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28/08/2023, 18:29 Introdução ao Direito Tributário

Introdução ao Direito Tributário


Prof. Irapuã Gonçalves de Lima Beltrão

Descrição

Apresentação das características fulcrais do Sistema Tributário Nacional, dos Princípios Tributários, assim como a
conceituação de tributos e suas espécies tributárias.

Propósito

Compreender os conceitos básicos do Sistema Tributário Nacional a fim de absorver os elementos introdutórios ao
Direito Tributário.

Preparação

Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos, ou acessível, uma versão da Constituição Federal
(especialmente os artigos 145 a 156) e o Código Tributário Nacional (CTN) – Lei nº 5.172, de 1966.

Objetivos

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Módulo 1

Princípios do Direito Tributário


Reconhecer os princípios do Direito Tributário.

Módulo 2

Tributos em espécie
Identificar tributos em espécie.

meeting_room
Introdução
A partir da evolução de nossa história jurídico-tributária, a ordem constitucional consagrou a sistematização da
atividade tributária nacional. O Sistema Tributário do Brasil, resultado de um conjunto de princípios constitucionais
(legalidade, anterioridade, igualdade etc.), tem como finalidade manter a estrutura social e econômica do país, de
forma a distribuir as receitas obtidas por meio dos tributos.

Houve ainda a necessidade de regulamentar o Sistema Tributário, com a definição de alguns conceitos e o
estabelecimento de normas gerais, o que ocorreu com a aprovação da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966,
posteriormente denominada de Código Tributário Nacional (CTN). Dessa combinação, temos as duas partes
fundamentais para a compreensão tributária: os princípios constitucionais e as definições básicas do Código
Tributário.

Neste material de estudo, identificaremos as características centrais do Sistema Tributário Nacional, reconhecendo
os elementos estruturais do poder de tributar, com a percepção de sua manifestação, limitação e repartição entre
os entes federativos. Além disso, identificaremos as bases da sistematização havida, com as definições
constitucionais e o papel executado pelo CTN, inclusive na definição dos conceitos básicos do tributo e de suas
espécies.

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1 - Princípios do Direito Tributário


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os princípios do
Direito Tributário.

Premissa
Ao determinar a competência das unidades federativas e as modalidades tributárias, a Constituição definiu o poder
de tributar. Entretanto, tal poder não é de natureza absoluta, tendo a própria Carta Política estabelecido uma série
de limites ao seu exercício.

Essas previsões compreendem o conjunto de princípios básicos de funcionamento da tributação nacional. Tais
limitações, que se aplicam genericamente a todas as formas de incidência tributária, servem para fixar os
conceitos primários para a atuação fiscal e dão garantias constitucionais ao contribuinte para que não haja a
cobrança indevida ou irrazoável de tributos por parte do Estado.

As limitações ao poder de tributar estão concentradas nos artigos 150 a 152 da Constituição Federal (CF),
salientando, por oportuno, que tal listagem não é ali fixada de modo exaustivo, mesmo porque o caput do art. 150
indica a possibilidade de existência de outras garantias asseguradas ao contribuinte. Tais limitações, apesar de

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estarem previstas naquele trecho constitucional, poderão ainda ser regulamentadas por lei complementar, como
indica o art. 146, inciso II, da CF.

Caput
Designa, na linguagem jurídica, a parte inicial ou o título de um artigo.

Princípios

Princípio da legalidade
Limitação mais tradicional do Estado de Direito, o princípio da legalidade está fundamentado no caso tributário no
art. 150, inciso I, da Constituição Federal. Por ele, qualquer criação ou majoração dos tributos deverá ser realizada
por meio de lei em sentido formal, sendo a matéria mais bem regulamentada pelo art. 97 do CTN.

Como regra, a instituição dos tributos será realizada por lei ordinária, sendo, em alguns casos, exigida pela própria
Constituição a edição de lei complementar. Nesse sentido, podemos destacar que são submetidos ao rigor do
quórum de maioria absoluta:

Empréstimo compulsório, em qualquer hipótese


Art. 148

Imposto sobre grandes fortunas


Art. 153, VII

Impostos e contribuições sociais residuais


Art. 154, II

Some-se a isso a previsão constitucional (art. 150, § 6º) de que quaisquer favores fiscais sob a forma de subsídio,
isenção, redução da base de cálculo, anistia, remissão ou concessão de crédito presumido em relação a impostos,
taxas e contribuições somente podem ser concedidos por meio da lei específica federal, estadual ou municipal,
conforme a competência do tributo em questão.

Quanto à criação dos tributos a que se refere o inciso I, não cabe qualquer exceção. Todos os tributos serão

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sempre instituídos por meio de lei editada pela unidade federativa competente. No que diz respeito à majoração ou
modificação, alguns impostos (II, IE, IPI, IOF) têm tratamento excepcional, sendo diferenciados pela própria
Constituição ao permitir que o Poder Executivo altere suas alíquotas por meio de decreto ou outro ato normativo,
com base no art. 153, § 1°, da Constituição Federal.

Sem prejuízo dessas exceções, como a instituição dos tributos é dada mediante lei, todas as modificações que
venham a ser feitas na estrutura deles também demandarão, igualmente, uma lei daquela mesma unidade
federativa competente.

I
Imposto sobre importação de produtos estrangeiros.

E
Imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados.

PI
Imposto sobre produtos industrializados.

OF
Imposto sobre operações financeiras.

Princípio da igualdade ou isonomia


Tal qual o princípio anterior, o princípio da igualdade ou isonomia encontra seu fundamento no inciso II do art. 150
da Constituição Federal, cuja ideia básica significa o tratamento similar de todos perante a lei.

Assim, segundo a isonomia, tanto na condição genérica (art. 5º da CF) como na condição específica na matéria
tributária (art. 150, II), todos deverão ser tratados igualmente perante a lei. Mas a própria redação do art. 150
demonstra que tal igualdade não será absoluta, já que admite tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação não equivalente.

Princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1°, da CF)


A previsão da capacidade contributiva é corolário natural dessa admissão de tratamento diferenciado em razão
dos contribuintes em situação diversa. Para muitos, é um princípio muito importante no Direito Tributário, visto

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tratar da capacidade econômica do contribuinte.

Corolário
Na linguagem jurídica, corolário designa a consequência ou dedução de uma proposição, uma regra ou um princípio
apresentado ou demonstrado.

§ 1º do art. 145 da Constituição Federal expand_more

Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Os impostos, sempre que possível, deverão ter caráter pessoal, acompanhando a capacidade econômica do
contribuinte. Um exemplo é o Imposto de Renda Pessoa Física. Objetivamente, a Constituição apenas refere tais
indicações para os impostos, mas isso não tem sido compreendido como um afastamento para os demais
tributos. Talvez nos impostos seja mais fácil e corrente o emprego da capacidade contributiva, mas os conteúdos
do princípio também serão aplicados nas outras formas ou espécies de tributos.

Princípio da irretroatividade
Com base no art. 150, inciso III, alínea “a”, da CF, o sentido da irretroatividade significa que não se pode exigir o
tributo referente a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os tenha definido ou majorado.

A lei sempre se aplicará a fatos ocorridos após iniciada sua vigência, protegendo os
fatos já ocorridos.

De tudo, a própria redação constitucional reforça que o seu conteúdo deve ponderar sobre a aplicação da lei no
tempo e sempre exigindo atenção sobre o próprio sentido da ocorrência dos fatos geradores em cada caso.

Princípio da anterioridade do exercício

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Como regra geral, as entidades tributantes não podem exigir um tributo no mesmo exercício financeiro em que
tenha sido publicada a lei que o criou ou o aumentou – art. 150, inciso III, alínea “b”, CF. Dessa forma, quando
publicada uma lei que cria ou majora determinado tributo durante o exercício financeiro (ano civil), ele somente
poderá ser exigido a partir de 1° de janeiro do ano seguinte.

Apesar de compreendida como medida de proteção do contribuinte, é de se observar que ficou vedada a aplicação
no mesmo ano apenas das normas instituidoras ou majoradoras de tributos e não para qualquer outra, ainda que
em prejuízo dos particulares. Por isso, podemos destacar o seguinte entendimento já firmado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF):

Súmula Vinculante 50 expand_more

Norma legal que altera o prazo do recolhimento da obrigação tributária, não se sujeita ao princípio da
anterioridade.

Por outro lado, assim como o princípio da legalidade, o princípio da anterioridade tem exceções, segundo o § 1° do
art. 150 da CF; são elas:

Imposto sobre importação (II).

Imposto sobre exportação (IE).

Imposto sobre produtos industrializados (IPI).

Imposto operações financeiras (IOF).

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Impostos extraordinários de guerra (IEG).

Empréstimo compulsório, no caso de despesas extraordinárias por calamidade pública ou guerra


externa.

Além dessas, as contribuições sociais para financiamento da seguridade social possuem regras próprias, de
acordo com o art. 195, caput e § 6º da CF, sendo exceções diferenciadas das demais, pois não se submetem ao
princípio da anterioridade, podendo ser exigidas noventa dias após a data da publicação da lei que as tenha
instituído ou majorado.

Princípio da noventena ou da anterioridade nonagesimal


Para reforçar a segurança dos contribuintes, a Emenda Constitucional nº 42, de 2003, incluiu nova alínea no art.
150, inciso III, passando a exigir não apenas a atenção ao exercício financeiro, mas também instituindo que não
poderiam ser exigidos os tributos antes de decorridos noventa dias da publicação da lei que os instituiu ou
aumentou.

Na mesma forma da referência anterior, a exigência da noventena tem algumas exceções, todas no § 1° do art.
150; são elas:

Imposto sobre importação (II).

Imposto sobre exportação (IE).

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Imposto sobre renda e proventos (IR).

Imposto operações financeiras (IOF).

Impostos extraordinários de guerra (IEG).

Empréstimo compulsório, no caso de despesas extraordinárias por calamidade pública ou guerra


externa.

A fixação da base de cálculo do IPVA e do IPTU.

Considerando a relevância das exceções atualmente previstas para a anterioridade e a noventena, confira o quadro
para melhor entendimento:

EXCEÇÕES – QUADRO RESUMO

ANTERIORIDADE NOVENTENA

Art. 148, I – empréstimo compulsório para Art. 148, I – empréstimo compulsório para despesas
despesas extraordinárias; extraordinárias;

Art. 153, I – imposto sobre importação (II); Art. 153, I – imposto sobre importação (II);

Art. 153, II – imposto sobre exportação (IE); Art. 153, II – imposto sobre exportação (IE);

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EXCEÇÕES – QUADRO RESUMO

Art. 153, IV – imposto sobre produtos


Art. 153, III – imposto sobre a renda (IR);
industrializados (IPI);

Art. 153, V – imposto sobre operações Art. 153, V – imposto sobre operações financeiras
financeiras (IOF); (IOF);

Art. 154, I – imposto extraordinário de guerra


Art. 154, I – imposto extraordinário de guerra (IEG).
(IEG).

Fixação da base de cálculo do:

Art. 155, III – imposto sobre a propriedade de


veículos automotores (IPVA);

Art. 156, I – imposto sobre a propriedade predial e


territorial urbana (IPTU).

Tabela: Exceções da anterioridade e noventena.


Irapuã Gonçalves de Lima Beltrão.

Além dessas, a contribuição para a seguridade social está submetida a regime jurídico próprio, ou seja, tão
somente ao prazo do nonagintídio, conforme art. 195, § 6º da CF.

Nonagintídio
Termo técnico que também designa anterioridade nonagesimal ou noventena (prazo de 90 dias).

Princípio da vedação ao confisco


O princípio da vedação ao confisco tem duas finalidades básicas:

Reforçar o caráter não sancionatório dos tributos.

Evitar que os tributos sejam demasiadamente previstos, evitando a onerosidade não razoável, o excesso da
tributação (art. 150, IV, CF).

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Princípio da liberdade de tráfego


Consagrando as ideias de liberdade de locomoção e unidade da federação, o inciso V do art. 150 da Constituição
Federal dispõe que é vedado estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público.

Esse princípio tem como objetivo a liberdade de trafegar, tanto pessoas como bens,
impedindo que se torne fato gerador e, assim, cobrando qualquer tipo de tributo para o
impedimento ou a inibição do tráfego.

Além dessas limitações que passaram a ser consideradas como os princípios gerais da tributação, o texto
constituído determinou ainda algumas limitações direcionadas ora ao poder federal (art. 151), ora aos estados, ao
Distrito Federal e aos municípios.

Limitações ao poder de tributar

Limitações específicas para a União


Algumas limitações tributárias foram intituídas de acordo com o art. 151 da CF:

Princípio da uniformidade geográfica (art. 151, inciso I, da CF), exigindo que a União não crie tributos que não
sejam uniformes em todo o território nacional. Como óbvia exceção a tal determinação, admite a concessão de
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes
regiões do país, como ilustra a Zona Franca de Manaus.

Tratamento tributário mais oneroso para os estados, Distrito Federal e municípios (art. 151, inciso II, da CF),
proibindo que a União estabeleça a tributação para as rendas das obrigações da dívida pública e a remuneração
dos agentes públicos dos demais entes tributantes de níveis superiores aos que fixar para si mesma e para seus
agentes.

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Proibição de invasão da competência para isentar (art. 151, inciso III, da CF) – A União não pode conceder
isenções dos tributos de competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Tal dispositivo mantém
a coerência lógica das competências para os tributos, só podendo legislar para conceder isenção quem detém
competência para a sua respectiva instituição. Assim, a União só pode criar isenções relativas a tributos de sua
competência, não sendo permitida a invasão sobre os tributos dos demais entes políticos.

A tributação sobre a renda das obrigações da dívida pública dos estados e dos municípios, ou sobre a
remuneração de seus agentes públicos, poderá ser, no máximo, igual àquela que a União fixar para os seus
próprios. Tem relação com a ideia natural de igualdade, mas reflete também preocupações federativas e resulta de
histórico de tratamentos realizados de forma distinta do esperado ao longo dos tempos.

Sobre a proibição de invasão, ela decorre de práticas anteriormente autorizadas em que a União concedia isenção
dos tributos de competência das demais unidades federativas, sendo que isso era expressamente previsto na
Constituição anterior. Daí a afirmação do texto de 1988 em acabar com a prática.

Limitações específicas para estados, Distrito Federal e


municípios
Assim como a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios também possuem limitações tributárias
conforme pode ser visto a seguir:

Princípio da não diferenciação tributária (art. 152) expand_more

Nenhum estado, município ou o Distrito Federal pode estabelecer distinção no tratamento dos tributos (ou
alíquotas de patamares diferentes) incidentes sobre bens ou serviços de qualquer natureza, em função de
sua origem ou de seu destino. Assim, o ISS que um município cobra sobre o serviço prestado por um
contribuinte sediado em município diverso não pode ser diferente do cobrado ao contribuinte de outros
municípios.

video_library
Os princípios tributários na prática
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Neste vídeo, o especialista explicará e dará exemplos sobre os princípios tributários.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A Constituição Federal e o Código Tributário Nacional exigem que a aplicação da legislação tributária siga
alguns princípios, principalmente para não haver cobranças abusivas, irregulares ou injustas. O princípio da
isonomia é um deles. Assinale a alternativa que descreve mais adequadamente uma das considerações
acerca do princípio da isonomia:

A O tributo da União deve ser igual em todo o território nacional.

B Os tributos devem ser cobrados de acordo com a capacidade de cada um.

A União, os estados e o Distrito Federal não podem instituir impostos sobre patrimônio, renda
C
ou serviço uns dos outros.

A lei, em princípio, deve dar tratamento igualitário a contribuintes que se encontram em


D
situações equivalentes.

As entidades tributantes não podem exigir um tributo no mesmo exercício financeiro em que
E
tenha sido publica a lei que o criou ou o aumentou.

Parabéns! A alternativa D está correta.

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Ainda que decorrente da mesma matriz, o importante é não confundir a isonomia com as exigências da
uniformidade geográfica. Mesmo que várias alternativas tenham assertivas coerentes, a mais adequada ao
texto constitucional é aquela que orienta para uma regra geral da isonomia.

Questão 2

Considerando o princípio da noventena e suas exceções, na hipótese de o Poder Executivo editar determinado
decreto e publicá-lo em 05 de setembro de 2011, visando majorar a alíquota do imposto de importação de
produtos estrangeiros incidente sobre motocicletas, a nova alíquota passa a ser exigida:

A De imediato.

B No exercício financeiro seguinte ao da data da publicação do decreto.

C A partir de 90 dias após a data da publicação do decreto.

D A partir de 90 dias após o exercício financeiro seguinte ao da data da publicação do decreto.

E A partir de 30 dias após a data da publicação do decreto.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Sendo uma hipótese de imposto de importação, ele pode ser modificado por decreto, não exigindo
necessariamente lei por conta da autorização dada pela Constituição. A CF/88, além de permitir a modificação
da alíquota desse imposto por ato do Poder Executivo, admite que tal majoração pode ter efeito imediato já
que está dispensada tanto da exigência do exercício financeiro como do mínimo nonagesimal.

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2 - Tributos em espécie
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar tributos em espécie.

Tributo

Conceito e definição
Como mencionamos no módulo anterior, além dos princípios básicos da tributação, o Código Tributário Nacional
apresenta conceitos fundamentais para a compreensão do funcionamento da atuação fiscal do poder público.

Art. 3º do CTN expand_more

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.

Esse artigo 3º determina os aspectos básicos de todo e qualquer valor exigido e, por isso, a partir de agora,
estudaremos cada parte componente.

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Tributo é toda prestação pecuniária compulsória


O tributo representará uma obrigação, com pagamento obrigatório em dinheiro. Trata-se de um encargo financeiro
de natureza pecuniária e compulsória, isto é, o devedor deve cumpri-lo em dinheiro (pecúnia), além de se tratar de
prestação forçada (compulsória), nunca da vontade de qualquer pessoa.

Ainda que socialmente tenhamos várias obrigações que decorrem da vontade individual, os valores devidos ao
poder público têm sua compulsoriedade determinada da própria lei instituidora do tributo, que é de natureza
impositiva.

Resulta daí que não se deve considerar como tributo as prestações que muitas vezes são devidas ao Estado, mas
que ou não são entregues em dinheiro ou não são compulsórias.

Exemplo
O serviço militar (por ser prestação em forma de serviço, ainda que compulsória) ou, pelo mesmo motivo, as
requisições (quando o Poder Público determina que o particular lhe entregue certos bens).

Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir


Em dinheiro, ou valor de moeda que se possa exprimir. Claro que toda obrigação tributária deve ser primeiramente
pensada para o seu cumprimento em dinheiro, mas nada impede que se possa admitir outras formas de
cumprimento, especialmente a partir dos próprios mecanismos definidos no CTN.

Sempre se discutiu sobre a possibilidade de satisfação do dever tributário com a entrega de bens, mas somente a
partir da Lei Complementar nº 104/01, que acrescentou o inciso XI ao art. 156 do Código Tributário Nacional,
passou-se a admitir a dação (a entrega do imóvel como meio de pagamento) em pagamento em bens imóveis, na
forma e nas condições estabelecidas em lei.

Destaca-se da própria disposição incluída no CTN: será sempre (e tão somente) em bens
imóveis. E, mesmo assim, cada unidade federativa ainda deve fazer uma lei para
estabelecer as condições e os critérios para tanto.

A Lei nº 13.259/2016 estabeleceu as condições para extinção do crédito tributário inscrito em dívida ativa da União
mediante dação em pagamento de bens imóveis.

O tributo representará um dever assumido pelo particular que jamais constitui sanção de ato ilícito (contrário à lei).
O ato ilícito é sancionável por algumas formas (art. 5º, inciso XLVI, da CF), ali prevista a possibilidade de pena
pecuniária (multa). A sanção – advinda ou não de situações criminais – expressa em multa não é tributo, assim

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como não o são as sanções administrativas e civis, quando o particular é condenado a entregar dinheiro ao
Estado.

Fato gerador do tributo

Enseja pretação pecuniária - tributo

close
Ato ilícito

Enseja pretação pecuniária - multa

Nesse sentido, conclui-se que não se pode dar ao tributo qualquer sentido punitivo, o que não quer dizer que os
atos ilícitos não possam ensejar resultados tributáveis.

Exemplo
Se uma pessoa comete conduta tratada como crime ou contravenção penal, sofrerá a condenação criminal pelo
exercício ilegal. Por outro lado, se a referida pessoa obteve renda com aquela ilegalidade, essa renda é tributável
pelo imposto de renda. Não se confunde o ato criminoso com os resultados – percepção dos rendimentos –
daquele ato.

O próprio Código Tributário Nacional expressa que a interpretação do fato gerador (art. 118, CTN) será dada
abstraindo a validade dos atos praticados. É a consagração do princípio do pecunia non olet (expressão em latim
que significa “dinheiro não tem cheiro”). Essa máxima tributária afirma que, uma vez ocorrendo o fato gerador,
ainda que tenham ocorrido fatos ilícitos antes, o tributo será devido. É o caso de alguém que pratica atividade ilícita
e, a partir dela, venha a auferir renda. Nesse caso, o imposto de renda será devido.

Para ilustrar, veja um caso que chegou ao Supremo Tribunal Federal que assim concluiu a sua análise:

Exemplo expand_more

Jogo do Bicho. Possibilidade jurídica de tributação sobre valores oriundos de prática ou atividade ilícita.
Princípio do Direito Tributário do non olet. Precedente. Ordem parcialmente conhecida e denegada.

1. A pretendida desclassificação do tipo previsto no art. 1º, inciso I, para art. 2º, inciso I, da Lei nº 8.137/90
não foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Com efeito, sua análise neste ensejo configuraria, na
linha de precedentes, verdadeira supressão de instância, o que não se admite.

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2. A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser
possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato
gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da
natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. Vide o HC nº 77.530/RS, Primeira
Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98.

3. Ordem parcialmente conhecida e denegada.

Instituído em lei
O tributo só pode ser instituído mediante lei expressa; nenhum tributo poderá ser criado por circulares, portarias,
decretos etc. Trata-se de exigência decorrente do Estado de Direito e fundamental para a segurança jurídica dos
contribuintes.

Evidentemente, não é o CTN que afirma o tipo de lei necessária. Isso ficará a cargo da Constituição, que indicará,
nos casos em que entender, a necessidade eventual de lei complementar. Caso contrário, será mantido o padrão da
lei ordinária. Por outro lado, nos limites estabelecidos pelo art. 62 da Constituição, admite-se a utilização das
medidas provisórias para instituição (ou majoração) de impostos que naturalmente não sejam reservadas à lei
complementar.

Além disso, instituir significa dizer que o legislador deverá trazer a previsão dos elementos mínimos
caracterizadores do tributo, ou seja:

Medidas provisórias
A medida provisória (MP) se constitui em instrumento com força de lei, adotado pelo presidente da República para
situações de relevância e urgência. Seus efeitos são imediatos, mas a MP precisa ser aprovada no Congresso
Nacional para se tornar definitivamente lei.

O fato gerador A base de cálculo A alíquota

Naturalmente, a norma instituidora possui capacidade de estabelecimento de outros elementos, sejam decorrentes
desses aspectos essenciais do tributo ou periféricos. Contudo, ainda que não exista a previsão de outros dados,
tais elementos são indispensáveis para a existência válida da tributação.

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Cobrado mediante atividade administrativa plenamente


vinculada
Além de se preocupar com a fase legislativa do tributo, a definição do CTN ainda traz o tratamento da cobrança
administrativa. Para esta, afirma que será sempre cobrada por meio de uma atividade da administração pública. E
os agentes públicos atuarão sem qualquer exercício de conveniência ou oportunidade nessa cobrança. Toda
atividade do Estado em relação a tributo estará disciplinada na lei tributária, sem qualquer discricionariedade do
agente fiscal responsável pela arrecadação.

Espécies de tributos
A primeira referência às espécies de tributos reporta ao art. 5º do CTN, que prevê que os tributos seriam:

impostos;

taxas;

contribuições de melhorias.

Apesar de apenas essas três espécies estarem previstas no art. 5º, a Constituição Federal, além de manter a
existência dessas formas clássicas no art. 145, considera também tributos:

empréstimos compulsórios;

contribuições especiais ou parafiscais.

Os dois últimos se encaixam perfeitamente na definição de tributo e tiveram sua natureza tributária reconhecida
pelo Supremo Tribunal Federal.

Comentário
Para completo conhecimento das espécies, é fundamental a análise de cada uma dessas modalidades.

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Impostos
Conceitualmente, os impostos são tributos não vinculados a qualquer atividade específica do Estado que justifique
o pagamento. Ou como afirma o próprio Código, o imposto é o tributo cuja obrigação tem como fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte (art. 16).

De acordo com a Constituição Federal, os impostos são de competência privativa de cada ente tributante, tudo na
forma dos arts. 153 a 156, separando os federais, os estaduais e do Distrito Federal e os municipais, a saber:

Impostos da União Art. 153 CF expand_more

• Imposto de importação (II).


• Imposto de exportação (IE).
• Imposto sobre a renda e os proventos de qualquer natureza (IR).
• Imposto sobre produtos industrializados (IPI).
• Imposto sobre operações de crédito, câmbio, seguro e títulos e valores mobiliários (IOF).
• Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR).
• Imposto sobre grandes fortunas (IGF)*.

* Desses, o único ainda não legislado é o imposto sobre grandes fortunas, sendo que os demais já foram
objeto de atividade legislativa e são efetivamente exigidos pela secretaria da Receita Federal.

Impostos dos estados Art. 155 CF expand_more

• Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação (ITCMD).


• Imposto sobre a circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual ou
intermunicipal e de comunicações (ICMS).
• Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA).

Impostos dos municípios Art. 156 CF expand_more

• Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU).


• Imposto sobre a transmissão, inter vivos, de bens imóveis (ITBI).
• Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS ou ISSQN).

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Além desses, a Constituição ainda autoriza que a União institua novos impostos, desde que por lei complementar,
ou mesmo extraordinários no caso de guerra externa ou na sua iminência (art. 154 CF).

Orienta a Constituição (art. 145, §1°) que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultando à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Dessa forma, o § 1° determina que os
impostos, sempre que possível, observarão a pessoalidade e serão calculados de acordo com a capacidade
contributiva.

Taxas
As taxas são tributos vinculados a uma atividade específica do Estado, que visa à vantagem direta a quem paga,
podendo ser a prestação de serviços públicos, específicos e divisíveis, ou o exercício do poder de polícia. Como
qualquer entidade federativa pode executar tais atividades, a União, os estados, o DF e os municípios podem
instituir esses tributos por serem de competência comum.

A definição do CTN (art. 77) é praticamente repetida pela Constituição (art. 145, inciso II). A partir daqueles
dispositivos, podemos dividir as taxas de acordo com os seus dois fatos geradores admitidos.

Taxa de polícia
Tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, que é uma das maiores manifestações do poder de
império realizado pelo Estado, conceituado no art. 78 do CTN.

Atenção!
Deve-se observar que esse poder de polícia de que trata o art. 78 não diz respeito ao poder da polícia, aí entendido
como órgão de segurança pública. Poder de polícia é aquele que o Estado tem para disciplinar ou limitar a
liberdade ou os direitos dos particulares, visando ao interesse público, como, por exemplo, normas de construção
em relação ao direito de propriedade, entre outros. Sem prejuízo da diversidade entre as unidades federativas,
temos como exemplos comuns as taxas de fiscalização: taxa de alvará, taxa de inspeção e taxa sanitária.

Taxas de serviços
São as taxas cobradas pelos serviços públicos já existentes e que estejam em funcionamento, tendo como fato
gerador a utilização efetiva ou potencial de determinados serviços públicos, específicos, divisíveis, prestados
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efetivamente ao contribuinte, ou ao menos aqueles que estejam à disposição e sejam passíveis de utilização
efetiva ou potencial.

Serviços específicos
São serviços públicos estruturados em unidades autônomas de intervenção.

Serviços divisíveis
São serviços que podem ser utilizados individualmente, em separado, por cada um dos usuários.

Tais definições são reforçadas pelos conceitos dispostos no art. 79 do CTN.

Por outro lado, basta o usuário estar com o serviço à sua disposição para existir a justificativa da cobrança da taxa,
independentemente de o serviço estar sendo utilizado efetivamente ou em potencial. Isso porque, para serem
remunerados por taxas, os serviços púbicos devem estar fixados sem alternativas de outras utilizações. Se não
houver essa compulsoriedade, os serviços serão remunerados por preços públicos (receita não tributária).

Taxa

• Regime jurídico tributário.


• Sujeita aos princípios tributários.
• Decorre de lei.
• Receita derivada.
• Pode ser cobrada por utilização de serviço disponível.
• Indisponível.
• Sujeito ativo é sempre pessoa jurídica de direito público.

Preço público

• Regime jurídico contratual.


• Sem aplicação das normas tributárias.
• Autonomia das vontades.
• Receita originária.
• Não pode ser cobrado por utilização de serviço disponível.
• Passível de rescisão.
• Sujeito ativo pode ser pessoa de direito privado (ex.: concessionária).

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Essas distinções foram feitas pela interpretação do Supremo Tribunal Federal que chegou, ainda antes da
promulgação da atual Constituição, a editar a seguinte súmula:

Súmula 545 (1969) expand_more

Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque taxas são compulsórias e têm sua cobrança
condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que institui.

Ainda para nortear a cobrança da taxa, o art. 145, § 2º, da CF determina que as taxas não poderão ter base de
cálculo própria de impostos, reproduzindo o conceito já anteriormente previsto no parágrafo único do art. 77
codificado.

Sobre as taxas, podemos destacar os seguintes entendimentos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal (STF):

Súmula 595 expand_more

É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem, cuja base de cálculo seja
idêntica à do Imposto Territorial Rural.

Súmula 665 expand_more

É constitucional a Taxa de Fiscalização do Mercado de Títulos e Valores Mobiliários instituída pela Lei nº
7.940/89.

Súmula 667 expand_more

Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da
causa.

Súmula Vinculante 19 expand_more

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A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

Súmula Vinculante 29 expand_more

É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria
de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.

Súmula Vinculante 41 expand_more

O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado por taxa.

Contribuições de melhorias
A contribuição de melhoria é tributo vinculado, de competência comum, ou seja, a União, os estados, o DF e os
municípios podem instituí-la, conforme previsão do art. 145, inciso III, da CF, a partir da realização de obras
públicas.

Assim, as contribuições de melhorias decorrem de obras públicas, na medida em que estas gerarem valorização na
propriedade imobiliária de outros, sendo esse fato gerador estabelecido no art. 81 do CTN.

Além de determinar o fato gerador, o Código prevê ainda os limites da cobrança. O art. 81 do CTN determina a
existência dos limites global e individual, segundo os quais não pode o poder público cobrar além do
ressarcimento do gasto da obra pública e, no que é pertinente ao limite individual, deve respeitar a valorização ou o
benefício decorrente de obras públicas.

Atenção!
Vale lembrar que não é toda obra pública que pode ter a cobrança da contribuição de melhoria autorizada. É
preciso que fique caracterizada a valorização do imóvel do contribuinte em função dessa obra. O art. 82 do Código
Tributário Nacional traz ainda algumas exigências para que o legislador possa exercer tal competência tributária.

Empréstimo compulsório

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Os empréstimos compulsórios têm como característica principal a promessa de restituição dos valores pagos, já
que devem ser devolvidos em determinado período.

Na forma da atual redação do art. 148 CF, compete exclusivamente à União a criação dos
empréstimos compulsórios, mediante lei complementar, e devem obedecer ao regime
jurídico-tributário, com exceção do princípio da anterioridade e da noventena, no caso de
calamidade pública, guerra externa ou sua iminência.

Então, para esses casos, eles podem ser cobrados no mesmo exercício em que foram instituídos, ou seja, no
mesmo ano da publicação da lei, diferentemente da maioria dos impostos, que só podem ser cobrados no 1º dia
do ano subsequente àquele em que foram instituídos. A cobrança, no caso, poderia ser imediata, justificando-se tal
situação pelos motivos excepcionais de sua criação.

Sendo reservado para a lei complementar, é impossível que o presidente da República legisle sobre a matéria por
meio da edição de uma medida provisória, o que pode ser conferido no art. 62, §1º, da CF.

Diante das disposições constitucionais e do conceito geral do empréstimo compulsório, podemos identificar as
seguintes características que diferenciam esse tributo dos demais:

São restituíveis.

A aplicação dos recursos arrecadados está vinculada à despesa extraordinária que fundamentou sua instituição
(art. 148, parágrafo único, CF).

A União não poderá utilizar a receita arrecadada pelos empréstimos compulsórios para outros fins diferentes
daqueles para que foram instituídos.

A lei complementar que instituiu o empréstimo compulsório deverá prever a devolução total da importância
arrecadada, respeitando ainda o art. 15, parágrafo único, do CTN.

As determinações do art.148 da CF restaram recepcionando, em parte apenas, o art. 15 do CTN, no que se


excepciona o inciso III. Na forma da Constituição temos, portanto, que a criação do empréstimo compulsório
somente pode ocorrer:

Para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência. Despesas extraordinárias são aquelas imprevisíveis e urgentes que, por sua imprevisibilidade, não
estão contempladas no orçamento anual da União e, por sua urgência, requerem atendimento imediato.

No caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

Atenção!

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É importante repetir que a criação de empréstimos compulsórios somente pode ser feita por lei complementar (art.
148 da Constituição Federal). É preciso ainda registrar que o princípio da anterioridade e da noventena (art. 150,
inciso III, alíneas “b” e “c”, da Constituição Federal) aplica-se apenas aos empréstimos compulsórios instituídos em
caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

Contribuições especiais
A doutrina tradicional já identificava que as contribuições parafiscais corresponderiam ao emprego das finanças
públicas com objetivos que não visavam principalmente à obtenção de receitas, mas, sim, a regular ou a modificar
a distribuição da riqueza nacional, a equilibrar os níveis de preços de utilidades ou de salários, bem como outras
finalidades econômicas ou sociais semelhantes.

Atualmente, tais contribuições estão amparadas no art. 149 da CF e, em regra, são instituídas por lei ordinária de
competência da União e estão classificadas em:

Contribuições sociais.

Contribuições de intervenção no domínio econômico.

Contribuições de interesse das categorias profissionais ou


econômicas.

Contribuições sociais
São contribuições cobradas para o financiamento de áreas de interesse social ou para custeio da seguridade
social. Além da previsão do art. 149, trata também das contribuições para a seguridade social o art. 195 da
Constituição Federal, dispondo sobre as seguintes incidências:

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Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

a receita ou o faturamento;

o lucro.

Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201.

Sobre a receita de concursos de prognósticos.

Do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei a ele equiparar.

Com base nessa previsão, foram instituídas as seguintes contribuições:

Sobre a folha de pagamento.

Do seguro de acidente do trabalho.

Do PIS/PASEP, recaindo sobre o faturamento ou a receita bruta.

Do Cofins, recaindo sobre o faturamento ou a receita bruta.

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Contribuição social sobre o lucro líquido.

Dos empregados e trabalhadores.

Sobre a receita de prognósticos, aí entendidos os jogos e as loterias


em geral.

Sobre a importação.

As contribuições sociais previstas no art. 195 da Constituição Federal podem ser exigidas após noventa dias da
data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado (art. 195, § 6°), não se sujeitando, portanto, ao
princípio da anterioridade (art. 150, III, “b”, da Constituição Federal). Por outro lado, a lei que institui contribuição
social baseada no § 4° do art. 195 da Constituição Federal (outras fontes) tem que ser de natureza complementar.

Sobre essas contribuições, que fazem parte do Regime Geral da Previdência Social, existe também o regime de
previdência típico dos servidores, sendo que cada unidade federativa deverá manter tal sistema. Para tanto, o art.
149, §1º da CF determinou que, além da União, os estados, o Distrito Federal e os municípios instituam
contribuição sobre os servidores – unicamente para os fins previdenciários – não podendo utilizar alíquota menor
do que a prevista na norma federal.

Contribuições de intervenção no domínio econômico


(CIDE)
Em algumas situações, o poder público utiliza o tributo para intervir no domínio econômico com o objetivo de
controlar a produção de certos bens ou para financiar determinados setores econômicos por meio de recursos de
outros domínios.

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De todas essas contribuições, a mais destacada é a CIDE-combustíveis, atualmente


tratada no art. 177, § 4º, da CF, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 33,
de 2001. Ela possui a clara demonstração do seu campo de incidência e da destinação
dos recursos obtidos, além de algumas regras específicas ali contidas.

Contribuições de interesse das categorias profissionais


ou econômicas
São as contribuições compulsórias instituídas pela União e destinadas a sindicatos, conselhos ou organizações,
tendo atualmente como grande exemplo as contribuições das anuidades para financiamento dos conselhos
profissionais.

Importante observar que a atual redação do art. 149 ainda atribui algumas características para as contribuições
sociais e para a CIDE, tudo na forma do §2º, a saber:

Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação.

Incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços.

Poderão ter alíquotas, ad valorem (na forma de percentuais), tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o
valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; ou específica, tendo por base a unidade de
medida adotada.

Além dessas contribuições, a Emenda Constitucional nº 39, de 2002, introduz o art. 149-A com a previsão de
contribuição de iluminação pública (COSIP), de natureza distinta das demais e com características diferentes dos
demais tributos, de competência dos municípios e do Distrito Federal, sendo ali facultada a cobrança nas contas
de consumo de energia elétrica.

A partir disso tudo, podemos entender que as contribuições especiais são assim divididas:

Art. 149 União

Sociais

Sociais gerais

Seguridade social - Art. 195

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Interventivas ou CIDE

Profissionais ou corporativas

Art. 149-A Municípios/DF

COSIP (contribuição sobre iluminação pública)

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As espécies tributárias
Neste vídeo, o especialista explicará como as espécies tributárias são classificadas no contexto da teoria
pentapartida.

Classificação dos tributos


Os tributos podem ser classificados das seguintes formas:

Tributos vinculados e não vinculados expand_more

Na estrutura original do Código Tributário Nacional, os tributos estão distribuídos em duas categorias:

• Tributos vinculados: têm por fato gerador uma ação estatal voltada diretamente para a prestação de uma
atividade específica ao contribuinte.

A exigência desses tributos encontra sua justificativa na existência de uma atuação do Estado diretamente
dirigida a beneficiar o particular. Nesse contexto, são tributos vinculados as taxas e as contribuições de
melhoria. Se de um serviço público, como o da coleta de lixo, ou de uma obra pública, como o asfaltamento
de uma rua, resulta uma vantagem direta ou um benefício para o particular, o Estado pode dele cobrar,
respectivamente, uma taxa ou uma contribuição de melhoria.

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• Tributos não vinculados: têm por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica relativa ao contribuinte. Ou seja, o Estado cobra tais tributos em razão de seu poder de império e
porque precisa de recursos para satisfazer os interesses gerais da sociedade. Os tributos não vinculados
são os impostos especificados no texto constitucional.

Fiscalidade, extrafiscalidade e parafiscalidade expand_more

A razão original dos tributos sempre foi associada à obtenção de recursos financeiros para o Estado. No
entanto, esse não é mais o seu único objetivo. Mais recentemente, o tributo passou a ser utilizado como
fonte de recursos destinados ao custeio de atividades que, em princípio, não são próprias do Estado, mas
que ele as desenvolve por intermédio de entidades específicas, como, por exemplo, a Previdência Social.
Assim, quanto ao seu objetivo, o tributo é puramente fiscal, extrafiscal e parafiscal.

• Fiscais: são os tributos que visam basicamente ao objetivo de obter recursos para os cofres públicos. Sua
instituição tem como fundamental finalidade satisfazer a essa necessidade, seja para remunerar-se pela
prestação de um serviço – como no caso das taxas e das contribuições de melhoria –, seja para atender à
manutenção do Estado em geral. São normalmente desse tipo os impostos sobre o patrimônio e a renda.

• Extrafiscais: são os tributos cuja finalidade ultrapassa aquela simples necessidade de arrecadação. Sua
criação visa também, entre outros, a disciplinar o mercado, a corrigir distorções sociais ou econômicas e a
alcançar certos objetivos econômicos. Os impostos extrafiscais por excelência são os do comércio exterior
e o de operações financeiras.

• Parafiscais: contribuições destinadas a sustentar encargos paralelos da administração pública direta,


resultantes da intervenção da União no domínio econômico, no interesse social ou de categorias
profissionais. Os grandes exemplos são as contribuições para a seguridade social, a sindical, Sesc, Sesi,
entre outras.

Separados por competência expand_more

Além desses critérios, é possível classificar os tributos de acordo com a competência das unidades
federais, sendo natural a distinção entre os tributos de competência:

• federal;
• dos estados membros;
• do Distrito Federal; e
• municipal.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

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Questão 1

Assinale a alternativa em que é possível identificar corretamente tributos vinculados:

A A taxa, o imposto e a contribuição de melhoria.

B A taxa e a contribuição de melhoria.

C A taxa e os impostos diretos.

D A contribuição de melhoria e os impostos indiretos.

E Impostos diretos e indiretos.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O importante é distinguir os impostos dos demais, sobretudo porque os impostos independem de qualquer
atividade estatal, por isso chamados de tributos não vinculados.

Questão 2

Marque a alternativa que se inclui entre as características do tributo contribuição de melhoria:

A Não ser vinculado a uma atividade estatal.

B Ter por fato gerador o exercício regular do poder de polícia.

C Ser instituído para fazer frente à obra pública a ser iniciada após sua arrecadação.

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D Ter por base de cálculo o valor a ser utilizado na obra pública.

É preciso que fique caracterizada a valorização do imóvel do contribuinte em função da obra


E
pública.

Parabéns! A alternativa E está correta.

O CTN, em seu art. 81, determina que as contribuições de melhorias decorrerão de obras públicas, tendo como
fato gerador a valorização do imóvel em razão da obra pública.

Considerações finais
Naturalmente, a partir das previsões iniciais e regulamentações do Código Tributário, o mundo fiscal ganhará vida
com a edição das normas de cada tributo por meio das entidades federativas competentes. Algumas espécies
ganharão mais relevo ou não na prática nacional, dependendo muito dos montantes de arrecadação efetiva na
sociedade e seus efeitos na vida dos contribuintes.

Sem prejuízo disso, todas as espécies tributárias possuem como raiz fundamental esses conceitos extraídos do
Código Tributário Nacional, o que revela a importância das definições observadas, apesar da já avançada data de
sua promulgação.

Além de tais conceitos estabelecidos desde a promulgação do Código Tributário, a experiência histórica nacional
elevou ao plano constitucional os princípios básicos para a atividade tributária, de forma a definir limites ao
exercício do poder pelas unidades federativas, criando assim um colchão de proteção mínima dos contribuintes.

A combinação desses elementos mostra-se fundamental para a compreensão da atividade tributária e consistiu
em nosso objeto de apresentação neste estudo.

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Podcast
Para encerrar, ouça o especialista explicar sobre o tributo dentro do Estado Democrático de Direito.

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Explore +
Para continuar estudando sobre a importância dos princípios tributários, leia o artigo Limitações ao poder de
tributar à luz dos princípios constitucionais tributários, de Joyce Barros.

Sobre as espécies tributárias e suas classificações, é interessante a leitura de Os tributos no Direito Brasileiro:
Classificação e Funções, de Andressa Gomes.

Referências
BRASIL. Casa Civil. Código Tributário Nacional. Brasília: Congresso Nacional, 1966.

BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Congresso Nacional, 1988.

BRASIL. Casa Civil. Lei complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001. Brasília, 2001

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Habeas Corpus nº 94240/SP – São Paulo, Relator: Ministro Dias Toffoli,
Pesquisa de Jurisprudência. Acórdão de 23 ago. 2011.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula 545. DJ de 12 dez. 1969.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula 595. DJ de 5 jan. 1977.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula 665. DJ de 13 out. 2003.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula 667. DJ de 13 out. 2003.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula vinculante 19. DJ de 10 nov. 2009.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula vinculante 29. DJ de 17 fev. 2010.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula vinculante 41. DJ de 20 mar. 2015.


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28/08/2023, 18:29 Introdução ao Direito Tributário

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula vinculante 50. DJ de 23 jun. 2015.

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