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Direito Tributário

PRINCÍPIOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO:

1- PRINCÍPIO A LEGALIDADE: artigo 150, I da CF

Determina que os tributos só podem ser instituídos ou majorados por meio de Lei.

Pergunta: e a redução ou majoração de um tributo? Eu posso fazer isso por meio de


decreto?

Não. Pelo princípio do paralelismo das formas, as matérias quando tratadas por
determinado ato administrativo só poderão ser alteradas por um ato normativo de igual
hierarquia ou hierarquia superior.

Então, como o tributo só pode ser instituído ou majorado por meio de Lei, a sua redução
também deve ser feita por meio de lei ou Emenda Constitucional, não podendo se fazer
por meio de decreto.

O artigo 97 do CTN prevê que o Tributo só poderá ser extinto ou reduzido por meio de
Lei.

Assim, tudo que está descrito neste artigo deve ser tratado por meio de Lei. A posição do
STF é que este artigo possui rol taxativo, o que facilita a consulta, ou seja, tudo que está
descrito nele deve ser tratado por Lei; se não tiver disposto neste artigo pode ser tratado
por outro ato normativo, como o decreto por exemplo.

Artigo 97, CTN – Lei – rol taxativo:

I- instituir ou extinguir por meio de Lei;

II- majorar ou reduzir por meio de Lei;

III- é necessário Lei para tratar sobre Fato Gerador e Sujeito Passivo do Tributo;;

-Fato Gerador: é a situação eleita para sofrer a incidência tributária.

-Sujeito passivo: artigo 121, CTN – quem tem o dever de pagar o tributo.

Somente a lei vai dizer quem vai pagar o tributo.

IV- precisa de Lei para descrever sobre a base de cálculo e alíquota do tributo.

-Base de Cálculo: base para cálculo do Tributo.

Ex: IPVA = é o valor do veículo automotor

-Alíquota: geralmente representada em porcentagem

Ex: IPVA 2019 em MG, 4% veículos de uso misto e utilitários.

V- as penalidades de Direito Tributário devem ter previsão em Lei.


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Penalidade em Direito Tributário é Multa.

VI- a extinção / suspensão / exclusão do crédito tributário tem que estar previstos em Lei.

- extinção: art. 156, CTN (pagamento)

-suspensão: art. 151, CTN (parcelamento)

-exclusão: art. 175, CTN (isenção e anistia)

RESUMO: Excluindo-se estas matérias com previsão no artigo 97 do CTN, todas as


outras não precisão de Lei para serem tratadas.

CONSIDERAÇÕES: MAJORAÇÃO de um tributo.

Majorar = aumentar

O tributo só pode ser majorado por meio de Lei. O artigo 97, II me disse isso.

O § 1º do artigo 97 do CTN diz que a alteração da base de cálculo de um tributo de modo


a onerar o contribuinte é majoração de tributo, o que concluímos que, portanto, deve ser
tratado por meio de Lei.

O § 2º do artigo 97 do CTN diz que a correção monetária não é majoração de tributo.

Sendo assim, por a correção monetária não ser majoração de tributo e não estar disposta
nos demais termos do artigo 97 do CTN entende-se, portanto, que ela pode ser instituída
por meio de decreto.

GUARDE: A CORREÇÃO MONETÁRIA PODE SER APLICADA POR MEIO DE


DECRETO.

CUIDADO: Os índices utilizados para corrigir monetariamente um tributo devem ser


oficiais. Se forem utilizados índices diferentes/superiores ocorre uma correção monetária
disfarçada – o que significa uma majoração disfarçada.

Ex: Súmula 160 do STJ – explica que não pode a correção monetária da base de cálculo
do IPTU ser tratada por decreto se utilizar índices superiores aos oficiais.

PERGUNTA: E quando há mudança da data de pagamento do tributo?

Quando eu mudo, por exemplo, a data de pagamento do tributo que é cobrado dia 20
passando para o dia 10 de cada mês? Antecipo a data. Isto deve ser feito por meio de Lei
ou pode ser feito por outro ato normativo?

Vamos lá ao artigo 97 do CTN – lá fala algo sobre isto? Não. Então não preciso tratar isto
por meio de Lei.

-ATENUAÇÃO OU MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:

Mitigar = tornar mais brando


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O artigo 153, §1º da CF – diz que o Poder Executivo poderá alterar as alíquotas de 04
tributos. (impostos regulatórios de mercado)

Alterar = modificar

Modificar pode ser tanto para menos quanto para mais.

Nós sabemos que o Poder Executivo não edita Leis, então ele majora estas alíquotas por
Decreto mesmo.

O Poder Executivo pode majorar por Decreto as alíquotas dos impostos regulatórios de
mercado.

IMPOSTOS REGULATÓRIOS DE MERCADO: II, IE, IOF e IPI.

Por isso que falamos em mitigação ou atenuação do Princípio da Legalidade, porque lá


no artigo 150, I da CF eu tenho que os tributos só podem ser majorados por meio de Lei
e, aqui no artigo 153, § da CF eu tenho que o Poder Executivo poderá majorar as alíquotas
dos impostos regulatórios de mercado por meio de DECRETO.

ATENÇÂO: o Poder Executivo só poderá fazer isso se atender aos requisitos previstos
em Lei (limites e condições).

Isto não é então uma exceção ao princípio da Legalidade. É uma mitigação/atenuação


deste princípio, para permitir que o Poder Executivo possa majorar as alíquotas dos
impostos regulatórios de mercado por meio de Decreto.

Quem entende melhor de mercado? O chefe do Poder Executivo.

O Poder Executivo também pode reduzir e restabelecer as alíquotas da CIDE –


Combustível e do ICMS – Combustível.

Vejam: reduzir e restabelecer; não pode majorar.

Quanto à CIDE-Combustível, pelo artigo 177, § 4º, I, b da CF, é permitido ao Poder


Executivo reduzir e restabelecer suas alíquotas por meio de Decreto.

Quanto ao ICMS, pelo artigo 155, §4º, IV, c da CF – Combustível, o Poder Executivo
também poderá reduzir e restabelecer suas alíquotas, mas desde que seja por meio de
Convênio. Não pode ser por Decreto.

Neste caso, tem que ser um convênio assinado por todos os estados, em que todos assinem
concordando.

Este convênio será regulamentado por Lei complementar.

A Lei complementar que trata sobre a redução, benefício, incentivo e isenção de ICMS é
a LC 24/75.
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Esta Lei diz que mesmo o ICMS sendo um tributo Estadual, o Estado não tem liberdade
para conceder incentivos ao ICMS. Que no caso, para conceder o incentivo, deve ser
levado ao CONFAZ, em que todos os Estados deverão assinar concordando.

Qualquer benefício referente ao ICMS, em razão do artigo 155, §2º, XII, g, da CF, tem
que ser regulamentado por meio de Lei complementar.

Isto serve para se evitar a guerra fiscal entre os Estados.

2- PRINCÍPIO DA ISONOMIA: artigo 150, II da CF

Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas


desigualdades.

Não pode haver ainda qualquer distinção em razão da profissão ou do cargo exercido pela
pessoa.

A Constituição Federal traz expressamente que é vedada a distinção em razão do cargo


ou da profissão exercida pela pessoa.

História: No passado, funcionários públicos ingressaram com uma ação requerendo a


isenção do IPTU, sob a alegação de que eles eram funcionários públicos e, portanto não
deveriam pagar IPTU. Porque?

Disse o STF que não, justamente pelo princípio da isonomia, em que não se pode haver
distinção na tributação em razão do cargo ou da profissão exercida pela pessoa.

Quanto à Isonomia, não há nenhuma exceção.

3- PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE: artigo 150, III, a da CF

Nós temos na Constituição Federal que a Lei que criar ou majorar um tributo só terá
validade daqui para frente – NÃO PODENDO ALCANÇAR FATOS PRETÉRITOS.

A lei tributária que cria ou majora um tributo só poderá atingir fatos geradores que lhes
são subsequentes. Não pode atingir fatos geradores pretéritos.

Significa que publicada uma lei que cria ou majora o tributo sua vigência será prospectiva
(dalí para frente).

O artigo 5º, XXXVI da CF nos diz que a lei não pode atingir fatos pretéritos, atacando o
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

E o Princípio da irretroatividade tributária confirma estas diretrizes.

Ele homenageia a segurança jurídica, na medida em que coibi a retroação da lei que cria
ou aumenta o tributo.
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Então, só valerá a contar da publicação.

Atenção: Pela CF este princípio não apresenta exceções.

Porém, este princípio apresenta uma atenuação, que está prevista no artigo 106 do CTN,
em seus 2 incisos.

Alguns autores denominam esta atenuação de Exceção e outros como “LEIS


PRODUTORAS DE EFEITOS JURÍDICOS PRETÉRITOS”

A- Artigo 106, I, CTN: diz que tratando-se de 1 Lei expressamente interpretativa, desde
que não culmine penalidade, esta Lei poderá retroagir.

Lembrando que penalidade em Direito Tributário é multa.

-Lei interpretativa: é aquela que define o conceito e o alcance de uma lei anterior, sem
mudar o ordenamento jurídico. Retira uma obscuridade da norma interpretada que é
pretérita. Portanto, o mais sensato é ela retroagir.

Porém, se ela culminar penalidade (multa) não retroagirá.

Ex: nós não temos nenhum exemplo de Lei interpretativa no Direito Tributário.

O que tivemos foi uma tentativa – em que a Lei Complementar 118/2005, em seu artigo
3º dizia: para fins de interpretação do artigo 168, I do CTN, considerar-se-á extinto o
crédito tributário no momento do pagamento antecipado.

Ocorre que esta Lei complementar não interpretou nada, ela CRIOU uma regra nova.

O STF ao julgar o RE56621 disse que esta LC118/2005 não é interpretativa, não podendo,
portanto, retroagir. Ela mudou o ordenamento jurídico e, portanto só tem validade da
publicação para frente.

B- artigo 106, II, do CTN: em se tratando de ato não definitivamente julgado, poderá
retroagir a Lei que excluir infrações ou reduzir penalidades.

Este inciso traz a chamada Lei mais benéfica com relação às infrações.

É a mesma ideia lá do Processo Penal de que a lei mais benéfica retroagirá para beneficiar
o réu.

No caso, a Lei tributária deve retroagir para beneficiar o contribuinte, desde que se trate
de infrações. Somente no campo das infrações.

No caso então, não se aplica às alíquotas. Por exemplo, um alei que diminui as alíquotas
de um tributo não poderá retroagir.

Ainda, esta retroação está condicionada a um outro contexto:


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“desde que o ato não esteja definitivamente julgado”

Significa dizer que enquanto não houver o trânsito em julgado na questão que está sendo
objeto de uma lide tributária, por exemplo, se eu estou discutindo uma multa ou o caráter
ilícito da conduta do contribuinte, neste caso, se sobrevier um lei que traga um contexto
mais benéfico ao caso, esta lei retroagirá para ser aplicada à este caso.

Agora, se já ocorreu o trânsito em julgado daquela questão e sobrevém uma lei mais
benéfica, esta não poderá retroagir.

Outro exemplo: imagine que o contribuinte deixou de pagar ICMS durante o exercício
de 2018. Digamos ainda que em 2018 a alíquota do ICMS era de 20% e a multa pelo
inadimplemento 30%.

Como o contribuinte não pagou e ele entende que esse ICMS é indevido, ele vai ao
judiciário brigar para não pagar. Daí o processo está correndo e, em 2019 editam-se uma
lei que vai reduzir este ICMS para 10% e reduzir a multa para 15%.

Neste caso, esta lei poderá ser aplicada?

O processo ainda não transitou em julgado, não está definitivamente julgado, então a lei
retroage. Mas retroage somente quanto à multa (que é penalidade).

Quanto à redução do tributo, não se aplica, tanto pq o inciso só trata de penalidades e


também pelo disposto no artigo 144 do CTN que prevê que a lei que será aplicada é a lei
da época da ocorrência do fato gerador.

O STF inclusive concorda com isso.

C- Artigo 144, §1º, CTN: fala que em se tratando de lançamento tributário vier uma lei
que criar novos métodos de fiscalizar ou arrecadar um tributo, esta lei poderá retroagir.

Então, criou-se uma nova lei que permite novos métodos de fiscalizar e arrecadar tributo,
ela retroagirá.

Ex: se deu no passado com a CPMF (hj extinta) (1996).

A lei que criou a CPMF não autorizava cruzar os dados da CPMF com os dados do IR.
Acabava que o contribuinte recolhia mais CPMF em razão da movimentação financeira,
porém não recolhia tanto IR, devido a que o contribuinte conseguia omitir muita renda.

Em 2001 criou-se uma nova lei, a lei 10.174/01, que permitia à autoridade administrativa
cruzar os dados da declaração do IR com os dados da CPMF e, com esta nova
possibilidade, o FISCO voltou lá para 1996 e autuou vários contribuintes que não haviam
pago o IR devidamente.

Esta lei criou um novo método de fiscalização do IR. E em análise, pelo disposto no artigo
144, §1º do CTN, o STJ entendeu que, portanto, esta lei poderia retroagir.
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A Lei 10.174/01 criou um novo método de fiscalização do IR.

4- Princípio da Anterioridade do Exercício: artigo 150, III, b, CF

Diz que ao se criar um tributo, ele só poderá ser exigido no próximo exercício financeiro
(ano seguinte).

O exercício financeiro coincide com o ano civil (começa no dia 1º de janeiro e se encerra
em 31 de dezembro)

5- Princípio da Anterioridade Nonagesimal ou Noventena ou Mitigada: artigo 150,


III, c, CF

A alínea “c” indica que entre a data da publicação e a data da incidência da norma deverá
haver o respeito ao prazo de 90 dias.

Esse princípio veio com a Constituição Federal de 1988 e quando da sua instituição nõ
existia o princípio da anterioridade nonagesimal, que veio junto com a EC 42/2003.

Com a promulgação da Constituição em 1988 pretendeu-se observar a segurança jurídica


e evitar a surpresa do contribuinte, ao criar o princípio da anterioridade do exercício.

Atenção: O princípio da anterioridade do exercício veio em substituição ao princípio da


anualidade, que não há mais aplicação, vigorando até 1988 e após deixou de existir.

É então, um momento para que o contribuinte se prepare financeiramente para pagar o


tributo.

Ocorre que o que estava acontecendo é que se criavam ou majoravam tributos em 31 de


dezembro, para serem cobrados no dia seguinte, ou seja, dia 01 de janeiro.

E isso feria a finalidade do princípio da anterioridade do exercício que é a segurança do


contribuinte, ou seja, a sua não surpresa.

Pelo que com a EC 42/2003 criou-se o princípio da anterioridade nonagesimal, em que


após a publicação da Lei que instituiu ou majorou o tributo, deve-se aguardar mais (+) 90
dias.

Com isso, assegura-se ao contribuinte, um tempo para se capacitar financeiramente.

Ex:

criou o tributo pode cobrar em


em fevereiro de 2019 (publicou) _________________________ janeiro de 2020?
Perguntas:

Houve respeito à anterioridade do exercício? OK.

Houve respeito à anterioridade nonagesimal? OK


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Atenção: Estes princípios só serão aplicados em casos de criação ou majoração de


tributos.

Pergunta: E se o tributo for reduzido ou extinto do nosso ordenamento jurídico?

Nestes casos, não precisa respeitar os princípios das anterioridades. Tem aplicação
imediata da lei, por ser benefício ao contribuinte.

Pergunta: E quanto à mudança da data de pagamento do tributo?

Ex: eu pagava o tributo dia de cada mês e vem uma lei alterando que devo pagar o tributo
dia de cada mês – antecipou.

Neste caso, a lei que antecipa prazo de pagamento de tributo não precisa respeitar as
anterioridades; devido a que estes princípios só se aplicam quando tributos forem
instituídos ou majorados.

Súmula 669 do STF: Convertida hoje na Súmula Vinculante nº 50 – quando muda a data
de pagamento de tributo não precisa respeitar as anterioridades.

Exceções:

1ª categoria – Não respeita nenhuma das anterioridades:

1- Tributos criados em razão de guerra – serão cobrados imediatamente.

Atualmente nós temos somente 2 tributos que podem ser cobrados em razão do evento
guerra:

a- Empréstimo Compulsório Guerra – artigo 148, I, CF Serão cobrados

b- Imposto Extraordinário Guerra – artigo 154, II, CF imediatamente.

Obs: Paralelo – Empréstimo Compulsório – artigo 148 da CF

Há 3 possibilidades para se criar o Empréstimo Compulsório:

1- Guerra externa ou sua iminência (União) – não respeita as anterioridades I

2- Calamidade Pública (União) – não respeita as anterioridades

3- Frente a um investimento público de caráter urgente e relevância nacional – este deve


respeitar as anterioridades, as duas anterioridades. II

Pegadinha – no artigo 148 fala que este empréstimo compulsório deve obedecer
apenas a anterioridade do exercício; mas, pela EC 42/03 deve-se respeitar as 2
anterioridades.

I- não precisa respeitar as anterioridades.

II- deve respeitar as 2 anterioridades.


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2- Impostos Regulatórios de Mercado: II, IE, IOF

IPI também é, mas deve esperar 90 dias.

2ª Categoria – não respeita a anterioridade do Exercício, mas, respeita a


anterioridade nonagesimal:

A- IPI – o imposto sobre produtos industrializados quando majorado, não precisará


esperar o próximo exercício financeira para ser cobrado, mas, deverá esperar 90 dias da
publicação da Lei – artigo 150, §1º, CF.

Ex: em 2011 a presidente Dilma majorou as alíquotas do IPI sobre veículos importados e
queria que a cobrança se desse imediatamente, mas, não poderia.

O STF concluiu que esta cobrança imediata era inconstitucional, que se deveria aguardar
os 90 dias.

Tanto que o Decreto foi de 15 /09/2011 e o IPI majorado só pode ser cobrado a partir de
16/12/ 2011.

B- Nas hipóteses de restabelecimento das alíquotas CIDE- combustível ou do ICMS-


combustível – não precisa respeitar o próximo exercício, mas, deve respeitar os 90 dias.

Obs: se reduzir a alíquota, não precisa respeitar nada – aplica-se imediatamente.

C- Contribuição Social:

Criada

Restabelecida Só respeitará 90 dias.

Majorada

3ª categoria de Exceção: Respeita a anterioridade do exercício, mas, não respeita 90


dias.

O tributo então, independente da publicação, será cobrado no dia 1º de janeiro. Mesmo


que o tributo seja criado no dia 31 de dezembro, ele será cobrado no dia 1º de janeiro.

A- Imposto de Renda: pode mudar o que for (base de cálculo, alíquota), que não
precisará respeitar a anterioridade nonagesimal.

B- IPTU e IPVA: quando houver modificação na base de cálculo do IPTU e do IPVA,


não precisa respeitar os 90 dias.

Atenção: Neste caso, somente não se respeitará os 90 dias quando a modificação for na
base de cálculo.

Se alterar a alíquota, tanto no IPTU quanto no IPVA cai na regra geral de respeitar as 2
anterioridades.
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A exceção aqui é só quanto a alteração na base de cálculo, que daí precisará aguardar
apenas a anterioridade do exercício.

Ex: a base de cálculo do IPTU hoje é o valor do imóvel urbano; A base de cálculo do
IPVA é o valor do automóvel.

Se alterarmos essas bases de cálculo não respeitará a anterioridade nonagesimal – 90 dias.


Vai respeitar a anterioridade do exercício.

Então, se alterar em 30 de dezembro, quando será cobrada? Dia 1º de janeiro do ano


seguinte.

RESUMO: São 3 categorias de Exceção aos princípios da anterioridade e, para cada


categoria de Exceção eu tenho 4 exceções:

-A 1ª categoria diz que o tributo será cobrado imediatamente – Guerra, II, IE, IOF.

-A 2ª categoria só respeita os 90 dias – IPI, CIDE-combustível, ICMS-combustível e


Contribuição Social.

-A 3ª categoria só respeita o próximo exercício – IR, base de cálculo do IPTU e do IPVA.

Artigo 150, §1º, CF – estão todas as outras exceções.

Artigo 155, §4º, IV, c, CF – restabelecimento do ICMS-combustível – não respeita a


anterioridade do exercício, mas, respeita os 90 dias.

Artigo 177, §º, I, b, CF – restabelecimento da CIDE – combustível – não respeita o


próximo exercício, mas respeita 90 dias.

Artigo 195, §6º, CF – a Contribuição Social não respeita a anterioridade do exercício,


mas, respeita os 90 dias.

6- PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO: artigo 150, IV, CF

Significa dizer que os tributos não podem ter efeito confiscatório.

O tributo não pode inviabilizar o direito de propriedade do contribuinte.

Quer dizer que o tributo não pode ser tão caro que inviabilize o direito de propriedade.

Pergunta: Como então que eu, contribuinte, posso ver isso?

Ex: se o IPVA fosse 75% sobre o valor do automóvel. Nesse caso, podemos verificar aqui
um efeito confiscatório.

Cuidado: Segundo entendimento do STF, no julgamento da ADI 20 nº 10, nós não temos
como olhar para um tributo individualmente e, tão somente com base me sua alíquota
dizer se aquele tributo tem ou não efeito confiscatório, porque este entendimento será
dado pelo Poder Judiciário, isso é o que diz o STF.
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Segundo o STF, o Poder Judiciário vai olhar para o total da carga tributária exigida pela
mesma pessoa, além de analisar todo o contexto histórico, político, econômico, pelo qual
o país está passando.

Ex: quando o Collor chamou nossos veículos de carroça e, para incentivar a importação
ele reduziu as alíquotas do Imposto sobre Importação-II, quase quebrando a indústria
automobilística brasileira.

Daí para se evitar isso, aumentou-se as alíquotas do II, que passou a ser de até 205%

Mas, neste caso, não seria um efeito confiscatório.

Nós não podemos olhar então, para a alíquota, de maneira isolada. Tem que passar pelo
crivo do judiciário, que vai analisar a questão que se passa todo o país.

No Brasil funciona desta forma, por força de decisão do STF.

Já na Argentina, é diferente. Quando se visualiza uma tributação acima de 33¢ sobre a


renda do contribuinte por exemplo, já se afirma que o efeito é confiscatório.

Então pessoal, o STF compreendeu que será considerado um tributo com efeito
confiscatório quando olharmos para o total da carga tributária exigida pela mesma pessoa,
além de se fazer uma análise dos fatores que levaram a esta tributação (questão econômica
e política pela qual o país passa).

OBS. 1: A Constituição Federal fala que os tributos não podem ter efeito confiscatório.

Mas e as multas? As multas podem ter efeito confiscatório?

O STF concluiu que as multas tributárias também devem respeitar o princípio do não
confisco.

OBS. 2: No final de 2017, o STF, ao julgar o AI nº 838.302, concluiu que para as multas
tributárias serem consideradas confiscatórias, existe um teto ou um critério objetivo.

Para o STF a multa terá efeito confiscatório quando ela ultrapassar 100% do valor da
obrigação principal.

7- PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO: artigo 150, V, CF

É vedada a cobrança de tributo que possa inviabilizar o direito de ir e vir das pessoas,
salvo a cobrança de pedágio quando a estrada é mantida pelo Poder Público.

O entendimento mais recente do STF, proferido na ADI 800, é de que o pedágio não é
mais considerado tributo.

Hoje, o pedágio é considerado preço público (espécie de tarifa).


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Como quem cuida das estradas são concessionárias, o STF entendeu o pedágio não é
tributo. Hoje então, a cobrança de pedágio não é mais considerada tributo e sim preço
público, da espécie tarifa.

PARALELO: TRIBUTO X PREÇO PÚBLICO

Taxa X Tarifa

Tributo Preço Público

DIFERENÇAS:

1- Se a Taxa é tributo – só poderá ser cobrada se houver previsão em Lei.

A Tarifa não precisa estar prevista em Lei.

2- Como a Taxa é tributo – ela é compulsória, cobrada obrigatoriamente.

Como a tarifa não é tributo – não tem cobrança obrigatória.

3- Se a Taxa é tributo – então tem que seguir os princípios tributários.

Como a Tarifa não é tributo, não precisa seguir os princípios tributários.

A ADI 800 julgou o aumento do pedágio, que ocorreu por meio de decreto com cobrança
imediata.

Os contribuintes então disseram que esta cobrança era inconstitucional, por ferir o
princípio da legalidade (se é tributo, tem que ser majorado por meio de lei) e ainda, que
a cobrança deveria respeitar os princípios da anterioridade.

O STF então, considerando que pedágio não é tributo, a sua majoração feita por meio de
decreto e, cobrado imediatamente, era constitucional.

O Pedágio então, não é tributo, é preço público na espécie tarifa.

8- PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA: artigo 151, I, CF

É vedado à União estabelecer tratamento diferenciado entre os demais entes federativos,


salvo se houver incentivo fiscal.

REGRA: A União então, não pode estabelecer um tratamento diferenciado na tributação


entre os demais entes, salvo se houver uma concessão de incentivo fiscal.

Ex: já pensou o IPI sendo cobrado aqui em Minas Gerais a 5¢ sobre um produto e lá no
norte este mesmo produto tributar 3% de IPI?

Por isso deve haver uma uniformidade geográfica.

Só poderá haver diferenciação se houver sido concedido um incentivo fiscal.


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-Incentivo fiscal: é quando o legislador olha para determinada região e percebe que aquela
região está precisando de um incentivo e, pagar menos tributo, ajudaria no seu
crescimento/ desenvolvimento em algum setor.

Ex: isenção, uma lei que diga para não pagar o tributo; uma redução no valor do tributo.

Região de Manaus.

9- PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO À ISENÇÃO HETERÔNOMA: artigo 151, III, CF

Isenção: de acordo com o entendimento do STF, isenção é a dispensa legal do dever de


pagar um tributo.

Uma lei menciona que aquele determinado contribuinte não precisa pagar tributo.

Regra: a regra no Brasil é de que só pode conceder a isenção o ente que detém a
competência tributária.

Só pode isentar quem pode tributar.

Isenção Heterônoma: é quando uma pessoa diferente daquela que detém a competência
tributária traz a isenção do tributo.

Então, não pode.

Este princípio veda esta Isenção Heterônoma.

Só pode isentar, o ente que detiver a competência para tributar.

É vedada a Isenção Heterônoma. É vedado a um ente diferente do que detém a


competência tributária trazer uma isenção.

EXCEÇÃO: artigo 156, §3º, II e III, CF.

Se refere a possibilidade de a União, por meio de Lei Complementar trazer isenção de


ISS para serviço destinado ao exterior.

Ex: Lei Complementar 116/2003 – é a Lei Complementar do ISS que prevê em seu artigo
2º que não incidirá ISS quando o serviço for destinado ao exterior.

Aqui é um exemplo típico de isenção heterônoma, em que um ente diferente daquele que
detém a competência que está trazendo a Isenção.

A competência do ISS é do Município e que está dando a isenção de pagamento quando


o serviço for destinado ao exterior é a União.

Esta isenção é reconhecida pela Constituição Federal e, portanto, é uma exceção ao


princípio da vedação à isenção heterônima.

Obs: Possibilidade de Tratado Internacional de trazer isenção de tributos municipais,


estaduais e ou distritais.
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Segundo entendimento do STF, um tratado internacional pode trazer isenção de tributos


estaduais, municipais e distritais.

A polêmica é que o tratado internacional, para ingressar no nosso ordenamento jurídico


se dá por meio de decreto legislativo, que é assinado pelo Presidente da República.

Em razão disso é que veio a dúvida: isso não violaria o artigo 151, III da CF? que veda à
União trazer isenção de outros entes?

A justificativa do STF de aceitar o tratado internacional trazer estas isenções é de que:


RE543943

1º- esta vedação é para o âmbito interno e não para o âmbito internacional.

2º - quando assina-se um tratado, este não está sendo assinado por uma pessoa política de
Direito Público Interno, mas sim, por uma pessoa política internacional e, por isso, não
haveria problema algum.

10- PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO NA TRIBUTAÇÃO QUANTO À


ORIGEM E DESTINO DO BEM: artigo 152, CF

É vedado aos Estados, Distrito Federal e Municípios, estabelecerem um tratamento na


tributação diferenciado em razão da origem, procedência e destino do bem.

Ex: não pode haver cobrança do IPVA num valor maior para um veículo importado do
que para um veículo nacional.

Não pode ser maior só porque o veículo é importado, porque feriria o artigo 152 da CF.

Não há embasamento legal para justificar tal situação.

11- PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA: artigo 145, §1º, CF

Determina que sempre que possível, os impostos, serão graduados conforme a


capacidade econômica do sujeito.

De modo que quanto maior for a capacidade econômica do sujeito, mais imposto ele tem
que pagar.

Este princípio, na verdade é corolário de mais 2 princípios do nosso ordenamento jurídico:

A- Princípio da Justiça

B- Princípio da Isonomia

A- Princípio da Justiça: porque eu vou tirar de quem tem mais para dar para quem tem
menos.

ex: quem ganha mais – paga mais imposto e dá para quem tem menos, porque o dinheiro
da arrecadação é para suprir as necessidades públicas.
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B- Princípio da Isonomia: porque Isonomia é tratar igualmente os iguais e


desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades.

Ex: quem ganha muito – paga muito imposto

Quem ganha pouco – paga pouco imposto

Obs. 1: “Sempre que possível”

A CF disse sempre que possível, vejamos porque!

Durante muitos anos sustentava-se que não era possível aplicar a capacidade contributiva
para os chamados tributos indiretos. Que a aplicação da capacidade contributiva seria
possível tão somente para os tributos diretos.

Paralelo: Tributo Direto X Tributo Indireto

-Tributo Direto: é aquele que entre a ocorrência do fato gerador e o dever de pagar o
tributo (obrigação tributária), não existe intercalação de sujeitos.

A pessoa que pratica o fato gerador é exatamente a mesma pessoa que tem o dever de
pagar o tributo.

Ex: IPTU, IPVA.

No caso do IPVA, o fato gerador é ser proprietário de veículo automotor – quem vai pagar
o tributo é o proprietário do veículo automotor.

-Tributo Indireto: temos que entre a ocorrência do fato gerador e o dever de pagar o
Tributo (obrigação tributária), existe intercalação de sujeitos, de modo que há o repasse
do encargo financeiro para o próximo da cadeia.

Ex: eu tenho um sujeito que pratica o fato gerador, ele recolhe o imposto para o ente, mas,
consegue repassar para o próximo da cadeia, de modo que no final das contas, quem
suporta todo este encargo financeiro somos nós consumidores finais.

Então, toda vez que há esta possibilidade de passar este tributo no valor da mercadoria,
no valor do serviço, eu digo que o tributo é indireto.

Alguém praticou o fato gerador, recolheu para o ente competente o tributo, mas ele
consegue embutir no valor da mercadoria ou serviço aquilo que ele pagou de tributo,
repassando o encargo, portanto, para os próximos da cadeia.

Ex: IPI, ICMS, ISS.

No caso do ISS, por entendimento do STJ, pode ser considerado tanto um tributo direto
como indireto, porque como ele é um imposto que incide sobre o serviço, se eu sou
prestadora de serviço, presto o serviço para o tomador de serviço, na hora de eu cobrar o
valor do meu serviço eu embuto já o valor do ISS, eu acabei de repassar o ISS para o
Tomador do serviço – Tributo Indireto.
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Agora, se eu não repassar, se eu suportar o valor do ISS – Tributo Direto.

Na prática é até difícil comprovar se o ISS foi ou não repassado para o tomador de serviço.
Cada um cobra um valor pelo seu serviço.

Obs: Esse conceito de Tributo Direto e Indireto não é perfeito, porque pode acontecer de
mesmo um tributo que se diz ser indireto, a exemplo do IPI, do ICMS, não ser repassado
em razão de uma questão de mercado.

Ex: o IPI nós sabemos que é um tributo indireto, porque é muito difícil um industrial não
repassar o valor do IPI no preço da mercadoria. Mas, imagine que em razão de uma crise
esse industrial não esteja conseguindo vender o produto e resolve não repassar este valor,
o que torna, nesta situação, o IPI um tributo direto.

E o mesmo pode acontecer com o tributo direto em que a regra é não repassar, mas, ele é
repassado.

Ex1: o IPTU é nitidamente um tributo direto – quem pratica o fato gerador é quem vai
pagar o IPTU – logo, é o proprietário quem paga o IPTU. Mas, se esse proprietário resolve
alugar este imóvel e, junto com o valor do aluguel ele já embute o valor do IPTU, o
proprietário está repassando, tornando o IPTU um tributo indireto.

Ex2: o Imposto de Renda é um tributo direto, mas, também pode ser repassado.

Os médicos geralmente repassam – quando você vai consultar e a consulta tem valores
diferentes quando eles emitem recibo e quando é sem recibo.

Então, quando pedimos recibo da consulta, o médico está repassando o IR ao cliente.

Assim, explicado isso, voltando ao princípio da capacidade contributiva, por muitos anos,
entendia-se que nos Tributos Indiretos não havia a possibilidade de ser aplicado o
princípio da capacidade contributiva.

Ex: IPI sobre o cigarro.

Teve uma época que o IPI sobre o cigarro chegou a 330%.

O industrial ao vender o cigarro, embute estes 330% de IPI no valor final do produto e
quem paga é o consumidor.

Suponhamos que o maço de cigarro custe R$10,00, não importa se sou eu quem estou
comprando o cigarro ou se é uma pessoa famosa e rica (Xuxa), nós 2 vamos pagar os
mesmos R$10,00 pelo maço de cigarro.

A minha capacidade econômica é bem diferente da capacidade econômica da Xuxa não


é! E por isso, por não ser possível auferir a capacidade contributiva dos consumidores,
que não era possível aplicar este princípio aos tributos indiretos.
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Ocorre que, hoje, entende-se que é possível aplicar a capacidade contributiva mesmo
nos tributos indiretos, devido a que o IPI e o ICMS seguem o princípio da
seletividade.

Princípio da Seletividade: significa que a tributação se dará de acordo com a


essencialidade dos bens, de modo que quanto mais for essencial o bem, menor será a
tributação e, quanto menos essencial for o bem, maior será a tributação.

Então, como o IPI e o ICMS seguem a seletividade, o legislador começou a tributar de


acordo com a seletividade e de acordo com o consumo do bem, de modo a compreender
que alguns bens só poderão ser consumidos por quem detém muito dinheiro, por quem
detém muita capacidade econômica.

Ex: Hiate – o IPI do hiate já chegou a 60% porque o legislador disse que não é qualquer
pessoa que vai ter um hiate. Somente quem tem alta capacidade econômica.

Portanto, hoje admite-se a capacidade contributiva mesmo nos tributos indiretos, em


razão da seletividade e do consumo do bem.

Obs. 2: O artigo 145, §1º da CF fala “sempre que possível” os “IMPOSTOS” que irão
respeitar a capacidade contributiva.

Então somente os Impostos!

Pergunta: E as demais espécies Tributárias? Não vão respeitar a capacidade


contributiva?

Pela CF realmente são só os impostos.

Mas, o STF tem considerado que as demais espécies tributárias também devem respeitar
a capacidade contributiva.

O STF justifica que se a capacidade contributiva é um princípio corolário da isonomia e


da justiça, não existe exceção. Todos devem respeitar a isonomia e a justiça, porque não
aplicar a capacidade contributiva para as demais espécies tributárias?

Assim, para o STF, a capacidade contributiva será aplicada para todas as espécies
tributárias e não somente para os impostos.

Estes são os princípios mais importantes do Direito Tributário.

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