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“O princípio da legalidade fiscal numa das suas vertentes traduz-se numa reserva

material”.
Quanto às fontes do direito fiscal, em termos de fontes internas, temos a CRP no topo
da hierarquia. Casalta Nabais faz inclusiva/refa à uma constituição fiscal, referindo-se
concretamente à conformação que a CRP consagra em matéria dos impostos e, numa
conformação mais ampla, em matéria de tributos. Sendo o poder tributário um poder
conferido ao Estado legislador (AR, no que respeita aos impostos), a CRP vem então
estabelecer o que se chama os limites formais (quem, como e quando tributar) e limites
materiais (que e quanto tributar) ao exercício do poder tributário. É no âmbito dos
limites formais que surgem vários princípios constitucionais, dos quais se destacam o
princípio da legalidade fiscal, o princípio da segurança jurídica e o princípio da
proibição do referendo fiscal. Quanto aos limites materiais, destacando-se o princípio da
igualdade fiscal e o princípio da não discriminação da família. O princípio da legalidade
fiscal (raízes IM c/a Magna Carta),tem na sua base a ideia da autoimposição,
autotributação e autoconsentimento, segundo o qual os impostos devem ser consentidos
pelos próprios contribuintes (no taxation without representation).Significa que os
cidadãos são representados na AR, sendo,q a criação, modificação e extinção dos
impostos terá de ter a intervenção desses msm cidadãos. Esta ideia da autotributação
traduz-se essencialmente em dois institutos diferentes: votação anual do orçamento de
Estado pelo parlamento (que autoriza a cobrança dos impostos) e a exigência de os
impostos serem criados e disciplinados nos seus elementos essenciais (incidência, taxa,
benefícios fiscais e garantias dos contribuintes)através de lei do parlamento (lei em
sentido formal). Este é o momento legislativo qualificado conforme as exigências do
princípio da legalidade fiscal (103º/2 CRP). Aqui, procede-se à criação de novas leis,
mas tb à sua modificação e extinção. O P. da legalidade fiscal está dividia em duas
vertentes: a formal e a material. A vertente formal - está relacionada com a fonte de
produção normativa da matéria da criação dos impostos e dos seus elementos essenciais,
ou seja, qual é a fonte onde devem resultar as normas da criação dos impostos e seus
elementos essenciais. Junto c/ o 103º/2 CRP, o 165º/1, al. i) e /2 CRP reforça a reserva
de lei em sentido formal na criação de impostos q está no 103º/2 CRP, mas concretiza q,
nesta reserva a favor do parlamento, este não tem necessária/ de a exercer ou legislar
sobre essa matéria; pode autorizar o Governo a fazê-lo (respeitando certos critérios).
Estas matérias reservadas são também da competência das assembleias das regiões
autónomas (227º/1, al. i) CRP), bem como (em menor grau) para as assembleias
municipais (238º/3 CRP). Qd há autorização legislativa ao Governo para legislar, este
terá de legislar através de DL em exercício de funções legislativas, e não através de um
instrumento normativo do cumprimento de funções administrativas, ou seja, não pode o
Governo através de um Decreto Regulamentar ou de uma Portaria utilizar a autorização
legislativa. A vertente material deste p. – tem base no p. da tipicidade, em que exige
que a lei da AR ou o DL autorizado ao Governo devem conter a disciplina tão completa
qt possível da matéria reservada (densificação da norma). Trata-se, assim, de uma
reserva à substância ou ao conteúdo da lei fiscal que está a ser criada (Ex: 2º CIRS). O
valor que se visa proteger com esta vertente é o da certeza e da segurança jurídica. Mas
isto n proibe que a lei confira alguma discricionariedade e livre apreciação à admi.fiscal
ou a utilização de conceitos indeterminados, pq é preciso ponderar com outros
princípios, tal como o p. da praticabilidade. Casalta N. nos diz é que, se se estiver à
espera de que aquilo que está sujeito a tributação esteja c precisão fixado na norma,
poderá vir a tornar o imposto impraticável. Existem vários impostos em que o legislador
tem de usar termos genéricos como “despesas indispensáveis à formação do
rendimento”, constituindo um conceito indeterminado que deverá ser preenchido ao
caso em concreto. Daí não poder haver analogia em matéria fiscal (11º/4 LGT e 103º/2
CRP). Assim, de forma a garantir a certeza e a segurança jurídica do contribuinte, deve-
se balancear este p.da legalidade fiscal com o p. da praticabilidade, o qual assenta na
capacidade contributiva e na igualdade fiscal, o que em virtude dessa lacuna, pode levar
a graves injustiças.

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