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Olá, alunos!
Considerando que a divisão da competência tributária é um tema extenso, preparei
esse resumo para ajudá-lo a lembrar quais os impostos existentes conforme a competência
tributária dada a cada Ente Federado pela Constituição Federal. Vamos também trabalhar
algumas das contribuições incidentes sobre a atividade produtiva.
União
Imposto de Importação -
II
Imposto de Exportação -
IE
Imposto de Renda - IR
União
Imposto sobre a
Propriedade Territorial
Rural - ITR
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO.
O Imposto de Importação é um tributo que compõe a política econômica do
governo que o usa para controle do comércio exterior e proteção do mercado nacional, por
esse mesmo motivo suas alíquotas podem ser alteradas por ato infralegal (art. 153, §1º, CF).
Compreende-se por importação a entrada no território nacional em caráter definitivo. Aqui
não se pede que a operação seja onerosa. Basta a entrada de produto estrangeiro no território
nacional.
É importante ainda lembrar que o II não é o único tributo que incide na importação.
Exige-se na importação os tributos que incidem sobre o similar nacional, destacando-se
portanto o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços / ICMS, o Imposto sobre
Produtos Industrializados – IPI e o PIS/COFINS importação.
Esse tributo tem por finalidade regular a saída de mercadorias do Brasil. É claro que
se arrecada com esse tributo. Mas não é essa a sua principal finalidade.
Na maior parte das vezes, a alíquota desse tributo é igual a zero. Quanto aos demais
tributos, a Constituição Federal adota uma política de incentivo à exportação, tornando as
exportações imunes ao ICMS, ao IPI, determinando que a Lei complementar restrinja a
incidência do ISS e imunizando também as receitas derivadas do PIS e da COFINS (arts 153,
, § 2º, inc. III, 155, § 2º, inc. X, alínea “a”, 149, § 2º, inc. I, CR/88)
Base Legal: art. 23, CTN, 212, 213 e seguintes do Regulamento Aduaneiro.
IMPOSTO DE RENDA
A Constituição indica que é possível criar o chamado Imposto de Renda e proventos
de qualquer natureza (art. 153, inc. III) . Dessa expressão, entende-se que o IR incide sobre
o acréscimo patrimonial ou seja, sobre a diferença positiva considerando as entradas e as
despesas legalmente autorizadas em um dado período de tempo.
Deveras, nem toda entrada gera IR, porque nem toda entrada pertence ao
contribuinte. Por exemplo, uma empresa pode receber valores pertinentes a terceiros em
suas contas. Além disso, parcelas indenizatórias não são consideradas como base do Imposto
de Renda porque não seriam acréscimo de patrimonial, mas a compensação por uma indevida
redução anterior.
Nem toda despesa, seja da pessoa física seja da pessoa jurídica poderá ser considerada
para fins de apuração do Imposto de Renda. Quais despesas podem ou não ser deduzidas
são um dos temas mais discutidos na esfera tributária. A legislação aponta que serão
dedutíveis as despesas “necessárias à atividade da empresa e à manutenção da fonte
produtora”(art. 311, RIR). Obviamente o Fisco e o Contribuinte podem ter posições
profundamente antagônicas sobre o que é necessário para essas finalidades.
O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica pode ser apurado de três formas: lucro real,
presumido e arbitrado. E o IRPJ ainda pode ser apurado junto do Simples Nacional! Temos
vídeo explicando mais desse assunto. Mas naquelas três primeiras formas o que está-se
sempre apurando de diversas formas é o Lucro.
IPI
Produtor Indústria
Atacadista Varejista
Rural
Essa é uma diferença muito importante do IPI para o ICMS, seu irmão estadual. O IPI só é
exigido nas etapas industriais, enquanto o ICMS é exigido nas etapas comerciais (que abrange
as industriais).
IPI
Produtor Indústria
Atacadista Varejista IPI
Rural
No caso do IPI, temos uma questão específica: o que é um processo industrial. Fato
é que a própria expressão “produto industrializado” indicada pela Constituição já nos dá um
norte. Industrial nos dá a ideia de algo produzido em escala, com repetição, de forma
padronizada. Mas é preciso mais. Nesse sentido, o Código Tributário Nacional indica que
“considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que
lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo." (art. 46).
Base legal: Art. 153, inc. IV, art. 46, CTN, Regulamento do IPI.
Você pretende fazer uma viagem de estudos para a Europa. Para isso, adquire euros,
faz um seguro viagem. Torna-se necessário também contratar seguro e vender alguma de
suas ações. Todos esses fatos são, potencialmente, geradores do IOF.
É importante lembrar que algo pode não ter o nome das operações supra descritas e
ainda assim se encaixar como fato gerador do IOF.
Base legal: Art. 153, inc. v, CF, art. 63 e seguintes, CTN, Lei 5143/66.
Sua incidência atinge imóveis rurais compreendidos esses como aqueles localizados
nas áreas rurais ou como aqueles que tenham destinação típica rural, ainda que localizados
em área urbana.
II - abastecimento de água;
Para inspirar a curiosidade de vocês, mostro a tabela abaixo que aponta uma relação
uso da terra x tamanho do imóvel. Notem que um mesmo latifúndio pode ter a alíquota de
0,45% se o uso da terra for alto ou de 20% caso seja baixo. É um aumento significativo.
TABELA DE ALÍQUOTAS
(Art.11)
Área
total do
imóvel
GRAU DE UTILIZAÇÃO - GU ( EM %)
(em
hectares)
Maio Maio Maio
Maio
r que r que r que
r que Até
30
65 50 30
80
até 80 até 65 até 50
Até
0,03 0,20 0,40 0,70 1,00
50
Maio
r que 50 até 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00
200
Maio
r que 200 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
até 500
Maio
r que 500 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70
até 1.000
Maio
r que 1.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60
até 5.000
Acim 12,0 20,0
0,45 3,00 6,40
a de 5.000 0 0
Base Legal: Art. 1153, inc. VI, CF, LEI Nº 9.393, DE 19 DE DEZEMBRO DE
1996.
O art. 155 da CF/88 traz quais os impostos que o Estado pode instituir. São apenas
três impostos:
Mas outro tipo de situação pode gerar a impressão de que estamos diante de doação.
Por exemplo, o perdão de dívida. O tema é polêmico mas há entendimento do físico de que
se a pessoa A devia à pessoa B o valor de R$8.000.000, e A aceitou receber apenas
R$5.000.000,00, o valor perdoado de R$3.000.000,00 se constituiria como perdão de dívida
e seria sujeitável ao ITCD como doação. O que você acha?
O uso do termo operações, oriundo da área de negócios, traz para o direito algumas
exigências para que haja a incidência desse tributo estadual. Só incide ICMS se estamos diante
de negócio jurídico bilateral oneroso, ou seja, que haja um contrato com duas partes, um
comprador e um vendedor, um prestador e um vendedor, com obrigações recíprocas.
Pela relevância e pela controvérsia, vamos conversar um pouco com cada uma dessas
hipóteses.
Esse é um tributo relativamente simples (art. 156, inc. III), recaindo sobre o
proprietário de veículo automotor, predominando o entendimento que só abrange veículos
terrestres. Recentemente se tornou objeto de controvérsias sobre a qual Estado poderia exigi-
lo: o Estado de licenciamento ou o Estado onde o veículo circula. Isso porque as locadoras
de veículo optam por licenciar os veículos em Estados com alíquotas mais baixas, embora
os veículos circulem, causem impactos sociais e estruturais em outros Estados. Assunto
interessante que ainda vai gerar muita polêmica.
Municípios e Distrito Federal
Municípios
A Constituição, no seu art. 156, inc. III, indicou que cabe um tributo municipal sobre
serviços de qualquer natureza, não abrangidos pelo ICMS, conforme lei complementar.
Esse conceito, no entanto, foi deixando de dar conta da realidade, abrindo espaço
para se argumentar que sobre aquele fato/situação, não incidiria tributo algum. Assim,
recentemente, o tribunal partiu do pressuposto de que serviço é a “aplicação de esforço
humano destinado a gerar utilidade em favor de outrem”.
Caso qualquer atividade humana se enquadre como serviço, para que haja ainda a
incidência é previsto que esteja, primeiro, na lista taxativa da LC 116/2003 e, após que o
Município competente tenha criado e instituído o ISSQN em lei própria.
Essas discussões podem parecer um pouco sem sentido para você! Mas tem impactos
muito importantes. Imagine uma rede hospitalar grande, com muitas e muitas internações.
No conceito anterior de serviços, essa rede hospitalar poderia pensar: como a locação de
bens móveis não se enquadra como prestação de serviços, vamos fazer um contrato separado
sobre a locação do controle remoto da televisão e do frigobar, reduzindo assim a base
tributável do ISSQN. No novo conceito, como a disponibilidade desses bens móveis é uma
utilidade direcionada ao paciente, poderia também ser tributada.
Uma outra questão que merece atenção é o caso das operações mistas, ou seja, os
casos em que
encomendamos um serviço que, afinal, gera uma mercadoria. Caso, por exemplo, das
farmácias de manipulação. Se temos um serviço e uma mercadoria, qual tributo deve
prevalecer? O entendimento é que, nesse caso, estando na lista do ISS, esse tributo deve
incidir e, caso não esteja, é cabível a incidência de ICMS.
Nas exportações não incide ISSQN, mas nas importações incide. A lógica já foi
explicada: desonerar exportações e igualar a tributação do produto importado ao produto
nacional.
Outro cuidado que o prestador de serviços deve ter é na delimitação quanto a qual
município é o destinatário do ISSQN exigido. No caso de atividades que envolvam mais de
um município, é comum que se gere cobrança em duplicidade. Mass esse tributo só é devido
a um município por atividade. Mas essa não é uma escolha do prestador, que naturalmente
escolheria o Município com a menor cobrança. Em algumas situações é possível estruturar
o seu negócio de modo lícito para que esteja localizado no Município de menor tributação.
E, tem tempos de home office talvez esse seja um caminho mais fácil. Mas, a legislação
possui regras quanto ao assunto que, se descumpridas, podem gerar o passivo tributário.
O nome fica resumido conforme acima. Mas o nome completo é: “imposto obre
transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão
de direitos a sua aquisição. (art. 156, inc. ii, CF).
O nome assusta, eu sei, mas vamos por partes. Já sabemos que transmissão envolve
a transferência de propriedade entre duas pessoas. Também já sabemos que a onerosidade
importa na existência de custos envolvidos. Imóveis é uma palavra que todos conhecemos.
Portanto, a complexidade fica para a parte final do dispositivo.
Quando dizemos que um imóvel é por natureza, nos referimos ao solo, superfície
espaço aéreo, por outro lado, acessão física se refere aquilo que o homem adere ao solo,
como, por exemplo, construções.
Mas a transmissão que gera a incidência do ITBI não se refere só aos imóveis, mas
também os direitos que se relacionam com os imóveis, conhecidos tecnicamente como
direitos reais. É possível vender um direito real sem que tenha havido a venda do próprio
imóvel (hipótese em que seria transferido o direito de propriedade).
Assim, temos o direito real mais completo (a propriedade) e Direitos reais mais
restritos (ex. propriedade, superfície, servidões, usufruto, etc - art. 1.225, Código Civil). Em
regra, a transferência desses direitos gera a incidência de ITBI! Salvo quando estivermos
diante de direitos de garantia, ou seja, dos direitos reais que se prestam a assegurar o
cumprimento de uma obrigação em que não há a incidência. O principal exemplo é a
hipoteca.
Entende-se que as operações de integralização do capital social por imóvel são
imunes ao ITBI. Ou seja, quando a aquisição de cotas da sociedade se dá por meio da
transferência de imóvel a essa, não poderá haver a exigência de ITBI. O mesmo ocorre nos
casos de “transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa”. Essa regra de imunidade não se aplica ao “caso de a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil”.
É preciso lembrar que uma operação não precisa ter o nome de contrato de compra
e venda de imóveis ou de cessão de direitos reais pra se sujeitar ao ITBI. Em um divórcio,
por exemplo, em que um dos ex-cônjuges adquira parte de imóvel do outro, poderá ser
exigido ITBI!
Para a atividade empresarial, esse tributo não apresenta desafios tão especiais. É um
tributo que pode incidir sobre o valo venal do imóvel, ou seja, o valor de mercado, embora
em regra as avaliações municipais estejam abaixo desse valor. Sua apuração pode envolver
alíquotas (percentuais) a depender do uso e da localização, de modo que um Município pode
optar por tributar de modo mais elevado imóveis comerciais. Pode também ser usado como
instrumento de política para incentivar o uso de imóveis que não estejam cumprindo com a
função social da propriedade.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
A CPP tem por fato gerador, basicamente, “a folha de salários e demais rendimentos
do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício.” Ou seja, a CPP incide sobre remuneração
(contraprestação pelo trabalho prestado), não abrangendo parcelas indenizatórias pagas ao
prestador. Atualmente, para alguns setores específicos da economia, é possível apurar a
CPP com base na receita bruta (Lei n.o 12.546/2011).
Na categoria das contribuições previdenciárias patronais, mas como subespécie,
temos a chamada de Contribuição Seguro de Acidente do Trabalho - SAT ou Risco
Ambientais do Trabalho - RAT ou “Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa
Decorrentes de Riscos Ambientais do Trabalho – GILRAT”. Essa contribuição nasce da
necessidade de financiamento conjunto da cobertura do risco do acidente de trabalho e,
ainda, como um mecanismo extrafiscal de redução dos ônus referentes aos benefícios
decorrentes de tais acidentes (art. 22, inc. II, da Lei nº 8.212/1991). Também incide sobre
remunerações, mas seu percentual varia de acordo com o maior ou menor risco trabalhista
envolvido.
Base legal: art 195, inc. I, CF, Lei nº 10.637/2002, Lei nº 10.833/2003, Lei nº
10.865/2004
Eu queria poder dizer que essa é uma lista taxativa das obrigações tributárias do
empresário. Mas, ainda temos a incidência de diversas taxas (ex. localização e
funcionamento, incêndio, vigilância sanitária), de outras contribuições a depender da
atividade (ex. CIDE-Combustível). E, de qualquer modo, ainda existem diversas
obrigações acessórias, envolvendo, desde a retenção de diversos tributos (ex. contribuição
previdenciária e imposto de renda de quem lhe preste serviço) até a realização de
declarações e preenchimento de Declarações.