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SUMÁRIO
IPI – VISÃO GERAL.............................................................................................................................................. 2
NOÇÕES GERAIS SOBRE O IPI ........................................................................................................................ 2

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IPI – VISÃO GERAL


NOÇÕES GERAIS SOBRE O IPI
O IPI é um imposto federal que incide sobre a saída de produtos industrializados dos
estabelecimentos que promoveram sua fabricação. O IPI também incide na saída de produtos
industrializados dos chamados "estabelecimentos equiparados a industrial".
Neste primeiro momento, não vamos nos preocupar com os conceitos de produto
industrializado, estabelecimentos industriais e estabelecimentos equiparados a industrial, pois
veremos profundamente estes conceitos mais adiante nesta obra. Contudo, apesar de não nos
aprofundarmos neste primeiro momento, sobre o que se entende por produto industrializado
já podemos guardar uma ideia: os produtos in natura (ex.: seres vivos, hortaliças e frutas recém
colhidas) não são produtos industrializados. Veja: como os produtos in natura são produzidos
pelas forças da natureza, eles não são qualificados como produtos industrializados. Assim, já
podemos concluir que tais produtos sempre decorrem da atuação humana, pois a livre ação das
forças da natureza não é suficiente para a produção deles, como no caso de um veículo.
Além de incidir na saída de produtos industrializados dos estabelecimentos industriais e
equiparados, a legislação tributária estabelece que o importador de produtos industrializados
também deve pagar o IPI. Esta incidência na importação visa equalizar a carga tributária do
produto industrializados fabricado no Brasil e a do importado.
Temos três hipóteses de incidência do IPI: 1) a saída do produto industrializado
promovida pelo estabelecimento que realizou a industrialização; 2) a saída do produto
industrializado promovida pelo estabelecimento que, apesar de não ter realizado a
industrialização, é equiparado a industrial; 3) o desembaraço aduaneiro de produtos
industrializados importados.
Quando ocorrem algumas das hipóteses de incidência do IPI, também há incidência do
ICMS, pois os produtos industrializados evidentemente se inserem no conceito de mercadorias.
Vamos ver os dispositivos legais que estabelecem a incidência de ambos no mercado interno (o
mesmo vale para a incidência de IPI e ICMS na importação):
ICMS – Lei Complementar nº. 87/96:
Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento: I
- da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda
que para outro estabelecimento do mesmo titular.
IPI – Decreto nº. 7.212/2010 (Regulamento do IPI – RIPI):
Art. 35. Fato gerador do imposto é: II - a saída de produto do
estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.
Pois bem.
Se é certo que há incidência de ICMS quando ocorre a incidência do IPI, uma vez que todos
os produtos industrializados se inserem no conceito das mercadorias, nem sempre haverá
incidência de IPI quando ocorre a incidência do ICMS. Na realidade, quando a mercadoria não
é um produto fabricado pelo homem (ou seja, não industrializado), quem promove sua
circulação terá que pagar apenas o ICMS (não cabe a incidência do IPI sobre um produto in
natura).
Para auxiliar sua compreensão, vamos ver uma representação esquemática do que eu
acabei de explicar:

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Veja que a Empresa A, que apenas extraiu o látex da seringueira e promoveu sua
comercialização, se sujeita apenas ao ICMS, pois não promoveu qualquer operação de
industrialização (lembre-se que não há incidência de IPI sobre produtos in natura). As
Empresas B, C e D, que fabricaram a borracha, os pneus e os veículos, tiveram que pagar tanto
o IPI quanto o ICMS, pois elas fabricaram tais produtos. Já na saída promovida pela Empresa E,
houve apenas a incidência do ICMS, pois a Empresa E não fabricou o veículo e também não é
equiparada a industrial nesta operação.
Agora, você pode estar se perguntando: como é possível a incidência de mais de um
tributo sobre a mesma manifestação de riqueza se a Constituição Federal veda a bitributação?
Bem, é muito comum escutarmos que seria proibida a incidência de mais de um tributo
sobre a mesma manifestação de riqueza. Contudo, este não é o entendimento do Supremo
Tribunal Federal – STF. De fato, o STF entende que a Constituição Federal veda implicitamente
a bitributação, ressalvadas as hipóteses de dúplice incidência que decorrem da própria
Constituição Federal. Assim, como o constituinte originário permitiu que a União tribute os
produtos industrializados e que os Estados tributem as mercadorias, o próprio constituinte
originário entendeu cabível a incidência conjunta de IPI e ICMS. Relembremos a ementa desta
decisão do STF:
Recurso Extraordinário nº 143.733:
“Incidência de mais de um tributo sobre o mesmo fato econômico é
permitida quando decorre imediatamente das manifestações de riqueza
tributáveis previstas na Constituição Federal”.
Assim, caro aluno, vamos guardar esta ideia: o STF entende possível a incidência de mais
de um tributo sobre a mesma operação econômica quando esta incidência conjunta decorre da
sistemática de tributação estabelecida pela própria Constituição Federal. Como vimos, esta
situação ocorre com a incidência conjunta de IPI e ICMS.
Bom, agora há uma outra característica muito importante do IPI que eu preciso destacar para
você: além de arrecadar recursos financeiros para a União, ele também tem outra finalidade muito
relevante: regular a economia. Isso é conhecido como a função extrafiscal do IPI. Na crise de 2008,
esta finalidade regulatória ficou muito evidente. Tão logo o governo percebeu que a crise poderia
ser grave, foi adotada uma medida muito importante: foram reduzidas as alíquotas do IPI para
vários produtos industrializados, como veículos, produtos da linha branca, móveis etc. Quando a
União realizou esta redução de alíquotas seu objetivo não era reduzir a arrecadação da União, mas
estimular a economia, ou seja, isso foi realizado com clara finalidade extrafiscal.

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Além da possibilidade das alíquotas do IPI serem estabelecidas com finalidades


regulatórias da economia, como vimos, devemos lembrar que a Constituição Federal estabelece
que tais alíquotas devem ser graduadas segundo a essencialidade do produto industrializado
(é o chamado "princípio da seletividade do IPI"). Dessa forma, os produtos mais essenciais
(como os produtos alimentícios básicos industrializados) devem ter alíquotas bem baixas ou
até zero; por outro lado, os produtos supérfluos (como joias, perfumes) devem ser tributados
com alíquotas altas.
Por fim, o último aspecto geral do IPI que trataremos neste início de estudo é o princípio
constitucional da não cumulatividade. Relembremos como isso aparece previsto na
Constituição Federal:
“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
IV - produtos industrializados;
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação com o montante cobrado nas anteriores”.
Assim, havendo a saída de um produto industrializado com incidência do IPI (ou seja, há
IPI devido na saída), o estabelecimento que promoveu esta saída pode se creditar do IPI
incidente na compra dos insumos que foram utilizados na fabricação deste produto. Preste
atenção: só haverá direito de crédito do IPI incidente na compra de insumos se houver débito
dele na saída do produto industrializado. Vamos a um exemplo prático, na figura a seguir, para
facilitar sua compreensão:

Veja que a Empresa C, apesar de ter um IPI incidente na saída dos pneus de 17, recolheu
apenas 8, pois pode compensar o valor do IPI incidente na aquisição da borracha (DARF é o
nome da guia de recolhimento dos tributos federais, nos quais consta o IPI). O mesmo ocorre
com a Empresa D: o valor a ser recolhido é de apenas 6, pois subtrai-se do IPI relativo à saída
do veículo fabricado (23) o valor do incidente na aquisição dos pneus (17).
Preste atenção em um último ponto: se somarmos o valor do IPI recolhido pelas Empresas
B, C e D (9 + 8 + 6) chegamos ao valor do IPI relativo ao veículo fabricado (23). Assim, com a
técnica da não cumulatividade, o IPI relativo ao produto final fabricado (ou seja, aquele produto
que será vendido para um consumidor final) acaba sendo recolhido no curso de sua cadeia
produtiva.

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