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SUMÁRIO
IPI – VISÃO GERAL.............................................................................................................................................. 2
NOÇÕES GERAIS SOBRE O IPI ........................................................................................................................ 2
Veja que a Empresa A, que apenas extraiu o látex da seringueira e promoveu sua
comercialização, se sujeita apenas ao ICMS, pois não promoveu qualquer operação de
industrialização (lembre-se que não há incidência de IPI sobre produtos in natura). As
Empresas B, C e D, que fabricaram a borracha, os pneus e os veículos, tiveram que pagar tanto
o IPI quanto o ICMS, pois elas fabricaram tais produtos. Já na saída promovida pela Empresa E,
houve apenas a incidência do ICMS, pois a Empresa E não fabricou o veículo e também não é
equiparada a industrial nesta operação.
Agora, você pode estar se perguntando: como é possível a incidência de mais de um
tributo sobre a mesma manifestação de riqueza se a Constituição Federal veda a bitributação?
Bem, é muito comum escutarmos que seria proibida a incidência de mais de um tributo
sobre a mesma manifestação de riqueza. Contudo, este não é o entendimento do Supremo
Tribunal Federal – STF. De fato, o STF entende que a Constituição Federal veda implicitamente
a bitributação, ressalvadas as hipóteses de dúplice incidência que decorrem da própria
Constituição Federal. Assim, como o constituinte originário permitiu que a União tribute os
produtos industrializados e que os Estados tributem as mercadorias, o próprio constituinte
originário entendeu cabível a incidência conjunta de IPI e ICMS. Relembremos a ementa desta
decisão do STF:
Recurso Extraordinário nº 143.733:
“Incidência de mais de um tributo sobre o mesmo fato econômico é
permitida quando decorre imediatamente das manifestações de riqueza
tributáveis previstas na Constituição Federal”.
Assim, caro aluno, vamos guardar esta ideia: o STF entende possível a incidência de mais
de um tributo sobre a mesma operação econômica quando esta incidência conjunta decorre da
sistemática de tributação estabelecida pela própria Constituição Federal. Como vimos, esta
situação ocorre com a incidência conjunta de IPI e ICMS.
Bom, agora há uma outra característica muito importante do IPI que eu preciso destacar para
você: além de arrecadar recursos financeiros para a União, ele também tem outra finalidade muito
relevante: regular a economia. Isso é conhecido como a função extrafiscal do IPI. Na crise de 2008,
esta finalidade regulatória ficou muito evidente. Tão logo o governo percebeu que a crise poderia
ser grave, foi adotada uma medida muito importante: foram reduzidas as alíquotas do IPI para
vários produtos industrializados, como veículos, produtos da linha branca, móveis etc. Quando a
União realizou esta redução de alíquotas seu objetivo não era reduzir a arrecadação da União, mas
estimular a economia, ou seja, isso foi realizado com clara finalidade extrafiscal.
Veja que a Empresa C, apesar de ter um IPI incidente na saída dos pneus de 17, recolheu
apenas 8, pois pode compensar o valor do IPI incidente na aquisição da borracha (DARF é o
nome da guia de recolhimento dos tributos federais, nos quais consta o IPI). O mesmo ocorre
com a Empresa D: o valor a ser recolhido é de apenas 6, pois subtrai-se do IPI relativo à saída
do veículo fabricado (23) o valor do incidente na aquisição dos pneus (17).
Preste atenção em um último ponto: se somarmos o valor do IPI recolhido pelas Empresas
B, C e D (9 + 8 + 6) chegamos ao valor do IPI relativo ao veículo fabricado (23). Assim, com a
técnica da não cumulatividade, o IPI relativo ao produto final fabricado (ou seja, aquele produto
que será vendido para um consumidor final) acaba sendo recolhido no curso de sua cadeia
produtiva.