O art. 153, IV, da CF, estabelece ser de competência da União a
instituição do IPI.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
IV – produtos industrializados.
(...)
§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições
e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
(...)
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:
I – será seletivo, em função da essencialidade do produto;
II – será não cumulativo, compensando-se o que for devido
em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;
III – não incidirá sobre produtos industrializados
destinados ao exterior.
O IPI é imposto real, recaindo sobre uma determinada categoria
de bens, ou seja, produtos da indústria. É gravame federal de forte interesse fiscal, uma vez que representa importante no orçamento do Fisco. Paralelamente a essa importante função regulatória do mercado, uma vez que vem onerar mais gravosamente artigos supérfluos e nocivos à saúde. Tal mecanismo de regulação se manifesta na busca da essencialidade do produto, variando a exação na razão inversa da necessidade do bem.
O IPI é imposto seletivo. A seletividade é uma técnica de incidência
de alíquotas, cuja variação dar-se-á em função da indispensabilidade do produto. Os produtos de primeira necessidade devem ter baixa tributação, e os produtos supérfluos devem receber tributação mais elevada (art. 153, § 3º, I, da CF). 2 – SUJEITO PASSIVO
O contribuinte do IPI será (art. 51 do CTN):
a) o importador ou quem a lei a ele equiparar;
b) o industrial ou quem a lei a ele equiparar; c) o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça a industriais ou a estes equiparados; d) o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.
3 – FATO GERADOR
O fato gerador poderá, assim, ocorrer nas seguintes situações:
a) importação (o início do desembaraço aduaneiro);
b) saída do estabelecimento industrial ou equiparado de produto industrializado; c) aquisição em leilão de produto abandonado ou apreendido; d) outras hipóteses específicas da lei, como no caso de saída de produtos de estabelecimento equiparados a industrial ou a primeira saída por revenda de produtos importados, etc.
Teor do art. 46 do CTN:
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos
industrializados, tem como fato gerador:
I – o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência
estrangeira;
II – a saída do produto do estabelecimento industrial, ou
equiparado a industrial;
III – a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e
levado a leilão.
Parágrafo único. Considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.
Considerar-se-á ocorrido o fato gerador nas situações de retorno
da mercadoria. No entanto, não prevalecerá nos seguintes casos, inexistindo recolhimento, quando houver: a) retorno de mercadoria enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado; b) retorno de mercadoria (= devolução), por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição; c) retorno da mercadoria, em face de modificações na sistemática de importação no país importador; d) retorno da mercadoria, por motivo de guerra ou calamidade pública; e) retorno da mercadoria, por outros fatores, alheios à vontade do exportador.
3.1 – CONCEITO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
Considera-se industrializado, para fins de incidência de IPI, o
produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para consumo.
a) TRANSFORMAÇÃO: operação exercida sobre matérias-primas ou produtos
intermediários, importe na obtenção de espécie nova. Ex: transformação de areia em vidro.
b) BENEFICIAMENTO: operação que importe em modificar, aperfeiçoar ou,
de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto. Ex: mudança no veículo de cabine simples para cabine dupla.
c) MONTAGEM: é a operação que consiste na reunião de produtos, peças ou
partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal.
d) ACONDICIONAMENTO OU REACONDICIONAMENTO: é a operação
que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria.
e) RENOVAÇÃO OU RECONDICIONAMENTO: é a operação exercida sobre
produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização. Ex: recondicionamento de baterias, de amortecedores.
4 – BASE DE CÁLCULO
Sua base de cálculo varia conforme a hipótese de incidência. Pode
ser: a) o valor da operação de saída do produto do estabelecimento do contribuinte. É o valor da operação, representada pelo preço do produto, acrescido do valor do frete e das demais despesas acessórias cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao comprador ou destinatário;
b) o preço normal, acrescido do próprio imposto de importação, das taxas
aduaneiras e dos encargos cambiais. Nesse caso, o Fisco adiciona ao valor para o despacho aduaneiro não só o quantum pago, a título de imposto de importação, mas também as taxas de entrada no país e os encargos cambiais. A inclusão do imposto de importação na base de cálculo do IPI, embora represente a tributação de imposto sobre imposto, pode justificar-se, nesse caso, como meio de proteção à indústria nacional;
c) o próprio preço da arrematação, em face de produto apreendido,
abandonado e levado a leilão.
5 – ALÍQUOTAS
É imposto proporcional, uma vez que, em princípio, sua alíquota
varia de forma constante, em função da grandeza econômica e tributada. Em abono à seletividade do IPI, as alíquotas do vertente gravame variam de 0% (zero) a 365,63% (no caso de cigarros).
6 – NOTAS GERAIS
a) ALÍQUOTA ZERO: técnica de inexistência de tributação, adotada pelas
autoridades fazendárias como instrumento de exclusão, em caráter temporário, do ônus tributário incidente sobre certos produtos ou bens, o que a aproxima do instituto da isenção, ao mesmo tempo em que dela se afasta, na medida em que não é concedida por meio de lei. Encontra- se inserida no contexto da extrafiscalidade, e por isso, não deve atendimento aos princípios constitucionais da legalidade e da anterioridade no que diz respeito à alteração de alíquotas. b) SELETIVIDADE: técnica de incidência de alíquotas, cuja variação dar- se-á em função da essencialidade do produto. Os produtos de primeira necessidade devem ter baixa tributação, e os produtos supérfluos devem receber tributação mais elevada. c) PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE: postulado segundo o qual se proíbe a técnica cumulativa, permitindo que em cada operação tributada deva ser abatido o valor do mesmo imposto pago na operação imediatamente anterior (art. 49 do CTN). Com efeito, faz-se o registro contábil como crédito do IPI referente à entrada de uma mercadoria. Por seu turno, faz-se o registro como débito do valor do IPI dos produtos que saírem. No final do período, após a realização dos cálculos, se o débito for maior, o imposto é recolhido; se o crédito for maior, o saldo credor é transferido para uso no período seguinte ou nos períodos seguintes. d) RESSALVA A PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL: o art. 153, § 1º, da CF assevera que é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do IPI. Portanto, no concernente à alteração da alíquota, o imposto está excepcionado do princípio constitucional da legalidade. Nessa esteira, não é demasiado mencionar que o IPI – antiga exceção ao princípio da anterioridade -, pelo fato de não constar da lista de ressalvas aos 90 dias, prevista no art. 150, § 1º, in fine, da CF (EC n. 42/2003), passou a ser tributo que, quando majorado, deve respeitar a regra nonagesimal, isto é, obedecerá à noventena, em face do teor imposto pela Emenda em destaque. e) IMUNIDADE: os produtos industrializados destinados ao exterior estão dispensados de IPI (art. 153, § 3º, III, da CF c/c súmula n. 536 do STF); f) AQUISIÇÃO DE BENS DE CAPITAL: segundo o art. 153, § 3º, IV, da CF (inserido com a EC n. 42/03), haverá atenuação legal do impacto do IPI sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto. g) IPI NA BASE DE CÁLCULO DO ICMS: o texto constitucional indica a exclusão do IPI da base de cálculo do ICMS. O art. 155 da CF determina: Art. 155. (...) § 2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) XI – não compreenderá, em sua base de cálculo o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos.
O IPI somente não integrará a base de cálculo do ICMS quando a
operação apresentar os seguintes requisitos cumulativos:
I – for realizada entre contribuintes;
II – for relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização; III – configurar fato gerador dos dois impostos. Exemplos: 1º exemplo: “Empresa Industrial” vende produto para “Empresa Industrial” (operação entre contribuintes). Considere os seguintes dados: produto: 1.000,00; ICMS: 20%; IPI: 10%. Valor do produto....................... 1.000,00 IPI.............................................. 100,00 Total da nota fiscal.................... 1.100,00 ICMS........................................... 200,00 2º exemplo: “Empresa Industrial” vende produto para “Consumidor final” (operação entre contribuinte e não contribuinte”. Considere os seguintes dados: produto: 1.000,00; ICMS: 20%; IPI: 10%. Valor do produto....................... 1.000,00 IPI.............................................. 100,00 Total da nota fiscal.................... 1.100,00 ICMS........................................... 220,00