Exatamente. Ele teima em não me esquecer, fica dizendo que eu sou a mulher

da vida dele e que sem mim o mundo dele é preto e branco, diz também que todos

aqueles problemas relacionados ao machismo e ao orgulho dele foram resolvidos... Eu

não sei se devo acreditar. (pausa) Ele me propôs um namoro à distância, não por muito

tempo e que ele voltaria para me buscar...

BEL – E você pretende esperar?

LISA – Não sei... O que você faria no meu lugar?


BEL – Bem, se eu estivesse em seu lugar eu não esperaria. O amor tem que ser muito

forte pra agüentar essa distância toda... O Cadú não trabalha e depende dos pais dele,

que, diga-se de passagem, não gostam de você. E se todas essas promessas de

mudança não forem verdade? E se ele te trair? Em quanto tempo ele disse que

voltaria?

LISA – Um ano.

BEL – Um ano? Pode até ser que eu esteja errada, você conhece ele mais do que eu,

mas eu não acho que ele vai ficar sem ninguém tanto tempo... Talvez ele te ame

mesmo de verdade, mas se fosse comigo eu não esperaria esse tempo todo, é hora de

se permitir, se permitir encontrar a felicidade em outros meios, em outras vias...

Encontrar a felicidade em si mesma. Você é jovem Lisa, o Cadú foi o seu primeiro

namorado, outros virão.

LISA – Eu sei... É que tudo o que nós vivemos foi tão intenso e verdadeiro, apesar de

todos os desencontros... A gente tinha alcançado uma intimidade que poucos casais

conseguem, nos conhecíamos muito bem, é difícil imaginar outra pessoa ao meu lado.

Não sei se dá pra entender, mas o problema não está no fato de ter que trocar o

namorado, está no fato de que esse namorado não será ele. Estou confusa.
BEL – Pelo visto então você ainda gosta dele e muito... Lisa, como eu te disse, o Cadú

é o seu primeiro namorado, mas você fala como se ele fosse o último. Qual é? Você

acabou de entrar na faculdade, muitas portas se abrirão, outros homens aparecerão e

muita coisa está por vir... Tudo bem que ainda é recente, tem pouco mais de um mês

que ele foi embora, mas mesmo assim eu acho que você deveria experimentar o

gostinho da liberdade... Você ainda lembra quem você é sem o Cadú do lado?

LISA – Não, acho que não... Eu me doei tanto a esse relacionamento, mais do que ele,

muito mais... Mas é que agora ele veio com esse papo de que mudou, de que está

arrependido, eu to perdida.

BEL – Encontre-se. Pense mais em você, na sua vida e no seu futuro. Eu sei que não é

fácil, mas deixa a dor doer, até a última gota. Tudo passa.

BEL ALISA OS CABELOS DE LISA.

CORTA PARA:

CENA 03. ÔNIBUS. INT. – DIA.

LISA E BEL ESTÃO NO ÔNIBUS.

LISA – Ontem à noite o Cadú me mandou umas mensagens.


BEL – Dizendo o quê?

LISA – O mesmo de sempre, colocou trechos de músicas que marcaram o nosso

namoro... Ele sabe quais são os meus pontos fracos.

BEL – Eu quero saber onde isso vai parar.

LISA – Não mais do que eu, pode acreditar. Mas eu vou resolver isso hoje, nem um

dia a mais.

BEL – Assim eu espero.

CORTA PARA:

CENA 04. SALA DE AULA. INT. – DIA.

A SALA ESTÁ LOTADA, O PROFESSOR EXPLICA A MATÉRIA. CLOSE EM

LISA, QUE ESTÁ DESLIGADA DA AULA, A CABEÇA BAIXA. UM

PAPELZINHO CAI EM SUA CARTEIRA, ELA ABRE E LÊ SOMENTE PARA SI.

SORRI. OLHA PARA TRÁS, DANIEL ACENA E SORRI, ELA RETRIBUI.

CORTA PARA:
CENA 05. LANCHONETE DA FACULDADE. INT. – DIA.

LISA ESTÁ SENTADA EM UMA DAS MESAS, LENDO UM LIVRO. DANIEL SE

APROXIMA COM UMA BANDEIJA NAS MÃOS, NELA ESTÃO DOIS SUCOS.

DANIEL – Posso sentar aqui?

LISA – Claro que pode.

DANIEL SENTA.

DANIEL – Trouxe até um suco pra você, pra ver se melhora essa carinha...

LISA – Não precisava, você é um amor.

DANIEL – Mamãe também acha. (pausa) Agora falando sério... Ta acontecendo

alguma coisa?

LISA – Não, nada.

DANIEL – Nada mesmo? E está pensativa assim por quê?


LISA – Problemas, problemas...

DANIEL – E eu posso ajudar a encontrar a solução desses problemas?

LISA - Acho que não.

DANIEL – É relacionado com o Cadú. Acertei?

LISA – Acertou.

DANIEL – Ele tem conversado comigo, ele sabe que nós somos amigos e quer que eu

convença você a voltar pra ele... Eu nem sabia que vocês tinham terminado.

LISA – Não tinha como continuar.

DANIEL – Depois que ele me contou como as coisas aconteceram, eu disse a mesma

coisa... Mas ele me disse que...

LISA – Eu sou a mulher da vida dele e que ele não sabe mais viver sem mim.

DANIEL – Pelo visto o discurso dele já está manjado.

LISA – Meus ouvidos que o digam.


DANIEL – Mas você pretende fazer o quê?

LISA – Eu demorei muito a aceitar isso, mas não dá mais... Eu ainda gosto dele, mas

acho que agora eu preciso viver a minha vida e não a vida dele. Dan, você é meu

amigo, sabe o que eu passei nesse período que namorei o Cadú. Não foi fácil, mas é

que o nosso sentimento sempre foi mais forte. Só não sei se ele será mais forte que a

distância.

DANIEL – Eu não sei o que te dizer, nunca passei por uma situação parecida com

essa... Mas eu sei o quanto nós somos amigos, posso não ser bom nas palavras, mas

sou bom com sentimentos e os meus por você são verdadeiros. Pode contar comigo

pro que for...

LISA – Eu sei disso. Você é um amigo e tanto...

LISA DEITA NO OMBRO DE DANIEL.

CORTA PARA:

CENA 06. QUARTO – INT. – NOITE.


LISA ESTÁ NO QUARTO LENDO UM LIVRO, O TELEFONE TOCA. LISA SE

ASSUSTA E SAI DO QUARTO CORRENDO.

CORTA PARA:

CENA 07. SALA. INT. – NOITE.

LISA DESCE CORRENDO AS ESCADAS.

LISA – Deixa que eu atendo Isabel!

BEL [ENTRANDO NA SALA] – Fique a vontade.

LISA ATENDE.

LISA – Alô.

CADÚ – Lisa?

LISA – Sim, sou eu.

LISA SENTA NO SOFÁ.


CADÚ – Finalmente disponível pra atender ao telefone... Pensei até que não queria

mais falar comigo.

LISA – E eu não queria mesmo.

CADÚ – Como assim, não queria?

LISA – Não querendo... Estava adiando a conversa que teremos hoje.

CADÚ – Você pensou em tudo que eu te falei?

LISA – Pensei, pensei muito...

CADÚ – Então você deve ter percebido que eu mudei.

LISA – Percebi... Mas como eu posso garantir que todas essas transformações são

verdadeiras?

CADÚ – Confiando em mim.

LISA – Cadú, ninguém muda em um mês, aliás, você não mudaria em um mês. Te

conheço o bastante para afirmas isso.


CADÚ – Então você não acredita mais nas coisas que eu falo?

LISA – Isso é você quem está dizendo.

CADÚ – Lisa, o que você quer que eu faça?

LISA – Eu quero que você viva a sua vida e deixe que eu viva a minha, separados.

CADÚ – Meu Deus, e qual a dificuldade de entender que eu te amo?

LISA – E qual a dificuldade de entender que não daria certo? (pausa) Carlos, é uma

questão de bom senso e não de sentimento. Será que você não percebe que você está a

centenas de quilômetros de mim...

CADÚ – Mas é que...

LISA – Eu acho melhor a gente terminar de uma vez por todas.

CADÚ – Me escuta, eu tenho amigos que namoram a distância e que dá super certo...

Por que com a gente não iria dar?


LISA – Porque eu te conheço e me conheço também... Você acha mesmo que ficaria

um ano sem ninguém? Eu consigo segurar a onda, mas você eu não tenho tanta

certeza...

CADÚ – Depois de tudo o que eu te disse, depois de todas as mensagens... Mais do

que isso, depois de tudo o nós vivemos, agora você vem me dizer que não quer mais?

LISA – Para de drama... Pode acreditar, vai ser melhor pra nós dois.

CADÚ – Você está sendo egoísta demais, fria demais. Eu posso até não ter mudado

em um mês, mas você conseguiu. Está jogando os meus sentimentos na lata do lixo.

Deve ser muito fácil pra você me chutar para fora da sua vida. Deve ter outro homem

na jogada...

LISA – Deixa de ser ridículo! Eu não estou sendo egoísta e se estivesse, estaria no

meu direito. Porque essas mudanças vieram somente agora? O tempo de mudar era

outro...

CADÚ – Mas eu não sabia que gostava tanto de você, eu não fazia idéia... Como eu ia

adivinhar que ia te perder um dia?

LISA – Cadú, não insiste mais...


CADÚ – Insisto sim, e insistirei até que você mude de idéia...

LISA – Não faz isso comigo...

CADÚ – Quantas vezes eu vou ter que repetir que amo você?

LISA – Não adianta mais... Eu não quero mais sofrer, durante todo o tempo em que

estive com você, eu abri mão de fazer as coisas que eu queria, quando você precisava

de colo, de carinho eu estava lá e você não soube valorizar, não foi sensível o bastante

para perceber que eu te amava de verdade. (pausa) Eu não estou jogando tudo na lata

do lixo... Foi bom, foi ótimo, foi verão, foi desprendimento... Mas agora não é mais

nada.

CADÚ – Eu sei que errei... Mas eu já te disse, não imaginava que gostava tanto de

você...

LISA – Cadú, eu não quero mais falar, não gosto de me repetir. Por mim, está tudo

acabado...

CADÚ – Você não tem esse direito...

LISA – Claro que tenho... Estou falando da minha vida.


CADÚ – Quando eu vim embora, deixei parte de mim com você...

LISA – Para com isso. Experimente viver a sua vida, que bobagem... Você sempre

viveu a sua vida, eu que abri mão da minha por você. (pausa) Eu vou desligar, depois a

gente conversa, mas dessa vez como amigos, não como namorados...

CADÚ – Você não vai deixar de ser minha namorada...

LISA – Se você prefere acreditar nisso, eu não posso fazer nada, iluda-se sozinho.

CADÚ – Claro que pode...

LISA – Mas eu não quero.

LISA DESLIGA O TELEFONE.

LISA – Acabou.

CORTA PARA:

CENA 08. PAISAGENS CAPIXABAS – INT. – DIA.

SONOPLASTIA – O QUE ME IMPORTA – MARISA MONTE.


IMAGENS MOSTRANDO O AMANNHECER DO ESPIRÍTO SANTO, IMAGENS

DA CIDADE DE VITÓRIA E DAS PRAIAS. LISA CAMINHA PELA PRAIA,

TOMANDO ÁGUA DE CÔCO, BASTANTE PENSATIVA, ELA LEMBRA DA

CONVERSA COM CADÚ DO DIA ANTERIOR.

CADÚ [EM OFF] – Lisa, o que você quer que eu faça?

LISA [EM OFF] – Eu quero que você viva a sua vida e deixe que eu viva a minha,

separados.

CADÚ [EM OFF] – Meu Deus, e qual a dificuldade de entender que eu te amo?

LISA [EM OFF] – E qual a dificuldade de entender que não daria certo? (pausa)

Carlos, é uma questão de bom senso e não de sentimento. Será que você não percebe

que você está a centenas de quilômetros de mim...

CADÚ [EM OFF] – Mas é que...

LISA [EM OFF] – Eu acho melhor a gente terminar de uma vez por todas;

CORTA PARA:
CENA 09. FACULDADE. EXT. – DIA.

LISA E DANIEL ENTRAM NA FACULDADE, PASSAM PELO JARDIM DO

LUGAR.

DANIEL – Conversou com ele ontem?

LISA – Conversei. E tentei terminar tudo... Mas ele não aceitou, e não vai aceitar tão

cedo.

DANIEL – Ele me mandou um e-mail, pedindo pra ajudar ele, pra eu conversar com

você... Pediu pra que eu fosse sincero com ele e eu fui...

LISA – O que você disse?

DANIEL – A verdade. Disse que você não estava acreditando nessas mudanças dele e

nem eu... E que se ele quisesse continuar com você, não era pra forçar a barra. Ele até

me disse que ficou com outra menina, mas que quando a beijava, era em você que ele

pensava.

LISA – Ta vendo Daniel, isso ele não tinha me contado. Se em pouco mais de um mês

ele já ficou com outra menina... Imagina em um ano? (pausa) Nessas horas que eu
percebo como mentir por telefone é fácil, dia desses ele me disse que não ficou e não

ficaria com ninguém.

DANIEL – Vai ver foi uma tentativa de te esquecer.

LISA – Eu acho que não... O Cadú sempre gostou de se mostrar superior a mim e a aos

nossos sentimentos, isso na frente dos outros. Ele ficou com essa menina aí só pra

alimentar o próprio ego, pra mostrar para os novos amigos que ele não ligava em ter

que deixar uma namorada pra trás. Idiota.

CORTA PARA:

CENA 10. QUARTO DE LISA. – INT – DIA.

LISA E BEL ESTÃO NO QUARTO.

LISA – Ele me mandou um e-mail.

BEL – E você vai abrir?

LISA – Tenho que abrir.


A TELA DO COMPUTADOR TOMA O PLANO. VEMOS UMA CAIXA DE

ENTRADA COMUM DE E-MAIL. O CURSOR DO MOUSE CLICA NA

PRIMEIRA MENSAGEM, QUE TOMA CONTA DA TELA.

SONOPLASTIA – CRY BABY CRY – JOSS STONE

A MÚSICA É BAIXA, A VOZ DE LISA SOBREPÕE O SOM DA MÚSICA.

LISA [EM OFF] – Pois bem... Você venceu, eu não vou mais te procurar, não vou

mais insistir. Talvez não valha mesmo a pena, conversei com o Daniel ontem e ele

abriu o jogo pra mim... Peraí, a quem eu quero enganar? Eu ainda te amo. Lisa, o meu

futuro está em suas mãos, se você me quiser eu volto. Se não for pra ficar com você...

Eu prefiro ficar aqui no Paraná e levar a minha vida, sozinho. Eu sou capaz de largar

tudo aqui... Eu sei que dependo financeiramente do meu pai, mas eu estou disposto a

construir o meu futuro ao seu lado, falta apenas um semestre para que eu termine a

faculdade... A gente pode ser muito feliz, eu sei disso. O nosso futuro está em suas

mãos.

O VOLUME DA MÚSICA É DECRESCENTE, ATÉ QUE PARE TOTALMENTE.

LISA E BEL VOLTAM A SER MOSTRADAS.


BEL – Ele pegou pesado agora, colocou o destino dele em suas mãos. Uma

responsabilidade muito grande... O que você vai fazer?

LISA – Vou responder o e-mail. Responder dizendo que eu não tenho que escolher

nada, não namoro mais com ele, deixei isso claro no telefone. As escolhas que cabem a

mim são as escolhas correspondentes a minha vida particular. (pausa) Bel, o bom

encontro é de dois, pode parecer óbvio, mas é verdade. Ninguém vive um namoro

sozinho, amor é outra coisa... Isso aqui é perseguição. E tudo que prende, que força,

não é amor...

BEL – Mas pelo visto ele não entendeu ainda...

CORTA PARA:

CENA 11. QUARTO DE LISA. INT. – NOITE.

SONOPLASTIA – CONTINUAÇÃO DA MÚSICA ANTERIOR. DE ONDE ELA

PAROU.

A LUZ DO QUARTO ESTÁ APAGADA, A ÚNICA ILUMINAÇÃO DO

AMBIENTE É A DO COMPUTADOR, ONDE LISA ESTÁ SENTADA. CLOSE

NOS DEDOS DE LISA, QUE DIGITA MUITO RÁPIDO. A CÂMERA GIRA EM

TORNO DELA, ALTERNA ENTRE SEU ROSTO E SUAS MÃOS.


LISA [EM OFF] – Por que você quer que eu escolha o seu futuro? O destino é seu e eu

não sou mais a sua namorada... Você deve estar pensando que é muito fácil para mim

terminar com tudo o que vivemos, acha que eu não sinto saudade? (pausa) Eu sempre

fui mais forte que você, a diferença está aí... Você pensa que não dói em mim? Eu

também amo você, não como antes, que fique bem claro, mas sei que vai passar

porque tudo na vida passa, com a gente não vai ser diferente. Mas agora é hora de

pensar em mim, somente em mim, no meu futuro e no que eu planejo para ele e são

muitos planos, pode crer. Eu não sei como vou te esquecer, nem quando isso

acontecerá... O bom senso é a lei do meu coração e estou utilizando ele mais do que

nunca. Cadú, eu não preciso mais pensar em nada, você que precisa cair na real e

perceber que pra frente é que se anda. Eu não duvido que você tenha mudado, mas

como vou provar isso? Por telefone? Por e-mail? (pausa) Palavras não sustentam uma

relação, atitudes sustentam e é delas que eu preciso para acreditar no nosso futuro que

você tanto diz e tanto promete... Você está prestes a se formar e tem uma vida inteira

pela frente... Quem sabe os nossos caminhos se cruzam novamente? E se rolar, rolou.

[pausa] Pensa em tudo o que eu te disse todos esses dias, faça como você sempre fez,

pense em você... E você está me achando egoísta? Pelo menos alguma coisa eu aprendi

contigo. Esse é o inverno do nosso verão, a estação já terminou meu caro. Um beijo,

Lisa.

CORTA PARA:
FIM

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