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DIREITO TRIBUTÁRIO

Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar – Princípios Tributários IV


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LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR


PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS IV

SEGURANÇA JURÍDICA

A segurança jurídica em Direito Tributário traz vários corolários agrupados sobre o nome
de “princípio da não surpresa”. Tal princípio está disposto no inciso III do art. 150 da CF/1988:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III – cobrar tributos:

Além disso, esse princípio da não surpresa tem três subprincípios, conforme será
visto a seguir:

1) Irretroatividade:
Não se pode cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.
É preciso ter cuidado com o termo “antes” no conceito do princípio da irretroatividade,
pois muitos, ao identificar esse termo, acabam confundindo o conceito com o do princípio
da anterioridade.
5m

2) Anterioridade:
Não se pode cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou.
É importante perceber que a CF/1988 não dispõe “no mesmo ano”, mas sim no mesmo
exercício financeiro. Vale lembrar que existem países que adotam o exercício financeiro de
junho de um ano até junho do outro ano. O Brasil poderia mudar para essa regra se quisesse.

3) Noventena:
Não se pode cobrar tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea “b”.
ANOTAÇÕES

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Nesse sentido, percebe-se que, como regra, anterioridade e noventena não são exclu-
dentes. Ou seja, a regra é que se observe os dois princípios ao mesmo tempo.
A depender do momento do ano em que se está, anterioridade e noventena terão impor-
tâncias distintas. Os tributos que obedecem aos dois princípios simultaneamente passam por
essa situação. Assim, se o tributo aumentar no início do ano, o princípio mais importante será
o da anterioridade, pois garante mais que 90 dias para que o contribuinte possa se organizar.
Já a partir de outubro, o princípio da noventena se torna mais importante.
Inclusive, em virtude de sua grande importância no fim do ano é que a noventena foi
incluída entre os princípios previstos na CF/1988, visto que não constava no texto original.
10m
Existem uma série de discussões que envolvem a aplicação do princípio da anterioridade
e o cancelamento da Súmula n. 584 do STF. Vale lembrar que esta súmula permitia que, em
caso de aumento da alíquota do Imposto de Renda (IR) durante um determinado exercício,
quando as pessoas fossem realizar a sua declaração de IR no outro ano, os rendimentos do
ano anterior seriam tributados pela nova legislação.
Nesse sentido, o que essa súmula permitia é que se pudesse tributar todos os rendi-
mentos de um ano-base com base nas normas do IR que estiverem vigentes no exercício
de entrega da declaração, algo que era considerado um absurdo para muitos, pois feria os
princípios da anterioridade e da noventena.
15m
No entanto, ao analisar as discussões que levaram a edição da Súmula n. 584 do
STF, percebe-se que a discussão envolvida era se havia retroatividade ou não. Naquela
época, o Supremo entendia que essa retroatividade era apenas econômica e não consi-
derava a anterioridade.

Jurisprudência:
STF – 159.180/MG – LEI – APLICAÇÃO NO TEMPO – IMPOSTO DE RENDA – ADI-
CIONAL – DECRETO-LEI N. 2.462/1988 – APLICAÇÃO NO ANO-BASE DE 1988 – IRRE-
TROATIVIDADE E ANTERIORIDADE – INOBSERVÂNCIA – INCONSTITUCIONALIDADE. É
inconstitucional a aplicação, a fatos ocorridos no ano-base de 1988, do adicional do imposto
de renda sobre o lucro real instituído pelo Decreto-Lei n. 2.462, de 30 de agosto de 1988,
considerada a violação dos princípios da irretroatividade e da anterioridade.
VERBETE N. 584 DA SÚMULA DO SUPREMO – SUPERAÇÃO – CANCELAMENTO.
Superado o entendimento enunciado no verbete n. 584 da Súmula do Supremo, impõe-se
o cancelamento.
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“Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente
no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.”
20m
A Súmula n. 584 do STF violava o princípio da retroatividade e, por isso, foi cancelada.

EXCEÇÕES À ANTERIORIDADE DO EXERCÍCIO FINANCEIRO

São elas:
• II, IE, IPI e IOF;
• Impostos extraordinários de guerra;
• Empréstimos compulsórios (para guerra ou calamidade);

 Obs.: É importante lembrar que os tributos acima (exceto o IPI) também são exceções ao
princípio da noventena. Ou seja, são os únicos tributos que, no Brasil, não obedecem
a prazo algum para cobrança.

• Contribuições para financiamento da seguridade social (CF/1988, art. 195, § 6º);


25m
• ICMS monofásico sobre Combustíveis (Exceção parcial: ver CF/88, art. 155, § 4º, IV);
• CIDE-combustível (Exceção parcial: ver CF/1988, art. 177, § 4º, I, b).

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Ricardo Alexandre de Almeida Santos.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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