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Direito Tributário
Determina que os tributos só podem ser instituídos ou majorados por meio de Lei.
Não. Pelo princípio do paralelismo das formas, as matérias quando tratadas por
determinado ato administrativo só poderão ser alteradas por um ato normativo de igual
hierarquia ou hierarquia superior.
Então, como o tributo só pode ser instituído ou majorado por meio de Lei, a sua redução
também deve ser feita por meio de lei ou Emenda Constitucional, não podendo se fazer
por meio de decreto.
O artigo 97 do CTN prevê que o Tributo só poderá ser extinto ou reduzido por meio de
Lei.
Assim, tudo que está descrito neste artigo deve ser tratado por meio de Lei. A posição do
STF é que este artigo possui rol taxativo, o que facilita a consulta, ou seja, tudo que está
descrito nele deve ser tratado por Lei; se não tiver disposto neste artigo pode ser tratado
por outro ato normativo, como o decreto por exemplo.
III- é necessário Lei para tratar sobre Fato Gerador e Sujeito Passivo do Tributo;;
-Sujeito passivo: artigo 121, CTN – quem tem o dever de pagar o tributo.
IV- precisa de Lei para descrever sobre a base de cálculo e alíquota do tributo.
VI- a extinção / suspensão / exclusão do crédito tributário tem que estar previstos em Lei.
Majorar = aumentar
O tributo só pode ser majorado por meio de Lei. O artigo 97, II me disse isso.
Sendo assim, por a correção monetária não ser majoração de tributo e não estar disposta
nos demais termos do artigo 97 do CTN entende-se, portanto, que ela pode ser instituída
por meio de decreto.
Ex: Súmula 160 do STJ – explica que não pode a correção monetária da base de cálculo
do IPTU ser tratada por decreto se utilizar índices superiores aos oficiais.
Quando eu mudo, por exemplo, a data de pagamento do tributo que é cobrado dia 20
passando para o dia 10 de cada mês? Antecipo a data. Isto deve ser feito por meio de Lei
ou pode ser feito por outro ato normativo?
Vamos lá ao artigo 97 do CTN – lá fala algo sobre isto? Não. Então não preciso tratar isto
por meio de Lei.
O artigo 153, §1º da CF – diz que o Poder Executivo poderá alterar as alíquotas de 04
tributos. (impostos regulatórios de mercado)
Alterar = modificar
Nós sabemos que o Poder Executivo não edita Leis, então ele majora estas alíquotas por
Decreto mesmo.
O Poder Executivo pode majorar por Decreto as alíquotas dos impostos regulatórios de
mercado.
ATENÇÂO: o Poder Executivo só poderá fazer isso se atender aos requisitos previstos
em Lei (limites e condições).
Quanto ao ICMS, pelo artigo 155, §4º, IV, c da CF – Combustível, o Poder Executivo
também poderá reduzir e restabelecer suas alíquotas, mas desde que seja por meio de
Convênio. Não pode ser por Decreto.
Neste caso, tem que ser um convênio assinado por todos os estados, em que todos assinem
concordando.
A Lei complementar que trata sobre a redução, benefício, incentivo e isenção de ICMS é
a LC 24/75.
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Esta Lei diz que mesmo o ICMS sendo um tributo Estadual, o Estado não tem liberdade
para conceder incentivos ao ICMS. Que no caso, para conceder o incentivo, deve ser
levado ao CONFAZ, em que todos os Estados deverão assinar concordando.
Qualquer benefício referente ao ICMS, em razão do artigo 155, §2º, XII, g, da CF, tem
que ser regulamentado por meio de Lei complementar.
Não pode haver ainda qualquer distinção em razão da profissão ou do cargo exercido pela
pessoa.
Disse o STF que não, justamente pelo princípio da isonomia, em que não se pode haver
distinção na tributação em razão do cargo ou da profissão exercida pela pessoa.
Nós temos na Constituição Federal que a Lei que criar ou majorar um tributo só terá
validade daqui para frente – NÃO PODENDO ALCANÇAR FATOS PRETÉRITOS.
A lei tributária que cria ou majora um tributo só poderá atingir fatos geradores que lhes
são subsequentes. Não pode atingir fatos geradores pretéritos.
Significa que publicada uma lei que cria ou majora o tributo sua vigência será prospectiva
(dalí para frente).
O artigo 5º, XXXVI da CF nos diz que a lei não pode atingir fatos pretéritos, atacando o
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Ele homenageia a segurança jurídica, na medida em que coibi a retroação da lei que cria
ou aumenta o tributo.
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Porém, este princípio apresenta uma atenuação, que está prevista no artigo 106 do CTN,
em seus 2 incisos.
A- Artigo 106, I, CTN: diz que tratando-se de 1 Lei expressamente interpretativa, desde
que não culmine penalidade, esta Lei poderá retroagir.
-Lei interpretativa: é aquela que define o conceito e o alcance de uma lei anterior, sem
mudar o ordenamento jurídico. Retira uma obscuridade da norma interpretada que é
pretérita. Portanto, o mais sensato é ela retroagir.
Ex: nós não temos nenhum exemplo de Lei interpretativa no Direito Tributário.
O que tivemos foi uma tentativa – em que a Lei Complementar 118/2005, em seu artigo
3º dizia: para fins de interpretação do artigo 168, I do CTN, considerar-se-á extinto o
crédito tributário no momento do pagamento antecipado.
Ocorre que esta Lei complementar não interpretou nada, ela CRIOU uma regra nova.
O STF ao julgar o RE56621 disse que esta LC118/2005 não é interpretativa, não podendo,
portanto, retroagir. Ela mudou o ordenamento jurídico e, portanto só tem validade da
publicação para frente.
B- artigo 106, II, do CTN: em se tratando de ato não definitivamente julgado, poderá
retroagir a Lei que excluir infrações ou reduzir penalidades.
Este inciso traz a chamada Lei mais benéfica com relação às infrações.
É a mesma ideia lá do Processo Penal de que a lei mais benéfica retroagirá para beneficiar
o réu.
No caso, a Lei tributária deve retroagir para beneficiar o contribuinte, desde que se trate
de infrações. Somente no campo das infrações.
No caso então, não se aplica às alíquotas. Por exemplo, um alei que diminui as alíquotas
de um tributo não poderá retroagir.
Significa dizer que enquanto não houver o trânsito em julgado na questão que está sendo
objeto de uma lide tributária, por exemplo, se eu estou discutindo uma multa ou o caráter
ilícito da conduta do contribuinte, neste caso, se sobrevier um lei que traga um contexto
mais benéfico ao caso, esta lei retroagirá para ser aplicada à este caso.
Agora, se já ocorreu o trânsito em julgado daquela questão e sobrevém uma lei mais
benéfica, esta não poderá retroagir.
Outro exemplo: imagine que o contribuinte deixou de pagar ICMS durante o exercício
de 2018. Digamos ainda que em 2018 a alíquota do ICMS era de 20% e a multa pelo
inadimplemento 30%.
Como o contribuinte não pagou e ele entende que esse ICMS é indevido, ele vai ao
judiciário brigar para não pagar. Daí o processo está correndo e, em 2019 editam-se uma
lei que vai reduzir este ICMS para 10% e reduzir a multa para 15%.
O processo ainda não transitou em julgado, não está definitivamente julgado, então a lei
retroage. Mas retroage somente quanto à multa (que é penalidade).
C- Artigo 144, §1º, CTN: fala que em se tratando de lançamento tributário vier uma lei
que criar novos métodos de fiscalizar ou arrecadar um tributo, esta lei poderá retroagir.
Então, criou-se uma nova lei que permite novos métodos de fiscalizar e arrecadar tributo,
ela retroagirá.
A lei que criou a CPMF não autorizava cruzar os dados da CPMF com os dados do IR.
Acabava que o contribuinte recolhia mais CPMF em razão da movimentação financeira,
porém não recolhia tanto IR, devido a que o contribuinte conseguia omitir muita renda.
Em 2001 criou-se uma nova lei, a lei 10.174/01, que permitia à autoridade administrativa
cruzar os dados da declaração do IR com os dados da CPMF e, com esta nova
possibilidade, o FISCO voltou lá para 1996 e autuou vários contribuintes que não haviam
pago o IR devidamente.
Esta lei criou um novo método de fiscalização do IR. E em análise, pelo disposto no artigo
144, §1º do CTN, o STJ entendeu que, portanto, esta lei poderia retroagir.
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Diz que ao se criar um tributo, ele só poderá ser exigido no próximo exercício financeiro
(ano seguinte).
O exercício financeiro coincide com o ano civil (começa no dia 1º de janeiro e se encerra
em 31 de dezembro)
A alínea “c” indica que entre a data da publicação e a data da incidência da norma deverá
haver o respeito ao prazo de 90 dias.
Esse princípio veio com a Constituição Federal de 1988 e quando da sua instituição nõ
existia o princípio da anterioridade nonagesimal, que veio junto com a EC 42/2003.
Ex:
Nestes casos, não precisa respeitar os princípios das anterioridades. Tem aplicação
imediata da lei, por ser benefício ao contribuinte.
Ex: eu pagava o tributo dia de cada mês e vem uma lei alterando que devo pagar o tributo
dia de cada mês – antecipou.
Neste caso, a lei que antecipa prazo de pagamento de tributo não precisa respeitar as
anterioridades; devido a que estes princípios só se aplicam quando tributos forem
instituídos ou majorados.
Súmula 669 do STF: Convertida hoje na Súmula Vinculante nº 50 – quando muda a data
de pagamento de tributo não precisa respeitar as anterioridades.
Exceções:
Atualmente nós temos somente 2 tributos que podem ser cobrados em razão do evento
guerra:
Pegadinha – no artigo 148 fala que este empréstimo compulsório deve obedecer
apenas a anterioridade do exercício; mas, pela EC 42/03 deve-se respeitar as 2
anterioridades.
Ex: em 2011 a presidente Dilma majorou as alíquotas do IPI sobre veículos importados e
queria que a cobrança se desse imediatamente, mas, não poderia.
O STF concluiu que esta cobrança imediata era inconstitucional, que se deveria aguardar
os 90 dias.
Tanto que o Decreto foi de 15 /09/2011 e o IPI majorado só pode ser cobrado a partir de
16/12/ 2011.
C- Contribuição Social:
Criada
Majorada
A- Imposto de Renda: pode mudar o que for (base de cálculo, alíquota), que não
precisará respeitar a anterioridade nonagesimal.
Atenção: Neste caso, somente não se respeitará os 90 dias quando a modificação for na
base de cálculo.
Se alterar a alíquota, tanto no IPTU quanto no IPVA cai na regra geral de respeitar as 2
anterioridades.
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A exceção aqui é só quanto a alteração na base de cálculo, que daí precisará aguardar
apenas a anterioridade do exercício.
Ex: a base de cálculo do IPTU hoje é o valor do imóvel urbano; A base de cálculo do
IPVA é o valor do automóvel.
-A 1ª categoria diz que o tributo será cobrado imediatamente – Guerra, II, IE, IOF.
Quer dizer que o tributo não pode ser tão caro que inviabilize o direito de propriedade.
Ex: se o IPVA fosse 75% sobre o valor do automóvel. Nesse caso, podemos verificar aqui
um efeito confiscatório.
Cuidado: Segundo entendimento do STF, no julgamento da ADI 20 nº 10, nós não temos
como olhar para um tributo individualmente e, tão somente com base me sua alíquota
dizer se aquele tributo tem ou não efeito confiscatório, porque este entendimento será
dado pelo Poder Judiciário, isso é o que diz o STF.
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Segundo o STF, o Poder Judiciário vai olhar para o total da carga tributária exigida pela
mesma pessoa, além de analisar todo o contexto histórico, político, econômico, pelo qual
o país está passando.
Ex: quando o Collor chamou nossos veículos de carroça e, para incentivar a importação
ele reduziu as alíquotas do Imposto sobre Importação-II, quase quebrando a indústria
automobilística brasileira.
Daí para se evitar isso, aumentou-se as alíquotas do II, que passou a ser de até 205%
Nós não podemos olhar então, para a alíquota, de maneira isolada. Tem que passar pelo
crivo do judiciário, que vai analisar a questão que se passa todo o país.
Então pessoal, o STF compreendeu que será considerado um tributo com efeito
confiscatório quando olharmos para o total da carga tributária exigida pela mesma pessoa,
além de se fazer uma análise dos fatores que levaram a esta tributação (questão econômica
e política pela qual o país passa).
OBS. 1: A Constituição Federal fala que os tributos não podem ter efeito confiscatório.
O STF concluiu que as multas tributárias também devem respeitar o princípio do não
confisco.
OBS. 2: No final de 2017, o STF, ao julgar o AI nº 838.302, concluiu que para as multas
tributárias serem consideradas confiscatórias, existe um teto ou um critério objetivo.
Para o STF a multa terá efeito confiscatório quando ela ultrapassar 100% do valor da
obrigação principal.
É vedada a cobrança de tributo que possa inviabilizar o direito de ir e vir das pessoas,
salvo a cobrança de pedágio quando a estrada é mantida pelo Poder Público.
O entendimento mais recente do STF, proferido na ADI 800, é de que o pedágio não é
mais considerado tributo.
Como quem cuida das estradas são concessionárias, o STF entendeu o pedágio não é
tributo. Hoje então, a cobrança de pedágio não é mais considerada tributo e sim preço
público, da espécie tarifa.
Taxa X Tarifa
DIFERENÇAS:
A ADI 800 julgou o aumento do pedágio, que ocorreu por meio de decreto com cobrança
imediata.
Os contribuintes então disseram que esta cobrança era inconstitucional, por ferir o
princípio da legalidade (se é tributo, tem que ser majorado por meio de lei) e ainda, que
a cobrança deveria respeitar os princípios da anterioridade.
O STF então, considerando que pedágio não é tributo, a sua majoração feita por meio de
decreto e, cobrado imediatamente, era constitucional.
Ex: já pensou o IPI sendo cobrado aqui em Minas Gerais a 5¢ sobre um produto e lá no
norte este mesmo produto tributar 3% de IPI?
-Incentivo fiscal: é quando o legislador olha para determinada região e percebe que aquela
região está precisando de um incentivo e, pagar menos tributo, ajudaria no seu
crescimento/ desenvolvimento em algum setor.
Ex: isenção, uma lei que diga para não pagar o tributo; uma redução no valor do tributo.
Região de Manaus.
Uma lei menciona que aquele determinado contribuinte não precisa pagar tributo.
Regra: a regra no Brasil é de que só pode conceder a isenção o ente que detém a
competência tributária.
Isenção Heterônoma: é quando uma pessoa diferente daquela que detém a competência
tributária traz a isenção do tributo.
Ex: Lei Complementar 116/2003 – é a Lei Complementar do ISS que prevê em seu artigo
2º que não incidirá ISS quando o serviço for destinado ao exterior.
Aqui é um exemplo típico de isenção heterônoma, em que um ente diferente daquele que
detém a competência que está trazendo a Isenção.
Em razão disso é que veio a dúvida: isso não violaria o artigo 151, III da CF? que veda à
União trazer isenção de outros entes?
1º- esta vedação é para o âmbito interno e não para o âmbito internacional.
2º - quando assina-se um tratado, este não está sendo assinado por uma pessoa política de
Direito Público Interno, mas sim, por uma pessoa política internacional e, por isso, não
haveria problema algum.
Ex: não pode haver cobrança do IPVA num valor maior para um veículo importado do
que para um veículo nacional.
Não pode ser maior só porque o veículo é importado, porque feriria o artigo 152 da CF.
De modo que quanto maior for a capacidade econômica do sujeito, mais imposto ele tem
que pagar.
A- Princípio da Justiça
B- Princípio da Isonomia
A- Princípio da Justiça: porque eu vou tirar de quem tem mais para dar para quem tem
menos.
ex: quem ganha mais – paga mais imposto e dá para quem tem menos, porque o dinheiro
da arrecadação é para suprir as necessidades públicas.
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Durante muitos anos sustentava-se que não era possível aplicar a capacidade contributiva
para os chamados tributos indiretos. Que a aplicação da capacidade contributiva seria
possível tão somente para os tributos diretos.
-Tributo Direto: é aquele que entre a ocorrência do fato gerador e o dever de pagar o
tributo (obrigação tributária), não existe intercalação de sujeitos.
A pessoa que pratica o fato gerador é exatamente a mesma pessoa que tem o dever de
pagar o tributo.
No caso do IPVA, o fato gerador é ser proprietário de veículo automotor – quem vai pagar
o tributo é o proprietário do veículo automotor.
-Tributo Indireto: temos que entre a ocorrência do fato gerador e o dever de pagar o
Tributo (obrigação tributária), existe intercalação de sujeitos, de modo que há o repasse
do encargo financeiro para o próximo da cadeia.
Ex: eu tenho um sujeito que pratica o fato gerador, ele recolhe o imposto para o ente, mas,
consegue repassar para o próximo da cadeia, de modo que no final das contas, quem
suporta todo este encargo financeiro somos nós consumidores finais.
Então, toda vez que há esta possibilidade de passar este tributo no valor da mercadoria,
no valor do serviço, eu digo que o tributo é indireto.
Alguém praticou o fato gerador, recolheu para o ente competente o tributo, mas ele
consegue embutir no valor da mercadoria ou serviço aquilo que ele pagou de tributo,
repassando o encargo, portanto, para os próximos da cadeia.
No caso do ISS, por entendimento do STJ, pode ser considerado tanto um tributo direto
como indireto, porque como ele é um imposto que incide sobre o serviço, se eu sou
prestadora de serviço, presto o serviço para o tomador de serviço, na hora de eu cobrar o
valor do meu serviço eu embuto já o valor do ISS, eu acabei de repassar o ISS para o
Tomador do serviço – Tributo Indireto.
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Na prática é até difícil comprovar se o ISS foi ou não repassado para o tomador de serviço.
Cada um cobra um valor pelo seu serviço.
Obs: Esse conceito de Tributo Direto e Indireto não é perfeito, porque pode acontecer de
mesmo um tributo que se diz ser indireto, a exemplo do IPI, do ICMS, não ser repassado
em razão de uma questão de mercado.
Ex: o IPI nós sabemos que é um tributo indireto, porque é muito difícil um industrial não
repassar o valor do IPI no preço da mercadoria. Mas, imagine que em razão de uma crise
esse industrial não esteja conseguindo vender o produto e resolve não repassar este valor,
o que torna, nesta situação, o IPI um tributo direto.
E o mesmo pode acontecer com o tributo direto em que a regra é não repassar, mas, ele é
repassado.
Ex1: o IPTU é nitidamente um tributo direto – quem pratica o fato gerador é quem vai
pagar o IPTU – logo, é o proprietário quem paga o IPTU. Mas, se esse proprietário resolve
alugar este imóvel e, junto com o valor do aluguel ele já embute o valor do IPTU, o
proprietário está repassando, tornando o IPTU um tributo indireto.
Ex2: o Imposto de Renda é um tributo direto, mas, também pode ser repassado.
Os médicos geralmente repassam – quando você vai consultar e a consulta tem valores
diferentes quando eles emitem recibo e quando é sem recibo.
Assim, explicado isso, voltando ao princípio da capacidade contributiva, por muitos anos,
entendia-se que nos Tributos Indiretos não havia a possibilidade de ser aplicado o
princípio da capacidade contributiva.
O industrial ao vender o cigarro, embute estes 330% de IPI no valor final do produto e
quem paga é o consumidor.
Suponhamos que o maço de cigarro custe R$10,00, não importa se sou eu quem estou
comprando o cigarro ou se é uma pessoa famosa e rica (Xuxa), nós 2 vamos pagar os
mesmos R$10,00 pelo maço de cigarro.
Ocorre que, hoje, entende-se que é possível aplicar a capacidade contributiva mesmo
nos tributos indiretos, devido a que o IPI e o ICMS seguem o princípio da
seletividade.
Ex: Hiate – o IPI do hiate já chegou a 60% porque o legislador disse que não é qualquer
pessoa que vai ter um hiate. Somente quem tem alta capacidade econômica.
Obs. 2: O artigo 145, §1º da CF fala “sempre que possível” os “IMPOSTOS” que irão
respeitar a capacidade contributiva.
Mas, o STF tem considerado que as demais espécies tributárias também devem respeitar
a capacidade contributiva.
Assim, para o STF, a capacidade contributiva será aplicada para todas as espécies
tributárias e não somente para os impostos.