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. Cada pessoa jurídica de direito público (União, Estados, DF e Municípios) tem sua
competência tributária. O exercício dessa competência, porém, não é absoluto. A Constituição
impõe restrições ao exercício dessa competência, as quais estão contidas nos arts. 150 a 152
da CF. A maioria dessas limitações constitui direito e garantia individual do contribuinte,
estando protegida pelo § 4º do art. 60 CF (cláusulas pétreas). A competência tributária é
atribuída e limitada pela Constituição Federal. A limitação da competência é feita pelo
estabelecimento dos princípios constitucionais tributários e das imunidades.
• É extensão para o Direito Tributário do princípio geral da legalidade, previsto art. 5º, II, da
CF.
• É segurança para o Fisco e para o contribuinte, já que a lei obriga ao pagamento e limita
atuação do Fisco.
Reserva legal: só lei em sentido estrito, ou seja, lei em sentido material (ato jurídico de caráter
hipotético, previsão abstrata e genérica) e em sentido formal (ato jurídico do Legislativo, com
observância do processo legislativo estabelecido constitucionalmente).
• Exceções: Art. 153, § 1º, CF (alíquotas do II, IE, IPI e IOC, não mais base de cálculo, como
consta do CTN, que, no ponto, não foi recepcionado) e Art. 177, § 4º, b, CF (alíquota CIDE
combustível), este último acrescentado pela EC 33/2001, de discutível constitucionalidade,
em face de os princípios constitucionais tributários configurarem garantia fundamental.
• Normas jurídicas devem ter caráter hipotético, alcançando a todos indistintamente que se
encontrem na situação nelas descrita.
• Deve se observar, porém, que a isonomia não pode igualar os desiguais, por isso que para se
obter a igualdade reforça-se o conceito de proporcionalidade.
• Vale lembrar que o STF tem se pronunciado reiteradamente no sentido de que não é possível
estender, a título de isonomia, os benefícios concedidos por lei que a viole e que, portanto,
possa ser considerada inconstitucional, e, por conseqüência, inválida, pois esta não produz
efeitos.
• Ver regra do § 2º do art. 173 CF (A empresas públicas e sociedades de economia mista não
poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.).
• A parte final da norma constitucional que institui o princípio (“proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”) teve por objetivo específico
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• A CF, no art. 5º, XXXVI, permite a retroatividade da lei, protegendo apenas o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
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• Não se confundem com o princípio da anualidade, previsto nas CF de 46 e 67, pelo qual a
instituição ou aumento de tributo dependia de autorização orçamentária prévia. Esse princípio
não mais vigora no Direito Brasileiro.
• Exceções:
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• Não se aplica às penalidades, embora o STF tenha várias decisões contraditórias, ora
afirmando a aplicação do princípio às multas tributárias, ora, afastando essa aplicação. A
rigor, às multas aplicam-se os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
• O que não deve haver é o agravamento do ônus tributário pelo fato de ser interestadual ou
intermunicipal a operação.
• Pedágio:
Havia muita discussão sobre a natureza jurídica do pedágio, se constituiria tributo, da espécie
da taxa, o que o vincularia aos princípios constitucionais tributários, especialmente à
legalidade (instituição por lei), ou se constituiria preço público, o que o vincularia aos
princípios de direito administrativo, especialmente às regras de fixação por meio da política
tarifária e de preços dos contratos administrativos. Havia até mesmo parte da doutrina que
reconhecia natureza jurídica híbrida ao pedágio, o qual seria taxa quando houvesse
compulsoriedade do serviço, representada pela falta de oferecimento de via alternativa sem
ônus, e quando fosse cobrada pela Administração que oferecesse o serviço; e seria preço,
quando não houvesse compulsoriedade do serviço, representada pelo oferecimento de via
alternativa, e quando fosse cobrado por particular.
Com o julgamento da ADIn 800/RS pelo STF, em junho de 2014, a discussão perdeu o
sentido, tendo o STF decidido definitivamente pela atribuição de natureza de preço público ao
pedágio. Em resumo o STF decidiu:
Pedágio é preço público;
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1.10. Vedação à instituição de isenção pela União (Art. 151, III, CF)
Ver súmula 278 STJ: “O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos
nas ações acidentárias e de benefícios propostas na Justiça Estadual.” – isenção concedida
pela Lei federal 8.620/93.
Não impede que a República Federativa do Brasil conceda isenção por tratado internacional –
STF, plenário, RE 229.096/RS, ago/2007 – isenção de ICMS para produtos de países
signatários do GATT, quando goza do mesmo favor o similar nacional.
2. IMUNIDADES
• Só a CF pode estabelecer imunidade, mas lei complementar, nos termos do art. 146, II, da
CF, pode regulamentá-las ou explicitá-las, não, porém, ampliá-las ou reduzi-las.
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Com efeito, a regra da imunidade recíproca não refere empresas públicas e sociedades de
economia mista, porque estas entidades estão normalmente direcionadas ao desenvolvimento
de atividade econômica, sob regime de direito privado, e a Constituição Federal
expressamente veda o tratamento fiscal diferenciado que prejudique a livre concorrência (art.
174, § 2º, da CF). No mesmo sentido é a primeira parte do § 3º do artigo 150 da Constituição
Federal, que veda a aplicação da imunidade recíproca ao patrimônio, renda e serviços
relacionados com a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis aos
empreendimentos privados.
O Supremo Tribunal Federal, porém, tem conferido interpretação ampla, no ponto, admitindo
o alcance da imunidade recíproca a empresas públicas ou sociedades de economia mista que
exerçam serviço público exclusivo ou sob monopólio do Estado ou não tenham intuito de
lucro, porque nesse caso não restaria violado o dispositivo que protege a livre concorrência e
presente estaria o valor constitucionalmente protegido pela imunidade em questão.
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Por sua vez, em relação às sociedades de economia mista, os precedentes também seguem na
linha de estender a imunidade recíproca quando presente a prestação de serviço público sem
intuito de lucro (RE 580264, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão:
Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 16/12/2010; AI 558682 AgR, Relator(a):
Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 29/05/2012;
Veja-se que é preciso a configuração do exercício de atividade econômica. Bem por isso, o
Supremo Tribunal Federal também aqui tem adotado interpretação branda, quando
configurada a prestação de serviço público essencial e afastado o intuito de lucro (entidades
que prestam serviço de água e esgoto - RE 631309 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,
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Segunda Turma, julgado em 27/03/2012; RE 598912 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI,
Primeira Turma, julgado em 05/02/2013). Por todos:
Por outro lado, o STF afastou a imunidade em relação a bem da entidade cedido ou objeto de
concessão a empresa privada exploradora de atividade econômica com fins lucrativos (STF,
RE 601.720/RJ, Rel. p/ ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/04/2017).
• O § 3º do art. 150 da CF explicitou ainda que a imunidade estabelecida no inciso VI, a, não
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
A explicitação se fez necessária para afastar divergências. Houve quem sustentasse a tese de
que o imóvel objeto de promessa de compra e venda, continuando como propriedade do
promitente vendedor, integrando, pois, o patrimônio da entidade imune, não podia ser
tributado. O próprio STF tinha decisão pela imunidade do imóvel transcrito no RI em nome
da autarquia, embora objeto de promessa de compra e venda a particulares (Súmula 74). Daí a
necessidade da regra expressa na CF de 1988.
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• Imunidade recíproca e impostos indiretos IPI e ICMS – incide o IPI e o ICMS nas compras
efetuadas pelos entes políticos, porque o contribuinte é o industrial ou o que promove a saída
da mercadoria.
2.2. Imunidade dos templos de qualquer culto (Art. 150, VI, b, CF)
• Nenhum imposto incide sobre templos de qualquer culto. O valor protegido é a liberdade
religiosa. Ver precedentes: maçonaria (RE 562351, Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 04/09/2012), onde não foi reconhecido o
direito à imunidade, e cemitérios de entidades religiosas, em que a imunidade foi aplicada
(RE 578562, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2008).
• Templo não significa apenas a edificação, mas tudo que seja ligado ao exercício da atividade
religiosa: não pode haver imposto sobre missa, batizado ou qualquer outro ato religioso, nem
sobre qualquer bem que esteja a serviço do culto.
• Pode, porém, haver incidência sobre bem pertencente à Igreja, desde que não seja
instrumento desta ou o rendimento não esteja sendo aplicado em suas finalidades.
(Súmula 724 STF: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde
que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.”)
• Não pode haver incidência de imposto sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos
partidos políticos, entidades sindicais dos trabalhadores (também dos empregadores?) e das
instituições de educação e de assistência social, estas condicionadas a finalidade não lucrativa
(observar art. 14 CTN).
• Não ter fins lucrativos não significa, absolutamente, ter receitas limitadas aos custos
operacionais. Essas entidades, na verdade, podem e devem ter sobras financeiras, até para que
possam progredir, investindo em suas instalações. O que não podem é distribuir lucros. Suas
disponibilidades são aplicadas na manutenção dos seus objetivos institucionais.
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• STF vinha exigindo LC tão somente para definição dos limites materiais da imunidade, não
para a fixação de normas de constituição e funcionamento dos entes imunes (ADInMC 1.802
e ADI 2028). No julgamento de mérito das ADIn 2028, 2036, 2228 e 2621, porém, o STF
declarou a inconstitucionalidade das leis ordinárias que criavam regras para o enquadramento
das entidades beneficentes para fim de isenção (imunidade) de contribuições previdenciárias.
2.4. Imunidade dos livros, jornais e periódicos e do papel destinado à sua impressão (Art.
150, VI, d, CF)
• A imunidade, aqui, é tipicamente objetiva: não importa a pessoa a quem pertença o livro, o
jornal ou periódico, ou o papel, este condicionado apenas à sua destinação. O valor protegido
é a disseminação da cultura.
O STF tem ampliado a interpretação para incluir qualquer livro, jornal ou periódico e
qualquer insumo necessário ou agregado ao papel (álbum de figurinhas: RE 656203 AgR,
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 25/09/2012; maquinário:
RE 202149, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO
AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 26/04/2011; tinta: RE 504615 AgR, Relator(a): Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 03/05/2011).
Recentemente, decidiu o STF pela imunidade do livro digital (e-book) e dos aparelhos
eletrônicos (e-readers) confeccionados exclusivamente para esse fim, ainda que
eventualmente equipados com funcionalidades acessórias e rudimentares que auxiliam a
leitura digital (dicionários, marcadores, acesso a internet para download dos livros digitais) ou
outros suportes como o CD-Rom. Não, porém, os aparelhos multifuncionais, como tablets,
smartphones e laptops (STF, RE 330.817/RJ e 595.676/RJ, julgados em 08/03/2017).
Por outro lado, o STF tem sido restritivo fora da interpretação do objeto da imunidade, como
se pode constatar dos precedentes que se referem a serviços de distribuição e serviços
gráficos prestados a terceiros (RE 530121 AgR, Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 09/11/2010; RE 630462 AgR, Relator(a):
Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 07/02/2012; AI 723018 AgR, Relator(a):
Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 06/03/2012).
2.5. Imunidade dos fonogramas e videogramas musicais produzidos no Brasil (Art. 150,
VI, e, da CF)
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A imunidade, aqui, é tipicamente objetiva: não importa a pessoa a quem pertença. Os valores
protegidos são a disseminação da cultura e a liberdade de expressão artística. Também
protege a indústria nacional e visa a evitar a “pirataria”.
Impostos
Taxas
Contribuições
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