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Resumo – Repartição das Competências

Olá, alunos!
Considerando que a divisão da competência tributária é um tema extenso, preparei
esse resumo para ajudá-lo a lembrar quais os impostos existentes conforme a competência
tributária dada a cada Ente Federado pela Constituição Federal. Vamos também trabalhar
algumas das contribuições incidentes sobre a atividade produtiva.

União

A competência da União para instituir impostos está no art. 153 da CF/88 e é a


seguinte:

Imposto de Importação -
II

Imposto de Exportação -
IE

Imposto de Renda - IR
União

Imposto sobre Produtos


Industrializados - IPI

Imposto sobre Operações


Financeiras - IOF

Imposto sobre a
Propriedade Territorial
Rural - ITR

Imposto sobre Grandes


Fortunas - IGF

IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO.
O Imposto de Importação é um tributo que compõe a política econômica do
governo que o usa para controle do comércio exterior e proteção do mercado nacional, por
esse mesmo motivo suas alíquotas podem ser alteradas por ato infralegal (art. 153, §1º, CF).
Compreende-se por importação a entrada no território nacional em caráter definitivo. Aqui
não se pede que a operação seja onerosa. Basta a entrada de produto estrangeiro no território
nacional.
É importante ainda lembrar que o II não é o único tributo que incide na importação.
Exige-se na importação os tributos que incidem sobre o similar nacional, destacando-se
portanto o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços / ICMS, o Imposto sobre
Produtos Industrializados – IPI e o PIS/COFINS importação.

A entrada de serviços não se sujeita ao II, podendo se sujeitar ainda ao Imposto


sobre Serviços de Qualquer Natureza / ISS e ao PIS/COFINS importação.

Base legal: Art. 19, CTN, DECRETO Nº 6.759, Art. 69 e seguintes.

IMPOSTO SOBRE EXPORTAÇÃO

Esse tributo tem por finalidade regular a saída de mercadorias do Brasil. É claro que
se arrecada com esse tributo. Mas não é essa a sua principal finalidade.

Na maior parte das vezes, a alíquota desse tributo é igual a zero. Quanto aos demais
tributos, a Constituição Federal adota uma política de incentivo à exportação, tornando as
exportações imunes ao ICMS, ao IPI, determinando que a Lei complementar restrinja a
incidência do ISS e imunizando também as receitas derivadas do PIS e da COFINS (arts 153,
, § 2º, inc. III, 155, § 2º, inc. X, alínea “a”, 149, § 2º, inc. I, CR/88)

Base Legal: art. 23, CTN, 212, 213 e seguintes do Regulamento Aduaneiro.

IMPOSTO DE RENDA
A Constituição indica que é possível criar o chamado Imposto de Renda e proventos
de qualquer natureza (art. 153, inc. III) . Dessa expressão, entende-se que o IR incide sobre
o acréscimo patrimonial ou seja, sobre a diferença positiva considerando as entradas e as
despesas legalmente autorizadas em um dado período de tempo.

Em um sentido mais técnico, Gonçalves entende que renda (e proventos de qualquer


natureza) são “(I) saldo positivo resultado do (II) confronto entre (II.a) certas entradas e
(II.b) certas saídas, ocorridas ao longo de um dado período de tempo (III).” (2002, pg. 180).1
Para as empresas, esse acréscimo patrimonial tem um nome específico: é o lucro.

Deveras, nem toda entrada gera IR, porque nem toda entrada pertence ao
contribuinte. Por exemplo, uma empresa pode receber valores pertinentes a terceiros em
suas contas. Além disso, parcelas indenizatórias não são consideradas como base do Imposto
de Renda porque não seriam acréscimo de patrimonial, mas a compensação por uma indevida
redução anterior.

Nem toda despesa, seja da pessoa física seja da pessoa jurídica poderá ser considerada
para fins de apuração do Imposto de Renda. Quais despesas podem ou não ser deduzidas
são um dos temas mais discutidos na esfera tributária. A legislação aponta que serão
dedutíveis as despesas “necessárias à atividade da empresa e à manutenção da fonte
produtora”(art. 311, RIR). Obviamente o Fisco e o Contribuinte podem ter posições
profundamente antagônicas sobre o que é necessário para essas finalidades.

O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica pode ser apurado de três formas: lucro real,
presumido e arbitrado. E o IRPJ ainda pode ser apurado junto do Simples Nacional! Temos
vídeo explicando mais desse assunto. Mas naquelas três primeiras formas o que está-se
sempre apurando de diversas formas é o Lucro.

O lucro é ainda base de um outro tributo, chamado de Contribuição Social sobre


o Lucro Líquido - CSLL, considerada irmã gêmea do IRPJ, a principal diferença entre esses
dois tributos é que a CSLL tem uma destinação constitucional específica, estando vinculada
ao financiamento da Seguridade Social ( art. 195, inc. I, CR/88). Mas as bases tem algumas
pequenas diferenças que devem demandar atenção do contador e podem terminar em
discussões no Poder Judiciário.

Tem vídeo em que entramos em detalhes sobre esse assunto.

1GONÇALVES, José Artur Lima de. Imposto sobre a Renda. Pressupostos


Constitucionais. São Paulo: Malheiros, 2002.
Base Legal: art. 153, inc. III, CTN, art. 43 e seguintes, Regulamento do Imposto de
Renda.

IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS / IPI.


O IPI é um tributo que incide sobre operações onerosas de compra-e-venda de
produtos industrializados, nas sucessivas etapas de uma cadeia produtiva, sendo exigido, em
regra, do vendedor.
O IPI não incide propriamente sobre os produtos industrializados, mas sobre a sua
comercialização após uma etapa industrial do processo produtivo. Não ficou claro? A gente
desenha.
A cadeia a seguir é uma Cadeia Simples, em que só temos uma etapa industrial. Mas
se outra houvesse, outra vez teríamos a incidência do IPI.

IPI

Produtor Indústria
Atacadista Varejista
Rural

Essa é uma diferença muito importante do IPI para o ICMS, seu irmão estadual. O IPI só é
exigido nas etapas industriais, enquanto o ICMS é exigido nas etapas comerciais (que abrange
as industriais).

IPI

Produtor Indústria
Atacadista Varejista IPI
Rural

ICMS ICMS ICMS ICMS


Como se vê, entende-se que é possível que ICMS e IPI incidam sobre uma mesma
etapa da cadeira produtiva, quando houver a venda de algo que seja, ao mesmo tempo, um
produto industrializado e uma mercadoria. Entretanto, etapas da cadeia produtiva podem se
sujeitar a um outro tributo: o ISSQN. E, nesse caso, o ICMS e o IPI não poderão incidir.
A novela sobre em que caso temos cada um desses tributos, claro, termina sendo um dos
entraves para a atividade produtiva! Até mesmo as pequenas empresas sofrem com isso
porque entender se dada atividade é comercial, prestação de serviços ou industrial, temos
impactos no enquadramento no Simples Nacional (o regime diferenciado voltado para essas).

No caso do IPI, temos uma questão específica: o que é um processo industrial. Fato
é que a própria expressão “produto industrializado” indicada pela Constituição já nos dá um
norte. Industrial nos dá a ideia de algo produzido em escala, com repetição, de forma
padronizada. Mas é preciso mais. Nesse sentido, o Código Tributário Nacional indica que
“considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que
lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo." (art. 46).

Sinteticamente, com base na Constituição, podemos extrair que é produto industrial


aquele que é produzido em escala, com repetição, de forma padronizada, por meio de
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. É
importante que o Gestor esteja atento a esse detalhe porque a legislação infralegal e a
interpretação do Fisco podem terminar enquadrando como produto industrializado e,
portanto, exigindo IPI sobre algo que não é produto industrializado. Fique atentos,
combinado?

Base legal: Art. 153, inc. IV, art. 46, CTN, Regulamento do IPI.

IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS.

Você pretende fazer uma viagem de estudos para a Europa. Para isso, adquire euros,
faz um seguro viagem. Torna-se necessário também contratar seguro e vender alguma de
suas ações. Todos esses fatos são, potencialmente, geradores do IOF.

O que chamamos genericamente de IOF, é um tributo que incide sobre diversas


operações (negócios bilaterais onerosos), destacadamente:
* Crédito: o que popularmente conhecemos como empréstimo, mútuo, ou
financiamento. É quanto alguém entrega a outrem recurso financeiro na expectativa de
recebimento futuro. Tem gente que discute que só há operação de crédito se houver
juros. Mas, há controvérsias.
* Câmbio: Negócios de Compra e Venda de moeda estrangeira ou nacional.
* Seguro: Contrato pelo qual alguém se compromete a ofertar garantia a
alguém diante de riscos. Para que essa garantia existas e a possível indenização, paga-se
ao segurador um valor chamado, tecnicamente, de prêmio
* Operações relativas a título e valores mobiliários: Nesse nome
complexo, encontra-se a compra e venda de ações, debêntures e similares.

É importante lembrar que algo pode não ter o nome das operações supra descritas e
ainda assim se encaixar como fato gerador do IOF.

Base legal: Art. 153, inc. v, CF, art. 63 e seguintes, CTN, Lei 5143/66.

IMPOSTO TERRITORIAL RURAL

Esse é um dos meus tributos favoritos! Trata-se de um tributo inteligente que


incorpora a ideia de extrafiscalidade (o uso tributos para induzir comportamentos) de modo
a incentivar o cumprimento da função social da propriedade, seja por meio da exploração da
terra, seja por respeito à proteção ambiental. É um tributo que se concentra na terra
(territorial), não tendo seu valor elevado em virtude dos prédios (construções) agregados pelo
ser humano.

Sua incidência atinge imóveis rurais compreendidos esses como aqueles localizados
nas áreas rurais ou como aqueles que tenham destinação típica rural, ainda que localizados
em área urbana.

Assim, incide ITR caso:

O imóvel tenha Não esteja localizado em área urbana, caso


destinação típica rural em que incide o IPTU:
Decreto-Lei 57/66 Art. 32. O imposto, de competência dos
Art 15. O disposto no art. Municípios, sobre a propriedade predial e territorial
32 da Lei nº 5.172, de 25 de urbana tem como fato gerador a propriedade, o
outubro de 1966, não domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou
abrange o imóvel de que, por acessão física, como definido na lei civil, localizado
comprovadamente, seja na zona urbana do Município.
utilizado em exploração
extrativa vegetal, agrícola, § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se
pecuária ou agro-industrial, como zona urbana a definida em lei municipal;
incidindo assim, sôbre o observado o requisito mínimo da existência de
mesmo, o ITR e demais melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos
incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder
Público:

I - meio-fio ou calçamento, com


canalização de águas pluviais;

II - abastecimento de água;

III - sistema de esgotos sanitários;

IV - rede de iluminação pública, com ou


sem posteamento para distribuição domiciliar;

V - escola primária ou posto de saúde a


uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.

§ 2º A lei municipal pode considerar


urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana,
constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos
competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao
comércio, mesmo que localizados fora das zonas
definidas nos termos do parágrafo anterior.

Para inspirar a curiosidade de vocês, mostro a tabela abaixo que aponta uma relação
uso da terra x tamanho do imóvel. Notem que um mesmo latifúndio pode ter a alíquota de
0,45% se o uso da terra for alto ou de 20% caso seja baixo. É um aumento significativo.

TABELA DE ALÍQUOTAS

(Art.11)
Área
total do
imóvel
GRAU DE UTILIZAÇÃO - GU ( EM %)
(em
hectares)
Maio Maio Maio
Maio
r que r que r que
r que Até
30
65 50 30
80
até 80 até 65 até 50
Até
0,03 0,20 0,40 0,70 1,00
50
Maio
r que 50 até 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00
200
Maio
r que 200 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
até 500
Maio
r que 500 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70
até 1.000
Maio
r que 1.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60
até 5.000
Acim 12,0 20,0
0,45 3,00 6,40
a de 5.000 0 0
Base Legal: Art. 1153, inc. VI, CF, LEI Nº 9.393, DE 19 DE DEZEMBRO DE
1996.

IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS, IMPOSTO DE


EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA E IMPOSTO RESIDUAL.

Os demais impostos de competência da União já foram criados. Todavia, a União


ainda poderia criar três novos impostos. São os seguintes:

Imposto sobre Grandes Fortunas: Esse controverso tributo tem


defensores da sua instituição preocupados com a redução da desigualdade e seus críticos
argumentando pela inviabilidade e pela fuga de capitais (art. 153, inc. VII, CF).
Imposto Extraordinário de guerra: Seu próprio nome já indica a
excepcionalidade de sua criação (art. 154, inc. II, CF).
Imposto Residual: Caberia ainda a União criar novos impostos, com base
de cálculo e fato gerador distinto dos demais impostos já previstos na Constituição. Os
requisitos para a criação de um novo imposto federal são complexos, motivo pelo qual a
União se concentrou nas últimas décadas na criação/revisão/majoração de novas
contribuições sociais (cujo fato gerador/base de cálculo pode ser igual a de impostos)
(art. 154, inc. I, CF).

Estados e Distrito Federal

O art. 155 da CF/88 traz quais os impostos que o Estado pode instituir. São apenas
três impostos:

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação - ITCMD

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS

Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA

IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO.


O ITCMD é um tributo que incide sobre duas espécies de transmissões gratuitas: a
sucessão causa mortis e a doação (art. 155, inc. I). O termo transmissão implica em que é
necessário que exista alguém que seja titular de um bem e direito e o repasse para outra
pessoa, ou seja, que haja transferência da propriedade. Por isso, quando estamos perante
uma situação em que o direito de propriedade se constitui independentemente da vontade
de seu titular original, como por exemplo no caso de usucapião ou indenização, não
concebemos estar diante de transmissão.

Para que haja doação, é preciso que haja a) empobrecimento do doador e


enriquecimento patrimonial do donatário (b) liberalidade. Se uma transferência patrimonial
de obrigação jurídica como, por exemplo, o pagamento de pensão alimentícia, não se
enquadra como doação.
Na vida das empresas, a sucessão causa mortis é um fator relevante quando houver o
falecimento de sócio. Caso a empresa realize doação a necessitados ou mesmo de valores
a uma causa, claramente se sujeitará ITCD.

Mas outro tipo de situação pode gerar a impressão de que estamos diante de doação.
Por exemplo, o perdão de dívida. O tema é polêmico mas há entendimento do físico de que
se a pessoa A devia à pessoa B o valor de R$8.000.000, e A aceitou receber apenas
R$5.000.000,00, o valor perdoado de R$3.000.000,00 se constituiria como perdão de dívida
e seria sujeitável ao ITCD como doação. O que você acha?

É importante lembrar que o ITCD incide sobre transmissões de bens ou direitos, ou


seja, imóveis, carros, obras de arte, ações, participações societárias, marcas, direitos
minerários, etc., podem se sujeitar a esse tributo.

IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS


O talvez mais controverso de todos os tributos existentes no Brasil é o ICMS.
Especialmente porque nos deparamos com um tributo voltado para a atividade mercantil
mas que encontra regulação estadual, abrindo espaço para diversos tipos de conflito.
Como se não bastasse o fato de termos legislações estaduais sobre algo feito para
circular, o que chamamos de ICMS na verdade são ICMSS, no plural, porque temos 4
riquezas distintas sujeitáveis a esse tributo, são as seguintes: (1) Circulação de Mercadorias,
(2) Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal, (3) Prestação de
Serviços de Comunicação, (4) Importação. Mas todas essas bases têm um elemento comum:
o tributo só incide no caso de OPERAÇÕES.

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior;

O uso do termo operações, oriundo da área de negócios, traz para o direito algumas
exigências para que haja a incidência desse tributo estadual. Só incide ICMS se estamos diante
de negócio jurídico bilateral oneroso, ou seja, que haja um contrato com duas partes, um
comprador e um vendedor, um prestador e um vendedor, com obrigações recíprocas.

Pela relevância e pela controvérsia, vamos conversar um pouco com cada uma dessas
hipóteses.

Para que o ICMS possa incidir na compra e venda de bens, na transferência de


produtos, é preciso que esse esteja diante de Circulação de Mercadorias. Essas duas
palavras não estão aqui à toa. Por circulação, entende-se a necessidade de transferência da
propriedade, não bastando a o deslocamento físico. Ou seja, se eu empresto um bem da
minha empresa para a empresa B não há como incidir ICMS. Ainda que esse empréstimo
seja oneroso.

O conceito de mercadoria é mais complexo. Mercadoria é o bem que alguém compra


ou produz para vender. Portanto, é um bem adquirido ou produzido para se sujeitar ao
comércio, decorrendo da atividade profissional do produtor, industrial ou comerciante. Seu
destino desde a sua origem é a distribuição/ revenda. Por isso que, contabilmente,
mercadoria e ativo imobilizado não se confundem. E, portanto, a venda de bens que estavam
no imobilizado não se sujeita ao ICMS.
Assim, se uma empresa cujo objeto social é montagem de computadores realiza
venda desses produtos, eles se sujeitam ao ICMS. Todavia, se essa mesma empresa vende as
mesas de montagem desses computadores, por estarem obsoletas, não incide ICMS.
Outra hipótese de incidência do ICMS é a prestação de serviço de transporte
interestadual e intermunicipal. Se o transporte for dentro do Município (intramunicipal) o
tributo incidente é o ISSQN. Aqui o objeto do transporte não precisa ser mercadoria. O
transporte “por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores” (art. 2º, inc. II, LC
87/96) se sujeita a ICMS.
Temos ainda o serviço de comunicação. Tradicionalmente, o serviço de comunicação
se realiza diante de um emissor, que transmite uma mensagem, através de um canal, para um
receptor. Obviamente teremos desafios na tributação da comunicação diante dos imensos
desafios que se impõem a própria ideia do que é comunicar no mundo de hoje.
Por fim, estamos ainda diante da hipótese de importação. Para garantir os produtos
brasileiros (sujeitos ao ICMS) sejam competitivos com os produtos estrangeiros, impõe-se a
incidência de ICMS (lógica similar é observada no caso do IPI). A lógica aqui é totalmente
distinta do caso da circulação de mercadoria. Nesse caso, o tributo incide sobre “a entrada
de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não
seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como
sobre o serviço prestado no exterior.” (Art. 155. § 2.º, inc. IX)

Base legal: Art. 155. § 2.º e seguintes, CF, LC 87/96

IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES

Esse é um tributo relativamente simples (art. 156, inc. III), recaindo sobre o
proprietário de veículo automotor, predominando o entendimento que só abrange veículos
terrestres. Recentemente se tornou objeto de controvérsias sobre a qual Estado poderia exigi-
lo: o Estado de licenciamento ou o Estado onde o veículo circula. Isso porque as locadoras
de veículo optam por licenciar os veículos em Estados com alíquotas mais baixas, embora
os veículos circulem, causem impactos sociais e estruturais em outros Estados. Assunto
interessante que ainda vai gerar muita polêmica.
Municípios e Distrito Federal

Municípios

ISS IPTU ITBI


Imposto sobre Serviços de Imposto sobre Propriedade Imposto sobre a Transmissão
Qualquer Natureza Territorial Urbana de Bens Imóveis

Estamos quase terminando a nossa jornada de conhecimentos dos principais


imposto, mas como iremos aprender melhor, temos ainda outros tributos relevantes sobre a
atividade empresária, especialmente as contribuições. Por enquanto, seguem os impostos
municipais:

IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA


Em um mundo em crescente desmaterialização, em que os serviços tem mais valor
do que as propriedades ( o que você valoriza mais, o CD que não lembra a última vez que
ouviu ou seu acesso ao Spotfy?), o ISS tem sido objeto de muitas – muitas – discussões ela
dificuldade de definir o que é prestação de serviço.

A Constituição, no seu art. 156, inc. III, indicou que cabe um tributo municipal sobre
serviços de qualquer natureza, não abrangidos pelo ICMS, conforme lei complementar.

Historicamente, o STF (que é o órgão que tem o dever de guardar e interpretar a


Constituição), entendeu que prestar serviço consistia em obrigação de fazer de modo
personalizado. Então, por exemplo, não podia incidir ISSQN sobre locação de bens móveis
porque era só obrigação de dar.

Esse conceito, no entanto, foi deixando de dar conta da realidade, abrindo espaço
para se argumentar que sobre aquele fato/situação, não incidiria tributo algum. Assim,
recentemente, o tribunal partiu do pressuposto de que serviço é a “aplicação de esforço
humano destinado a gerar utilidade em favor de outrem”.
Caso qualquer atividade humana se enquadre como serviço, para que haja ainda a
incidência é previsto que esteja, primeiro, na lista taxativa da LC 116/2003 e, após que o
Município competente tenha criado e instituído o ISSQN em lei própria.

Essas discussões podem parecer um pouco sem sentido para você! Mas tem impactos
muito importantes. Imagine uma rede hospitalar grande, com muitas e muitas internações.
No conceito anterior de serviços, essa rede hospitalar poderia pensar: como a locação de
bens móveis não se enquadra como prestação de serviços, vamos fazer um contrato separado
sobre a locação do controle remoto da televisão e do frigobar, reduzindo assim a base
tributável do ISSQN. No novo conceito, como a disponibilidade desses bens móveis é uma
utilidade direcionada ao paciente, poderia também ser tributada.

Uma outra questão que merece atenção é o caso das operações mistas, ou seja, os
casos em que
encomendamos um serviço que, afinal, gera uma mercadoria. Caso, por exemplo, das
farmácias de manipulação. Se temos um serviço e uma mercadoria, qual tributo deve
prevalecer? O entendimento é que, nesse caso, estando na lista do ISS, esse tributo deve
incidir e, caso não esteja, é cabível a incidência de ICMS.

Nas exportações não incide ISSQN, mas nas importações incide. A lógica já foi
explicada: desonerar exportações e igualar a tributação do produto importado ao produto
nacional.

Outro cuidado que o prestador de serviços deve ter é na delimitação quanto a qual
município é o destinatário do ISSQN exigido. No caso de atividades que envolvam mais de
um município, é comum que se gere cobrança em duplicidade. Mass esse tributo só é devido
a um município por atividade. Mas essa não é uma escolha do prestador, que naturalmente
escolheria o Município com a menor cobrança. Em algumas situações é possível estruturar
o seu negócio de modo lícito para que esteja localizado no Município de menor tributação.
E, tem tempos de home office talvez esse seja um caminho mais fácil. Mas, a legislação
possui regras quanto ao assunto que, se descumpridas, podem gerar o passivo tributário.

Base legal: Art. 156, § 3º, LC 116/2003


IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO ONEROSA DE BENS IMÓVEIS

O nome fica resumido conforme acima. Mas o nome completo é: “imposto obre
transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão
de direitos a sua aquisição. (art. 156, inc. ii, CF).

O nome assusta, eu sei, mas vamos por partes. Já sabemos que transmissão envolve
a transferência de propriedade entre duas pessoas. Também já sabemos que a onerosidade
importa na existência de custos envolvidos. Imóveis é uma palavra que todos conhecemos.
Portanto, a complexidade fica para a parte final do dispositivo.

Quando dizemos que um imóvel é por natureza, nos referimos ao solo, superfície
espaço aéreo, por outro lado, acessão física se refere aquilo que o homem adere ao solo,
como, por exemplo, construções.

Mas a transmissão que gera a incidência do ITBI não se refere só aos imóveis, mas
também os direitos que se relacionam com os imóveis, conhecidos tecnicamente como
direitos reais. É possível vender um direito real sem que tenha havido a venda do próprio
imóvel (hipótese em que seria transferido o direito de propriedade).

Assim, temos o direito real mais completo (a propriedade) e Direitos reais mais
restritos (ex. propriedade, superfície, servidões, usufruto, etc - art. 1.225, Código Civil). Em
regra, a transferência desses direitos gera a incidência de ITBI! Salvo quando estivermos
diante de direitos de garantia, ou seja, dos direitos reais que se prestam a assegurar o
cumprimento de uma obrigação em que não há a incidência. O principal exemplo é a
hipoteca.
Entende-se que as operações de integralização do capital social por imóvel são
imunes ao ITBI. Ou seja, quando a aquisição de cotas da sociedade se dá por meio da
transferência de imóvel a essa, não poderá haver a exigência de ITBI. O mesmo ocorre nos
casos de “transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa”. Essa regra de imunidade não se aplica ao “caso de a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil”.

É preciso lembrar que uma operação não precisa ter o nome de contrato de compra
e venda de imóveis ou de cessão de direitos reais pra se sujeitar ao ITBI. Em um divórcio,
por exemplo, em que um dos ex-cônjuges adquira parte de imóvel do outro, poderá ser
exigido ITBI!

Outra coisa importante é que as transmissões de imóveis podem estar ligadas ao


Imposto de Renda! Imagine que uma pessoa comprou um imóvel 5 anos atrás pelo valor de
R$300.000,00 e agora o revende por R$500.000,00. Essa diferença é um acréscimo
patrimonial e se sujeita ao IR, enquanto os R$500.000, 00 se sujeitam ao ITBI.

IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL


URBANA

Para a atividade empresarial, esse tributo não apresenta desafios tão especiais. É um
tributo que pode incidir sobre o valo venal do imóvel, ou seja, o valor de mercado, embora
em regra as avaliações municipais estejam abaixo desse valor. Sua apuração pode envolver
alíquotas (percentuais) a depender do uso e da localização, de modo que um Município pode
optar por tributar de modo mais elevado imóveis comerciais. Pode também ser usado como
instrumento de política para incentivar o uso de imóveis que não estejam cumprindo com a
função social da propriedade.

Base legal: art. 156, § 1º, Leis Municipais.


Temos que lembrar que além dos IMPOSTOS, relevantes CONTRIBUIÇÕES
ESPECIAIS afetam a vida dos empresários, administradores e gestores. Por esse motivo,
vamos citar aqui as principais contribuições que são devidas pelas empresas e seus
respectivos fatos geradores.

Competência para instituição das Contribuições Sociais

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

Esse é um gênero que abrange diversas contribuições cujo principal escopo é


financiar a seguridade social (art. 195). Por motivos óbvios, vamos focar o assunto aqui nas
contribuições arcadas pela empresa, embora essas não sejam as únicas contribuições sociais.

Nessa categoria temos as CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS


PATRONAIS – CPP, o PIS e a COFINS, e a CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE
LUCRO LÍQUIDO. Já comentamos a CSLL em conjunto com o Imposto de renda,
motivo pelo qual não vamos ser repetitivos.

A CPP tem por fato gerador, basicamente, “a folha de salários e demais rendimentos
do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício.” Ou seja, a CPP incide sobre remuneração
(contraprestação pelo trabalho prestado), não abrangendo parcelas indenizatórias pagas ao
prestador. Atualmente, para alguns setores específicos da economia, é possível apurar a
CPP com base na receita bruta (Lei n.o 12.546/2011).
Na categoria das contribuições previdenciárias patronais, mas como subespécie,
temos a chamada de Contribuição Seguro de Acidente do Trabalho - SAT ou Risco
Ambientais do Trabalho - RAT ou “Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa
Decorrentes de Riscos Ambientais do Trabalho – GILRAT”. Essa contribuição nasce da
necessidade de financiamento conjunto da cobertura do risco do acidente de trabalho e,
ainda, como um mecanismo extrafiscal de redução dos ônus referentes aos benefícios
decorrentes de tais acidentes (art. 22, inc. II, da Lei nº 8.212/1991). Também incide sobre
remunerações, mas seu percentual varia de acordo com o maior ou menor risco trabalhista
envolvido.

Base legal: art. 195, inc. I, CF, Lei nº 8.212/1991.

A Contribuição ao PIS/COFINS tem por base a receita ou o faturamento. Esses


tributos incidem também na importação quando adquirem o nome de PIS/COFINS-
importação.

Base legal: art 195, inc. I, CF, Lei nº 10.637/2002, Lei nº 10.833/2003, Lei nº
10.865/2004

CONTRIBUIÇÕES AO SISTEMA S e SALÁRIO-EDUCAÇÃO.

São contribuições cuja finalidade principal é financiar uma finalidade específica,


seja as entidades do Sistema S (Senai, Senac, Sebrae, etc), seja a educação. Sua base de
cálculo atual é o total das “paga, devida ou creditada a segurados do Regime Geral de
Previdência Social”. Existem teses para discutir a constitucionalidade dessas
contribuições, considerando que o art. 149 indicou como base para as mesmas o
faturamento ou a receita bruta. Um outro cuidado que deve ser tomado é a não inclusão
na base de apuração desses tributos de parcelas pagas como indenização.

Base legal: Art. 149, CF, LEI Nº 8.706, DE 14 DE SETEMBRO DE 1993.

Eu queria poder dizer que essa é uma lista taxativa das obrigações tributárias do
empresário. Mas, ainda temos a incidência de diversas taxas (ex. localização e
funcionamento, incêndio, vigilância sanitária), de outras contribuições a depender da
atividade (ex. CIDE-Combustível). E, de qualquer modo, ainda existem diversas
obrigações acessórias, envolvendo, desde a retenção de diversos tributos (ex. contribuição
previdenciária e imposto de renda de quem lhe preste serviço) até a realização de
declarações e preenchimento de Declarações.

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