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2020

Manual
Imposto Industrial
Preenchimento do Modelo 1
www.ocpcangola.org
“O que impede de saber não são
nem o tempo
nem a inteligência,
mas somente a falta de curiosidade.”
(Agostinho da Silva)

Ficha Técnica
Título
Imposto Industrial Preenchimento Modelo 1

Autores
Alberto Manuel Ferreirinha

Todos os direitos reservados de acordo com a Lei em vigor. Nenhuma parte desta obra pode ser reprodu-
zida por qualquer processo, incluindo fotocópia ou gravação sem autorização prévia e escrita do editor.
Os transgressores são passíveis de procedimento judicial.

Editor
Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola
formacao@ocpcangola.org

Composição Gráfica
Gabinete de formação - OCPCA

Edição
Maio 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Índice
1. Incidência .........................................................................................................................................4
1.1. Incidência pessoal .................................................................................................................4
1.2. Incidência real .......................................................................................................................5
2. Incidência tributária .........................................................................................................................7
2.1. Tributação pelo Grupo A ......................................................................................................7
2.2. Tributação pelo Grupo B .......................................................................................................8
3. Definição da matéria colectável dos contribuintes do Grupo A e do Grupo B com contabilidade
organizada ............................................................................................................................................9
3.1. Acréscimos ao resultado líquido do exercício (Quadro 5) ....................................................9
3.2. Deduções fiscais (Quadro 5) ...............................................................................................58
4. Lucro tributável ..............................................................................................................................63
5. Apuramento da matéria colectável (Quadro 6) ..............................................................................63
5.1. Lucro tributável ou prejuízo ................................................................................................63
5.2. Cálculo dos prejuízos fiscais ...............................................................................................63
5.3. Benefícios fiscais ................................................................................................................65
6. Cálculo do imposto (Quadro 7) ......................................................................................................68
6.1. Taxas ...................................................................................................................................68
7. Colecta (campo N) .........................................................................................................................68
8. Deduções à colecta .........................................................................................................................69
8.1. Créditos fiscais ....................................................................................................................69
8.2 Liquidação e pagamento provisório sobre as vendas ...........................................................73
8.3 Liquidação e pagamento provisório sobre as prestações de serviços...................................75
8.4. Liquidação e pagamento provisório sobre as aquisições em regime de autofacturação .....77
8.5. Benefício fiscal – Regime de não sujeição do IVA ............................................................78

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1. Incidência

1.1. Incidência pessoal

Legislação: Artigo 5.º do CII

Em sede de imposto industrial o sujeito passivo da relação jurídica tributária (1) é a pessoa
ou a entidade titular de qualquer situação jurídica, ou seja, a pessoa ou entidade sobre
quem é suscetível de recair o dever de cumprir uma obrigação de natureza tributária,
designadamente a obrigação principal, que representa a obrigação do pagamento do
imposto, bem como outras obrigações acessórias, como sejam as obrigações
declarativas, contabilísticas, de facturação e de colaboração para com a Administração
Geral Tributária.

O n.º 1 do artigo 5.º identifica quem está sujeito a imposto, estabelecendo dois tipos de
sujeitos passivos:

1.1.1. Residentes
O n.º 1 do artigo 5.º do CII, prescreve que estão sujeitas a imposto:

a) Sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas, fundações,


associações, fundos autónomos, empresas públicas e as demais pessoas colectivas de
direito público ou privado, com sede ou direcção efectiva em território angolano;

b) As entidades desprovidas de personalidade juridica, com sede ou direcção efectiva


em território angolano, cujos rendimentos não sejam directamente tributáveis em Imposto
Industrial, quer estejam na titularidade de pessoas singulares ou colectivas.

O n.º 2 do mesmo artigo dispõe que que se consideram incluídas na referida alínea b),
designadamente, as heranças jacentes, as pessoas colectivas em relação às quais seja
declarada a invalidade, as associações e sociedades civis sem personalidade jurídica e
as sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, anteriormente ao registo definitivo.

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Encontram-se abrangidas por esta disposição legal as sociedades irregulares constituídas


por associações de pessoas que constituíram o pacto social perante os serviços notariais,
mas que não procederam ao registo definitivo da sociedade na Conservatória do Registo
Comercial.

Podemos constatar que a delimitação do âmbito da incidência subjectiva parte do


atributo da personalidade jurídica, embora, em determinadas circunstâncias, também
atribua relevância aos designados «entes de facto», como é o caso das heranças jacentes
e de associações e as associações e sociedades civis sem personalidade jurídica e as
sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, anteriormente ao registo definitivo,
corroborando a característica de ser um imposto directo pelo seu critério económico,
incidindo sobre a manifestação direta ou imediata da capacidade contributiva;

1.1 2. Não residentes


Estão ainda sujeitas a imposto industrial nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 5.º as
pessoas colectivas que não tenham, sede ou direcção efectiva em Angola, mas que
obtenham rendimentos no País.

1.2. Incidência real

1.2.1. Base do imposto


Da conjugação do artigo 1.º e 2.º extraímos o recorte de incidência real do imposto,
determinando-se que o seu nascimento ocorre pela obtenção do lucro realizado por
pessoas colectivas residentes e não residentes no exercício de qualquer actividade de
natureza comercial ou industrial, ainda que acidentais.
Nos termos do n.º 1 do artigo 1.º é considerado sempre de natureza comercial ou industrial:
 A actividade de exploração agrícola, aquícola, avícola, pecuária, piscatória e
silvícola;
 A actividade de mediação, agência ou representação na realização de contratos
de qualquer natureza;
 O exercício de actividades reguladas pela entidade de supervisão de seguros,
entidade de supervisão de jogos, pelo Banco Nacional de Angola e pela Comissão

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do Mercado de Capitais;
 A actividade das sociedades cujo objecto consista na mera gestão de uma
carteira de imóveis, de participações sociais ou títulos;
 A actividade das fundações, fundos autónomos, cooperativas e associações de
beneficência.
 Exercício de profissão liberal no formato societário ou associativo.
São, portanto, atividades de natureza comercial, industrial ou agrícola todas aquelas
que consistam na realização de operações económicas de caráter empresarial,
incluindo as prestações de serviços, exercidas por pessoas colectivas nacionais ou
estrangeiras com finalidade lucrativa.
A obtenção do lucro por estas pessoas colectivas nacionais ou estrangeiras configura
o pressuposto de facto de sujeição a imposto industrial, conforme estipula o artigo 2.º
do CII.
O artigo 3.º revela-nos que os residentes são tributadas em imposto industrial pela
totalidade dos lucros obtidos, quer no País, quer no estrangeiro.
O artigo 4.º estabelece que as pessoas colectivas não residentes que possuam
estabelecimento estável no País, são tributados em imposto industrial:
 Pelos lucros imputáveis ao estabelecimento estável aqui situado;
 Pelos lucros imputáveis às vendas no País, de mercadorias da mesma natureza, ou
de natureza similar, das vendidas pelo estabelecimento estável;
 Pelos lucros imputáveis a outras actividades comerciais no País, da mesma
natureza, ou de natureza similar, das exercidas pelo estabelecimento estável.
As pessoas colectivas não residentes, sem estabelecimento estável no País são
tributadas em imposto industrial, à taxa liberatória de 6,5% através do regime de
tributação de serviços acidentais, previsto no artigo 71.º e seguintes.
Portanto, a base de incidência do imposto é a mesma para os sujeitos passivos
residentes e para os não residentes que disponham de estabelecimento estável em
Angola. Para os sujeitos passivos não residentes sem estabelecimento estável em
território nacional a tributação ocorre por aplicação da taxa liberatória de 6,5% sobre
o valor da prestação de serviços.

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2. Incidência tributária
O artigo 7.º estabelece dois grupos de tributação, o Grupo A, cuja tributação incide sobre
os lucros efectivamente obtidos pelos contribuintes e determinados através da sua
contabilidade e o Grupo B, de acordo com as mesmas regras de incidência tributária
previstas para o Grupo A, ou sobre os lucros que presumivelmente os contribuintes
obtiveram, quando não directamente apuráveis através dos elementos contabilísticos
disponibilizados pelo contribuinte.
Com efeito, o apuramento do imposto pelos contribuintes do Grupo B, que não optem
pelas regras de tributação directa que incide sobre o rendimento real dos contribuintes
do Grupo A, nos termos do n.º 1 do artigo 11.º do Código Geral Tributário, recorrem ao
apuramento da matéria colectável sem considerar os custos necessários para a
obtenção dos proveitos ou para a manutenção da fonte produtora.

2.1. Tributação pelo Grupo A


O artigo 8.º estipula que são obrigatoriamente tributadas pelo Grupo A:
 As empresas públicas e entes equiparados;
 As sociedades constituídas nos termos da Lei das Sociedades Comerciais ou da Lei
das Sociedades Unipessoais, de capital social igual ou superior a Kz: 2.000.000,00;
 As sociedades constituídas nos termos da Lei das Sociedades Comerciais ou da Lei
das Sociedades Unipessoais, com proveitos totais anuais de valor igual ou superior
a Kz: 500.000.000,00.
 As Associações, Fundações e Cooperativas cuja actividade gere proveitos adicionais
às dotações e subsídios recebidos dos seus associados, cooperantes ou mecenas.
 As sucursais de sociedades não residentes no território angolano, que, conforme
prevê a alínea b) do n.º 1 do artigo 39.º do CGT.

2.1.1. Opção pela inclusão no Grupo A


Nos termos do artigo 9.º quaisquer contribuintes podem optar por fazer parte do Grupo A,
devendo mencionar a sua opção até ao final de Fevereiro do ano a que o imposto
respeita, a solicitar por escrito na repartição fiscal competente do sujeito passivo
Os contribuintes que tiverem optado pela sua inclusão no Grupo A, só depois de
decorridos 3 anos, podem requerer o seu reingresso no Grupo B.

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2.2. Tributação pelo Grupo B


Decorre do disposto no artigo 10.º que os contribuintes referidos no artigo 5.º não
abrangidos pelo Grupo A, são tributados pelo Grupo B, e bem assim os que devam
imposto pela prática de alguma operação ou acto isolado de natureza comercial ou
industrial, entendendo-se como tal, a realização de qualquer actividade comercial ou
industrial, que de forma contínua ou interpolada, não tenha duração superior a 180 dias
durante um exercício fiscal.

Modelo 1 – Grupo A e Grupo B com contabilidade organizada


Natureza do campo da declaração Legislação
Identificação do declarante - Artigo 5.º do CII
Tipo de contribuinte
- Residente - Artigos 5.º, 3.º e 2.º do CII
- Não residente com estabelecimento estável - Artigos 4.º do CII e 39.º do CGT
- Não residente sem estabelecimento estável - Artigos 2.º e 4.º do CII
Incorporação de sociedades
- Fusão ou cisão - Artigo 65.º do CII
Regime de Tributação de Grupos de Sociedades - Artigo 50.º do CII
- Artigos 8.º, 10.º, 11.º e 12.º do DP 147/13,
de 1 de outubro.
Benefícios fiscais abrangidos - Lei 10/18, de 26 de junho
Investimento Privado - Lei 30/11, de 13 de setembro
MPME - Despacho 513 /17, de 11 de agosto
Apresentação dos anexos
Anexo A
Anexo B
Características da declaração
- Declaração do período - Artigos 77.º e 80.º do CII
- Declaração de substituição - Artigo 122.º do CGT
- Declaração de cessação - Artigos 53.º, 63.º (Grupo B) e 78.º do CII
Identificação do representante legal - Artigos 72.º, 73.º, 74.º e 75.º do CII
Identificação do técnico de contas - Artigo 56.º do CII

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3. Definição da matéria colectável dos contribuintes do Grupo A


e do Grupo B com contabilidade organizada

O artigo 12.º do CII trata da determinação da matéria coletável, partindo-se do resultado


líquido contabilístico, corrigido pelos acréscimos e deduções fiscais, face às regras
específicas que disciplinam a aceitação ou não de determinado proveito ou custo
contabilístico para efeitos fiscais.
Ao Lucro tributável determinado pelos contribuintes nos termos do n.º 3 do artigo 12.º do
CII serão deduzidos os prejuízos fiscais quando dedutíveis em conformidade com o artigo
48.º do CII e os benefícios fiscais a que tenham direito nos termos do artigo 49.º do CII.

3.1. Acréscimos ao resultado líquido do exercício (Quadro 5)

3.1.1. Linha - Seguros do ramo vida e saúde

A alínea h) do n.º 1 do artigo 18.º do CII prevê que não são aceites como custos fiscais
dedutíveis à matéria colectável do imposto os seguros dos ramos vida e saúde cujo
benefício não seja atribuído à generalidade do pessoal da empresa.

Estes benefícios devem ser estabelecidos para a generalidade dos trabalhadores


permanentes da empresa, ainda que não pertencentes à mesma classe profissional.

A dedutibilidade fiscal não fica prejudicada caso haja trabalhadores que não
pretendam ser abrangidos por qualquer um dos destes benefícios, desde que
comuniquem tal intenção à empresa por escrito.

Exercício 1

A empresa Produz Angola, Lda contratualizou em Janeiro 2018 um seguro de saúde e


de vida a favor dos trabalhadores dos departamentos de administração e de direcção
tendo pago 2.500.000,00 AKZ de prémios de seguro nesse ano.

O benefício de seguro não foi atribuído à generalidade dos trabalhadores da empresa,


tendo apenas o pessoal dos departamentos de administração e de direcção dele

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beneficiado, pelo que o custo suportado com os prémios de seguro não é aceite
fiscalmente conforme determina a alínea h) do n.º 1 do artigo 18.º do CII, devendo ser
acrescido ao resultado líquido para efeitos de determinação do lucro tributável na
correspondente linha de seguros do ramo vida e saúde do quadro 5 da declaração anual
de rendimentos modelo 1 do imposto industrial.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1

Número Designação Exercício corrente


5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Seguros do ramo vida e saúde 2 500 000,00

3.1.2. Linha - Amortizações excessivas

Consideramos excessivas, as amortizações não aceites para efeitos fiscais previstas nas
alíneas c), d) e e) do artigo 40.º do CII (1)

Alínea c) Excedam as taxas limite e períodos de vida útil estabelecidos na legislação em


vigor sobre a matéria, salvo os casos excepcionais devidamente fundamentados e aceites
pela Direcção Nacional de Impostos;
Alínea d) Sejam calculadas sobre imóveis na parte correspondente ao valor dos terrenos
que ultrapasse os limites definidos no presente Código;
Alínea e) No caso de viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, sejam calculadas sobre a
parte do custo inicial, ou do custo revalorizado, que exceda os Kz: 7.000.000,00, excepto
se tais viaturas estiverem afectas à exploração de serviços públicos de transporte ou se
destinarem a ser alugadas no exercício da actividade normal da empresa;

A - Taxas limite e períodos de vida útil excedidos (alínea c) do artigo 40.º do CII)

As reintegrações e amortizações do activo imobilizado devem respeitar, para efeitos


fiscais, os limites das taxas definidas na Tabela anexa ao Decreto Presidencial n.º 207/15,
de 5 de Novembro, nos termos dos artigos 4.º e 6.º deste mesmo Diploma.

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Exercício 2

A empresa Imaginário, Lda que se dedica ao comércio de artigos para criança, adquiriu durante
o exercício de 2018 um gerador no valor de 500.000,00 AKZ, uma estante metálica para o escritório
no valor de 2.500.000,00AKZ e um aparelho de ar condicionado no montante de 350.000,00AKZ,
tendo adoptado as taxas de amortização de 50%, 25% e 20%, respectivamente.

Activos Taxas Amortização


Adoptada
Valores de Aceite Aceite Excesso
Bens pela Praticada
aquisição fiscalmente fiscalmente fiscal
empresa
Gerador 500 000 50% 25% 250 000 125 000 125 000
Ar condicionado 350 000 20% 12,5% 70 000 43 750 26 250
Estantes metálicas 2 500 000 25% 12,5% 625 000 312 500 312 500
Total 463 750

Da referida alínea c) do n.º 1 do artigo 40.º conjugada com o n.º 1 do artigo 24.º, artigo
42.º do CII e da aplicação das taxas previstas na tabela a que referem os artigos 4.º e 6.º
do Decreto Presidencial n.º 207 /15, de 5 de Novembro, no caso concreto as taxas fiscais
relativas ao gerador, ar condicionado e estantes metálicas são as constantes no campo
G, das linhas 3.8; 3.12 e 5.5.2, decorre que o excesso da amortização relativamente às
taxas adoptadas pela empresa não é aceite como custo para efeitos fiscais pelo que
deverá ser acrescido ao resultado líquido do exercício para efeitos de apuramento do
lucro tributável na linha correspondente às amortizações excessivas do quadro 5 da
declaração modelo 1.
Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1

Número Designação Exercício corrente


5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Amortizações excessivas 463.750

B – Amortização de imóveis (alínea d) do artigo 40.º do CII)

Dispõe o artigo 31.º (amortizações de imóveis) o seguinte:


1. Os terrenos não são amortizáveis, excepto se estiverem exclusivamente afectos à
actividade de exploração e apenas na parte sujeita a deperecimento.
2. No caso de imóveis que integrem terrenos e edifícios ou outras construções e que
tenham sido adquiridos sem indicação expressa do valor do custo do terreno, o valor a

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atribuir a este para efeitos fiscais é fixado em 20% do valor global, a menos que o
contribuinte estime outro valor, com base em cálculos tecnicamente elaborados e
fundamentados por entidade independente e previamente aceites pela Direcção
Nacional de Impostos.
3. Em relação aos imóveis referidos no número anterior, o custo a considerar para efeitos
de valorimetria dos activos amortizáveis, previsto no artigo 26.º do presente Código e para
efeitos de cálculos das respectivas amortizações, é o que corresponde à diferença entre
o valor global de aquisição do imóvel e o valor atribuído ao terreno.

Exercício 3

A empresa Só Peças, Lda que se dedica ao comércio de peças de automóvel, tem a


sua sede no edifício onde exerce a sua função comercial e administrativa. Estas
instalações são compostas por terreno e edifício, não tendo sido possível identificar o
valor do terreno. Os elementos referentes a este activo são os que se seguem:

Taxa de Amortização do
Custo de Ano de
Descrição do activo amortização exercício
aquisição aquisição
a) b)
Edifício comercial e administrativo 50.000.000 2005 4% 2.000.000

Aplicação do artigo 40.º, n.º 1, alínea d) e artigo 31.º

Pavilhão Componente fiscal do terreno e do edifício Amortização


% afecta ao % afecta ao Valor fiscal Valor fiscal Aceite Excesso
Valor de Praticada
terreno edifício terreno edifício fiscalmente fiscal
aquisição g)
c) d) e) f) h) i)

50.000.000 20% 80% 10.000.000 40.000.000 2.000.000 1.600.000 400.000

a) Ponto 1.3, Campo G da Tabela das taxas de amortização a que se referem os artigos 4.º do
Decreto Presidencial 207/15, de 5 de Novembro
b) Aplicação do método das quotas constantes conforme o n.º 2 do artigo 6.º desse Diploma
c) Artigo 31.º, n.º 1 e 2 do CII
d) (100% - 20%)
e) 50.000.000 x 20%
f) Artigo 31.º, n.º 3 do CII ou 50.000.000 x 80%
g) 50.000.000 x 4%
h) 40.000.000 x 4%
i) Amortização praticada – Amortização aceite fiscalmente

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A taxa de amortização adoptada é a que se encontra prevista no ponto 1.3 do campo G


da tabela das taxas de reintegrações e amortizações a que se refere o artigo 4.º do
Decreto Presidencial n.º 207/15, de 5 de Novembro.
Por outro lado, o excesso fiscal apurado, não é aceite fiscalmente, pelo que deverá ser
acrescido ao resultado líquido do exercício para efeitos de determinação do lucro
tributável de cada exercício durante o período de vida útil da activo, a incluir na linha
correspondente a amortizações excessivas do quadro 5 da declaração modelo 1 e na
respectiva coluna do mapa de amortizações

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Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Amortizações excessivas 400.000,00

C - Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas de valor superior a 7.000.000,00 AKZ (alínea e)

do artigo 40.º do CII)

A classificação das viaturas ligeiras de passageiros, mistas ou comerciais, ou viaturas


pesadas é verificada através dos competentes livretes. Assim, o contabilista deverá
solicitar fotocópia de todas as viaturas que se encontrem afectas ao exercício da
actividade da empresa.

Exercício 4

A empresa Boas modas, Lda adquiriu durante o exercício de 2018 uma viatura ligeira de
passageiros no valor de 8.500.000,00 AKZ. A empresa no final do exercício procedeu ao
cálculo das amortizações tendo contabilizado um montante de 2.125.000,00 AKZ
utilizando a taxa de amortização fiscalmente aceite encontrada na linha 4.1.2 – Veículos
automóveis ligeiros do campo G da tabela das taxas de reintegrações e amortizações a
que se refere o artigo 4.º do Decreto Presidencial n.º 207/15, de 5 de Novembro.

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Decorre da aplicação da alínea e) do n.º 1 do artigo 40.º

Viatura ligeira de passageiros Amortização


Valor Aceite Excesso
Valor de Praticada
Fiscal Taxa fiscalmente fiscal
aquisição b)
a) c) d)

8.500.000 7.000.000 25% 2.125.000 1.750.000 375.000

a) Limite estabelecido no artigo 40.º alínea e) do CII


b) Valor de aquisição x taxa de amortização
c) Valor fiscal x taxa de amortização
d) Amortização praticada – Amortização aceite fiscalmente

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Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Amortizações excessivas 375.000,00

3.1.3. Linha – Amortizações não previstas

Consideramos não previstas, as amortizações não aceites para efeitos fiscais previstas nas
alíneas a), b) e f) do artigo 40.º do CII:

Alínea a) Não sejam contabilizadas como custos ou gastos no exercício a que respeitam;
Alínea b), Sejam calculadas sobre bens e elementos do activo imobilizado corpóreo ou incorpóreo,
não sujeitos a deperecimento;
Alínea f) Sejam calculadas sobre o custo de barcos de recreio e aviões ou helicópteros e de todos
os encargos com estes relacionados, excepto se estiverem afectos à exploração de serviços de
transporte ou se destinarem a ser alugados no exercício da actividade normal da empresa;

A - Amortizações não contabilizadas como custo

Aplicação dos artigos 40.º, alínea a) e 25.º, n.º 3 do CII


Artigo 25.º (activos amortizáveis) do CII
3. São aceites para efeitos fiscais, apenas os custos ou perdas com amortizações que estiverem
contabilizados como tal no exercício a que respeitem e que tenham sido calculadas sobre activos
amortizáveis.

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Exercício 5

A empresa Soluções, Lda utilizou um computador na sua actividade operacional,


adquirido em 2016 no valor de 850.000,00 AKZ, não tendo efectuado o registo
contabilístico da amortização do activo imobilizado nos exercícios de 2016 e 2017. No
final de 2018 registou como custo a amortização referente aos exercícios anteriores.
Utilizou a taxa fiscal de 33,33%, prevista na Tabela das amortizações constante do
Decreto Presidencial n.º 207/15, de 5 de Novembro

Amortização do exercício
Descrição do Custo de Ano de
Taxa 2016 2017 Total não aceite
activo aquisição aquisição

Computador 855 000,00 2016 33,33% 284 971,50 284 971,50 569 943,00

Não tendo sido contabilizado o activo nem as respectivas amortizações nos períodos de
2016 e 2017, não se poderá considerar admissível para efeitos fiscais a amortização
contabilizada no exercício de 2018, relativa aos períodos de 2016 e 2017, conforme
estipulado no n.º 3 do artigo 25.º, pelo que, perante o disposto na alínea a) do n.º 1 do
artigo 40.º, a amortização relativa a esses períodos não é aceite fiscalmente.
Deste modo, o valor de 569.943,00 AKZ apurado no quadro acima, deverá ser acrescido
ao resultado líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha
correspondente às amortizações não previstas do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Amortizações não previstas 569.943,00

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B - Amortizações de bens do activo imobilizado não sujeitos a deperecimento;

Aplicação dos artigos 40.º, alínea b), 24.º, n.º 2 e 25.º, n.ºs 1 e 2 do CII

Artigo 24.º (Amortizações) do CII


2. Para efeitos do número anterior consideram-se sujeitos a deperecimento os elementos do activo
imobilizado que, com carácter sistemático, sofrerem perdas de valor resultantes da sua utilização,
do decurso do tempo ou do progresso tecnológico.

Artigo 25.º (activos amortizáveis) do CII


1. Activos amortizáveis são todos os bens, e seus elementos, contabilizados como activo
imobilizado, corpóreo ou incorpóreo, que estejam sujeitos a deperecimento.
2. Salvo razões devidamente fundamentadas e previamente aceites pela Direcção Nacional de
Impostos, os elementos do activo imobilizado consideram-se sujeitos a deperecimento, a partir da
sua data de entrada em funcionamento.

A qualificação de um activo amortizável pressupõe que seja contabilizado como activo


imobilizado corpóreo ou incorpóreo e que esteja sujeito a deperecimento, considerando-
se como tal a partir da sua entrada e funcionamento, salvo razões devidamente
fundamentadas e aceites pela AGT, nos termos dos n.ºs 1 e 2 do artigo 25.º do CII, sendo
o momento em que o bem foi contabilizado como activo amortizável, corpóreo ou
incorpóreo, o momento relevante para se verificar a data de entrada em funcionamento
ou início de utilização do bem, não se considerando o caso em que seja contabilizado
como imobilizado em curso, conforme disposto no n.º 3 do artigo 3.º do Decreto
Presidencial n.º207/15, de 5 de Novembro.

Exercício 6

A empresa YXK, Lda, adquiriu durante o exercício de 2018 um terreno no valor de


15.000.000,00 AKZ, tendo utilizado a taxa de 4% prevista na tabela das taxas de
reintegrações e amortizações prevista no Decreto Presidencial n.º 207/15 de 5 de
Novembro e contabilizado o custo referente à amortização.

16 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Descrição do Custo de Ano de Amortização


Taxa
activo aquisição aquisição exercício

Terreno 15 000 000,00 2018 4% 600 000,00

Dado que o terreno constitui um activo que não sofre perdas de valor resultantes da sua
utilização ou do decurso do tempo, não se qualifica como um activo amortizável por lhe
faltar o pressuposto de sujeição a deperecimento, conforme o n.º 1 do artigo 25.º e n.º 2
do artigo 24.º. Assim, face ao preceituado na alínea b) do n.º 1 do artigo 40.º, a
correspondente amortização do valor do terreno não é aceite para efeitos fiscais. Deste
modo, o valor de 600.000,00 AKZ apurado no quadro acima, deverá ser acrescido ao
resultado líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha
correspondente às amortizações não previstas do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Amortizações não previstas 600.000

C - Amortizações sobre o custo de barcos de recreio e aviões ou helicópteros e seus


encargos;

Aplicação dos artigos 40.º, alínea f) do CII

Exercício 7

A empresa ABC, Lda adquiriu durante o exercício de 2018 um barco de recreio no valor
de 17.000.000,00AKZ tendo adoptado a taxa de 20% prevista na tabela das taxas de
reintegrações e amortizações prevista no Decreto Presidencial n.º 207/15, de 5 de
Novembro e contabilizado o custo referente à amortização.

Descrição do Custo de Ano de Amortização


Taxa
activo aquisição aquisição exercício

Barco de recreio 17 000 000 2018 20% 3 400 000

FC 2020 | 17
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Relativamente ao barco de recreio, decorre da própria norma constante da alínea f) do


artigo 40.º que não se encontrando afecto à exploração de serviços de transporte ou
destinado a ser alugado no exercício da actividade normal da empresa, a
correspondente amortização não poderá ser aceite para efeitos fiscais. Deste modo, o
valor de 3.400.000 AKZ apurado no quadro acima, deverá ser acrescido ao resultado
líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha
correspondente às amortizações não previstas do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Amortizações não previstas 3.400.000

3.1.4. Linha – Amortizações não autorizadas

Aplicação dos artigos 40.º alínea g), e 38.º do CII


Consideramos não autorizadas, as amortizações não aceites para efeitos fiscais previstas
na alínea g) do artigo 40.º do CII

Artigo 40.º (Amortizações não aceites)


g) Sendo excepcionais conforme dispõe o n.º 1 do artigo 38.0 do presente Código, o contribuinte não
tenha obtido a aprovação prévia da Direcção Nacional de Impostos prevista no n. ° 2 do mesmo artigo.

Artigo 38.º (Desvalorizações excepcionais dos activos amortizáveis)

1. Quando os bens e elementos do activo amortizável sofrerem desvalorizações excepcionais


decorrentes de causas anormais, designadarnente, as provocadas por desastres, fenómenos
naturais ou obsolescência técnica não prevista, pode ser aceite como custo fiscal no exercício em
que tal se verifique, uma amortização extraordinária para além da que resulta da aplicação dos
métodos referidos no artigo 27.º do presente Código.
2. Para este efeito, o contribuinte deve requerer ao Chefe da Repartição Fiscal a aprovação dessa
amortização extraordinária, através de exposição devidamente fundamentada até final do mês
seguinte ao da ocorrência do facto que determinou a desvalorização excepcional.
3. O valor da amortização extraordinária prevista no presente artigo deve corresponder à efectiva
desvalorização dos bens e elementos do activo amortizável, mas nunca pode ser superior ao valor líquido
contabilístico que esses bens e elementos revelem na data em que a desvalorização ocorreu.

18 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

4. A ausência de resposta da repartição fiscal à exposição referida no n.º 2 do presente artigo,


decorridos 45 (quarenta cinco) dias, presume-se deferida.

Exercício 8

A empresa efectuou um contrato de arrendamento de um armazém no qual exerce a


sua actividade, no qual realizou obras de remodelação (art. 35.º). No dia 25/05/2018
cessou o contrato de arrendamento e o valor das obras não se encontrava totalmente
amortizado. A empresa procedeu ao cálculo das amortizações por períodos mensais
nos termos do n.º 2 do artigo 29.º. Até 30/06/2018, a empresa não tinha exposto o facto
à AGT. O quadro abaixo fornece as informações conhecidas deste facto.

Activo Amortização

Taxa (G; 1.8 - Anos Permitida Não aceite


Valores de Ano de Extraordinária
Bens
aquisição aquisição DP 207/15) anteriores Art.º 29.º n.º 3 e 4 fiscalmente

Obras
10% 3 000 000 333 333,33 7 000 000 6 666 666,67
remodelação 10 000 000 Jan.2015

Descrição Débito Crédito Valor

Amortização extraordinária 78 18.1 7 000 000

O valor de 7.000.000 AKZ que falta amortizar foi totalmente amortizado. Todavia, para que
tal amortização fosse aceite fiscalmente, a empresa deveria ter exposto o facto à AGT até
ao final do mês seguinte àquele em que cessou o contrato de arrendamento, ou seja, até
ao dia 30/06/2018, o que não aconteceu, nos termos do n.º 1 do artigo 38.º do CII.
Como tal procedimento não foi efectuado, a quota de amortização superior ao máximo
permitido (333.333,33 AKZ) terá que ser acrescida ao resultado líquido do exercício para
efeitos de apuramento do lucro tributável na linha correspondente às amortizações não
autorizadas do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Amortizações não autorizadas 6.666.666,67

FC 2020 | 19
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Exercício 9

A empresa sofreu no dia 01/06/2018 um desabamento de terra pelas fortes chuvas que
caíram em Benguela tendo destruído as suas estufas destinadas à germinação de
sementes e desenvolvimento de plantas de girassol. Data de aquisição 02/01/2015.
Valor de aquisição 8.000.000,00 AKZ. A empresa procedeu ao cálculo das amortizações
por períodos mensais nos termos do n.º 2 do artigo 29.º. Até 31/07/2018, a empresa não
tinha exposto o facto à AGT.

Amortização
Descrição do Custo de Ano de Anos Exercício Não aceite
Taxa Extraordinária
activo aquisição aquisição anteriores 2018 fiscalmente

Estufas 8 000 000,00 2015 10% 2 400 000,00 333 333,33 5 600 000,00 5 266 666,67

Descrição Débito Crédito Valor

Amortização extraordinária 78 18.1 5.600 000,00

O valor de 5.600.000,00 AKZ que falta amortizar foi totalmente amortizado. Todavia, para
que tal amortização fosse aceite fiscalmente, a empresa deveria ter exposto o facto à AGT
até ao final do mês seguinte àquele em que ocorreu o desabamento de terra e destruição
das estufas, ou seja, até ao dia 31/07/2018, o que não aconteceu, nos termos do artigo
38.º do CII.
Como tal procedimento não foi efectuado, a quota de amortização superior ao máximo
permitido (333.333,33 AKZ), no valor de 5.266.666,67 AKZ terá que ser acrescida ao resultado
líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha
correspondente às amortizações não autorizadas do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Amortizações não autorizadas 5.266.666,67

20 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

3.1.5. Linha – Amortizações não em conformidade

Aplicação dos artigos 40.º alínea h), e 25.º, n.º 4 do CII

Consideramos não em conformidade, as amortizações não aceites para efeitos fiscais


prevista na alínea h) do artigo 40.º e n.º 4 do artigo 25.º do CII

Artigo 40.º (Amortizações não aceites)


h) Não estejam inscritos e devidamente justificados nos mapas de amortizações que devem
acompanhar a declaração anual de rendimentos - Modelo 1 do imposto Industrial.

Artigo 25.º (Activos amortizáveis)


4. Não são aceites amortizações pela aquisição de bens móveis sujeitos a registo, dos quais o
contribuinte não possua, sequer a respectiva declaração de venda, em que seja identificável o
transmitente originário, e elementos identificativos que permitam identificar o bem de forma
individualizada.

- Bens que não estejam inscritos e justificados no mapa de amortizações que acompanha
a declaração anual de rendimentos - Modelo 1
- Bens móveis sujeitos a registo, dos quais o contribuinte não possua a declaração de
venda, em que seja identificável o transmitente originário, e elementos identificativos que
permitam identificar o bem de forma individualizada.

3.1.6. Linha – Provisões excessivas

A – Provisões para créditos de cobrança duvidosa – Dívidas a receber

Aplicação dos artigos 45.º, n.º 1, alínea b) do CII e 4.º, n.ºs 1, 2 e 3 do Decreto Presidencial
n.º 204/15, de 28 de Outubro

Artigo 45.º (Provisões) CII


1. São de considerar como provisões aceites para efeitos do disposto da alínea h) do artigo 14.º do
presente Código, apenas:
b) As que tiverem por fim a cobertura de créditos de cobrança duvidosa, calculados em função
da soma dos créditos resultantes da actividade da empresa existentes no fim do exercício, e da
sua antiguidade;

FC 2020 | 21
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Estas provisões são aceites para efeitos fiscais quando o risco de cobrança ou pagamento
se considere devidamente justificado, que se verifica nas situações previstas nas alíneas
a), b) e c) do n.º 1 do artigo 4.º do Decreto Presidencial n.º 204/15, de 28 de Outubro.
As taxas de provisão e limite acumulado da provisão para cobertura dos créditos de
cobrança duvidosa encontram-se determinados na tabela anexa, conforme o n.º 2 do
artigo 4.º do mesmo diploma legal.
Não são considerados créditos de cobrança duvidosa, os créditos cobertos por seguro,
créditos sobre pessoas singulares ou colectivas que detenham participação igual ou
superior a 10% do capital ou sobre membros dos órgãos sociais, créditos sobre empresas
em que exista uma participação igual ou superior a 10% do capital e créditos sobre o
Estado e Empresas Públicas ou garantidos por estas entidades por força do n.º 3 do artigo
4.º do mesmo diploma legal.

Exercício 10

O quadro de clientes de cobrança duvidosa da empresa “Cobranças difíceis, Lda” é o


seguinte:

Créditos de cobrança duvidosa Provisão


Aceite
Clientes Legislação
Data fiscalmente Excesso
Valor Situação Praticada (art.45.º, n.º1, al. b)
vencimento (Taxa de fiscal
(DP n.º 204/15, 28.Out)
4%)
Mora 11 meses (há art.4.º, n.º 1, c) e n.º 2 DP
ABC, Lda 5 000 000 10-jan-18 diligências) 1 250 000 200 000 1 050 000 204/15
art.4.º, n.º 1, a) e n.º 2 DP
XPTO, Lda 6 000 000 20-fev-18 Processo insolvência 1 500 000 240 000 1 260 000 204/15
Reclamado art.4.º, n.º 1, b) e n.º 2 DP
Palanka, Lda 4 500 000 31-mar-18 judicialmente 1 125 000 180 000 945 000 204/15
Só Peças, Participação 20%
Lda 8 000 000 5-fev-18 capital Só Peças 2 000 000 Não aceite 2 000 000 art.4.º, n.º 3, al.c) DP 204/15
António 2 500 000 8-jan-18 Detém 15% do capital 625 000 625 000 art.4.º, n.º 3, al.b) DP 204/15
Detém 5% do capital; art.4.º, n.º 1, c) e n.º 2 DP
Manuel 3 000 000 7-mar-18 Mora 9 meses 750 000 120 000 630 000 204/15
Detém 5% do capital,
com hipoteca de
José 3 500 000 2-fev-18 imóvel 875 000 Não aceite 875 000 art.4.º, n.º 3, al.a) DP 204/15

Min.Finanças 5 000 000 1-fev-18 Estado 1 250 000 Não aceite 1 250 000 art.4.º, n.º 3, al.d) DP 204/15
Total 8 635 000

22 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

O valor de 8.635.000,00 AKZ corresponde ao excesso fiscal relativo à provisão para


cobertura de créditos de cobrança duvidosa, não admissível fiscalmente, face ao
preceituado no artigo 45.º, n.º 1 alínea b) do CII e artigo 4.º do Decreto Presidencial n.º
204/15, de 28 de Outubro.
Assim, esse quantitativo relativo à provisão não aceite para efeitos fiscais terá que ser
acrescida ao resultado líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável
na linha correspondente às provisões excessivas do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Provisões excessivas 8.635.000

B – Provisões para perdas de valor de existências

Aplicação dos artigos 45.º, n.º 1, alínea c) do CII e 5.º, n.ºs 1, 2 e 5 do Decreto Presidencial
n.º 204/15, de 28 de Outubro

Artigo 45.º (Provisões) CII


1. São de considerar como provisões aceites para efeitos do disposto da alínea h) do artigo 14.º do
presente Código, apenas:
c) As que se destinarem a cobrir a perda de valor das existências;
b) As que tiverem por fim a cobertura de créditos de cobrança duvidosa, calculados em função
da soma dos créditos resultantes da actividade da empresa existentes no fim do exercício, e da
sua antiguidade;

Exercício 11

O quadro de existências e respectiva provisão para cobertura da perda de valor das


existências é o seguinte:

FC 2020 | 23
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Balanço de 2018 Provisão para cobertura da perda de valor das existências


Existências Aceite Legislação
Referências Preço Preço de Excesso
(Calçado) Quant. Provisão fiscalmente (art.º 45.º, n.º1, al. c)
dos artigos unitário mercado fiscal
(Taxa de 1%) (DP n.º 204/15, 28.Out)

Sapatos de homem SH201700S12 25 000 10 18 000 70 000 700 69 300

Sapatos de homem SH201700S13 27 000 12 20 000 84 000 840 83 160

Sapatos de mulher SM201700S11 18 000 14 15 000 42 000 420 41 580

Sapatos de mulher SM201700S10 17 000 5 18 000 não aplicável 0 0 art.º 2.º e 5.º do DP
Bota de Homem BH201700B16 20 000 18 15 000 90 000 900 89 100 204/15
Bota de Mulher BM201700B15 15 000 17 12 000 51 000 510 50 490

Sapato de criança (H) SC201700S12 12 000 11 15 000 não aplicável 0 0

Sapato de criança (M) SC201700S13 11 000 20 8 000 60 000 600 59 400

Total 393 030

O valor de 393.030,00 AKZ corresponde ao excesso fiscal relativo à provisão para cobertura
da perda de valor das existências não admissível fiscalmente, face ao preceituado no
artigo 45.º, n.º 1 alínea c) do CII e artigos 2.º e 5.º do Decreto Presidencial n.º 204 /15, de 28
de Outubro.
Assim, esse quantitativo relativo à provisão não aceite pata efeitos fiscais terá que ser
acrescida ao resultado líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável
na linha correspondente às provisões excessivas do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Provisões excessivas 393.030,00

3.1.7. Linha – Provisões não previstas

Par além das provisões para créditos que se destinem à cobertura de créditos de
cobrança duvidosa e da perda de valor das existências, também são de considerar como
provisões aceites como custo para efeitos fiscais nos termos da alínea h) do artigo 14.º do
CII as que se destinem a acorrer a obrigações e encargos derivados de processos judiciais
em curso e as que tiverem sido constituídas de acordo com as obrigações impostas pelas
entidades públicas reguladoras do sector financeiro, segurador e de jogos, e de outras

24 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

entidades públicas reguladoras supervenientes ao presente Código, nos termos das


alíneas a) e d) do n.º 1 do artigo 45.º do CII.
Todas as provisões que não estejam previstas no disposto do artigo 45.º do CII, tais como
as provisões para riscos e encargos e as provisões para cobrir perdas com garantias a
clientes não são aceites como custo fiscal, devendo o seu valor ser acrescido ao resultado
líquido do exercício para efeitos de determinação do lucro tributável na correspondente
linha das provisões na previstas constante do quadro 5 da declaração anual de
rendimentos modelo 1 do imposto industrial.

3.1.8. Linha – Créditos incobráveis

Artigo 46.º (Créditos incobráveis)

Os créditos incobráveis só são de considerar como custos ou gastos do exercício na medida em


que tal resulte de processos de execução, falência ou insolvência, devidamente documentada
através de certidão pública.

Nos termos do citado artigo, o documento titulado pela certidão pública emitida pelo
atestando a execução, falência ou insolvência do cliente constitui para o credor o único
elemento de prova ao reconhecimento do custo para efeitos fiscais.

3.1.9. Linha – Imposto industrial (art.º 18.º, n.º 1,al. a) CII)

Artigo 18.º (Custos não aceites fiscalmente)


1. Não são aceites como custos dedutíveis à matéria colectável do imposto:
a) O Imposto Industrial, o Imposto Predial Urbano sobre Imóveis Arrendados, o Imposto sobre os
Rendimentos do Trabalho, bem como o Imposto sobre a Aplicação de Capitais;

De acordo com esta norma, o imposto industrial e quaisquer outros impostos que directa
ou indirectamente incidam sobre os lucros terão de ser acrescidos ao resultado líquido do
exercício para efeitos de determinação do lucro tributável. O que parece lógico: o
imposto a pagar não deve ser deduzido ao mesmo imposto.
A retenção na fonte e outros pagamentos provisórios, na medida em que são registados
na conta 34.1 – Imposto sobre o rendimento, não influenciam os resultados do exercício,
serão deduzidos à colecta.

FC 2020 | 25
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Exercício 12

A empresa ABC, Lda dedica-se ao comércio de computadores e telemóveis, obteve


no ano N um resultado antes de impostos positivo no valor de 12.000.000AKZ. Após as
correcções fiscais apurou uma colecta de 3.600.000AKZ e retenções na fonte
efectuadas por clientes de 2.000.000AKZ.

Demonstração de Resultados
Valores
(Ano N)
Resultado antes de impostos 12 000 000
Imposto industrial 3 600 000
Resultado líquido 8 400 000

Lucro tributável e Imposto a pagar


Valores
(Ano N)
Acréscimos fiscais (Imposto industrial) 3 600 000
Deduções 0
Lucro tributável 12 000 000
Prejuízos fiscais 0
Matéria colectável 12 000 000
Colecta 3 600 000
Deduções à colecta 2 000 000
Imposto a pagar 1 600 000

No final do exercício, como a empresa apresentou resultados positivos, foi necessário


proceder-se ao cálculo da estimativa de imposto industrial, a qual afectou o resultado
líquido do exercício em virtude da transferência da conta 87 - Imposto industrial para a
conta 88 - Resultado líquido.
Dado que esta estimativa da colecta do imposto não é aceite como custo do exercício
para efeitos fiscais, procedeu-se ao acréscimo ao resultado líquido do exercício para
efeitos de apuramento do lucro tributável na linha correspondente ao imposto industrial
do quadro 5 da modelo 1.

26 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Designação Débito Crédito Valor


Ano N
Estimativa de Imposto industrial 87 34.1 3 600 000
Transferência para resultado líquido 88 87 3 600 000
Retenções na fonte 34.1 31.1 2 000 000
Pagamento do imposto 34.1 43 1 600 000

O ano N, o valor de 3.600.000,00 AKZ relativo ao imposto industrial terá que ser acrescido
ao resultado líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha
correspondente ao imposto industrial do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Imposto industrial 1.600.000

3.1.10. Linha – Imposto Predial Urbano sobre imóveis arrendados (art.º 18.º, n.º 1,al. a) CII)

Artigo 18.º (Custos não aceites fiscalmente)

1. Não são aceites como custos dedutíveis à matéria colectável do imposto:


a) O Imposto Industrial, o Imposto Predial Urbano sobre Imóveis Arrendados, o Imposto sobre os
Rendimentos do Trabalho, bem como o Imposto sobre a Aplicação de Capitais;

Trata-se de um imposto que incide sobre um rendimento predial, sobre imóvel arrendado
que na óptica do senhorio ou proprietário do imóvel não configura um custo efectivo, mas
antes o efeito do imposto pago pelo utilizador ou arrendatário desse imóvel. Obviamente,
que se tal imposto tivesse a natureza de um pagamento antecipado por meio de uma
retenção na fonte do imposto pago ao Estado no final de um dado período, o seu
tratamento contabilístico deveria reflectir precisamente esse movimento, mas não sendo
o caso, o senhorio ou detentor do rendimento ao substituir esse movimento contabilístico
do imposto por um custo que não é dele, terá de o considerar como um custo não aceite
para efeitos fiscais, pelo que deverá ser acrescido ao resultado líquido para efeitos de
determinação do lucro tributável.

FC 2020 | 27
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Exercício 13

A empresa XPTO, Lda detém um imóvel no seu activo que se encontra arrendado à empresa
ABC, Lda. No ano N, obteve rendimentos prediais efectivamente recebidos no valor de
1.500.000,00AKZ.

Rubricas Valores

Rendimentos prediais 1 500 000


Taxa de retenção na fonte do IPU 15%
Retenção na fonte do IPU 225 000
Recebimento da renda 1 275 000

Em termos contabilísticos

Designação Débito Crédito Valor


Reconhecimento do proveito
Rendimento predial 63 1 500 000

Imposto directo - IPU 75.3 225 000


Recebimento da renda 43 1 275 000

Dado que em sede de IPU, na ótica de imóveis arrendados a entidades com contabilidade
organizada, o proprietário demonstra o pagamento do imposto por retenção na fonte a
título definitivo através dos documentos de cobrança que lhe são entregues pelos
arrendatários, utilizadores dos imóveis, não estando previsto acertos de imposto pago a
final, a própria retenção na fonte configura um custo, que, todavia, não é aceite para
efeitos fiscais, pelo que deve ser acrescido ao resultado líquido do exercício para efeitos
de apuramento do lucro tributável na linha correspondente ao imposto predial urbano do
quadro 5 da declaração anual de rendimentos modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Imposto Predial Urbano 225.000,00

28 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

3.1.11. Linha – Imposto sobre a Aplicação de Capitais (art.º 18.º, n.º 1,al. a) CII)

Artigo 18.º (Custos não aceites fiscalmente)

1. Não são aceites como custos dedutíveis à matéria colectável do imposto:


a) O Imposto Industrial, o Imposto Predial Urbano sobre Imóveis Arrendados, o Imposto sobre os
Rendimentos do Trabalho, bem como o Imposto sobre a Aplicação de Capitais;

Do mesmo modo que o imposto predial urbano sobre imóveis arrendados, trata-se de um
imposto que incide sobre um rendimento de capitais, que na óptica do seu beneficiário
não configura um custo efectivo, mas antes o efeito do imposto pago pelo utilizador ou
beneficiário do capital. Obviamente, que se tal imposto tivesse a natureza de um
pagamento antecipado por meio de uma retenção na fonte do imposto pago ao Estado
no final de um dado período, o seu tratamento contabilístico deveria reflectir
precisamente esse movimento, mas não sendo o caso, o beneficiário do rendimento ao
substituir esse movimento contabilístico do imposto por um custo que não é dele, terá de
o considerar como um custo não aceite para efeitos fiscais, pelo que deverá ser acrescido
ao resultado líquido para efeitos de determinação do lucro tributável.

Exercício 14

A empresa XPTO, Lda recebeu lucros no valor de 5.000.000AKZ da empresa ABC, Lda
na qual detém uma participação no capital de 20%.

Rubricas Valores

Lucros atribuídos 5 000 000

Taxa de retenção na fonte do IPU 10%

Retenção na fonte do IAC 500 000

Recebimento dos lucros 4 500 000

Em termos contabilísticos

Designação Débito Crédito Valor

Reconhecimento do proveito

Lucros atribuídos 67 5 000 000

Imposto directo - IAC 75.3 500 000

Recebimento dos lucros 43 4 500 000

FC 2020 | 29
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Dado que a entidade participante detém uma participação no capital da participada


inferior a 25%, os lucros por esta distribuídos não se encontram isentos de IAC, pelo que a
entidade participada deve efectuar a retenção na fonte do IAC a título definitivo e
proceder ao seu pagamento ao Estado até ao final do mês seguinte ao do pagamento
dos lucros.
Como o pagamento deste imposto se processa a título definitivo e não por conta de
imposto pago a final, o próprio imposto retido na fonte, na ótica da entidade beneficiária
do rendimento, configura um custo não aceite para efeitos fiscais nos termos do artigo
18.º, n.º 1, alínea a), pelo que deve ser acrescido ao resultado líquido do exercício para
efeitos de apuramento do lucro tributável na linha correspondente ao imposto sobre a
aplicação de capitais do quadro 5 da declaração anual de rendimentos modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Imposto Predial Urbano 500.000,00

3.1.12. Linha – Imposto sobre o Rendimento de Trabalho (art.º 18.º, n.º 1 al. a) CII)

Artigo 18.º (Custos não aceites fiscalmente)

1. Não são aceites como custos dedutíveis à matéria colectável do imposto:


a) O Imposto Industrial, o Imposto Predial Urbano sobre Imóveis Arrendados, o Imposto sobre os
Rendimentos do Trabalho, bem como o Imposto sobre a Aplicação de Capitais;

Exercício 15

A empresa ABC, Lda pagou 1.500.000,00 AKZ ao Sr. António pelos serviços de
arquitetura realizados em Julho de 2018. Em Dezembro de 2018 verificou-se que não
tinha sido efectuada a retenção na fonte do Imposto sobre o rendimento do trabalho.
A empresa tinha pago ao arquiteto o valor dos serviços na totalidade sem ter
efectuado a retenção na fonte.

30 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Rubricas Valores Observações

Pagamento de serviços 1 500 000 Dado

Coeficiente (1 - 10,5%) 0,895 (1 - 10,5%)

IRT conta própria (10,5%) 175 978 1.675.978 x 10,5%

Serviços prestados 1 675 978 1.500.000 / 0,895

Em termos contabilísticos

Designação Débito Crédito Valor

Retenção na fonte de IRT 75.3 34.3


175 978
Pagamento da retenção 34.3 43.1

Para dar cumprimento ao pagamento da retenção na fonte de IRT por conta própria
proveniente do pagamento dos serviços de arquitetura prestados por pessoa singular, a
empresa deve registar na conta 34.3 – Estado – IRT do PGC por contrapartida da respectiva
conta de depósitos à ordem o valor do imposto pago. Posteriormente a conta 34.3 precisa
de ser saldada por contrapartida de uma adiantamento ao fornecedor, o que se afigura
desajustado no caso concreto, pois o arquiteto não fará mais negócios com a empresa
ou não colabora com este procedimento, ou, alternativamente, por contrapartida de um
custo, mais precisamente na conta 75.3 – Impostos directos. Todavia, este custo não é não
aceite para efeitos fiscais nos termos do artigo 18.º, n.º 1, alínea a), pelo que deve ser
acrescido ao resultado líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável
na linha correspondente ao imposto sobre o rendimento do trabalho do quadro 5 da
declaração anual de rendimentos modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente Exercício anterior
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Imposto Predial Urbano 175.978,00

FC 2020 | 31
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

3.1.13. Linha – Multas e encargos sobre infracções (art.º 18.º, n.º1, al. d)

Artigo 18.º (Custos não aceites fiscalmente)

1. Não são aceites como custos dedutíveis à matéria colectável do imposto:


d) As multas e todos os encargos pela prática de infracções de qualquer natureza;

De acordo com esta norma, serão acrescidos ao lucro tributável na correspondente linha
do quadro 5 da declaração anual de rendimentos modelo 1, os custos incorridos com
multas e todos os encargos pela prática de infracções de qualquer natureza, incluindo os
juros compensatórios. Este regime procura desincentivar as empresas a praticar qualquer
tipo de infracção.

Exemplos
• Juros compensatórios
• Custas dos processos
• Honorários com advogados relacionados com a prática de infracções
• Infracções fiscais
• Infracções ao Código da Estrada
• Infracções laborais
• Infracções económicas
• Infracções ambientais
• Multas pelo atraso na entrega de declarações fiscais

Exercício 16

A empresa Notax, Lda recebeu em Outubro do ano N+1 uma notificação de uma
liquidação adicional de imposto industrial no valor de 1.500.000AKZ e respectivos juros
compensatórios de 75.000AKZ relativa ao ano anterior (N). Contabilisticamente, este
facto implicou o registo do imposto a pagar e dos juros compensatórios por
contrapartida da conta de impostos (conta 75.3) e custos extraordinários (conta 78),
respectivamente no ano em que recebeu a notificação da liquidação adicional

32 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Em termos contabilísticos
Descrição Débito Crédito Valor

Liquidação do imposto industrial 1 500 000,00


78 34.1
Juros compensatórios 75 000,00
Pagamento 34.1 43.1 1 575 000,00

No ano N+1 os valores de 1.500.000AKZ referente à liquidação adicional de imposto


industrial e de 75.000AKZ relativo aos juros compensatórios terão quer ser acrescidos ao
resultado líquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha
correspondente multas e encargos sobre infrações do quadro 5 da declaração anual de
rendimentos modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Multas e encargos sobre infracções 175.978,00

3.1.14. Linha – Indemnizações cujo risco seja segurável (art.º 18.º, n.º 1, al. e) CII)

Artigo 18.º (Custos não aceites fiscalmente)

1. Não são aceites como custos dedutíveis à matéria colectável do imposto:


e) As indemnizações pagas pela ocorrência de eventos cujo risco seja segurável;

Em conformidade com a norma acima transcrita, as quantias pagas a terceiros a título de


indemnização para compensar danos resultantes de eventos que poderiam ser objecto
de seguro (excepto as indemnizações pagas a terceiros de natureza contratual que são
custo fiscal). Estas indemnizações poderiam ser evitadas se, previamente, tivesse sido
contratado um seguro adequado ao risco do evento. Apenas na situação de não existir
no país um seguro para cobertura dos riscos associados ao evento em questão, é que se
poderá tornar admissível como custo fiscal a indemnização paga que tenha resultado
desse evento.
São considerados custos fiscais, os seguintes encargos:
 Custos obrigatoriamente suportados com franquias de seguros;
 Valores pagos em indemnizações, em caso da franquia ser superior à indemnização;

FC 2020 | 33
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Exemplos de indemnizações pagas a terceiros não aceites como custo fiscal,


enquadradas na norma em referência:
 Acidentes de trânsito, causados por viaturas da empresa;
 Danos causados em propriedade alheia;
 Extravio de mercadorias transportadas ou avaria do veículo, no caso de tratarem-se
de empresas transportadoras;

Exercício 17

A empresa ABC, Lda registou como custo, no exercício N, uma indemnização de


2.000.000,00 AKZ paga a um cliente que visitava a obra da empresa, como forma de
o compensar pelos estragos causados pela queda de um andaime em cima a viatura
do cliente. A empresa não possuía qualquer seguro para este tipo de situação.
Em termos contabilísticos

Designação Débito Crédito Valor

Custo extraordinário - Sinistros 79 43.1 2 000 000

Após uma averiguação feita no País verificou-se que existem seguradoras que consideram
estes riscos como seguráveis, tendo exibido uma modalidade de seguro específico com
uma listagem de coberturas onde consta este tipo de evento.
Assim este valor de 2.000.000AKZ contabilizado como custo extraordinário, não é aceite
como custo fiscal nos termos do artigo 18.º, n.º 1, alínea e), porque configura uma
indemnização cujo risco é segurável, pelo que deveria ter sido contratualizado um seguro
para este evento. Não o tendo efectuado, o custo contabilístico deve ser acrescido ao
resultado liquido do exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha
correspondente a indemnizações pagas por riscos seguráveis do quadro 5 da modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Indemnizações pagas de riscos seguráveis 2.000.000

34 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

3.1.15. Linha – Despesas indevidamente documentadas (art.º 17.º, n.º 1, 2 e 6 CII)


Artigo 17.º (Documentação de custos) do CII

1. Os custos incorridos com qualquer despesa, são apenas aceites para efeitos do apuramento da
matéria colectável, quando devidamente documentados, nos termos da legislação em vigor.
2. Os custos indevidamente documentados não são aceites como custo dedutível à matéria colectável
do imposto.
6. Entendem-se por despesas indevidamente documentadas, nos termos do número 2.º deste artigo,
aquelas em que a documentação em posse do contribuinte não se encontra em conformidade com os
elementos previstos no regime jurídico das facturas e documentos equivalentes.

A exigência do cumprimento das obrigações contabilísticas e de facturação, tem


evidente fundamento no princípio da praticabilidade, indispensável para a AGT levar a
cabo a sua actividade de prevenção, fiscalização e controlo do imposto, que na
prossecução do interesse público lhe compete levar a cabo.

Exercício 18

A empresa ABC, Lda apresentava um saldo de 800.000 AKZ na conta 75.2.8 - Outros custos e perdas
operacionais relativa ao pagamento de serviços de engenharia civil em que a fatura não reunia
todos os requisitos exigidos no artigo 11.º do Regime Jurídico das Factiras e Documentos
Equivalentes, nomeadamente não continha a descrição dos serviços prestados, referindo a
expressão genérica de “serviços prestados”, (alínea c) do n.º 1) não fazia referência a
identificação do sistema informático utilizado para a emissão da factura ou documento
equivalente, bem como o respectivo número da certificação (alínea j) do n.º 1), nem o domicílio
da empresa ABC, referindo a sua designação comercial em vez da sua denominação jurídica
(alínea a), do n.º 1).

Face ao disposto no n.º 2 e 6 do artigo 17.º do CII, a despesa incorrida no valor de


800.000,00 AKZ, não contendo o documento de suporte os elementos previstos no regime
jurídico das facturas e documentos equivalentes deverá ser acrescida ao resultado líquido
do exercício para efeitos de determinação do lucro tributável na correspondente linha do
quadro 5 da declaração anual modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente Exercício anterior
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Custos indevidamente documentados 800.000

FC 2020 | 35
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

3.1.16. Linha – Despesas não documentadas (artigo 17.º, n.º 3 e 7 CII)

Artigo 17.º (Documentação de custos) do CII


3. Os custos não documentados não são aceites como custos dedutíveis à matéria colectável do
imposto, excepto a autofacturação prevista no regime jurídico das facturas e documentos
equivalentes.
7. Entendem-se por despesas não documentadas, nos termos do número 3.º deste artigo, aquelas
em que não existe documentação válida de suporte da despesa nos termos da lei, mas em que a
sua ocorrência e natureza são materialmente comprováveis.

São despesas relativamente às quais não existe prova documental, embora não haja
ocultação da sua natureza, origem ou finalidade. São despesas não comprovadas
documentalmente, excepto a autofacturação prevista no regime jurídico das facturas e
documentos equivalentes.

Exercício 19

A empresa ABC, Lda apresentava um saldo de 450.000 AKZ na conta 75.2.8 - Outros
custos e perdas operacionais, relativa ao pagamento ao canalizador por serviços de
canalização das casas de banho do armazém sem suporte documental, mas em que
estava identificado o canalizador, o valor, a natureza do serviço e o nome do
adquirente, em documento interno com a designação de nota de despesas.

Face ao disposto no n.º 3 e 7 do artigo 17.º do CII, a despesa suportada no valor de


450.000AKZ, não tendo suporte em documento externo emitido em forma legal, devendo
ser acrescido ao resultado líquido do exercício para efeitos de determinação do lucro
tributável na correspondente linha do quadro 5 da declaração anual modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1

Número Designação Exercício corrente


5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Despesas não documentadas 450.000

36 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

3.1.17. Linha – Despesas confidenciais (art.º 17.º, n.º 4 e 8 do CII)

Artigo 17.º (Documentação de custos)

4. Os custos incorridos com despesas confidenciais, não são aceites como custos dedutíveis à
matéria colectável do imposto, e são tributados autonomamente à taxa de 30%.
8. Entendem-se por despesas confidenciais, nos termos do n.º 4 do presente artigo, aquelas em
que não existe documentação válida de suporte da despesa nos termos da lei, e em que a sua
natureza, função ou origem, não são materialmente comprováveis.

São despesas não especificadas, ou identificadas, quanto à sua natureza, origem e


finalidade. Trata-se de despesas que, pela sua própria natureza, não são documentadas.
As primeiras serão aquelas relativamente às quais não é revelada a sua natureza, origem
e finalidade. São também despesas não comprovadas documentalmente.
Correspondem normalmente a pagamentos em relação aos quais o sujeito passivo não
identificou o encargo a que tal pagamento está relacionado e/ou a entidade
beneficiária de tal pagamento.
Quando os elementos apresentados pelo sujeito passivo não permitem identificar as
despesas incorridas, os beneficiários dos referidos pagamentos e/ou montantes atribuídos,
esses pagamentos são qualificadas como despesas confidenciais.
A apreciação da existência ou não da devida documentação e da confidencialidade
da despesa é feita tendo por objecto o acto através do qual o sujeito passivo suporta o
encargo ou a despesa. Isto é, o encargo não está devidamente documentado quando
não houver a prova documental externa exigida por lei que demonstre que ele foi
efectivamente suportado pelo sujeito passivo e a despesa é confidencial quando não for
revelada natureza e/ou os beneficiários que receberam a quantia em que se
consubstancia a despesa.

A exigência de cumprimento das obrigações contabilísticas e de facturação, tem


evidente fundamento no princípio da praticabilidade, indispensável para a AGT levar a
cabo a sua actividade de prevenção, fiscalização e controlo, que na prossecução do
interesse público lhe cabe levar a cabo.

FC 2020 | 37
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Exercício 20

A empresa K, Lda apresentava um saldo de 5.000.000,00 AKZ na conta 75.2 – Trabalhos


executados no exterior, cuja factura continha a descrição genérica de serviços
prestados cujo fornecedor não estava devidamente identificado quanto ao NIF e
denominação social, tendo o pagamento sido reconhecido numa conta que não
correspondia a essa pessoa.

Neste caso, o valor de 5.000.000AKZ terá que ser acrescido ao resultado líquido do
exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha correspondente a
despesas confidenciais do quadro 5 da declaração anual de rendimentos modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Despesas confidenciais 5.000.000

3.1.18. Linha – Despesas não aceites referentes às existências (art.ºs 20.º, 21.º, 22.º e 23.º do CII)

Artigo 20.º (Valorização das existências)

1. Os valores das existências de materiais, produtos ou mercadorias a considerar nos proveitos e


custos, ou a ter em conta na determinação dos proveitos ou gastos do exercício são os que
resultarem da aplicação de critérios valorimétricos que, podendo ser objecto de controlo
inequívoco, estejam na tradição da industria e sejam geralmente reconhecidos pela técnica
contabilística como válidos para exprimirem o resultado do exercício, e além disso:
a) Venham sendo uniformemente seguidos em sucessivos exercícios;
b) Utilizem preços de aquisição realmente praticados e documentados, ou preços de reposição
ou de venda constantes de elementos oficiais ou de outros considerados idóneos.
2. O cálculo dos valores a que se refere o presente artigo, não pode assentar, sem autorização
prévia da Direcção Nacional de Impostos, em critérios que utilizem custos - padrão ou preconizem
uma valorimetria especial para as existências tidas por básicas ou normais.

Artigo 21.º (Deduções ao custo das existências)

Não são permitidas, para os efeitos do artigo anterior, deduções aos custos das existências, a título
de depreciação, obsolescência ou possíveis perdas de valor dos seus elementos, salvo
devidamente fundamentados e aceites pela Direcção Nacional dos Impostos.

38 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Artigo 22.º (Mudança de critério valorimétrico)

1. Sempre que se verificar mudança de critério valorimétrico, além da sua fundamentação no


relatório a arquivar com a Declaração Modelo 1, devem constar expressamente da conta de
resultados do exercício, os montantes das valorizações ou desvalorizações resultantes da
alteração, acrescendo os das primeiras aos proveitos ou lucros, sem que das últimas possam resultar
custos acrescidos, salvo se a Direcção Nacional de Impostos autorizar o contrário.
2. No cálculo dos resultados do exercício ou dos exercícios seguintes, toma-se como custos das
existências, a que o presente artigo reporta, os que acabaram por ser considerados para os fins
neles referidos.

Artigo 23.º (Liquidação de existências em grande escala)


No caso de liquidação de existências em grande escala resultante de mudança ou alteração
profunda do ramo de actividade, pode a Direcção Nacional de Impostos, sobre exposição
fundamentada do contribuinte, fixar o critério de determinação dos resultados dessa liquidação,
tendo em conta a manutenção do capital normalmente aplicado na sua constituição.

A expressão dos valores das existências constantes dos respectivos inventários


contabilísticos, deve basear-se no critério do custo histórico, ou seja, nos preços de
aquisição ou de produção, podendo ainda assentar no critério valorimétrico de preços
de venda resultantes de elementos oficiais ou de outros considerados idóneos e ser
objecto de uma contagem física por natureza, tipos ou categorias de existências em
todos os estabelecimentos ou armazéns utilizados na actividade do sujeito passivo.
Estes elementos oficiais são os que se encontram previstos em mercados regulados por
entidades nacionais ou internacionais devidamente reconhecidas. Por exemplo,
elementos idóneos poderão provir de informação divulgada através de meios de
comunicação social como jornais, TV ou revistas da especialidade.
Qualquer outro critério valorimétrico das existências, adoptado pelo contribuinte, fica
dependente da autorização prévia da Administração Geral Tributária.
Portanto, para que sejam aceites para efeitos fiscais, as existências finais constantes dos
inventários de matérias - primas, mercadorias, produtos e trabalhos em curso e produtos
acabados deverão expressar valores baseados em critérios fiscalmente aceites, seguidos
de forma consistente ao longo dos exercícios económicos e serem objecto de controlo
inequívoco pelos serviços da Administração Geral Tributária, para que possa ser evitada
qualquer manipulação de valores no sentido da sua sobrevalorização ou subvalorização
de acordo com a conveniência contabilística assente num planeamento fiscal ilegítimo.

FC 2020 | 39
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Exercício 21

A empresa K, Lda apresentava um saldo de 1.775.000AKZ das existências finais de


peças constantes do seu inventário final.
Verificou-se que o valor das existências de peças estava subavaliado por não se
encontrarem fundamentados os preços unitários nos termos do artigo 20.º, n.º 1,
nomeadamente os respectivos preços não vinham sendo uniformemente seguidos
nos exercícios anteriores, nem estavam apoiados em preços de aquisição nem em
preços de venda constantes de elementos oficiais ou de outros considerados idóneos
relativamente a algumas peças analisadas num processo de amostragem.

O amortecedor direito, o travão de trás, o eixo trás e o para choques estavam valorizados
com preços abaixo do preço de aquisição. Os respectivos preços de aquisição eram de
35.000AKZ, 11.000AKZ, 36.000AKZ e 25.000AKZ o que resultaria num valor de 1.927.000AKZ.
Consequentemente, a diferença de 152.000AKZ influencia o custo das mercadorias
vendidas e matérias consumidas, pelo que deverá ser corrigido o resultado líquido do
exercício e o correspondente lucro tributável.

Preço Preço
Peças Referencia Quant Valor
Aquisição Mercado
Amortecedor direito A0024Pe25 5 35 000 30 000 150 000
Amortecedor esq.º A003Pe025 6 35 000 35 000 210 000
Cabo acelerador CA005Pe36 7 6 500 6 500 45 500
Travão da frente TF009Pe465 9 11 000 11 000 99 000
Travão de trás T005Pe565 10 11 000 8 500 85 000
Eixo frente F006Pe650 11 36 000 36 000 396 000
Eixo trás T006Pe705 10 36 000 33 000 330 000
Para lamas frente PL005Pe08 8 18 000 18 000 144 000
Para choques PC009Pe06 12 25 000 19 000 228 000
Farol frente FF005Pe09 15 3 500 3 500 52 500
Farolim trás FT006Pe03 14 2 500 2 500 35 000
TOTAL 1 927 000 1 775 000

Correção do C.M.V.M.C. Efeito fiscal: Aumento


Diminuição Resultado Lucro
Rubrica Declarada Corrigidas Diferença
CMVMC líquido tributável
Existências finais 1 775 000 1 927 000 152 000 152 000 152 000

40 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

3.1.19. Linha – Donativos não previstos (art.ºs 19.º, n.º 1 e 14.º, al. h) CII e 1.º, 3.º, 4.º, 5.º e 6.º do DP n.º
195/15 de 7 de Outubro

Artigo19.º (Tratamento fiscal de donativos e liberalidades)

1. A aceitabilidade dos custos com donativos e liberalidades concedidos por sujeitos passivos do
Imposto Industrial encontra-se regulada pela Lei do Mecenato.
2. A atribuição de qualquer donativo ou liberalidade em incumprimento das regras estabelecidas
na Lei do Mecenato, não só importam a não-aceitação desses custos, como determinam a
tributação autónoma dessas realidades à taxa de 15% sobre o seu valor.

Artigo 14.º (Custos ou gastos)


Consideram-se custos ou gastos imputáveis ao exercício, aqueles que se revelem,
comprovadamente pelo contribuinte, e tomados pela Direcção Nacional dos Impostos, como
indispensáveis à manutenção da fonte produtora ou à realização dos proveitos e ganhos sujeitos a
imposto, nomeadamente os seguintes:
h) Provisões constituídas nos termos da legislação em vigor;

Procedimentos relativos ao regime de incentivos fiscais bem como aos actos relativos ao
registo, avaliação e acompanhamento de projectos previstos na Lei do Mecenato (artigo
1.º do Decreto Presidencial n.º 195/15, de 7 de Outubro).

Registo e obrigações do mecenas e do beneficiário (artigos 3.º e 4.º, 5.º e 6.º do DP 195/15,
de 7 de Outubro).

Liberalidades - art.º 7.º Mecenato educacional - art.º 12.º


Mecenato social - art.º 8.º Mecenato ambiental - art.º 13.º
Mecenato cultural - art.º 9.º Mecenato científico e tecnológico - art.º 14.º
Mecenato desportivo - art.º 10.º Mecenato para a saúde - art.º 15.º
Mecenato juvenil - art.º 11.º Mecenato para a sociedade de informação - art.º 16.º

Na declaração modelo 1 do imposto industrial é declarado o volume anual de


liberalidades concedidas, que devem estar devidamente documentadas e
disponibilizadas, sempre que solicitadas, sob pena da AGT efectuar as correcções à
matéria colectável do contribuinte (n.º 1 do art.º 35.º do Decreto Presidencial n.º 195/15,
de 7 de Outubro)

FC 2020 | 41
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Para efeitos do disposto no presente diploma, apenas têm relevância fiscal os donativos
em dinheiro ou em espécie concedidos sem contrapartidas que impliquem para os
mecenas e beneficiários obrigações de registo junto da AGT do Ministério das Finanças e
junto do Departamento Ministerial tutelar do correspondente sector de actividade,
respectivamente e que consistam na realização de iniciativas nas áreas da saúde, social,
cultural, educacional, desporto, juvenil, ciência e tecnologia, ambiente e sociedade de
informação.

Exercício 22

A empresa ABC, Lda realizou uma doação de tatamis no valor de 1.500.000AKZ a favor
da associação de AIKIDO da Maianga destinados aos praticantes dessa arte marcial.
Verificou-se que esta associação ainda não estava registada no competente
Departamento do Ministério do Desporto. Realizou ainda uma doação de 800.000AKZ
ao clube desportivo do Inter Clube, mas solicitou que o nome da empresa fosse
colocado num placard do estádio de futebol e no seu pavilhão multiusos.

A associação de AIKIDO na qualidade de beneficiário da liberalidade não requereu o


registo junto do Departamento do Ministério do Desporto, nos termos do artigo 4.º do
Decreto Presidencial n.º 195/15, de 7 de Outubro, pelo que a doação no valor de
1.500.000AKZ não pode ser aceite como custo para efeitos fiscais.
Por outro lado, a doação de 800.000AKZ ao Inter Clube não contém relevância fiscal,
porque não possui o pressuposto de ser concedida sem contrapartidas para o mecenas
previsto no n.º 5 do artigo 7.º daquele Diploma, visto que a empresa ABC solicitou que o
seu nome fosse colocado no placard do estádio de futebol e do pavilhão multiusos, o que
configura a característica de uma publicidade, atribuída naturalmente com o objectivo
de aumento das vendas dos seus produtos.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1

Número Designação Exercício corrente


5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Donativos não previstos 2.300.000

42 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

3.1.20. Linha – Donativos excessivos (art.º 19.º, n.ºs 1 e 2 do CII e 35.º, n.º 2 do Decreto Presidencial n.º 195/15
de 7 de Outubro)

Artigo 19.º (Tratamento fiscal de donativos e liberalidades) do CII

1. A aceitabilidade dos custos com donativos e liberalidades concedidos por sujeitos passivos do
Imposto Industrial encontra-se regulada pela Lei do Mecenato.
2. A atribuição de qualquer donativo ou liberalidade em incumprimento das regras estabelecidas na
Lei do Mecenato, não só importam a não-aceitação desses custos, como determinam a tributação
autónoma dessas realidades à taxa de 15% (quinze por cento) sobre o seu valor.

A AGT apura o valor das deduções fiscais decorrentes das liberalidades praticadas pelo
mecenas até ao limite de 40% sobre o valor global dos custos ou perdas do exercício em
conformidade com o n.º 2 do artigo 35.º do Decreto Presidencial n.º 195/15, de 7 de Outubro.

Exercício 23

Em Julho de 2018, a empresa ContasCertas, Lda efectuou uma dotação de


5.000.000AKZ ao Estado Angolano destinado ao apoio a uma campanha de vacinação
contra a febre tifoide e na divulgação de medidas de prevenção de doenças. A
empresa tinha efectuado o seu registo na AGT antes de atribuir esta liberalidade.

Nos termos dos n.ºs 1 e 2 do artigo 19.º do CII e da alínea c) do artigo 15.º e n.º 2 do artigo
35.º do Decreto Presidencial n.º 195/15, de 7 de Outubro, é aceite como custo para efeitos
fiscais até ao limite de 40% do custo suportado no exercício de 2018 decorrente da
liberalidade de 5.000.000AKZ concedida ao Estado Angolano, porque se insere na
realização de uma iniciativa prevista no estatuto do mecenato para a saúde. O
excedente no montante de 3.000.000AKZ terá que ser acrescido ao resultado líquido do
exercício para efeitos de apuramento do lucro tributável na linha correspondente a
donativos excessivos do quadro 5 da declaração anual de rendimentos modelo 1.

Aceite Excesso
Liberalidade Declarada
fiscalmente (40%) fiscal

Mecenato saúde 5 000 000 2 000 000 3 000 000

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Donativos excessivos 3.000.000

FC 2020 | 43
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

3.1.21. Linha – Tributações autónomas das despesas em 50% (artigo 17.º, n.º 5 e 9 do CII)

Artigo 17.º (Documentação de custos) do CII


5. A taxa referida no número anterior é elevada para 50% nas circunstâncias em que estas despesas
originem um custo ou um proveito na esfera de um sujeito passivo, por qualquer forma, isento, ou
não sujeito, a tributação em sede de imposto Industrial.
9. As realidades sujeitas a tributação autónoma, nos termos dos números anteriores implicam o seu
acréscimo, nas percentagens estabelecidas, ao lucro tributável do imposto.

Exercício 24

A empresa K, Lda apresentava um saldo de 5.000.000,00 AKZ na conta 75.2 – Trabalhos


executados no exterior, cuja factura continha a descrição genérica de serviços
prestados cujo fornecedor não estava devidamente identificado quanto ao NIF e
denominação social, tendo o pagamento sido reconhecido numa conta que não
correspondia a essa pessoa.

Dado que a despesa incorrida não está suportada em factura que permita a identificação
do fornecedor do serviço, desconhecendo-se o beneficiário do rendimento auferido, a
despesa qualifica-se como confidencial, devendo ser objecto de tributação autónoma à
taxa de 50% no valor de 2.500.000 AKZ, devendo ser acrescida ao resultado líquido do
exercício para efeitos de determinação de lucro tributável na correspondente linha das
tributações autónomas das despesas em 50% do quadro 5 da declaração modelo 1 nos
termos dos n.ºs 5 e 9 do artigo 17.º

Tributação autónoma
Despesa Valor
(50%)

Despesas confidenciais 5 000 000 2 500 000

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Tributação autónomas das despesas em 30% 2.500.000

44 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

3.1.22. Linha – Tributações autónomas dos donativos em 15% (artigo 19.º, n.º 2 e 3 do CII)

Artigo 19.º (Tratamento fiscal de donativos e liberalidades)


2. A atribuição de qualquer donativo ou liberalidade em incumprimento das regras estabelecidas na
Lei do Mecenato, não só importam a não-aceitação desses custos, como determinam a tributação
autónoma dessas realidades à taxa de 15% sobre o seu valor.
3. A tributação autónoma, referida no número anterior e noutros artigos do presente Código, implica
o acréscimo dos custos incorridos, na proporção estabelecida, ao lucro tributável do imposto.

Exercício 25

A empresa ABC, Lda realizou uma doação de tatamis no valor de 1.500.000 AKZ a favor
da associação de AIKIDO da Maianga destinados aos praticantes dessa arte marcial.
Verificou-se que esta associação ainda não estava registada no competente
Departamento do Ministério do Desporto. Realizou ainda uma doação de 800.000 AKZ
ao clube desportivo do Inter Clube, mas solicitou que o nome da empresa fosse
colocado num placard do estádio de futebol e no seu pavilhão multiusos.

Dado que os donativos foram atribuídos em incumprimento das regras estabelecidas na


Lei do Mecenato, nomeadamente o facto da associação de AIKIDO não ter requerido o
registo junto do Departamento do Ministério do Desporto, nos termos do artigo 4.º do
Decreto Presidencial n.º 195/15, de 7 de Outubro e o facto da doação ao Inter Clube não
ter sido concedida sem contrapartidas para o mecenas previsto no n.º 5 do artigo 7.º
daquele Diploma. Assim, o valor da tributação autónoma de 345.000,00 AKZ (2.300.000,00
AKZ x 15%) deve ser acrescida ao resultado líquido do exercício para efeitos de
determinação de lucro tributável na correspondente linha das tributações autónomas dos
donativos em 15% do quadro 5 da declaração anual modelo 1 nos termos dos n.ºs 2 e 3
do artigo 19.º do CII.

Tributação autónoma
Despesa Valor
(15%)

Donativos em incumprimento da Lei Mecenato 2 300 000 345 000

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Tributação autónomas dos donativos em 15% 345.000

FC 2020 | 45
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

3.1.23. Linha – Acréscimos da reavaliação (art.º 37.º, n.ºs 1 e 2 do CII)

Artigo 37.º (Amortizações de bens reavaliados) do CII


1. As amortizações dos bens do imobilizado corpóreo reavaliado nos termos da legislação em vigor
são aceites para efeitos fiscais nos precisos termos aí estabelecidos.
2. Não são aceites para efeitos fiscais, quaisquer amortizações que forem calculadas sobre o
acréscimo de custo dos bens resultante de reavaliações que não tenham sido efectuadas ao
abrigo de qualquer legislação de natureza fiscal que especificamente as autorize.

Exercício 26

A empresa ABC, Lda que dedica à extracção e transformação de granitos e mármores


realizou a reavaliação do seu activo imobilizado corpóreo, nomeadamente o seu
equipamento básico, tendo recorrido para esse efeito aos serviços de uma empresa
especializada. Esta empresa realizou a reavaliação sem suporte em legislação de
natureza fiscal.

Activo Amortização e Reintegração

Valores de Ano de Coeficiente Valores de Taxa Valor de Valor de Acréscimo


Bens
aquisição aquisição avaliação reavaliação amortização aquisição reavaliação amortização

Máquina de corte 10 000 000 2015 17 500 000 14,28% 1 428 000 2 499 000 1 071 000

Compressor 2 000 000 2016 1,75 3 500 000 12,50% 250 000 437 500 187 500

Retroescavadora 18 000 000 2017 31 500 000 14,28% 2 570 400 4 498 200 1 927 800

Total 3 186 300

Dado que o aumento das amortizações e reintegrações provenientes da reavaliação do


activo imobilizado corpóreo efectuada não teve como base uma legislação de carácter
fiscal, o aumento do custo daí resultante não é aceite para efeitos fiscais, conforme o
disposto no n.º 2 do artigo 37.º. Deste modo, o valor de 3.186.300AKZ relativo ao acréscimo
de amortização deverá ser acrescido ao resultado liquido do exercício para efeitos de
apuramento do lucro tributável na linha correspondente às amortizações não autorizadas
do quadro 5 da declaração anual de rendimentos modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Acréscimos da reavaliação 3.186.300

46 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

3.1.24. Linha – Custos ou gastos com assistência social (art.º 15.º do CII)

Artigo 15.º (Custos ou gastos com assistência social) do CII


1. São custos ou gastos do exercício, os gastos suportados com assistência médica, creches, cantinas,
bibliotecas e escolas, criadas para atender exclusivamente a fins sociais dos trabalhadores da
empresa, cujo benefício seja disponibilizado generalizadamente aos trabalhadores.
2. A abertura destas instalações a utilizadores externos ao pessoal da empresa, gerando proveitos ou
ganhos, obriga à sua inclusão desse proveito, devidamente discriminada, na matéria colectável de
Imposto Industrial.

Trata-se de gastos em benefício do pessoal da empresa, desde que tenham um carácter geral.
Caso revistam a natureza de rendimentos do trabalho, devem ser de difícil ou complexa
individualização relativamente a cada um dos beneficiários. Este benefício não é extensível aos
familiares dos trabalhadores, porque a norma não o menciona expressamente. Portanto, este
benefício não abrange os seus filhos, pais e cônjuge ou com união de facto.

Exercício 27

Supondo que a empresa K, Lda registou custos com o pessoal, suportados com a
manutenção de uma creche frequentada pelos filhos dos seus trabalhadores na
importância de 1.500.000 AKZ durante o ano de 2018. Este valor é considerado como custo
fiscal na sua totalidade nos termos do n.º 1 do artigo 15.º do CII. Supondo, ainda, que o
acesso à creche é permitido a crianças cujos pais não são trabalhadores da empresa,
cobrando-se um valor de 70.000 AKZ / mês por criança. Neste caso, a empresa deverá
registar como proveito esse valor o qual concorre para a determinação da matéria
colectável do imposto industrial conforme estipulado no n.º 2 do artigo 15.º do CII.

Mas se a empresa suportar durante o ano de 2018 gastos com a assistência médica,
apenas, dos seus directores e administradores no valor de 500.000 AKZ e com os cônjuges
dos trabalhadores no valor de 1.200.000 AKZ então, estes custos não são aceites para
efeitos fiscais, por força do disposto no n.º 1 do artigo 15.º do CII, devendo ser acrescidos
ao resultado líquido do exercício para a determinação do lucro tributável

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Custos ou gastos com assistência social 1.700.000

FC 2020 | 47
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

3.1.25. Linha – Juros de empréstimos dos sócios/accionistas (artigo 16.º do CII)

Artigo 16.º (Limites à dedutibilidade de custos)


1. Os juros de empréstimos, sob qualquer forma, dos detentores do capital, ou de suprimentos são
aceites como custo dedutível, devendo apenas ser acrescido ao lucro tributável a parcela que
exceder taxa media anual de referência dos juros estabelecidos pelo Banco Central.
2. As práticas contabilísticas que não permitam o correcto apuramento dos custos incorridos com
as realidades referidas no n.º 1 do presente artigo, presumem-se dolosas, e são sancionadas com
pena de multa nos termos do artigo 76.º do presente Código, sem prejuízo do previsto no Código
Geral Tributário.

Não se encontram abrangidos por esta norma os eventuais juros de empréstimos


concedidos por pessoas singulares ou colectivas que não sejam sócios da empresa.

A norma estabelece um limite fiscal até taxa media anual de referência dos juros
estabelecidos pelo Banco Central para admissibilidade do valor dos juros para
efeitos fiscais.

Exercício 28

Supondo que os sócios da empresa K, Lda realizaram no decurso de 2019 duas dotações
financeiras, nos valores de 25.000.000,00 AKZ e 30.000.000,00 AKZ, sob a forma de
empréstimo e suprimento, respectivamente, à taxa de juro de 32%. A taxa de juro
divulgada pelo BNA foi fixada em 16% ao ano.

Taxa juro Taxa juro Período Juro Juro Juro fiscalmente


Despesa Data Valor
(sócios) (BNA) (dias) 2019 fiscal não aceite

Empréstimo 25-mai-19 25 000 000 220 4 821 918 2 410 959 2 410 959
32% 16%
Suprimento 15-jun-19 30 000 000 199 5 233 974 2 616 987 2 616 987
Total 10 055 892 5 027 946 5 027 946

48 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Parte do juro do empréstimo e do suprimento no total de 5.027.946 AKZ obtido pelos sócios
da empresa não concorre para a determinação do lucro tributável, por se ter verificado
excessivo face ao limite fiscal imposto pelo n.º 1 do artigo 16.º do CII, pelo que deve ser
acrescido ao resultado líquido do exercício de 2019 para efeitos de determinação do lucro
tributável na correspondente linha dos juros dos empréstimos dos sócios e accionistas do
quadro 5 da declaração anual de rendimentos modelo 1 do imposto industrial.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Juros de empréstimos dos sócios/accionistas 5.027.946

3.1.26. Linha – Correcções relativas a exercícios anteriores e extraordinárias (artigos


18.º, n.º 1, al. g) e 12.º, n.º 3 do CII)

Artigo 18.º (Custos não aceites fiscalmente)

1. Não são aceites como custos dedutíveis à matéria colectável do imposto:


g) Correcções da matéria colectável relativas aos exercícios anteriores, bem como as correcções
extraordinárias do exercício;

Artigo 12.º (Determinação da matéria colectável do grupo A)


3. O lucro tributável reporta-se ao saldo revelado pela conta de resultados do exercício elaborada
em obediência aos princípios contabilísticos estabelecidos na legislação em vigor e consiste na
diferença entre todos os proveitos ou ganhos realizados e os custos ou gastos incorridos no
exercício, uns e outros, eventualmente corrigidos nos termos do presente Código.

A - Correcções relativas a exercícios anteriores

O princípio contabilístico relativo à especialização dos exercícios prevê que os proveitos e


os custos devem ser imputados ao exercício a que digam respeito. Assim, não concorrem
para a determinação do lucro tributável os custos de exercícios anteriores que à data do
seu devido reconhecimento eram manifestamente conhecidos mas não foram relevados
na contabilidade nesse exercício, mas em exercícios seguintes.
Numa perspectiva de correcção da matéria colectável do exercício, deverá proceder-se
às correcções adequadas ao resultado líquido do exercício a que os custos digam respeito
quando, nos termos daquele princípio contabilístico, não sejam consideradas
componentes negativas do lucro tributável do exercício da sua contabilização.

FC 2020 | 49
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Para imputar os custos ou perdas aos exercícios a que deveriam ser imputados de acordo
com o princípio da especialização dos exercícios, poderá ser utilizada uma declaração
de substituição até ao termo do prazo de caducidade quando resulte imposto superior ou
prejuízo fiscal inferior aos declarados anteriormente, ou até ao termo do ano posterior ao
da sua apresentação nos restantes casos. Sem prejuízo da aplicação de uma multa, a
declaração de substituição pode ser apresentada fora do termo do prazo legal de
cumprimento da obrigação (artigo 122.º, n.ºs 2, 3 e 5 do Código Geral Tributário).

Exercício 29

A empresa MilhoAngola, Lda contraiu em 1 de Outubro de 2018 um empréstimo por


um prazo de 180 dias no valor de 20.000.000 AKZ para a aquisição de uma máquina
para a colheita de milho, com juros postecipados à taxa de 5%. Pela aplicação do
princípio da especialização do exercício, é devido 250.000 AKZ de custos financeiros a
imputar ao exercício de 2018 relativos aos 3 meses de Outubro a Dezembro.

Taxa de juro Período


Empréstimo
(bonificada) (meses) Juro de
2018
Data Valor Anual Semestral Total 2018

1-out-18 20 000 000 5% 2,5% 6 3 250 000

Empréstimo bancário Débito Crédito Valor

Ano 2018 (Out – Dez)


Juros suportados 76 37 250 000

O correspondente aviso de cobrança bancário foi recebido em Abril do 2019. A empresa


não efectuou o registo contabilístico referente à especialização do exercício dos juros
suportados em 2018 e imputou a totalidade dos custos financeiros ao exercício de 2019
aquando da recepção do aviso de cobrança, pelo que deverá acrescer ao resultado

50 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

líquido do exercício o valor de 250.000 AKZ os juros pagos e considerados custos financeiros
em 2019, que por serem previsíveis e manifestamente conhecidos deveriam ser imputados
ao exercício de 2018 para efeitos de determinação do lucro tributável, nos termos da
alínea g) do n.º 1 do artigo 18.º do CII.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Correcções relativas a exercícios anteriores e extraordinárias 250.000

B - Correcções extraordinárias

Exercício 30

A empresa TudoVende, Lda procedeu à regularização contabilística de algumas


contas devedoras tendo por finalidade dar uma “limpeza ao balanço”, pois havia da
parte do director financeiro, da pessoa responsável pela cobrança e dos
administradores da empresa a percepção de que se tratavam de saldos inexistentes,
de antiguidade elevada. O contabilista sugeriu que se iniciasse um processo de
circularização de saldos junto das entidades devedoras, tendo-se obtido os seguintes
resultados

Correcção
Entidades devedoras Saldo devedor Resposta
extraordinária
37 Designação 5 250 000,00 2 500 000,00 2 750 000,00
37 Designação 2 256 268,37 1 250 000,00 1 006 268,37
37 Designação 852 305,56 0,00 852 305,56
37 Designação 358 259,65 0,00 358 259,65
37 Designação 1 259 635,54 856 540,60 403 094,94
37 Designação 958 623,58 250 000,00 708 623,58
37 Designação 658 103,00 150 000,00 508 103,00
37 Designação 758 254,69 0,00 758 254,69
37 Designação 548 256,65 255 623,50 292 633,15
Total 7 637 542,94

FC 2020 | 51
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

As respostas obtidas das entidades devedoras permitiram realizar uma regularização


contabilística do saldo das contas de terceiros expresso no balanço de modo a dar uma
imagem verdadeira e apropriada da posição financeira da empresa. Todavia, a
correcção operada não configura um custo com relevância fiscal, devendo ser acrescido
ao resultado líquido do exercício para efeitos de determinação do lucro tributável na linha
correspondente a correcções relativas a exercícios anteriores e extraordinários do quadro
5 da declaração anual de rendimentos modelo 1

Regularização contabilística Débito Crédito Valor

Correcção extraordinária 78 37 7 637 542,94

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Correcções relativas a exercícios anteriores e extraordinárias 7.637.542,94

3.1.27. Linha – Variações patrimoniais positivas

Artigo 13.º (Proveitos ou ganhos)

1. Consideram-se proveitos ou ganhos realizados no exercício, os provenientes de quaisquer


transacções ou operações efectuadas pelos contribuintes em consequência de uma acção
normal ou ocasional, básica ou meramente acessória, e designadamente os derivados:
i) As variações patrimoniais positivas, excluídas as que decorrem de entradas de capital ou
coberturas de prejuízos, efectuados pelos titulares do capital ou créditos de imposto;

Variação patrimonial é toda e qualquer alteração da composição e/ou do valor do


património da empresa.
Variação patrimonial quantitativa ou modificativa é aquela que altera não só a
composição do património como também o seu valor, isto é, sempre que haja uma
alteração no montante dos capitais próprios com reflexos no resultado líquido do
exercício. Neste caso ocorre uma alteração do resultado em função do movimento das
contas de custos, de proveitos e do imposto sobre o rendimento do exercício.

52 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Variação patrimonial qualitativa ou permutativa é aquela que altera apenas a


composição do património, mas não o seu valor, isto é só altera a estrutura do activo, do
passivo e dos capitais próprios.
De acordo com o disposto na alínea i) do n.º 1 do artigo 13.º, concorrem para a formação
do lucro tributável os valores registados a crédito no capital próprio, excepto entradas de
capital ou coberturas de prejuízos, efectuados pelos titulares do capital ou créditos de
imposto.

Variações patrimoniais positivas que concorrem para a formação do lucro tributável:


- Doações recebidas, registadas a crédito da conta Reservas – Doações
- Alienação de quotas e acções próprias no exercício
- Correcções aos resultados transitados provocados por proveitos de exercícios
anteriores
- Recebimentos de subsídios que não sejam destinados nem à exploração nem ao
investimento

A - Doações recebidas

Exercício 31

A empresa MilhoAngola, Lda recebeu um pulverizador (máquina para aplicação de


fertilizantes), a título de doação, em Julho de 2019, tendo sido atribuído o valor de
mercado de 5.000.000AKZ. A taxa de amortização de 16,66% foi adoptada com base
na tabela das taxas de amortização a que se refere o Decreto Presidencial n.º 207/15,
de 5 de Novembro.

Esta doação na quantia de 5.000.000 AKZ foi considerada pela empresa como uma
variação patrimonial positiva que concorreu para a determinação do lucro tributável, nos
termos do artigo 13.º, n.º 1, alínea i), devendo ser acrescida ao resultado líquido do
exercício de 2019 para efeitos de determinação do lucro tributável na correspondente
linha das variações patrimoniais positivas do quadro 5 da declaração modelo 1.
Por outro lado, a amortização da máquina na quantia de 833 000 AKZ é aceite fiscalmente,
uma vez que o custo corrente desta máquina recebida através de doação tem suporte

FC 2020 | 53
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

legal, nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 26.º, para ser aceite como componente
do custo de reconhecimento inicial da sua valorização.

Em termos contabilísticos

Descrição Débito Crédito Valor


Doação de máquina recebida 11 56 5 000 000
Amortização do exercício 73 18 833 000

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Variações patrimoniais positivas 5.000.000

3.1.28. Linha – Ajustamento dos preços de transferência (artigo 50.º do CII e Decreto Presidencial
n.º 147/13, de 1 de Outubro)

Artigo 50.º (Relações especiais) do CII


1. A Direcção Nacional de Impostos pode efectuar as correcções que sejam necessárias para a
determinação da matéria colectável sempre que, em virtude de relações especiais entre o
contribuinte e outra pessoa, sujeita ou não a Imposto Industrial, que tenha, ou não, sede ou
direcção efectiva em território angolano, tenham sido estabelecidas condições diferentes das que
seriam normalmente acordadas entre pessoas independentes, conduzindo a que o lucro tributável
apurado com base na contabilidade seja diverso daquele que se apuraria em circunstâncias
normais de mercado.
2. Também se deve aplicar o disposto no n.º 1 do presente artigo, quanto às pessoas que exerçam
simultaneamente actividades sujeitas e não sujeitas ao Imposto Industrial, quando relativamente a
tais actividades se verifiquem idênticos desvios.
3. Igual procedimento ao previsto no n.º 1 do presente artigo, se adopta para com os contribuintes
em relação aos quais se verifiquem a existência de posições de terceiros dominantes no capital ou
interferências directas ou indirectas na gestão, quando se reconheça que tais situações provocam
desvios no apuramento dos resultados em prejuízo do cômputo da matéria colectável.
4. Quando o disposto no n.º 1 do presente artigo, se aplique relativamente a um sujeito passivo do
Imposto Industrial por virtude de relações especiais com outro sujeito passivo do mesmo imposto ou
do imposto sobre os rendimentos de trabalho, na determinação da matéria colectável deste último
são efectuados, os ajustamentos adequados que sejam reflexo das correcções feitas na
determinação da matéria colectável do primeiro.
5. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, podem ser consagradas em legislação avulsa,
obrigações declarativas específicas para contribuintes, sobre esta matéria, destinadas ao controlo
das condições a sujeitar no âmbito de relações especiais.

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FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Trata-se de um procedimento de controlo fiscal das operações comerciais e financeiras


realizadas entre entidades relacionadas, residentes em território nacional ou não
residentes. Devido às concretas circunstâncias existentes nas operações realizadas entre
essas entidades com relações especiais, o preço praticado nessas operações pode ser
artificialmente definido e, divergir do preço de mercado praticado por entidades não
relacionadas ou independentes. Esse é o fundamento para a necessidade de controlo
fiscal dos preços de transferência para se evitar a perda de receitas fiscais.

Este controlo fiscal encontra-se legitimado no princípio de plena concorrência, segundo


o qual nas operações ou séries de operações sobre bens, direitos ou serviços e em
operações financeiras realizadas entre um sujeito passivo e qualquer entidade, sujeita ou
não a imposto industrial, com a qual esteja em situação de relações especiais, devem ser
contratados, aceites e praticados termos ou condições substancialmente idênticos aos
que normalmente seriam contratados, aceites e praticados entre entidades
independentes em operações comparáveis (artigo 10.º, n.º 1 do Decreto Presidencial n.º
147/13, de 1 de Outubro).

Desta forma, se não for observado o princípio de plena concorrência relativamente a


operações com entidades não residentes, o sujeito passivo deve efectuar os ajustamentos
positivos, nomeadamente, através do acréscimo ao resultado líquido exercício da
divergência entre o preço de mercado negociado entre entidades independentes ou
não relacionadas e o preço artificialmente praticado entre entidades relacionadas para
efeitos de determinação do lucro tributável.

A AGT pode efectuar as correcções ao lucro tributável quando for violado o princípio de
plena concorrência em operações estabelecidas entre entidades relacionadas
residentes e/ou não residentes para que o respectivo preço corresponda ao que seria
realizado entre entidades não relacionadas ou independentes.

Para a determinação dos termos e condições que seriam normalmente acordados,


aceites e praticados entre entidades independentes, de forma a evitar o acréscimo fiscal
para a determinação do lucro tributável, o sujeito passivo deve adoptar o método de
determinação do preço de mercado em plena concorrência susceptível de assegurar o

FC 2020 | 55
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

mais elevado grau de comparabilidade entre operações ou séries de operações que


efectua e outras substancialmente idênticas, em situações normais de mercado ou de
ausência de relações especiais, tendo em conta designadamente as características dos
bens, direitos ou serviços, a posição de mercado, a situação económica e financeira, a
estratégia de negócio e demais características relevantes das empresas envolvidas, as
funções por elas desempenhadas, os activos utilizados e a repartição do risco.

Quando a AGT proceda a correcções fiscais para a determinação do lucro tributável, de


um sujeito passivo (A) de imposto industrial em virtude de relações especiais estabelecidas
com outro sujeito passivo (B), na determinação do lucro tributável do sujeito passivo (A)
devem ser efectuados os ajustamentos adequados que sejam reflexo das correcções
fiscais feitas na determinação do lucro tributável do sujeito passivo (B), conforme o n.º 4
do artigo 50.º do CII A AGT pode igualmente proceder a essa correcção fiscal quando
resulte de convenções internacionais por Angola no âmbito das normas fiscais anti-abuso.
A correcção da matéria colectável a uma empresa implica a correcção compensadora
da matéria colectável da outra empresa por parte da Administração Fiscal.

O sujeito passivo deve manter organizada, através de um processo de documentação


fiscal (dossier fiscal) a documentação relativa à política adoptada em matéria de preços
de transferência.

Deve indicar no relatório técnico, se for o caso, existência de relações especiais, devendo
identificar as entidades em causa declarar o montante das operações realizadas e
informar se organizou, ao tempo em que as operações tiveram lugar e mantém, a
documentação relativa aos preços de transferência praticados.

A aplicação desta norma fiscal está dependente da comprovação por parte da AGT da
existência de relações especiais (artigo 11.º do Decreto Presidencial n.º 147/13, de 1 de
Outubro) e dos termos e condições que seriam normalmente acordados, aceites e
praticados entre entidades independentes, com base no princípio de plena
concorrência.

A aplicação dos métodos de determinação dos preços de transferência, a identificação

56 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

das operações individualizadas, as séries de operações, o tipo e a natureza e conteúdo


da documentação, constam nos artigos 12.º e 13.º do Decreto Presidencial n.º 147/13, de
1 de Outubro).

Exercício 32

A sociedade ABC, SA com sede em Luanda é totalmente detida pela sociedade


espanhola XPTO. Durante o ano de 2019 a entidade angolana adquiriu à empresa
espanhola, serviços de consultadoria tendo reconhecido o gasto respetivo pelo
montante de 10.000.000 AKZ, preço constante da fatura emitida por esta última
entidade. De acordo com a demonstração efetuada no Dossier de Preços de
Transferência o preço que teria sido definido entre entidades independentes em
condições normais de mercado ascenderia a 6.000.000 AKZ.

Preços de transferência Valores

Preço praticado entre entidades relacionadas 10 000 000

Preço de mercado entre entidades independentes 6 000 000

Correcção fiscal (artigo 50.º, n.º1 CII) 4 000 000

Considerando o estabelecimento de relações especiais entre ambas as entidades nos


termos da alínea a) do artigo 11.º do Decreto Presidencial n.º 147/13, de 1 de Outubro, a
sociedade ABC, SA deve acrescer o montante de 4.000.000 AKZ por violação ao princípio
de plena concorrência plasmado no n.º 1 do artigo 50.º do CII e artigo 10.º do Decreto
Presidencial n.º 147/13, de 1 de Outubro, tendo adoptado o método do preço comparável
de mercado previsto na alínea a) do artigo 13.º do mesmo Decreto Presidencial para a
determinação do preço de transferência em condições que seriam acordadas nas
operações realizadas entre entidades independentes.

Portanto, a empresa adopta o método de determinação do preço de mercado em plena


concorrência justificando ser o método que assegura o mais elevado grau de
comparabilidade entre operações ou séries de operações que efectua e outras

FC 2020 | 57
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

substancialmente idênticas, em situações normais de mercado ou de ausência de


relações especiais.

De salientar que estamos perante um ajustamento meramente fiscal, dado que na


contabilidade será reconhecido o valor decorrente dos acordos comerciais das partes.
Artigo 50.º n.º 1 do CII - Princípio de Plena Concorrência. • Artigo 11.º, alínea a) do Decreto
Presidencial n.º 147/13, de 1 de Outubro – Conceito de relações especiais. • Artigo 50.º, n.º
1 do CII – Correção positiva no quadro 5 sempre que de operações com entidades
relacionadas não residentes resulte um lucro tributável inferior ao de plena concorrência.

Deste modo, tendo-se verificado a violação do princípio de plena concorrência o


ajustamento positivo decorrente de operações com entidades relacionadas não
residentes deverá ser acrescido ao resultado líquido do exercício para efeitos de
determinação do lucro tributável na correspondente linha do quadro 5 da declaração
anual modelo 1.

Imposto Industrial - Declaração anual de rendimento - Modelo 1


Número Designação Exercício corrente
5 Apuramento do lucro tributável
Acrescer Ajustamento dos preços de transferência 4.000.000

3.2. Deduções fiscais (Quadro 5)

3.2.1 - Proveitos sujeitos a IAC

Artigo 47.º (Deduções ao lucro tributável)

1. Para a determinação da matéria tributável deduzir-se-ão do lucro líquido apurado nos termos
dos artigos anteriores, e até à concorrência deste, as importâncias seguintes:
b) Os proveitos ou ganhos sujeitos a imposto sobre a aplicação de capitais.
2. O disposto na alínea b) do número anterior não é aplicável aos rendimentos das instituições
financeiras ou das entidades que exerçam actividades similares, que estejam sujeitos ao Imposto
sobre a Aplicação de Capitais e dele isentos.

58 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Exercício 33

A ALFA, Lda, entidade que detém 35% do capital da NET, Lda, emprestou em
10/03/2016 a esta entidade, a título de suprimentos, o valor de 10.000.000,00 AKZ para
reforço de tesouraria. A taxa de juro fixada pelo BNA em Março de 2016 foi de 14%.
Quais os efeitos fiscais em ambas as entidades?

Suprimento 10.000.000,00 Dado


Data de início 10-Mar-16 Dado
Taxa juro anual (BNA) a) 14% Dado
Taxa mensal 1,167% (14% / 12meses)
Juro mensal 116.666,67 (10.000.000,00 x 1,167%)
N.º meses até final 2016 9,67742 (21dias / 31dias) + 9meses
Juro de 2016 1.129.032,26 116.666,67 x 9,67742
Taxa de IAC 10% (n.º 2 artigo 27.º do Código IAC
IAC 112.903,23 1.129.032,26 x 10%
Valor líquido a receber 1.016.129,03 1.129.032,26 - 112.903,23

Conta Débito Crédito

Em 31/12/2016
Na contabilidade da XPTO - Participante
Atribuição do suprimento
13.2.4 Investimento financeiro - associadas - suprimento 10.000.000,00
43.1 Depósitos à ordem 10.000.000,00
Reconhecimento do proveito (juro obtido)
13.2.4 Investimento financeiro - associadas - suprimento 1.016.129,03
75.3.1.2 Imposto s/ Aplicação de Capitais 112.903,23
66.1.1.5 Juros de suprimentos 1.129.032,26
Na contabilidade da NET - Participada
Recebimento do suprimento
43.1 Depósitos à ordem 10.000.000,00
35.1.3.5 Entidades participantes - associadas - suprimento 10.000.000,00
Reconhecimento do custo (juro suportado)
76.1.1.4 Juros de suprimentos 1.129.032,26
34.9.2 Imposto s/ Aplicação de Capitais 112.903,23
35.1.3.5 Entidades participantes - associadas - suprimento 1.016.129,03

FC 2020 | 59
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Na Declaração Modelo 1 - XPTO - Participante


Quadro 5 Apuramento do lucro tributável AKZ Legislação

Resultado líquido 10.000.000,00 (A)


Acrescer Imposto s/ aplicação de capitais (IAC) 112.903,23 (B) (al. a), n.º 1, art. 18.º CII)
Deduzir Proveitos sujeitos a IAC 1.129.032,26 C) (al. b), n.º 1, art. 47.º CII)
Lucro tributável 8.983.870,97 (D)=(A)+(B)-(C) (n.º 3, art. 12.º CII)

Na Declaração Modelo 1 - NET - Participada


Quadro 5 Apuramento do lucro
AKZ Legislação
tributável
Resultado líquido 7.000.000,00 (A)
Acrescer Juros de suprimentos 1.129.032,26 (B) (n.º 1, art. 16.º CII)
Lucro tributável 8.129.032,26 (D) = (A) + (B) (n.º 3, art. 12.º CII)

3.2.2 - Proveitos sujeitos a IPU

Artigo 47.º (Deduções ao lucro tributável)

1. Para a determinação da matéria tributável deduzir-se-ão do lucro líquido apurado nos termos
dos artigos anteriores, e até à concorrência deste, as importâncias seguintes:
a) Os proveitos sujeitos a imposto predial urbano;
2. O disposto na alínea b) do número anterior não é aplicável aos rendimentos das instituições
financeiras ou das entidades que exerçam actividades similares, que estejam sujeitos ao Imposto
sobre a Aplicação de Capitais e dele isentos.

Exercício 34

Em 31/10/2016, a XPTO, Lda celebrou um contrato de arrendamento com a empresa


LIMA, Lda relativo a um escritório, com periodicidade semestral. O valor a pagar
antecipadamente é de 3.000.000,00AKZ. Quais os efeitos contabilísticos e fiscais em
ambas entidades?

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FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Valor arrendamento a pagar 3.000.000 (A)


Data de início 31-Out-16 Dado
Periodicidade semestral 6 (B)
Taxa de retenção 15% (C) =(100% - 40%) x 25%
Valor ilíquido 3.529.412 (D) = (A) / [(100% - (C)]
Valor da retenção 529.412 (E) = (D) x (C)
Renda mensal 588.235 (F) = (D) / (B)
Renda do ano 2016 1.176.471 (F) x 2 meses (Nov, Dez)
Renda diferida para 2017 2.352.941 (G) x 4 meses (Jan…Abr)

Em termos contabilísticos

Conta Débito Crédito

Na contabilidade da XPTO - Proprietário do imóvel


Na data da aquisição do imóvel
13.4.1 Investimento em imóveis 50.000.000
43.1 Depósitos à ordem 50.000.000
Em 31/10/2016 Arrendamento e recebimento da renda
43.1 Depósitos à ordem 3.000.000
75.3.2.2 Impostos diretos - Contribuição predial - IPU 529.412
63.1.5 Arrendamento de imóveis 1.176.471
37.6.5 Proveitos repartir períodos futuros - Proveito diferido 2.352.941
Em 01/01/2017 - Reconhecimento do proveito em 2017
37.6.5 Proveitos repartir períodos futuros - Proveito diferido 2.352.941,18
63.1.5 Arrendamento de imóveis 2.352.941,18
Na contabilidade da LIMA - Arrendatário
Em 31/10/2016 - Arrendamento e pagamento da renda
75.2.21 Rendas e alugueres 1.176.471
37.4.3 Encargos repartir períodos futuros - Custo diferido 2.352.941
34.9.2 Outros impostos - IPU 529.412
43.1 Depósitos à ordem 3.000.000
Em 01/01/2017 - Reconhecimento do custo em 2017
75.2.21 Rendas e alugueres 2.352.941
37.4.3 Encargos repartir períodos futuros - Custo diferido 2.352.941

FC 2020 | 61
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

A empresa XPTO deverá acrescer ao resultado líquido do exercício de 2018 o valor de


529.411,76 AKZ na linha correspondente ao Imposto Predial Urbano do quadro 5 da
declaração modelo 1, por força do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 18.º do CII e
deduzir a esse resultado a quantia de 1.176.470,59 AKZ na linha referente aos proveitos
sujeitos a IPU do quadro 5 da declaração anual de rendimentos modelo 1 nos termos da
alínea a) do n.º 1 do artigo 47.º do CII para efeitos de determinação do lucro tributável.

Na Declaração Modelo 1 - XPTO - Proprietário

Quadro 5 Apuramento do lucro


AKZ Legislação
tributável
Resultado líquido 10.000.000,00 (A)
Acrescer Imposto Predial Urbano (IPU) 529.411,76 (B) (al. a), n.º 1, art. 18.º CII)
Deduzir Proveitos sujeitos a IPU 1.176.470,59 C) (al. a), n.º 1, art. 47.º CII)
Lucro tributável 9.352.941,18 (D) = (A) + (B) - (C) (n.º 3, art. 12.º CII)

3.2.3. Dedução de 10% sobre certas despesas – Grupo B, que possuam


contabilidade organizada (artigo 58.º, n.º 4 do CII)

Artigo 58.º (obrigações declarativas) do CII


4.Os Contribuintes do grupo B que apresentam as suas obrigações declarativas nos termos
aplicáveis para os contribuintes do grupo A passam a deduzir 10% das suas despesas administrativas
relacionadas com a aquisição de aplicativo informático e respectivas licenças, contratação de
contabilista, bem como outras despesas associadas.

Estes contribuintes podem deduzir ao resultado líquido do exercício determinado através


das regras e princípios contabilísticos para o apuramento do lucro tributável o valor
equivalente a 10% sobre as seguintes despesas administrativas relacionadas com a:
 Aquisição de aplicativo informático e respectivas licenças,
 Contratação de contabilista;
 Outras despesas associadas.

62 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

4. Lucro tributável

O lucro tributável determinado pelos contribuintes enquadrados no grupo A, corresponde


ao resultado líquido do exercício apurado com base na contabilidade ao qual deverá
acrescer os custos contabilísticos não aceites para efeitos fiscais e deduzir os proveitos
contabilísticos que não concorrem para a formação do lucro tributável

Resultado líquido do
Lucro tributável = + A acrescer - A deduzir
exercício

5. Apuramento da matéria colectável (Quadro 6)

5.1. Lucro tributável ou prejuízo


Para este campo é transferido o valor do lucro tributável ou prejuízo fiscal determinado no
quadro anterior da declaração anual de rendimentos modelo 1.

5.2. Cálculo dos prejuízos fiscais

Artigo 48.º (Prejuízos fiscais)

1. Os prejuízos verificados em determinado exercício são deduzidos à matéria colectável, havendo-


os, de um, ou mais, dos 3 (três) anos posteriores.
2. Os prejuízos sofridos em actividade que beneficie de isenção ou redução de taxa do Imposto
Industrial, não podem ser deduzidos dos lucros de outras actividades sujeitas ao regime geral do
mesmo imposto.
3. Os prejuízos verificados no decorrer de períodos em que o contribuinte beneficiou de isenção ou
redução de taxa não podem ser deduzidos à matéria colectável, havendo-o, nos exercícios
posteriores ao fim do período de isenção.

Exercício 35

Vamos admitir os seguintes resultados da empresa ProduzAngola, Lda e plano de


dedução de prejuízos fiscais:

FC 2020 | 63
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Períodos de dedução de prejuízos


Resultados fiscais 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
(-)
2015 40.000.000 PD - 40.000.000 - 40.000.000 - 28.000.000 EDR
(-)
2016 10.000.000 PD - 10.000.000 - 10.000.000 - 5.000.000 EDR
2017 12.000.000 12.000.000

2018 5.000.000 5.000.000


2019 (-) 3.000.000 PD - 3.000.000
2020 14.000.000 14.000.000
2021 25.000.000 25.000.000
Matéria colectável 0 0 0 0 0 11.000.000 25.000.000

PD - Prejuízo dedutível; EDR - Extinção do direito ao reporte

Em 2016, inicia-se a contagem do período máximo de reporte de 3 anos do prejuízo de (-


)40.000.000,00 AKZ verificado em 2015, extinguindo-se o direito ao seu reporte no ano de
2013. Em 2018, ano de caducidade do direito à dedução do prejuízo, foi utilizado o valor
de (-)12.000.000,00 AKZ dedutível ao lucro tributável desse ano, resultando um
remanescente de (-) 28.000.000,00 AKZ.

Em 2017, inicia-se a contagem do período máximo de reporte de 3 anos do prejuízo de (-


)10.000.000,00 AKZ, ocorrido em 2016, extensível aos anos 2018 e 2019, extinguindo-se o
direito ao seu reporte no ano de 2020. Em 2019, último ano de reporte do prejuízo, foi
utilizado (-)5.000.000,00 AKZ dedutível ao lucro tributável desse ano, resultando um
remanescente de (-)5.000.000,00 AKZ.

Em 2020, inicia-se a contagem do período máximo de reporte de 3 anos do prejuízo de (-


)3.000.000,00 AKZ ocorrido em 2019. Em 2020, foi utilizado (-)3.000.000,00 AKZ dedutível ao
lucro tributável de 14.000.000,00 AKZ gerado nesse ano, resultando na matéria colectável
de 11.000.000,00 AKZ.

Em 2021, como não existem prejuízos fiscais reportáveis, nem benefícios fiscais usufruídos, o
lucro tributável de 25.000.000,00 AKZ subsume-se em matéria coletável nessa importância.

64 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

5.3. Benefícios fiscais

5.3.1 - Benefícios fiscais dos lucros levados a reservas de reinvestimento

Artigo 49.º (Investimento de reservas voluntárias)


1. Os lucros levados a reservas de reinvestimento que dentro dos 3 (três) exercícios seguintes tenham
sido reinvestidos, em instalações ou equipamentos novos, afectos à actividade produtiva ou
administrativa do contribuinte, podem ser deduzidos a matéria colectável nos 3 (três) anos
imediatos ao da conclusão do investimento, até metade do seu valor.
2. A faculdade prevista no número anterior é dependente da entrega de requerimento do
contribuinte à Direcção Nacional de Impostos até ao final do mês de Fevereiro do ano seguinte à
conclusão do reinvestimento, instruído com todo o suporte dos custos realizados, bem como a
fundamentação objectiva da relevância do investimento para a criação de emprego e
desenvolvimento económico do País.
3. O incumprimento do prazo referido no número anterior implica o indeferimento tácito do pedido.
4. A Direcção Nacional de Impostos pode solicitar documentação de suporte adicional para efeitos
do disposto no n.º 2 do presente artigo, a ser entregue no prazo que for fixado, cujo incumprimento
implica o indeferimento tácito da pretensão do contribuinte.
5. A dedução é faseada pelos 3 (três) exercícios seguintes ao da conclusão do investimento, não
sendo prolongável este período de dedução, sequer por ausência de matéria colectável em
qualquer dos 3 (três) exercícios.
6. A dedução só pode ser realizada mediante parecer favorável da Direcção Nacional de Impostos
7. Para efeitos do disposto no presente artigo, entende-se por conclusão do investimento, a data
de entrada em funcionamento das instalações e investimentos realizados.

Exercício 36

A ALFA, Lda tem vindo a registar resultados líquidos positivos nos últimos 3 anos nos
montantes de 5.500.000,00AKZ em 2016, 5.000.000,00AKZ em 2017 e 7.000.000,00AKZ em 2018.
No momento da aplicação de resultados de 2016, 2017 e 2018, a administração da empresa
decidiu afetar a reservas de investimento uma parte significativa do resultado. Em Março
de 2019, após a decisão de aplicação de resultados, a composição do capital próprio era
a seguinte:
Conta 51 - Capital social: 4.500.000,00AKZ
Conta 55 - Reservas legais: 875.000,00AKZ
Conta 57.1 - Reservas de investimento: 10.000.000,00AKZ
Conta 81.1 - Resultados transitados: 6.625.000,00AKZ

FC 2020 | 65
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Continuação do exercício 36

Durante o ano de 2019, o desenvolvimento da agricultura no país, criou a oportunidade de


investimento neste sector e a empresa ALFA, adquiriu equipamentos básicos necessários à
produção de milho, tais como trator, adubador, ceifeira, charrua, equipamento de rega e
outros no valor de 40.000.000,00AKZ.
Este equipamento foi contabilizado no activo da empresa na rubrica 11.3 - Imobilizado
corpóreo - Equipamento básico em Setembro de 2019, tendo entrado em funcionamento
durante esse mês.
Em 2020, a empresa continuou as suas operações de investimento tendo adquirido mais
equipamentos agrícolas no valor de 20.000.000,00AKZ.
O lucro tributável dos anos de 2019 e 2020 foi de 2.000.000,00AKZ e 8.000.000,00AKZ.
Quais os procedimentos a efetuar pela ALFA, Lda tendo em vista a possibilidade de
dedução à matéria coletável dos lucros levados a reservas de investimento nos anos de
2016, 2017 e 2018?

Elaboração de um requerimento à AGT: a solicitar a autorização para poder usufruir do


benefício fiscal a deduzir ao lucro tributável dos exercícios de 2019 e 2020 relativamente
às reservas de investimento constituídas nos 3 anos anteriores, fundamentado pelo
relevante interesse do investimento para a criação de emprego e desenvolvimento
económico do País, anexando todo o suporte documental das aquisições efectuadas e o
extracto contabilístico da conta 11 – Imobilizado Corpóreo

Prazo de entrega: até 28 de Fevereiro de 2020, pelo investimento realizado em 2019 e até
28 de Fevereiro de 2021, pelo investimento realizado em 2020. (n.º 2)

O contabilista e o representante legal da empresa devem estar cientes que a AGT pode
solicitar documentação de suporte adicional, a qual deverá ser entregue no prazo que for
fixado (n.º 3) e de que o incumprimento dos prazos estabelecidos implica o indeferimento
tácito do requerimento efectuado (n.ºs 3 e 4)

Após o parecer favorável da AGT, a empresa pode realizar a dedução do benefício fiscal
ao lucro tributável dos anos de 2019 e 2020. (n.º 6)

66 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Rubricas 2016 2017 2018 2019 2020


Lucros contabilísticos 8 000 000 9 000 000 7 000 000
Reserva legal 400 000 450 000 350 000
Distribuição aos sócios 2 600 000 3 550 000 1 650 000
Reservas de investimento 5 000 000 5 000 000 5 000 000
Investimento 40 000 000 20 000 000
De 2016 1.º ano 2.º ano 3.º ano
Período 3 anos para a reserva
ser reinvestida (n.º 1, art.º 49.º) De 2017 1.º ano 2.º ano 3.º ano
De 2018 1.º ano 2.º ano
Lucro tributável 2 000 000 8 000 000
Metade da reserva de
reinvestimento 2 500 000 2 500 000 2 500 000 2 000 000 5 500 000

Exercício Exercício
Quadro 6 Apuramento da matéria colectável
corrente 2020 anterior 2019

H Lucro Tributável 8 000 000 2 000 000


Exercício N - 3 0 0
Exercício N - 2 0 0
J Exercício N - 1 2 000 000 0 000 000
Cálculo dos benefícios fiscais
Benefícios fiscais dos lucros levados a reserva 5 500 000 2 000 000

FC 2020 | 67
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

6. Cálculo do imposto (Quadro 7)

6.1. Taxas

Legislação
Natureza Taxa
(art.º 64.º)
Imposto à taxa normal 30% n.º 1

Rendimentos provenientes de actividades, exclusivamente agrícolas,


15% n.º 2
aquícolas, avícola, pecuárias, piscatórias e silvícolas

A matéria colectável apurada nos termos estabelecidos para os


n.º 3
contribuintes do Grupo B

Liquidação provisória de imposto industrial sobre prestações de serviços n.º 5


6,5%

Tributação Iiberatória incidente sobre serviços acidentais prestados por


pessoas colectivas sem sede, estabelecimento estável ou direcção n.º 7
efectiva em Angola

Liquidação provisória de imposto sobre as vendas do 1.º semestre do


2% n.º 6
exercício

Projectos de investimento privado devidamente licenciados por


pode ser
autoridade pública definida nos termos da legislação em vigor, ou em n.º 4
reduzida
função de legislação especial aprovada

7. Colecta (campo N)

Colecta = Matéria colectável x Taxa

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FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

8. Deduções à colecta

8.1. Créditos fiscais

Decorre do n.º 6 do artigo 66.º do CII, a possibilidade de poder ser deduzido na liquidação
provisória sobre as vendas, o imposto, comprovadamente, entregue em excesso nos
pagamentos provisórios dos exercícios anteriores, até ao limite do prazo de caducidade
previsto no Código Geral Tributário.

Nos termos do n.º 6 do artigo 67.º do CII, no apuramento final do Imposto Industrial, se for
apurado montante de imposto inferior ao imposto pago provisoriamente no decurso do
exercício em virtude das retenções na fonte sobre as prestações de serviços, esse crédito
deve ser abatido à colecta do exercício seguinte e assim sucessivamente, nos exercícios
que se seguem, dentro do prazo geral de caducidade do imposto.

O n.º 7 do artigo 67.º do CII estipula que em caso de cessação de actividade, o imposto
provisório, liquidado e pago no decurso dos exercícios anteriores, deve ser abatido à
colecta final devida com a apresentação da declaração de encerramento de
actividade, mencionada nos artigos 53.º e 63.º do CII.

8.1.1. Caducidade do imposto

No que tange à caducidade do imposto prevê o n.º 1 do artigo 62.º do Código Geral
Tributário que o prazo para o Estado poder liquidar impostos é de 5 anos seguintes àquele
a que a matéria colectável diga respeito, contando-se, nos termos do n.º 2 do mesmo
artigo, a partir do termo do ano em que se verificou o facto tributário, relativamente aos
impostos periódicos como é o caso do imposto industrial.

FC 2020 | 69
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

8.1.2. Compensação de créditos e dívidas tributárias

A obrigação do imposto pode extinguir-se por compensação, total ou parcial, com crédito do
devedor ao reembolso ou restituição relativamente a qualquer imposto, desde que
reconhecido pela AGT, conforme o disposto no n.º 1 do artigo 58.º do Código Geral Tributário.

Exercício 37

A empresa AMC, Lda é uma empresa prestadora de serviços de segurança. Paga


semestralmente IPU na quantia de 850.000,00 AKZ em virtude do arrendamento das suas
instalações de que é proprietária a empresa Imobiliária, Lda e apresentava o seguinte
quadro fiscal em sede de imposto industrial:
Anos Colecta Imposto provisório Crédito fiscal Crédito fiscal
acumulado
2015 800.000,00 900.000,00 100.000,00 100.000,00
2016 600.000,00 700.000,00 100.000,00 200.000,00
2017 500.000,00 350.000,00 0,00 50.000,00
2018 700.000,00 750.000,00 50.000,00 100.000,00
2019 900.000,00 850.000,00 0,00 50.000,00
2020 650.000,00 850.000,00 200.000,00 250.000,00

1. O que fazer com o saldo da conta 34.1 – Estado - Imposto sobre o rendimento em termos
contabilísticos e fiscais?
2. E se a empresa tivesse cessado a sua actividade no ano de 2019. Quais os efeitos
contabilísticos e fiscais?

1. Nos termos do disposto no n.º 6 do artigo 67.º, tendo sido apurado em 2015 colecta de
imposto industrial no valor de 800.000,00 AKZ inferior ao imposto pago provisoriamente no
decurso do exercício na quantia de 900.000,00 AKZ, o crédito fiscal de 100.000,00 AKZ foi
sendo utilizado como abatimento à colecta do exercício de 2016 e dos sucessivos
exercícios económicos dentro do prazo de caducidade de 5 anos contados a partir do
termo do exercício de 2015 até 2020, conforme artigo 62.º, n.ºs 1 e 2 do CGT, resultando
neste último ano um crédito de imposto industrial acumulado no montante de 250.000,00
AKZ, que integra o crédito fiscal de 100.000,00 AKZ gerado em 2015. Este valor já não pode
ser utilizado como dedução à colecta do ano de 2021.

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FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

2. Dado que em Julho de 2021, existe a obrigação do pagamento do IPU no valor de


850.000,00 AKZ referente à renda do 1.º semestre de 2021, a empresa pode, ao abrigo do
disposto no n.º 1 do artigo 58.º do CGT, solicitar à AGT que lhe seja reconhecida a
compensação do crédito fiscal de imposto industrial no valor de 100.000,00 AKZ pela dívida
a pagar do IPU, resultando numa dívida fiscal efectiva no valor de 750.000,00 AKZ.
Nos termos do estipulado no n.º 1 do artigo 43.º do Decreto - Lei n.º 16 A/95, de 5 de
Dezembro a AGT tem o prazo de 15 para comunicar a decisão sobre pedido formulado
pela empresa.

Descrição Débito Crédito Valor Saldo conta 341

Ano 2015 100 000


Colecta 87 3411 800 000
Retenção na fonte 3412 311 900 000
Ano 2016 200 000
Colecta 87 3411 600 000
Retenção na fonte 3412 311 700 000
Ano 2017 50 000
Colecta 87 3411 500 000
Retenção na fonte 3412 311 350 000
Ano 2018 100 000
Colecta 87 3411 700 000
Retenção na fonte 3412 311 750 000
Ano 2019 50 000
Colecta 87 3411 900 000
Retenção na fonte 3412 311 850 000
Ano 2020 250 000
Colecta 87 3411 650 000
Retenção na fonte 3412 311 850 000
Até 31 de Maio de 2021, após reconhecimento da compensação por parte da AGT
Compensação fiscal 347 – IPU 341 100 000 150 000
Em Julho de 2021
Pagamento do IPU 347 – IPU 431 750 000

FC 2020 | 71
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Após o reconhecimento da compensação fiscal do crédito fiscal de imposto sobre o


rendimento no valor de 100.000,00 AKZ pela dívida a pagar de IPU no valor de 850.000,00
AKZ, o apuramento do imposto a pagar referente ao ano 2020 opera por uma dedução à
colecta dos créditos fiscais verificados nesse ano no valor de 150.000,00 AKZ, que
representa o crédito fiscal após a compensação fiscal, o qual deverá ser inscrito na linha
correspondente aos créditos fiscais do quadro 7 da declaração modelo 1 respeitante ao
ano de 2020 a entregar até 31 de Maio de 2021. O crédito fiscal a inscrever na declaração
modelo 1 do ano de 2020 é de 50.000,00 AKZ, como se pode verificar pelo quadro abaixo.

Exercício Exercício
Quadro 7 Cálculo do imposto
corrente 2020 anterior 2019

N Colecta 650 000 900 000


Deduções à colecta 0 0
Créditos fiscais 50 000 100 000
Liquidações provisórias sobre serviços 850 000 850 000
O Soma das Deduções 900 000 950 000
Total a Pagar / Recuperar (250 000) (50 000)

Se a empresa tivesse cessado a actividade em 2019, o crédito fiscal no valor de 100.000,00


AKZ, proveniente dos anos anteriores, poderia ser abatido à colecta que for apurada no
período de cessação, nos termos do n.º 7 do artigo 67.º. Caso a empresa não demonstre
no período de cessação colecta suficiente para absorver a totalidade do crédito fiscal,
ou seja, se o valor da colecta for inferior a 100.000,00 AKZ, então poderá solicitar o
reconhecimento de uma compensação fiscal do crédito em excesso relativo ao imposto
sobre o rendimento com uma eventual dívida resultante de um outro imposto.

Caso não seja reconhecida a compensação fiscal pela AGT, o crédito fiscal de 100.000,00
AKZ gerado no ano de 2015, e perante a insusceptibilidade de reporte para os anos
seguintes por estar esgotado o prazo de caducidade, representa no exercício seguinte ao
da caducidade um encargo fiscal, levantando-se a questão de saber se pode ser aceite
para efeitos fiscais.

Nos termos da alínea f) do artigo 14.º, consideram-se custos ou gastos imputáveis ao


exercício, aqueles que se revelem, comprovadamente pelo contribuinte, e tomados pela

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FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

AGT como indispensáveis à manutenção da fonte produtora ou à realização dos proveitos


e ganhos sujeitos a imposto, nomeadamente os encargos fiscais e parafiscais, com
excepção com excepção dos constantes do artigo 18.º.

Este crédito não tem a natureza de colecta de imposto industrial determinada por
aplicação da taxa de imposto à matéria colectável apurada nos termos do n.º 1 do artigo
12.º, mas sim de um adiantamento de pagamento de imposto, a título de retenção na
fonte, efectuado, obrigatoriamente pelos clientes da empresa conforme determina o
artigo 67.º n.º 1, 2 e 3.

Nesta perspectiva, sendo um custo que se tornou obrigatório suportar por força de uma
imposição legal, fica demonstrado o requisito da indispensabilidade do custo para a
realização dos proveitos ou para a manutenção da fonte produtora nos termos do
disposto na alínea f) do artigo 14.º.

8.2 Liquidação e pagamento provisório sobre as vendas

Artigo 66.º (Liquidação e pagamento provisório sobre vendas) do CII


1. O imposto relativo aos contribuintes dos Grupos A e B é objecto de autoliquidação provisória e
pagamento do imposto devido, até ao final dos meses de Agosto e Julho, respectivamente, por
referência ao próprio exercício fiscal em que a actividade tenha lugar.
2. A liquidação referida no número anterior é efectuada mediante a aplicação de uma taxa de
2% (dois por cento) sobre o volume total das vendas, efectuadas pelo contribuinte, nos primeiros 6
(seis) meses do exercício.
3. O pagamento do imposto nos termos do número anterior é provisório e releva na liquidação
definitiva, deduzindo-se à colecta final do contribuinte.
4. As prestações de serviços, sujeitas ao regime previsto no artigo seguinte não concorrem para o
apuramento de imposto provisório, previsto no presente artigo.
8. No ano de início de actividade não é devido o pagamento provisório previsto no presente artigo.
9. A liquidação a que se refere o número 1 do presente artigo pode incidir, a título facultativo, sobre
o valor efectivamente recebido das vendas não sujeitas a retenção na fonte, nos primeiros seis
meses do exercício, mediante a aplicação de uma taxa de 2% (dois por cento) sobre o respectivo
valor, devendo o contribuinte, nesse caso, submeter os extractos bancários.
10. Os contribuintes que tenham apresentado prejuízo no exercício anterior estão dispensados da
liquidação referida nos números 2 e 9 do presente artigo

FC 2020 | 73
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Exercício 38

A empresa FRJ, Lda contribuinte do grupo A efectuou de Janeiro a Junho de 2019 vendas
de mercadorias no valor de 3.000.000,00 AKZ, vendas de produtos acabados no valor de
5.000.000,00 AKZ contabilizadas na conta 61 – Vendas e prestou serviços na quantia de
2.000.000,00 AKZ registado na conta 62 – Prestação de serviços. Supondo que a matéria
colectável do ano de 2018 foi de 2.000.000,00 AKZ, qual o valor do imposto liquidado e
pago provisoriamente e qual o valor do imposto definitivo a pagar no final.

Jan.-Jun. 2019
Descrição Notas
(Art.º 66.º, n.º 2)

(1) Vendas de mercadorias 3 000 000


(2) Vendas de produtos 5 000 000 Dado

(3) Prestações de serviços 2 000 000


(4) Taxa de imposto provisório 2% (Art.º 66.º, n.º 2)
(5) Valor total das vendas (Art.º 66.º, n.º 2 e 4) 8 000 000 (1) + (2)
(6) Liquidação provisória do imposto (Art.º 66.º, n.º 1 e 3) 160 000 (4) x (5)
Período de pagamento Agosto.2018 (Art.º 66.º, n.º 1)

Número Designação Exercício Corrente

M Matéria Colectável 2 000 000

7 Cálculo do imposto

Imposto à taxa normal 30%


N Colecta 600 000
Deduções à Colecta
Liquidações provisórias sobre as vendas 160 000
O Soma das Deduções 160 000
Total a Pagar / Recuperar 440 000

A empresa pode optar pela aplicação do disposto no n.º 9 do artigo 66.º mediante a
operação de incidência da taxa de 2% sobre o valor das vendas efectivamente recebido,
devendo neste caso submeter os respectivos extractos bancários para que a AGT proceda
ao controle deste procedimento.

74 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

8.3 Liquidação e pagamento provisório sobre as prestações de serviços

Artigo 67.º (Liquidação e pagamento provisório sobre prestações de serviços)


1. Os sujeitos passivos de Imposto Industrial com sede, direcção efectiva ou estabelecimento
estável em Angola que exerçam actividades de prestação de serviços de qualquer natureza,
estão sujeitos a tributação, por retenção na fonte à taxa de 6,5% (seis vírgula cinco por cento), cuja
entrega do imposto retido deve ser efectuada até ao final do mês seguinte.
2. A liquidação e entrega do imposto devido é da responsabilidade da pessoa colectiva pagadora do
serviço, que responde pela totalidade do imposto e acréscimos, no caso de não pagamento, sem prejuízo
do direito de regresso da entidade sujeita a retenção na fonte, mas apenas quanto à divida principal.
3. O pagamento do imposto nos termos do número anterior é provisório e releva na liquidação
definitiva, deduzindo-se à colecta final do contribuinte retido.
4. No acto de entrega do imposto retido, deve ser apresentado em duplicado um mapa, que é
carimbado e assinado pela repartição fiscal, contendo o seguinte:
a) Designação social e NIF do fornecedor do serviço;
b) Descrição do serviço;
c) Valor total da factura;
d) Valor da factura a pagar, no caso de pagamento parcelado;
e) Valor do imposto retido.
5. Sempre que a Direcção Nacional dos Impostos ou a repartição fiscal competente, solicitar o
mapa referido no número anterior, deve ser entregue em formato informático.
6. No apuramento final do Imposto Industrial, ocorrido com a entrega da Declaração Modelo 1,
se for apurado montante de imposto inferior ao imposto pago provisoriamente no decurso do
exercício, esse crédito deve ser abatido à colecta do exercício seguinte e assim sucessivamente,
nos exercícios que se seguem, dentro do prazo geral de caducidade do imposto.
7. Em caso de cessação de actividade, o imposto provisório, liquidado e pago no decurso dos
exercícios anteriores, deve ser abatido à colecta final devida com a apresentação da declaração
de encerramento de actividade, mencionada nos artigos 53.0 e 63.0 do presente Código.
8. O imposto provisório que haja sido entregue em excesso, face à colecta apurada a final, e que
seja superior ao imposto a pagar nos termos do número anterior, considera-se definitivo.
9. Consideram-se sujeitas a este regime de liquidação as transacções efectuadas entre entidades
relacionadas, como definidas nos termos do Estatuto dos Grandes Contribuintes, excepto se o contribuinte
puder comprovar e documentar que a operação reveste a natureza de um mero redébito de custos, caso
em que a transacção se encontra não sujeita a este regime especial de liquidação de imposto.
10. Quaisquer margens incorporadas para suportar custos de gestão e administração
eventualmente ocorridos com as operações de redébito referidas no número anterior, constituem
matéria colectável no âmbito deste regime especial de liquidação.
11. A matéria colectável nos termos deste regime é constituída pelo valor global do serviço prestado excluídas
as matérias-primas, peças ou materiais necessários à prestação do serviço, devidamente documentados.
12. Os documentos de liquidação de imposto e de arrecadação de receita, respeitante ao imposto liquidado
e pago nos termos do presente artigo, não podem conter a liquidação ou pagamento de qualquer outro
imposto, sequer Imposto Industrial liquidado ao abrigo de outro regime de liquidação e pagamento.
13. Não constituem prestações de serviços sujeitas a retenção na fonte, os seguintes:
a) Serviços de Ensino, serviços prestados por jardins-de-infância, lactários, berçários e
estabelecimentos análogos a estes;
b) Serviços de assistência médico-sanitária e operações conexas efectuadas por clínicas, hospitais esimilares:
c) Quaisquer serviços, cujo valor integral da prestação não ultrapasse Kz: 20.000,00 (vinte mil kwanzas);
d) Os transportes de passageiros;
e) Locação de máquinas ou equipamentos que, pela sua natureza dêem lugar ao pagamento
de royalties, nos termos do Código do Imposto sobre a Aplicação de Capitais;
f) Serviços de intermediação financeira e seguradora;
g) Serviços de hotelaria e similares;
h) Serviços de telecomunicações.

FC 2020 | 75
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Exercício 39

A empresa Consulting, Lda, não residente, com estabelecimento estável em Luanda


realizou serviços em 2018 no valor de 100.000.000,00 AKZ, tendo recebido o valor de
84.000.000,00 AKZ, com IPC incluído, tendo os clientes efectuado a retenção na fonte
por imposição legal. Todavia, apenas enviaram para a empresa Consulting,Lda uma
parte dos documentos de arrecadação de receitas (DAR´s) como prova da retenção
na fonte efectivamente paga ao Estado, apesar das diversas tentativas realizadas, por
email, para os obter. Qual o valor de retenção na fonte efectuado pelos clientes por
imposição legal? O que deve a empresa Consulting fazer para obter o suporte
documental exigível ao registo da dedução à colecta pela totalidade da retenção na
fonte efectuada pelos clientes?

Descrição Valores Notas

(1) Prestação de serviços 100 000 000


Dado
(2) Recebimento com IPC incluído 84 000 000
(3) Taxa de IPC 5% (DLP 3-A/14, 21 Out)
(4) Recebimento sem IPC 80 000 000 (2) / (1 + 5%)
(5) Imposto de Produção e Consumo 4 000 000 (3) x (4)
(6) Taxa de retenção na fonte 6,5% (art. 67.º, n.º 1)
(7) Retenção na fonte imposto industrial 5 200 000 (4) x (6)
(8) Matéria colectável 20 000 000 (por hipótese)
Colecta 6 000 000 (8) X 30%

Em termos de declaração modelo 1 para evidência da dedução à colecta da liquidação


antecipada sobre os serviços mediante o mecanismo de retenção na fonte, o contribuinte
inscreve o valor de 5.200.000 como dedução à colecta.

Número Designação Exercício Corrente

N Colecta 6 000 000


Deduções à Colecta
Liquidações provisórias sobre os serviços 5 200 000
O Soma das Deduções 5 200 000
Total a Pagar / Recuperar 800 000

76 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

8.4. Liquidação e pagamento provisório sobre as aquisições em regime de


autofacturação

Artigo 66.º (Liquidação e pagamento provisório sobre as vendas)


11. Os contribuintes que se substituem na emissão de facturas aos respectivos fornecedores no
regime de autofacturação definido em diploma próprio, deve no momento do efectivo
pagamento ao fornecedor pela aquisição de bens efectuar a retenção na fonte de 2,4%.

Exercício 40

A empresa FRJ, Lda contribuinte do grupo A prevê fazer aquisições de bens no decurso do
ano 2019 ao abrigo do regime de autofacturação no valor de 500.000 AKZ, 200.000 AKZ,
300.000 AKZ, 150.000 AKZ em Fevereiro, Abril, Junho e Outubro de 2019. Quais as obrigações
da empresa FRJ em sede de Imposto Industrial?

A empresa FRJ, Lda deve no momento do pagamento ao fornecedor efectuar a retenção


na fonte de 2,4% pelas aquisições de bens por força do disposto no n.º 11 do artigo 66.º do CII.

Meses Aquisições de Taxa de Retenção na Momento


2019 bens retenção fonte pagamento

Fevereiro 500 000 12 000 Março

Abril 200 000 4 800 Maio


2,40%

Junho 300 000 7 200 Julho

Outubro 150 000 3 600 Novembro

Total 1 150 000 27 600

Em termos de declaração modelo 1, vem a inscrição como dedução à colecta as


liquidações efectuadas, por retenção na fonte pelas aquisições de bens no âmbito do
regime de autofacturação.

FC 2020 | 77
Imposto Industrial - Preenchimento do Modelo 1

Número Designação Exercício Corrente

M Matéria Colectável 2 000 000

7 Cálculo do imposto

Imposto à taxa normal 30%

N Colecta 600 000

Deduções à Colecta

Liquidações provisórias regime autofacturação 27 600

O Soma das Deduções 27 600

Total a Pagar / Recuperar 572 400

8.5. Benefício fiscal – Regime de não sujeição do IVA

Artigo 65.º (Benefício fiscal) do CIVA


1. Sempre que os sujeitos enquadrados no regime de não sujeição submeterem o mapa a que se
refere o número 2 do artigo anterior, podem deduzir à colecta do imposto sobre o rendimento
devido de que sejam titulares, até ao limite de 10% do imposto suportado nas suas aquisições de
bens e serviços que constem do referido mapa de fornecedores.
2. O benefício atribuído nos termos do número anterior é deduzido na declaração do imposto
devido relativo ao período imediatamente seguinte ao respectivo apuramento ou, caso a colecta
seja negativa, no exercício imediatamente seguinte, até ao prazo de caducidade.

Exercício 41

A empresa Microship, Lda é uma microempresa enquadrada no regime de não sujeição


do IVA. Apurou um resultado antes de impostos de 3.000.000 Akz e registou uma estimativa
para colecta de imposto industrial do ano N no valor de 2.000.000 Akz. Não incorreu em
quaisquer outros factos que suscitassem ajustamentos fiscais do seu lucro tributável.
Em termos de IVA suportou no ano N em aquisições de bens e serviços a sujeitos passivos
do regime geral o valor de 500.000 Akz, que se encontra registado na conta 34.5.1 – IVA
suportado e declarado no mapa de fornecedores a que se refere o n.º 2 do artigo 64.º do
CIVA.
Determine o Imposto industrial a pagar.

78 | FC 2020
FORMAÇÃO CONTÍNUA 2020

Cálculo do benefício fiscal Valores


IVA suportado 500 000
Taxa (artigo 65.º, n.º 1 do CIVA) 10%
Dedução à colecta do imposto industrial 50 000

Em termos contabilísticos

P.G.C.
Descrição Débito Crédito Código Designação
2 000 000 87 Imposto sobre o
Estimativa para impostos
2 000 000 34.1 rendimento

Benefício Fiscal - Regime não sujeição IVA 50 000 34.1 Imposto sobre o
(10% x IVA suportado) 50 000 87 rendimento

1 950 000 88 Resultado líquido


Transferência para resultado líquido 2 000 000 87 Imposto sobre o
50 000 87 rendimento

Em termos fiscais

Apuramento do imposto a pagar Valores


Resultado antes de impostos 3 000 000
Imposto sobre o rendimento 1 950 000
Resultado líquido do exercício 1 050 000
Acréscimo fiscal
Imposto sobre o rendimento 1 950 000
Lucro tributável 3 000 000
Taxa de imposto 30%
Colecta 900 000
Deduções à colecta
Benefício fiscal - Regime não sujeição 50 000
Imposto a pagar 850 000

FC 2020 | 79
2020
Manual
Imposto Industrial
Preenchimento do Modelo 1
www.ocpcangola.org

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