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Direito Tributário - Prof. Rodrigo Martins

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Sumário

Impostos federais............................................................................................................................................... 4

1 - Imposto de Importação ............................................................................................................................ 4

2 – Imposto de Exportação .......................................................................................................................... 14

3 – Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza .................................................................. 21

4 – Imposto sobre Produtos Industrializados .............................................................................................. 31

5 – Imposto sobre Operações Financeiras ................................................................................................... 50

6 – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ...................................................................................... 60

7 – Imposto sobre Grandes Fortunas .......................................................................................................... 72

Questões inéditas comentadas........................................................................................................................ 73

Gabaritos e comentários.................................................................................................................................. 76

Considerações finais ........................................................................................................................................ 79

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Queridos OABeiros!

Vamos dar continuidade aos estudos de DIREITO TRIBUTÁRIO PARA A 1ª FASE DO EXAME UNIFICADO DA
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL.

Nesta aula nos dedicaremos ao estudo dos impostos federais em espécie.

Como de praxe, deixo abaixo os meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões.

Um forte abraço!

Prof. Rodrigo Martins

@professorrodrigomartins

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

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IMPOSTOS FEDERAIS
Iremos estudar, neste livro digital, os impostos ordinários da competência tributária da União, ou seja, os
impostos federais em espécie, previstos no art. 153 da CF/88:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Vejamos as principais características de cada um desses impostos:

1 - Imposto de Importação

O inciso I do art. 153 da Constituição Federal atribui competência à União para instituir o II – Imposto de
Importação:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


I – importação de produtos estrangeiros;
(...).

A compreensão dessa norma constitucional atributiva de competência tributária depende da compreensão


dos termos (1) importação, (2) produtos e (3) estrangeiros:

1) Importação: corresponde à entrada de um produto estrangeiro no território nacional com a finalidade


de sua incorporação à economia interna, ou seja, o ingresso não será provisório.

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Atenção: o intuito de incorporação do produto à economia nacional é fundamental para


a caracterização do fato gerador do II - Imposto de Importação. Assim, meros ingressos
temporários (quando um bem entra fisicamente no país, porém, sem a finalidade de ser
integrado à economia nacional, como, por exemplo, para exibição em feiras ou
congressos, bagagens de pessoa em trânsito etc.) não caracterizam o fato gerador do
imposto. Logo, o mero trânsito do produto não pode ensejar a incidência do imposto.

Por exemplo: se alguém adquirir um veículo automotor de procedência estrangeira para


utilizá-lo no Brasil de modo definitivo estará praticando uma operação de importação (o
bem estará sendo incorporado à economia nacional); diferentemente, se alguém trouxer
uma obra de arte tão somente para fins de exposição numa amostra no Brasil durante
determinado tempo, com subsequente devolução, não terá havido importação, pois o
bem, muito embora tenha ingressado fisicamente no país, não "veio" com a finalidade de
ser integrado à nossa economia.

2) Produto: tudo aquilo que é produzido, seja pelo Homem ou pela natureza, sendo irrelevante se a sua
destinação é o consumo ou a comercialização.

Portanto, incide o Imposto de Importação até mesmo quando um produto é adquirido


para consumo próprio, como, por exemplo, um computador que a pessoa compra em
viagem ao exterior para o seu uso pessoal no Brasil.

3) Estrangeiros: que tenha origem em outro país, por ter sido nele produzido.

Esses aspectos permitem compreender os limites da competência tributária que a CF/88 atribui à União
quanto à instituição do II - Imposto de Importação. Ao institui o imposto por meio da sua própria lei, a
União deve observar esses limites constitucionais.

Compreendidos tais aspectos gerais, de nível constitucional, vejamos, então, a disciplina infraconstitucional
do imposto em estudo.

- Fato gerador:

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Tem-se como "fato gerador" é o acontecimento, no mundo dos fatos, da conduta genericamente descrita
na lei, caracterizada por um verbo e um complemento.

O fato gerador do II - Imposto de Importação é definido, pois, no art. 19 do CTN:

CTN: Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos


estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional.

É possível observar, pois, que o legislador complementar observou aqueles parâmetros constitucionais ao
definir o fato gerador do imposto em questão.

Sabemos, no entanto, que a Constituição Federal e o CTN não criam (instituem) tributos; a CF/88 dá
competência (poder para tributar) e o CTN traz normas gerais.

É no âmbito da legislação local (legislação federal, estadual, municipal e do Distrito Federal), pois, que os
tributos são de fato instituídos.

Pois bem. O II - Imposto de Importação fora instituído pelo Decreto-lei nº 37/66, recepcionada pela Ordem
Constitucional em vigor com o status de lei em sentido estrito (pois essa exigência de legalidade em sentido
estrito quanto à sua instituição adveio com a CF/88), semelhantemente com o que ocorrera com o CTN, que
fora recepcionado com status de Lei Complementar, conforme já estudamos.

Em consonância com o inciso I do art. 153 da CF/88 (norma atributiva de competência tributária e que
delimita o âmbito de incidência do imposto) e com o art. 19 do CTN (que traz normas gerais sobre o imposto,
em âmbito nacional), o art. 1º, § 1º, desse Decreto-lei dispõe sobre o seu fato gerador:

DL nº 37/66: Art.1º - O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria estrangeira


e tem como fato gerador sua entrada no Território Nacional. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
§ 1º - Para fins de incidência do imposto, considerar-se-á também estrangeira a mercadoria
nacional ou nacionalizada exportada, que retornar ao País, salvo se: (Incluído pelo Decreto-
Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
a) enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado; (Incluído pelo Decreto-Lei
nº 2.472, de 01/09/1988)
b) devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição; (Incluído pelo
Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
c) por motivo de modificações na sistemática de importação por parte do país importador;
(Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
d) por motivo de guerra ou calamidade pública; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de
01/09/1988)

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e) por outros fatores alheios à vontade do exportador. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472,
de 01/09/1988)
(...).

Pois bem: muito embora o caput se refira à "mercadoria", deve-se ler "produto".

Portanto, com as especificidades descritas no referido dispositivo, o fato gerador do Imposto de Importação
é a entrada, no território nacional, de produto provenientes de outro país.

Atenção: importa reiterar que a “entrada” que caracteriza o fato gerador é aquela que
ocorre com a finalidade de incorporar o produto à economia nacional.

O § 2º do dispositivo em questão prevê hipótese de entrada presumida de produto estrangeiro no território


nacional:

DL nº 37/66: Art.1º - O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria estrangeira


e tem como fato gerador sua entrada no Território Nacional. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
(...)
§ 2º - Para efeito de ocorrência do fato gerador, considerar-se-á entrada no Território
Nacional a mercadoria que constar como tendo sido importada e cuja falta venha a ser
apurada pela autoridade aduaneira. (Parágrafo único renumerado para § 2º pelo Decreto-
Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
§ 3º - Para fins de aplicação do disposto no § 2º deste artigo, o regulamento poderá
estabelecer percentuais de tolerância para a falta apurada na importação de granéis que,
por sua natureza ou condições de manuseio na descarga, estejam sujeitos à quebra ou
decréscimo de quantidade ou peso. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
(...).

E o § 4º dispõe, por sua vez, sobre as hipóteses em que o imposto não incide:

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DL nº 37/66: Art.1º - O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria estrangeira


e tem como fato gerador sua entrada no Território Nacional. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
(...)
§ 4o O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira: (Incluído pela Lei nº 10.833, de
29.12.2003)
I - destruída sob controle aduaneiro, sem ônus para a Fazenda Nacional, antes de
desembaraçada; (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010)
II - em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente destruída; ou (Incluído pela Lei nº
10.833, de 29.12.2003)
III - que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto na hipótese em que não seja
localizada, tenha sido consumida ou revendida. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)

Em todas essas hipóteses do § 4º não houve a incorporação do produto à economia nacional, ou seja, não
houve a perfeita configuração do fato gerador do imposto, impedindo, assim, o respectivo surgimento da
obrigação tributária.

- Critério temporal:

O critério temporal corresponde ao "momento" em que se considera ocorrido o fato gerador do tributo, ou
seja, ao momento em que surge a obrigação tributária.

Assim sendo, quando se considera ocorrida “a entrada” para fins de caracterização do fato gerador do
Imposto de Importação? É quando o produto proveniente do exterior entra “fisicamente” no território
nacional?

Não! O fato gerador não ocorre com a mera “entrada física”.

A "entrada" que desencadeia o fato gerador é a entrada jurídica do produto em território nacional, que
ocorre no momento do registro da Declaração de Importação (DI) junto à repartição aduaneira, conforme
disposto no Decreto-lei nº 37/1966:

DL nº 37/66: Art. 23 - Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo,


considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição aduaneira, da
declaração a que se refere o artigo 44.
DL nº 37/66: Art. 44 - Toda mercadoria procedente do exterior por qualquer via, destinada
a consumo ou a outro regime, sujeita ou não ao pagamento do imposto, deverá ser
submetida a despacho aduaneiro, que será processado com base em declaração
apresentada à repartição aduaneira no prazo e na forma prescritos em regulamento.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988)

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Portanto, atenção: considera-se ocorrido o fato gerador do II - Imposto de Importação


no momento do registro da Declaração de Importação (DI) junto à repartição aduaneira;
não é no momento da entrada meramente física do produto.

Por exemplo: se determinado produto advindo de país estrangeiro for desembarcado de


um navio num porto localizado em território brasileiro, terá ocorrido a sua mera entrada
física no país, que não é suficiente para desencadear a obrigação tributária; quando
houver o respectivo registro da Declaração de Importação (DI) desse produto junto à
repartição aduaneira, aí sim terá ocorrido o fato gerador do II - Imposto de Importação,
pois esse registro corresponde à entrada jurídica do produto no território nacional.

- Critério espacial:

O critério espacial corresponde ao "local" em que se considera ocorrido o fato gerador do tributo, ou seja,
ao local onde a conduta (fato gerador) deve ser praticada para fins do desencadeamento da obrigação
tributária.

No caso do imposto em estudo, o critério espacial corresponde a todo o território nacional, que é o
território aduaneiro brasileiro, nos termos do art. 33 do Decreto-lei nº 37/1966.

- Sujeito ativo:

O sujeito ativo é a União, a quem compete instituir, arrecadar e fiscalizar o imposto em estudo.

- Sujeito passivo:

Sujeito passivo é aquele que tem o dever de cumprir a obrigação tributária, podendo ser o contribuinte ou
o responsável tributário.

O contribuinte do II - Imposto de Importação é definido nos arts. 22 do CTN e 31 do Decreto-lei nº 37/1966:

CTN: Art. 22. Contribuinte do imposto é:


I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

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DL 37/66: Art. 31 - É contribuinte do imposto: (Redação pelo Decreto-Lei nº 2.472, de


01/09/1988)
I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria
estrangeira no Território Nacional; (Redação pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente;
(Redação pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
III - o adquirente de mercadoria entrepostada. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de
01/09/1988)

Os responsáveis estão indicados, por sua vez, no art. 32 do Decreto-lei nº 37/1966:

DL 37/66: Art . 32. É responsável pelo imposto: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472,
de 01/09/1988)
I - o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle
aduaneiro, inclusive em percurso interno; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de
01/09/1988)
II - o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria
sob controle aduaneiro. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988)
Parágrafo único. É responsável solidário: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2158-
35, de 2001)
I - o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do
imposto; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2158-35, de 2001)
II - o representante, no País, do transportador estrangeiro; (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2158-35, de 2001)
III - o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação
realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 2158-35, de 2001)
c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação
realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; (Incluída
pela Lei nº 11.281, de 2006)
d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira
de pessoa jurídica importadora. (Incluída pela Lei nº 11.281, de 2006)

- Base de cálculo:

A base de cálculo de um imposto corresponde ao valor sobre o qual será aplicado o percentual (%) da
alíquota. A base de cálculo "valora", isto é, "dimensiona economicamente' o fato gerador, ao estipular o seu
"valor".

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A base de cálculo do II - Imposto de Importação é prevista no art. 20 do CTN:

CTN: Art. 20. A base de cálculo do imposto é:


I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência,
para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da
arrematação.

A base de cálculo do Imposto de Importação foi objeto de questionamento no XXXIII Exame Unificado de
Ordem:

(XXXIII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Um carregamento de computadores foi abandonado no porto


pelo importador, que não chegou a realizar o desembaraço aduaneiro dentro do prazo previsto na
legislação tributária. Por isso, a autoridade tributária, após o devido processo legal, aplicou a pena de
perdimento e realizou leilão para alienação dos computadores. Diante dessa situação, a base de cálculo
do imposto sobre a importação incidente na hipótese será o valor:
A) de mercado dos bens.
B) da arrematação.
C) arbitrado pela autoridade tributária.
D) estimado dos bens, deduzindo-se os custos com armazenagem e as comissões do leiloeiro público.
Comentários:
Conforme disposto no art. 20, inciso III, do CTN (acima transcrito), a base de cálculo relativa ao problema em
questão é o valor da arrematação, estando correto o que se afirma na alternativa “b”.

- Alíquota:

A alíquota corresponde, por sua vez, ao percentual (%) que será aplicado sobre a base de cálculo de um
imposto. Essa operação aritmética (aplicação do % da alíquota sobre a base de cálculo) permitirá apurar
exatamente o quantum devido a título do tributo.

Pois bem. Conforme já vimos ao estudarmos os Princípios do Direito Tributário, o texto constitucional
estipulou exceções ao Princípio da Estrita Legalidade Tributária quanto à majoração ou diminuição do
percentual da alíquota de determinados impostos. Importa-nos aquelas exceções previstas no artigo 153, §
1º, dentre as quais se encontra-se o II Imposto de Importação em estudo:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


I - importação de produtos estrangeiros;

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(...)
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
(...).

Atenção: em cumprimento ao Princípio da Estrita Legalidade (art. 150, I, da CF/88), todos


os impostos previstos no art. 153 da CF/88 devem ser instituídos (criados)
necessariamente por meio de lei (essa é a regra, sem exceções). A lei criadora deve fixar
as alíquotas máxima e mínima de cada um desses impostos. Com base nesses parâmetros
(alíquota mínima e máxima determinada em lei), o Poder Executivo poderá aumentar ou
diminuir o percentual por meio de ato infralegal, mas, atenção, sempre respeitando o
máximo e o mínimo estipulado em lei.

Por exemplo: imaginemos que a lei criadora do II – Imposto de Importação tenha criado
como parâmetro mínimo a alíquota de 0% (zero por cento) e como parâmetro máximo a
alíquota de 30% (trinta por cento). Fora obedecido, portanto, o Princípio da Estrita
Legalidade quanto à criação do tributo, pois a criação se deu por meio de lei, que previu
aqueles limites. Ocorre que dentro desses limites (de 0 a 30%) poderá o Poder Executivo,
por meio de ato infralegal, aumentar ou diminuir o tributo, desde que obedeça, reitera-
se, aos limites legais (de 0 a 30%).

Pois bem. O CTN tem uma regra parecida com aquela constante no § 1º do art. 153 da CF/88. Vejamos:

CTN: Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei,
alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da
política cambial e do comércio exterior.

Contudo, a parte do dispositivo que permite a alteração da "base de cálculo" por ato infralegal não foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, razão pela qual tachamos o texto.

De fato, o § 1º do art. 153 da CF/88 só permite a alteração da alíquota, e não da base de cálculo, que só pode
ser alterada por lei.

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Logo, importa reiterar: a parte do art. 21 do CTN que permite a alteração da base de
cálculo do Imposto de Importação por ato infralegal não foi recepcionada pela Constituição
Federal em vigor, não podendo, assim, ser aplicada.

Essa permissão constitucional de alteração das alíquotas por meio de ato infralegal é fundamentada na
função extrafiscal1 do Imposto de Importação.

Também já vimos na aula de Princípio de Direito Tributário que o II - Imposto de Importação não se subordina
aos Princípios da Anterioridade de Exercício e da Anterioridade Nonagesimal, nos termos do § 1º do art. 150
da CF/88:

CF/88: Art. 150. É vedado...


(...)
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
(...)
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts.
148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

O constituinte dispensou a aplicação dos referidos princípios ao II - Imposto de Importação justamente em


razão de sua função extrafiscal.

1
Já vimos em lições anteriores que imposto com função extrafiscal é aquele cuja finalidade não é somente arrecadar dinheiro
aos cofres público, mas também intervir na sociedade e no domínio econômico (induzir comportamentos). Assim, por exemplo,
pode-se utilizar um tributo extrafiscal para evitar que uma atividade prejudicial à economia prospere “a todo vapo r”. É o que
acontece com o estabelecimento de alíquotas altas para importação de mercadorias, quando existam similares nacionais. Usa -
se o tributo, assim, para desestimular a importação. Não tem aqui o interesse preponderante de arrecadar, mas sim intervir na
conduta das pessoas. Acaba, de fato, arrecadando, mas não é o interesse preponderante. O Chefe do Poder Executivo precisa
valer-se de um modo rápido (isto é, sem esperar o “no seguinte”) para alterar as alíquotas desses impostos com vistas a induzir
comportamentos (estimular ou desestimular condutas ou intervir na economia).

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2 – Imposto de Exportação

O inciso II do art. 153 da Constituição Federal atribui competência à União para instituir, por sua vez, o IE –
Imposto de Exportação:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
(...).

Da mesma forma como expusemos em relação ao II - Imposto de Importação, a compreensão dessa norma
constitucional atributiva de competência tributária depende da compreensão dos seguintes termos: (1)
exportação, (2) produtos, (3) nacionais e (4) nacionalizados.

1) Exportação: corresponde à saída de um produto do território nacional com o objetivo de incorporá-lo à


economia externa, ou seja, a saída não será provisória.

Atenção: o intuito de incorporação do produto à economia estrangeira é fundamental


para a caracterização do fato gerador do IE - Imposto de Exportação. Assim, meras saídas
temporárias (quando um bem sai fisicamente no país, porém, sem a finalidade de ser
integrado à economia estrangeira, como, por exemplo, para exibição em feiras ou
congressos no exterior, bagagens de pessoa em trânsito ou em viagem ao exterior etc.)
não caracterizam o fato gerador do imposto. Logo, o mero trânsito do produto não pode
ensejar a incidência do imposto.

Por exemplo: se alguém vender um veículo automotor fabricado no Brasil para utilização
definitiva no exterior estará praticando uma operação de exportação (o bem estará
sendo incorporado à economia estrangeira); diferentemente, se alguém remeter uma
obra de arte tão somente para fins de exposição numa amostra no exterior durante
determinado tempo, com subsequente retorno do produto ao Brasil, não terá havido
exportação, pois o bem, muito embora tenha saído fisicamente do país, não "foi" com a
finalidade de ser integrado à economia estrangeira.

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2) Produto: conforme já vimos ao estudarmos o II - Imposto de Importação, é tudo aquilo que é produzido,
seja pelo Homem ou pela natureza, sendo irrelevante se a sua destinação é o consumo ou a
comercialização.

Portanto, incide o Imposto de Exportação até mesmo quando um produto é exportado


para o consumo próprio de quem, no país estrangeiro, o importou.

3) Nacionais: são os produtos que foram produzidos no Brasil, seja pelo intermédio do Homem ou
naturalmente.

4) Nacionalizados: são aqueles que, embora tenham sido produzidos no exterior, foram incorporados à
economia interna mediante processo de importação.

Esses aspectos permitem compreender, por sua vez, os limites da competência tributária que a CF/88
atribui à União quanto à instituição do IE - Imposto de Exportação. Ao institui o imposto por meio da sua
própria lei, a União deve observar esses limites constitucionais.

Compreendidos tais aspectos gerais, de nível constitucional, vejamos, então, a disciplina infraconstitucional
do imposto em estudo.

- Fato gerador:

O fato gerador do IE - Imposto de Exportação é definido, pois, no art. 23 do CTN:

CTN: Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro,
de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território
nacional.

É possível observar, pois, que o legislador complementar observou aqueles parâmetros constitucionais ao
definir o fato gerador do imposto em questão.

Sabemos, no entanto, que a Constituição Federal e o CTN não criam (instituem) tributos; a CF/88 dá
competência (poder para tributar) e o CTN traz normas gerais.

É no âmbito da legislação local (legislação federal, estadual, municipal e do Distrito Federal), pois, que os
tributos são de fato instituídos.

Pois bem. O IE - Imposto de Exportação fora instituído pelo Decreto-lei 1.578/77, recepcionada pela Ordem
Constitucional em vigor com o status de lei em sentido estrito (pois essa exigência de legalidade em sentido
estrito quanto à sua instituição adveio com a CF/88), semelhantemente com o que ocorrera com o CTN, que
fora recepcionado com status de Lei Complementar, conforme já estudamos.

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Em consonância com o inciso II do art. 153 da CF/88 (norma atributiva de competência tributária e que
delimita o âmbito de incidência do imposto) e com o art. 23 do CTN (que traz normas gerais sobre o imposto,
em âmbito nacional), o art. 1º desse Decreto-lei dispõe sobre o seu fato gerador:

DL nº 1.578/77: Art. 1º O imposto sobre a exportação, para o estrangeiro, de produto


nacional ou nacionalizado tem como, fato gerador a saída deste do território nacional.

Portanto, com as especificidades descritas no referido dispositivo, o fato gerador do Imposto de Exportação
é a saída, do território nacional, de produto nacional ou nacionalizado.

Atenção: importa reiterar que a “saída” que caracteriza o fato gerador é aquela que ocorre
com a finalidade de incorporar o produto à economia estrangeira.

- Critério temporal:

Pois bem. Quando se considera ocorrida “a saída” para fins de caracterização do fato gerador do Imposto de
Exportação? É quando o produto proveniente do exterior sai “fisicamente” do território nacional?

Não! O fato gerador não ocorre com a mera “saída física”.

A "saída" que desencadeia o fato gerador é a saída jurídica do produto do território nacional, que ocorre
no momento da expedição da Guia de Exportação ou documento equivalente junto à repartição
aduaneira, conforme disposto no § 1º do art. 1º do Decreto-lei 1.578/77:

DL nº 1.578/77: Art. 1º O imposto sobre a exportação, para o estrangeiro, de produto


nacional ou nacionalizado tem como, fato gerador a saída deste do território nacional.
§ 1º Considera-se ocorrido o fato gerador no momento da expedição da guia de
exportação ou documento equivalente.
(...).

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Portanto, atenção: considera-se ocorrido o fato gerador do IE - Imposto de Exportação


no momento da expedição da Guia de Exportação ou documento equivalente junto à
repartição aduaneira; não é no momento da saída meramente física do produto.

Por exemplo: se determinado produto nacional ou nacionalizado for embarcado num


navio, em porto localizado em território brasileiro, e partir em direção ao mar, terá
ocorrido a sua mera saída física do país, que não é suficiente para desencadear a
obrigação tributária; somente quando houver a expedição da Guia de Exportação ou do
documento equivalente junto à repartição aduaneira considerar-se-á ocorrido o fato
gerador do IE - Imposto de Exportação, pois a expedição dessa guia corresponde à saída
jurídica do produto do território nacional.

- Critério espacial:

No caso do imposto em estudo, o critério espacial corresponde a todo o território nacional, que é o
território aduaneiro brasileiro, por aplicação analógica do art. 33 do Decreto-lei nº 37/1966.

- Sujeito ativo:

O sujeito ativo é a União, a quem compete instituir, arrecadar e fiscalizar o imposto em estudo.

- Sujeito passivo:

O contribuinte do IE - Imposto de Exportação é definido nos arts. 27 do CTN e 5º do Decreto-lei 1.578/77:

Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.


DL 1.578/77: Art. 5º - O contribuinte do imposto é o exportador, assim considerado
qualquer pessoa que promova a saída do produto do território nacional.

- Base de cálculo:

A base de cálculo do IE - Imposto de Exportação é prevista nos arts. 24 do CTN e 2º do Decreto-lei 1.578/77:

CTN: Art. 24. A base de cálculo do imposto é:

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I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto
ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a
operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no
mercado internacional o custo do financiamento.
DL 1.578/77: Art. 2º A base de cálculo do imposto é o preço normal que o produto, ou seu
similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre
concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder
Executivo, mediante ato da CAMEX - Câmara de Comércio Exterior. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001)
§ 1º - O preço à vista do produto, FOB ou posto na fronteira, é indicativo do preço normal.
§ 2o Quando o preço do produto for de difícil apuração ou for susceptível de oscilações
bruscas no mercado internacional, o Poder Executivo, mediante ato da CAMEX, fixará
critérios específicos ou estabelecerá pauta de valor mínimo, para apuração de base de
cálculo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001)
§ 3o Para efeito de determinação da base de cálculo do imposto, o preço de venda das
mercadorias exportadas não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou produção,
acrescido dos impostos e das contribuições incidentes e de margem de lucro de quinze por
cento sobre a soma dos custos, mais impostos e contribuições.(Incluído pela Lei nº 9.716,
de 1998)

- Alíquota:

Conforme já vimos ao estudarmos os Princípios do Direito Tributário, o texto constitucional estipulou


exceções ao Princípio da Estrita Legalidade Tributária quanto à majoração ou diminuição do percentual da
alíquota de determinados impostos. Importa-nos aquelas exceções previstas no artigo 153, § 1º, dentre as
quais se encontra-se o IE Imposto de Exportação em estudo:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
(...)
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
(...).

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Atenção: em cumprimento ao Princípio da Estrita Legalidade (art. 150, I, da CF/88), todos


os impostos previstos no art. 153 da CF/88 devem ser instituídos (criados)
necessariamente por meio de lei (essa é a regra, sem exceções). A lei criadora deve fixar
as alíquotas máxima e mínima de cada um desses impostos. Com base nesses parâmetros
(alíquota mínima e máxima determinada em lei), o Poder Executivo poderá aumentar ou
diminuir o percentual por meio de ato infralegal, mas, atenção, sempre respeitando o
máximo e o mínimo estipulado em lei.

Por exemplo: imaginemos que a lei criadora do IE – Imposto de Exportação tenha criado
como parâmetro mínimo a alíquota de 0% (zero por cento) e como parâmetro máximo a
alíquota de 30% (trinta por cento). Fora obedecido, portanto, o Princípio da Estrita
Legalidade quanto à criação do tributo, pois a criação se deu por meio de lei, que previu
aqueles limites. Ocorre que dentro desses limites (de 0 a 30%) poderá o Poder Executivo,
por meio de ato infralegal, aumentar ou diminuir o tributo, desde que obedeça, reitera-
se, aos limites legais (de 0 a 30%).

Pois bem. O CTN tem uma regra parecida com aquela constante no § 1º do art. 153 da CF/88. Vejamos:

CTN: Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei,
alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos
da política cambial e do comércio exterior.

Contudo, a parte do dispositivo que permite a alteração da "base de cálculo" por ato infralegal não foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, razão pela qual tachamos o texto.

De fato, o § 1º do art. 153 da CF/88 só permite a alteração da alíquota, e não da base de cálculo, que só pode
ser alterada por lei.

Logo, importa reiterar: a parte do art. 26 do CTN que permite a alteração da base de
cálculo do Imposto de Exportação por ato infralegal não foi recepcionada pela Constituição
Federal em vigor, não podendo, assim, ser aplicada.

Essa permissão constitucional de alteração das alíquotas por meio de ato infralegal é fundamentada na
função extrafiscal do Imposto de Exportação.

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Também já vimos na aula de Princípio de Direito Tributário que o IE - Imposto de Exportação não se
subordina aos Princípios da Anterioridade de Exercício e da Anterioridade Nonagesimal, nos termos do § 1º
do art. 150 da CF/88:

CF/88: Art. 150. É vedado...


(...)
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
(...)
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts.
148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

O "motivo" é o mesmo que leva à igual dispensa em relação ao II - Imposto de Importação: o constituinte
dispensou a aplicação dos referidos princípios ao IE - Imposto de Exportação em razão da sua função
extrafiscal.

Vejamos como isso foi exigido no Exame de Ordem:

(III EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Visando fomentar a indústria brasileira, uma nova lei, publicada em
18/02/2010, majorou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), bem como majorou a
alíquota do Imposto sobre Exportação (IE). A partir de que data a nova alíquota poderá ser exigida para o
IPI e para o IE?
A) Imediatamente para ambos.
B) 90 dias após a publicação da lei para o IPI e imediatamente para o IE.

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C) 90 dias após o exercício financeiro seguinte para o IPI e no exercício financeiro seguinte para o IE.
D) No exercício financeiro seguinte para ambos.
Comentários:
Conforme vimos acima, o IE – Imposto de Importação não se subordina aos Princípios da Anterioridade de
Exercício e da Anterioridade Nonagesimal, enquanto o IPI (que veremos abaixo) só se subordina à
Noventena. Portanto, está correto o que se afirma na alternativa “b”.

3 – Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza

O inciso III do art. 153 da CF/88 atribui competência à União para instituir o IR – Imposto sobre a Renda e
Proventos de Qualquer Natureza:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
III - renda e proventos de qualquer natureza;
(...).

A sigla "base" e mais conhecida desse imposto é “IR”, que denota o "Imposto sobre a Renda, mas existem
especificidades conforme a pessoa do contribuinte (se pessoa física ou jurídica) ou sistemática de
recolhimento. Essas especificidades dão origem às seguintes denominações:

IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica;

IRPF – Imposto de Renda da Pessoa Física; ou

IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte.

Atenção: apesar dessas derivações, todos são Impostos sobre a Renda, obedecendo,
pois, as mesmas normas constitucionais e gerais dispostas no CTN. Basta, para fins de
Exame de Ordem, que o examinando conheça os aspectos gerais relativos ao "IR"; a
banca não ingressa nas particularidades das variações em questão.

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Pois bem. Além daqueles Princípios Gerais de Direito Tributário já vistos (da Legalidade, da Anterioridade
etc.), o IR - Imposto sobre a Renda também se subordina, por expressa previsão constitucional (art. 153, §
2º, inciso II), a alguns Princípios Específicos, quais sejam, o da generalidade, o da universalidade e o da
progressividade:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
III - renda e proventos de qualquer natureza;
(...)
§ 2º - O imposto previsto no inciso III:
I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da
progressividade, na forma da lei;
(...).

Vejamos, então, qual o conteúdo de cada um deles:

Generalidade: significa que todas as pessoas podem figurar potencialmente como contribuintes do Imposto
de Renda; esse imposto deve atingir, potencialmente, todas as pessoas, independentemente da profissão,
estado civil, etnia etc. Se trata de um parâmetro subjetivo que deve ser observado pela legislação que
instituir o imposto em questão.

Universalidade: impõem que todas as rendas e proventos devem, em princípio, fazer parte da base de
cálculo do imposto; o imposto alcança todo o acréscimo patrimonial, isto é, todas as rendas do contribuinte
(inclusive, em regra, os rendimentos auferidos no exterior, salvo se houver uma convenção internacional
para evitar a bitributação, firmada entre o Brasil e o país onde o rendimento foi auferido. Se trata de um
parâmetro objetivo que também deve ser observado pela legislação que instituir esse imposto.

Atenção: a generalidade e universalidade não impedem a concessão de isenções, mas


exigem que esses benefícios fiscais sejam implementados de maneira cautelosa e
justificada, sem ofensa ao princípio da isonomia tributária.

Vejamos como esse assunto foi abordado no Exame de Ordem:

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(XXXII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Rodrigo, em janeiro de 2018, objetivando melhorar o seu inglês,
mudou-se para a Austrália para realizar um intercâmbio de 5 (cinco) meses, sem, contudo, prestar
qualquer tipo de informação à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Durante o seu intercâmbio,
precisando aumentar sua renda, Rodrigo prestou alguns serviços no exterior, recebendo por mês o
equivalente a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), totalizando R$ 100.000,00 (cem mil reais) ao longo dos cinco
meses. Tais valores foram tributados na Austrália.
Em abril do ano seguinte, Rodrigo questiona você sobre se deve declarar tais rendimentos à Secretaria da
Receita Federal do Brasil, para fins de apuração do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF).
Sobre a hipótese formulada e considerando que o Brasil não possui convenção internacional com a
Austrália para evitar a bitributação, assinale a afirmativa correta.
A) Como os rendimentos foram obtidos no exterior, o Fisco Federal não possui competência para cobrá-los;
sendo assim, Rodrigo não deve declará-los.
B) Como os rendimentos foram tributados no exterior, Rodrigo não deve declará-los, sob pena de
bitributação.
C) Rodrigo não está obrigado a declarar e recolher o IRPF, uma vez que os rendimentos obtidos no exterior
estão alcançados por imunidade.
D) Os rendimentos de Rodrigo deverão ser declarados e tributados, uma vez que, tratando-se de residente
fiscal no Brasil, a tributação do imposto sobre a renda independe da origem dos rendimentos.
Comentários:
De acordo com o art. 153, § 2º, inciso I, da CF/88, o IR - Imposto sobre a Renda está submetido ao Princípio
(critério) da Universalidade (dentre outros), segundo o qual todas as rendas de um contribuinte (inclusive,
em regra, aquelas auferidas no exterior) estão sujeitas à tributação no Brasil, independentemente de já ter
sido tributada no exterior; essa é, pois, a regra. Mas essa regra é excepcionada acaso exista uma convenção
internacional para evitar a bitributação, firmada entre o Brasil e o país onde o rendimento foi auferido; acaso
exista essa convenção, o rendimento será tributado somente uma vez, no Brasil ou no país onde o
rendimento foi ganho, conforme dispuser a convenção. Portanto, no caso do problema em questão, os
rendimentos de Rodrigo deverão ser declarados e tributados, uma vez que, tratando-se de residente fiscal
no Brasil, a tributação do imposto sobre a renda independe da origem dos rendimentos, estando correta,
assim, a LETRA D, que é o gabarito da questão.

Progressividade: a alíquota do IR - Imposto sobre a Renda (consistente no percentual a ser aplicado sobre a
base de cálculo, que é o valor da renda auferida) deve ser maior na medida em que seja maior o montante
da base de cálculo (a renda tributável). O imposto aumenta na medida em que a renda tributável aumenta.
Se trata de um parâmetro objetivo que também deve ser observado pela legislação que instituir esse
imposto.

Aliás, importa reiterar que a progressividade decorre do já estudado Princípio da Capacidade Contributiva,
previsto no § 1º do art. 145 da CF:

CF/88: Art. 145. (...)

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§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo
a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte.
(...).”

Logo, a lei federal que instituir o IR - Imposto de Renda deverá observar esses princípios específicos.

Por fim, o imposto em questão possui função nitidamente fiscal2.

Vistos esses aspectos iniciais, vejamos, então, a disciplina infraconstitucional do imposto em estudo.

- Fato gerador:

O fato gerador do IR - Imposto sobre a Renda é definido pelo art. 43 do CTN:

CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer
natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não
compreendidos no inciso anterior.

Vejamos, pois, os elementos que caracterizam o fato gerador do Imposto de Renda:

Aquisição de disponibilidade econômica: corresponde ao efetivo recebimento, ou seja, a pessoa que recebe
já pode usar e dispor imediatamente do que recebeu. É o “dinheiro no bolso”.

Aquisição de disponibilidade jurídica: corresponde a um direito creditório reconhecido, que a pessoa pode
juridicamente dispor, sem qualquer condição suspensiva, como um cheque, uma ordem de pagamento.
Portanto, a pessoa não tem o “dinheiro no bolso”, mas tem um título representativo do valor.

Renda: corresponde ao produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos.

2
Já vimos em lições anteriores que tributo com função fiscal é aquele cuja finalidade é somente arrecadar dinheiro aos cofres
públicos, ou seja, explicando de forma mais clara, o Estado-fisco pensa unicamente em arrecadar dinheiro, desvinculando-se
de qualquer outra preocupação. Essa arrecadação pode ser de tributos vinculados ou não vinculados: no primeiro c aso o Estado
arrecada para prestar um serviço em contrapartida à arrecadação (como nas taxas) e no segundo caso o Estado arrecada para
abastecer seus cofres gerais, sem qualquer contraprestação estatal específica a arrecadação (como no caso do Imposto de
Renda em estudo).

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Capital: aluguel, juros, rendimentos em aplicações financeiras, lucros etc., isto é, aquilo que se aufere em
razão de um bem de capital; ou

Trabalho: salário, honorário, comissão, pró-labore etc.;

Do capital combinado com o trabalho: um taxista, por exemplo, que “trabalha” com um “bem de capital”
seu (o carro).

Proventos de qualquer natureza: são os acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda
(isto é, que não vêm do capital ou do trabalho ou da combinação de ambos), como, por exemplo, as doações,
heranças, pensões por morte, prêmios de loteria, uma recompensa, um achado etc.

Atenção, muita atenção: a compreensão do conceito de renda é fundamental para a


consequente compreensão do fato gerador desse imposto.

Renda é o ACRÉSCIMO PATRIMONIAL decorrente do capital, do trabalho, da combinação


de ambos ou decorrente dos demais proventos de qualquer natureza.

Logo, se não houver acréscimo patrimonial, não há fato gerador do IR - Imposto de


Renda.

De fato, nem todo recebimento implica em acréscimo patrimonial, como, por exemplo,
as verbas indenizatórias, que são recomposições patrimoniais, e não acréscimos.

Por isso estão excluídas da incidência do IR - Imposto de Renda todas as verbas ou


recebimentos com natureza de indenização.

Dito de outro modo, na indenização não há “acréscimo” patrimonial, mas somente a


“recomposição” para restabelecê-lo ao mesmo “nível” em que se encontrava antes do
ato lesivo.

Nesse sentido, a jurisprudência tem afastado a incidência do imposto de renda, por exemplo, nas
seguintes hipóteses: i) recebimento de férias indenizadas, não gozadas por necessidade do serviço; ii)
recebimento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço; iii) recebimento de indenização

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pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária; iv) recebimento de férias e adicional de 1/3
indenizados; v) recebimento de indenização por danos morais.

Há, inclusive, diversas súmulas (importantíssimas) sobre essas hipóteses:

Súmula 125 do STJ: O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não
está sujeita à incidência do Imposto de Renda.
Súmula 136 do STJ: O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do
serviço não está sujeito ao imposto de renda.
Súmula 215 do STJ: A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à
demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda.
Súmula 386 do STJ: São isentas de imposto de renda as indenizações de férias
proporcionais e o respectivo adicional.”
Súmula 498 do STJ: “Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais.

Em todas elas o STJ adotou como pressuposto a tese de que tais verbas têm natureza indenizatória, não
gerando, assim, acréscimo patrimonial; se não gerou acréscimo patrimonial, não é renda; e se não é renda,
não pode ensejar a cobrança do IR - Imposto sobre a Renda.

Vejamos como esse assunto foi abordado no Exame de Ordem:

(VIII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Mário inscreveu‐se no programa de incentivo à aposentadoria


mediante indenização, promovido pela empresa em que trabalha. A respeito do caso proposto, assinale a
afirmativa correta.
A) Mário pagará imposto de renda, já que o valor recebido tem natureza salarial.
B) Mário não pagará imposto de renda, já que se trata de verba especial.
C) Mario não pagará imposto de renda, já que o valor recebido tem caráter indenizatório.
D) Mário pagará imposto de renda, em homenagem ao princípio da isonomia.
Comentários:
Como o valor recebido pela adesão ao programa de incentivo à aposentadoria tem natureza indenizatória,
Mário não pagará Imposto sobre a Renda, estando correta, assim, a alternativa “c”.

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Por outro lado, a jurisprudência tem entendido que incide IR - Imposto de Renda sobre as seguintes verbas:
valores recebidos em razão de horas extraordinárias trabalhadas, abono de permanência, 13º salário, férias
gozadas e o respectivo terço e sobre a complementação temporária de proventos prevista em plano de
aposentadoria voluntária. Essas verbas não têm, pois, natureza indenizatória, representando, assim,
acréscimo patrimonial.

De acordo com o § 1º do art. 43 do CTN em questão, é indiferente o nome da “renda” auferida, a


localização, a condição jurídica ou a nacionalidade da fonte, a origem ou a forma de percepção: o que
importa é a essência do valor recebido. Vejamos:

CTN: Art. 43 (...)


§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento,
da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de
percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Pois bem. Muito embora o dispositivo em questão tenha mencionado "receita", deve-se interpretá-lo como
se tivesse utilizado o vocábulo "renda".

Em total consonância com Princípio Específico da Universalidade (art. 153, § 2º, inciso II,
da CF/88), que orienta a instituição do IR - Imposto sobre a Renda (acima visto), esse
dispositivo do CTN consagrou aquilo que a doutrina chama de tributação em bases
universais, que se caracteriza pela incidência do imposto sobre toda a renda do
contribuinte, independentemente do nome ou do local onde ela foi gerada. O que
importa é o efetivo acréscimo patrimonial e o local do domicílio tributário do sujeito
passivo.

O § 2º determina, por sua vez, que:

CTN: Art. 43 (...)


§ 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as
condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do
imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

O assunto é atualmente regulado pelos artigos 81 e 82 da Lei Federal nº 12.973/2014.

É possível observar, pois, que o legislador complementar observou aqueles parâmetros constitucionais (art.
153, inciso III, da CF/88) ao definir, no art. 43 do CTN, o fato gerador do IR - Imposto sobre a Renda.

Sabemos, no entanto, que a Constituição Federal e o CTN não criam (instituem) tributos; a CF/88 dá
competência (poder para tributar) e o CTN traz normas gerais.

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É no âmbito da legislação local (legislação federal, estadual, municipal e do Distrito Federal), pois, que os
tributos são de fato instituídos.

Pois bem. O IR - Imposto sobre a Renda é disciplinado (em todas as suas variações, ou seja, IRPJ, IRPF e IRRF)
por diversas Leis Federais, tais como, por exemplo, as Leis º 7.713/88, 9.250/95, 8.981/95 e 9.430/96. É
regulamentado, ainda, pelo RIR - Regulamento do Imposto de Renda, instituído pelo Decreto Federal nº
9.580, de 22 de novembro de 2018. Adicionalmente, também é disciplinado por uma série de Instruções,
Portarias, Ordens de Serviço etc. Essa ampla legislação faz desse imposto um dos tributos mais
“difíceis/complexos” do ordenamento jurídico brasileiro.

Mas não se preocupem: para fins de Exame da OAB, basta conhecer as disposições
Constitucionais, as normas gerais estipuladas no CTN e as Súmulas de jurisprudência; a
banca não ingressa nas particularidades das leis específicas em questão. Ou seja, a banca
não se “aprofunda” neste imposto! Por isso o nosso estudo se limite à CF/88, ao CTN e
às súmulas relativas ao IR - Imposto sobre a Renda.

- Critério temporal:

Conforme já estudamos em aula anterior (na aula sobre Obrigação Tributária), o fato gerador do IR - Imposto
sobre a Renda é periódico ou complexivo3.

Sendo assim, o critério temporal do IRPF - Imposto de Renda da Pessoa Física é o dia 31 de dezembro de
cada ano; essa é a data do enceramento do período base (durante o qual ocorrem as receitas e despesas
relativas a todo o exercício fiscal), quando se considera ocorrido o fato gerador do imposto.

3
Fato gerador periódico ou complexivo: é aquele cuja formação ocorre ao longo de um espaço de tempo previsto em lei. Ao final
do período todos os atos isolados são "somados", resultando, assim, num único ato, que dá ensejo ao surgimento da obrigação
tributária. Por exemplo: é o que ocorre em relação ao fato gerador do IRPF - Imposto de Renda da Pessoa Física; todos os atos
isolados (valores que o contribuinte aufere ao logo do exercício, como os salários mensais, alugueis etc.) não são considerados,
para fins de pagamento do imposto, no exato momento em que ocorrem; todos esses atos isolados são "somados", dando origem
a um único ato, que, por uma ficção jurídica, é considerado ocorrido em 31/12 (trinta e um de dezembro) de cada ano; assim, a
obrigação tributária principal quanto ao Imposto de Renda surge em 31/12 relativamente a todas as rendas que o contribuinte
auferiu no ano.

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Diferentemente, o IRPJ - Imposto de Renda da Pessoa Jurídica possui apuração trimestral, mas, se a
contribuinte estiver sujeita à tributação pelo lucro real, poderá optar pela incidência do imposto em 31 de
dezembro de cada ano, devendo realizar, nesse caso, antecipações mensais do imposto.

- Critério espacial:

Conforme mencionamos anteriormente, o § 1º do art. 43 do CTN consagrou a ideia de tributação em bases


universais:

CTN: Art. 43 (...)


§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento,
da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de
percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Em total consonância com Princípio Específico da Universalidade (art. 153, § 2º, inciso II, da CF/88), que
orienta a instituição do IR - Imposto sobre a Renda (acima visto), significa que o imposto em questão incide
sobre toda a renda do contribuinte, independentemente do local onde ela foi gerada ou recebida.

Nesse sentido, o IR - Imposto de Renda é extraterritorial, porque atinge até mesmo a renda auferida fora
do território nacional (referido Princípio da Universalidade).

O que importa, para fins de fixação do critério espacial do imposto, ou seja, para determinar onde esse
imposto é devido, é o local do domicílio tributário do sujeito passivo.

Logo, se uma pessoa tem domicílio tributário no Brasil, aqui será pago o seu IR - Imposto sobre a Renda,
mesmo em relação àquelas rendas recebidas ou originadas fora do país.

- Sujeito ativo:

O sujeito ativo do IR - Imposto sobre a Renda é a União, a quem compete instituir, arrecadar e fiscalizar esse
imposto.

- Sujeito passivo:

O art. 45 do CTN dispõe sobre o sujeito passivo do imposto, que pode ser o contribuinte ou o responsável
tributário:

CTN: Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo
43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens
produtores de renda ou dos proventos tributáveis.
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis
a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.

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- Base de cálculo:

A base de cálculo do IR - Imposto sobre a Renda é prevista no art. 44 do CTN:

CTN: Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da
renda ou dos proventos tributáveis.

Vejamos as diferenças entre os diferentes tipos de bases de cálculo:

Base de cálculo real: aquela apurada por meio de operações aritméticas que levam em consideração os
rendimentos e as despesas legalmente dedutíveis; por meio dessas operações chega-se real valor do
acréscimo patrimonial, que é o fato gerador do imposto. Por exemplo: quando você opta pela entrega da
sua declaração "completa" do IRPF.

Base de cálculo presumida: em determinadas hipóteses, a lei faculta ao contribuinte substituir a base de
cálculo real por uma base de cálculo presumida, substitutiva, que tem como referência não mais o lucro,
mas uma outra unidade qualquer (presumida). Por exemplo: quando você opta pela entrega da sua
declaração "simplificada" do IRPF.

Base de cálculo arbitrada: conforme já vimos na aula relativa ao Crédito Tributário, o art. 148 do CTN
prescreve que quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de
bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará
aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos
prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado. Por
exemplo: se você não entregar a sua declaração do IRPF, o Fisco poderá arbitrar o valor que ele entende
devido.

- Alíquota:

Existem diversas alíquotas para o IR - Imposto sobre a Renda, a depender do tipo de contribuinte (se pessoa
física ou jurídica), da faixa de renda etc.4. Por isso é inviável - e nada útil para fins de Exame de Ordem -
estudá-las especificamente.

Para fins de Exame de Ordem, importa o seguinte: conforme já vimos de forma pormenorizada ao
estudarmos os Princípios Gerais de Direito Tributário, a fixação das alíquotas do IR não se submete ao
Princípio da Anterioridade Nonagesimal ou Noventena. Vejamos:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III - cobrar tributos:

4
Para as pessoas físicas, por exemplo, as alíquotas variam de 0 a 27,5% (Lei Federal nº 11.482/2007).

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(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
(...)
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II,
IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts.
148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
(...).”

Portanto, atenção: quantos às “anterioridades”, o Imposto de Renda só se submete ao


Princípio da Anterioridade de Exercício ou Anual; não se submete, pois, ao Princípio da
Anterioridade Nonagesimal ou Noventena, significando que suas alterações não podem
surtir efeitos no mesmo exercício, dispensada, porém, a observância do intervalo mínimo
de 90 (noventa) dias.

4 – Imposto sobre Produtos Industrializados

Por sua vez, o inciso IV do art. 153 da CF/88 atribui competência à União para instituir o IPI – Imposto sobre
Produtos Industrializados:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
IV – produtos industrializados;
(...).

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Muito embora a CF/88 não mencione expressamente, a doutrina entende que o imposto em questão (IPI)
não incide sobre "produtos industrializados", mas sobre "operações com produtos industrializados",
conclusão a que se chega pela interpretação conjunta do inciso IV do art. 153 com o § 3º, inciso II, do mesmo
dispositivo:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
IV – produtos industrializados;
(...).
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:
(...)
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o
montante cobrado nas anteriores;
(...).

Portanto, atenção: o IPI incide sobre operações com produtos industrializados.

A compreensão dessa norma constitucional atributiva de competência tributária depende, assim, da


compreensão dos termos (1) operação, (2) produto e (3) industrializado:

1) Operação: negócio jurídico que implica na transferência da titularidade do produto a outrem.

2) Produto: conforme já vimos acima, corresponde a tudo aquilo que é produzido, seja pelo Homem
ou pela natureza, sendo irrelevante se a sua destinação é o consumo ou a comercialização.

3) Industrializado: quando a natureza ou finalidade do produto foi modificada ou aperfeiçoada para


utilização ou consumo, mediante a atividade de industrialização.

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Atenção: para fins de incidência do IPI, não é toda operação (1) com produto (2) que pode
ser tributada, mas somente as que envolvam produto industrializado (3).

Esses aspectos permitem compreender, pois, os limites da competência tributária que a CF/88 atribui à
União quanto à instituição do IPI - Imposto sobre operações com Produtos Industrializados. Ao institui o
imposto por meio da sua própria lei, a União deve observar esses limites constitucionais.

Compreendidos tais aspectos gerais, de nível constitucional, vejamos, então, a disciplina infraconstitucional
do imposto em estudo.

- Fato gerador:

O fato gerador do IPI é definido no art. 46 do CTN:

CTN: Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem
como fato gerador:
I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;
III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto
que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a
finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.

É possível observar, pois, também em relação a esse imposto, que o legislador complementar observou
aqueles parâmetros constitucionais ao definir o fato gerador do imposto em questão.

Já vimos, porém, que a Constituição Federal e o CTN não criam (instituem) tributos; a CF/88 dá competência
(poder para tributar) e o CTN traz normas gerais.

É no âmbito da legislação local (legislação federal, estadual, municipal e do Distrito Federal), pois, que os
tributos são efetivamente instituídos.

Pois bem. O IPI é disciplinado pelo Decreto Federal nº 7.212/10.

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Atenção: todo o regramento relativo à instituição do IPI ocorreu por meio de lei em
sentido estrito, mas, como há muitas leis e decretos-leis espalhados, o referido Decreto
consolidou toda a legislação. Logo, é um decreto consolidador da legislação, não
havendo, assim, qualquer inconstitucionalidade por afronta ao Princípio da Legalidade.

Em total consonância com o inciso IV do art. 153 da CF/88 (norma atributiva de competência tributária e que
delimita o âmbito de incidência do imposto) e com o art. 46 do CTN (que traz normas gerais sobre o imposto,
em âmbito nacional), o art. 35 desse referido Decreto dispõe sobre o fato gerador do IPI:

Decreto Federal nº 7.212/10: Art. 35. Fato gerador do imposto é (Lei nº 4.502, de 1964,
art. 2º):
I - o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; ou
II - a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso I, considerar-se-á ocorrido o respectivo
desembaraço aduaneiro da mercadoria que constar como tendo sido importada e cujo
extravio ou avaria venham a ser apurados pela autoridade fiscal, inclusive na hipótese de
mercadoria sob regime suspensivo de tributação (Lei n o 4.502, de 1964, art. 2º , § 3º, e Lei
nº 10.833, de 2003, art. 80).

Assim, nos termos dos dispositivos legais acima transcritos, o fato gerador do IPI é configurado por 3 (três)
diferentes situações):

Pelo desembaraço aduaneiro daquele produto definido como industrializado, quando de procedência
estrangeira, ou seja, pelo desembaraço aduaneiro quando da importação de um produto industrializado.

Pela saída (alienação a qualquer título) do produto industrializados do estabelecimento do contribuinte;


e

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Atenção: o STJ já firmou jurisprudência no sentido da legalidade da incidência do IPI na


saída de produtos de procedência estrangeira do estabelecimento do importador, ainda
que o produto não tenha sofrido qualquer industrialização. Assim, para a referida Corte
Superior de Justiça, o contribuinte pode ser tributado pelo IPI quando do desembaraço
aduaneiro com fundamento no inciso I dos dispositivos legais acima. Depois, quanto da
revenda desse produto importado, será tributado mais uma vez, ainda que não tenha
realizado qualquer industrialização no produto, com base no inciso II dos mesmos
dispositivos legais acima. De acordo com o STJ, são fatos geradores distintos, ambos
previstos em lei, o que legitima as duas incidências do imposto. Por sua vez, o STF
reconheceu a repercussão geral do tema no RE 946.648, que ainda pende de julgamento.

E pela arrematação de produtos industrializados, quando apreendidos e levados a leilão.

Por fim, que é, afinal, "industrialização"?

O art. 4º do Decreto Federal nº 7.212/10 define que é "industrialização" para fins de incidência do imposto
em estudo:

Decreto Federal nº 7.212/10: Art. 4º. Caracteriza industrialização qualquer operação que
modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do
produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como ( Lei nº 5.172, de 1966, art. 46, parágrafo
único , e Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único):
I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção
de espécie nova (transformação);
II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o
funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento);
III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo
produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem);
IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem,
ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine
apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou

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V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado


ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou
recondicionamento).
Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o
processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações
ou equipamentos empregados.

- Critério temporal:

O critério temporal do IPI é definido pelos artigos 36 e 37 do Decreto Federal nº 7.212/10.

Como não é um dado tão importante para fins de Exame de Ordem, deixaremos de transcrever esse
dispositivo no corpo deste texto.

- Critério espacial:

No caso da incidência do IPI na importação (pelo desembaraço aduaneiro), o critério espacial corresponde
ao território aduaneiro brasileiro, por aplicação analógica do art. 33 do Decreto-lei nº 37/1966.

Nas demais incidências, corresponde a qualquer ponto do território nacional.

- Sujeito ativo:

O sujeito ativo é a União, a quem compete instituir, arrecadar e fiscalizar o imposto em estudo.

- Sujeito passivo:

Quanto à figura do sujeito passivo, o art. 51 do CTN faz uma distinção acaso de trate de cada uma das três
possibilidades (fatos geradores) acima descritos:

CTN: Art. 51. Contribuinte do imposto é:


I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;
III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes
definidos no inciso anterior;
IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo
qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.

Ao indicar as diferentes figuras de "contribuinte", o CTN busca ser coerente, portanto (e consegue isso), com
aquelas 3 (três) possíveis materialidades indicadas no seu art. 46.

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Os artigos 24 a 30 do Decreto Federal nº 7.212/10 também dispõem sobre a sujeição passiva em relação aos
contribuintes e em relação aos responsáveis pelo pagamento do imposto, guardando a mesma coerência.

Como esse também não é um dado tão importante para fins de Exame de Ordem, deixaremos de transcrever
tais dispositivos do referido Decreto no corpo deste texto.

- Base de cálculo:

A base de cálculo do IPI - Imposto sobre operações relativas à Produtos Industrializados é disciplinada pelo
art. 47 do CTN:

CTN: Art. 47. A base de cálculo do imposto é:


I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo
20, acrescido do montante:
a) do imposto sobre a importação;
b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;
c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis;
II - no caso do inciso II do artigo anterior:
a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;
b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou
sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente;
III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação..

É possível verificar, assim, que a composição da base de cálculo do IPI será diferente em relação à cada
um dos fatos geradores acima vistos.

Atenção: de acordo com o inciso I do art. 47 em questão, no caso de mercadoria


importada, a base de cálculo do IPI é a mesma do imposto de importação, acrescido do
próprio imposto de importação (o valor do II passa é somado na base de cálculo do
IPI/Importação), das taxas exigidas para entrada do produto no País e ainda dos encargos

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cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis (esses outros valores
também são somados na base de cálculo do IPI/Importação).

Isso já foi abordado no Exame de Ordem:

(XXIII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) O laboratório de análises clínicas X realizou a importação de


equipamento eletrônico necessário para a realização de alguns exames. Por ocasião do desembaraço
aduaneiro, foi-lhe exigido o pagamento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), cuja base de
cálculo correspondia a 150% do preço corrente do equipamento no mercado atacadista da praça do
remetente, acrescido do Imposto de Importação (II), das taxas exigidas para a entrada do produto no país
e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo laboratório. Sobre a exigência feita, assinale a afirmativa
correta.
A) É ilegal, pois, além dos acréscimos, a base de cálculo está sendo de 150% do preço corrente do
equipamento no mercado atacadista da praça do remetente.
B) É ilegal, pois a base de cálculo está incluindo o montante correspondente ao imposto de importação.
C) É ilegal, pois a base de cálculo está incluindo o montante correspondente às taxas exigidas para a entrada
do produto no país.
D) É ilegal, pois a base de cálculo está incluindo o montante correspondente aos encargos cambiais
efetivamente pagos pelo laboratório.
Comentários:
De acordo com as alíneas do inciso I do art. 47 do CTN acima visto, a única alternativa correta é a “a”.

Diferentemente, no caso de produtos industrializados que não foram industrializados, a base de cálculo do
IPI é o valor da operação de que decorrer a saída destes do estabelecimento do contribuinte, ou, não tendo
valor a operação, ou sendo omissos os documentos respectivos, a base de cálculo será o preço corrente da
mercadoria ou de sua similar no mercado atacadista da praça do contribuinte.

Por fim, acaso se trate de produto leiloado, a base de cálculo do IPI será o preço da respectiva arrematação.

- Alíquota:

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Existem diversas alíquotas para o IPI - Imposto sobre operações relativas à Produtos Industrializados, a
depender do tipo de produto ou da natureza da operação. Por isso é inviável - e nada útil para fins de Exame
de Ordem - estudá-las especificamente.

Para fins de Exame de Ordem, importa o seguinte: conforme já vimos de forma pormenorizada ao
estudarmos os Princípios Gerais de Direito Tributário, a fixação das alíquotas do IPI não se submete ao
Princípio da Anterioridade Anual ou de Exercício. Vejamos:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
(...)
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts.
148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
(...).”

Portanto, atenção: quantos às “anterioridades”, o IPI - Imposto sobre operações relativas


à Produtos Industrializados só se submete ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal ou
Noventena; não se submete, pois, ao Princípio da Anterioridade de Exercício ou Anual,
significando que suas alterações podem surtir efeitos no mesmo exercício, desde que
obedecido o intervalo mínimo de 90 (noventa) dias.

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Vejamos como isso foi exigido no Exame de Ordem:

(III EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Visando fomentar a indústria brasileira, uma nova lei, publicada em
18/02/2010, majorou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), bem como majorou a
alíquota do Imposto sobre Exportação (IE). A partir de que data a nova alíquota poderá ser exigida para o
IPI e para o IE?
A) Imediatamente para ambos.
B) 90 dias após a publicação da lei para o IPI e imediatamente para o IE.
C) 90 dias após o exercício financeiro seguinte para o IPI e no exercício financeiro seguinte para o IE.
D) No exercício financeiro seguinte para ambos.
Comentários:
Conforme vimos acima, o IE – Imposto de Importação não se subordina aos Princípios da Anterioridade de
Exercício e da Anterioridade Nonagesimal, enquanto o IPI (que veremos abaixo) só se subordina à
Noventena. Portanto, está correto o que se afirma na alternativa “b”.

Pois bem. Assim como ocorre em relação aos Impostos de Importação e de Exportação acima vistos, a CF/88
permite ao Poder Executivo da União aumentar ou diminuir o percentual (%) das alíquotas do IPI por meio
de ato infralegal, desde que obedecidos os limites máximo e mínimo estipulados em lei:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
IV - produtos industrializados;
(...)
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
(...).

Por exemplo: imaginemos que a lei criadora do IPI – Imposto sobre Produtos
Industrializados tenha criado como parâmetro mínimo a alíquota de 0% (zero por cento)
e como parâmetro máximo a alíquota de 300% (trezentos por cento). Fora obedecido,

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portanto, o Princípio da Estrita Legalidade quanto à criação do tributo, pois a criação se


deu por meio de lei, que previu aqueles limites. Ocorre que dentro desses limites (de 0 a
300%) poderá o Poder Executivo, por meio de ato infralegal, aumentar ou diminuir o
tributo, desde que obedeça, reitera-se, aos limites legais (de 0 a 300%).

Pois bem. Além dos limites mínimo e máximo estipulados na lei, o Poder Executivo deverá obedecer àquela
diretriz consubstanciada no Princípio da Seletividade no momento de fixar as alíquotas do IPI,
considerando, assim, que a carga tributária a título desse imposto deve ser maior sobre os produtos de baixa
essencialidade ou supérfluos, bem como sobre os “desaconselháveis”, ao mesmo tempo em que deve ser
menor sobre os artigos de alta essencialidade para o ser humano.

- Outros aspectos:

Pois bem. Além dos aspectos gerais acima estudados, a CF/88 traz, ainda, diversas regras, princípios e
imunidades específicas relativas ao imposto em estudo. Vejamos:

i) Princípio da Seletividade em Função da Essencialidade do Produto no IPI:

De acordo com o disposto no inciso I do § 3º do art. 153 da CF/88, o IPI será seletivo, em função da
essencialidade do produto:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
IV – produtos industrializados;
(...).
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
(...).

Trata-se do princípio constitucional específico da Seletividade em Função da Essencialidade do Produto que


orienta o legislador quando da instituição do IPI.

A mesma diretriz é encontrada, também, no art. 48 do CTN:

CTN: Art. 48. O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos.

Atenção: muito embora tal diretriz também seja encontrada no art. 48 do CTN, se trata
de um Princípio Constitucional. Assim, para todos os efeitos, principalmente para os fins
de Exame de Ordem, o fundamento da seletividade é constitucional! É, pois, um Princípio
Constitucional!

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De acordo com o referido princípio, a carga tributária a título de IPI deve ser maior sobre os produtos de
baixa essencialidade ou supérfluos, bem como sobre os “desaconselháveis”, e deve ser menor sobre os
artigos de alta essencialidade.

Atenção: o inciso I do § 3º do art. 153 da CF prescreve que o IPI “será” seletivo, e não que
“poderá ser”.

Portanto, é uma ordem, e não uma recomendação dada à União.

Logo, a União não tem escolha: precisa obedecer ao Princípio da Seletividade quando
fixar, na lei, as alíquotas do IPI.

Logo, as alíquotas do IPI devem ser inversamente proporcionais à essencialidade dos produtos.

Por exemplo: bebidas alcoólicas e cigarro são produtos cujo consumo é desaconselhável;
perfumes e cosméticos são supérfluos; e caviar e chocolate são de baixa essencialidade,
razão pela qual devem sofrer uma carga tributária “mais pesada” a título de IPI. Ao
contrário, arroz, feijão, macarrão, farinha etc. são produtos altamente essenciais para o
ser humano, razão pela qual devem sofrer uma carga tributária “mais leve” a título de
IPI. Dessa forma, a tributação a título de IPI daqueles produtos com baixa essencialidade,
supérfluos ou “desaconselháveis” deve ter uma alíquota (%) muito maior do que os
produtos essenciais.

Vejamos como o Princípio da Seletividade em Função da Essencialidade do Produto para o IPI foi abordado
no Exame de Ordem:

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(XVIII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) A Presidência da República, por meio do Decreto 123, de 1º de
janeiro de 2015, aprovou novas alíquotas para o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), dentro das
balizas fiadas na lei tributária, a saber: Cigarro – alíquota de 100% Vestuário – alíquota de 10% Macarrão
– alíquota zero. Sobre a hipótese, é possível afirmar que:
A) o referido decreto é inconstitucional, uma vez que viola o princípio da legalidade.
B) o referido decreto é inconstitucional, uma vez que viola o princípio do não confisco.
C) as alíquotas são diferenciadas em razão da progressividade do IPI.
D) as alíquotas são diferenciadas em razão do princípio da seletividade do IPI.
Comentários:
Verifica-se que o enunciado da questão informa que os produtos não essenciais são tributados com um
percentual de alíquota maior do que os essenciais relativamente ao IPI. Isso decorre da aplicação do Princípio
da Seletividade, estando correta, assim, a alternativa “d”.

Vejamos outra questão:

(IX EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Acerca do Imposto sobre Produtos Industrializados, de competência
da União, assinale a afirmativa que contempla duas de suas características.
A) É imposto ordinário e caracterizado pela seletividade.
B) É imposto real e caracterizado por ser direto.
C) É imposto monofásico e qualificado como indireto.
D) É imposto interno e lançado por declaração.
Comentários:
Além de ser um imposto ordinário de competência da União, o IPI é seletivo, estando correta a alternativa
“a”.

ii) Princípio da Não Cumulatividade do IPI:

O inciso II do § 3º do art. 153 em questão prescreve, por sua vez, que o IPI será não cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores:

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CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
IV – produtos industrializados;
(...).
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:
(...).
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o
montante cobrado nas anteriores;
(...).

Trata-se, agora, do princípio constitucional específico da Não Cumulatividade do IPI que também orienta o
legislador quando da instituição do IPI.

Logo, além do Princípio da Seletividade em Função da Essencialidade do Produto (acima


visto), o legislador também deve obedecer ao Princípio Constitucional da Não
Cumulatividade ao instituir o IPI; deve obedecer, pois, os dois princípios.

A mesma diretriz também é encontrada no art. 49 do CTN:

CTN: Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido
resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos
produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.
Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte
transfere-se para o período ou períodos seguintes.

Atenção: muito embora tal diretriz também seja encontrada no art. 49 do CTN, se trata
de um Princípio Constitucional. Assim, para todos os efeitos, principalmente para os fins
de Exame de Ordem, o fundamento da não cumulatividade é constitucional! Assim como
ocorre em relação à seletividade, é, pois, um Princípio Constitucional!

Por ser um princípio constitucional, a não cumulatividade tem status de garantia


constitucional do contribuinte, não podendo, por isso, sofrer afronta (por supressão ou
diminuição do direito) por qualquer tipo de instrumento legal.

Pois bem: qual o seu conteúdo?

O processo de industrialização pode ser complexo, envolvendo diversas operações num ciclo produtivo ou
numa cadeia econômica.

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Por exemplo: desde a extração de minério até a fabricação de um carro como produto
final, há diversas etapas de um ciclo produtivo ou de uma cadeia econômica. Em cada etapa
em que houver industrialização haverá a incidência do IPI. Assim, aquele que extrai o
minério de ferro do solo (mineradora) e vende à uma metalúrgica pratica fato gerador do
IPI; depois, a metalúrgica, ao vender a liga metálica à uma fabricante de chapas de aço
também pratica fato gerador do IPI; na sequência, ao vender a chapa de aço a uma
fabricante de peças esse outra empresa também pratica fato gerador do IPI e assim
sucessivamente.

A não cumulatividade objetiva evitar, pois, que as sucessivas incidências nas diversas operações de uma
cadeia econômica ou produtiva acarretem ônus tributário excessivo, resultante da múltipla tributação da
mesma base econômica (industrialização) até o momento em que o produto industrializado chega ao
consumidor final.

Por meio dela evita-se a oneração em cascata da produção, que ocorreria se o IPI pudesse ser cobrado,
sem qualquer compensação, nas diversas saídas de produtos industrializados.

Assim, com base no Princípio da Não Cumulatividade, o adquirente faz um registro em sua escrituração
fiscal, como crédito, do valor pago a título de IPI sobre o produto que está ingressando em seu
estabelecimento; o adquirente terá como crédito de IPI o valor do imposto incidente quando da operação
que transferiu o produto para si.

Após realizar a sua própria etapa da cadeia econômica ou produtiva (transformando etc. o produto
adquirido), ele fará outro registro, agora como débito, do valor do IPI calculado sobre os produtos que
saírem do seu estabelecimento; agora ele é o contribuinte do IPI em relação à operação própria.

No final de cada mês essa pessoa fará uma operação de confronto entre os “créditos” e os “débitos”
válidos, isto é, fará uma simples operação aritmética (crédito menos débito), apurando o montante
eventualmente devido (acaso tenha acumulado mais débito do que crédito) ou o saldo positivo de crédito
que manterá em sua escrituração para uso no mês seguinte (acaso tenha acumulado mais crédito do que
débito).

A não-cumulatividade é aplicada, portanto, por meio de um regime de compensação.

Tal operação pode ser demonstrada no seguinte quadro:

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NÃO CUMULATIVIDADE DO IPI


Base de cálculo Alíquota Tributo devido Crédito da Valor a ser
operação recolhido
anterior
INDUSTRIAL 1 R$ 100.000,00 10% R$ 10.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00
INDUSTRIAL 2 R$ 300.000,00 10% R$ 30.000,00 R$ 10.000,00 R$ 20.000,00
INDUSTRIAL 3 R$ 600.000,00 10% R$ 60.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00

Atenção: o fato de a CF/88 ter utilizado o verbo "cobrar" não significa que o direito ao
crédito pelo adquirente do produto pressuponha o pagamento do imposto na operação
anterior, pelo respectivo alienante. O adquirente pode se creditar do IPI destacado na nota
fiscal de aquisição independentemente de o vendedor ter ou não realizado o pagamento
do IPI devido; o que dá direito ao crédito é a "incidência" do imposto na etapa anterior, e
não e efetivo pagamento.

Quanto à extensão da não cumulatividade, não é todo produto "entrado" no estabelecimento do


adquirente que gera direito ao creditamento, mas - atenção novamente - somente e tão somente aqueles
produtos industrializados sujeitos à incidência do IPI na etapa anterior e que venham a integrar o novo
produto ou que sejam consumidos no processo de industrialização, como as matérias primas, produtos
intermediários, semielaborados e até mesmo as embalagens.

Nesse sentido, por exemplo, não gera direito ao creditamento a aquisição de bens integrantes do ativo
permanente (ativo fixo5) da empresa contribuinte do IPI, pois esses bens não são consumidos no processo
produtivo, conforme entendimento sumulado pelo STJ:

Sumula 495 do STJ: A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da empresa não
gera direito a creditamento de IPI.

Pois bem. Como a não cumulatividade se dá sobre o valor total da operação de saída (operação aritmética
de créditos "menos" débitos), autorizado, assim, que o montante devido possa ser compensado com o valor
incidente na operação anterior, o STF afasta a possibilidade de creditamento quando a operação de
entrada do produto no estabelecimento da adquirente não tiver sofrido a incidência do imposto:

Súmula Vinculante nº 58: Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à


entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis, o que não contraria
o princípio da não cumulatividade.

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Esse é um conceito contábil. Para a contabilidade, o ativo fixo ou ativo imobilizado de uma empresa é formado pelo conjunto de
bens e direitos necessários à manutenção das suas atividades, sendo caracterizados por apresentar-se na forma tangível (edifícios,
máquinas, etc.). São, portanto, bens que a empresa não tem intenção de vender a curto prazo ou que dificilmente podem ser
convertidos imediatamente em dinheiro. Têm, pois, um caráter de permanência, sendo chamados bens patrimoniais.

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Portanto, atenção novamente: se o produto que está entrando no estabelecimento de um


industrializador é isento, não tributado etc. (ou seja, se não foi objeto da incidência do IPI
quando da sua alienação, na etapa anterior), o adquirente, que dá entrada nesse produto
em seu estabelecimento, não terá direito ao crédito de IPI.

Prosseguindo, de acordo com o STJ, não há, em regra, a incidência de correção monetária sobre esses
créditos (acaso o contribuinte permaneça com tais créditos durante longo período de tempo), salvo se o
aproveitamento do crédito for obstado por um ato do Fisco (nesse caso, o contribuinte terá direito à
correção monetária), conforme entendimento fixado na Súmula 411 do STJ:

Súmula 411 do STJ: É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há


oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco.

Por fim, no passado havia o entendimento de que a não cumulatividade impediria a incidência do IPI nos
casos de importação de produto industrializado para uso próprio, sobre o argumento de que a inexistência
de alienação posterior impediria o aproveitamento do crédito.

Contudo - atenção - essa tese foi superada pelo STF no julgamento, em regime de Repercussão Geral, do
RE 723.651:

IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IMPORTAÇÃO DE BENS PARA USO


PRÓPRIO – CONSUMIDOR FINAL. Incide, na importação de bens para uso próprio, o
Imposto sobre Produtos Industrializados, sendo neutro o fato de tratar-se de consumidor
final. (RE 723651, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 04/02/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-164 DIVULG 04-08-2016
PUBLIC 05-08-2016)

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Assim, por exemplo: incide o IPI na importação de veículo automotor por pessoa natural,
ainda que não desempenhe atividade empresarial (ou seja, não é contribuinte do
imposto) e o faça para uso próprio (Tema 653 julgado em regime de Recurso
Extraordinário Repetitivo).

iii) Imunidade específica de IPI sobre produtos industrializados destinados ao exterior:

Dando continuidade, consoante disposto no inciso III do referido § 3º do art. 153 da CF, não incidirá IPI sobre
produtos industrializados destinados ao exterior:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
IV – produtos industrializados;
(...).
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.
(...).

Trata-se, no caso, de uma imunidade tributária específica.

Portanto, todo aquele que destina produtos industrializados para o exterior tem imunidade tributária
específica quanto ao IPI.

Vejamos uma questão do Exame de Ordem:

(XX EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV – REAPLICAÇÃO/SALVADOR/BA). O Chefe do Poder Executivo da


União, acreditando ser esta a melhor estratégia econômica para estimular o mercado interno brasileiro,
decide reduzir a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre alguns produtos. Neste
cenário, você é consultado sobre os parâmetros constitucionais dirigidos àquele imposto. Assim, você
afirmaria que, a respeito do IPI, o Art. 153, § 3º, da CRFB/88, estabelece que:
A) não será seletivo, em função da essencialidade do produto.

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B) será cumulativo.
C) não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.
D) terá impacto mais gravoso quando incidente sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do
imposto.
Comentários:
De acordo com art. 153, § 3º, inciso III, da CF/88 acima visto, o IPI não incidirá (é uma imunidade) sobre
produtos destinados ao exterior, estando correta, assim, a alternativa “c”.

iv) Imunidade específica de IPI sobre operação de industrialização de combustíveis:

Importa destacar, ainda no campo das imunidades, que a operação de industrialização de combustíveis é
imune ao IPI, podendo sofrer tão somente a incidência do ICMS, do II (Imposto de Importação) e do IE
(Imposto de Exportação). Vejamos:

CF/88: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;
(...)
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153,
I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica,
serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.
(...).

O § 3º acima menciona, justamente, o ICMS (inciso II do art. 155), o II (inciso I do art. 153) e o IE (inciso II do
art. 153), sendo, assim, os únicos tributos que incidem sobre as operações descritas no inciso, dentre as
quais a industrialização de combustíveis.

v) A carga tributária a título de IPI deve ser reduzida sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte
do imposto:

Por fim, de acordo com o inciso IV do dispositivo em questão, o impacto do IPI (isto é, sua carga) será
reduzida sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
IV – produtos industrializados;

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(...).
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:
IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do
imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
(...).

Atenção: novamente o constituinte afirmou que “terá”, de modo que a referida redução
não é uma faculdade atribuída à União, mas sim um dever! Contudo, a lei regulamentadora
em questão ainda não foi aprovada pelo Congresso Nacional, que se encontra em mora.

5 – Imposto sobre Operações Financeiras

O inciso V do art. 153 da CF/88 atribui competência à União para instituir, por sua vez, o imposto conhecido
pela sigla IOF, cujo nome completo é Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro e sobre
Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
(...).
§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-
se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo,
devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a
transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:
(...).

É possível observar, assim, que o imposto em questão tem quatro (4) possíveis incidências, que são
operação de 1) crédito, 2) câmbio, 3) seguro ou 4) relativa a títulos ou valores mobiliários.

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E de acordo com o § 5º em questão, quando o ouro for um ativo financeiro ou intrumento cambial, não
ficará sujeito à incidência do ICMS, mas somente ao IOF em questão (isso porque o ouro, nessa condição,
não é um "produto", conforme melhor estudaremos na aula relativa ao ICMS).

Vistos esses aspectos iniciais, vejamos, então, a disciplina infraconstitucional do imposto em estudo, que
nos permitirá compreender os limites dessa competência tributária que a CF/88 atribui à União quanto à
instituição do IOF - Imposto sobre Operações Financeira.

- Fato gerador:

O fato gerador do IOF - Imposto sobre Operações Financeira é definido pelo art. 63 do CTN:

CTN: Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e
seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:
I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do
montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição
do interessado;
II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou
estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do
interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta
à disposição por este;
III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do
documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão,
pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.

É possível observar, pois, também em relação a esse imposto, que o legislador complementar observou
aqueles parâmetros constitucionais ao definir o fato gerador do IOF em questão.

Já vimos, porém, que a Constituição Federal e o CTN não criam (instituem) tributos; a CF/88 dá competência
(poder para tributar) e o CTN traz normas gerais.

É no âmbito da legislação local (legislação federal, estadual, municipal e do Distrito Federal), pois, que os
tributos são efetivamente instituídos.

Pois bem. O IOF é disciplinado pelo Decreto Federal nº 6.306/2007.

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Atenção: assim como explicamos em relação ao IPI, todo o regramento relativo à


instituição do IOF ocorreu por meio de lei em sentido estrito, mas, como há muitas leis e
decretos-leis espalhados, o referido Decreto consolidou toda a legislação. Logo, é um
decreto consolidador da legislação, não havendo, assim, qualquer inconstitucionalidade
por afronta ao Princípio da Legalidade.

Assim, em total consonância com o art. 153, inciso V, § 5º, da CF/88 (norma atributiva de competência
tributária e que delimita o âmbito de incidência do imposto) e com o art. 63 do CTN (que traz normas gerais
sobre o imposto, em âmbito nacional), o art. 2º desse referido Decreto dispõe sobre o fato gerador do IOF:

Decreto Federal nº 6.306/2007: Art. 2º O IOF incide sobre:


I - operações de crédito realizadas:
a) por instituições financeiras (Lei no 5.143, de 20 de outubro de 1966, art. 1o);
b) por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços
de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração
de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring) (Lei no 9.249, de 26 de dezembro
de 1995, art. 15, § 1o, inciso III, alínea “d”, e Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art.
58);
c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei no 9.779, de 19 de
janeiro de 1999, art. 13);
II - operações de câmbio (Lei no 8.894, de 21 de junho de 1994, art. 5o);
III - operações de seguro realizadas por seguradoras (Lei no 5.143, de 1966, art. 1o);
IV - operações relativas a títulos ou valores mobiliários (Lei no 8.894, de 1994, art. 1o);
V - operações com ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial (Lei no 7.766, de 11 de
maio de 1989, art. 4o).
§ 1o A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente,
quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma
operação de crédito (Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 63, parágrafo único).

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§ 2o Exclui-se da incidência do IOF referido no inciso I a operação de crédito externo, sem


prejuízo da incidência definida no inciso II.
§ 3o Não se submetem à incidência do imposto de que trata este Decreto as operações
realizadas por órgãos da administração direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, e, desde que vinculadas às finalidades essenciais das respectivas
entidades, as operações realizadas por:
I - autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - templos de qualquer culto;
III - partidos políticos, inclusive suas fundações, entidades sindicais de trabalhadores e
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos
da lei.

Assim, nos termos dos dispositivos legais acima transcritos, o fato gerador do IOF é configurado por quatro
(4) diferentes situações:

i) IOF-Operação de crédito (inciso I do art. 63): o dispositivo legal em questão prescreve que o fato gerador
é a efetivação da entrega, total ou parcial, do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação
(crédito), ou sua colocação à disposição do interessado.

Dessa forma, ocorre operação de crédito quando alguém efetua uma prestação presente contra a promessa
de uma prestação futura, tendo por objeto coisa fungível.

Há a presença, assim, de dois (2) critérios: confiança e o tempo.

A compreensão do conceito de "operação de crédito" é extremamente importante, pois a União já tentou


fazer incidir o IOF sobre hipótese que não se amoldava ao fato gerador em questão.

De fato, o inciso V do art. 1º da Lei Federal nº 8.033/90 "autorizou" a incidência do IOF sobre saques
efetuados em caderneta de poupança.

No entanto, atenção: saques efetuados em caderneta de poupança não são "operações


de crédito", porque os valores investidos (e posteriormente sacados) são de propriedade
do próprio depositante. Não há, assim, a entrega de uma prestação presente contra a

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promessa de uma prestação futura, tendo por objeto coisa fungível, ou seja, não há a
presença daqueles dois (2) critérios: confiança e o tempo. Enfim, não há "operação de
crédito". Em verdade, a instituição financeira funciona, no caso dos depósitos efetuados
em Caderneta de Poupança, como uma depositária de bens de terceiros, o que não
configura operação de crédito.

O STF já editou, inclusive, uma Súmula censurando essa lei federal:

Súmula 664 do STF: É inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei 8.033/90, que instituiu a
incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros - IOF sobre saques
efetuados em caderneta de poupança.

A mesma inteligência é aplicada em relação aos depósitos judiciais: não há, pois, operação de crédito na
realização de depósito judicial.

Com base nesses fundamentos, o STJ editou a Súmula nº 185:

Súmula nº 185 do STJ: Nos depósitos judiciais, não incide o Imposto sobre Operações
Financeiras.

Por fim, outro aspecto que merece atenção é o fato de que as "operações de crédito" podem ser praticadas
por outras pessoas que não apenas instituições financeiras (art. 2º, inciso I, alínea "b", do Decreto Federal
nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007).

ii) IOF-Operação de Câmbio (inciso II do art. 63): quanto às operações de câmbio, o CTN prescreve que seu
fato gerador ocorre pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou
sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional
entregue ou posta à disposição.

O fato gerador ocorre, assim, quando há um negócio jurídico de troca de moeda de nacionalidades
diferentes, ambas com existência de valores atuais (não há extinção de moedas).

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Atenção: não incide IOF, portanto, sobre a compra de moeda antiga, fora de circulação,
para fins de coleção ou outra finalidade. Como nesse caso a moeda está fora de circulação,
ela deixa de ser “moeda” para fins monetários e passa a ser um mero bem.

ii) IOF-Operação de seguro (inciso III do art. 63): quanto às operações de seguro, o fato gerador ocorre com
pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável.

O negócio jurídico de seguro é bem definido no Código Civil:

CC: Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do
prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos
predeterminados.

Operação de seguro ocorre, portanto, quando há um negócio jurídico pelo qual se garante algo contra o
risco eventual de dano.

iv) IOF-Operação relativa a (i) títulos e (ii) valores mobiliários (inciso IV do art. 63): nesse caso o CTN
prescreve que o fato gerador ocorre com a emissão, transmissão, pagamento ou resgate desses títulos, na
forma da lei aplicável.

Pois bem. “Títulos” são os títulos de crédito em geral (segundo a doutrina comercialista); por sua vez,
“valores mobiliários” são direitos resultantes de investimentos, dotados de circulabilidade, corporificados
num instrumento ou registrados escrituralmente, como, por exemplo, as ações de empresas negociadas nas
bolsas de valores.

Portanto, o fato gerador ocorre quando há um negócio jurídico que implica – atenção – na transferência de
titularidade desses títulos e valores mobiliários.

Pois bem. De acordo com o parágrafo único do art. 63 do CTN:

CTN: Art. 63 (...)


Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e
reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de
uma mesma operação de crédito.

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Portanto, atenção: se uma operação de crédito está representada pela emissão,


pagamento ou resgate de um título, a incidência é uma só. Não haverá uma incidência
sobre a operação de crédito e outra sobre a emissão, pagamento ou resgate do título que
a represente, nos termos do parágrafo único do artigo 63 do CTN.

- Critério temporal:

O critério temporal do IOF é definido nos arts. 3º, 11, 18 e 25 do Decreto Federal nº 6.306/2007.

Como não é um dado tão importante para fins de Exame de Ordem, deixaremos de transcrever esse
dispositivo no corpo deste texto.

- Critério espacial:

No caso do imposto em estudo, o critério espacial corresponde a todo o território nacional, nos termos do
Decreto Federal nº 6.306/2007.

- Sujeito ativo:

O sujeito ativo do IOF - Imposto sobre Operações Financeiras é a União, a quem compete instituir, arrecadar
e fiscalizar esse imposto.

- Sujeito passivo:

O art. 66 do CTN dispõe sobre o sujeito passivo do imposto:

CTN: Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como
dispuser a lei.

Portanto, a fixação do contribuinte fica a critério do legislador ordinário que instituir o imposto, podendo
ser quem concede ou quem toma o crédito, quem compra ou quem vende moeda etc., desde que seja parte
na operação.

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Usufruindo desse permissivo legal de natureza geral, os sujeitos passivos do IOF são definidos nos arts. 4º,
5º, 12, 13, 19, 20, 26 e 27 do Decreto Federal nº 6.306/2007.

Como não é um dado tão importante para fins de Exame de Ordem, deixaremos de transcrever esse
dispositivo no corpo deste texto.

- Base de cálculo:

Mais uma vez sendo coerente com as 4 (quatro) possíveis materialidades acima, o art. 64 do CTN define as
seguintes bases de cálculo para o IOF - Imposto sobre Operações Financeiras:

CTN: Art. 64. A base de cálculo do imposto é:


I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal
e os juros;
II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido,
entregue ou posto à disposição;
III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;
b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como
determinar a lei;
c) no pagamento ou resgate, o preço.

As bases de cálculo em questão foram detalhadas nos arts. 6º, 14, 21 e 28 do Decreto Federal nº 6.306/2007.

Como não é um dado tão importante para fins de Exame de Ordem, deixaremos de transcrever esse
dispositivo no corpo deste texto.

- Alíquota:

Existem diversas alíquotas para o IOF - Imposto sobre Operações Financeiras, a depender do tipo de
operação praticada (crédito, câmbio, seguro etc.). Por isso é inviável - e nada útil para fins de Exame de
Ordem - estudá-las especificamente.

De qualquer modo, se encontram detalhadas nos arts. 7º, 15, 15-B, 22 e 29 a 33 e 39 do Decreto Federal nº
6.306/2007.

Para fins de Exame de Ordem, importa o seguinte aspecto sobre as alíquotas do IOF: conforme já vimos ao
estudarmos os Princípios do Direito Tributário, o texto constitucional estipulou exceções ao Princípio da
Estrita Legalidade Tributária quanto à majoração ou diminuição do percentual da alíquota de determinados

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impostos. Importa-nos aquelas exceções previstas no artigo 153, § 1º, dentre as quais se encontra-se o IOF
- Imposto sobre Operações Financeiras em estudo:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
(...)
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
(...).

Atenção: em cumprimento ao Princípio da Estrita Legalidade (art. 150, I, da CF/88), todos


os impostos previstos no art. 153 da CF/88 devem ser instituídos (criados)
necessariamente por meio de lei (essa é a regra, sem exceções). A lei criadora deve fixar
as alíquotas máxima e mínima de cada um desses impostos. Com base nesses parâmetros
(alíquota mínima e máxima determinada em lei), o Poder Executivo poderá aumentar ou
diminuir o percentual por meio de ato infralegal, mas, atenção, sempre respeitando o
máximo e o mínimo estipulado em lei.

Por exemplo: imaginemos que a lei criadora do IOF - Imposto sobre Operações
Financeiras tenha criado como parâmetro mínimo a alíquota de 0% (zero por cento) e
como parâmetro máximo a alíquota de 30% (trinta por cento). Fora obedecido, portanto,
o Princípio da Estrita Legalidade quanto à criação do tributo, pois a criação se deu por
meio de lei, que previu aqueles limites. Ocorre que dentro desses limites (de 0 a 30%)
poderá o Poder Executivo, por meio de ato infralegal, aumentar ou diminuir o tributo,
desde que obedeça, reitera-se, aos limites legais (de 0 a 30%).

Pois bem. O CTN tem uma regra parecida com aquela constante no § 1º do art. 153 da CF/88. Vejamos:

CTN: Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei,
alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da
política monetária.

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Contudo, a parte do dispositivo que permite a alteração da "base de cálculo" por ato infralegal não foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, razão pela qual tachamos o texto.

De fato, o § 1º do art. 153 da CF/88 só permite a alteração da alíquota, e não da base de cálculo, que só pode
ser alterada por lei.

Logo, importa reiterar: a parte do art. 65 do CTN que permite a alteração da base de
cálculo do IOF - Imposto sobre Operações Financeiras por ato infralegal não foi
recepcionada pela Constituição Federal em vigor, não podendo, assim, ser aplicada.

Essa permissão constitucional de alteração das alíquotas por meio de ato infralegal é fundamentada na
função extrafiscal do IOF - Imposto sobre Operações Financeiras, que se presta à manipulação da política
de crédito, câmbio, seguro e de transferência de valores.

De igual modo, também já vimos na aula de Princípio de Direito Tributário que a fixação das alíquotas do
IOF não se submete aos Princípio da Anterioridade Anual ou de Exercício e da Anterioridade Nonagesimal
ou Noventena. Vejamos:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
(...)
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts.
148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
(...).”

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Portanto, atenção: quantos às “anterioridades”, o IOF - Imposto sobre Operações


Financeiras não se submete às duas (2), significando que suas alterações podem surtir
efeitos imediatamente.

O constituinte dispensou a aplicação dos referidos princípios quanto ao IOF justamente em razão de sua
função extrafiscal.

6 – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural

O inciso VI do art. 153 da CF/88 atribui competência à União para instituir o ITR - Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
VI - propriedade territorial rural;
(...).

Muito embora a CF/88 prescreva que o fato gerador desse imposto consiste em “ser proprietário” de bem
imóvel rural, a legislação geral (CTN), a doutrina e a jurisprudência dão maior amplitude à hipótese,
conforme veremos abaixo, ao detalharmos o fato gerador do imposto.

Pois bem. Vistos esses aspectos iniciais, vejamos, então, a disciplina infraconstitucional do imposto em
estudo, que nos permitirá compreender os limites dessa competência tributária que a CF/88 atribui à
União quanto à instituição do ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural.

- Fato gerador:

O fato gerador do ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é definido pelo art. 29 do CTN:

CTN: Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural
tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza,
como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município.

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Já vimos, porém, que a Constituição Federal e o CTN não criam (instituem) tributos; a CF/88 dá competência
(poder para tributar) e o CTN traz normas gerais.

É no âmbito da legislação local (legislação federal, estadual, municipal e do Distrito Federal), pois, que os
tributos são de fato instituídos.

O ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural fora instituído pela Lei Federal nº 9.393/96 que, em
consonância com o inciso VI do art. 153 da CF/88 (norma atributiva de competência tributária e que delimita
o âmbito de incidência do imposto) e com o art. 29 do CTN (que traz normas gerais sobre o imposto, em
âmbito nacional), dispõem sobre o fato gerador desse imposto em seu art. 1º:

Lei Federal nº 9.393/96: Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de
apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano.
§ 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma
agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse.
§ 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma
ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município.
§ 3º O imóvel que pertencer a mais de um município deverá ser enquadrado no município
onde fique a sede do imóvel e, se esta não existir, será enquadrado no município onde se
localize a maior parte do imóvel.

Portanto, atenção: de acordo com todo o arcabouço normativo em questão, não só a 1)


"propriedade" configura o fato gerador do ITR, mas também 2) "o domínio útil” ou 3) “a
posse” de 4) imóvel por natureza, como definido na lei civil, 5) localização fora da zona
urbana do Município.

Vejamos, pois, cada um desses elementos e suas particularidades, essenciais à compreensão do fato
gerador desse imposto:

1) Propriedade: corresponde àquele direito real definido como tal no art. 1.228 do Código Civil (Direito de
usar, gozar, dispor e de reaver a coisa), sendo certo que a propriedade de bem imóvel ocorre com o registro,
junto ao Cartório de Registro de Imóveis, do ato translativo (escritura).

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2) Domínio útil: tem-se como exemplo a já extinta enfiteuse (direito real que confere ao seu titular, enfiteuta
ou foreiro, a posse, o uso e gozo de imóvel alheio, alienável, o qual se obriga a pagar ao titular do domínio
da coisa - senhorio direto - uma pensão anual invariável, que é o foro).

Como o instituto da enfiteuse foi extinto pelo Código Civil em vigor (permanecendo válida, porém, aquelas
já instituídas com base na legislação anterior), tem-se como exemplo atual de domínio útil o “Direito de
Superfície” (que “substituiu” a enfiteuse), previsto no art. 1.225, inciso II, e artigos 1.369/1.377, do Código
Civil. Portanto, o superficiário pratica - em razão do direito de superfície de que está investido - o fato gerador
do ITR (essa sujeição passiva consta, inclusive, no art. 1.371 do CC6).

3) Posse: para fins de ITR, não se configura o fato gerador a mera detenção; deve ser aquela posse
qualificada pela intenção de adquirir a propriedade, como, por exemplo, aquela que enseja a aquisição do
bem por usucapião ou a posse de quem o adquiriu por meio de um "contrato de gaveta" (posse com
animus domini). Nessas hipóteses, o possuidor tem todos os direitos inerentes à propriedade, como o
direito de usar, gozar e dispor do imóvel; ele só não tem o título, ou seja, o registro do seu nome junto ao
Cartório de Registro de Imóveis.

Pois bem. Há um aspecto jurisprudencial extremamente importante sobre esses aspectos acima, relativos
ao fato gerador do imposto em estudo: o STJ tem decidido que o ITR não é devido acaso o imóvel seja
invadido, pois isso destitui o seu proprietário, titular do domínio útil ou o seu possuidor, contra a sua
vontade, dos direitos de usar, gozar e dispor do imóvel. Vejamos:

TRIBUTÁRIO. ITR. INCIDÊNCIA SOBRE IMÓVEL. INVASÃO DO MOVIMENTO "SEM TERRA".


PERDA DO DOMÍNIO E DOS DIREITOS INERENTES À PROPRIEDADE. IMPOSSIBILIDADE DA
SUBSISTÊNCIA DA EXAÇÃO TRIBUTÁRIA. (...) 3. Ofende os princípios básicos da
razoabilidade e da justiça o fato do Estado violar o direito de garantia de propriedade e,
concomitantemente, exercer a sua prerrogativa de constituir ônus tributário sobre
imóvel expropriado por particulares 4. (...). Em que pese ser a propriedade um dos fatos
geradores do ITR, essa propriedade não é plena quando o imóvel encontra-se invadido,
pois o proprietário é tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre o imóvel. 5. Com
a invasão do movimento "sem terra", o direito da recorrida ficou tolhido de praticamente
todos seus elementos: não há mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem;
consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, não há, a partir dele, qualquer
tipo de geração de renda ou de benefícios para a proprietária. (...) O proprietário, por
possuir o domínio sobre o imóvel, deve atender aos objetivos da função social da
propriedade; por conseguinte, se não há um efetivo exercício de domínio, não seria
razoável exigir desse proprietário o cumprimento da sua função social, o que se inclui aí
a exigência de pagamento dos impostos reais (REsp 1144982-PR).

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Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.

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Portanto, atenção: acaso o imóvel rural tenha sido alvo de invasão, o legítimo
proprietário, titular do domínio útil ou possuidor não ficarão sujeitos ao pagamento do
ITR.

4) Imóvel por natureza: o ITR incide sobre a propriedade de bem imóvel por natureza, ou seja, sobre a
“terra nua”; não são consideradas, assim, para fins de incidência desse imposto (isto é, para o seu cálculo),
as benfeitorias, construções, plantações e demais acessões físicas existentes no imóvel.

Portanto, atenção: o ITR incide somente e tão somente sobre o imóvel por natureza! Não
incide sobre o imóvel por acessão física!

5) Localizado fora da zona urbana do Município (ou seja, na área rural): a delimitação da área urbana e da
área rural compete exclusivamente ao Município, que o faz por meio de sua legislação ordenadora do solo
(Plano Diretor). Assim, por exclusão, aquela parcela do território municipal que não for área urbana
segundo o Plano Diretor do Município será considerada área rural.

Dessa forma, o art. 29 do CTN e o art. 1º da Lei Federal nº 9.393/96 utilizam o critério
topográfico (isto é, da localização) como definidor da incidência do ITR.

No entanto, logo após a publicação do CTN (que ocorreu em 25/10/1966) fora publicado o Decreto-lei nº 57,
de 18 de novembro de 1966, que trouxe as seguintes disposições sobre o fato gerador do ITR:

DL 57/66: Art. 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não
abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa
vegetal, agrícola, pecuária ou agro-industrial, incidindo assim, sôbre o mesmo, o ITR e
demais tributos com o mesmo cobrados.

Assim, de acordo com esse Decreto‐lei, o imóvel localizado na área urbana do Município que seja utilizado
na exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, deve sofrer a incidência do ITR –
Imposto Territorial Rural e demais tributos com ele cobrados (art. 15), e não do IPTU.

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Diferentemente do art. 29 do CTN e do art. 1º da Lei Federal nº 9.393/96, utilizam o


critério topográfico (isto é, da localização) como definidor da incidência do ITR, o art. 15
do Decreto-lei nº 57/1966 utiliza o critério da utilização do imóvel.

Ocorre que a jurisprudência do STJ já sedimentou o entendimento de que o referido Decreto‐lei nº 57/1966
também foi recepcionado pela CF/88 com o status de Lei Complementar, assim como fora recepcionado o
CTN, sendo, pois, uma norma válida, vigente e eficaz. Vejamos:

TRIBUTÁRIO. IPTU. ITR. FATO GERADOR. IMÓVEL SITUADO NA ZONA URBANA.


LOCALIZAÇÃO. DESTINAÇÃO. CTN, ART. 32. DECRETO-LEI N. 57/66. VIGÊNCIA. 1. Ao ser
promulgado, o Código Tributário Nacional valeu-se do critério topográfico para delimitar
o fato gerador do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR): se o imóvel estivesse situado na zona
urbana, incidiria o IPTU; se na zona rural, incidiria o ITR. 2. Antes mesmo da entrada em
vigor do CTN, o Decreto-Lei nº. 57/66 alterou esse critério, estabelecendo estarem
sujeitos à incidência do ITR os imóveis situados na zona rural quando utilizados em
exploração vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial. 3. A jurisprudência reconheceu
validade ao DL 57/66, o qual, assim como o CTN, passou a ter o status de lei
complementar em face da superveniente Constituição de 1967. Assim, o critério
topográfico previsto no art. 32 do CTN deve ser analisado em face do comando do art. 15
do DL 57/66, de modo que não incide o IPTU quando o imóvel situado na zona urbana
receber quaisquer das destinações previstas nesse diploma legal. Recurso especial
provido” (REsp 492869/PR, Relator Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Turma, DJ 7/3/2005).

Portanto, de acordo com a jurisprudência do STJ, os dois diplomas normativos (CTN e Decreto‐lei nº
57/1966) devem ser aplicados conjuntamente para fins de delimitação da incidência do ITR, o que implica
na seguinte situação:

1ª) Como regra geral, o critério distintivo entre a incidência do ITR e do IPTU é a localização do imóvel
(critério topográfico, prestigiado no art. 29 do CTN). Nesse sentido, aqueles imóveis situados na zona
urbana sofrem a incidência do IPTU e os imóveis localizados na área rural sofrem a incidência do ITR.

2ª) No entanto, relativamente aos imóveis situados na zona urbana, mas que seja empregados na
exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, aplica-se o critério da destinação
(prestigiado no art. 15 do Decreto-lei nº 57/1966), incidindo, assim, sobre esses, o ITR.

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- Critério temporal:

De acordo com o caput do art. 1º da Lei Federal nº 9.393/96, o fato gerador do ITR ocorre em 1º de janeiro
de cada ano:

Lei Federal nº 9.393/96: Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de
apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano.
(...).

É nessa data, pois, que surge a obrigação tributária acaso praticado o fato gerador do referido imposto.

- Critério espacial:

Conforme vimos acima, ao delimitarmos o fato gerador do imposto, a aplicação conjunta do art. 29 do CTN
e do art. 15 do Decreto-lei nº 57/1966 implica no reconhecimento dos seguintes aspectos espaciais:

1ª) Como regra geral, os imóveis situados na área rural de um Município estão sujeitos à incidência do ITR
(critério topográfico, prestigiado no art. 29 do CTN).

2ª) Relativamente aos imóveis situados na área urbana, sofrerão a incidência do ITR acaso sejam
empregados na exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (critério da destinação,
prestigiado no art. 15 do Decreto-lei nº 57/1966).

- Sujeito ativo:

O sujeito ativo do ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é a União, a quem compete instituir,
arrecadar e fiscalizar esse imposto.

- Sujeito passivo:

Quanto ao sujeito passivo do ITR, será aquele que tiver a propriedade, a titularidade do domínio útil ou
aquela posse qualificada pelo animus domini, nos termos do art. 31 do CTN:

CTN: Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio
útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

Os artigos 4º e 5º da Lei Federal nº 9.393/96 dispõem no mesmo sentido, mas, como não são dispositivos
tão importantes para fins de Exame de Ordem, deixaremos de transcrevê-los no corpo deste texto.

Sobre o tema, importa relembrar, porém, o seguinte aspecto: já vimos, ao estudarmos responsabilidade
tributária, que os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio
útil ou a posse de bens imóveis, incluindo-se, assim, o ITR, e aqueles relativos a taxas pela prestação de

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serviços referentes a tais bens ou a contribuições de melhoria subrogam-se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Vejamos:

CTN: Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas
pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria,
subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova
de sua quitação.

Portanto, a dívida pendente de ITR é transferida para a responsabilidade do adquirente do bem imóvel (além
do art. 130 do CTN, essa transferência também é prevista no art. 5º da Lei Federal nº 9.393/96 em questão).

- Base de cálculo:

Quanto à base de cálculo do ITR, o art. 30 do CTN prescreve o seguinte:

CTN: Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário.

Por sua vez, o art. 10 da Lei Federal nº 9.393/96 detalha que vem a ser valor fundiário:

Lei Federal nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo
contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária,
nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a
homologação posterior.
§ 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á:
I - VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a:
a) construções, instalações e benfeitorias;
b) culturas permanentes e temporárias;
c) pastagens cultivadas e melhoradas;
d) florestas plantadas;
(...).

Portanto, valor fundiário é o valor da terra nua (VTN), que corresponde à avaliação do mercado imobiliário,
excluindo‐se o valor das construções, edificações, benfeitorias, culturas permanentes e temporárias,
pastagens cultivadas e melhoradas e florestas plantadas (art. 10º da Lei Federal 9.393/96).

Dito de outro modo, é o valor do solo nú.

Justamente por isso o CTN prescreve que o ITR incide sobre o "imóvel por natureza”.

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O art. 10 dispõe, ainda, sobre diversas hipóteses em que parte do imóvel é excluído da área tributável. Não
iremos transcrever tais hipóteses, pois têm pouca relevância para fins de Exame de Ordem.

Pois bem. Importa relembrar, também, que a mera atualização da base de cálculo do ITR também não
requer lei, constituindo exceção, assim, ao Princípio da Legalidade:

CTN: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:


(...)
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.

Isso porque a mera atualização em questão não configura aumento real, mas simples correção monetária.

Dessa forma, a simples atualização do valor monetário da base de cálculo do ITR pode
ser feita por norma infralegal, como, por exemplo, um decreto.

Assim, a lei – necessariamente por lei – determina que a base de cálculo é o valor venal do imóvel, pois a
indicação do critério se submete ao Princípio da Legalidade, mas um Decreto pode atualizar esse valor ano
a ano.

- Alíquota:

Diferentemente do que faz em relação à maioria dos impostos nela previstos, a CF/88 prescreve, no inciso I
do § 4º do art. 153, uma diretriz quanto à fixação da alíquota do ITR:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
VI - propriedade territorial rural;
(...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção
de propriedades improdutivas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
(...).

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Portanto, atenção: por imposição constitucional, as alíquotas do ITR devem ser


progressivas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.

Se trata, pois, de uma progressividade extrafiscal, pois não objetiva tão somente a arrecadação; objetiva,
diferentemente, desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.

Logo: o ITR não possui uma progressividade fiscal como o IPTU, que será estudada
adiante; a progressividade do ITR é extrafiscal.

Em cumprimento a tal determinação constitucional, a Lei Federal nº 9.393/96 possui um anexo com a Tabela
de Alíquotas Progressivas do ITR, que são graduadas com base em dois (2) critérios:

Área total do imóvel;

Grau de utilização do imóvel.

De acordo com a referida tabela, quanto maior e menos utilizado um imóvel, maior será a alíquota do ITR;
diferentemente, quanto menor a mais utilizado, menor será o percentual da alíquota.

Portanto, o ITR é progressivo em razão da área total do imóvel e do seu grau de utilização, com a finalidade
de desestimular a manutenção de extensas propriedades improdutivas.

- Outros aspectos:

Pois bem. Além dos aspectos gerais acima estudados, a CF/88 traz, ainda, regras e imunidades específicas
relativas ao imposto em estudo. Vejamos:

i) Imunidade específica de ITR para as pequenas glebas rurais:

O ITR possui uma imunidade específica, prevista no inciso II do § 4º do art. 153 da CF/88:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)

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VI - propriedade territorial rural;


(...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)
(...)
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
(...).

Dessa forma, a CF/88 institui imunidade específica de ITR para:

Pequenas glebas rurais definidas em lei,

Quando as explore o proprietário

Que não possua outro imóvel.

Pois bem. É o art. 2º da Lei Federal nº 9.393/96 quem define que é pequena gleba rural para fins dessa
imunidade:

Lei nº 9.393/96: Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto
não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o
proprietário que não possua outro imóvel.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com
área igual ou inferior a:
I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal
mato-grossense e sul-mato-grossense;
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia
Oriental;
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.

i) Possibilidade delegação da capacidade tributária ativa para os Municípios:

Por fim, o inciso III do § 4º do art. 153 da CF/88 prescreve que o ITR será fiscalizado e cobrado pelos
Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer
outra forma de renúncia fiscal:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

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(...)
VI - propriedade territorial rural;
(...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)
(...)
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei,
desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Se trata, no caso, de delegação da capacidade tributária ativa.

Atenção, muita atenção: não se trata de delegação de competência tributária, que, como
já vimos, é indelegável. Há, nesse caso, delegação da capacidade tributária ativa, isto é,
do poder de figurar no polo ativo da relação jurídico tributária. A competência tributária
permanece com a União, tanto que o texto constitucional afirma que essa delegação não
pode implicar em redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal (só
quem detém competência pode reduzir ou renunciar a um imposto).

O dispositivo constitucional acima foi regulamentado pela Lei Federal nº 11.250/05, que assim dispõe:

Lei Federal nº 11.250/2005: Art. 1º A União, por intermédio da Secretaria da Receita


Federal, para fins do disposto no inciso III do § 4o do art. 153 da Constituição Federal,
poderá celebrar convênios com o Distrito Federal e os Municípios que assim optarem,
visando a delegar as atribuições de fiscalização, inclusive a de lançamento dos créditos
tributários, e de cobrança do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, de que trata
o inciso VI do art. 153 da Constituição Federal, sem prejuízo da competência supletiva da
Secretaria da Receita Federal.
§ 1o Para fins do disposto no caput deste artigo, deverá ser observada a legislação federal
de regência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural.

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§ 2o A opção de que trata o caput deste artigo não poderá implicar redução do imposto ou
qualquer outra forma de renúncia fiscal.

A legislação em questão determina que a opção do Município deve ser manifestada em Convênio firmado
entre ele e a União.

Se os Municípios fizerem essa optarem, poderão exercer a cobrança e fiscalização do ITR e poderão ficar com
100% do produto da arrecadação, nos termos do inciso II do art. 158 da CF/88:

CF/88: Art. 158: Pertencem aos Municípios:


(...)
II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a
propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a
totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III;
(...).

Vejamos uma questão do Exame de Ordem:

(XXVII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) O Município M resolve ele mesmo fiscalizar e cobrar o Imposto
sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) dos imóveis rurais localizados em seu território. Acerca desse
cenário, assinale a afirmativa correta.
A) O ITR não pode ser fiscalizado e cobrado pelo Município M, por se tratar de tributo de competência da
União.
B) O Município M poderá optar, na forma da lei, por fiscalizar e cobrar diretamente o ITR.
C) A fiscalização e a cobrança do ITR pelo Município M autorizam-no a reter 50% do produto da arrecadação
do imposto, como contraprestação pela fiscalização e cobrança no lugar da União.
D) A partir da opção por fiscalizar e cobrar o ITR, o Município M passa a ter competência para alterar as
alíquotas do imposto, inclusive para sua redução.
Comentários:
Conforme acima visto, o Município poderá optar, na forma da lei, por fiscalizar e cobrar diretamente o ITR,
estando correta, assim, a alternativa “b”.

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Outra questão sobre o assunto:

(XXV EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) O Município M, ao realizar a opção constitucionalmente prevista,


fiscalizou e cobrou Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR), incidente sobre as propriedades
rurais localizadas fora da sua área urbana. Em função desse fato, o Município M recebeu 50% (cinquenta
por cento) do produto do imposto da União sobre a propriedade rural, relativo aos imóveis nele situados.
Diante dessa situação, sobre a fiscalização e a cobrança do ITR pelo Município M, assinale a afirmativa
correta.
A) Não são possíveis, por se tratar de imposto de competência da União.
B) São possíveis, sendo igualmente correta a atribuição de 50% (cinquenta por cento) do produto da
arrecadação do imposto a ele.
C) São possíveis, porém, nesse caso, a totalidade do produto da arrecadação do imposto pertence ao
Município.
D) São possíveis, porém, nesse caso, 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do imposto
pertence ao Município.
Comentários:
Conforme visto, acaso o Município opte por exercer a capacidade tributária ativa relativamente ao ITR,
poderá ficar com 100% do produto da arrecadação, estando correta, assim, alternativa “c”.

7 – Imposto sobre Grandes Fortunas

Por fim, o inciso VII do art. 153 da CF/88 também atribui competência à União para instituir o IGF - Imposto
sobre Grandes Fortunas:

CF/88: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
(...).

Como sabemos, apesar dessa competência tributária dada à União, esse imposto ainda não foi instituído.

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Contudo, como o exercício da competência tributária é facultativo e Incaducável, a União poderá instituí-lo
quando quiser.

Pois bem. Representando uma exceção à regra de que os impostos devem ser instituídos por meio de lei
ordinária, o inciso VII do art. 153 em questão faz a exigência de Lei Complementar à sua instituição.

Portanto, atenção: o IGF - Imposto sobre Grandes Fortunas só poderá ser instituído por
meio de Lei Complementar, que disciplinará os requisitos à sua instituição.

Disso decorre o seguinte aspecto, com potencial de ser “cobrado” pela banca no Exame de Ordem:
considerando a necessidade de Lei Complementar, sua instituição ou majoração não pode ocorrer por meio
de Medida Provisória (ao contrário do que pode ocorrer em relação aos tributos para os quais não se exige
Lei Complementar para sua instituição), conforme vedação disposta no art. 62, § 1º, inciso III, da CF/88.

QUESTÕES INÉDITAS COMENTADAS


Por fim, chegou o momento de testar - e fixar ainda mais - tudo o que você aprendeu! Elaborei as questões
abaixo, inéditas, como o mesmo nível de dificuldade que você encontra nas provas da OAB. Na sequência,
logo mais abaixo, você encontrará o gabarito comentado de cada uma das questões. Vamos lá:

Q-1) Por meio de lei regularmente publicada no Diário Oficial, a União institui alíquotas progressivas de ITR
– Imposto Territorial Rural, com finalidade arrecadatória, baseada no valor venal do imóvel. Por não
concordar com tal progressividade, João das Couves ingressou com Ação Declaratória de Inexistência de

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Relação Jurídico-tributária com pedido de Tutela Antecipada de Evidência. Sobre a hipótese, é correto
afirmar que:
A) A progressividade do ITR com finalidade tão somente arrecadatória é constitucional.
B) O ITR se submete à progressividade fiscal.
C) O ITR deve ser progressivo para desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.
D) O ITR não se submete à progressividade extrafiscal.
Q-2) Carlos recebeu indenização paga por sua empregadora, por não ter gozado férias em virtude da
necessidade do serviço. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
A) Carlos não pagará imposto de renda, pois o valor recebido tem natureza indenizatória.
B) Carlos pagará imposto de renda, pois o valor recebido tem natureza salarial.
C) Carlos não pagará imposto de renda, pois a hipótese é alcançada por regra de imunidade tributária.
D) Carlos pagará imposto de renda, em homenagem ao princípio da isonomia.
Q-3) Obedecendo aos parâmetros legais, o Presidente da República editou um Decreto aumentado as
alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados. Esse Decreto prescreve que as novas alíquotas
majoradas devem ser aplicadas a partir do dia seguinte à sua publicação. As novas alíquotas são as seguintes:
i) cachaça: alíquota de 100%; ii) perfume: alíquota de 50%; e iii) macarrão: alíquota zero. Sobre a hipótese,
está correto o que se afirma em:
A) o referido decreto é inconstitucional por violar os princípios da legalidade, da anterioridade nonagesimal
e da seletividade.
B) o referido decreto é inconstitucional por violar o princípio da legalidade.
C) o referido decreto é inconstitucional por violar o princípio da anterioridade nonagesimal.
D) o referido decreto é inconstitucional por violar o princípio da seletividade.
Q-4) Afrânio tem formação no ensino superior, trabalha como vendedor ambulante (informal) e recebe cerca
de R$ 35.000,00 ao ano. Jonas é Juiz de Direito, cursou Mestrado e Doutorado e recebe cerca de R$
600.000,00 ao ano. Oswaldo cursou o ensino fundamental, trabalha como taxista com um veículo automotor
próprio, financiado e não quitado, e recebe cerca de R$ 60.000,00 ao ano. É correto afirmar que:
A) A Constituição Federal isenta expressamente um desses três indivíduos quanto à incidência do Imposto
de Renda em razão da respectiva ocupação profissional.
B) A carga tributária a título de Imposto de Renda sobre a remuneração recebida por Jonas deverá ser
reduzida em obediência ao Princípio da Irredutibilidade de Vencimentos constitucionalmente assegurado
aos membros da magistratura.
C) Desde que atendido o Princípio da Progressividade, os três estão igualmente sujeitos à incidência do
Imposto de Renda.
D) Como Oswaldo é taxista autônomo, sua remuneração fica sujeita somente à incidência do Imposto sobre
Serviços (ISS), e não ao Imposto de Renda.

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Q-5) A União fixou a alíquota do IPI incidente sobre a cachaça em 75% e a alíquota incidente sobre o suco
de frutas em 15%. Paralelamente, o Estado X fixou a alíquota do ICMS incidente sobre a circulação de feijão
em 0% (amparado em convênio aprovado junto ao CONFAZ) e a alíquota incidente sobre a circulação de
cigarro em 18%. Sobre as hipóteses é correto afirmar que a diferenciação das alíquotas relativamente a cada
tipo de imposto:
A) Decorre do Princípio da Seletividade, que é de observância obrigatória para o IPI e para o ICMS.
B) Decorre do Princípio da Seletividade, que é de observância obrigatória para o IPI e facultativa para o ICMS.
C) Decorre do Princípio da Seletividade, que é de observância facultativa para o IPI e para o ICMS.
D) Decorre do Princípio da Seletividade, que é de observância facultativa para o IPI e obrigatória para o ICMS.
Q-6) Carlos é Engenheiro Civil residente e domiciliado no Brasil e foi contratado por uma empresa italiana
para projetar e acompanhar a execução de uma obra nos Estados Unidos da América, onde esteve entre
fevereiro de 2018 e maio de 2019 para cumprir tal contrato. Como remuneração recebia USD 20.000,00
(vinte mil Dólares Americanos) ao mês, que eram depositados pela empresa italiana contratante em banco
americano, nos Estados Unidos da América. Partindo do pressuposto de que não há qualquer Tratado
Internacional sobre tributação entre os países citados, é correto afirmar que:
A) Carlos pagará Imposto de Renda no Brasil, em cumprimento ao Princípio da Universalidade.
B) É inconstitucional a incidência de um tributo brasileiro sobre valor recebido em território estrangeiro,
relativo a serviço prestado no exterior, sob pena de violação à soberania daquele país.
C) Carlos pagará Imposto de Renda no Brasil, em cumprimento ao princípio da Progressividade.
D) Carlos pagará Imposto de Renda na Itália, onde se localiza a fonte pagadora, independentemente de onde
o serviço foi realizado, em respeito à soberania daquele país.
Q-7) Julinho, colecionador de carros de luxo, importou pessoalmente o último modelo de um veículo
superesportivo para integrar a sua coleção. Ao tentar retirar o veículo no desembaraço aduaneiro, foi
surpreendido com a exigência dos seguintes impostos: Imposto e Importação (II), Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) e Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Sobre essas exigências,
é correto afirmar que:
A) É inconstitucional a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro em relação a importação
feita por pessoa física, pois as pessoas físicas não são contribuintes desse imposto.
B) É inconstitucional a cobrança simultânea do II e do IPI, pois tal situação configura bis in idem.
C) É inconstitucional a cobrança do IPI por ocasião do desembaraço aduaneiro em relação a importação feita
por pessoa física, pois as pessoas físicas não são contribuintes desse imposto.
D) Os três impostos são devidos.
Q-8) A pessoa jurídica ABC é contribuinte do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados. Mensalmente
ela faz a apuração do imposto devido e o montante a pagar sempre corresponde ao resultado da diferença
a maior, ao final do mês, entre o imposto referente aos produtos saídos do seu estabelecimento e o pago
relativamente aos produtos nele entrados. A apuração do imposto na forma em questão decorre da
aplicação do princípio da:

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A) Seletividade.
B) Progressividade.
C) Irretroatividade.
D) Não-cumulatividade.
Q-9) Em meados do ano de 2018 o agricultor Ricardo Torques teve sua extensa propriedade rural invadida
por trinta e uma (31) famílias de camponeses pertencentes a um movimento social. Inconformado, ele
moveu, tempestivamente, ação de reintegração de posse com pedido de medida liminar, objetivando ser
reintegrado na posse do imóvel, medida essa que até hoje não foi deferida. Com base na situação
apresentada, é correto afirmar que o ITR - Imposto Territorial Rural referente ao presente exercício:
A) É inexigível ante o desaparecimento da base material do fato gerador.
B) É exigível ante a ocorrência do fato gerador.
C) Fica com a exigibilidade suspensa enquanto não houver a reintegração na posse.
D) Foi alcançado por hipótese de exclusão do crédito tributário.

GABARITOS E COMENTÁRIOS
Segue o gabarito comentado de cada uma das questões acima:

Q-1: De acordo com o art. 153, § 4º, inciso I, da CF/88, o ITR será progressivo e terá suas alíquotas fixadas
de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. Trata-se da progressividade
extrafiscal ou no tempo do ITR, que não admite outra forma de progressividade, como, por exemplo, o IPTU,
que pode ser progressivo para fins arrecadatórios em função do valor venal do imóvel (progressividade fiscal,
nos termos do art. 156, § 1º, da CF/88). Logo, o IPTU admite as duas progressividades (extrafiscal e fiscal,
em razão do valor venal), mas o ITR só admite a progressividade extrafiscal. Portanto, a única alternativa
correta é a “C”.
Q-2: De acordo com os incisos I e II do art. 43 do CTN, o imposto de renda tem como fato gerador a aquisição
da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos, ou de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais
não anteriormente compreendidos. Assim, de acordo com a exegese do referido dispositivo, a caracterização

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do fato gerador do imposto de renda exige acréscimo patrimonial. Sem acréscimo patrimonial, não há fato
gerador do referido imposto, que não será, dessa forma, devido. Como as indenizações são formas de
recomposição patrimonial (e não acréscimo), estão fora, portanto, do campo de incidência do imposto de
renda. Nesse sentido, a Súmula 125 do STJ: “O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço
não está sujeita à incidência do Imposto de Renda”. Portanto, a única alternativa correta é a “A”.
Q-3: Muito embora o inciso I do art. 150 da Constituição Federal de 1988 prescreva que é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça
(Princípio da Estrita Legalidade Tributária), o § 1º do art. 153 do mesmo texto constitucional prescreve que
é facultado ao Chefe do Poder Executivo Federal, por meio de Decreto, atendidas as condições e os limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas de alguns impostos, dentre eles a do Imposto sobre Produtos
Industrializados. Portanto, não há qualquer afronta ao Princípio da Legalidade, vez que a majoração da
alíquota em questão, por meio de Decreto, é autorizada pelo texto constitucional. 2) De acordo com o § 1º
do art. 150 da Constituição Federal de 1988, o Imposto sobre Produtos Industrializados não se submete ao
Princípio da Anterioridade de Exercício, mas se submete, porém, ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal
(ou Noventena). Portanto, as novas alíquotas majoradas não podem entrar em vigor imediatamente,
devendo aguardar o prazo de 90 (noventa) dias. A exigência imediata é inconstitucional. 3) De acordo com
o inciso I do § 3º do art. 153 da Constituição Federal, o Imposto sobre Produtos Industrializados será seletivo,
em função da essencialidade do produto, significando a exigência de alíquotas maiores para produtos não
essenciais ou supérfluos e alíquotas menores para produtos essenciais, como ocorreu na hipótese. Portanto,
a única alternativa correta é a “C”.
Q-4: De acordo com o art. 153, inciso III, da CF/88, e com o art. 43 do CTN, incisos I e II, do CTN, o Imposto
de Renda tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda decorrente
do capital, do trabalho, ou da combinação de ambos, ou de outros acréscimos patrimoniais não decorrentes
do capital, do trabalho, ou da combinação de ambos. Portanto, todo acréscimo patrimonial, nos moldes
acima, é considerado fato gerador do Imposto de Renda. Paralelamente, o inciso I do § 2º do art. 153 da
CF/88 prescreve que o Imposto de Renda será informado pelos critérios (princípios) da generalidade, da
universalidade e da progressividade, na forma da lei, ou seja, o IR deverá incidir sobre todas as espécies de
rendas e proventos (universalidade), auferidas por qualquer espécie de pessoa (generalidade) e quanto
maior o acréscimo de patrimônio, maior deverá ser a alíquota aplicável (progressividade). Logo, desde que
obedecida à progressividade, todas as pessoas, independentemente de sua formação ou ocupação, estão
igualmente sujeitas à incidência do Imposto de Renda, inclusive o prestador de serviço que, muito embora
também esteja sujeito a esse imposto municipal, também é contribuinte do referido Imposto de Renda, já
que se tratam se impostos com diferentes fatos geradores. Portanto, a alternativa correta é a “C”.
Q-5: O inciso I do § 3º do art. 153 da CF/88 prescreve que o IPI será (e não que poderá ser, sendo, assim, de
observância obrigatória para esse imposto) seletivo em função da essencialidade do produto, enquanto o
inciso III do § 2º do art. 155 da CF/88 prescreve que o ICMS poderá (e não que será, sendo, assim, de
observância facultativa para esse imposto) ser seletivo em função da essencialidade das mercadorias e dos
serviços. Portanto, o Princípio da Seletividade é de observância obrigatória para o IPI e facultativa para o
ICMS. Logo, a alternativa correta é a “B”.
Q-6: De acordo com o disposto no inciso I do § 2º do art. 153 da CF/88, o IR – Imposto sobre a Renda é regido
pelos princípios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei. Generalidade
significa que o imposto alcança todas as pessoas que têm domicílio fiscal no Brasil, indistintamente,

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independentemente de profissão, formação, classe social etc. Universalidade significa que o imposto alcança
todas as rendas de uma pessoa que tem domicílio fiscal no Brasil, recebidas no exterior ou não.
Progressividade significa que a carga tributária será maior à medida em que maior for a base de cálculo (valor
da renda tributada). Logo, considerando que Carlos tem domicílio fiscal no Brasil, mostra-se correta, de
acordo com as disposições constitucionais em vigor, a alternativa “A”.
Q-7: De acordo com o art. 155, § 2º, IX, "a", da CF/88, o ICMS incidirá sobre a entrada de bem ou mercadoria
importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto,
qualquer que seja a sua finalidade. Reafirmando a constitucionalidade da cobrança, a Súmula Vinculante nº
48 fixa o entendimento de que "Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do
ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro". Portanto, a alternativa "A" está errada. De outro lado, não
há bis in idem na cobrança simultânea do II e do IPI, pois esses dois impostos têm fatos geradores distintos.
O fato gerador do II é a entrada do produto no território nacional (art. 19 do CTN), e o fato gerador do IPI na
importação é o desembaraço aduaneiro (art. 46, I, do CTN), estando incorreta, a alternativa “B”. O inciso I
do art. 51 do CTN prescreve que contribuinte do IPI é o importador ou quem a lei a ele equiparar, não fazendo
qualquer distinção entre pessoa física ou jurídica, e o STF já proferiu decisão (com Repercussão Geral no RE
723.651) de que incide IPI na importação de produtos destinados a um consumidor final, mesmo que pessoa
física, estando incorreta, assim, a alternativa “C”. Portanto, mostra-se como correta a alternativa “D”.
Q-8: De acordo com o inciso II do § 3º do art. 153 da CF/88, o IPI será não-cumulativo, compensando-se o
que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. Trata-se do Princípio da Não-
cumulatividade, explicado pelo art. 49 do CTN nos seguintes termos: “O imposto é não-cumulativo, dispondo
a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o
imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele
entrados”. Portanto, mostra-se como correta a alternativa “D”.
Q-9: As hipóteses que suspendem a exigibilidade do crédito tributário estão descritas no rol TAXATIVO do
art. 151 do CTN, sendo: I - moratória; II - o depósito do montante integral; III - as reclamações e os recursos,
nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar
em mandado de segurança; V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies
de ação judicial; e VI – o parcelamento. Como nenhuma dessas hipóteses foi descrita no enunciado, a
alternativa "C" está incorreta. De outro lado, o art. 175 do CTN prescreve que excluem o crédito tributário:
I - a isenção; e II - a anistia. Como nenhuma dessas duas hipóteses foi descrita no enunciado, a alternativa
"D" também está incorreta. Pois bem: o STJ já firmou orientação quanto à impossibilidade de cobrar ITR em
face do proprietário, na hipótese de invasão, a exemplo de quando o imóvel rural é invadido por “Sem
Terras” e indígenas. De acordo com o art. 29 do CTN, o ITR - Imposto Territorial Rural tem como fato gerador
"a propriedade, o domínio útil, ou a posse a qualquer título”. Como o proprietário não detém o direito de
usar, gozar e dispor do imóvel, em decorrência da invasão pelos integrantes das famílias camponesas, de
rigor concluir ter havido, portanto, o completo esvaziamento do conteúdo do direito de propriedade, que se
mantém apenas formalmente, não configurando, assim, o fato gerador do ITR (precedentes: AgRg no REsp
1346328/PR, REsp 963.499/PR, REsp 1144982/PR, RESP nº 1.567.625/RS, RESP nº 1.486.270/PR, RESP nº
1.346.328/PR, AgInt no REsp 1551595/SP, RESP nº 1.111.364/SP, ARESP nº 1.187.367/SP, RESP nº
1.551.595/SP, ARESP nº 337.641/SP, ARESP nº 162.096/RJ). Portanto, o ITR é inexigível ante o
desaparecimento da base material do fato gerador, estando correta, assim, a alternativa "A".

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pessoal, chegamos ao final de mais uma aula!

Na próxima veremos os impostos estaduais em espécie.

Como de praxe, deixo abaixo os meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões.

Um forte abraço e bons estudos a todos!

Prof. Rodrigo Martins

@professorrodrigomartins

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

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