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PRINCÍPIOS

TRIBUTÁRIOS I
Milena Costa | @milenacosta.adv

Felipe pereira da silva - felipesilvape1995@gmail.com - CPF: 022.996.221-10


PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
O que são?

• Os princípios tributários constituem algumas das limitações constitucionais


ao poder de tributar dos entes federativos, visando garantir direitos
fundamentais dos contribuintes.
• Os princípios tributários abordados nas aulas não contemplam todos os
princípios constitucionais aplicáveis ao Direito Tributário, mas apenas os
principais para fins de estudo para o Exame de Ordem; ressaltando-se que
essa é uma matéria de altíssima incidência, sobretudo os princípios da
Legalidade, Irretroatividade e Anterioridade.

LEGALIDADE ISONOMIA LIBERDADE DE TRÁFEGO ANTERIORIDADE

VEDAÇÃO ÀS
IRRETROATIVIDADE VEDAÇÃO AO CONFISCO UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA ISENÇÕES
HETERÔNOMAS

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Princípio da legalidade TRIBUTÁRIA
art. 150, I da CF/88

• Genericamente, o Princípio da Legalidade se encontra no art. 5º II da


Constituição Federal que preceitua que “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. O STF já entendeu que
tal princípio fundamenta todo o sistema tributário brasileiro, sendo
relacionado à própria democracia (RE 648245).

• Especificamente para o Direito Tributário, referido princípio está previsto no


art. 150, I da CF, constituindo uma limitação ao poder de tributar da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

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Princípio da legalidade TRIBUTÁRIA
art. 150, I da CF/88

• Tendo em vista que a Constituição exige lei apenas para a instituição e para a
majoração de tributos, é possível a redução e a extinção de tributo
independentemente de lei? A doutrina majoritária entende que não, com base
na Teoria do Paralelismo das Formas, pela qual a extinção/alteração de
instituto jurídico exige uma regra jurídica de igual ou superior hierarquia do
que a que foi exigida para cria-lo/aumentá-lo. Ou seja: se é exigida lei para
instituir, é exigida lei para extinguir. Se é exigida lei para majorar, é exigida
lei para reduzir.
• A Constituição, ainda, exige lei específica (ou seja, com pertinência temática)
quando o ente federativo concede benefícios fiscais, conforme art. 150, §6º da
CF (exemplo: lei que visa incentivar o uso de carros híbridos pode prever a
concessão de isenção em relação à produção de carros híbridos).

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Princípio da legalidade TRIBUTÁRIA
art. 150, I da CF/88

• A doutrina considera que o Princípio da Legalidade Tributária pressupõe uma


legalidade estrita, pois não basta que o ente federativo institua o tributo por
meio de lei; ele deve, também, estabelecer na lei todos os aspectos materiais
(fato gerador, inclusive com sua definição temporal e espacial), quantitativos
(base de cálculo e alíquota) e pessoais (sujeitos ativos e passivos da obrigação
tributária) do tributo.
• O CTN (arts. 97 e 161, §1º) estabelece algumas matérias que exigem lei
tributária formal:
Instituição de tributos Redução de tributos Infrações e penalidades (inclusive
dispensa ou redução)
Definição do fato gerador e do sujeito passivo Exclusão, extinção e suspensão de
Extinção de tributos
da obrigação tributária principal créditos tributários
Majoração de tributos Fixação de alíquota e base de cálculo do tributo Incidência de juros de mora

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Princípio da legalidade TRIBUTÁRIA
art. 150, I da CF/88

• E quais matérias não exigem lei formal?


• Atualização monetária da base de cálculo do tributo (é válida a alteração por decreto do Chefe de
Poder Executivo);
• Majoração de alíquotas do Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ou seja, dos impostos
regulatórios, podendo a alteração ser realizada por ato do Poder Executivo Federal (no caso do II e do
IE, é possível, ainda, a alteração pela Câmara de Comércio Exterior – CAMEX, um órgão do Governo
Federal);
• Redução e restabelecimento de alíquotas do CIDE-Combustíveis (pode ser realizada por decreto do
Chefe do Poder Executivo Federal);
• Redução e aumento das alíquotas do ICMS monofásico incidente sobre combustíveis (alteração por
meio de convênio firmado entre os entes federativos);
• Disposições relativas às obrigações acessórias (conforme o art. 113, §2º do CTN, as obrigações
acessórias decorrem da “legislação tributária”, que compreende também os atos normativos
administrativos);
• Alteração na data de vencimento do pagamento do tributo (conforme o art. 160 do CTN, a definição
do tempo do pagamento pode ser feita pela “legislação tributária”).

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Princípio da legalidade TRIBUTÁRIA
art. 150, I da CF/88

• Instituição de tributos: lei ordinária, complementar ou medida provisória?


• Em regra, lei ordinária.
• Excepcionalmente, por lei complementar, e apenas nos casos de 4 tributos, quais
sejam: empréstimos compulsórios, Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF),
contribuições sociais residuais e impostos residuais.
IGF
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS RESIDUAIS
IMPOSTOS RESIDUAIS
• E a medida provisória? Podem ser instituídos por medida provisória todos os tributos
que não exijam lei complementar, com base no art. 62, §1º, III da CF.

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PRINCÍPIO DA ISONOMIA
art. 150, II da CF/88

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.

• A partir da leitura desse dispositivo, a doutrina conclui que o Princípio da Isonomia


Tributária possui duas acepções:
o Acepção horizontal: os indivíduos que se encontram em situação equivalente devem
receber tratamento igual;
o Acepção vertical: os indivíduos que se encontram em situação distintas devem
receber tratamento desigual, na medida das suas desigualdades. Nesse sentido, a
“situação” do contribuinte que é analisada para fins de aplicação do presente
princípio é a situação econômica, pela qual verifica-se a capacidade do contribuinte,
tendo correlação com o Princípio da Capacidade Contributiva.

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Princípio da ISONOMIA
art. 150, II da CF/88

• Ainda, a partir da leitura do art. 150, II da CF é possível concluir que é proibido o


estabelecimento de distinções por critérios profissionais (exemplo: lei estadual do
Mato Grosso foi considerada inconstitucional por prever isenção de IPVA aos oficiais
de justiça, aos quais o Tribunal de Justiça não concedia carro oficial).
• Jurisprudência relevante a respeito da temática:
o REsp 984.607 (STJ), relativamente à teoria do Pecunia non olet (“dinheiro não tem
cheiro”): não é utilizado como parâmetro de distinção para fins de aplicação do
Princípio da Isonomia Tributária a validade do negócio jurídico;
o ADIN 1.643 (STF), relativamente ao SIMPLES NACIONAL: instituir um regime
tributário diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte não
viola o Princípio da Isonomia Tributária.

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Princípio da IRRETROATIVIDADE
art. 150, III, “a” da CF/88

• Tal princípio se relaciona com a garantia da segurança jurídica e está disposto


no art. 150, III, “a” da CF, devendo ser observado pela União, pelos Estados,
pelos Municípios e pelo Distrito Federal:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado.

• O Princípio da Irretroatividade, logo, se relaciona com a vigência da norma


tributária na data da ocorrência do fato gerador do tributo.

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Princípio da IRRETROATIVIDADE
art. 150, III, “a” da CF/88

• Ainda a respeito da norma tributária vigente na data da ocorrência do fato gerador, o art.
144 do CTN determina que:

Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se
pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.

• Pela leitura de ambos os dispositivos, é possível concluir que o Princípio da


Irretroatividade, em suma, estabelece que se deve obedecer à lei vigente da data da
prática do fato gerador, não podendo uma nova lei retroagir para abarcar fatos geradores
anteriores à sua vigência. Essa disposição é válida para:
o Instituição do tributo;
o Majoração do tributo;
o Extinção do tributo;
o Redução da alíquota do tributo.

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Princípio da IRRETROATIVIDADE
art. 150, III, “a” da CF/88

• Configuram exceções ao Princípio da Irretroatividade Tributária (ou seja, casos em


que a nova lei tributária poderá retroagir), as hipóteses previstas nos seguintes
dispositivos:
• Art. 106, I do CTN: lei meramente interpretativa (aquela que não inova no
ordenamento jurídico), exceto quanto à aplicação de penalidades;
• Art. 106, II do CTN: ato ainda não definitivamente julgado (ou seja, ainda não
transitado em julgado) que tenha deixado de ser definido como infração; que deixe
de corresponder a exigência legal (desde que sem fraude e que o tributo tenha sido
pago); ou o relativo a lei mais benéfica no que tange a aplicação de penalidades;
• Art. 144, §1º do CTN: lei que altere aspectos meramente formais e fiscalizatórios do
tributo.

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Princípio da IRRETROATIVIDADE
art. 150, III, “a” da CF/88

• Exemplo: Em 2018 o contribuinte deixou de recolher o ICMS sobre uma


operação de circulação de mercadorias (ocorrência do fato gerador), sendo
que a lei vigente à época estabelecia a alíquota do tributo em 2% e a multa de
mora pelo não pagamento em 10% sobre o valor do débito. Em 2019, o Estado
alterou a sua lei para minorar a alíquota do tributo para 1% e para reduzir a
multa moratória para 7%. Em 2020, o contribuinte foi notificado para pagar o
valor do ICMS não pago, com alíquota de 2% e multa moratória de 10%. A
notificação está totalmente de acordo com o Princípio da Irretroatividade?

2018 2019 2020


Alíquota 2% Alíquota 1% Alíquota 2%
Multa 10% Multa 7% Multa 10%

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Princípio da IRRETROATIVIDADE
art. 150, III, “a” da CF/88

• No caso do exemplo, a notificação está em parcial desacordo com o Princípio


da Irretroatividade, uma vez que a alíquota cobrada está correta (mesma
alíquota vigente na data da ocorrência do fato gerador), porém a multa
moratória cobrada está incorreta (a lei tributária mais benéfica retroage
relativamente às penalidades, de forma que deveria ter sido cobrada a multa
de 7%).

2018 2019 2020


Alíquota 2% Alíquota 1% Alíquota 2%
Multa 10% Multa 7% Multa 10% 7%

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Princípio da VEDAÇÃO AO CONFISCO
art. 150, IV da CF/88

• O Princípio da Vedação ao Confisco configura um dever da União, dos


Estados, dos Municípios e do Distrito Federal de observar parâmetros de
proporcionalidade e razoabilidade na definição da carga tributária, a fim de
que ela não possua um caráter confiscatório, conforme art. 150, IV da CF:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco.

• A análise da proporcionalidade e da razoabilidade tem sido feita


judicialmente de acordo com o caso concreto, não tendo uma definição única
do que é considerado como “confisco”.

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Princípio da VEDAÇÃO AO CONFISCO
art. 150, IV da CF/88

• Algumas construções jurisprudenciais que devem ser utilizadas como parâmetros:


• ADI 2.010: o STF entendeu que é necessário que se faça a análise global da carga
tributária para fins de análise de efeito confiscatório do tributo. No caso, versava-se
sobre a carga tributária incidente sobre a remuneração dos servidores públicos
federais, que pagavam 27,5% de Imposto de Renda (IRPF) além de contribuição
previdenciária progressiva, o que podia totalizar um comprometimento da
remuneração dos servidores em até 41,5% apenas para o pagamento de tributos;
• ADI 2.551: taxas não podem causar onerosidade excessiva e devem guardar
proporcionalidade com o custo do serviço público que se pretende remunerar;
• Multas tributárias: se a multa tiver caráter punitivo (quando o contribuinte
descumpre um preceito legal, tal como uma obrigação acessória) pode chegar até
100% do valor do tributo e se tiver caráter moratório (multa por mero atraso no
pagamento do tributo), a multa pode chegar até 20% do valor do tributo.

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Caiu na PROVA!
FGV/OAB/XXIX EXAME 2019

O Chefe do Executivo do Município X editou o Decreto 123, em que corrige o valor venal dos
imóveis para efeito de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), de acordo
com os índices inflacionários anuais de correção monetária. No caso narrado, a medida

a) fere o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo somente pode ser
realizada por meio de lei em sentido formal.

b) está de acordo com o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo do IPTU
dispensa a edição de lei em sentido formal.

c) está de acordo com o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base de


cálculo do IPTU pode ser realizada por meio de decreto.

d) fere o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base de cálculo do IPTU não
dispensa a edição de lei em sentido formal.

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Caiu na PROVA!
FGV/OAB/XXIX EXAME 2019

O Chefe do Executivo do Município X editou o Decreto 123, em que corrige o valor venal dos
imóveis para efeito de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), de acordo
com os índices inflacionários anuais de correção monetária. No caso narrado, a medida

a) fere o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo somente pode ser
realizada por meio de lei em sentido formal.

b) está de acordo com o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo do IPTU
dispensa a edição de lei em sentido formal.

c) está de acordo com o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base de


cálculo do IPTU pode ser realizada por meio de decreto.

d) fere o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base de cálculo do IPTU


não dispensa a edição de lei em sentido formal.

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ATÉ BREVE!

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