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PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

 Princípio da Legalidade:

 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias


asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:

 I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o


estabeleça;
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Vale observar que a Constituição não cria
tributos, mas apenas outorga poderes para que
o respectivo ente (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) possa editar leis exercendo
a competência recebida, conforme foi visto
sobre “Competência Tributária”.

 O princípio da legalidade consiste, para exigir ou


aumentar um tributo pelos entes tributantes,
deve ser somente por lei – deve ter lei para isso.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Exceção:
 imposto extraordinário de guerra, previsto no
inciso II do art. 154;
 alteração de alíquotas dos seguintes impostos,
conforme estabelece o § 1o do art. 153 da CF,
dada sua natureza extrafiscal:
 II – Imposto de Importação;
 IE – Imposto de Exportação;
 IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados;
IOF – Imposto sobre Operações de crédito,
câmbio, seguro, títulos e valores mobiliários.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Para esses impostos, admite-se a alteração,
apenas da alíquota, por ato do Poder Executivo,
constituindo, portanto, uma exceção ao princípio
da legalidade em matéria tributária.

 Ressaltamos a necessidade de lei – não se


aplicando, portanto, essa exceção – nos casos
de alteração de base de cálculo, prazo de
recolhimento, dentre outros, estando limitada a
atuação do Poder Executivo à alteração das
alíquotas, unicamente.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Princípio da Igualdade ou da Isonomia
 Art. 150. [...]

 II - instituir tratamento desigual entre


contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em
razão de ocupação profissional ou função por
eles exercida, independentemente da
denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos;
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

 A CF assegura em seu art. 5º que “todos são


iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza”, refletindo o denominado princípio da
igualdade.

 Igualdade não é tratar a todos de forma igual,


mas igualar os desiguais a ponto de que possam
de fato ser comparáveis.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Princípio da capacidade contributiva
 Art. 145. [...]

 § 1º Sempre que possível, os impostos terão


caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado
à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar,
respeitados os direitos individuais e nos termos
da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
atividades econômicas do contribuinte.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 A capacidade contributiva poderia ser resumida
como o princípio da igualdade materializado em
termos financeiros.

 Portanto, considerando os impostos brasileiros,


temos a capacidade contributiva mensurada,
atualmente, de forma individual (por
contribuinte e por tributo), aplicando-se os
seguintes critérios de valoração: renda auferida
(ex.: lucros e rendimentos), renda consumida
(ex.: gastos e transmissões) e renda acumulada
(ex.: propriedades).
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Princípio da vedação ao confisco
 A atual Constituição Federal, em consonância
com os valores e diretrizes estabelecidos, prevê,
no inciso IV do art. 150, o princípio do não
confisco ou da vedação ao confisco, dispondo
nos seguintes termos:

 Art. 150. [...]


 IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 O princípio da vedação ao confisco, por sua vez,
está intimamente ligado ao princípio da
capacidade contributiva, ou seja, uma vez que é
violado o princípio da capacidade de contribuir, o
Estado está invadindo o patrimônio pessoal do
contribuinte, promovendo uma expropriação
indireta.
 Entretanto não existe, de forma positivada, o
conceito do que venha a ser confisco, muito
embora qualquer leigo possa afirmar que 100%
de tributação da renda, por exemplo, equivaleria
a um confisco.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Princípio da irretroatividade
 De acordo com o princípio da irretroatividade, é
vedada a cobrança de tributos sobre fato
gerador ocorrido antes da lei que instituir o
tributo ou majorá-lo.

 Art. 150.[...]
 III - cobrar tributos:
 a) em relação a fatos geradores ocorridos antes
do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

 Pelo princípio da Irretroatividade não poderão as


leis tributárias atingir fatos anteriores à sua
publicação, posto que o contribuinte à época da
realização do fato gerador desconhecia tais
regras.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Princípio da anterioridade

 Por este princípio, a lei deve conceder um tempo


futuro (alguns dias ou meses após a publicação
da lei), para que o contribuinte possa se adaptar
às mudanças ou ao aumento do imposto.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Art. 150. [...]
 III - cobrar tributos:
 a) [...]
 b) no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;

 c) antes de decorridos noventa dias da data em


que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b;
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Regra Geral (para todas as hipóteses não
excepcionadas abaixo) 1º dia do exercício
seguinte (observado no mínimo 90 dias);
 IR, IPVA e IPTU 1º dia do exercício seguinte
(somente);
 Contribuições sociais 90 dias;
 IPI (alteração de alíquota) 90 dias;
 II, IE e IOF (alteração de alíquota)
Imediata (na data da publicação).
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 o legislador estabeleceu duas regras alternativas
– 1º dia do exercício seguinte ou 90 dias –
aplicando-se o que for maior em benefício do
contribuinte.

 Para os impostos extrafiscais, a saber: II, IE,


IOF e IPI, aplica-se uma regra diferenciada
também. Nesta hipótese, contudo, o prazo
reduzido demonstrado somente se aplica
quando se tratar de aumento de alíquota.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

 Para aumento de base de cálculo, deve ser


observada a regra geral.

 Assim, o aumento das alíquotas de IPI, pode ser


cobrado somente após 90 dias contados da
publicação do ato que majorou o imposto, ao
passo que para o II, IE e IOF a cobrança da
majoração pode ser imediata, a partir da
publicação.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Princípio da liberdade de tráfego
 O Constituinte, visando evitar a utilização do
tributo como meio de bloquear a livre circulação
no território nacional, afetando os moldes do
pacto federativo, estabeleceu o princípio da
liberdade de tráfego.
 Art. 150. [...]
 V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas
ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público;
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Princípio da uniformidade geográfica
 Art. 151. É vedado à União:

 I - instituir tributo que não seja uniforme em


todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município, em detrimento
de outro, admitida a concessão de incentivos
fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as
diferentes regiões do País;
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Para os tributos federais, existe uma vedação
expressa no sentido de evitar que seja
estabelecida tributação diferenciada para
determinados Estados, Distrito Federal ou
Municípios.

 Constituição Federal permite a concessão de


incentivos, justificando, portanto, áreas e
regiões com tributação diferenciada, a exemplo
do que ocorre com a Zona Franca de Manaus.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

 Esse princípio não impede, entretanto, que cada


ente político, dentro de sua competência
tributária e nos limites constitucionais e legais,
adote alíquotas diferentes, a exemplo do que
ocorre no caso do ISS, onde os Municípios
podem estabelecer alíquotas variando de 2% a
5%.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Princípio da não cumulatividade
 O princípio da não cumulatividade é aplicável ao
ICMS e ao IPI, sendo mais recentemente
adotado em relação às contribuições sociais PIS
e Cofins. Trata-se, em resumo, de um princípio
que visa desonerar a incidência tributária na
cadeia produtiva, permitindo-se que o
contribuinte adquirente do produto ou serviço,
na etapa seguinte, possa se creditar do imposto
pago nas etapas anteriores, compensando tal
valor com o seu imposto devido no momento da
venda ou posterior saída.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 O inciso II do § 3º do art. 153 da CF estabelece
a não cumulatividade para o IPI, sendo que o
inciso I do § 2º do art. 155 da CF trata da não
cumulatividade para o ICMS.

 Art. 153. (...)


 § 3o O imposto previsto no inciso IV [IPI]: (...)
 II – será não cumulativo, compensando-se o que
for devido em cada operação com o montante
cobrado nas anteriores.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
 Art. 155. (...)
 § 2o O imposto previsto no inciso II [ICMS]
atenderá ao seguinte:
 I – será não cumulativo, compensando-se o que
for devido em cada operação relativa à
circulação de mercadorias ou prestação de
serviços com o montante cobrado nas anteriores
pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito
Federal.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

Hugo de Brito Machado define a imunidade como:


“um obstáculo decorrente de regra da Constituição
à incidência da regra jurídica de tributação”,
observando que “o que é imune não pode ser
tributado. A imunidade impede que a lei defina
como hipótese de incidência tributária aquilo que é
imune”.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

Segundo Ruy Barbosa Nogueira “a imunidade é,


assim, uma forma de não incidência pela
supressão da competência impositiva para tributar
certos fatos, situações ou pessoas, por disposição
constitucional”.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
 VI - instituir impostos sobre:
 a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos
outros;
 b) templos de qualquer culto;

 c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos


políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da
lei;
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
 d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado
a sua impressão.

 e) fonogramas e videofonogramas musicais


produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras
em geral interpretadas por artistas brasileiros
bem como os suportes materiais ou arquivos
digitais que os contenham, salvo na etapa de
replicação industrial de mídias ópticas de leitura
a laser.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
 Ao contrário da isenção, que decorre de lei, a
imunidade está sempre prevista na Constituição
Federal.

 Da leitura do art. 150 da CF, verificamos que a


imunidade estabelecida refere-se exclusivamente
aos impostos, surgindo automaticamente a
dúvida quanto à aplicação em relação às demais
espécies tributárias, notadamente taxas e
contribuições.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
 A nossa Constituição Federal, em verdade,
concede imunidade para as três modalidades de
tributos, mas em artigos esparsos e para
pessoas e situações distintas.

 Além da imunidade prevista no art. 150, tem-se


a do ITR prevista no art. 153, sobre “pequenas
glebas rurais, definidas em lei, quando as
explore o proprietário que não possua outro
imóvel”.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

 A imunidade das taxas, por sua vez, embora não


mencionada no capítulo específico do Sistema
Tributário Nacional, está prevista no art. 5º,
que, em seu inciso XXXIV, prevê o direito de
petição e a obtenção de certidões em
repartições públicas, independentemente do
pagamento de taxas, e, em seu inciso LXXVI,
concede gratuidade, aos reconhecidamente
pobres, das taxas relativas ao registro civil de
nascimento e da certidão de óbito.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

 Por fim, no que tange às contribuições sociais,


temos a imunidade expressa no § 7o do art. 195
da CF, abrangendo as entidades beneficentes de
assistência social, que atendam as exigências
legais.

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