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DIREITO TRIBUTÁRIO

Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar – Princípios Tributários V


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LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR -


PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS V

Exceções à Noventena (Anterioridade Nonagesimal)

São os tributos que podem ser criados e cobrados antes de passados os 90 dias da data
da Lei que instituiu ou majorou tal tributo.
São eles:
• II, IE e IOF
• Impostos extraordinários de guerra
• Empréstimos compulsórios (para guerra ou calamidade)

Obs.: Esses são os cinco tributos que estão na lista de exceções à anterioridade do exer-
cício financeiro. Perceba que o IPI não está listado, pois ele obedece à noventena, é
o contrário do Imposto de Renda, que só obedece à anterioridade.
• Imposto de renda
• Base de cálculo do IPTU
• Base de cálculo do IPVA

Observe que não são citados o IPTU e IPVA secamente como exceções, mas sim, apenas,
suas bases de cálculo.
IPTU, IPVA e ITR são três tributos que incidem sobre patrimônio. ITR é um tributo extra-
fiscal, pois se trata de um tributo interventivo. Já IPVA e IPTU são dois impostos de importân-
cia arrecadatória para estados e municípios respectivamente, e que incidem sobre valores de
bens, em que esses valores devem ficar sendo revistos, já que eles variam.
O ideal é que o Poder Público reavalie as tabelas de IPTU e IPVA ao final do ano, para
que pegue a variação do ano todo, no entanto, se esses tributos obedecessem a noventena,
no tocante a suas bases de cálculo, só seria possível cobrar depois de passar noventa dias,
o que seria em março. Isso não poderia acontecer porque os fatos geradores do IPTU e do
IPVA, de veículos e imóveis usados, acontecem no mês de janeiro.
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O meio de resolver foi autorizar o aumento sem a obediência à noventena, mas apenas
no que era necessário, que é a parte referente à base de cálculo.
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Obs.: Se em prova for citado que houve aumento de alíquota e base de cálculo de IPTU ou
IPVA, quanto à alíquota deve-se contar os 90 dias e esperar a virada do ano; quanto
à base de cálculo, só é preciso esperar a virada do ano.

Para veículo novo as legislações estaduais preveem que o fato gerador acontece já na
compra. Então, se um veículo é comprado em abril, há o fato gerador desse tributo. A pessoa
que o comprou irá pagar proporcionalmente aos meses que faltam para acabar o ano.

Obs.: As bancas costumam cobrar questões mais elaboradas quanto à IPTU e IPVA.

Princípio do Não Confisco

Esse princípio dispõe que não se pode instituir tributo com efeito de confisco.

CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
IV – utilizar tributo com efeito de confisco;

Observe que a Constituição aborda sobre tributo, e não multas. A CF/88 dispõe que o
princípio do não confisco foi instituído para evitar excessos do Estado na seara fiscal e reco-
nheceu que esse excesso não acontece apenas na cobrança de tributos, também acontece,
às vezes, na cobrança de multas. Aplica-se, segundo o Supremo, o princípio do não confisco
para as multas tributárias.
É fundamental perceber que o STF analisa o princípio do não confisco como sendo o
princípio da razoabilidade da carga tributária. A carga tributária não pode ser exagerada.
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Entende-se que se foi criada uma Lei aumentando um tributo, é porque a população quer
uma tributação maior. No entanto, quando o aumento é notoriamente exagerado, aí então o
Supremo deve reconhecer o confisco. Com isso, o Supremo já estabeleceu alguns parâme-
tros. A análise não deve se restringir somente ao tributo em questão; para verificar ou não
a presença de efeito confiscatório inconstitucional, o Supremo verifica a totalidade da carga
tributária gerada sobre a mesma manifestação de riqueza pelo mesmo ente tributante.
O Supremo dispôs sobre isso quando analisou a contribuição criada, progressiva, que
chegava até a alíquota de 25% sobre os rendimentos recebidos pelos servidores públicos
federais, a Contribuição Previdenciária. O Supremo entendeu que, as pessoas que estariam
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sujeitas a pagar 25% de Contribuição Previdenciária, já estavam sujeitas à alíquota de 27,5%


de Imposto de Renda, e à época essa contribuição era só federal. Nesse caso, apenas a
União Federal estaria recebendo, com dois tributos, quase metade da renda gerada por estes
servidores.

Obs.: Não se diz que é mais da metade da renda porque não pode, simplesmente, somar
as alíquotas. Há alguns cálculos que fazem com que a alíquota efetiva seja menor do
que a alíquota nominal.
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Com a situação acima foi configurado o exagero, e, assim, foi configurado o caráter con-
fiscatório.
Um parâmetro bastante cobrado em prova é que a análise do caráter confiscatório é feita
observando a totalidade da carga tributária gerada sobre a mesma manifestação de riqueza.
Observe que no caso acima era a União, somente, que cobrava dois tributos sobre um ren-
dimento só.
Não há um limite de percentual da alíquota máxima de um tributo, porque a sensibili-
dade à alíquota é muito diferente de acordo com a riqueza tributada. Uma alíquota de 15%
pode não ser considerada muito elevada ao se tratar de Imposto de Renda, já se tratando de
IPTU, 15% pode ser considerada uma alíquota muito elevada. Então, não há como dizer que
a alíquota de 15% é ou não é confiscatória sem observar o tributo de que se trata. Essa sen-
sibilidade é diferente porque renda é riqueza renovável. Já para propriedade, o fato gerador
é o mesmo, a riqueza é a mesma, não é renovável, e por isso é aceita uma carga tributária
bem menor.
Portanto, não há um percentual para tributos. O Supremo Tribunal Federal aceita a apli-
cação do princípio também para multas, e no tocante a multas já foram estabelecidos parâ-
metros. O STF fez uma diferenciação da multa de ofício para multa de mora, em que esta é
a multa pelo mero atraso.
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O teto para multa de mora é de 20%. Já a multa de ofício, que é para irregularidades
graves, é de, no máximo, 100% do valor do tributo.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Ricardo Alexandre.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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