17/01/2020

• Unidade de Ensino: 02

Legislação • Competência da Unidade: Ser capaz de compreender

Resumo: Vamos estudar
Tributária
•
• Palavras-chave:
• Título da Teleaula:

Limitações constitucionais ao • Teleaula nº: 02

poder de tributar e normas
gerais em matéria tributária

Prof. Ms. Patricia Graziela Gonçalves

Contextualização Conceitos
- O Estado tem poder ilimitado em âmbito
tributário?
- Quais as limitações ao poder de tributar?
- Quais as funções do tributo? Princípios tributários
(Parte 1)

O que são princípios tributários? Princípio da Legalidade

 Art. 150, inciso I da CF/88
Só haverá cobrança, instituição ou modificação de
“São máximas que se alojam na Constituição ou que se
tributo quando houver a devida previsão legal.
despregam das regras do ordenamento positivo,
derramando-se por todo ele.” (Paulo de Barros Carvalho)
 Exceções (para UNIÃO):
• Impostos reguladores (II, IE, IPI, IOF).
• CIDE
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Princípio da isonomia Princípio da capacidade contributiva

 Art. 150, inciso II da CF/88:
Não deve haver tratamento desigual entre os
contribuintes que se encontram em situação
equivalente, ou seja, mesma situação.
Os contribuintes que se encontram em situação
diferente deveram ser tratados desigualmente.
“Tratar desigualmente os desiguais”.
 Art. 145, §1°da CF/88:
É um desdobramento do princípio da isonomia.
Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e
serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte.
“Quem pode mais paga mais; quem pode menos paga
menos”

Princípio da Irretroatividade Princípio da anterioridade

 Art. 150, inciso III da CF/88:  Art. 150, inciso III, alínea b, da CF/88:
É proibida a cobrança de tributos sobre fatos Proíbe cobrar tributo no mesmo ano de exercício fiscal
geradores ocorridos no passado, antes do início da de sua criação.
vigência da lei que os instituiu ou aumentou.  Exceções:
• Impostos reguladores (II, IE, IPI, IOF);
“Segurança jurídica” • CIDE Petróleo;
• Empréstimo compulsório;
• Imposto extraordinário de guerra;
• Contribuições sociais
• ICMS Combustíveis.

Princípio da anterioridade nonasegimal Conceitos

 Art. 150, inciso III, alínea c, da CF/88:
Proíbe cobrar tributo antes de decorridos noventa dias
da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, além de observada a anterioridade do
exercício financeiro.
Princípios tributários
Aplicada às contribuições sociais.
(Parte 2)

Princípio da vedação do confisco
 Art. 150, inciso IV da CF/88:
Proíbe a instituição de tributos que sejam
excessivamente onerosos (pesados), antieconômicos,
inviabilizando o desenvolvimento de atividades
econômicas capazes de produzir riquezas.
O tributo não pode ser utilizado com confisco!
Princípio da transparência
 Art. 150, §5°da CF/88:
Devem ser determinadas medidas para que os
consumidores sejam esclarecidos acerca dos tributos
que incidam sobre mercadorias e serviço.
Princípio da não diferenciação tributária
 Art. 152 da CF/88:
Atende aos mandamentos do pacto federativo, proibindo
discriminação entre seus membros. Deve ser observado
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Impede que exista diferença tributária em razão da
procedência ou destino dos bens ou serviços.
O objetivo é evitar a guerra fiscal.
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Princípio da liberdade de tráfego
 Art. 150, inciso V da CF/88:
Protege o direito constitucional de “ir” e “vir” (livre
E o pedágio?
locomoção). Os estados e municípios não podem
estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens
por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais.
 Exceção:
• ICMS interestadual
Princípio da seletividade
 Art. 153, § 3°da CF/88:
Certas classes de bens de maior essencialidade (tais como
medicamentos e alimentos) serão tributados com uma
alíquota reduzida em relação a outros bens que não
possuem esta propriedade (como bebidas alcoólicas,
cigarros e artigos de luxo).
A aplicação é obrigatória para IPI e facultativa para ICMS e
IPVA.
Princípio da uniformidade geográfica
 Art. 151, inciso I da CF/88:
A UNIÃO não pode instituir tributo que NÃO seja uniforme
em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município, em detrimento de outro.
Admite a concessão de incentivos fiscais destinados a
promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico
entre as diferentes regiões do País.

Princípio da vedação às isenções heterônomas
 Art. 155, § 2° da CF/88:
A UNIÃO pode conceder isenção heterônoma ao ICMS
incidente nas operações com serviços e outros produtos
destinados ao exterior.
O que é imunidade tributária?
“A imunidade é regra constitucional expressa (ou
implicitamente necessária), que estabelece a
não-competência das pessoas políticas da
Federação para tributar certos fatos e situações,
de forma amplamente determinada, delimitando
negativamente, por meio de redução parcial, a
norma de atribuição do poder tributário.”
(Aliomar Baleeiro)
Art. 150, inciso VI da CF/88:
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;
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Conceitos
Imunidades tributárias
O que é imunidade tributária?
1. É regra jurídica, com sede constitucional (numerus
clausus)
2. É delimitativa (no sentido negativo) da competência
dos entes políticos da Federação, ou regra de
incompetência;
3. Obsta o exercício da atividade legislativa do ente
estatal, pois nega competência para criar imposição
em relação a certos fatos especiais e determinados;
4. Distingue-se da isenção, que se dá no plano
infraconstitucional da lei ordinária ou complementar.
Art. 150, inciso VI da CF/88:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de
autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou
arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
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Resolução da SP Apresentação da SP
Os executivos da empresa ABC Ltda., situada em
Macapá – AP, se depararam com a seguinte situação: o
O Princípio não diferenciação Estado de São Paulo editou a lei que estabeleceu
privilégios para produtos originários do Sul e Sudeste
tributária do Brasil, dando-lhes preferências em relação aos
produtos do Norte e do Nordeste que passariam a ter
alíquotas mais altas de ICMS para serem
comercializados no Estado de São Paulo.

Problematização da SP
Em razão dessa situação, questionam: é
constitucional a lei que cria esses privilégios e
preferências para produtos do Sul e Sudeste em
detrimento dos produtos originários dos Estados
do Norte e Nordeste do Brasil?
Resolução da SP
- A lei do Estado de São Paulo é inconstitucional.
- Art. 152 da CF veda diferença tributária entre
bens e serviços, de qualquer natureza, em razão
de sua procedência ou destino.
- Somente a União está autorizada a estipular
tratamento tributário diferenciado entre os
Estados da federação como meio de fomento.

Interação Pacto Federativo

“É o acordo constitucional, administrativo e político firmado entre os
Entes da Federação que determina o respeito à autonomia dos
Você sabe o que é Pacto mesmos e delimita os campos de atuação, estabelecendo:
Federativo e qual sua prerrogativas, recursos e responsabilidades para o cumprimento das
funções de Estado”. ( CNM – 2009)
relação com o Direito
Tributário?

Conceitos
Isenção e não incidência
tributária
O que é isenção tributária?
“As normas de isenção, por exemplo, identificam
pessoas ou situações que de outro modo estariam
normalmente sujeitas à imposição tributária e excluem,
apenas quanto a elas, o respectivo crédito,
desonerando-as.” (Leandro Paulsen)
O que é isenção tributária?
III. As isenções onerosas – aquelas com prazo certo e
em função de determinadas concessões – não podem
ser revogadas ou modificadas a qualquer tempo.
Súmula 544 do STF “isenções tributárias concedidas,
sob condição onerosa, não podem ser livremente
suprimidas”.
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O que é isenção tributária?
“A isenção é benefício fiscal que pressupõe a existência
da competência tributária e seu exercício. Tendo sido
instituído determinado tributo, surge a isenção como um
modo de desonerar determinado contribuinte ou
operação. A isenção tem como fonte a lei, tal qual a
norma instituidora do tributo.” (Leandro Paulsen)
O que é isenção tributária?
Alguns aspectos devem ser ressaltados a respeito do
instituto da isenção:
I. É possível que a isenção abranja parte do território
do ente tributante de acordo com as peculiaridades
locais.
II. A isenção não é extensiva às taxas e às
contribuições de melhoria nem a tributos
instituídos após a sua concessão.
O que é não incidência?
“A não incidência [..] é simples consequência do fato de
determinada situação não se enquadrar na hipótese de
incidência (também chamada regra matriz de incidência
tributária). Por vezes, contudo, o legislador torna
expressa a não incidência, modelando ou restringindo a
própria norma de incidência.” (Leandro Paulsen)
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O que é não incidência? Conceitos

“A não incidência é definida por exclusão. É errado,
portanto, falar-se em ‘hipótese de não incidência’.
Tecnicamente, só há hipóteses de incidência; a não
incidência é mera consequência, dizendo respeito ao
que se situa fora dos limites da norma.” (Leandro Normas gerais de Direito
Paulsen)
Tributário

Lei complementar Lei ordinária Lei complementar

 Quórum de aprovação: quantidade de votos necessária para
a aprovação de uma lei.
Lei complementar: aprovada por maioria absoluta (artigo 69 da
CF/88).
Lei ordinária: aprovada por maioria simples (artigo 47 da CF/88).
 Matéria: assunto a ser tratado por meio da lei ordinária ou
da lei complementar.
Lei complementar: exigida em matérias específicas da
Constituição.
Lei ordinária: exigida de modo residual, nos casos em que não
houver a expressa exigência de lei complementar.
A Constituição Federal estabelece que:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria
tributária, entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de
legislação tributária.

Lei complementar Código Tributário Nacional

Casos especiais em o tributo só pode ser criado por lei LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966:
complementar:
• Embora tenha sido formalmente editado como lei
• Competência residual da União (artigo 154, I, CF/88).
• Empréstimos compulsórios (artigo 148 da CF/88). ordinária, entende-se que foi recepcionado
• Outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou com status de lei complementar, portanto, só
expansão da seguridade social” previstas no artigo 195, § podendo ser alterado ou revogado por meio de
4º, da CF/88.
outra lei complementar.
• Cabe ainda à lei complementar, regular o conteúdo do
ICMS (artigo 155, § 2º, XVII) e dos serviços de qualquer
natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos
em lei complementar (art.156, § 3º).
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Código Tributário Nacional Conceitos

Art. 1° CTN:
Esta lei regula... o sistema tributário nacional e
estabelece... As normas gerais de direito tributário
aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, sem prejuízo da respectiva
Finalidades da tributaçao
legislação complementar, supletiva ou regulamentar.

Fiscalidade
“Na Constituição Federal brasileira, os tributos figuram
como meios para a obtenção de recursos por parte dos
entes políticos. [...] Os tributos são efetivamente a
principal receita financeira do Estado, classificando-se
como receita derivada (porque advinda do patrimônio
privado) e compulsória (uma vez que, decorrendo de lei,
independem da vontade das pessoas de contribuírem
para o custeio da atividade estatal)” (Leandro Paulsen)
Extrafiscalidade
“O tributo possui finalidade extrafiscal quando objetiva
fundamentalmente intervir numa situação social ou
econômica”. (Ricardo Alexandre)
O uso extrafiscal dos tributos tem como objetivo
disciplinar, favorecer ou desestimular os contribuintes a
realizar determinadas ações, por considerá-las
convenientes ou nocivas ao interesse público.

Parafiscalidade Resolução da SP
O tributo é “parafiscal, quando o sua meta é a
arrecadação de meios para o custeio de atividades que,
em princípio, não compõem funções próprias do Estado,
mas estes criam através de entidades específicas”. (Hugo
de Brito Machado)
Imunidade tributária cultural
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Apresentação da SP
- A empresa Rio Piracicaba Ltda., sediada em Santa
Catarina, atua no ramo de replicação industrial de
mídias ópticas de leitura a laser, como CDs e
DVDs.
- Essa empresa está replicando em CDs e DVDs as
obras musicais de um famoso artista brasileiro,
consagrado pelo público e pela crítica.
Problematização da SP
- Ciente desse fato tomou conhecimento que a
música nacional brasileira goza de imunidade
tributária nacional e, como faz parte da etapa
de divulgação dessas obras musicais.
- O seu direito de direito e gozo dessa imunidade
tributária cultural pode ser garantido?

Resolução da SP Interação
- Vejamos o texto constitucional:
Art. 150. [...] é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios: VI - instituir impostos sobre fonogramas e
videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou litero-musicais de autores brasileiros e/ou obras em
Vamos analisar um caso de
geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes
materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa
imunidade tributária?
de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
- A empresa Rio Piracicaba Ltda. não tem direito
de gozo da imunidade tributária cultural do art.
150, VI, e, da CF.

Determinada entidade religiosa realiza em suas cerimônias religiosas o Recapitulando

serviço de casamento, compra artigos religiosos produzidos por uma
fábrica existente no município para compor o acervo da igreja e vende
artesanato sacro produzido pelos membros da entidade. Além disso, a - Princípios tributários;
entidade religiosa tem, além do imóvel onde funciona o templo, outros - Imunidades, isenções e não incidência;
imóveis cuja renda é revertida à composição do patrimônio da entidade. - Normas gerais em matéria tributária.
O que está abrangido na imunidade tributária?
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Referências
BALEEIRO, Aliomar. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar. 7.ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1997.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 30. ed. São Paulo:
Saraiva, 2019.
PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2017.