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Direito Peninsular

Período Primitivo

Numa breve exposição sobre o direito peninsular vamos recuar aos tempos mais antigos da
civilização, refiro-me ao sistema anterior ao domínio romano designado por período primitivo
ou ibérico. A este respeito compete referir que a Península não traduzia de uma unicidade, mas
antes se convertia de uma diversidade tanto étnica, cultura, religiosa, jurídica, etc.
Longe está uma reconstituição coesa e segura das instituições nesta época ou período, sendo as
suas fontes escassas.
Como principais povos autóctones ou nativos na península podemos referir-nos a três grupos: os
Tartéssios, Iberos, Celtas, Celtiberos e Franco-Pirenaicos, significando que somos uma mosaico
de povos muito diferenciados.
Não existia uma unidade política, mas pode-se concluir que a maioria dos estados primitivos
firmavam-se na tribo, contudo, nesta época não se poderá entender estado no sentido moderno
tal como conhecemos hoje, mas antes na coexistência de grupos isolados e autónomos em largo
numero. Nos povos distinguiam-se os homens livres (com personalidade jurídica) dos escravos
(considerados coisas).
Facto importante é não ter existido um direito único em todo o território mas antes múltiplos
ordenamentos jurídicos. A população da península foi absorvendo pouco a pouco o direito
romano, sem prejuízo de que se admite a constância durante séculos, de instituições e princípios
pré-romanos.
Como fonte de direito, o direito primitivo teve raiz de quase exclusiva natureza consuetudinária
(que não está escrito, fundado nos usos ou costumes), podendo-se afirmar que esta foi a sua
base. Podemos isolar o caso de Turdetanos que se crê haver registo de que o seu
ordenamento se compunha também de normas que resultavam de atos legislativos.
Em relação às instituições jurídicas da Hispânia primitiva muitas duvidas se encontram devido à
falta de fontes históricas imediatas, podendo-se referir no que toca ao direito penal uma dureza
de sanções aplicadas, justificando para o facto a violência das penas corresponderia à
crueldade dos costumes e à própria rudeza do homem primitivo. A título de exemplo, tinham
forma de punição corporal conhecida por “entrar às varas”, que consistia em açoites corporais
para delitos não graves.

Período romano
Em relação ao período Romano, deve-se referir desde já que os romanos tiveram uma longa
presença e com relevo na península. Devem-se destacar duas fases distintas: a fase da
reconquista, que termina em 19 a.c, com o objetivo de subjugar os povos locais e extrair a
máxima riqueza e a fase da romanização, que se destaca pela progressão do conhecimento e
assimilação, pelos povos autóctones das formas de vida, cultura e direito do povo romano. Mas
devemos ter em atenção não entender esta divisão de forma absoluta.
A conquista da península demorou dois agitados seculos (Inicia com a guerra Púnica em 218
a.c), e a reconquista (Inicia-se no ano 209 a.c, com final em 202 com a vitória da II guerra
Púnica), expulsando os cartagineses da península definitivamente, ainda que não tivessem
conquistado a totalidade dado que os lusitanos só haviam sido subjugados em 137 a.c.
Em relação à romanização da península há a considerar três elementos: A assimilação lenta da
cultura e da civilização romana pelos povos autóctones; a conceção da latinidade aos habitantes
da península devida a Vespasiano, a conceção da cidadania romana aos súbditos do império em
geral. Contribuíram para isso a ação das legiões romanas e dos funcionários administrativos e
colonos bem como a abertura de estradas e a superioridade da técnica romana ou o
desenvolvimento do regime municipal e culto religioso.

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