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TEMA:

IMPOSTOS FEDERAIS
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS
Prof.ª. DSc. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS: Competência
• O imposto sobre produtos industrializados – I.P.I.
pertence à competência tributária da União
Federal. (CF. art. 153, IV e CTN, art. 46). Já era
assim mesmo quando o imposto tinha o nome de
imposto de consumo.
• Constitui significativa parcela de poder político que
se concentra nas mãos do Governo Federal, não
obstante considerável parcele de sua arrecadação
fique destinada aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, nos termos do art. 159, I e II da CF
de 1988.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS : Função.
• Embora utilizado como instrumento de função extrafiscal,
sendo, como é, por força de dispositivo constitucional, um
imposto seletivo em função da essencialidade do produto
(CF. art. 153, §3º, I), o IPI tem um papel de maior
relevância no orçamento da União Federal, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
• Foi, até há pouco tempo, o tributo de maior expressão
como fonte de receita, posição que vem sendo ocupada
atualmente pelo Imposto de Renda, provavelmente em
razão de substanciais reduções operadas na alíquotas do
IPI, muitas das quais foram reduzidas a zero.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS :
Função
• Pretendeu-se que o IPI funcionasse como tributo
de função extrafiscal proibitiva, tributando
pesadamente os denominados artigos de luxo, ou
supérfluos, como os perfumes, por exemplo, e
também aqueles de consumo desaconselhável,
como as bebidas e os cigarros.
• Todavia, parece que essa função “proibitiva”
jamais produziu os efeitos desejados, pois
ninguém deixou de beber ou de fumar porque a
bebida ou o fumo custasse mais caro, em razão da
incidência exacerbada do imposto.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Função

• Parece, assim, incontestável a predominância, no IPI, da função fiscal, não


obstante deva ser ele um imposto seletivo, em função da essencialidade dos
produtos.
• Aliás, também aqui se pode notar que o legislador não tem levado em
consideração o preceito constitucional. A diversidade das alíquotas do IPI
está, na prática, muito longe de fazer dele um imposto seletivo em função
da essencialidade do produto.
• Mesmo a denominada função extrafiscal proibitiva, na prática, não se tem
mostrado eficaz. Como já afirmei antes, ninguém deixou de fumar ou beber
porque o IPI seja elevado em relação a estes produtos. Pelo contrário, é
sabido que a indústria de cigarros figura como a maior contribuinte desse
imposto, sendo certo que o aumento do preço dos cigarros serviu, muitas
vezes, para resolver problemas de caixa do Tesouro Nacional.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Fato
Gerador
• Apesar de antes este tributo fosse denominado imposto sobre consumo de
mercadoria e hoje ser chamado de imposto sobre produtos industrializados,
nenhuma alteração substancial correu quanto a natureza do imposto, apesar da
mudança do nome.
• Para a adequada compreensão no âmbito constitucional do imposto em tela faz-se
indispensável saber o que se deve entender por produto industrializado.
• No regime da Constituição de 1988, cabe à lei complementar estabelecer normas
gerais sobre a definição dos fatos geradores dos impostos nela descritos (art. 146,
III, “a”).
• Não cabe a lei complementar definir os fatos geradores dos impostos,
evidentemente, mas estabelecer normas gerais sobre tais definições; e entre essas
normas gerais pode-se entender que está aquela que delimita conceitos utilizados
na norma da Constituição, como é o caso do conceito de produto industrializado.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS : Fato Gerador
• Realmente, o conceito de produto industrializado independe
de lei. É um conceito pré-jurídico.
• Mesmo assim, para evitar ou minimizar conflitos, a lei
complementar pode e deve estabelecer os seus contornos.
Assim é que o CTN estabeleceu que, para os efeitos deste
imposto, considera-se industrializado o produto que tenha
sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a
natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.
Delimitou também seu âmbito constitucional quanto ao
aspecto temporal.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Fato Gerador

• O art. 46 do CTN reza que o IPI tem por fato gerador:


• A) seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência
estrangeira;
• B) a saída destes do estabelecimento do contribuinte; e
• C) sua arrematação, quando apreendido e levados a leilão.
• Contudo, é sabido que o CTN, como lei complementar que
estabelece normas gerais, não define o fato gerador dos
tributos, ou seja, ele não vincula as hipóteses de incidência
tributária. Isto é atribuição do legislador ordinário da pessoas
jurídica titular da competência tributária.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Fato Gerador

• A Lei 4.502/64, definiu as hipóteses de incidência do imposto de


consumo, estabelecendo que constitui seu fato gerador:
• A) quanto aos produtos de procedência estrangeira, o respectivo
desembaraço aduaneiro;
• B) quanto aos de produção nacional, a saída do respectivo
estabelecimento produtor. Quando a industrialização se der no
próprio local de consumo ou de utilização do produto, fora de
estabelecimento produtor, o fato gerador considerar-se-á ocorrido
no momento em que ficar concluída a operação industrial.
• O imposto é devido sejam quais forem as finalidades a que se
destine o produto ou o título jurídico a que se faça a impostação
ou de que decorra a saída do estabelecimento produtor (art. 2º e
seus §§).
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Fato Gerador

• Como o IPI é, em substância, o mesmo, o Decreto-lei 34, de


18.11.65, que alterou a Lei 4.502/1964, adaptando-a à Emenda
Constitucional 18, não modificou a definição do fato gerador
desse imposto, vale dizer, não alterou a redação do art. 2º da
citada Lei 4.502/64.
• Registre-se que a legislação do IPI amplia o conceito de produto
industrializado, nele incluindo operações como o simples
acondicionamento, ou embalagem, que na verdade não lhe
modificam a natureza, nem a finalidade, nem o
aperfeiçoamento para o consumo.
• Tal ampliação viola o art. 46, parágrafo único do CTN.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Fato Gerador

• Configura-se também flagrante


inconstitucionalidade, na medida em que o
conceito de produto industrializado,
utilizado pela Constituição para definir a
competência tributária da União, não pode
ser validamente ampliado pelo legislador
ordinário.
• Admitir o contrário é negar o Princípio da
Supremacia Constitucional.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS : Alíquota
• A Constituição Federal estabelece que o IPI será seletivo
em função da essencialidade do produto (art. 153, §3º, I).
• Isso que dizer que ele deve ter alíquotas diferentes em
razão da essencialidade do produto sobre o qual incide, ou
seja, as alíquotas devem ser inversamente proporcionais à
essencialidade dos produtos.
• Para tingir esse objetivo a legislação ordinária adota uma
tabela de classificação dos produtos, oficialmente
denominada Tabela de Incidência do Imposto sobre
Produtos Industrializados, geralmente conhecida pela sigla
“TIPI”.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS :
Alíquota
• As alíquotas do imposto, constantes da TIPI, variam de 0 (zero) a
330. Essa alíquota mais elevada incide sobre cigarros.
• A grande maioria das alíquotas está abaixo de 20%, e também
existem na TIPI alíquotas fixas, estabelecidas em razão da
quantidade e não do valor do produto, como é o caso das que se
prestam para o cálculo do imposto incidente sobre águas minerais,
cervejas e refrigerantes, entre outros produtos.
• A rigor, o princípio da seletividade nem sempre é observado, e
para muitos produtos a alíquota é zero. Parece que, em razão da
partilha obrigatória da receita com Estados e Municípios, o
Governo Federal não tem muito interesse na arrecadação do IPI,
que já foi o tributo federal mais significativo na arrecadação da
União.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS: Alíquota
• A alíquota zero representa uma solução encontrada pelas
autoridades fazendárias no sentido de excluir o ônus do
tributo sobre certos produtos, temporariamente, sem os
isentar.
• A isenção só pode ser concedida por lei (CTN, art. 97, VI).
Como é permitido ao Poder Executivo, por disposição
constitucional (CF, art. 153, § 1º), alterar as alíquotas do IPI,
dentro dos limites fixados em lei, e a lei não fixou limite
mínimo, tem sido utilizado o expediente de reduzir a zero as
alíquotas de certos produtos. Tais alíquotas, entretanto,
podem ser elevadas a qualquer tempo, independentemente
de lei.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS: Alíquota
• Embora o efeito prático da redução de uma alíquota a zero
seja o mesmo que isenção, as duas figuras não se confundem.
São juridicamente bem distintas.
• Alíquotas zero, aliás, não passa de simples eufemismo. Simples
forma de burlar a lei.
• “Alíquota” é expressão matemática que indica o número de
vezes que a parte está contida no todo; logo, jamais pode ser
zero.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS: Alíquota
• Sabemos que alíquota zero, imunidade tributária e isenção
fiscal possuem a mesma consequência: nada precisa ser pago. Mas,
então, o que distingue cada uma?
• Imunidade tributária
• A imunidade tributária é concedida antes mesmo de o tributo ser
criado. A Constituição Federal, que está acima de todas as leis do
país, pode imunizar pessoas ou bens de sofrer tributação, isto é, ela
proíbe a própria criação do tributo.
• O exemplo clássico de imunidade fiscal são as instituições religiosas.
O art. 150, inciso VI, alínea b, da Constituição proibiu cobrança
de impostos sobre “templos de qualquer culto”. Outras imunizações
contidas no mesmo artigo incluem livros (bens), partidos políticos e
entidades sindicais (pessoas jurídicas).
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS: Alíquota
• Isenção fiscal
• Ao contrário da imunidade, quando há isenção fiscal o tributo (já que ele
decorre do fato gerador) existe, mas uma lei exclui a necessidade do seu
pagamento. A isenção é verificada no fim daquele caminho percorrido pelo
tributo. Há a previsão legal, o fato gerador ocorre, nasce a obrigação de
pagar e o valor é calculado, embora o pagamento em si seja dispensado.
• O legislador pode isentar o pagamento por diversos critérios, como valor,
condição ou região. Em 2019, por exemplo, aposentados que receberam
menos de R$ 1.903,98 por mês foram isentados do pagamento do IR
(Imposto de Renda).
• A isenção fiscal mais conhecida é a praticada na Zona Franca de Manaus.
Por ser uma área de incentivos fiscais, onde se cobra menos tributos com
o fim de estimular o desenvolvimento econômico, muito do que é
produzido lá é isento de tributação. 
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS: Alíquota
• Alíquota zero
• Vimos que alíquota é o percentual aplicável sobre o valor do bem.
Quando a alíquota é zero, zero será cobrado. Isto significa que
pode existir uma lei prevendo o tributo, o fato gerador pode
ocorrer e o valor será calculado, mas este valor será nulo. Por
isso, a alíquota zero também é considerada um incentivo fiscal.
• Há uma variedade enorme de tributos com alíquotas zeradas. Isto
normalmente ocorre quando a administração pública deseja
incentivar o consumo de um produto ou impulsionar a economia.
Um exemplo relevante ocorreu em março de 2020, quando a
alíquota de IPI de certos produtos farmacêuticos, como álcool em
gel, foi zerada em decorrência da pandemia do COVID-19.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS: Alíquota

• Por que, enfim, nomes diferentes?


• Ainda assim, na prática, a consequência continua sendo a mesma. Por que se utiliza uma ao
invés da outra? 
• Quando se fala em imunidade tributária, se está falando de uma norma constitucional. Apenas
a Constituição Federal pode prever imunidades tributárias. Hoje, novas imunidades só podem
ser criadas por um Projeto de Emenda Constitucional (PEC), que possui requisitos difíceis de
aprovação.
• Já a isenção fiscal só pode ser criada por lei. Um Projeto de Lei (PL) é mais fácil de ser aprovado,
mas ainda possui um processo relativamente demorado se considerarmos a urgência de alguns
incentivos fiscais. A pandemia do COVID-19, por exemplo, não poderia esperar a criação de uma
nova isenção, os votos do Congresso Nacional, as emendas, as discussões, apenas para baratear
produtos de saúde em uma situação emergencial.
• Por isso, a alíquota zero é a forma mais utilizada quando a administração quer dispensar o
pagamento do contribuinte. Algumas alíquotas podem ser alteradas por Decretos presidenciais,
que não são leis em sentido exato, isto é, não precisam passar por todo o trâmite legislativo. Foi
com uma canetada que, durante a pandemia, os fabricantes de álcool em gel, máscaras
cirúrgicas, luvas, termômetros, entre outros, puderam deixar de pagar o IPI de seus respectivos
produtos.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS : Base de Cálculo
• A base de cálculo do IPI é diferente, dependendo da hipótese de
incidência.
• A) no caso de mercadoria impostada, a base de cálculo do IPI é a
mesma do Imposto de impostação, acrescida do próprio imposto
de impostação, das taxas exigidas para entrada do produto no País
e ainda dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo
importador ou dele exigíveis (CTN, art. 47, I);
• B) tratando-se de produtos industrializados nacionais, a base de
cálculo do IPI é o valor da operação de que decorre a sua saída
destes do estabelecimento do contribuinte, ou, não tendo valor a
operação, ou sendo omissos os documentos respectivos, a base de
cálculo será o preço corrente da mercadoria ou de sua similar no
mercado atacadista da praça do contribuinte (CTN, art. 47, II); e
• C) tratando-se de produto leiloado, o preço da respectiva
arrematação (CTN, art. 47, III).
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS :
Base de Cálculo
• A legislação ordinária contém normas relativas à base de cálculo do IPI,
geralmente com o objetivo de impedir práticas fraudulentas. Todavia, nem
todas essas normas são válidas.
• Entre as normas dessa natureza desprovida de validade podemos mencionar,
por exemplo, aquela segunda a qual não podem ser deduzidos do valor da
operação os descontos concedidos a qualquer título, ainda que
incondicionalmente.
• Não se deduz do valor da operação um desconto incondicional. Quando o
vendedor concede ao comprador um desconto incondicional, está
determinando um valor da operação que, tratando-se de uma compra e venda
mercantil, é o preço da mercadoria.
• Por isso mesmo constitui inadmissível incongruência dizer-se que a base de
cálculo do imposto é o valor da operação da qual decorre a saída do produto e
dizer-se que os descontos incondicionais integram a base de cálculo
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Base de Cálculo
• O valor da operação é o preço do produto enquanto elemento do contrato de
compra e venda. Preço efetivamente praticado, que não se confunde com
preço previsto em tabela estabelecida pelo fabricante.
• Por isso, temos que a norma segundo a qual os descontos concedidos
incondicionalmente integram a base de cálculo do IPI é desprovida de
validade jurídica, porque contrária ao art. 47 do CTN. Essa tese foi acolhida
pela jurisprudência nacional.
• A rigor, todo e qualquer desconto é sempre concedido em função de uma
condição do negócio, pois se pressupõe que o preço preestabelecido é uma
regra, e toda vez que se pratica preço menor se estará diante de uma exceção.
• A Constituição em vigor já não admite a alteração da base de cálculo do IPI
por ato do Poder executivo. Assim, qualquer norma de lei ordinária que
permita ao chefe do executivo alterar a base de cálculo desse imposto será
inconstitucional.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Não
cumulatividade
• Com base no art. 153, §3º, II da CF, o IPI “será não cumulativo”, ou seja,
compensando-se o que for devido em cada operação com o montante
cobrado nas anteriores.
• O CTN também estabelece que “o imposto é não cumulativo, dispondo a
lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em
determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do
estabelecimento e o pago relativamente a produtos nele entrados” (art.
49).
• O parágrafo único do mesmo artigo reza que “o saldo verificado, em
determinado período, em favor do contribuinte, transfere-se para o
período ou períodos seguintes”.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Não
cumulatividade
• E, uma empresa industrial, por exemplo, isso significa dizer que:
• A) faz-se o registro, como crédito, do valor do IPI relativo às
entradas de matérias-primas, produtos intermediárias, materiais
de embalagem, e outros insumos, que tenham sofrido a
incidência do imposto ao saírem do estabelecimento de onde
vieram;
• B) faz-se o registro, como débito, do valor do IPI calculado sobre
os produtos que saírem. No fim do mês é feita a apuração. Se o
débito é maior, o saldo devedor corresponde ao valor a ser
recolhido. Se o crédito é maior, o saldo credor é transferido para
o mês seguinte.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Não
cumulatividade
• Para o fim de definir a não cumulatividade tem-se a metodologia do
crédito financeiro e a do crédito físico.
• Crédito financeiro – todo e qualquer bem adquirido pela empresa que
tenha sido tributado pelo IPI enseja o crédito correspondente.
• Crédito físico – só enseja crédito do IPI a entrada de bens destinados a
integrar fisicamente o produto industrializado.
• Adotada em nossa legislação a metodologia do crédito físico, durante
muito tempo a questão de saber se este ou aquele insumo ensejava
direito ao crédito do IPI correspondente constitui ponto de frequente
atritos entre o Fisco e os contribuintes desse imposto.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Não
cumulatividade
• Para superar um pouco a dificuldade de interpretação, o Regulamento do
IPI, no seu art. 82,I estabeleceu que entre as matérias-primas e produtos
intermediários cuja entrada enseja o crédito do imposto estão “aqueles
que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no
processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo
permanente”.
• Ficou, assim, afastado o rigor do sistema de crédito físico. O direito ao
crédito já não depende da integração física do insumo ao produto.
• Basta que a matéria-prima, ou o produto intermediário, tenha sido
consumido no processo de industrialização, e não se exige que o tenha sido
imediata e integralmente, como ocorria em face da legislação anterior.
• A ressalva, agora, diz respeito à classificação do bem adquirido no ativo
permanente da empresa.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Não
cumulatividade
• Para que um bem seja classificado como ativo permanente da empresa, se
utiliza a legislação do Imposto de Renda, pois nela se estabelece
expressamente que deve ser classificado no ativo permanente o bem cuja
vida útil seja superior a um ano.
• Assim, mesmo as peças ou acessórios de máquinas e aparelhos utilizados
no processo industrial cuja vida útil seja inferior a um ano podem ser
escriturados como custo, e o IPI correspondente pode ser utilizado como
crédito.
• Apesar disso, as dúvidas e os atritos continuam, e a jurisprudência
infelizmente não os conseguiu superar satisfatoriamente.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Não
cumulatividade
• A finalidade do princípio da não-cumulatividade é evitar a tributação em
cascata, que consiste no aumento do ônus do imposto em razão do
número de operações pelas quais o produto passa desde a produção até o
consumo.
• A incidência em cascata do IPI tornaria o custo de produção e
comercialização dos bens excessivamente onerosos, motivo que levou o
legislador constituinte a adotar o princípio da não-cumulatividade para o
imposto sobre produtos industrializados.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS : Não
cumulatividade
• O princípio da não cumulatividade não pode ser interpretado de forma a anular o
princípio da seletividade, que também está expressamente adotado pela Constituição
em vigor. Ou seja, a CF alberga os dois princípios relativos ao IPI, e o intérprete da lei
tributária há de conciliar os dois, de sorte a que um não anule o outro.
• O princípio da não cumulatividade existe para impedir que o ônus do imposto se vá
acumulando em cada operação. Se já incidiu sobre um insumo, não deve reproduzir
esse ônus no produto final. Por isso existe o crédito, com o qual se impede a
acumulação das duas incidências do imposto.
• Pelo princípio da seletividade, porém, o ônus do IPI deve ser diferente em razão da
essencialidade do produto. Para os mais essenciais a alíquota deve ser menor,
podendo até ser zerada. E para os menos essenciais a alíquota deve ser maior, indo
até o limite fixado em lei para cada produto.
• Assim, as aquisições de insumos não tributados ou com alíquotas zero não devem
ensejar os créditos, apesar de haver jurisprudência em sentido contrário, porque
estes viriam amesquinhar o princípio da seletividade.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS:
Contribuinte
• Contribuinte do IPI é:
• A) o importador ou quem a ele a lei equiparar;
• B) o industrial ou quem a ele a lei equiparar;
• C) o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os
forneça aos industriais ou a estes equiparados;
• D) o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados,
levados a leilão.
• Para efeitos do IPI considera-se contribuinte autônomo
qualquer estabelecimento de importador, industrial,
comerciante ou arrematante (CTN, art. 51 e seus parágrafo
único).
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS: Contribuinte

• Embora o estabelecimento seja na realidade apenas um objeto e não um


sujeito de direito, para fins do IPI, como também do ICMS, assim não é.
• Por ficção legal, cada estabelecimento se considera um contribuinte
autônomo.
• Trata-se de solução prática, pois em muitos casos a empresa possui mais de
um estabelecimento, e algumas vezes até estabelecimentos destinados ao
exercício de atividades diversas.
• Uma única empresa pode ter estabelecimentos industriais, outros comerciais,
outros de prestação de serviços, e assim por diante. Assim, apara efeitos do
IPI, considera-se cada estabelecimento como um contribuinte autônomo.
• Essa autonomia dos estabelecimentos só prevalece para o fim de verificação
da ocorrência do fato gerador do imposto. A responsabilidade pelo
pagamento deste, todavia, é da empresa.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS:
Lançamento
• O IPI é objeto de lançamento por homologação, nos termos do
art. 150 do CTN.
• O contribuinte escritura seus livros de entrada e de saída dos
produtos, anotando, nos locais próprios, como crédito, o valor
do IPI relativo às entradas de matérias-primas e outros insumos
e, como débito, o relativo às saídas de produtos.
• Apura o saldo escriturando o livro específico, transferindo-o para
o período seguinte, se for credor, ou recolhendo o valor
correspondente, se devedor.
IMPOSTO sobre PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS:
Lançamento
• Mesmo assim, não se deve dizer que o contribuinte fez o
lançamento do imposto.
• Em linguagem jurídica, compatível com a terminologia adotada
pelo CTN, não haverá lançamento até que ocorra a
homologação, pela autoridade administrativa, da apuração feita
pelo contribuinte.
• Feito o pagamento, se a autoridade administrativa não se
manifestar, decorrido o prazo de cinco anos, contados do fato
gerador do imposto respectivo, operam-se, simultaneamente, o
lançamento por homologação e a decadência do direito da
Fazenda Pública de fazer o lançamento de possíveis diferenças.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS: Lançamento
• Como acontece com todos os outros tributos, o
IPI também pode ser lançado de ofício se o
contribuinte não apresentar, nas épocas próprias,
as informações a que está legalmente obrigado,
dando conta da apuração, por ele efetuada, dos
valores devidos.
• Se apresenta as informações regularmente, mas
não faz o pagamento, a autoridade pode
homologar a atividade apuratória e notificar o
contribuinte a fazer o pagamento do imposto
acrescido da multa moratória e dos juros.
IMPOSTO sobre PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS: Lançamento

• Tenha ocorrido, ou não, pagamento do


imposto, se a apuração feita pelo contribuinte
estiver incorreta, tendo apontado valor do
imposto menor que o efetivamente devido, a
autoridade fazendária poderá lançar, de ofício,
a diferença que apurar.
• O direito de fazer tal lançamento, todavia,
decai no prazo de cinco anos, contados do
fato gerador do imposto correspondente.

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