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DIREITO ADMINISTRATIVO

Atos Administrativos – Introdução II


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ATOS ADMINISTRATIVOS – INTRODUÇÃO II

Pergunta da aula: todo ato da Administração é considerado ato administrativo?

ATO DA ADMINISTRAÇÃO

Essa nomenclatura é usada por Maria Sylvia Di Pietro e é uma expressão mais abran-
gente, a qual inclui:
• Atos políticos;
• Atos normativos (como resoluções e decretos);
• Atos administrativos; e
• Atos materiais – Condutas administrativas que não têm conteúdo de criar, restringir
ou aplicar uma sanção a particular, ou seja, não têm conteúdo de ato administrativo.
Também são chamados de atos de mera execução, pois só executam/implementam
um ato administrativo anterior.

O PULO DO GATO
Para concursos, o ato normativo é considerado um ato administrativo.

Ex. 1: quando um professor de escola pública está dando aula, ele está praticando um
ato material, não administrativo; ele é um agente público na função administrativa, mas o que
ele faz não tem conteúdo de ato administrativo. Este ato de mera execução implementa um
ato administrativo anterior.
Ex. 2: um prédio prestes a cair, por exemplo, tem sua demolição determinada por um ato
administrativo e executada por um ato material, que apenas implementa o ato administrativo
anterior.
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 Obs.: os atos materiais também podem ser chamados de fatos administrativos.

Assim, pode-se afirmar que todo ato administrativo é um ato da administração, mas nem
todo ato da administração é um ato administrativo.
ANOTAÇÕES

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a) Fatos Administrativos

O conceito de fatos administrativo tem divergências doutrinárias:

• Acontecimento dentro da Administração Pública que produz efeitos jurídicos;

 Obs.: quando não produz efeitos jurídicos, é fato da administração.

Ex.: um servidor público estava caminhando pela repartição, quando escorregou e caiu.
Se ele se levantou sem nada de mais, apenas com dores, trata-se de fato da administração,
pois não houve consequências. Porém, se ele bateu a cabeça e morreu, passa a ser um fato
administrativo, pois vai produzir efeitos, como um ato administrativo declarando a vacância
do cargo, a nomeação de outra pessoa para repor o cargo, a verificação no setor de pessoal
se haverá pagamento de pensão ou auxílio funeral para alguém, dentre outros.
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• Atos materiais ou de mera execução (conceito trazido por José dos Santos Carva-
lho Filho).

O PULO DO GATO
Para fins de prova, ambos os conceitos estão corretos.

b) Silêncio Administrativo (“Não ato”)

A Lei n. 9.784/1999, art. 48, veda o silêncio da Administração, na medida em que deter-
mina o dever de emitir decisões:

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrati-
vos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

No entanto, mesmo vedado, o silêncio acontece. Muitas vezes, há pedidos feitos à Admi-
nistração que nunca são atendidos ou sequer respondidos, configurando um “não ato”.
O silêncio administrativo pode ser interpretado como manifestação de vontade dentro
da Administração Pública? Não. Via de regra, o silêncio não pode ser interpretado como ato
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administrativo, e sim como fato administrativo, sendo sinônimo de acontecimento dentro da
administração.
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Entretanto, o silêncio pode ser considerado um ato administrativo quando a lei atribuir ao
silêncio o mesmo conteúdo de um ato administrativo praticado.
Ex. 1: a Lei do Banco Central estabelece que toda vez que uma instituição financeira
trocar o diretor financeiro de um banco, ela tem que comunicar ao BACEN, que terá um prazo
de 60 dias para aprovar ou rejeitar aquela indicação. Ainda segundo essa lei, se nesse prazo
o BACEN não falar nada, considera-se deferido o nome e ele pode continuar no cargo, ou
seja, nesse caso o silêncio do BACEN é sinônimo de consentimento, como um ato de apro-
vação, consequência atribuída pela lei.
Ex. 2: segundo o STF, hoje, quando a pessoa se aposenta perante seu órgão, o processo
deve ser enviado ao TCU para homologação. Chegando lá, o órgão terá 5 anos apara anali-
sar e homologar; caso nada seja dito nesse prazo, ocorre homologação tácita.
Ex. 3: quando uma pessoa decide entrar no financiamento do REFIS (Refinanciamento de
Dívida Tributária), a lei dispõe que o sistema interno dos servidores vai analisar se preenche
as condições; se não houver uma negativa expressa em até 30 dias, a pessoa pode entrar
no dia seguinte e imprimir os boletos, pois o silêncio também é consentimento nesse caso.

Qual a atuação do Poder Judiciário diante do silêncio administrativo? O que o Judici-



ário pode fazer quando alguém faz um requerimento administrativo e a Administração
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fica em silêncio?
Vai depender se é ato vinculado ou discricionário.
O ato vinculado é aquele inteiramente preso à lei; a lei define o que será praticado se o
particular preencher as condições, caso em que o Judiciário pode determinar a providência
solicitada.
Ex.: para construir uma propriedade, uma lei, normalmente municipal, dispõe a respeito
das condições a serem preenchidas para isso; caso a pessoa as preencha, ela terá direito
de construir. Não há uma análise de conveniência e oportunidade, e sim uma análise de pre-
encher as condições legais.
Já em caso de ato discricionário, está sujeito a controle judicial, e como é baseado em
juízo quanto à conveniência e à oportunidade, deverá haver uma avaliação da Administração
(exemplo: pedido para colocar as mesas do bar na calçada). Essa avaliação não pode ser
feita pelo Judiciário, que pode, na verdade, estabelecer um prazo para que a Administração
venha a se manifestar até mesmo com os meios coercitivos do Judiciário, aplicando multa à
Administração caso ela não o faça.
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Ex.: caso um PAD esteja correndo há muito tempo, sem ter chegado ainda à prescrição
(que teria que ser reconhecida), a pessoa pode ingressar judicialmente dizendo ao Judiciário
que aquele caso não justificaria toda essa demora e pedindo uma solução. O julgamento e
a sanção são discricionários de quem vai aplicar; o Judiciário, então, se provocado, pode-
ria fixar um prazo para manifestação e aplicação de multa diária de determinado valor caso
não cumpra.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor pelo professor Gustavo Scatolino da Silva.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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