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Estudos, planos e relatórios


ambientais previstos na
legislação brasileira

A legislação ambiental brasileira vem definindo regras e ordenamentos a respeito


do licenciamento ambiental desde a Lei 6.938/81, que institui a Política Nacional do
Meio Ambiente. Assim, uma série de estudos, planos e relatórios ambientais vem
sendo prevista para a obtenção de licenças.

Neste capítulo serão apresentados aspectos relacionados aos estudos, planos e


relatórios ambientais previstos na legislação brasileira, destacando suas tipologias e
aplicabilidades, os documentos técnicos necessários para o licenciamento ambiental
e seus respectivos procedimentos.

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5 Estudos, planos e relatórios ambientais previstos na
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5.1 Tipologia e aplicabilidade

Os estudos ambientais a serem exigidos dependerão do órgão licenciador. Se o em-


preendimento tiver potencial de degradação significativa, deverá ser exigido o estudo de
impacto ambiental (EIA). Com o objetivo do fornecimento de informações detalhadas para
o auxilio no processo de licenciamento, cada esfera da união (federal, estadual e municipal)
criou diversos tipos de documentos específicos de estudos ambientais (SÁNCHEZ, 2013).
A Resolução do Conama 237/97, em seu artigo 1°, III, definiu estudos ambientais como
“[...] todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização,
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como
subsidio para a analise da licença requerida” (BRASIL, 1997).
Essa mesma resolução apresenta os tipos de estudos ambientais que devem compor o
processo de licenciamento conforme suas especificidades. Por exemplo, uma atividade mi-
neradora pode possuir estudos similares a uma atividade de construção de uma rodovia; no
entanto, pelas suas naturezas, ambas deverão apresentar estudos específicos para subsidiar
o licenciamento ambiental e consequentemente as tomadas de decisões, para deferir ou não
o pedido de instalação e operação do empreendimento.
Dessa forma, além do EIA e seu Rima, os principais estudos, planos e relatórios previs-
tos na legislação brasileira são os apresentados no Quadro 1:

Quadro 1 – Tipologia dos principais estudos ambientais conforme a Resolução do Conselho


Nacional do Meio Ambiente 237/97, em seu artigo 1°, III.

Tipologia Sigla
PCA
Plano Controle ambiental de manejo
PM
Recuperação de áreas degradadas RRAD
Relatório Controle ambiental RCA
Ambiental preliminar RAP
Diagnóstico Ambiental DA
Análise Preliminar de riscos APR
Fonte: BRASIL, 1997. Adaptado.

A Lei 6.938/81, criou o Sisnama e permitiu aos estados e municípios participar da cria-
ção de ordenamentos jurídicos. Foi, sem dúvida um avanço histórico na consolidação da
democracia do Brasil; no entanto, no decorrer dos anos ocorreram alguns conflitos de poder
e atuação entre as esferas para determinados licenciamentos, gerando insegurança jurídica
ao processo (SÁNCHEZ, 2013).
Com o objetivo de ordenar essa questão, foi sancionada a Lei Complementar 140/2011,
que, além de alterar a Lei 6.938/81, estabeleceu normas para:

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[...] cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas
à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao
combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da
fauna e da flora. (BRASIL, 2011)
O capitulo II dessa Lei, por meio dos artigos 4° e 5°, define os instrumentos de coopera-
ção entre os entes federativos:
Art. 4° Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instru-
mentos de cooperação institucional:
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;
II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com
órgãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;
III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão
Bipartite do Distrito Federal;
IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;
V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requi-
sitos previstos nesta Lei Complementar;
VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a
outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar.
§1° Os instrumentos mencionados no inciso II do caput podem ser firmados com
prazo indeterminado.
§2° A Comissão Tripartite Nacional será formada, paritariamente, por represen-
tantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e des-
centralizada entre os entes federativos.
§3° As Comissões Tripartites Estaduais serão formadas, paritariamente, por re-
presentantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados e dos Municípios,
com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada
entre os entes federativos.
§4° A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada, paritariamente, por
representantes dos Poderes Executivos da União e do Distrito Federal, com o
objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre
esses entes federativos.
§5° As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito Federal terão
sua organização e funcionamento regidos pelos respectivos regimentos internos.
Art. 5° O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações
administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente des-
tinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as
ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.

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Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do
disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devida-
mente habilitados e em número compatível com a demanda das ações adminis-
trativas a serem delegadas. (BRASIL, 2011)
Dessa forma, inúmeros instrumentos jurídicos específicos podem surgir pelos estados e
municípios, no entanto, o ordenamento jurídico maior ainda é do Conselho Nacional do Meio
Ambiente. No Quadro 2, seguem relacionados os instrumentos de ordenamento jurídico dos
tipos de estudos, planos e relatórios ambientais previstos na legislação brasileira.

Quadro 2 – Relação dos principais instrumentos de ordenamento jurídico dos tipos de estudos,
plano e relatórios ambientais previstos na legislação brasileira.

Tipologia Resoluções Conama Sigla Aplicabilidade


Localização, instalação, opera-
Ambientais 237/97 EA ção e ampliação de atividade ou
empreendimento.
Prévio de Constituição
Ação com potencial significativo de
impacto Federal, art. EPIA
degradação ambiental.
Estudos ambiental 225,1°, IV (1988)
Obtenção de licença prévia e viabili-
Viabilidade
23/94 EVA dade econômica e também em áreas
ambiental
de campo petrolífero.
Viabilidade Processamento de resíduos em fornos
264/99 EVQ
de queima de cimento.

Básico Obtenção de licença de instalação de


Projetos 06/87 PBA
ambiental empreendimentos do setor elétrico.

Recuperação
Decreto Federal Obrigação de recuperação de área de-
de áreas PRAD
97.632/89 gradada para o setor de mineração.
degradadas

Obtenção de licença de instalação de


Controle
9.314/96 PCA empreendimentos de mineração, irri-
ambiental
gação e produção de petróleo e gás.

Desativação de p
­ ostos
Encerramento 273/2000 PE
Planos de combustíveis.

Licença para instalações portuárias ou


Emergência
398/2008 PEI terminais, dutos, plataformas e suas
individual
instalações de apoio.

Contingência, Licença de instalação, operação e en-


emergência e 316/2002 - cerramento de unidades de tratamen-
desativação to térmico de resíduos e encerramento.

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Tipologia Resoluções Conama Sigla Aplicabilidade
Licenças de instalação para extração
9.314/96 RCA de bens minerais de uso imediato na
Controle
construção civil.
ambiental
Licença prévia para perfuração de po-
23/94 -
ços de petróleo.
Relatórios
Avaliação Licença de instalação para perfuração
23/94 RAA
ambiental de poços de petróleo e gás natural.

Ambiental Licença prévia de empreendimentos


279/2001 RAS
simplificado de baixo impacto do setor elétrico.
Fontes: SÁNCHEZ, 2013. Adaptado.

Ao analisarmos os diversos tipos de impactos ambientais, logo percebem-se os inúme-


ros assuntos que ainda devem ser tratados para o licenciamento ambiental. Sabendo dessa
lacuna, muitas normas específicas foram adicionadas nas Resoluções do Conselho Nacional
do Meio Ambiente, como, por exemplo, para empreendimentos de construção civil, resí-
duos sólidos urbanos, cemitérios, aterros de resíduos, organismos geneticamente modifica-
dos, entre tantos outros (BRASIL, 1997).

5.2 Documentos técnicos para o


licenciamento ambiental

As resoluções 01/86 e 237/97 do Conama, que perfazem o ordenamento jurídico a res-


peito de estudos, planos e relatórios ambientais no Brasil, tendo como base a Lei 6.938/81,
possuem critérios e diretrizes para o território nacional. No entanto, cada estado e muni-
cípio pode ter seus roteiros específicos de documentos técnicos para o licenciamento am-
biental, além de cada atividade impactante (como, por exemplo, mineração, construção de
rodovias, hidrovias e outras) também teve seus documentos específicos para a obtenção de
licença ambiental.
Os principais documentos requeridos para o licenciamento ambiental no Brasil são o
EIA e seu respectivo Rima. São exigidos para os empreendimentos impactantes que apre-
sentam grande capacidade transformadora do meio ambiente.
O EIA apresenta informações gerais sobre o empreendimento, além de sua descrição
e área de influência e diagnóstico ambiental da área, bem como os fatores ambientais que
englobam os meios físico, biótico e socioeconômico.
O Rima apresenta a síntese dos estudos ambientais e avaliação dos impactos, bem como
proposição de medidas mitigadoras para ampliação de determinado empreendimento.
O EIA instrui o processo de solicitação de licença prévia (LP) do empreendimento,
além de orientar e subsidiar o órgão ambiental, seja ele federal, estadual ou municipal, para
analisar o pedido de licença.

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O objetivo do EIA/Rima é mostrar a viabilidade ambiental do empreendimento por
meio da caracterização do projeto, do conhecimento e da análise do risco atual do ambiente
de sofrer modificações pela implantação e operação de determinado projeto. Um estudo
comparativo entre situação atual e futura culminará em uma análise realizada pela identi-
ficação e avaliação dos impactos ambientais potenciais da implantação e operação do em-
preendimento, que considera ações de gestão dos impactos para minimizar e/ou eliminar
alterações negativas e incrementar os benefícios resultantes da implantação ou ampliação de
determinado empreendimento.
O desenvolvimento e o conteúdo do EIA devem obedecer às normas pertinentes ao
tema, principalmente a Constituição Federal de 1988, artigo 225, §1°, inciso IV, que deter-
mina a realização de EIA/Rima para empreendimentos que possam causar significativos
impactos ambientais. Em complementação ao dispositivo constitucional, também devem
ser observadas normas infraconstitucionais, como as Resoluções do Conama 01/86 e 237/97,
bem como diretrizes específicas do Termo de Referência emitido pelos órgãos ambientais.
Conforme o Manual de Licenciamento Ambiental do Ministério do Meio Ambiente
(SEBRAE, 2004), é importante ressaltar o passo a passo que todo empreendimento deve
seguir na solicitação de uma licença ambiental. São eles:

Quadro 3 – Passo a passo de solicitação de uma licença ambiental.

Sequência Passo
1° Identificação do tipo de licença ambiental a ser requerida.
2° Identificação do órgão a quem solicitar a licença.
Solicitação de requerimento e cadastro do empreendimento disponibiliza-

dos pelos órgãos ambientais competentes.
4° Coleta de dados e documentos.
5° Preenchimento do cadastro de atividade do empreendimento.
6° Requerimento da licença – abertura de processo.
7° Publicação da abertura de processo.
Fonte: SEBRAE, 2004. Adaptado.

Uma vez observado esse passo a passo, é o momento de fornecer para o processo os
principais documentos exigidos no licenciamento, que de forma geral são os mesmos para
todo território nacional, com ressalvas para informações e licenciamentos específicos.
Os principais documentos exigidos no licenciamento ambiental, de acordo com o
Manual de Licenciamento Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (SEBRAE, 2004), são:
• memorial descritivo do processo industrial da empresa;
• formulário de requerimento preenchido e assinado pelo representante legal;
• cópia do CPF e da identidade do representante legal que assinar o requerimento;
• cópias dos CPFs e registros nos Conselhos de Classe dos profissionais responsá-
veis pelo projeto, pela construção e pela operação do empreendimento;

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• cópias do CPF e identidade de pessoa encarregada do contato entre a empresa e o
órgão ambiental;
• cópias da procuração, do CPF e da identidade do procurador, quando houver;
• cópia da ata da eleição da última diretoria, quando se tratar de sociedade anô-
nima, ou contrato social registrado, quando se tratar de sociedade por cotas de
responsabilidade limitada;
• cópia do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica);
• cópias do registro de propriedade do imóvel ou de certidão de aforamento ou
cessão de uso;
• cópia da certidão da prefeitura indicando que o enquadramento do empreendi-
mento está em conformidade com o a Lei de Zoneamento Municipal;
• cópia da licença ambiental anterior, se houver;
• Guia de Recolhimento (GR) do custo de licença – a efetuação do pagamento e cus-
to da taxa referente deverá ser orientada pelo órgão;
• planta de localização do empreendimento – poderá a empresa anexar cópia de
mapas do Guia Rex ou outros mapas de ruas, indicando sua localização;
• croquis ou planta hidráulica, das tubulações que conduzem os despejos industriais,
os esgotos sanitários, as águas de refrigeração, as águas pluviais etc – a representa-
ção dessas tubulações deverá ser realizada com linhas em cores ou traços diferentes.
O estudo de impacto ambiental contempla várias etapas, e suas informações devem ser
organizadas de forma a facilitar o processo de análise pelo órgão ambiental. Assim sendo, o pla-
nejamento e a execução devem estar alinhados com o Termo de Referência ou Plano de Trabalho
emitido pelo órgão ambiental que definiu a metodologia a ser seguida e os indicadores que
deverão ser estudados. No Quadro 4 estão apresentadas as informações básicas para um EIA.

Quadro 4 – Informações básicas que devem fazer parte de um estudo de impacto ambiental.

Indicativos Informações
Informações gerais
Objetivos do empreendimento

Caracterização do Histórico do empreendimento


empreendimento Informações sobre a empresa solicitante da licença
Projeto do empreendimento
Justificativa para o empreendimento
Meios físicos
Diagnóstico
Meio biológico
ambiental
Meio socioeconômico
Análise dos im-
Auxílio na tomada de decisões
pactos ambientais
Fonte: Elaborado pelo autor.

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Quadro 5 – Documentos técnicos a serem apresentados para o licenciamento ambiental.

Documento Sigla
Ficha de caracterização do empreendimento -
Termos de referência TdR
Estudo de impacto ambiental (EIA) e relatório de impacto
EIA e Rima
ambiental (Rima)
Relatório ambiental simplificado RAS
Relatório de controle ambiental RCA
Projeto básico ambiental PBC
Plano de controle ambiental PCA
Relatório de detalhamento de programas ambiental RDPA
Plano de recuperação de áreas degradadas PRAD
Estudo de viabilidade ambiental EVA
Relatório de desempenho ambiental do empreendimento RDAE
Fonte: Elaborado pelo autor.

5.3 Procedimentos previstos


na legislação brasileira

Segundo Teixeira (2010), a Resolução 237/97 do Conama, em seu o inciso I do art. 1°,
define e conceitua o licenciamento como um procedimento administrativo. A explicação de
outros dispositivos da legislação, como, por exemplo, o artigo 12 da mesma resolução e o
art. 1° da Resolução 404/2008 do Conama, permite a conclusão de que o licenciamento am-
biental consiste em processo administrativo que comporta diversos procedimentos.
A Resolução 237/1997 do Conama, em seu art. 10°, define que o procedimento de licen-
ciamento ambiental deverá obedecer as seguintes etapas:
I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreen-
dedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do
processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado
dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida
publicidade;
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do Sisnama, dos docu-
mentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias
técnicas, quando necessárias;
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente integrante do Sisnama, uma única vez, em decorrência da análise

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dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber,
podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e com-
plementações não tenham sido satisfatórios;
V - Audiência Pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações, pelo órgão ambiental
competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver
reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não te-
nham sido satisfatórios;
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.
§1° - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoria-
mente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de
empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável
ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de
vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes.
§2° - No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao estudo de impacto
ambiental – EIA, se verificada a necessidade de nova complementação em decor-
rência de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão ambien-
tal competente, mediante decisão motivada e com a participação do empreende-
dor, poderá formular novo pedido de complementação. (BRASIL, 1997)
Dessa forma, segundo Teixeira (2010), a Resolução 237/97 do Conama é um ato jurídico
normativo que tem como principal objetivo nortear os órgãos ambientais quanto à adoção
de procedimentos para o licenciamento ambiental, sem impedir que as esferas estaduais e
municipais façam seu próprio ordenamento de procedimentos, desde que guardem compa-
tibilidade com as normas gerais expedidas pela Lei Federal 6.938/81, da Política Nacional
do Meio Ambiente.
O aspecto dos procedimentos do licenciamento ambiental é de enorme importância
para o empreendedor solicitante que possuir atividade potencial ou efetivamente poluido-
ra, visto que o desconhecimento de suas fases e procedimentos poderá gerar problemas na
renovação ou novo pedido de licença ambiental. Tais fases e os procedimentos devem ser
compreendidos nas seguintes etapas:
• estudos ambientais;
• documentação necessária solicitada pelo órgão ambiental;
• prazos a serem cumpridos no processo administrativo de licenciamento ambiental.
Os procedimentos podem ser diferentes quando se referem ao grau de impacto ambiental
a ser gerado por determinado empreendimento, podendo ser de significância elevada ou baixa.
Assim, o empreendedor deve se atentar para os quatro tipos de licenciamento, sendo
que cada um possui seus procedimentos próprios:

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• Licenciamento complexo – Tal modalidade se aplicará quando o empreendimento
pretendido for desenvolver uma atividade capaz de causar significativo impacto
ambiental. Quando identificado nesta modalidade, o procedimento deverá seguir
o estabelecido pelo termo de referência emitido pelo Órgão Ambiental competen-
te, que solicitará ao empreendedor os EIA e seus respectivo Rima, além da com-
provação de viabilidade socioambiental do projeto.
• Licenciamento ordinário – Tal modalidade se aplicará quando o empreendimento
pretendido for desenvolver uma atividade que não envolva significativo impacto
ambiental. O art. 12 da Resolução n. 237/1997 do Conama orienta a possibilidade
de o órgão ambiental competente estabelecer procedimentos específicos para a
emissão das licenças ambientais, de acordo com as características e peculiaridades
da atividade ou empreendimento. Dessa forma, o empreendedor deverá seguir
as orientações do órgão que será o responsável pelo licenciamento, podendo ser
o estado ou município por se tratar de atividade que não envolve significativo
impacto ambiental.
• Licenciamento simplificado – Ao longo dos anos, o Conama tem editado novos
ordenamentos disciplinadores para alguns licenciamentos de baixo impacto am-
biental a procedimentos simplificados. A Resolução Conama 237/97 prevê, em seu
art. 12, §1°, a possibilidade de o órgão ambiental competente estabelecer proce-
dimentos simplificados para atividades e empreendimentos de pequeno impacto
ambiental como, por exemplo, as Resoluções 279/2001 (empreendimentos elétricos
com pequeno potencial de impacto ambiental); 377/2006 (sistema de esgotamento
sanitário); 458/2013 (projetos de assentamento de reforma agrária) e 412/2009 (em-
preendimentos destinados à construção de habitações de interesse social).
• Licenciamento corretivo – Um dos princípios do direito ambiental brasileiro que
é aplicado no processo de licenciamento ambiental é o “princípio da precaução”,
uma vez que determinada atividade ou empreendimento potencialmente causa-
dor de impactos negativos ao ambiente venha a ser instalada. Em alguns casos que
tenham relevante interesse social e econômico, uma vez embargado o empreendi-
mento ou a atividade potencialmente poluidora que se encontrava sem autoriza-
ção ou licença ambiental, seu posterior funcionamento dependerá do licenciamen-
to corretivo, salvo quando não for passível de outro tipo de licenciamento.

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Ampliando seus conhecimentos

Licenciamento ambiental
(DIREITONET, 2016)

Procedimento administrativo que visa evitar ou m


­ itigar
os danos provocados por obras ou atividades efetiva ou
potencialmente degradadoras do meio ambiente

Conceito

A Resolução Conama n. 237/97 define licença ambiental como sendo: “ato


administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as con-
dições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obede-
cidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar,
ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental”.

Ressalta-se que a licença ambiental é ato discricionário, diferenciando-se


da licença administrativa que constitui ato vinculado.

Obras sujeitas a licenciamento ambiental

Estão sujeitas a licenciamento os empreendimentos e as atividades uti-


lizadoras de recursos ambientais que sejam consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras, ou capazes de causar degradação ambiental
(art. 2.º da Resolução Conama n. 237/97).

O anexo 1 da referida Resolução contém atividades sujeitas a licencia-


mento. Ex.: Extração e tratamento de minerais, indústria metalúrgica,
transmissão de energia elétrica etc.

RAIAS – Relatório de Ausência de Impacto Ambiental

Ao analisar a Constituição Federal, no que tange à matéria ambiental


(art. 225 da CF), conclui-se que há uma presunção relativa de que toda
atividade é causadora de impacto ao meio ambiente, razão pela qual é
necessário que o proponente do projeto, no início do licenciamento, apre-
sente ao órgão público licenciador, o Relatório de Ausência de Impacto
Ambiental, que será analisado e servirá de base para que se determine se
a atividade é causadora de significativo impacto ambiental. Se for, será

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necessária a execução do EIA/Rima. Se não for, o empreendedor poderá


requerer a licença prévia.

[...]

EIA/Rima – Estudo de Impacto Ambiental/ Relatório de Impacto Ambiental

É um estudo mais elaborado e complexo, exigido para aquelas ativida-


des consideradas capazes de causar significativo impacto ambiental, ou
seja, dentre as atividades sujeita a licenciamento ambiental existem aque-
las que causam degradação ambiental e aquelas que causam significativa
degradação ambiental, sendo que nestas será necessária a elaboração do
EIA/Rima para saber se a obra poderá ou não ser realizada (art. 3° da
Resolução Conama n. 237/97).

[...]

Audiência Pública

É uma forma de participação popular que tem por finalidade recolher crí-
ticas e sugestões da população com relação à instalação da atividade local
e que irá ajudar o órgão licenciador a formar seu convencimento da apro-
vação ou não do projeto submetido ao licenciamento.

A audiência pública não é obrigatória. No entanto, caso seja requerida e


não seja realizada, a licença concedida será inválida.

[...]

Aprovação do projeto

Uma vez aprovado o RAIS ou o EIA/Rima, o órgão licenciador compe-


tente, a requerimento do empreendedor, estará autorizado a outorgar as
demais licenças (prévia, de instalação e de operação – art. 8° da Resolução
Conama n. 237/97).

Contudo, é facultado ao órgão licenciador solicitar, em qualquer fase


do licenciamento, a realização de estudos ambientais complementares
quando julgar necessários.

[...]

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